Nesta postagem, quero apresentar aos leitores um vídeo muito interessante da série "Quem somos nós?" que, baseado nos conhecimentos da moderna Física Quântica, aborda cientificamente a existência de outras dimensões além das que conhecemos e percebemos através dos sentidos físicos do corpo. Cliquem abaixo para assistir:
Após assistir a esse belo vídeo mostrando a existência de variadas dimensões, sugiro agora a leitura de um texto de Masaharu Taniguchi (escrito por ele em meados da década de 1930 ou 1940), onde ele também explanou didaticamente sobre a existência de dimensões superiores, e sobre a existência dos seres que habitam nela. Segue o texto:
O mundo fenomênico em que vivemos - o mundo perceptível aos cinco sentidos - é um mundo tridimensional constituído de comprimento, largura e altura. Suponhamos que exista um tipo de larva que perceba apenas uma dimensão, a retilínea, e portanto não seja capaz de perceber a largura (2ª dimensão) nem a altura (3ª dimensão). Tal larva se locomoveria apenas em linha reta e, se surgisse em seu caminho algum objeto vindo da direita ou da esquerda (da 2ª dimensão), ficaria espantada, pois não entenderia de onde teria surgido tal objeto. Suponhamos também que exista um bichinho que perceba apenas duas dimensões - o comprimento e a largura, ou seja, o plano -, portanto incapaz de perceber a altura (3ª dimensão). Um dia, esse bichinho põe ovos e os cerca com uma substância gelatinosa que ele mesmo produziu, a fim de protegê-los. Assim, ele fica tranquilo porque nem ele e nenhum outro bichinho da mesma espécie poderá atravessar essa barreira para pegar os ovos. Se, porém, aparecer um homem, que pertence ao mundo de três dimensões, e pegar por cima esses ovos, o bichinho ficará atônito, pensando: "Como será que entraram aqui para pegar os meus ovos, se a barreira que construí não foi violada?". Ele não consegue entender como desapareceram os ovos, pois pensa que só existem duas dimensões - a largura e o comprimento - e não sabe que existe uma outra dimensão, a altura. Entretanto, nós, seres humanos, vivemos no mundo de três dimensões, constituído de comprimento, largura e altura. Mas será que não podem existir outras dimensões além dessas? A matemática superior levantou a hipótese de existir mundos de quatro, cinco, seis ou sete dimensões. Nós, que vivemos no mundo de três dimensões, pensamos que não existem outras dimensões, mas, assim como existe o mundo tridimensional abarcando o bidimensional, pode existir um mundo com mais dimensões que contenha o tridimensional.
Como já disse anteriormente, uma larva que vive no mundo unidimensional da linha reta só sabe seguir em linha reta e não compreende que existe o mundo bidimensional, isto é, o plano. E os seres que vivem no mundo do plano pensam que só existem o comprimento e a largura e nem imaginam que existe o mundo tridimensional, como no caso daquele bichinho dos ovos, de que falei há pouco. Da mesma forma, nós também não percebemos a existência de um mundo superior ao tridimensional, isto é, um mundo com mais dimensões que contenha o tridimensional. E, se alguém desse mundo de dimensão superior às três dimensões (comprimento, largura e altura) "enfiar a mão" no nosso mundo tridimensional e levar este relógio de bolso, por exemplo, acharemos muito estranho, sem entender como e por onde ele possa sumir. E as curas que ocorrem na Seicho-No-Ie têm a mesma explicação. Ocorrem certas curas que nos levam a acreditar que houve a interferência de um mundo de dimensão mais elevada, pois as doenças desaparecem como por encanto, sem que se tome providência alguma neste mundo tridimensional. (Do livro "A Verdade da Vida", volume 27)
Em outro momento, Masaharu Taniguchi foi ainda mais além e relacionou o assunto das variadas dimensões para explicar sobre a existência do Mundo ou Universo constituído de infinitas dimensões, que a Seicho-No-Ie chama de Mundo da Imagem Verdadeira (Jissô). A esse respeito, o professor Taniguchi escreve:
Muitos budistas pregam que o mundo da Essência é um mundo abstrato, vazio e indefinido. Se assim fosse, alcançar a iluminação seria identificar-se com o mundo abstrato, vazio e indefinido. Nesse caso, um iluminado seria uma pessoa abstraída, vazia e indefinida, com vida cotidiana sem base firme; ele não saberia como viver e se retiraria para um lugar ermo a fim de se isolar do mundo das ilusões. Muitos tendem a pensar que esse é o modo ideal de viver para quem alcançou a iluminação. É por isso que entre os budistas existem pessoas de tendência eremítica, segundo as quais a ideia de concretizar o paraíso na ilusória face da Terra é um apego desprezível. Para elas, o desejo de concretizar a felicidade no mundo terreno é um apego que deve ser repudiado.
A Seicho-No-Ie, entretanto, não diz que o mundo da Imagem Verdadeira é vazio e indefinido. Obviamente, não é possível vê-lo com os olhos carnais. O mundo perceptível aos sentidos é constituído de "retícula de tempo e espaço". Ele pode ser comparado a uma fotografia estampada num jornal: a imagem fotográfica é formada de pontilhados verticais e horizontais da retícula. Se não existisse a retícula, não existiria a imagem fotográfica. De modo semelhante, o mundo da Imagem Verdadeira, para se tornar visível como mundo terreno, precisa ser projetado através da "retícula de tempo e espaço". É por essa razão que não se pode ver fenomenicamente o mundo da Imagem Verdadeira em si, exatamente como ele é. A foto impressa de uma pessoa é pontilhada, bidimensional, plana e estática, enquanto que a pessoa concreta é tridimensional, tem volume, motilidade e é dinâmica. A pessoa e sua foto se identificam, mas são substancialmente diferentes. Da mesma forma, há grande diferença entre o mundo da Imagem Verdadeira e o mundo fenomênico, entre o homem-Imagem Verdadeira e o homem fenomênico, embora parecidos. Mas o fato de serem diferentes não significa que eles sejam alheios um ao outro. O segundo é uma espécie de fotografia do primeiro. O mundo fenomênico difere do mundo da Imagem Verdadeira porque sofre as limitações impostas pela "retícula de tempo e espaço", e é justamente por isso que se pode percebê-lo por meio dos cinco sentidos. Embora perceptível, o mundo fenomênico não é o mundo verdadeiro, assim como a foto de uma pessoa não é a pessoa em si. Entretanto, a pessoa está representada na foto com a limitação imposta pela retícula impressor planográfica. De modo análogo, o mundo da Imagem Verdadeira está representado no mundo fenomênico com as limitações impostas pela "retícula de tempo e espaço". Assim como é impossível imprimir uma foto sem usar a retícula, é impossível manifestar o mundo da Imagem Verdadeira no mundo fenomênico sem usar a "retícula de tempo e espaço".
Explicando melhor, o mundo fenomênico, que vemos com os olhos carnais, possui três dimensões (comprimento, largura e altura), enquanto que o mundo da Imagem Verdadeira possui infinitas dimensões. Mentalmente, podemos admitir um mundo que possua mais uma dimensão além da altura, da largura e do comprimento, mas não podemos representá-lo de modo perceptível aos cinco sentidos. E muito mais difícil ainda é representar um mundo de quinta ou sexta dimensão. Mas não poder representá-lo não significa que tal mundo não exista. Como já disse anteriormente, uma pessoa, ao ser representada em foto, perde muito de seus aspectos, tais como a espessura, a motilidade ou as sutis nuanças de cores que não aparecem nem em foto colorida. Também o mundo da Imagem Verdadeira, ao aparecer como existência tridimensional e perceptível aos sentidos, sujeita-se a limitações do tempo e do espaço, despojando-se de outras dimensões e de inúmeros aspectos complexos. Em outras palavras, o mundo fenomênico é aquele que ficou no "coador tridimensional", através do qual foram eliminadas as outras dimensões.
E como será o mundo infinitodimensional que não se submeteu ao "coador tridimensional", isto é, que não foi despojado das dimensões invisíveis? Ele não é um mundo amorfo, vazio e indefinido. É um paraíso infinitamente belo e majestoso, impossível de ser apreciado por nossos sentidos limitados pelas três dimensões. E nele há pessoas infinitamente belas e uma infinidade de seres belos em estado perfeito e harmonioso. Esse paraíso, que é o mundo da Imagem Verdadeira em seu estado natural e normal, não é perceptível aos cinco sentidos. Para se tornar perceptível, é preciso que dele sejam suprimidas a quarta, a quinta, a sexta, ...n dimensões, até a infinitésima dimensão, por meio da "retícula de tempo e espaço", mantendo-se apenas as primeira, segunda e terceira dimensões. Assim é que se manifesta o mundo fenomênico visível a nossos olhos. E este mundo, apesar de colorido, não retrata toda a beleza de matizes do mundo da Imagem Verdadeira, do mundo infinitodimensional; retrata apenas palidamente, dada a pobreza de recursos cromáticos existentes na Terra. Quem pratica a Meditação Shinsokan pode às vezes ter, pela clarividência, uma visão momentânea dessa beleza superior. Torna-se inclusive capaz de ver luzes diferentes da luz física, em forma de aura que envolve as pessoas ou as plantas. Todavia, essa beleza vista pela clarividência não traduz ainda a verdadeira beleza do infinitodimensional mundo da Imagem Verdadeira.
Em suma, quero dizer que o mundo da Imagem Verdadeira não é um mundo amorfo, indefinido e vazio. É um mundo tão maravilhoso que é impossível imaginá-lo e muito menos expressá-lo em palavras. É até preferível não dizer nada, pois a comparação com belezas do mundo fenomênico deturpa sua beleza. Para não reduzir a beleza infinita com adjetivos restritivos, diz-se que no mundo da Imagem Verdadeira não existe nada que seja limitado, definível, descritível. Na Matemática, grafam-se dois "nadas" (zeros) unidos (∞) para simbolizar o infinito. De modo análogo, dizemos "nada existe, nada existe" para simbolizar o infinitamente majestoso mundo da Imagem Verdadeira. Mas engana-se quem pensa que realmente nada existe nele, pois se trata de um mundo de suprema harmonia e perfeita ordem, constituído de Sabedoria infinita, Amor infinito e Vida infinita de Deus. Compreender isto é de fundamental importância. O mundo fenomênico ainda não está perfeito; está caminhando para a perfeição, refletindo cada vez mais perfeitamente o mundo da Imagem Verdadeira, e finalmente será um mundo sumamente harmonioso e infinitamente majestoso. É este o significado da frase "ser feita a vontade de Deus, assim na Terra como no Céu". (Livro: "A Verdade da Vida", volume 28)
3 comentários:
Meu divino Amigo Gustavo,
O tema deste post “Universo constituído de variadas dimensões“ é bastante amplo, e pode ser abordado sob várias perspectivas. Uma delas é essa visão científica da física quântica apresentada no filme Quem Somos Nós. Outra é a visão advinda da experiência mística de Ibn Arabi, um personagem desperto que compartilhou sua percepção da dimensão Imaginal, que em certo sentido é confirmado pela atual visão científica.
Para explicitar em que sentido ocorre esta confirmação permita-me remeter os leitores deste blog ao texto “O Estatuto da Linguagem e das Formas Simbólicas na Experiência Mística a partir da Noção de Imaginal de Ibn Arabi”, desenvolvido por Mônica Udler Cromberg, publicado em http://www.pucsp.br/rever/rv4_2003/t_cromberg.htm
O referido texto de inicia assim:
“Um dos elementos mais decisivos na literatura e nos estudos sobre a mística para a compreensão da experiência mística em geral é a idéia do Imaginal, introduzida por Ibn Arabi.”
Para se apreender o conceito de imaginal e não confundir com algo “imaginário”, no texto é feita esta diferenciação: “Representação e presentação, eis dois termos que podem esclarecer as duas atribuições distintas da imaginação teofânica. Esta diferenciação é fundamental para que se pondere sobre a adequação do termo “símbolo” para as formas teofânicas imaginais. Se “símbolo” for entendido como representação, isto é, como um signo que se refere a algo exterior a ele, tal como é usado por diversos filósofos, psicólogos e semiólogos, então ele não poderá ser aplicado a nosso objeto, às formas sob as quais “Deus se revela a Seu servo”, e precisaríamos encontrar outro termo para traduzir “mazahir”, termo árabe que Ibn Arabi aplica ao conceito e que provém do verbo “zahara” - manifestar, exteriorizar, expressar. Quando mazahir é traduzido por “símbolo” ou “forma simbólica”, está se entendendo por isto a presentação, isto é, a manifestação de Deus (ou de um “significado” espiritual, como veremos) mediada por uma forma sensível que O revela. A bandeira de um país o representa, mas o rosto de Pedro o presenta. O rosto de Pedro não é algo diferente dele, embora Pedro o transcenda. O rosto não se “refere” a ele – expressa-o, manifesta-o. Um símbolo, nesta perspectiva, é o rosto de uma Presença. Quando, na ascensão do Profeta (mi’raj), ele vê e bebe do conhecimento em forma de leite21, não se trata de uma alegoria, embora esse leite não seja feito de matéria física, nem de uma “simbologia” humana, assim como as asas dos anjos também não são, na perspectiva imaginal, mera alegoria.”
Desenvolvendo o texto de forma brilhante, a autora aprofunda os conceitos de Ibn Arabi e conclui de forma semelhante com a metáfora de personagens e atores usada no Núcleo que:
“Talvez estes sufis, santos e tzadikim estejam, neste momento, consternados – ou rindo-se a valer – perante nosso esforço insano em remexer e fuçar o cenário, os adereços, o pano de fundo e a cortina, loucos para chegar aos camarins, e sem que nos ocorra que tudo estava ali para que uma peça fosse desempenhada. Procuramos pelos atores e não desconfiamos de que somos nós mesmos...”
Voltando ao desenho animado, logo no início está escrito: “O corpo humano vive limitado no mundo tridimensional”. No desenho o personagem “pequeno círculo” vivia limitado ao mundo bidimensional e foi alçado ao mundo tridimensional. No final do desenho há um convite: “Tenha coragem para transcender os limites auto-impostos.”
Para possibilitar esse convite é que existem personagens que compartilharam suas experiências místicas ou percepções de utras dimensões. Assim, em consonância com o conceito de imaginal de Ibn Arabi está o conhecimento compartilhado no texto “O silêncio contemplativo” publicado em
http://nucleu.com/2013/11/30/o-silencio-contemplativo/#comments
Neste texto está escrito:
O universo percebido pelos cinco sentidos não é o universo real, mas aparente. O universo criado por Deus é consciencial e não físico como o universo captado pelos cinco sentidos. O universo real está na Consciência de Deus, e tudo o que existe está também neste universo real.
Neste texto sobre nossa real natureza e identidade é compartilhada a percepção de que: Nós somos “seres conscienciais” e existimos no universo que é essencialmente espiritual e divino. O que nos faz acreditar sermos “seres humanos” vivendo num universo físico é a mente humana, condicionada a pensar que isso é real. Quando o condicionamento é desfeito nos libertamos do emaranhado dos pensamentos e conceitos mentais e percebemos o real, não através de novos pensamentos, mas por um sentido espiritual de percepção.
Enfim, tanto o conceito de imaginal quanto o conceito de consciencial, ou ainda como muitos outros novos sou antigos conceitos são chaves ou convites a que os que ainda se vêem confinados ao seu mundo, como o personagem “pequeno círculo”, possam se ver libertos e desfrutando outras dimensões.
Namastê.
Olá, Divino Amigo que aparece como Silvano!
Não conheço Ibn Arabi, mas achei legal o texto e artigo por você indicados.
Muito interessante esse conceito de "Imaginal" que você traz em seu comentário. Lembro algumas vezes de ouvir você fazendo referências a essa palavra, dizendo que "Imaginal" não se refere à realidade imaginária, nem se refere à nossa realidade física, mas a uma realidade de cunho místico ou espiritual, que existe e é acessado na Consciência do Ser. De fato, o Ser que somos é muito vasto, grandioso, um verdadeiro Oceano Infinito de possibilidades.
Obrigado por compartilhar conosco a sua percepção das variadas dimensões espirituais que o nosso Universo pode assumir.
Sempre muito bom poder estar em contato com o Núcleo!
Saudações, Divino Amigo!
Namastê! _/\_
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