"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, janeiro 30, 2014

O Ser, o Eu, a Essência



"Quem sou Eu? O personagem que representamos é como a onda. O Ser que representa a existência de todos os personagens é o Oceano. Assim como no mar o Oceano está aparecendo como cada "onda", neste universo o Ser "aparece como" cada personagem. A essência, a real identidade dos personagens é o Ser. Este Ser é "Quem Sou", é "Quem Somos". Vinde a Mim, ó ondas do mar! Eu sou a Fonte! Aquele que vem a Mim, e bebe das águas de Quem Sou, encontra descanso e é saciado. Meu fardo é leve e o Meu jugo é suave. Estou mais perto do que a tua respiração e mais próximo do que teus pés e tuas mãos. Assim como a onda existe e se move no Oceano, "Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser" (Atos 17:28). No silêncio e na quietude é que Me encontrarás. Por que temer, se Eu estou aqui?"

...


Há um Ser Real, Oceânico...
Deus é este Oceano de Luz, infinito e eterno. 
De Suas profundezas Deus emerge à superfície de Si mesmo como Ondas do Oceano...
O Ser oceânico, infinito e eterno, é Quem somos!
Quando imergimos nas profundezas, nos percebemos em Unidade com Deus.
Quando emergimos à superfície, aparecemos como Ondas do Oceano de Luz.
Assim, há apenas um Oceano de Luz e Ondas neste Oceano.
Na superfície sou uma Onda e nas profundezas, Oceano.
Quando emerjo Me percebo apenas como a Onda.
Quando imerjo Me percebo como o vasto Oceano.
Vi cada um de nós como essa Unidade oceânica e muitas Ondas.
Sei que esta é a nossa essência e Realidade, é Quem somos.
Saibam que vocês são todos Ondas de um Oceano de Luz.
É o que percebo, o que desfruto e o que aqui compartilho. 

(Núcleo)
...

*Em agradecimento e homenagem ao amigo Celso Maria que, desfrutando da infinitude e das bênçãos do Silêncio, amorosamente elaborou o vídeo acima para compartilhar com o mundo uma mensagem repleta de Consciência e luz. Namastê!


segunda-feira, janeiro 27, 2014

O Grande Julgamento

 
- Núcleo -

Esta é uma representação de Quem Eu Sou.
Mas Quem Sou é na Realidade Quem Somos!

Pois, está escrito:

E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. 

Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mimE irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna. (Mateus 25:31-46)

Do ponto de vista da mente, que cinde a realidade em passado, presente e futuro, este é o relato de um acontecimento futuro quando ocorrerá o “grande julgamento”.

Mas do ponto de vista da Consciência, que a tudo vê como um eterno presente, esta passagem bíblica não se trata do simples relato de um acontecimento futuro, mas sim, de uma revelação divina, uma percepção que está sendo compartilhada!

 Atentem ao conteúdo desta revelação divina!

O conteúdo está expresso no texto, o qual não deve ser interpretado mentalmente, mas, deve ser apreendido consciencialmente, tal como o advertiu o apóstolo de Cristo, no sentido de que "as coisas espirituais se discernem espiritualmente".

Eis as palavras do apóstolo:

E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu,e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmenteMas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. (1 Coríntios 2:4-16)

Atentem que está escrito: “falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina (não com aquilo que é percebido pela mente do personagem que estamos representando), mas com as que o Espírito Santo ensina (com o que é percebido pela Consciência do Ser, do Cristo, do Espírito de Deus que Vive em nós), comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural (a mente do personagem) não compreende as coisas do Espírito de Deus (da Consciência do Ser), porque lhe parecem loucura (parecem loucura para a mente); e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

Feita esta consideração, sem o que não faria sentido o que se segue, atentem ao conteúdo da revelação divina, conforme a visão consciencial, que a tudo percebe como um eterno presente.

“E quando o Filho do homem vier em sua glória (vir em glória significa emergir do “Reino de Deus que está em nós”, emergir da Fonte, essência ou núcleo do nosso próprio Ser, consciente da Glória de Deus, consciente da Realidade divina do Ser) e todos os santos anjos com ele (todos os seres que vivem na Consciência do Ser, todos os “seres conscienciais”), então se assentará no trono da sua glória (no foco da percepção da gloriosa Realidade divina); E todas as nações serão reunidas diante dele (todas as “representações”, todos os contextos concebidos pela mente) e apartará uns dos outros (a visão consciencial aparta uns “cenários” dos outros), como o pastor (como o pastor humano, ou seja, como a mente humana) aparta dos bodes as ovelhasE porá as ovelhas (as visões claras, dos que vivem guiados pelo Espírito de Deus) a sua direita, mas os bodes (visões distorcidas, dos que vivem guiados pela mente e suas próprios razões e julgamentos) à esquerda.

Esta separação entre as visões mental e consciencial é o que ocorre no momento da vinda ou emergência em nós dAquele que Vive em nós; do Ser real que “reina no Reino de Deus” que está aqui; que é chamado no texto de “Rei”.

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita (Dirá o Rei aos personagens que seguem as visões claras, que percebem e agem, ou seja, aos que vivem guiados pelo Espírito de Deus): Vinde, benditos de meu Pai (personagens despertos), possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (a Realidade percebida pela Consciência).

Ou seja: a vocês que agem conforme a percepção divina, desfrutem do que está preparado desde a fundação do mundo, a saber, a Glória de Deus, a Realidade Divina! Pois, vocês são os que têm percebido Minha Presença em toda a representação e têm interagido Comigo em todos os Meus personagens. Porque "aparecendo como" personagem, tive fome, e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-Me; Estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e foste Me ver.

Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda (Dirá o Rei aos personagens que seguem as visões distorcidas, isto é, aos que vivem guiados pela mente e que agem conforme suas próprias razões e julgamentos): Apartai-vos de mim, malditos (personagens que desconhecem sua real identidade e se veem uns aos outros e a todos como maus ou pecadores) para o fogo eterno (a realidade percebida pela mente; representação), preparado para o diabo e seus anjos (personagens da representação).

Ou seja: a vocês que agem conforme suas próprias razões e julgamentos, permaneçam confinados à própria visão mental. Pois, vocês são os que não têm percebido Minha Presença em nenhuma parte da representação e não têm interagido Comigo com nenhum dos Meus personagens. Porque "aparecendo como" personagem, tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e enfermo, e na prisão, não Me visitastes.

Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.

E irão estes (que vivem guiados pela mente e suas próprios razões e julgamentos) para o tormento eterno (a infindável representação; roda de Samsara ou infindável ciclo de nascimentos e mortes de personagens), mas os justos (que vivem guiados pelo Espírito de Deus) para a vida eterna (a Vida de Deus na Consciência do Ser).”


sexta-feira, janeiro 24, 2014

O significado de "Princípio" da Criação


Masaharu Taniguchi


"No princípio Deus criou o céu e a terra." (Gênesis 1:1)

Para Deus – a Grande Vida, a Suprema Sabedoria – não existe o que se chama princípio. Se houvesse princípio, poderia haver fim; porém, como não existe princípio, também não existe fim. O que aqui é dito "princípio" refere-se ao um. No idioma japonês, o ideograma que indica um lê-se também hajime ("princípio"). Um é o número-base a partir do qual tudo se desenvolve. Não é o um relativo a dois, mas o um global referente à unidade de todas as coisas. Se não existisse o um, nada neste mundo poderia se realizar. Por existir primeiramente o um é que pode vir a seguir o dois. Existindo o um global, pode-se formar a seguir o par. Existindo o absoluto, forma-se o relativo. O um global, absoluto, é aqui chamado de "princípio". Em suma, existe o princípio único, a realidade absoluta, e desse princípio único e absoluto é que se originaram todos os seres.

Uma vez que o princípio é absoluto, tanto Deus como o homem, como o eu, como o outro, como todos os seres criados, são um. É um erro pensar que somos seres separados uns dos outros. Originariamente todos estamos ligados, constituindo o um. Portanto, a afirmação "eu e o outro somos um" é a própria Verdade. E quando se vive segundo essa Verdade, isto é, quando se elimina a discriminação entre eu e o outro, nasce a verdadeira força vivificadora. "Até aqui sou eu, daqui em diante é o outro" – enquanto se fizer essa discriminação, não nascerá a verdadeira força vivificadora. A chamada força vivificadora não é algo que existe no eu e no outro; ela existe onde há união do eu com o outro. Uma vez abolida a discriminação, o homem manifestará em seu trabalho uma força até então nem imaginada.

Tomemos como exemplo um assalariado. Suponhamos que ele pense assim: "Este trabalho é trabalho da empresa, e eu estou apenas vendendo parceladamente, oito horas por dia, a minha vida em troca de um salário". Se ele pensa assim, surge antagonismo entre o trabalho da empresa e a vida do empregado porque existe discriminação, e quando há discriminação aparece uma "fenda" no coração. O empregado pensa: "Este trabalho não é meu; portanto, quanto mais intensamente a ele me dedicar, mais se reduzirá a minha vitalidade e mais aumentará o lucro da empresa; por isso, se eu não trabalhar com moderação estarei me prejudicando". A empresa e o empregado estão divorciados e, havendo um abismo entre eles, a força vivificadora não pode se manifestar plenamente. Porém, se houver harmonia entre o trabalho da empresa e a Vida do empregado, isto é, se houver a conscientização de que originariamente eu e o outro somos um, então se realizará um grandioso trabalho.

Se o empregado pensa que a empresa e ele são existências separadas, achando que se trabalhar demais estará levando desvantagem, surge-lhe o pensamento de que é mais vantajoso vadiar o máximo possível. Consequentemente, começa a pensar e a engendrar como vadiar, burlando a vigilância superior. Na verdade, além do trabalho que lhe foi atribuído, tem de executar o trabalho extra de observar o olhar superior. Nessas condições, embora pense em vadiar o máximo possível a fim de não se prejudicar, só pelo fato de assim pensar sofre um desgaste mental duas vezes maior que as demais pessoas. Portanto, do ponto de vista prático, quem tem desejo de vadiar é o que mais usa a mente. Além disso, uma vez que sua mente é usada para fim escuso, há um certo temor e peso na consciência, o que cansa mais depressa. Consequentemente, quanto mais ele pensa em vadiar, mais se torna propenso a sofrer esgotamento nervoso, do mesmo modo que quanto mais se foge temendo um cão, mais se arrisca a ser mordido por ele, pois esta é a lei da mente.

Porém, se houver, desde o início, a identificação entre o trabalho da empresa e a Vida do empregado, traduzida na consciência de que eu e o outro somos um, o trabalho da empresa será trabalho do empregado, e o trabalho do empregado será trabalho da empresa. Não havendo a mínima discriminação entre eles, não haverá necessidade de a pessoa desviar a atenção para a vigilância superior e será possível concentrar-se mentalmente numa única ocupação.

A concentração mental é um fator muito importante em nossa vida. As recente comunicações do mundo espiritual são unânimes em confirmar que o treinamento no mundo espiritual consiste principalmente na concentração mental. Às vezes, somos tentados a pensar que é por meio do nosso trabalho que a empresa aufere lucros e que nós temos apenas prejuízo. Porém, a empresa lucra somente em dinheiro, enquanto nós, homens, além do dinheiro pelo trabalho executado, obtemos um lucro muito valioso: o adestramento de nossa vida (alma) através do trabalho a nós atribuído. Adestrar a vida significa saber o procedimento correto para que o eu, que à primeira vista parece uma vida pequena e limitada, consiga exteriorizar, cada vez mais, a Vida proveniente da Fonte Inesgotável. Portanto, o que a pessoa diz ser trabalho da empresa é trabalho dela, que faz sua vida se adestrar e desenvolver. Despertando para o fato de que todo trabalho lhe é atribuído para adestrar e desenvolver sua vida, encarando com gratidão esse trabalho e dedicando a ele integral devoção, a pessoa consegue concentrar-se mentalmente. Assim, por mais que trabalhe, não se cansará porque estará manifestando a força infinita que transcende o eu limitado. Nascer-lhe-ão novas ideias em relação ao trabalho e obterá grandes progressos em relação à sua inteligência, afetividade e vida (saúde).

Para manifestar essa força infinita que transcende o "eu" limitado, o único caminho a seguir é despertar para a Verdade primordial de que eu, o outro e o Infinito constituem um só ser. De nada adianta, porém, pensar de modo vago, superficial, que o eu, o outro e o Infinito são um; os resultados concretos somente aparecem quando se desperta para essa Verdade.

O que foi dito acima não se refere apenas à relação empregado-empregador, mas também ao relacionamento familiar. Quando os membros de uma família fazem nítida distinção entre o lucro próprio e o lucro do outro, ocorre maior desgaste mental, e a Vida inesgotável não flui para o interior deles. Tal família apresenta uma tendência à desorganização e não prospera. Quando eu, o outro e o Infinito formam uma trindade, qualquer trabalho que se faça para o outro será trabalho próprio, e o Infinito (Deus) estará dentro da pessoa, manifestando a força infinita. Portanto, por mais árduo que seja, o trabalho não lhe será penoso. Quanto mais difícil o trabalho, maior interesse haverá em transpô-lo. Disso virá o seu progresso.

Em conclusão, tudo tem uma só origem. O princípio é um. Quando se age conforme a Verdade da unidade intrínseca, que é ao mesmo tempo amor e vida, manifesta-se a inesgotável força vivificadora.

Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 11"


quarta-feira, janeiro 22, 2014

A universalidade da Verdade

Joel S. Goldsmith


“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”.

Um texto Bíblico é aquele no qual construímos nosso estado de consciência. Nós não tomamos as citações bíblicas como se fossem fórmulas na esperança de que, através de muita repetição, elas façam algo por nós. Entendemos que toda passagem bíblica (que possa ser tomada como lei) deve ser incorporada e se tornar parte de nossa consciência, a fim de que possamos exteriorizar o pensamento ou a ideia contida naquele texto.

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”. Nós entendemos que “Deus”, nesse caso, é nossa própria Consciência. Nossa Consciência é a lei, é o agente construtor de nosso universo. Nossa Consciência é a substância, a força, o tecido do qual a nossa experiência inteira é construída; assim, qualquer ideia plantada em nossa consciência, uma vez que se torne parte dela, exterioriza-se de alguma forma em nossa experiência humana.

Nós, às vezes, desejamos saber por que neste ano não melhoramos em relação ao que éramos no ano anterior. Pode ser que no ano passado tivemos alguma falta de riqueza, saúde, moralidade, posição, companhia, e que neste ano as mesmas condições ainda existam. Nós não precisamos ir além para perceber que, em todo esse tempo, o motivo foi não termos acrescentado nada à nossa consciência da Verdade, então obviamente nada diferente poderia acontecer no exterior. Nós devemos aprender que a existência objetiva (exterior) é sempre o reflexo daquilo o qual estamos conscientes em nosso interior. 

Essas declarações bíblicas, que efetivamente são Leis, devem realmente se tornar uma parte de nosso Ser. Elas devem de fato ser percebidas/realizadas em nossa consciência, e não meramente declaradas ou afirmadas (verbal ou mentalmente); elas devem se tornar a própria substância ou tecido de nosso Ser – somente então poderemos experimentar o resultado externo.

O que é essa Consciência que se torna Deus (ou uma Lei) para todas as nossas experiências? Nós temos buscado essa Verdade seguindo os vestígios contidos nas Escrituras, a fim de realizar aquilo que é Verdade Universal.

"Por que tu me chamas bom? Não há nenhum bom, a não ser Um, que é Deus"... “Eu de mim mesmo não posso fazer nada”... "As palavras que vos falo, não as digo de mim mesmo: mas o Pai que habita em mim, Ele é quem faz as obras". Essas declarações mostram o "nada" que é a chamada identidade humana, e também revelam a Totalidade daquela parte em nós que é Deus – o Infinito. E essa Verdade é universal. Devemos compreender  que a Verdade é sempre universal.

Como ilustração, vamos tomar a fala de Jesus, conhecida como "a Regra de Ouro", comum a todas as religiões.

A Regra de Ouro:

Jesus disse: “Então todas as coisas que vos quereis que os outros vos façam, fazei vocês mesmos para eles”.

*Aristóteles e Sócrates, na Grécia, 300 a. C., disseram: “Aquilo que você deseja que seus vizinhos sejam para você, seja você para eles."

*Confúcio, filósofo chinês, 500 a. C.: “Não faça aos outros o que não quer que façam com você”.

*Hillel, o rabino, hebreu e professor, 50 a. C.: “Não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você”.

*Sextus, 450 a. C.: “O que você deseja que seus vizinhos sejam pra você, seja você para eles”. 

Tomemos como exemplos também  os seguintes tópicos:


Devolvendo o mal com o Bem:

*Jesus: “Mas eu vos digo, não resistais ao maligno: mas se te baterem em uma face, dê a eles a outra face também”. “Amar seus inimigos, abençoar os que o maldizem, fazer o bem a quem o odeia, e rezar pelos que o caluniam e o perseguem”. “Perdoar até setenta vezes sete”.

*Buda, Salvador Hindu, 500 a. C.: “Supere o mal com o Bem”.

*Lao-Tsé, filósofo chinês, 500 a. C.: “Recompense a injuria com a bondade.” “Ódio por Amor”.

*Sócrates, 300 a. C.: “Não devolva o mal com o mal”.


Sobre a Verdade "EU SOU":

*Jesus: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”; “Eu Sou a Ressureição e a Vida”; “Eu Sou a videira verdadeira”; “Eu Sou o bom pastor”; “Eu Sou a porta”.

*Bhagavad-Gita, da Índia: “Eu Sou a origem deste mundo; Eu Sou o sabor nas águas; Eu Sou a luz no sol; Eu Sou o som no éter e a virilidade nos homens; Eu Sou a pura fragrância na terra, e brilho no fogo, Eu Sou a Vida em todas as criaturas”.

“Conhecer-Me é a semente primordial de todas as coisas que existem; Eu Sou a sabedoria do sábio e Eu Sou a glória do glorioso. Eu Sou a força do forte – livre de desejo e da paixão. E Eu Sou o desejo de todas as criaturas que não estão em conflito com a lei. E todas as coisas que possa haver, saiba tu, todas elas são Minhas. Quatro são os tipos de homem que pertencem a Mim: o homem afligido, o homem que deseja aprender, o homem que quer perceber a Verdade e o homem que a percebe. De todos estes, o homem de realização que tem a sua devoção centrada no Um e está sempre em sintonia é o melhor. Grande em verdade são todos eles – mas o homem de realização – Eu o julgo como sendo Eu mesmo”.

*Do Advaita, da Índia: “Eu Sou o próprio Espírito o qual habito incessantemente, dispersando as alucinações nascidas da ignorância. O discípulo, possuindo o perfeito discernimento, contempla todas as coisas como subsistindo n'Ele, e assim, pelo olho da sabedoria, descobre que tudo é o Espírito Uno. Ele sabe que tudo isso do mundo móvel é Espírito, e que além do Espírito não há nada; como todas as variedades de vaso são barro, assim todas as coisas que Ele vê são Espirito”.

*Mencius, da China: “Todas as coisas já estão completas em nós”.

*Lao-Tsé: “O céu é eterno e a terra duradoura. Eles são duradouros e eternos porque não vivem para si mesmos. Isso os faz viver eternamente. Assim também é o Sábio: por menosprezar o seu eu, este aparece em primeiro plano. Ele renuncia ao seu eu e sua essência é preservada. Não é assim: por não querer nada para si, ele próprio torna-se perfeito?”


Sobre a Verdade "DEUS É ESPÍRITO":

*Jesus – A palavra – A Luz
*Brahma (hinduísmo) – Espírito
*Tao (China) – A Palavra
*Zoroastro (Pérsia) – Ahura Mazda – Luz

*Jesus – “Vós não deveis adorar o Pai, nem neste monte, nem em Jerusalém (externamente), mas sim adorá-lo em Espírito e Verdade”.

*Índia – “Nós nunca podemos conhecer Deus da forma como nós conhecemos uma árvore ou um edifício – como um objeto fora de nós mesmos. Deus não é um objeto (dualidade). Então nós não O podemos atingir por conhecimento externo, mas através de crescimento interno”.

*Jesus – “Vós sois a Luz do mundo”.

*João – “Agora somos os filhos de Deus”.

*Índia, Upanishads – “O Espírito humano é divino e no final das contas deveria ser livre. Isto é baseado na supremacia do Espírito sobre a matéria, do conhecimento sobre a ignorância e da liberdade sobre a escravidão”.


Sobre a Verdade "O CRISTO":

*S. Radhakrishnan: “Há algo em nós, mais do que aparenta em nossa consciência habitual, uma Presença espiritual sutil. É tarefa do homem reconhecer esta Presença que vive 'escondida' através da máscara da personalidade. Descobrir esse Ser mais profundo, atuar conscientemente no mundo da verdade no qual habita, deixar-se ser inspirado na vida diária por essa Presença e transfigurar nossa personalidade – esse é o propósito do viver humano”.

...

A verdade mais vital/essencial em toda a história da humanidade é a verdade "EU SOU". Jesus trouxe para o mundo essa verdade em sua declaração: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida”. Se essa Verdade fosse válida apenas para Jesus, ela não seria de nenhum valor para o mundo (como um Princípio), mas apenas estabeleceria um homem a mais para ser adorado. Contudo, muito antes de Jesus ter verbalizado essa verdade, Moisés a havia encontrado em sua viagem de quarenta anos pelo deserto, com as palavras "Eu sou Aquele que sou". Foi um momento sagrado para Moisés quando ele afinal realizou que EU SOU. Isaías nos relata o mesmo ao dizer: "Antes de mim nenhum deus se formou, e depois de mim nenhum haverá".

Há somente uma substância, e esta é Mente, a qual é universal;  e esta Mente, esta substância – EU SOU. A partir desta Consciência que "EU SOU" é que é formado todo o meu universo, e isto é verdadeiro tanto para você quanto para mim. Esta Verdade, que é tão universal; esta Verdade, que é a sabedoria de todas as eras – essa é a Verdade que EU SOU. Não é uma verdade que vamos aprender ou uma verdade que vamos encontrar nos livros. A menos que compreendamos que "Eu sou a Verdade", estamos perdendo o caminho, tal como ocorreu por milhares de anos em razão daqueles que detinham esse conhecimento e o distorceram.


terça-feira, janeiro 21, 2014

Comentário ao post anterior

Gugu

Caros amigos,

Nesta postagem, gostaria de compartilhar algumas considerações importantes sobre os seguintes versículos bíblicos citados no texto anterior.

Jesus disse:

1) “E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.” (João 17:26)

2) “Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:11-12)

Na passagem acima, parece (pode dar a entender) que Jesus está falando de um cenário/situação em que havia indivíduos que "não conheciam", então ele (o homem Jesus, o personagem) veio e transformou o cenário, fazendo com que "aqueles que não conheciam" passassem a "conhecer". Essa sequência de fatos (ou seja, essa lógica ou linearidade de acontecimentos) constitui característica própria da representação. É somente na representação que ela pode existir. Não é uma característica do reino de Deus. E Jesus não está falando de "coisas da representação", não está falando das coisas "deste mundo"; mas está falando das "coisas celestiais", do "reino de Deus". 

No reino de Deus não é possível haver "sequências", porque nele tudo já é. É inconcebível que em toda a realidade que constitui o reino de Deus haja um "pontinho" onde algo "não seja" agora e que somente depois possa vir a "ser". Por exemplo: se houvesse no reino de Deus algum "ponto" em que o conhecimento não estivesse presente, isso significaria que a ignorância estaria presente e, devido a isso, o conhecimento estaria ausente. Nesse caso, somente por intermédio de uma "sequência" (ocorrência linear) é que o conhecimento poderia passar a estar presente. Isso constituiria uma limitação ao reino de Deus, pois naquele "ponto" haveria falta de conhecimento. E se houvesse algo faltando no reino de Deus, isso significaria que ele seria destituído de infinitude e onipresença. Contudo, não há nada faltando em qualquer parte da Realidade ou reino de Deus. Por isso é dito que no reino da Verdade (Realidade) tudo já é.

As palavras de Jesus: "e eu lhes fiz conhecer o teu nome", significam algo além do que possa parecer à primeira vista. Ele não está fazendo referência às obras de seu eu humano (Jesus de Nazaré, o filho do homem, o personagem) aqui na terra, mas está falando das obras de seu Eu verdadeiro (Jesus Cristo, o filho de Deus – a Consciência que é o caminho, a verdade e a vida). Ele está dizendo que, desde sempre, na realidade atemporal, "Eu nos faz conhecer". É uma afirmação/revelação que deve ser entendida/apreendida em sua totalidade, num só lance de compreensão, de uma única vez. Ela é um dizer destinado à Consciência em nós, e não à nossa mente. Ou seja, é para ser lida e entendida com a própria Consciência ao invés de com a mente. Ao bater o olho na afirmação "e eu lhes fiz conhecer", a mente, na tentativa de entender, imediatamente começa a avaliá-la através de partes, pensando: "esse fato aconteceu lá no passado". A mente apenas consegue avaliar e apreender através de partes; somente a Consciência apreende com totalidade.

A apreensão com totalidade faz com que a "Verdade revelada" seja vista e válida para nós aqui e agora. Imediatamente nos vemos "conhecendo a Verdade" (no presente!). Quando a Verdade nos é revelada, não percebemos como se houvesse alguém (nem mesmo Deus ou a Consciência) chegando para trazer a Verdade e nos fazer conhecê-la. Uma linearidade assim não ocorre. O acontecimento da revelação é totalmente não-linear, descontínuo, súbito, de modo tal que nele simplesmente nos vemos conhecendo a Verdade agora, desde sempre. Compreendemos que o presente é pleno de tudo (somente assim ele pode permanecer fora da linearidade), e que apenas o momento presente nos basta. Ficamos completamente de fora da linearidade ou sequências.

Portanto, somente assim é que é possível compreender a fala iluminada de Jesus. O propósito de Jesus é nos dizer que o Pai, a Consciência, Deus, já nos fez (está desde sempre nos fazendo) "conhecer o Seu nome". Isso deve ser acatado consciencialmente; a mente não será capaz de fazê-lo. Jesus está revelando: já temos a percepção iluminada de estar vivendo e desfrutando da realidade a qual ele chamou de "reino de Deus". Explicando de outro modo: ele nos está dizendo que todos já temos a consciência de sermos iluminados. As palavras de Jesus não consideram qualquer sequência ou linearidade. Sua verdade é imediata: já conhecemos o nome de Deus. Assim é. Compreender isso é fundamental. Essa verdade está contida em todos os ensinamentos da Verdade. Todo ensinamento da Verdade diz que, cedo ou tarde, haveremos de abandonar até mesmo a necessidade/propósito de alcançar a iluminação. Isso porque "alcançar a iluminação" significa percebermos que já somos iluminados, e isso é algo a ser percebido consciencialmente.

"Porque àquele que tem, mais se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado." (Mateus 13:12)

"Aquele que tem" significa aquele que conscientizou que já tem. Essa conscientização surge quando o indivíduo, rompendo com toda e qualquer sequência/linearidade, subitamente se percebe estando de posse do conhecimento (percepção) da Verdade. Ele então adentra o estado ao qual a bíblia se refere como "aquele que já tem". E, na bíblia, Jesus diz que ao que tem, muito mais lhe será dado.Todavia, enquanto a pessoa estiver esperando pela vinda da Verdade/Iluminação, ela estará atada à um universo limitado pela lógica (sequências), e ficará andando em círculos. Tal pessoa será aquela que "não terá nunca". Explicando de modo simples, o que a sabedoria bíblica procura transmitir é que é impossível que "aquele que não tem" consiga afinal tornar-se "aquele que tem".

Jesus Cristo nos revelou ter feito com que cada um de nós conhecesse o santo nome de Deus. Portanto, já somos possuidores do conhecimento ao qual ele está se referindo na passagem "e eu lhes fiz conhecer o teu nome". E ele diz que, uma vez que sejamos portadores desse conhecimento, ele nos fará "conhecer ainda mais" as coisas de Deus. Exatamente como está escrito em "àquele que tem, mais se dará, e terá em abundância."

Todos os que ouviram Jesus por intermédio da mente, ativeram-se às sequências/linearidades que limitam a percepção que podemos ter do universo, da vida e de nós mesmos. E por isso eles não puderam "conhecer o nome" ou a Verdade divina. Mas os que ouviram Jesus verdadeiramente (isto é, sem a intermediação da mente), apreendendo a revelação com a Consciência (que está em cada um) puderam "conhecer o teu nome"  e também "conhecer ainda mais" das coisas de Deus.

Por tudo o que foi dito, finalizo este texto dizendo amém. A palavra amém tem um sentido muito profundo, significando que "assim é" (ou seja, "assim já é"), sem questionar ou levar em consideração qualquer sequência/linearidade por meio da qual a existência, a vida, nós, o universo chegasse ao estado de ser o que já é. Simplesmente é.

Amém.


domingo, janeiro 19, 2014

"e Eu lhes fiz conhecer..."

- Núcleo -

Amados Filhos de Deus!

O conteúdo do post anterior – “A Consciência revela o Ser que somos” – tem uma estreita relação com o que revelou Jesus nestas palavras:

“E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.” (João 17:26)

A estreita relação é que o “eu” [que é a real identidade de Jesus] que “nos fez conhecer” o “nome” [o nome se refere à essência, substância ou natureza de Deus] é a própria Consciência em nós! Este “eu”, a que se refere Jesus, é o Eu divino, universal, impessoal; é Quem revela o Ser que somos. E este “eu” [o “Espírito de Deus” que está em nós] revela que nos fará "conhecer mais" o “teu nome”, ou seja, nos fará conhecer mais o Ser Real, a essência, a substância, a natureza de Deus! E o fará com uma finalidade: “para que o amor com que me tens amado esteja neles e eu neles esteja”.

Assim, Jesus percebe Quem é: O Eu ["Eu" e o Pai somos um]; desfruta a percepção do “amor com que me tens amado”. E Jesus quer compartilhar o que percebe e desfruta!

“Que o amor com que me tens amado esteja neles...”. E complementa: “e eu neles esteja”.

A frase “e eu neles esteja” significa: “e a Consciência de Quem Sou; a Consciência de Filho de Deus, neles esteja”. Para que este “eu” esteja em nós, foi compartilhada a percepção de que o “eu” [a real identidade de Jesus] é a própria “Consciência”.

Jesus declarou: “E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais...”. Este “eu” está efetivamente nos fazendo “conhecer mais” através do ensinamento compartilhado no Núcleo, que é atemporal. O ensinamento de Jesus também é atemporal. São ensinamentos originais sobre a mesma Verdade atemporal. Jesus está efetivamente nos fazendo “conhecer mais” porque este “eu neles” [ou seja, este “eu que está em nós”] é a própria Consciência! Com esta percepção compartilhada, com a revelação deste liame, há um resgate do ensinamento original de Jesus de forma plena!

Ensinamento é a forma com que a revelação divina (a mensagem) é revelada e compartilhada. Os ensinamentos parecem distintos, mas a mensagem divina é a mesma. Ela é universal e atemporal. O ensinamento pode ser difundido através de interpretações ou pode ser compartilhado através de percepções [divinas].

Quando é difundido através de interpretações assume a forma de uma doutrina e, por ser algo transmitido de mente a mente, tende a ser persuasivo, com a intenção de convencer o “outro” para convertê-lo à doutrina, a fim de que aceite aquela particular interpretação das Escrituras. Assim, com o tempo o ensinamento original se perde por estar sendo dada ênfase à doutrina [interpretação] na qual se sedimenta.

Quando o ensinamento é compartilhado através das percepções divinas, que são universais e atemporais, a pessoa ao “perceber” se desperta. Então desfruta a percepção e a compartilha. Assim, o ensinamento original é reavivado e então permanece porque voltou a ser compartilhado de “coração a coração”.

Algo que está vivo em nós [mesmo que por nós pareça ter sido esquecido] quando é compartilhado de “coração a coração” nos “reacende”. Por isso o ensinamento original permanece através das gerações e alcança pessoas de todos os tempos. Sabendo que é assim Jesus revelou: “E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais”.

Através dos que percebem e compartilham suas percepções, é que efetivamente este Eu está “fazendo conhecer mais”! “Fazer conhecer” não significa persuadir para tentar convencer; significa "tornar conhecido", trazer à tona, emergir, evidenciar o que já está em nós! A Verdade É, e Jesus disse: "Eu sou a Verdade!". Ao dizer "Eu Sou" Jesus está compartilhando a percepção de que É.

E também disse: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida.”

Assim, ao dizer “Eu Sou” Jesus está compartilhando percepções!

O ensinamento de Jesus é essencialmente fundado nas coisas que soube, que testemunhou e conheceu; Portanto, é baseado na fé, e não na crença. Fé é a “certeza das coisas que não se vêem”, ou seja, é a manifestação da percepção divina em nós, algo que nos faz saber, sem mesmo ver. Por sua vez, a crença é a faculdade da mente de "acreditar" ou "não acreditar". Jesus expressou sua fé em Deus, sua percepção da Realidade de Deus e até mesmo nos deu o alerta a respeito da crença [do “acreditar ou não acreditar” mental] nas revelações, e disse: “Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:11-12)

Jesus revelou: “Conheça a Verdade e a Verdade vos libertará”. A Verdade não é algo em que possamos apenas “acreditar”, pois seria uma verdade apenas do ponto de vista filosófico, mental. A Verdade a que Jesus se refere é algo que podemos “conhecer”; é a Realidade; é sua real identidade; é Ele mesmo; é Quem ele é. Ou seja, a Verdade é algo que independe de “acreditar” ou "não acreditar", de perceber com a mente. A Verdade depende unicamente da  fé, ou seja, depende de "perceber", de perceber com a Consciência – com a Consciência do Ser. Essa “Consciência do Ser” é chamada na Bíblia, entre outros nomes, de “Espírito de Deus” ou “Espírito do Senhor”. 

Isaías revelou:

“O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos” (Isaías 61:1)

Ao iniciar sua missão divina Jesus compartilha esta percepção, conforme descreve a seguinte passagem bíblica:

“E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos." (Lucas 4:16-21)

E, assim, também neste momento se cumpre a Escritura em nossos ouvidos!

A Sagrada Escritura revela que: “E eu [Eu] lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais...” 

Através das “percepções” que são compartilhadas há um resgate do ensinamento original de Jesus. E ao revelar Jesus: “eu neles”, revelou que é o próprio Eu em nós que está “ensinando mais”!

Que todos “conheçam mais”! 
Que percebam mais!
Que desfrutem mais!
E que compartilhem mais!

Namastê!


quinta-feira, janeiro 16, 2014

A Consciência revela o Ser que somos


- Núcleo -

No ser humano Deus "aparece como" Consciência [no sentido de que "Se revela"/ "Se expressa" / e também de que "É percebido como" Consciência]. A Consciência impessoal do ser humano e de qualquer outro ser ou manifestação fenomênica, pois, só há Um SER e infinitas manifestações. É o OCEANO, que "pode ser pecebido" pela ONDA, dO qual ela emerge e que é sua base, substância e Fonte. Note que não há um "Ele" aqui, mas o Ser, o Ser que Eu Sou. "Quem percebe isso" não é a mente humana, a sua ou a minha mente. É a própria Consciência do Ser, em mim. Esta é a percepção consciencial que todos tem. Se isto é percebido pela mente humana, sua ou minha, então esta é a percepção mental, aquela que percebe de forma dual, que vê dois ou muitos onde só há um. A mente percebe muitos seres individualizados, como se estivessem separados do Ser que lhes deu causa, em vez de perceber apenas o Ser e Suas infinitas manifestações ou formas de expressão.

Se a percepção está sendo consciencial então o que se vê é apenas Deus, seja qual for a forma que o Ser assuma. É como um teatro de marionetes, no qual é perceptível que todos são "personagens movidos pela mão do artista", que lhes dá movimento, expressão e vida. E saber disso, perceber isso, não retira a graça da apresentação do teatro de marionetes.

Note que a percepção mental é uma crença, um "acreditar em"; não é o real conhecimento.

Há pessoas, os personagens, que "acreditam em" Deus e também os que não acreditam. Este "acreditar em" ou "não acreditam em" está restrito aos limites da percepção humana, que no Núcleo chamamos de percepção mental. Mas, independentemente de as pessoas acreditarem em Deus ou não acreditarem em Deus, esta percepção não altera a realidade. Não se trata de uma questão de crença, mas sim, de identidade. O personagem é apenas o que está sendo representado, não é o Ser Real. O personagem que estou representando é o que estou sendo. Mas nada/ninguém é o que está sendo. Tudo/todos são o que são! É a Consciência do Ser em mim que me faz consciente de que Sou o Ser Real e de que, enquanto personagem, enquanto ser humano, estou sendo uma representação consciente do que Sou. Mas, se percebo isto de forma mental, imediatamente a realidade perceptível se transforma diante da minha visão, a realidade que percebo se altera instantaneamente, e passo a ver as mesmas coisas, mas com uma interpretação, uma sensação, uma visão bastante diversa da realidade percebida consciencialmente. Então, aquela "representação consciente" do que Sou passa a ser uma representação inconsciente do Ser que Eu Sou.

Esta "consciência de quem Eu Sou" tem reflexo direto na realidade do personagem que estou representando! A partir do momento que estou consciente de que a realidade perceptível pela "minha mente", pela mente do personagem, é criada pelo Ser que Sou, então posso estar também consciente da realidade que está diante de mim, posso fazer uma leitura, uma "tradução consciente" da realidade que está sendo percebida por mim.

A realidade percebida consciencialmente me faz consciente de que a vida do personagem é o que Eu, o Ser Real, me proporciona. Há na Bíblia a revelação de que "Deus fez tudo" e que Ele viu que tudo o que fez era bom. E continua sendo bom. O que Deus fez é perfeito!

Não é o que Deus fez (e o fez de forma totalmente consciente) que não é bom, mas sim, aquilo que o ser humano faz, quando o faz de forma inconsciente de quem ele realmente É.

Assim como na palavra "eu" há um poderoso significado, que pode revelar que "eu" e "Eu" são o mesmo, dependendo da identificação que temos de nós mesmos, como personagem ou como o Ser, ou seja, como "eu" ou como "Eu", também na palavra "ser" há um detalhe, uma sutileza que deve ser notada: O "eu" é a identidade percebida pela mente, que se revela como "ser humano", um personagem do Ser; enquanto que o "Eu" é a identidade percebida pela Consciência, que se revela como "Ser Real", o próprio Ser. A percepção mental percebe o "Ser" como sendo “humano”, o personagem que estou sendo; e Deus passa a ser concebido como alguém separado de mim. A percepção consciencial percebe o “Ser”, o que Eu Sou.

Há uma profunda metáfora na "subida" de Moisés à montanha, local onde ouviu a revelação de Deus, quando disse: "Eu Sou o que Sou".

Quando "nos elevamos em percepção" (quando subimos do nível da percepção mental) a revelação feita a Moisés se torna também a nossa! Conhecemos a real identidade do Ser, nossa identidade, revelada por Deus: "Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo".

Este conhecimento, esta percepção, é para ser aplicada na vida cotidiana, do personagem que estamos representando. Percebendo que “eu” e “Eu” são Um, só que visto sob percepções distintas, podemos conscientemente escolher a percepção com que vemos o mundo diante de nós, conhecendo Quem faz e nos tornando conscientes que não estamos separados da Fonte.

Jesus disse: Quando o Espírito da Verdade vier ele revelará toda a verdade.

Nenhum ser humano nos revela a verdade, porque é algo a ser “percebido”.

Os que conhecem a verdade, e despertam, passam da “percepção mental” de uma vida humana separada de Deus, para a “percepção consciencial” do reino de Deus, no qual percebemos que já não somos nós quem vivemos, mas, Cristo é Quem vive em nós. No reino de Deus a vida é eterna. E disse Jesus: A vida eterna é esta: Que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro.

Tudo isto já está escrito mas não basta. É preciso ser revelado, “percebido”. Quem revela isto ao “eu”, ao personagem, é o Ser, o “Eu” que vive em nós.

Escolha despertar a percepção consciencial, esta visão de “Quem” você É. Transcenda a visão mental, do personagem, escale a montanha, eleve-se... Isto pode ser feito neste instante, no presente, não em algum tempo futuro!

As Sagradas Escrituras na qual toda a verdade é revelada já foram escritas.

Jesus disse: “Eu” e o “Pai” somos Um.

Este “Eu” é a Consciência divina, o Cristo em nós, aquele que esteve morto (não percebido por nós, mentalmente, até o instante em que despertamos!) porque, Cristo vive de eternidade a eternidade. Ele é Aquele que É, Aquele que vem para vencer a guerra final, o Armagedon, que está em sua mente...

Krishna revelou que: “Eu” sou tudo.

Este “Eu” é a Consciência do Ser, o próprio Krishna em nós, Aquele que vem para vencer a guerra final, no Kurukshetra, que está em sua mente...

Perceba que “Quem” nos faz perceber a verdade é a própria Consciência divina em nós!

Livre-se da ilusão mental de que sou “eu”, qualquer que seja a forma assumida: Sou “Eu”!

Isto só pode ser percebido pelo "coração espiritual", um “núcleo" de percepção espiritual.

Para acessá-lo fique em silêncio, ainda que em atividade, permaneça alerta e receptivo.

Esteja onde estiver, "vá para o Núcleo”; permaneça lá até conhecer/perceber A VERDADE !


segunda-feira, janeiro 13, 2014

A mente é seu Guru? (Mooji)

Mooji

Participante - Existe uma força dentro de mim que não quer perceber tudo isso.

Mooji - E daí? O que importa o que a mente diga? O que importa que ela diga não? E daí? Sua mente é seu guru? Você dá muita importância ao que sua mente diz. Você diz que a minha mente, minha mente isso, minha mente aquilo... e daí?

O que isso importa? (risos...)

Eu digo: "Gosto dessa garota". Mas minha mente diz: "Não!". E daí?

Sua mente é seu guru? Minha mente... minha mente... minha mente... (risos...). A mente diz para não ir. E daí? Porque continuar dando tanta importância ao que a mente diz? Os pensamentos chegam, como visitantes noturnos, e se você dá a eles muita atenção eles se tornam seus mestres, viram donos da casa e transformam você em prisioneiro deles. Mas porque você dá permissão a sua mente de te governar. Está bem minha mente? (Mooji se vira para o lado como se estivesse falando com alguém).

- Não? 
Minha mente disse não. (risos...)

É isso que acontece.

Esse poder precisa ser mudado.

A mente parece que tem poder, mas é você que dá esse poder a ela. Se ela te manda sair da frente para que ela comande, você diz: "Não eu quero ficar aqui."

Você pode existir sem essa mente psicológica, mas a mente psicológica não pode viver sem você. O julgador não é o que tem poder. Você é que tem o poder, porque vive sem a mente, mas a mente não vive sem você.

Sua mente quer a liberdade Hollywodiana, ela quer sempre a estrela, mas você na verdade é o Ser, que é o Universo.

Aquilo que disse anteriormente "existe uma força dentro de mim que não quer perceber tudo isso", essa vontade que parece ser sua na verdade não é a sua vontade, é a sua mente comandando. Agora vocês podem vislumbrar a profundidade daquilo que lhes digo. Você pode mover-se durante o dia sem estar sob o controle da mente.

Se sua mente diz que a tal hora você tem um compromisso, a tal hora você tem outro compromisso, e mais isso e aquilo, e programa todo o seu dia, isso é viver uma existência programada. Aparentemente é uma maneira útil de se viver. Vejam como meus dois mil compromissos me dão a sensação de que estou vivendo intensamente. Isso é a sua vida? Você vive sem tempo para nada? Então, quando você está simplesmente sem compromisso, sem obrigações, sem julgamentos, as pessoas se sentem perdidas. Você vê?

Isso tudo são jogos da mente, brincando em você. Você não é isso. Você nunca foi isso. E nunca será isso também. Tudo isso é pura imaginação. Nós somos o Self. Pura Consciência. É sempre presente.

Ninguém precisa ativar a consciência. Ninguém precisa ativar esse Oceano de Consciência. Tudo tem seu lugar, tudo está brincando neste Oceano. Deixe brincar. Deixe o sonho acontecer. Mas permaneça desperto. Não se feche em nenhum conceito. Use-os mas deixe-os livres para ir também. Não se torne devoto de nenhum conceito.

Seja devoto do Self, do puro Self. Não do ego, não da pessoa, mas do Indefinível, Imutável, Aquele que nunca muda, o Self, que está aqui por detrás de todos os conceitos, pensamentos, desejos, histórias. Tudo isso são apenas projeções da mente egóica.

O Self está aqui. Você precisa encontrá-Lo HOJE, esta é a atitude.

Isso precisa ser confirmado HOJE."


sexta-feira, janeiro 10, 2014

Iluminação - Adyashanti


- Núcleo - 

Divinos personagens,

Mais uma vez, um vídeo evidenciando que Eu "apareço como", desta vez como o divino personagem desperto Adyashanti.

Notem que este divino personagem usa o termo "estado natural" para descrever a percepção da Consciência, percepção sem a lente do ego; sem lente mental.

Com esta percepção tudo é claramente perceptível como Eu "aparecendo como"!

Esta visão do Real sem distorções revela a glória divina, a qual se referiu Jesus como "Minha Glória", assim:

"Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo." (João 17:24)

Na página 140 do livro "Despertar Espiritual", de Masaharu Taniguchi, está escrito: Muitas pessoas pensam que "jobtsu" significa "tornar-se um buda", mas o significado verdadeiro é "ser buda desde o princípio". 

Em continuidade, Masaharu Taniguchi escreve algo em perfeita sintonia com o ensinamento compartilhado no Núcleo: de que somos todos "seres conscienciais" e que estamos vivendo na "Realidade consciencial", a "Consciência do Ser", o Ser único, que é nossa própria Verdade e Realidade.

No texto que se segue, a "Realidade consciencial" é chamada de "Terra Pura" (expressão do budismo); e os seres conscienciais são denominados "seres búdicos". Nossa real identidade é a de seres conscienciais ou búdicos e estamos desempenhado papéis na "representação", chamada no texto de "palco do mundo fenomênico". O que gera a identidade de nossos personagens é a mente, que é a máscara que vela nossa real identidade. Com a lente mental, chamada por Adyashanti de "lente do ego", entramos num estado alterado de percepção pelo qual nos vemos como seres individualizados e dotados de uma identidade separada do Ser Real, uma identidade distinta de Quem Somos. Feita essa observação, atentem ao que escreve Masaharu Taniguchi: 

O sábio monge budista Dogen ensinou que "todos os seres dotados de Vida possuem a natureza búdica". Todos somos seres búdicos desde o princípio, e se as bençãos não nos aparecem é apenas porque desconhecemos essa Verdade. Em "Anotações sobre Dainichikyo" (Mahavairocana Sutra) o grande mestre Kobo escreveu: "Todas as pessoas possuem diversos poderes que fazem parte de sua natureza verdadeira. Mas, por ter a mente obstruída pela ilusão, desconhecem essa verdade e, por essa razão, não conseguem promover a manifestação dessa força latente"

Somos todos seres búdicos desde o princípio. Podemos dizer que cada um de nós é um grande artista ou um grande dramaturgo, autor de inúmeras peças teatrais. Na realidade, nunca sofremos nem nos afligimos, mas, no "palco da vida", criamos diversas tragédias e as mostramos para as "plateias". O que acontece no palco não é real; é apenas uma encenação do ator. Nós, seres humanos, usamos "atores mentais" para apresentar no palco chamado "mundo fenomênico" cenas de acontecimentos fictícios. Por trás desse palco existe o mundo verdadeiro, o paraíso búdico. Na Sutra do Lótus existe um trecho do seguinte teor: "Mesmo quando chegar o dia em que o tempo da humanidade parecer ter se esgotado e este mundo estiver ardendo em chamas, a nossa Terra Pura, repleta de seres celestiais, permanecerá pacífica e aprazível". Podemos dizer que, mesmo quando estiverem sendo travadas batalhas sangrentas no "palco do mundo fenomênico", por trás desse palco existe o mundo real. Ou seja, o mundo da Imagem Verdadeira, e ali todos os protagonistas conversam alegremente em perfeita harmonia. 


No mundo da imagem Verdadeira não existem pessoas más nem coisas ruins, mas ela parecem existir no "palco do mundo fenomênico". Atuamos nesse palco usando a mente como intérprete. Aos olhos físicos, as cenas apresentadas no palco parecem reais. Mas nem as doenças, nem os infortúnios, nem as calamidades, nem a decrepitude, nem a morte existem de verdade. O que existe de verdade é unicamente o mundo da Imagem Verdadeira. Aqui e agora, já existe o paraíso. No entanto, não o enxergamos. Por isso, é necessário efetuar com frequência a prática meditativa que consiste em fechar os olhos, por um momento, para as coisas do mundo fenomênico e contemplar a Imagem Verdadeira. Caso contrário, tendemos a ver como realidade os aspectos ilusórios do mundo fenomênico. Na seita Shingon é realizada a prática meditativa denominada Ajikan, e na Seicho-No-Ie praticamos a Meditação Shinsokan, que consiste em contemplar a Imagem Verdadeira do mundo e do ser humano, que é perfeita e totalmente livre. A Imagem Verdadeira do ser humano não é matéria, não é corpo carnal. Somos existência espiritual, somos budas em pessoa, somos seres búdicos mesmo sendo humanos - é assim que contemplamos a nós próprios.

              
Com este texto, a oração de Jesus pode ser percebida e desfrutada assim:

"Pai, aqueles que me deste [que faz chegar até Mim] quero que, onde Eu estiver [onde Eu, o "Ser consciencial" que se percebe em Unidade divina, estiver] também eles estejam comigo [que percebam nossa Unidade, tal como expressou "Eu neles e Tu em Mim"] para que vejam a minha glória [a visão do Real, visão da Unidade de todos os mundos e todos os seres] que me deste; porque tu me amaste [assim como amaste a todos] antes da fundação do mundo [antes que houvesse qualquer "representação"]. (João 17:24)

Nota: A palavra "antes" não tem o sentido de antecedência temporal, mas sim, o de algo que "está antes", que "está por trás", ou seja, algo subjacente. O sentido é o de que a Realidade divina é subjacente à "representação". Deus nos ama. É isto que Jesus está orando para que todos percebam! Deus nos mantém em Unidade em Sua própria Consciência e Realidade! Esta Realidade divina não se altera em razão da representação vista pela mente.

Enfim, Jesus orou que todos percebam a Verdade, a Realidade divina da qual ele percebe ser Um com Deus, e que sejamos Um com ele nessa percepção de unidade; e que partindo dessa percepção unitária a desfrutem e compartilhem! 

Masaharu Taniguchi disse: Não pensem que "jobtsu" significa "tornar-se um buda"; percebam que o significado verdadeiro é "ser buda desde o princípio"! 

O pensamento leva os personagens à pretensão de se tornarem budas "um dia", ou seja, num tempo futuro. A percepção de "Quem Somos" revela que todos somos budas desde sempre! 

Portanto, não partam do pensamento (que está na realidade da mente, ou seja, na representação; e que é tão ilusório quanto a mente). Partam da "percepção" consciencial (que está na Realidade da Consciência, que é a própria Verdade!)

Ao dizer: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim", Jesus está compartilhando a percepção de sua natureza e identidade divinas, não para se enaltecer diante dos demais seres humanos, mas para despertar neles a percepção de unidade.   

Jesus disse: "Eu e o Pai somos Um". Então, dizer que "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" também quer dizer: "Por sermos Um, o próprio Pai é o Caminho, a Verdade e a Vida".

E dizer "Ninguém vem ao Pai senão por mim", também quer dizer: "Ninguém vem ao Pai senão por Quem Eu sou".

Ao orar "Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos em unidade", Jesus revela que não podemos perceber a nossa Unidade divina partindo de nossos pensamentos mas somente partindo da percepção divina que existe em nós, que é chamada de fé no ensinamento cristão. Assim, é pela fé - e não pela razão - que podemos "ir ao Pai". Essa fé na presença do Filho de Deus em nós é que nos leva ao Reino de Deus.

Esse é o sentido do "nascimento" do Filho de Deus em nós. É o fenômeno da transubstanciação da hóstia sagrada, que é tomada como o "corpo de Cristo" na percepção do Cristo em nós e de nossa unidade com ele, em cumprimento a sua oração: "Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos em unidade". 

Que todos tenham essa percepção do "nascimento" do Filho de Deus em nós; que a desfrutem e a compartilhem entre todos.


terça-feira, janeiro 07, 2014

"Assim é o verdadeiro Mestre"

- Núcleo -

Comentário ao vídeo:

Mooji, referindo-se a uma imagem do Mestre do seu Mestre disse: “é a mesma coisa; Jesus Cristo é a mesma coisa; Buda é a mesma coisa; Krishna é a mesma coisa; Vocês são a mesma coisa; Eu também sou a mesma coisa. Mas no mundo da multiplicidade e da diversidade a imagem do meu mestre está acima de tudo para mim. Eu não sei quem é que pode compreender isso. Ele parece estar separado, mas é Um. Ele está dentro do meu coração e eu estou dentro do coração do meu mestre. Do mesmo modo, vocês estão no meu coração. É a mesma coisa. Eu não sei se a lógica é suficiente para compreender estas coisas. Você tem que entendê-las com algo mais profundo que isso…”

Este vídeo é “nuclear” e algumas ponderações do Mooji dão ensejo para discernir percepção mental e percepção consciencial. Ele está expondo o que percebe consciencialmente quando diz: “Jesus Cristo é a mesma coisa; Buda é a mesma coisa; Krishna é a mesma coisa; Vocês são a mesma coisa; Eu também sou a mesma coisa.” Porém, essa “Unidade” não é compreendida mentalmente, porque a mente só percebe de foma dual; essa é uma das características da percepção mental: perceber de forma dual. A mente fragmenta a realidade que percebe em “eu”, como sendo um personagem, e “você”, como sendo outro personagem; e, de forma geral, em “eu”, como sendo um personagem, e “tudo mais”, como sendo tudo mais que está no cenário dos personagens. Ela também fragmenta a realidade em “passado, presente, e futuro”. Por isso, Mooji diz: “Eu não sei quem é que pode compreender isso.” De fato, nenhum personagem pode, pois, a mente percebe de forma dual; a “mente dos personagens” percebe a diversidade e a multiplicidade do universo dos personagens, mas não percebe a “Unidade” do universo do Ser. 

Quando Mooji diz que todos aqueles divinos personagens são a mesma coisa, que “Jesus Cristo é a mesma coisa; Buda é a mesma coisa; Krishna é a mesma coisa; Vocês são a mesma coisa; Eu sou a mesma coisa”, ele está percebendo a “Unidade”, a real identidade de todos aqueles “seres conscienciais”, que são imagens do Ser, do mesmo Ser, do único Ser. Ele está percebendo todos “consciencialmente”. Só assim é possível perceber a “Unidade”. Ao expressar esta percepção unitária ele diz que: “Ele está dentro do meu coração e eu estou dentro do coração do meu mestre. Do mesmo modo, vocês estão no meu coração. É a mesma coisa. Eu não sei se a lógica é suficiente para compreender estas coisas. Você tem que entendê-las com algo mais profundo que isso…”. Sendo a lógica um processo de percepção mental, não é suficiente para compreender a “Unidade do Ser”, que só pode ser percebida, realmente, com “algo mais profundo”. Apenas consciencialmente é possível perceber a “Unidade”. Para isso, é preciso transcender a “mente do personagem”, que percebe a multiplicidade e perceber com a “Consciência do Ser”, que percebe a Unidade. A “transcendência” é uma correta identificação! Quando nos identificamos como sendo “seres humanos”, com passado (o tempo quando nascemos); presente (o tempo da vida atual); e futuro (o tempo quando morreremos), esta identificação é com quem estamos sendo, com quem estamos representando, com o nosso “personagem”, não é com Quem Somos, com o Ser Real. A percepção resultante desta falsa identificação (com o personagem que estamos sendo) é mental. É denominada “avidya”, que significa ignorância de nossa real identidade.

Quando nos identificamos como “seres conscienciais”, seres criados à imagem e semelhança de Deus, seres eternos, sem nascimento e sem morte, que “aparecem” na Consciência do Ser, esta identificação é com Quem Somos, com o Ser Real. É denominada “vidya”, cujo significado é sabedoria, ou seja, o conhecimento supremo de nossa real identidade, e também a real identidade de todos os seres, que então são percebidos como sendo “a mesma coisa”, de mesma natureza e realidade do Ser. É nesta Consciência ou realidade do Ser que estão vivos eternamente os seres conscienciais: “Jesus Cristo, Buda, Krishna, Vocês ou Eu”.

É isto que o Mooji está percebendo, desfrutando e compartilhando, ao dizer que o mestre dele está em seu coração e que ele está no coração do seu mestre, e que todos estão no coração dele! É uma percepção consciencial plena!

A você que agora lê este texto:

Transcenda a visão de “quem está sendo” e perceba “Quem voce É” !
Perceba “Quem” está “aparecendo como” Mooji neste vídeo;
Perceba “Quem” está “aparecendo como” aquele que postou o vídeo;
Perceba “Quem” está “aparecendo como” aquele que comenta o vídeo;
E, por fim, para que a transcendência seja plena, completa e realizadora: Perceba “Quem” está “aparecendo como” aquele que lê este texto!

É possível “acordar do sonho”, de uma existência e cenário humanos e despertar para a realidade de Quem somos, na Consciência do Ser. É neste “solo sagrado” [na Consciência do Ser] onde realmente vivemos, nos movemos e temos nossa exitência. Somos “seres conscienciais”!

Perceba!
Desfrute!
Compartilhe!

Todos estes vídeos são para isso; estes comentários são para isso; este site é para isso. Enfim, o “Núcleo” é isso! É algo “de coração a coração”.

“Aparecemos como” muitos, mas em essência somos todos o Ser Real.

Namastê!


sábado, janeiro 04, 2014

Prece de Cáritas

A mensagem desta linda prece carrega a essência de todo ensinamento verdadeiro e sagrado: o Amor. Somente Deus é a Verdade, e as sagradas escrituras ensinam que Deus é Amor. Tudo o que é santo, tudo o que é bom, belo e verdadeiro provém do Amor, provém de Deus. Dedicamos essa santa oração em homenagem às diversas personalidades  as que viveram no passado e as que vivem no presente  e que, independentemente de sua religião, pregaram (e pregam) e praticaram (praticam) o amor ao próximo e a Deus.


 PRECE DE CÁRITAS

"Deus nosso Pai,
que Sois todo poder e bondade,
dai força àquele que passa pela provação,
dai Luz àquele que procura a Verdade,
ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus,
dai ao viajor a estrela Guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.
Pai,
dai ao culpado o arrependimento,
ao espírito, a verdade,
à criança, o guia,
ao órfão, o pai.
Senhor, que a Vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem,
esperança para aqueles que sofrem.
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores,
derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé.
Deus,
um raio, uma faísca do Vosso  amor pode abrasar a Terra.
Deixai-nos beber nas fontes da Vossa bondade fecunda e infinita,
e todas as lágrimas secarão,
todas as dores se acalmarão.
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha,
nós Vos esperamos de braços abertos.
Oh! bondade, Oh! beleza, Oh! perfeição.
E queremos de alguma sorte alcançar a Vossa misericórdia.
Deus,
Dai-nos força de ajudar o progresso, a fim de subirmos até Vós,
Dai-nos a caridade pura,
Dai-nos a fé e a razão,
Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
o espelho onde se refletirá a Vossa Divina imagem."


quarta-feira, janeiro 01, 2014

Lapidando e santificando o próprio ser

Com a Vossa graça, PAI, e graças a ela, viveremos o esplendor da vida, com esperança e coragem, para fora de nós mesmos, em direção a Vós. Renovamos, portanto, uma vez mais, a nossa disposição em sermos mensageiros da LUZ, servindo a VIDA e fazendo florescer o AMOR, no respeito e na dignidade, sem medo e sempre tomados por profunda gratidão. Queremos anunciar a PAZ, ajudar a criar condições dignas de vida para todos, consolar os aflitos, os que sofrem, proclamar um ano de graça. Portanto, que ninguém se desespere diante das durezas da vida terrena. Juntos, desapegados do ego (pequeno eu) manifestaremos na Terra - por meio do Vosso Amor - o "Vosso Reino", o Mundo do JISSÔ. Muito obrigado!


Pe. Fábio de Melo

 
“É mais fácil acreditarmos numa santidade que não passe pela humanidade.
 
Mas quando a gente identifica que a santidade é o aprimoramento do humano, retirar os excessos para fazer prevalecer a parte boa de nós. Ou até mesmo esculpir, lapidar como um garimpeiro lapida uma pedra bruta até que ela se torne preciosa. Vamos descobrindo que na nossa vida é a mesma coisa.
 
Eu preciso ter a consciência que a minha lapidação vai acontecer diariamente, pela graça de Deus e também pelo meu empenho.
 
Eu também sou uma pedra bruta que precisa ser lapidada.
Você também é uma pedra bruta que precisa ser lapidada.
É a isso que nós chamamos de santidade.
 
Nós somos muitas vezes cheios de cascas que impedem o nosso brilho. Cascas que foram colocadas pela vida, pelas escolhas erradas que nós fizemos, pelas influências negativas que as pessoas tiveram sobre nós.
 
Talvez você já tenha experimentado isso na sua vida, viveu um relacionamento, uma pertença que ofuscou o seu brilho, que lhe fez esquecer a pedra preciosa que você é.
 
Quando tomo consciência disso permito-me uma postura de querer modificar, de não querer mais levar comigo esse peso que o outro deixou em mim.
 
E a conversão é justamente esse processo humano que nós fazemos à luz da fé, auxiliados por Deus.
 
Eu creio em Deus, e eu creio que Ele vai me iluminar no dia-a-dia para que, orientado pela sua Palavra, para que motivado pelos seus sacramentos, eu tenha coragem de olhar para as minhas misérias e, a partir delas, querer a santidade!”