"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, outubro 31, 2012

Livrar-se do sofrimento (OSHO)

Pergunta: Amado Osho, como eu posso me livrar do sofrimento?




Osho: "Todo mundo passa a sua vida em busca de uma coisa: como livrar-se do sofrimento? Como obter felicidade e alegria?

Você quer buscar alegria, mas o que você pagará por isso? O que você dará em troca daquilo que conseguiu?

Se um homem der um passo que seja, ele terá que deixar o pedaço da terra sobre o qual ele estava em pé. Somente assim ele poderá ir adiante. Não haverá qualquer progresso neste mundo se nós não quisermos abrir mão de alguma coisa. Sem sacrificar-se você não conseguirá dar nem mesmo um passo.

Se as suas mãos estão cheias de lama, de seixos e de pedras e você quer diamantes, você terá que abandonar as pedras. Para agarrar o objeto desejado, as suas mãos deverão estar vazias. Você deverá deixar as coisas inúteis.

Não tenha medo: eu não lhe direi para renunciar à sua riqueza, mesmo porque ninguém tem riqueza alguma, ninguém mesmo. Neste mundo, até o mais rico dos homens é um mendigo.

Ninguém tem riqueza. Existem dois tipos de mendigos: um é o mendigo pobre e o outro é o mendigo rico, mas ambos são mendigos. Até agora, eu nunca vi um homem rico. Existem muitas pessoas que possuem dinheiro, mas elas não são ricas, elas também estão na corrida para agarrar o máximo que elas puderem, do mesmo jeito como faz o mais pobre dentre os homens pobres. Como um pedinte que segura tudo o que tiver com as mãos bem apertadas, também o homem que tem o maior dos cofres segura com as mãos apertadas tudo o que ele tiver. A avareza deles é a mesma e assim a pobreza deles também é a mesma.

Você não tem riqueza. Ninguém a tem. Por isso eu não insisto que você tenha que abandoná-la. Como você pode deixar alguma coisa que você não tem? Eu não lhe digo para desistir da sua vida - você nem mesmo tem isso. Como você pode ter alguma coisa, se nem mesmo tem consciência dela? E a cada momento você fica tremendo de medo da morte. Se você fosse a própria vida, por que você estaria com medo da morte?

A vida não tem morte alguma. Como a vida pode tornar-se morte? Mas você está tremendo de medo da morte. A cada momento a morte está rondando você. Você está tentando se salvar por qualquer caminho possível, para que você não desapareça, para que você não morra, para que você não chegue a um fim. Mesmo a vida, você não a tem. É por isso que eu não irei lhe pedir para desistir da sua vida. Como você pode dar alguma coisa que você não tem?

Eu só irei pedir aquilo que você tiver. E eu irei pedir aquilo que todos têm. Assim como eu disse que a busca de todo mundo é por alegria, também existe algo que todos têm em abundância: o sofrimento. Você tem uma quantidade suficiente de sofrimento, mais do que você precisa. Por muitas vidas você nada mais tem colecionado a não ser sofrimentos. Você colecionou pilhas disso. Mesmo o monte Everest parecerá pequeno se for comparado com as pilhas de problemas que você tem colecionado. Esse é o trabalho de suas muitas vidas; você nada tem ganho, exceto problemas. Mesmo agora você os está ganhando.

Eu gostaria que você largasse seus problemas, renunciasse aos seus problemas. Ninguém jamais pediu os seus problemas, mas eu estou pedindo. E se você puder desistir de seus problemas, aí o caminho para a alegria poderá ser aberto. E se você conseguir abandonar os seus problemas, você irá perceber que aquilo que você pensava ser problema nada mais era que ilusão. E os seus problemas não o estavam segurando; você é que os estava segurando. Mas uma vez que você os deixe ir, você irá saber então quem estava segurando quem.

Você está sempre perguntando como conseguir livrar-se do sofrimento. Perguntando assim, parece que o sofrimento o está segurando e você quer livrar-se dele. Se o sofrimento estivesse lhe segurando, então não seria possível você se livrar dele, porque a posse não estaria em suas mãos, mas nas mãos do sofrimento. Você seria impotente. E se depois de tantas vidas você ainda não conseguiu tornar-se livre, então como conseguir tornar-se livre agora?

Eu digo a você que o sofrimento não o está segurando; você é que está segurando o sofrimento. E se você puder fazer uns experimentos, aceitando o que eu estou dizendo, você irá compreender por si mesmo. E não apenas você compreenderá isso, mas você irá experienciar uma entrega; você saberá como o sofrimento pode ser abandonado. E quando tornar-se bom na arte de abandonar o sofrimento, você irá perceber o que estava arrastando consigo. E ninguém, a não ser você, era responsável por isso. Por qualquer coisa que você tenha experienciado como sofrimento, nenhuma outra pessoa pode ser responsabilizada. Esse era o seu desejo: você queria sofrer.

Tudo o que nós desejarmos será permitido. E tudo o que você é, é o fruto dos seus desejos. Nem Deus é responsável, nem a sorte; ninguém tem motivo algum para lhe causar problemas.

A verdade é que a existência está sempre querendo fazer você ficar alegre. Toda essa existência quer que a sua vida se torne um festival... porque quando você está infeliz, você também sai atirando infelicidade por toda a sua volta.

Quando você está infeliz, o mau cheiro de suas feridas alcança toda a existência. E quando você está infeliz, a existência também sente dor. Todo esse mundo sente dor quando você está infeliz e sente alegria quando você está alegre. A existência não deseja que você deva ser infeliz. Isso seria suicídio para a própria existência. Mas você está infeliz e para se tornar infeliz você teve que fazer toda sorte de arranjos. E enquanto isso não for destruído, você não será capaz de abrir os seus olhos para a felicidade.

Quais são os seus arranjos? Que arranjo o homem faz para estocar os seus problemas? Como ele os coleciona? Compreenda isso um pouco e talvez fique mais fácil para você soltá-los.

Uma criancinha quer chorar. Os psicólogos dizem que a ação de chorar da criança é como o ato de vomitar. Sempre que uma tensão cresce dentro de uma criança, ela, ao chorar, atira para fora as suas tensões. Você foi uma criancinha. Uma criancinha está com fome e não estão lhe dando o leite na hora certa. É por isso que ela está chorando, é porque ela encheu-se de tensão. E isso é necessário para liberar a sua tensão para fora. Ela irá chorar, a tensão será liberada e ela se sentirá mais leve. Mas nós ensinamos a criança a não chorar. Nós tentamos todas as maneiras para impedi-la de chorar. Nós colocamos brinquedos em suas mãos para que ela se esqueça; nós colocamos alguma coisa artificial em sua boca, ou colocamos o seu polegar em sua boca de modo que ela confunda isso com o seio de sua mãe e esqueça da fome. Nós começamos a balançá-la para lá e para cá a fim de que sua atenção se disperse e ela não chore. Nós tentamos tudo para não deixá-la chorar. Aquela tensão que poderia ter sido liberada pelo choro, não é liberada e vai sendo guardada. Desse jeito nós deixamos que isso vá se acumulando. Quem sabe quantas dores e angústias cada pessoa tem acumulado? Ela senta-se sobre essa coleção empilhada.

Quem sabe quantas tensões você acumulou? Você não tem chorado nem dado gargalhadas com seu coração totalmente presente. E porque você não chorou, alguma coisa ficou presa dentro de você. Você não tem ficado totalmente com raiva, nem tem perdoado completamente alguém. Você tornou-se uma pessoa pela metade. Os seus ramos querem se abrir mas eles não são capazes disto. As folhas querem brotar para todos os lados, mas elas não são capazes disto. A sua árvore ficou atrofiada. O nome dessa dor acumulada, dessa dor não liberada, é inferno. E você segue arrastando esse inferno ao seu redor.

Eu o chamei aqui para que o seu inferno possa ser jogado fora, e você pode jogá-lo fora. (...)

Eu estou aqui para aqueles que são capazes de tornarem-se simples como uma criança, e somente assim eu posso fazer alguma coisa. Porque somente às crianças pode-se ensinar alguma coisa, somente as crianças podem ser mudadas, e uma revolução pode ocorrer apenas nas vidas das crianças. Nos experimentos de meditação que acontecerão aqui, vomite, atire para fora todo sofrimento que você tiver em seu coração. Se você tiver raiva, atire-a para o céu, se você tiver violência, atire-a para o céu. Você não tem que ser violento com ninguém, simplesmente libere a violência para o céu aberto. Problemas, dores, culpas; qualquer coisa que estiver dentro tem que ser jogada para fora. Você tem que atirá-las tão totalmente quanto for possível. Use toda a sua energia de modo que qualquer problema que estiver dentro seja trazido à consciência.

Você deve compreender que enquanto você não ficar consciente da dor escondida no seu inconsciente, ela não o deixará, ela permanecerá escondida. Exponha-a, traga-a para a consciência. Puxe-a para fora, onde quer que ela esteja escondida na escuridão interna, traga-a para a luz. Algumas coisas morrem com a luz. Se você puxar para fora da terra as raízes de uma árvore, elas morrerão. Elas necessitam da escuridão, elas vivem na escuridão, na escuridão está a vida delas. Assim como as raízes, o sofrimento também vive na escuridão. Exponha os seus sofrimentos e você descobrirá que eles morreram. Se você continuar escondendo-os dentro de si, eles irão permanecer seus companheiros constantes por muitas vidas. A infelicidade tem que ser expressada.Compreenda uma coisa mais: foi de fora que você pegou as dores e as trouxe para dentro de si. Por favor, volte com elas para o lado de fora. A dor não é interna; todas as dores são trazidas do lado de fora.

Quando você nasceu, qual era a natureza do seu ser? Não havia dor: a dor foi trazida de fora. Se um homem o maltratou e fez você ficar infeliz, o maltrato foi trazido de fora. Agora, você irá acumular essa dor do lado de dentro, deixará que ela cresça, irá reprimi-la, assim ela se expandirá e envenenará toda e qualquer célula do seu corpo.

Você se tornará um homem infeliz. Você traz a dor de fora. Ela não está em sua natureza. É por isso que eu lhe digo que você pode livrar-se da dor. Você não consegue se livrar da natureza, daquilo que é a fonte do sentir. Você pode livrar-se apenas daquilo que não é seu. Não há jeito de você livrar-se daquilo que é seu.

A dor tem que ser jogada fora. Durante esses próximos dias, quanto mais você puder jogar, jogue. E na medida em que você for jogando fora, irá crescer a sua compreensão que isso era uma loucura estranha que você estava cultivando. Isso poderia ter sido jogado fora naturalmente, estava em suas mãos, mas, desnecessariamente, você se bloqueou. E a segunda coisa: na medida que você joga fora a dor, que a envia de volta para fora, de onde ela veio, a alegria começa a brotar dentro de você.

A alegria está dentro. Ninguém a traz de fora. Ela não vem de fora, ela é a sua natureza, ela é você. Ela está escondida dentro, ela é a sua alma. Se for jogado fora esse lixo que veio de fora e que tem sido acumulado, então a alma interna começará a expandir, começará a crescer. Você começa a ver a sua luz e a ouvir a sua dança, você começa a mergulhar na música mais interna.

Mas isso só acontece se você liberar o lixo de modo que o céu interior possa se estabelecer, algum espaço criado. Então aquele espaço que está escondido dentro pode expandir-se.

A dor deve ser expressada para que aquela alegria possa expandir-se internamente. E quando a alegria começa a expandir-se, é necessário compreender também a segunda coisa. Se você reprimir a dor, ela cresce. Se a dor é reprimida ela cresce, se você a expressar, ela diminui. Com a alegria ocorre totalmente o oposto: se você reprimir a alegria, ela diminui; se você a expressar ela aumenta.

Assim, a primeira coisa é isso: que você tem que jogar fora a dor, porque ela diminui sendo expressada. Não a reprima, pois ela cresce com a repressão. E quando você tiver a primeira visão da alegria que vem de dentro, então expresse-a... porque quanto mais você expressar a alegria, mais ela aumenta internamente e camadas frescas começam a crescer.

Isso é exatamente igual a quando você fica tirando água de um poço: nova água de fontes frescas encherá o poço. A fonte da alegria está dentro, assim não tenha medo de que ela irá diminuir por você expressá-la. A dor fica reduzida ao expressá-la, porque a sua fonte não está dentro. Ela foi trazida de fora, assim se você a expressar, ela ficará reduzida.

Se você quiser enganchar-se na dor, então tenha isso em sua mente: nunca jogue-a fora. Se você quiser aumentar o seu sofrimento - e isso é o que você está fazendo e parece que muitas pessoas estão fazendo - então nunca expresse seu sofrimento, nunca manifeste-o. Se lágrimas estiverem jorrando, então engula-as, se você sentir raiva, reprima isso. Se qualquer problema estiver brotando internamente, reprima isso. Ele irá aumentar. Você se tornará um grande inferno.

Se você quiser reduzir a dor, então deixe-a acontecer; se você quiser aumentar a alegria, então deixe-a acontecer, porque a alegria está dentro e novas camadas continuarão se revelando. E na medida em que você segue deixando a alegria acontecer, você começará a ter mais e mais vislumbres de pura alegria. A alegria aumenta ao ser compartilhada.

A dor tem que ser liberada. E quando você começa a ter vislumbres de alegria, eles também têm que ser liberados.

Você tem que se tornar como uma criancinha, que não tem qualquer preocupação a respeito do passado, nem qualquer questão a respeito do futuro, que nem mesmo sabe o que os outros estão pensando a seu respeito.

Somente então acontecerá aquilo para o que eu o chamei aqui, e aquela jornada na qual eu gostaria que você fosse bem suavemente. Um pouco de coragem é requerida, e então, os tesouros de alegria não estarão longe.

Um pouco de coragem é requerida e você poderá abandonar o seu inferno - exatamente como alguém que se suja na rua e volta para casa para tomar um banho e a sujeira é lavada. Da mesma maneira, a meditação é o banho e a dor é a sujeira.

Assim como depois do banho a sujeira foi lavada e você se sente fresco, da mesma forma você terá um vislumbre, sentindo dentro de si a felicidade e alegria que é a sua natureza."


Osho - The Sadhana Sutra


domingo, outubro 28, 2012

Oração para eliminar a ilusão e contemplar o mundo da Imagem Verdadeira


Masaharu Taniguchi


Oração para eliminar a ilusão e contemplar o mundo da Imagem Verdadeira de felicidade eterna:

Existem muitas pessoas que vivem temendo a ocorrência de infortúnios, doenças ou acidentes, considerando-os castigos de Deus. Há também religiosos que amedrontam as pessoas com ameaças de "punição divina" ou "castigo do céu", para induzi-las a se converterem à seita ou religião deles. Tanto esses religiosos, como as pessoas que neles acreditam, estão errados.

A Bíblia ensina que onde existe o amor perfeito não há medo, e que o amor perfeito é manifestação de Deus. Portanto, o verdadeiro cristianismo não suscita temor nas pessoas, e os verdadeiros cristãos não procuram converter as pessoas com ameaças de "castigo divino".

Também no budismo, o Hannya Shingyō (Prajfiã-paramitã-sutra) diz: "Eliminando-se a ilusão, desaparece o temor". Isto significa que a fé religiosa que suscita temor não é verdadeira, sendo apenas ilusão camuflada de fé. Ilusão é como sonho; é ver aspectos contrários à realidade. Pode acontecer de alguém, no sonho, ver-se submetido a um terrível castigo e, acordando, perceber que estivera sonhando e soltar uma risada de alívio. Julgar "existente" o que "não existe" - este pensamento contrário à realidade é ilusão. Pode acontecer, também, de alguém sonhar que perdeu algo e, acordando, constatar que esse algo permanece ali, diante de seus olhos. O mesmo ocorre com a ilusão. Pode-se dizer, portanto, que ilusão é "pensamento invertido", ou seja, julgar "existente" o que "não existe", e vice-versa. Por isso, o Hannya Shingyō afirma que o estado de ilusão é como o sonho no qual a pessoa julga ser real o que não existe realmente; ensina que neste mundo criado por Deus não há criatura alguma e coisa alguma capaz de nos infundir medo, e diz que é preciso abandonar o "pensamento invertido", isto é, a ilusão, pois assim o medo desaparecerá.

Tudo que existe de verdade é obra criada pelo Deus único. Deus, o Criador, é Bem infinito, é possuidor de Sabedoria infinita. Portanto, neste mundo criado pela Sabedoria infinita de Deus não existem falhas nem incoerências. Este mundo só pode ser um mundo perfeito onde todos os seres vivem em total harmonia, ajudando e complementando uns aos outros. Por isso, basta abrirmos os olhos da mente, eliminarmos a ilusão e contemplarmos a Imagem Verdadeira para que todos os males - originalmente inexistentes - desapareçam por completo. Desaparecendo a ilusão, ocorre a cura da doença, cessa o conflito, ninguém permanece pobre ou feio. E assim podemos descortinar, neste mundo que habitamos, o aspecto perfeito do mundo da Imagem Verdadeira onde existe a felicidade eterna.

Eliminemos a ilusão. Na verdade, o mundo que habitamos aqui e agora é a manifestação exata do mundo da Imagem Verdadeira, onde reinam o bem e o belo supremos e a felicidade eterna. Tendo recebido a revelação desta Verdade, contemplo neste momento o mundo onde reinam o bem, o belo e a felicidade eterna, e o meu coração pulsa de alegria infinita.

Agradeço a Deus por esta bênção. Muito obrigado.

(Do livro: A Verdade em Orações, vol. 2)

ligaj | Deus Sumiyoshi

quinta-feira, outubro 25, 2012

No "intervalo" manifesta-se a Vida


 Masaharu Taniguchi


A Verdadeira beleza não está na coisa em si. Os discursos das peças de Maeterlinck exprimiam seu espírito através da pausa existente entre uma palavra e outra. Em todas as coisas, a beleza verdadeira está muito mais no "intervalo" que as une do que nelas em si. Cada fonema isoladamente não é tão belo, mas quando ele se liga a outros fonemas nasce, na "pausa" entre eles, uma beleza que cada um em si não possui. O mesmo acontece com as cores. Quando duas ou mais cores se combinam nasce uma beleza que não existe em cada uma delas. A música está na "pausa", a arte plástica está na "pausa", e a vida do homem está na "pausa".

Não sei quem inventou a palavra "homem", em japonês, composta de dois ideogramas - pessoa e intervalo -, mas de fato a vida do homem não está em cada indivíduo; ela está no "intervalo" entre um indivíduo e outro que se ligam. Os homens que são vistos pelos olhos carnais e percebidos pelos órgãos sensoriais são todos existências isoladas, as quais são existências falsas, sujeitas à desintegração, e não o "homem verdadeiro".

O homem que é a existência real só se manifesta no "intervalo" entre as existências fenomênicas que são apreendidas pelos órgãos sensoriais. Não é através da existência sensível que se enxerga a Imagem Verdadeira (Jisso), é no "intervalo" entre uma existência sensível e outra que se manifesta a Imagem Verdadeira do homem. O que reproduz esse "intervalo" é a arte, e o que faz viver esse "intervalo" é o amor.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 08"; pgs. 84 e 85)


terça-feira, outubro 23, 2012

Inspiração para curar

Paul Grimes

 
Era de manhã bem cedo. Acordei subitamente e senti a orientação divina para pegar lápis e papel, e começar a escrever. De início relutei em segui-la, mas então obedeci. Logo abaixo está a inspiração que me veio, sobre meu trabalho como Praticista da Ciência cristã.
 
Eu sou Deus e nunca criei a matéria; não existe matéria. Portanto, pare de tentar curar matéria. Nem seu paciente, nem você, como praticista, podem ser mesmerizados a acreditar que um problema possa ter existência real, pois Eu nunca criei um problema. Não existe nenhum problema para curar, apenas um conceito incorreto (falso). Saiba mais a respeito de Quem Eu sou. Saiba a Verdade sobre o que Eu criei. Essa é a verdade sobre o trabalho que você faz.
 
Não pode haver nenhuma resistência ao reconhecimento daquilo que Eu criei. Uma vez que nem você, nem o paciente, podem pensar de si mesmos. Como praticista, não imagine que você tenha de levar o paciente a saber alguma coisa, uma vez que Eu sei Tudo.
 
Como praticista, não duvide nem questione o trabalho de cura. A Ciência Cristã jamais falha. O Princípio está por trás de todo o trabalho. Tanto para o praticista como para o paciente.

Conforme este versículo bíblico, “ ...eu sou Deus e não há outro” (Isaías 45: 22), fiz todas as coisas reais e completas. Não tente compreender aquilo que não existe, mas conheça somente aquilo que realmente existe! O poder da oração é o conhecimento daquilo que é, daquilo que existe. Se Eu não o criei, ele nunca foi criado; portanto, nunca pode estar no pensamento, porque Eu sou a Mente. Essa verdade é absoluta e Eu não conheço nenhuma outra. Nunca criei nada material. Não existe nenhuma condição material.
 
Mary Baker Eddy trouxe essa verdade para o primeiro plano e a única maneira de o trabalho dela ser reconhecido é seguir o Cristo. É o Cristo que vem até você, a fim de que saiba como curar. O Cristo está com cada um dos filhos de Deus. Esse Cristo se manifesta no pensamento e fala tanto para o paciente como para o praticista, a verdade de que existe um único Deus, uma única criação, um único Criador, uma única Mente, um único Princípio. O paciente não pode ficar na obscuridade, não pode sentir dor, não pode receber diagnóstico de doença, não pode sofrer, não pode falhar e não pode morrer.
 
Há uma lei nesse trabalho, a Minha lei. Não há nenhum processo mental no trabalho de cura pela Mente; existe somente um fato: Deus. Comece com Deus e termine com Deus. Não há nada mais.

Somente Eu faço tudo o que existe. Somente Eu sou o poder em seu trabalho de cura. Eu criei, e a manifestação daquilo que criei tem de existir.
 
O trabalho de cura por meio da oração está no Espírito, não na matéria. A matéria recebe atenção demasiada do paciente e do praticista. Nem o paciente nem o praticista dão origem à comunicação, pois somente Eu me comunico com ambos.
 
Ouça somente a Minha palavra. Permaneça no único reino, que é o Meu. Não tente convencer o paciente a respeito da Verdade, porque então você estará aceitando a discórdia sobre a qual o paciente está falando. Nem você nem o paciente reconhecem qualquer coisa a não ser a Mim. Eu sou o Sanador, e “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3: 14).

Portanto, a cura consiste em saber o que realmente existe. Não tenha medo. Saiba quem Eu sou. Saiba o que Eu sou. Saiba onde Eu estou. Não examine aquilo que eu nunca criei. Não aceite aquilo sobre o qual Eu nada sei a respeito. Não tente descobrir o porquê. Não tente analisar. Não permita que seus pacientes acreditem que eles sejam criadores ou o instrumento de outro criador além de Mim. Eu sou o único e Eu criei somente o único; portanto, não existe nada mais. Não há nenhum processo de tempo envolvido na percepção desse fato.
 
Como praticista, volva-se a Mim. Conheça-Me. Como praticista, seu trabalho de oração está completo, pois ele está fundamentado em uma única criação. O Consolador está presente. Permaneça Comigo. Não permita que nada além de Mim permaneça em seu pensamento, pois não há nenhum pensamento além de Mim. Eu sou a Mente com a qual você e o paciente pensam. A Mente que pensa o universo. Não creia nem aceite outro pensamento! Como praticista, seu trabalho está fundamentado somente em Mim.
 
Eu estou presente. Eu sou o poder. Eu fiz perfeitas todas as coisas. Não existe nenhuma dessemelhança para aquilo que Eu criei. Não há nenhuma substituição. Não há nenhuma justificativa para o sonho de vida na matéria. Há somente aquilo que Eu criei, e você Me conhece somente como Eu sou!
 
Seu trabalho de cura está completo! Não aceite nenhuma mentira que seja dita em contrário, porque ela não provém de Mim.
 
“Vai tudo bem” (Hinário da Ciência Cristã, 350) Eu, somente Eu sou Tudo! Aceite o que Eu lhe comuniquei! Aceite que tudo é perfeito! Você sabe somente o que Eu sei!
 
É desnecessário dizer que essa inspiração verdadeiramente me despertou para o fato simples e absoluto de que Deus é TUDO! Não poderia me sentir pessoalmente responsável pelo trabalho de curar aqueles que me pedem ajuda. Isso me fez compreender que a revelação final dessa Ciência divina é o fundamento sobre o qual o trabalho de cura é feito. Fez com que eu ficasse grato por reconhecer que devo trabalhar a partir do fato de que a Ciência Cristã é a revelação final da Verdade, e que meu trabalho deve se apoiar, com segurança, no reconhecimento de que cada tratamento da Ciência Cristã é eficaz. Nossa oração não pode ser invertida. Nosso trabalho de cura não está se definhando. Nossas curas não são demoradas nem tediosas. Nosso trabalho é o cumprimento da profecia, portanto, todos podem testemunhar o potencial contido na revelação final da Verdade!
 
 
(Extraído de O Arauto da Ciência Cristã – Ano 60 – N° 12)
 

segunda-feira, outubro 22, 2012

Suba de cima para baixo

Dárcio Dezolt
 

A crença de que meditamos para “conscientizar que Deus é Tudo” precisa ser extinta, e antes mesmo de meditarmos, se é que estudamos a Verdade Absoluta. Isto porque este estudo não é como ocorre com estudos humanos, em que a pessoa, de início, se vê desconhecedora de um assunto, como a música, por exemplo, para ir adquirindo este conhecimento aos poucos e com o passar do tempo! O estudo da Verdade é SER A VERDADE JÁ! Jamais você “aprenderá a ser Deus”. Por outro lado, o suposto “eu humano” nunca foi, é ou será Deus, uma vez que jamais existiu! E Deus – que é TUDO -  já é Deus!
 
Enquanto a crença em “se tornar Deus um dia” perdurar, suas meditações terão resultados comprometidos com a ILUSÃO! Desta prática errônea,  de acreditar que a meditação objetiva dar “conscientização da Verdade ao ego”, é que vem a errônea aceitação de que terminada a meditação, voltamos ao “mundo ilusório”. DEUS É TUDO! Não medite para,  “durante” a meditação”, começar a aceitar que DEUS É VOCÊ! Antes de meditar, aceite esta Verdade! Certifique-se dela primeiro! E então, poderá meditar corretamente,  que é simplesmente “contemplar” este FATO VERDADEIRO E JÁ ACEITO!
 
Infelizmente, dos ensinamentos relativos vieram as  práticas dualistas, que sempre pregam a existência de “seres humanos”  necessitados de  “conscientizar Deus”. Parta da Verdade ACEITA! A isto eu sempre denominei “subir de cima para baixo”. Sem assim proceder, a crença de que somos humanos, “sempre a conscientizar a Verdade”,  é que será perpetuada! E, desse modo, o que cada um estará conscientizando, será a ilusão!
 
Saia da prática dualista! A única VIDA Se expressando, é DEUS! A única Mente Se expressando, é DEUS! O único “VOCÊ” Se expressando, é DEUS!  Já parta, portanto, da aceitação consumada deste FATO,  e nunca de “expectativas de conscientização”. Suba “de cima para baixo”!

 

sexta-feira, outubro 19, 2012

Experiência de Deus

Dárcio Dezolt

 
Sobre a "Experiência de Deus", certa vez escrevi o seguinte:
 
"Muitos dizem que não conseguem “sentir” a Experiência de Deus, quando meditam. Assim, ficam com a falsa impressão de que teriam que se elevar ainda mais em consciência, o que, segundo eles, seria conseguido por meio de muita dedicação, horas de interiorização, etc. Contudo, não existe uma escala de graduação de consciência.
 
DEUS É CONSCIÊNCIA, E DEUS É A ÚNICA CONSCIÊNCIA QUE HÁ! Deus está sendo, aqui e agora, a Consciência que cada um de nós já É! A Consciência de Deus, aparecendo como nossa Consciência individual, constitui a EXPERIÊNCIA DE DEUS. Assim, Deus está, agora e sempre, experienciando a Si mesmo COMO cada um de nós."
 
Influenciadas por ensinamentos relativos, que não excluem por completo o suposto ser humano com sua mente humana desejosa de se iluminar, ficam as pessoas se identificando com o relativo e batalhando para discernir o Absoluto! Seria o Pato Donald lutando a vida toda para "sair de Patópolis" e conhecer o mundo de Walt Disney! Entretanto, ficção jamais desperta para a realidade! Não existe verdade em "seres humanos". Esta ficção é para ser descartada pela total admissão e identificação com a Verdade Eterna: DEUS É TUDO - inclusive VOCÊ!

terça-feira, outubro 16, 2012

A Meditação do Ser

 

Pergunta: Pode-se ter uma experiência temporária do Eu Real, a realidade subjacente, mas então ela desaparece. Você pode dar alguma orientação em como permanecer estável naquele estado?
 
Annamalai Swami: Um lampião que está aceso pode apagar se o vento estiver forte. Se você quiser vê-lo novamente, você tem que reacendê-lo. Mas o Ser não é assim. Ele não é uma chama que pode ser apagada pela passagem dos ventos dos pensamentos e desejos. Ele é sempre luminoso, sempre brilhante, está sempre lá. Se você não está consciente dele, isso significa que você colocou uma cortina ou um véu na frente dele que bloqueia sua visão. O Ser não oculta a si mesmo atrás de uma cortina. É você que coloca a cortina lá ao acreditar em ideias que não são verdadeiras. Se a cortina se abre e então se fecha novamente, isso que dizer que você ainda está acreditando em ideias erradas. Se você erradicou-as completamente, elas não reaparecerão. Enquanto essas ideias estiverem cobrindo o Eu Real, você ainda precisa fazer constante sadhana.
 
Então, voltando à sua questão, o Eu Real não precisa estabilizar-se. Ele é pleno e completo em si mesmo. É a mente pode ser estabilizada ou desestabilizada, não o Ser.

Pergunta: Por constante sadhana, você quer dizer autoinquirição?

Annamalai Swami: Sim. Pela força da prática, ao fazer esta sadhana, esse véu será completamente removido. Não haverá outros obstáculos. Você pode ir ao topo de Arunachala, mas se você não estiver alerta, se não estiver prestando atenção, você pode escorregar e ir parar no Easanya Math [uma instituição hindu ao pé da montanha].
 
Você tem que fazer um esforço enorme para realizar o Ser. É muito fácil parar no caminho e cair de volta na ignorância. A qualquer momento você poder cair. É preciso fazer um esforço sólido e determinado para permanecer no pico quando você o alcançar pela primeira vez, mas finalmente chegará o tempo em que você estará plenamente estabelecido no Eu Real. Quando isso acontecer, você não poderá cair. Você alcançou sua meta e esforços não são mais necessários. Até que esse momento chegue, constante sadhana é requerida.
 
Pergunta: Nesse estágio é importante ter um Guru, nesse período quando esforços constantes são necessários?

Annamalai Swami: Sim. O Guru lhe orienta e lhe diz que o que você fez não é o suficiente. Se você está enchendo um balde com água, você sempre pode acrescentar mais água enquanto houver espaço. Mas quando ele estiver completamente cheio, quase transbordando, não faz sentido colocar nem mais uma única gota. Você pode achar que fez o suficiente, e pode até mesmo acreditar que seu balde está cheio, mas o Guru está em melhor posição para ver que ainda há espaço, e que mais água precisa ser acrescentada. Não confie em seu próprio julgamento nesse assunto. O estado que você alcançou pode parecer ser completo e final, mas se o Guru diz, “Você precisa mais sadhana”, acredite nele e continue com seus esforços.
 
Bhagavan costumava dizer muitas vezes, “O Guru físico está fora, dizendo a você o que fazer e empurrando você para dentro do Eu Real. O Guru interno, o Eu Real dentro de você, simultaneamente puxa você em direção a ele.”
 
Uma vez que você tenha se fixado no Guru interno, o Eu Real, a distinção entre Guru e discípulo desaparece. Nesse estado você não precisa mais da ajuda de qualquer Guru. Você é Aquilo, o Ser. Até que o rio alcance o oceano ele é obrigado a continuar fluindo, mas quando chega ao oceano, ele torna-se o oceano e o fluxo pára. Originalmente, a água do rio veio do oceano. Na medida em que flui, ela está simplesmente fazendo o caminho de volta até a sua fonte. Quando você medita ou faz sadhana, você está fluindo de volta para a fonte de onde você veio. Depois de ter alcançado essa fonte, você descobre que tudo o que existe – mundo, Guru, mente – é um. Diferenças e distinções não surgem lá.
 
Não dualidade é jnana; dualidade é samsara. Se você puder abandonar a dualidade, só Brahman permanece, e você percebe que você mesmo é esse Brahman, mas para fazer essa descoberta a meditação contínua é necessária. Não reserve períodos de tempo para isso. Não considere isto como alguma coisa que você faz quando está sentado com os olhos fechados. Essa meditação tem que ser contínua. Pratique-a enquanto estiver comendo, caminhando, e mesmo conversando. Ela tem que acontecer o tempo todo.

 

domingo, outubro 14, 2012

Há um pássaro cantando...

Dárcio Dezolt


Quem Estuda a Verdade Absoluta precisa, primeiramente, entender que este estudo se compõe de informação e de percepção. A informação é necessária, para que saibamos o que deve ser percebido; porém, após a informação ter cumprido esta sua finalidade, a atenção deverá estar voltada cem por cento à percepção!

Suponha que alguém escute um pássaro a cantar à distância e, vendo alguém distraído ao seu lado, lhe faça esta pergunta: “Você está ouvindo um pássaro cantando?” Por estar distraída, ou concentrada em outra coisa, a pessoa dirá: “Não, deixe-me prestar mais atenção!” E então, ela confirmará: “Sim, 'agora' estou ouvindo-o também!” O pássaro já estava a cantar! Mas, recebendo a informação, ela “prestou a atenção”; e, desse modo, o que “já estava acontecendo” pôde ser discernido! É assim que a “informação”se torna “percepção”.

Haveria algum sentido em a pessoa buscar informações e mais informações a lhe repetir que “há um pássaro cantando”? Sabemos a resposta: “NÃO!” Se o fato existe e a informação lhe chega, cabe a ela PERCEBÊ-LO! É este o papel das “contemplações da Verdade”: DEUS ESTÁ SENDO O SEU EU! Este é o “pássaro cantando”! Sem forçar a mente, sem querer que isto se torne verdadeiro, sem achar ser isto difícil ou fácil de ser compreendido, passe a DAR ATENÇÃO TOTAL À PERCEPÇÃO DO FATO! Acredite ser verdadeiro e acredite TER MEIOS DE PERCEBÊ-LO! Desse modo, anulará o “intelecto”, que busca e busca – mesmerizado – informações repetidas de que “DEUS É VOCÊ”, e se verá PERCEBENDO O FATO de que a sua Existência é DEUS!


sexta-feira, outubro 12, 2012

Ah! Isto!

SER_gio


- Quem  (ou o quê) sou eu?
- Sou o que sou - e não sou "algo".
- Onde estou?
- Aqui.
- Onde é aqui?
- Lugar nenhum. Todos os lugares estão em Mim. Aqui é infinito...
- De onde vim, e para onde vou?
- Não vim, nem vou para lugar nenhum. Como o Infinito viria ou iria?
- Sou desde quando?
- "Desde" Agora atemporal...
Ah! ISTO!

quarta-feira, outubro 10, 2012

Diálogos conscienciais: Meditar, perceber e Amar!



Núcleo


De que forma o Amor está relacionado à meditação?

A resposta pode ser obtida através do compartilhamento a seguir de um diálogo entre a "mente" e a "Consciência", entre o "homem" e "Deus", entre o "personagem" e o "Ser”.

Personagem: O que é meditação?
Ser: Meditação é percepção.

Personagem: Como faço para aprender a meditar?
Ser: Meditação é percepção. Você já está percebendo…

Personagem: O que estou percebendo é que sou um ser humano que quer aprender a meditar.
Ser: Quem medita percebe que não é um ser humano…

Personagem: Se já estou percebendo, mas eu não percebo que não sou um ser humano, quem é o eu que está percebendo?
Ser: É seu Eu verdadeiro; é Quem já está percebendo…

Personagem: Se não percebo meu Eu verdadeiro, que é Quem já está percebendo, como posso percebê-lo?
Ser: Meditando…

Personagem: Mas o que é meditar?
Ser: Meditar é perceber…

Personagem: Parece que voltamos ao início! Meditar é perceber… Espere um momento… perceber o que?
Ser: É apenas perceber…

Personagem: De fato já estou percebendo algo!
Ser: Sim, foi o que Eu disse, você já está percebendo…

Personagem: Mas estou percebendo apenas o meu mundo, o que todos percebem com os cinco sentidos de percepção.
Ser: É o que você já está percebendo…

Personagem: Mas eu quero perceber a Realidade Divina, não a realidade humana, que os iluminados dizem que não é real. Como posso perceber a Realidade Divina?
Ser: Há apenas uma realidade, que é percebida meditando…

Personagem: Eu me rendo! Não consigo sair disso. Sei que não vai adiantar eu perguntar novamente o que é meditar…
Ser: Não é preciso se render, apenas siga a direção correta…

Personagem: Mas minhas perguntas acabam sempre voltando ao mesmo ponto…
Ser: Mesmo no nível das perguntas, no nível da mente, faça a pergunta correta! Não desista!

Personagem: Está bem. Vamos lá… O que é meditação?
Ser: Já dei esta resposta. Meditação é percepção.

Personagem: Perguntei como faço para aprender a meditar?
Ser: Já dei esta resposta também. Quer que a repita?

Personagem: Não. Quero saber qual a pergunta correta aqui?
Ser: Quando disse que meditar é perceber… já dei a deixa… abri todas as possibilidades a você.

Personagem: Por que em vez de “dar a deixa” você não me diz logo qual o caminho a seguir para eu poder meditar?
Ser: Porque é você que escolhe o caminho que quer seguir… Suas escolhas definem a realidade de quem você está sendo. Escolhas não alteram a possibilidade de meditar e perceber. A possibilidade de meditar e perceber estará sempre a sua disposição!

Personagem: Você disse que meditar é apenas perceber…
Ser: Sim, é apenas perceber…

Personagem: Se é apenas perceber… e não é perceber algo, o que você percebe?
Ser: Percebo apenas a Mim mesmo!

Personagem: Mas você está me percebendo, já que estamos tendo um diálogo!
Ser: Sim, estou te percebendo em Mim mesmo…

Personagem: Como assim, me percebendo em você mesmo? Não estamos separados? Não tenho realidade fora de você?
Ser: Não estamos separados, percebo apenas a Mim mesmo! E somos Um só!

Personagem: Já sou você e estamos vivendo a mesma Vida? Se é assim, porque não estamos vivendo a mesma realidade?
Ser: Só há uma Vida, Eu sou essa Vida e estamos vivendo esta Vida. Mas a realidade que você vê vem de um tipo de percepção e a realidade que vejo vem de outro…

Personagem: Então refaço a pergunta sobre a percepção! Você disse que meditar é perceber e então perguntei: Perceber o que? Refaço a pergunta: Que tipo de percepção?
Ser: A percepção que resulta em uma ação consciente.

Personagem: Que ação consciente? O que devo fazer?
Ser: De início perceba que perguntas e respostas estão na percepção da mente… Não se detenha nesse nível. A percepção que se expressa numa ação consciente pode ser expandida ao infinito. Saiba: Estou sempre meditando, sempre percebendo a Mim mesmo e a Minha Realidade, que é a nossa, a única. Somos Um, por isso você pode Me perceber, ou seja, você pode perceber-Se. Quando você imerge em Mim e Me percebe, percebe que em realidade Sou Eu Quem está Se percebendo… Neste sentido, nunca há alguém além de Mim que Me percebe… Sou sempre Aquele que medita, Aquele que percebe! Por isso disse que: “Quem medita percebe que não é um ser humano”.

Personagem: Um mestre deu a entender num poema que sou fruto da Sua imaginação… Eu sou fruto da Sua imaginação?
Ser: Que mestre deu a entender isso?

Personagem: Você não sabe que mestre?! Como é possível você não saber se somos Um; se estou em você?
Ser: Quem disse que não sei? Apenas perguntei que mestre deu a entender isso, porque sei que outros lerão este nosso diálogo e eles saberão a quem e ao que você está se referindo. Assim poderão acompanhar melhor este diálogo.

Personagem: Percebo… Bem, o mestre a que me referi é Meher Baba em seu poema "O amante e o Amado", onde ele escreve:

Deus é amor. E o amor deve amar. E para se amar deve haver um amado. Mas como Deus é Existência infinita e eterna, não há ninguém para Ele amar além Dele mesmo. E para poder amar a Si mesmo ele deve imaginar-se como o amado a quem Ele como o amante imagina amar. A relação amado e amante implica separação. E a separação cria anseio e o anseio resulta em procura. E quanto mais ampla e intensa é a procura maior será a separação e mais terrível será o anseio. Quando o anseio é o mais intenso a separação está completa e a finalidade da separação, que tinha a finalidade de permitir que o amor pudesse experimentar a si mesmo como o amante e o amado, é cumprida; e a União é o que resulta. E quando a União é atingida, o Amante vem a saber que o tempo todo ele próprio era o Amado a quem ele amou e com quem desejou a União e que todas as situações impossíveis que Ele superou eram obstáculos que Ele mesmo colocou no caminho para Si mesmo. Atingir a União é tão incrivelmente difícil porque é impossível tornar-se o que você já é! A união não é nada além do conhecimento de si mesmo como o Sujeito Único.

Eu me refiro ao trecho em que ele escreveu: “E para poder amar a Si mesmo ele deve imaginar-se como o amado a quem Ele como o amante imagina amar”Por isso fiz a pergunta se sou fruto da Sua imaginação?

Ser: Estamos falando da ação consciente que resulta da percepção. Como disse, estou sempre meditando, sempre percebendo a Mim mesmo. A Minha Realidade resulta deste tipo de percepção que produz sempre uma ação consciente e muito amorosa. O Amor é a Minha Realidade e você é a expressão do Amor!

Personagem: Sou expressão do Amor de Deus! Então, o que alguém deve fazer para “ver” em sua realidade esse Amor?
Ser: Aceita uma resposta breve?

Personagem: Sim, claro!
Ser: Deve Amar!

Personagem: Nossa, resposta muito breve! O que é Amar?
Ser: Amar é o Verbo que expressa a ação de alguém que percebe Quem somos.

Personagem: Está dizendo que nós somos Um e devemos perceber isso para amar?
Ser: Não. Eu já percebo isso por todos nós e estou compartilhando o que percebo. Você deve amar para “ver o amor”, perceber o que percebo; e para viver a Minha realidade!

Personagem: Por onde começar a amar?
Ser: Comece se harmonizando com “o céu e a terra”! Ou seja, harmonize-se com todos os seres, com tudo que percebe em sua realidade!

Personagem: Efetivamente como fazer isso?
Ser: Note que o tipo de percepção de que estamos falando não implica necessariamente em fazer algo. Você pode estar fazendo algo ou não e mesmo assim “amando o que faz” e “interagindo comigo”. É agindo assim, ou seja, amando que se ativa esta percepção! A chave é: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como ama a você mesmo.

Personagem: Sim, eu sei, sei do que trata este diálogo sobre amor e a percepção… Sei que podemos interagir como estamos interagindo e ter a percepção de “Quem” Sou. Nesta percepção instantaneamente Eu Me “percebo” e todas as perguntas e respostas cessam. A bem-aventurança advém desta percepção oceânica na qual tudo Se revela como o Ser Real que tudo É…
Ser: Então você Se percebe…

Personagem: Não. Percebo que não sou eu…; ao menos não esse eu que pergunta… Ocorre exatamente o que você disse! Você Se percebe!
Ser: Sim, percebo que somos Um!

Personagem: Posso compartilhar este diálogo com todos eles?
Ser: Com todos eles? Por enquanto compartilhe apenas comigo…

Personagem: Mas agora estou te percebendo em todos eles…
Ser: Então compartilhe com todos eles!

Assim sendo, por estar harmonizado com “o céu e a terra”;
Por perceber o que estou percebendo [ Deus em cada um ];
Por desfrutar o que estou desfrutando [a percepção divina],
Compartilho esse diálogo com a divindade, com o Mestre…
Com Aquele que apareceu como leitor!
Com Aquele que pode ainda aparecer como vários outros…
Percebo o Mestre em todos!
E a todos agradeço!


Namastê!

domingo, outubro 07, 2012

Mantenhamos a mente pura e dócil

Masaharu Taniguchi


"Acreditando na Verdade de que "Os limpos de coração verão a Deus", mantenhamos a mente limpa, elevada, pura e dócil."

Na Bíblia consta: "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus" (Mateus 5, 8). "Limpos de coração" significa "aqueles que têm a mente pura". E quem são os que têm a mente pura? São aqueles cuja mente é isenta de conceitos e teorias criados pelos homens. Em outras palavras, são aqueles que têm a mente dócil e receptiva. Tanto a Bíblia como os livros da Seicho-No-Ie ensinam que somente aqueles que têm a alma pura como a de criança conseguem apreender a Verdade. Por mais inteligente que seja uma pessoa, e por mais que ela tenha estudos, não conseguirá apreender a Verdade, se não tiver a mente pura, dócil e receptiva.

Ainda ontem, um estudante me disse: "Assisti a uma experiência de Química comprovando que, da combinação de hidrogêncio com o oxigênio, resulta água. Então fiquei a me perguntar por que isso ocorre. O senhor pode me explicar?". Respondi-lhe como se segue: "Pela combinação de dois átomos de hidrogênio com um átomo de oxigênio resulta a molécula de água. Mas, se me perguntar por que porque tal combinação produz tal resultado, não posso responder. Só posso dizer que isso é um fato, não uma simples teoria, e portanto não pode ser alterado. Pode-se alterar a teoria, mas não o fato. A maneira mais legítima e verdadeira de lidarmos com o fato é simplesmente aceitando-o. Mesmo que se crie a teoria de que 'pela combinação de oxigênio com o hidrogênio obtém-se carvão', permanece imutável o fato de que 'pela combinação do oxigênio com o hidrogênio forma-se água'. Portanto, o fato está acima da teoria, ou em outras palavras, é mais poderoso do que a teoria". Foi esta a resposta que dei ao referido estudante.

Existem pessoas que dão mais valor à teoria do que ao fato. Apesar de ser um fato a ocorrência de cura de doenças pela assimilação dos ensinamentos da Seicho-No-Ie, tais pessoas continuam defendendo com veemência a teoria por eles criada, de que "não é possível curar doenças por meio da religião; as seitas que dizem curar doenças são passam de seitas enganosas, exploradoras dos crédulos". Porém, se de fato ocorre a cura, de que adianta afferrar-se à teoria de que "a religião não cura doenças", ou determinar, por ocasião da maioria, que essa afirmação é verdadeira?

De modo análogo, é inútil teorizar "por que o ser humano é filho de Deus", ou "por que não é filho de Deus", pois a natureza divina do ser humano é um fato, e não uma teoria a ser discutida. O ser humano é filho de Deus - isto é um fato, e não uma simples teoria.

Frequentemente me indagam: "Por que a ilusão não existe?". Simplesmente respondo que "A ilusão não existe porque não existe", pois a inexistência da ilusão é um fato, e não uma teoria para se discutir. Eu poderia apresentar uma tese, diversos argumentos e, com esses argumentos, convencer as pessoas até certo ponto, digamos 80 por cento. Porém, argumentos não passam de argumentos. Por mais hábil que seja um argumento, nada valerá se for contrário ao fato. E, inversamente, mesmo que não se possa apresentar argumento algum, se existe o fato, este se impõe por si e ninguém pode negá-lo. Os argumentos de um debate não decidem, isto é, não criam a condição de o homem ser 'filho de Deus' ou não. Fazendo-se debates sobre a natureza do ser humano, alguns podem contestar a afirmação de que "o ser humano é filho de Deus, e não simples matéria", apresentando argumentos convincentes de que "o ser humano não é filho de Deus". Todavia, por mais convincentes que sejam tais argumentos, não podem mudar o fato - a Verdade de que o ser humano é filho de Deus.

Ontem, uma pessoa me procurou e disse: "Mestre, há dias li em certa revista uma crítica descabida à Seicho-No-Ie. Em linhas gerais, os termos dessa crítica eram os seguintes: 'É absurda a afirmação de que ocorre cura de doenças pela leitura dos livros da Seicho-No-Ie. Caso essa seita insista em afirmar que têm ocorrido muitos casos de cura desde que ela iniciou a propagação de seus ensinamentos, sugerimos que apresente um relatório mostrando as percentagens de diminuição de morbidade e mortalidade na população de nosso país. Que saibamos, não se verificou no país diminuição dos índices de morbidade e de mortalidade desde o surgimento da Seicho-No-Ie'. Parece-me que o autor do referido artigo quer argumentar que, não havendo dados demonstrativos da diminuição de tais índices, deve-se considerar como falsos os casos de pessoas que se curaram pela leitura dos livros da Seicho-No-Ie. É um argumento aparentemenre razoável, mas na verdade não o é. A esse tipo de argumento se dá o nome de sofisma, não é professor?". A pessoa que comentou isso sabia que na Seicho-No-Ie ocorre realmente a cura de doenças, pois havia testemunhado muitos casos de cura.

Felizmente, dispúnhamos de estatísticas demonstrando que, após a divulgação dos ensinamentos da Seicho-No-Ie, em algumas empresas houve acentuada diminuição da ocorrência de doenças em seu quadro de funcionários; e em algumas companhias de estradas de ferro reduziu-se para zero a ocorrência de acidentes. Mandamos publicar essas estatísticas à guisa de resposta ao referido artigo de revista.

Suponhamos que trinta pessoas aqui presentes se curem de miopia pela leitura dos livros da Seicho-No-Ie. Isso significaria a redução real de trinta casos de miopia no país todo. Mesmo que alguém argumente que não existe nenhuma estatística que comprove essa ocorrência, a redução seria um fato, e nada é mais confiável do que o fato em si. Os que pensam ser possível "apagar" o fato com argumentos estão muito equivocados. Estou certo de que logo chegará o dia em que se tornará evidente, por si só, a redução da mortalidade em nosso país como resultado da divulgação dos ensinamentos da Seicho-No-Ie - pois isso é um fato.

Há pessoas que estão com a mente tão abarrotada de teorias e conceitos próprios, que não conseguem admitir honesta e docilmente nenhum fato que esteja em desacordo com seu ponto de vista. Tais pessoas, mesmo presenciando casos de cura pela leitura dos livros da Seicho-No-Ie, argumentam que "isso não deve ser levado em consideração, pois na estatística não aparece nenhum índice de redução da incidência de doenças". Essas pessoas que recorrem a tais sofismas, incapazes de admitir honestamente a verdade por terem a mente atulhada de teorias e conceitos próprios, são as que não têm a mente pura.

As pessoas cuja mente é pura conseguem ver Deus e a Imagem Verdadeira de todos os seres. Elas assimilam facilmente a Verdade porque não têm a mente atulhada de teorias e conceitos próprios. Há muitos casos que comprovam que as crianças de pouca idade, ainda sem estudo algum, assimilam facilmente a Verdade e conhecem a Deus.

Há alguns dias, durante uma reunião de adeptos realizada na casa do sr. Hattori, um garotinho de cinco ou seis anos bateu fortemente a mão numa das colunas. Um dos adeptos, acudindo, disse: "Oh! Coitadinho... Está doendo muito, não?". O garotinho, cheio de brio, respondeu: "Não dói, não, porque sou filho de Deus! Eu sei que a gente só sente dor quando pensa que dói". A criança é verdadeiramente pura, porque sua mente não está atulhada de impurezas, ou seja, de uma série de conceitos e teorias criadas pelos homens. Os pais do referido garoto são fervorosos adeptos da Seicho-No-Ie e, em suas conversas, frequentemente afirmam que o ser humano é filho de Deus. O garoto, por ter a mente pura, conseguiu apreender a Verdade contida nas palavras de seus pais e acreditou firmemente: "Sou filho de Deus". Ele sabe que todo filho de Deus é isento de dor e que a dor é apenas um produto da mente.

Essa IMEDIATA compreensão da Verdade só é possível às pessoas que têm a mente pura. Por isso, ao lermos A Verdade da Vida, devemos fazê-lo com a mente pura. Pessoas que não conseguem se curar de alguma doença ou solucionar algum problema mesmo lendo o livro A Verdade da Vida são as que não têm a mente pura. Não que elas sejam ruins e pratiquem más ações como, por exemplo, roubar. Conforme já disse, "não ter a mente pura" significa estar com a mente atulhada de teorias e conceitos criados pelos homens. Quanto mais a pessoa se prende à inteligência e ao conhecimento humanos, tanto mais difícil se torna assimilar a Verdade. Portanto, ao ler o livro A Verdade da Vida, é preciso, em primeiro lugar, deixar de lado os conceitos, teorias e conhecimentos baseados na inteligência humana. Não digo que se deva negá-los definitivamente, mas sim esquecê-los por algum tempo, para que a mente se torne isenta e possa ACEITAR facilmente a Verdade. É como transferir a água velha contida num copo para um outro recipiente, a fim de poder enchê-lo com água pura e fresca, pois não é possível encher de água pura e fresca um copo que contenha água velha e turva. Assim como é imprescindível esvaziar o corpo, também é essencial esvaziar a mente de velhos conceitos e teorias. Mente pura é aquela sem distorções causadas por teorias e conceitos criados pelos homens ao longo dos tempos. E somente quando se tem a mente pura é possível "ver" Deus.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 28"; pgs. 24 à 30)


quinta-feira, outubro 04, 2012

O majestoso Mundo da Imagem Verdadeira

Masaharu Taniguchi


Se interpretarmos o "vazio" como "nada", então deveremos dizer que a Imagem Verdadeira (Jissô) não é vazia. O que é vazio é o fenômeno. O mundo da Imagem Verdadeira é um mundo infinitamente majestoso e belo. O budismo anterior à Sutra do Lótus diz que "tudo é vazio". Na sutra Buddhabhadra existe um trecho que diz: "Não há diferença entre a mente, Buda e as criaturas, sendo todos eles vazios. A mente, quando desperta, torna-se Buda; e este, quando cai em ilusão, torna-se criatura. Buda também é vazio; é como se nada existisse". Se assim fosse, de nada adiantaria o homem alcançar o despertar e retornar à Imagem Verdadeira, pois isso seria o mesmo que se tornar vazio, aéreo. Seria preferível suicidar-se de uma vez. Não seria necessário praticar nem o zen nem qualquer forma de concetração mental. Não haveria razão de viver. Essa interpretação errônea dos ensinamentos de Sakyamuni é a causa da decadência do budismo.

Entretanto, a Sutra do Lótus não fala de tal mundo vago, vazio, aéreo. O mundo da Imagem Verdadeira descrito nessa sutra é um mundo de suma beleza, e não um mundo homogêneo e monótono. É um lugar onde existem belos jardins, bosques, templos ornados de pedras e metais preciosos, árvores carregadas de flores e frutos. Enfim, é um lugar onde todas as pessoas vivem alegres e felizes. Assim é o mundo da Imagem Verdadeira. As palavras não são sufucientes para descrever toda a sua beleza. Podemos fazê-lo apenas metaforicamente. Entretanto, o maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira, visto através da "lente" dos sentidos, apresenta-se como este mundo terreno onde se emaranham o belo e o feio, o amor e o ódio, etc., devido ao fato dessa "lente" estar embaçada por ilusões da mente humana. Neste mundo há pessoas sadias e bonitas, mas também há pessoas enfermas, de aspecto deplorável. Porém, na essência, todas as pessoas são perfeitas, pois o Eu verdadeiro de todo ser humano é infinitamente vigoroso e belo.

Na verdade, todos nós somos seres sublimes, repletos de vigor e beleza, e estamos vivendo aqui e agora, no maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira. Muitos pensam que o homem "passa" para esse mundo maravilhoso somente após a morte do corpo carnal, mas estão equivocados. Mesmo quando aparentemente estamos sendo assolados por uma calamidade, ou estendidos num leito miserável e consumidos pelos sofrimentos da doença, na verdade vivemos saudáveis, felizes e tranquilos no maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira. Qualquer que seja nossa situação no aspecto fenomênico, na verdade vivemos, aqui e agora, no perfeito mundo da Imagem Verdadeira.

Porém, o mundo que captamos através de nossos sentidos é um mundo limitado, de apenas três dimensões: comprimento, largura e altura. Em outras plavras, nossos sentidos só conseguem captar o mundo tridimensional, não sendo capazes de alcançar o mundo que se expande infinitamente além dessas três dimensões. Mesmo assim, se ao menos captássemos o aspecto tridimensional sem distorcer a forma original, não veríamos tantas imperfeições neste mundo. Porém, lamentavelmente, vemos o aspecto tridimensional através de nossa "lente mental" cheia de falhas e irregularidades, e por isso temos a visão distorcida do mundo ao nosso redor. Assim, o que é reto parece torto, a vista imperfeita parece imperfeita, etc. Eliminando as falhas (ilusão) da "lente mental", as imperfeições aparentes deixam de existir. Por exemplo, o míope deixa de ser míope, o doente deixa de ser doente, e assim por diante. Contudo, mesmo que a pessoa fique curada da miopia ou de qualquer doença e passe a ter saúde perfeita, não estará manifestada ainda a sua verdadeira imagem enquanto ela continuar sendo um ser humano do mundo fenomênico visível aos olhos carnais. Toda pessoa é, por assim dizer, apenas uma imagem tridimensional do "homem da Imagem Verdadeira", o qual é infinitamente belo e majestoso, não havendo palavras para descrevê-lo. Por ser apenas uma imagem tridimensional, o homem fenomênico não apresenta a sublime beleza do homem de infinitas dimensões. Mas, quando essa imagem tridimensional é produzida sem distorções, manifesta-se como uma pessoa sadia. Também no tocante à vida familiar, há muitos casos de adeptos que afirmam que seus respectivos lares se tornaram um lugar tão maravilhoso quanto o paraíso, desde que passaram a praticar os ensinamentos da Seicho-No-Ie. Pois eu afirmo que, mesmo o mais paradisíaco dos lares, ainda está longe de ser um verdadeiro paraíso. O paraíso do mundo fenomênico não se compara ao verdadeiro paraíso do mundo da Imagem Verdadeira. Vendo o aspecto fenomênico, não pensemos que isso é tudo. Devemos apreender a Imagem Verdadeira - a Essência divina, harmoniosa e perfeita que existe por trás do aspecto fenomênico - e contemplá-la com profundo sentimento de reverência. Conta-se que o grande sacerdote Rennyo costumava dizer que "mesmo uma simples folha de papel pertence a Buda" e aconselhava usá-la com sentimento de reverência. É importante que tenhamos essa atitude mental.

Nos volumes 2 e 8 desta coleção A Verdade da Vida, nos trechos em que é abordada a teoria econômica da Seicho-No-Ie, consta a afirmação de que "a matéria é provisão ilimitada de Deus; portanto, ela aumenta quanto mais a usamos". Talvez algumas pessoas, interpretando erroneamente essa afirmação, pensem: "Se é assim, posso usar e abusar de tudo. Por exemplo, se cometer um erro ao escrever algo, posso inutilizar a folha e jogá-la no cesto de lixo, mesmo que o papel esteja praticamente em branco. Desse modo, gastarei muitas folhas de papel e isso será bom, pois estarei contribuindo para tornar a economia mais ativa". Isso é um equívoco.

Mesmo em uma simples folha de papel, devemos contemplar e reverenciar a Vida de Deus, a Luz (sabedoria) infinita de Deus e o Amor infinito de Deus que atuam sobre ela. Devemos, pois, usar com sentimento de reverência mesmo uma simples folha de papel. No japão, era comum, até há pouco tempo, a idéia de que valorizar algo é deixá-lo bem guardado, em vez de usá-lo. Assim, muitos pensavam "Este doce é bom demais, tenho pena de comê-lo", "Esta roupa é boa demais, tenho pena de usá-la", etc., e preferiam deixar bem guardados os artigos considerados finos. Tal procedimento não é correto. Todas as coisas são manifestações da Vida de Deus, e é claro que a Vida de Deus não é algo que se gasta quando utilizada. Portanto, se temos algo valioso, devemos usá-lo, permitindo que a Vida de Deus nele manifestada atue plenamente. Assim, esse algo valioso "aumenta quanto mais o utilizamos", isto é, quanto mais o utilizamos, mais evidencia o seu valor. Mas é errado inutilizar as coisas e jogá-las fora, contando com a provisão ilimitada de Deus. Como já disse, em todas as coisas está manifestada a Vida de Deus; portanto, quanto mais usarmos as coisas segundo suas respectivas finalidades, mais nitidamente se manifesta nelas a Vida de Deus. Isso é provisão ilimitada, e é o significado da afirmação: "As coisas aumentam quanto mais as usamos".

A afirmação "a matéria não existe" não significa que a matéria é o mesmo que "nada"; significa que as coisas não são simples matéria, mas sim manifestações da Vida de Deus, da força vivificadora de Deus. Significa que, por trás do aspecto material, existe a Imagem Verdadeira. A interpretação errônea da afirmação "A matéria não existe" acarreta graver erros.

A Vida é vibrante e ativa. E viver é manifestar, aqui e agora, a vibrante e ativa força da Vida. Conforme afirmei anteriormente, uma vez que tenhamos compreendido que somos filhos de Deus, devemos passar a manifestar ativamente, aqui e agora, a Vida de Deus que atua em nós. Também nas coisas do mundo a nosso redor atua a Vida de Deus. Tomemos como exemplo uma folha de papel. Aparentemente é mera matéria, mas nela atua a Vida de Deus. Vivificar essa folha de papel é fazer com que ela manifeste plenamente a Vida de Deus que nela atua. Isso é usá-la corretamente; e quanto mais a usarmos, mais ela aumentará, ou seja, mais se valorizará. Como se pode perceber, mesmo uma simples folha de papel, se a usarmos de modo que atinja plenamente a finalidade para a qual foi criada, manifestará plenamente a Vida de Deus que nela atua; e então se concretizará a provisão ilimitada.

Logo depois que foi fundada a Sociedade para a Difusão do Pensamento Iluminador, hoje Fundação Seikai Seiten Fukyu Kyokai, necessitande de várias pessoas para completar nosso quadro de funcionários, publicamos um anúncio oferecendo diversas vagas. Atendendo ao anúncio, apresentaram-se muitos candidatos. Formamos um cadastro com fotografias e curriculum vitae de todos eles, a fim de selecionar e chamar as pessoas adequadas, à medida que os serviços aumentassem. Atualmente (década de 60, época em que o autor escreveu este livro), temos mais de cem funcionários. Recentemente, uma dos candidatos que ainda não foram chamados procurou-nos e disse: "Desde que me tornei adepto da Seicho-No-Ie, passei a ter plena confiança em mim e acreditar que tudo que eu desejar se concretizará infalivelmente. Assim, candidatei-me para trabalhar na Sociedade para a Difusão do Pensamento Iluminador e, como estava certo de que seria admitido, fiquei esperando a chamada sem exercer nenhum trabalho, chegando a recusar algumas ofertas de emprego. Mas o tempo foi passando, e acabei ficando sem um tostão. Por isso vim pedir-lhes que me empreguem imediatamente". Por que esse pessoa ficou sem trabalhar apesar de ter tido outras ofertas de empregos? Como já afirmei antes, uma vez que tenhamos compreendido que somos filhos de Deus, devemos passar a manifestar ativamente, aqui e agora, a Vida de Deus que atua em nós. Mesmo uma simples folha de papel vivifica a si mesma quando desempenha plenamente sua função. Que dizer, então, do ser humano?

Lamentavelmente, a pessoa acima citada, em ver de viver plenamente o agora, ficou sem trabalhar, pensando: "Com certeza, meu desejo de conseguir esse emprego será concretizado. Quando isso acontecer, me dedicarei ao trabalho. Até lá, ficarei em disponibilidade". No funcionalismo público e no Exército, é possível ficar "em disponibilidade"; mas na "Empresa da Grande Vida Universal" não há tal situação. Já que nascemos como manifestação da Vida, estamos sempre em "serviço ativo". Não há ninguém que possa permenecer inativo. No entanto, algumas pessoas resolvem se colocar "em disponibilidade" por conta própria e, como decorrência disso, começam a empobrecer ou ter problemas de saúde. "Colocar-se em disponibilidade" é deixar que a Vida fique inativa. Deixando a Vida inativa, é natural que ocorram dificuldades econômicas e problemas de saúde. Precisamos ter a consciência de que pertencemos à "Empresa da Grande Vida Universal" e que estamos permanentemente em "serviço ativo". Tendo essa consciência, não podemos deixar de trabalhar ativamente, aqui e agora, qualquer que seja a circunstância. E isso é essencial.

No atual quadro de funcionários da Sociedade para Difusão do Pensamento Iluminador, há pessoas que, muito antes de sua admissão, já vinham trabalhando voluntariamente, ajudandono empacotamento e expedição dos livros e revistas, e divulgando os ensinamentos em diversos círculos. Tais pessoas, embora viessem a ser admitidas como funcionários muito mais tarde, já estavam trabalhando ativamente como funcionários efetivos da "Empresa da Grande Vida Universal" no plano da Imagem Verdadeira. Muito diferente destas são as pessoas que, tendo permanecido inativas e ficado sem recursos, vêm implorar emprego, dizendo: "Mentalizando que haveria de ser admitido infalivelmente, fiquei esperando a chamada sem procurar outro emprego, e acabei ficando sem um tostão. Aguardei pacientemente durante todo este tempo, acreditando que, tendo fé na Seicho-No-Ie, teria a provisão ilimitada. Levem isso em consideração e me contratem o mais rápido possível". Essas pessoas não têm a real compreensão do que seja a provisão ilimitada.

É essencial empenharmo-nos sempre em manifestar plenamente a nossa Vida e em vivificar todas as coisas. Precisamos ser pessoas capazes de trabalhar ativamente na "Empresa da Grande Vida Universal", mesmo quando não estivermos empregados numa empresa humana. Quem não é capaz disso não estará apto a trabalhar verdadeiramente quando for efetivamente admitido numa empresa.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 28"; pgs. 17 à 24)

terça-feira, outubro 02, 2012

Descubra-se livre do "aquário imaginário"

Dárcio Dezolt


Conta-se que peixe criado em aquário, ao ser solto no rio, continua por bom tempo nadando apenas no volume de água correspondente ao que conhecia no aquário, sem se aventurar rumo a novos espaços. Assim é o "estudante da Verdade" que é "solto no INFINITO", pelos princípios e revelações da Verdade, mas que, a exemplo do peixe solto no rio, não avança além das antigas e insubstanciais limitações!

O Homem é Deus! Não há com o que se preocupar! As "contemplações da Verdade" devem dar a cada um o discernimento de que "nada tem a ver com este mundo". Em outras palavras, equivaleriam à extinção do "aquário imaginário", que apenas ilusoriamente impedia o peixe livre de desfrutar de sua real liberdade! VOCÊ É LIVRE! DEUS É SEU EU! Entretanto, enquanto imaginar um "mundo temporal e tridimensional" para chamar de "lar", ficará em sua limitação "autocriada", como o peixe da situação citada!

Ser LIVRE é ter a alegria de SER no AGORA! É discernir-se na UNIDADE ESPIRITUAL PERFEITA, chamada "Deus". Não medite a partir de ilusórias limitações ou de ilusórios problemas! Faça-o a partir de sua UNIDADE COM O AGORA PERFEITO! Permaneça nesta "contemplação" de sua plenitude no AGORA, até  sentir-se livre na LIBERDADE que VOCÊ É!

Não apenas pense que "possui liberdade": reconheça, sem rodeios, que A LIBERDADE É SEU "EU" EM SI! Assim, entenda que a LIBERDADE não é condição que se consiga obter ou que se possa perder! A LIBERDADE É DEUS SE EXPRESSANDO COMO SUA LIBERDADE INDIVIDUAL! Contemplações desse tipo farão "ruir" o inexistente "aquário mental" que parecia tolher sua livre expressão, que é a de  DEUS ser DEUS como VOCÊ!