"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, abril 29, 2016

A Elevação da Consciência


- Joel S. Goldsmith -


Somente um conhecimento das palavras desta mensagem, não terá valor. O real valor está na realização espiritual, acompanhada de cura. "Pelos frutos os conhecereis". Ser capaz de decorar e falar sobre O Caminho Infinito, sem que se consiga realizar um razoável grau de trabalho de cura, atende a um objetivo muito pequeno. Já há muitos livros escritos e impressos, e, conforme as Escrituras, existe muita conversa sobre a verdade. Os que permanecem neste trabalho devem ser quem tenha demonstrado alguma medida de realização, que não tenha receio, quando solicitados a prestar auxílio, e que possa fazer manifestar as curas.

O mundo não precisa de mais ensinamentos: precisa de mais curas. O nosso ministério continuará sendo um ministério de cura, desde que os seus integrantes assimilem o suficiente da verdade que promove a cura. Algum dia, as pessoas poderão ler livros de O Caminho Infinito, fazer pregações ou falar deles, e, ao serem interrogadas sobre a cura, responder: "Ah, aquilo ocorria quando o Joel Goldsmith estava aqui!" Isto é o que quero evitar. Desejo que cada um desenvolva uma visão espiritual que lhe permita prosseguir e fazer o mesmo.

Já há tanta leitura espiritual em sua Bíblia, que nenhuma palavra minha seria necessária. O Evangelho de João é o bastante. Nenhum outro livro é necessário. Se puder assimilar a visão espiritual ali contida, não irá precisar de nenhum livro de metafísica. É o texto mais espiritual do conhecimento humano. A verdade nele revelada é o suficiente para todos os ministérios de cura que possam surgir frente às necessidades humanas. Porém, os artigos modernos, por virem numa linguagem de nossos dias, ajudam a esclarecer aqueles textos antigos. Por esse motivo, nosso estudo e prática são facilitados pela utilização de interpretações mais recentes.

Quando cito somente aqueles que se tornam ativos neste trabalho, aqueles desejosos de serem chamados para curar, estou querendo dizer que nossa intenção é sermos realizadores, e não simplesmente uma geração de pregadores a mais. Ninguém deve empurrar o trabalho de cura para outro colega. Cada um precisa aceitar a responsabilidade pela cura. O trabalho de cura não é reservado a praticistas. A cura é para toda e qualquer pessoa realizar: "Fareis as obras que faço, e as fareis maiores do que estas". Todo aquele que se devotar a este ensinamento, receberá uma resposta espiritual de seu interior. E logo descobrirá que o desenvolvimento do trabalho de cura se dará em escala maior quando ele, ao ser chamado, rapidamente disser: "Sim!", sem que pare a fim de pensar. Por quê? É que isto será um indicativo de sua compreensão de que não é o ser humano, ou o entendimento humano, quem cura, e sim o "Eu", a identidade espiritual, que pode curar e irá fazê-lo.

No instante em que você disser não ter lido ou estudado o bastante para curar, estará assumindo ou alegando que a cura é feita por um ser humano. Naturalmente, como ser humano, você é incapaz de curar, mesmo que, de memória, soubesse recitar todos os livros de cura já escritos. Mas, se a sua ajuda for solicitada, e você rapidamente responder com: "Certamente!", esta atitude já será o seu reconhecimento de que a ilusão é nada, e que você não tem de curá-la.

Qual é todo o segredo do trabalho de cura? Possuir um poder sobre a ilusão? Ou seria saber que a doença não é um poder? Este não é um ensinamento que nos diz sermos capazes de dominar o pecado, a doença e a morte por meio de algum milagre que nos é concedido. É um ensinamento que não reconhece realidade alguma em pecado, doença e morte. Estes são ilusões que nos vêm enganando por termos acreditado serem reais.

Permitimo-nos ficar atemorizados frente à morte causada por micróbios, infecção e contágio, apesar de nossos mais de setenta anos de metafísica, que nos provaram não haver nenhuma verdade ou poder em tais coisas. Nossos praticistas vão a casas em que estes males estão presentes, e raramente, muito raramente, eles são curados.

Nosso ensinamento não possui um método secreto de combate ao "grande poder" chamado "ilusão". Antes, possui uma compreensão de que aquilo é puro nada! O grau dessa nossa compreensão é que irá determinar o grau de nosso temor à doença. Quando alguém solicitar a sua ajuda, não tema em dizer: "Certamente! Irei ajudá-lo!". A única compreensão requerida para tal resposta é a compreensão da irrealidade daquilo que se mostra como pecado, doença, morte, escassez ou limitação.


CONVERTA-SE, E VIVA

Estamos modificando todo o nosso conceito sobre o objetivo de nosso estudo e de nossa vida na verdade. Não estamos empregando nossa compreensão da verdade para mudar o quadro humano à nossa ideia de como achamos que ele deveria ser. Não estamos olhando para alguém para decidir se ele deveria ser mais saudável, mais rico, ou se deveria estar ou não empregado. Quando um problema nos é trazido, nosso método ou forma de trabalhar não é tentar demonstrar algo segundo aquilo que o paciente julga que devêssemos fazer, o que, aliás, aconteceria, às vezes, de somente lhe acarretar sofrimentos e arrependimento.

Nós não julgamos pelas aparências. "Julgamos segundo a reta justiça". Assim, se olhamos o mundo humano e vemos nele preparativos para a guerra, não faz parte de nosso trabalho ficar orando para que guerra alguma aconteça. "Aquilo que o homem semear, isto também colherá". As escrituras orientais dão a isto o nome de lei do carma. Significa que as suas ações de hoje, isto é, sua conduta e seu modo de pensar de hoje, resultarão em certo estado de fatos do amanhã. Em filosofia, isso é chamado de causa e efeito. Nas antigas escrituras hebraicas, era dito do seguinte modo: "Antes tenho visto que os que praticam a iniqüidade, e semeiam dores, estas é que segam".

Pense agora num local repleto de pessoas, que se reunem e se consagram à verdade, ao amor e à paz. E então, se puder, tente imaginar um conflito -- uma guerra -- entre elas. Seria possível ao ódio, à inveja, ao medo, progredir onde as pessoas estivessem reunidas em "Meu nome"? Não, não seria. Existiria muito mais amor, muito mais do Cristo, muito mais paz no coração, Alma e consciência de tais pessoas, o que tornaria o conflito algo impossível e inimaginável.

Invertamos o quadro: suponhamos que a discussão prosseguisse, e uma pessoa quisesse o trabalho da outra, alguém mais desejasse o dinheiro do outro, e uma terceira pretendesse ocupar a posição social de alguém. Se eu fosse uma testemunha daquilo, diga-me: que tipo de prece deveria fazer para livrá-los de tal insensatez? Haveria alguma prece que pudesse ser feita? É isto o que vem ocorrendo nos assuntos do mundo. "Aquilo que o homem semear, isso também colherá".

Mas existe um modo de escaparmos desta lei "como você semear", e este modo é o seguinte: "Convertei-vos a mim de todo o vosso coração". Esta maneira está em reedificar; prevê uma mudança de consciência. Não faz diferença alguma que tipo de pecador você esteve sendo há um mês, ou de quais tipos de pecados de omissão ou de comissão você seja culpado, desde que você tenha abandonado tudo aquilo e esteja, agora, deixando que somente a paz, o amor e a divina Consciência permaneçam ativos. Seu passado foi abandonado, e não há nenhuma conseqüência dele. "Converta-se, e viva" (Ezequiel 33; 11).

Analogamente, se todas as nações dissessem: "Temos feito as coisas erradamente; devemos parar com toda trapaça e passar às ações justas, decentes e honestas"; assim, todos os pecados do passado se dissipariam. As pessoas venceriam todos os pecados de que fossem culpadas. Derrotariam o antigo padrão, e suas vidas seriam vividas em conformidade com as mudanças do coração. Iriam, então, receber o efeito de uma nova causa que estariam pondo em ação, a qual estaria reformulada, enquanto a antiga ficaria verdadeiramente eliminada.

Assim, o nosso trabalho não consiste em permanecermos sentados, em prece, desejando a não vinda da guerra. Em primeiro lugar, preces desse tipo se baseiam na crença de que os acontecimentos do universo humano são reais, o que não é verdade. Tanto faz a aparência ser de guerra ou de paz, ela é uma ilusão. O mesmo ocorre ao vermos um ser humano com o corpo saudável, enquanto um outro se apresenta com o corpo doentio. Em ambos os casos, trata-se de uma ilusão.


O TRATAMENTO É UM AUTOTRATAMENTO

Nosso objetivo é nos tornarmos um com a lei de Deus, não reconhecendo nem mesmo um corpo físico saudável, mas somente um corpo puramente espiritual. Anteriormente, se uma pessoa nos ligasse, dizendo: "Eu estou com dor de cabeça", ou "Eu estou doente", nós nos sentávamos imediatamente para realizar algum trabalho para corrigir aquilo; mas agora, nesta nova consciência que estamos operando, em absoluto agimos daquela forma. Simplesmente permanecemos sentados, sentindo conscientemente a presença de Deus, comungando com o Infinito, e deixando a harmonia espiritual se manifestar.

Como se pode observar, neste novo e moderno método de tratamento, o curador resolve o caso de seu paciente dando a si mesmo o tratamento.

O curador diz: "Espere um pouco! Que tipo de sugestão é esta que me chega, de uma egoidade apartada de Deus, de um ser humano com dor, em pecado ou com doença? Não posso aceitar isso! Não permitirei que minha mente seja manipulada por tal crença! Conheço a verdade de que Deus é a realidade, a substância e a lei de todo o ser". O curador dá a si mesmo esse tratamento, até que se sinta capaz de dizer: "Estou convencido!" Ele não toca nem atinge o pensamento do paciente. Mas, graças à unidade, o paciente sente o tratamento. Ele sente a verdade fluindo por ele, a mesma verdade presente na consciência do curador. Ele sente a Verdade em Si, tocando a sua consciência, e responde a ela.

Quando eu o vejo com meus olhos, não estarei, de fato, vendo você; estarei vendo o meu conceito sobre você, e o conceito universal sobre você; estou vendo um conceito sobre você, ou um senso finito. Tentar consertar o que vejo, seria como tirar uma foto sua e esparramar um pouco de tinta aqui e ali. Aquilo somente poderia melhorar a foto, mas nunca iria tocá-lo nem modificá-lo.

De nada adiantaria ficarmos falando a respeito deste conceito referente a você, pois, ele nada tem a ver com você, que é invisível à mente humana. Você está oculto atrás de seus olhos, e ninguém consegue vê-lo. A única coisa sobre você, e que pode ser vista, é o conceito construído pelo mundo a seu respeito, e este não é você. Você é consciência espiritual e jamais foi visto. Você não pode ser visto nem tocado. Você é pura consciência.

Entretanto, você pode ser discernido em momentos de iluminação espiritual, naquele santuário que é o "templo de Deus", que Eu Sou. Nele, fico face a face com Deus, e posso conhecê-lo como você é. E disto resulta a cura, uma cura através do discernimento espiritual, mas nunca através dos cinco sentidos físicos.

Não há função em declararmos: "Não existe guerra, depressão ou acidente", numa tentativa de afastar estes males, ou ficar na vã esperança de eliminá-los. Nosso esforço está no sentido de atingir uma unidade consciente com Deus, e deixar que esta realização nos conduza através de toda guerra, depressão ou acidente que possam aparecer no mundo da ilusão. No ponto em que nos tornamos "um com Deus", em que ficamos em sintonia com este Poder infinito, torna-se possível, à totalidade dessa presença e poder de Deus, Se estender sobre uma comunidade ou nação, e eliminar algumas das condições errôneas.


"CONCILIA-TE COM TEU ADVERSÁRIO"

Não permita, contudo, que seu pensamento saia numa tentativa de curar o mundo. Isto seria apenas tentar mudar o quadro de um sonho, pois, a guerra, a depressão e os acidentes não são realidades. Não empregue sua mente, seu pensamento ou seus poderes espirituais para tentar corrigir uma ilusão. Torne-se um com Deus; e então, permaneça neste patamar da consciência. Faça isso quantas vezes puder, durante o dia, e quantas vezes puder, durante a noite. Consiga a percepção da presença de Deus. Logo a ilusão se dissipará. Deixe esta compreensão revelar a natureza ilusória daquilo que aparece como guerra, depressão ou acidente. Pare de olhar a ilusão para tentar acabar mentalmente com a sua "existência"! Absorva o significado de "Concilia-te com teu adversário"(Mateus;5; 25)Conciliar-se com seu adversário significa não lutar nem tentar mudar o quadro mortal. Significa assimilar, imediatamente, que ele não é realidade. Isto é a sua conciliação.

Jesus não negou a crucificação e nem afirmou audivelmente: "Eu não temo Pilatos". Ele não reteve a ilusão da crucificação nem tampouco "afirmou a liberdade". Deixou de lado a crucificação e a liberdade, e declarou ser Deus o único poder atuante na consciência do homem, até mesmo na de Pilatos. "Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado" (João 19; 11).

Jesus não pediu a Deus para "protegê-lo" do poder de Pilatos. Concordou que Pilatos tinha poder, mas, que era o poder de Deus dado a ele. Você pode ver a diferença? Temos, aqui, um novo e mais elevado conceito de tratamento e de vida. Jesus não negou que Judas fosse traí-lo. Ele provou, na verdade, que a traição não era um poder ou uma realidade. Ele não negou falta e limitação quando, para alimentar cinco mil pessoas, dispunha somente de alguns pães e peixes. Ergueu sua consciência acima daquele cenário e reconheceu a presença de Deus, a presença da Totalidade, e Ela alimentou a multidão. Jesus olhou para o alto e agradeceu ao Pai, pois, aquilo significava a presença de Deus. Como Deus é ser infinito, ele agradecia a Deus pela infinidade de pães e de peixes.

Nunca use a sua compreensão voltada para mudar, alterar, corrigir, melhorar ou curar o cenário humano. Conscientize a totalidade de Deus e dê testemunho desta Totalidade Se manifestando como plenitude. Como conscientizar esta Totalidade? No momento em que você elevar o seu pensamento a Deus, você o terá elevado à Infinidade. Não existe tal coisa como limitação, uma vez que tenha erguido o seu pensamento à Consciência que é Deus. Tampouco existirá a matéria, o pecado, a doença ou a discórdia. Somente à medida de sua capacidade de olhar e contemplar a face de Deus, é que você verá que é tudo emanado de Deus é bem: vida eterna, Espírito imortal, realidade divina, paz, alegria, poder e domínio.


A MENSAGEM DA VERDADE

Embora as declarações da verdade não sejam de tão grande valia, torna-se importante, porém, que haja um correto conhecimento da letra da verdade. Tudo que é preciso ser sabido, em termos da mensagem da verdade, e que é também necessário, para que você utilize no tratamento, pode se resumir nos parágrafos seguintes:

1. DEUS: Nós sempre iniciamos com Deus. Qual é a natureza e a característica de Deus? Deus é infinita inteligência. Deus é vida, e a vida é imortal e eterna. Deus é Espírito, incorpóreo, e portanto o universo todo é incorpóreo e espiritual, formado da divina substância do ser. Deus é princípio ou lei; portanto, tudo que existe no mundo está sujeito à lei divina e sob o governo da lei divina. Deus é a vida do indivíduo, a mente e a Alma do indivíduo, o princípio ou lei do indivíduo, e Deus é a substância do indivíduo. Deus é inclusive a substância do corpo do indivíduo, uma vez que "o corpo é o templo do Deus Vivo" (I Cor. 3;16).

2. A NATUREZA DO SER INDIVIDUAL: Tudo que Deus é, o ser individual é, seja eu, você, ou qualquer outro indivíduo. Tudo que Deus possui, eu possuo. "Filho, todas as minhas coisas são tuas" (Lucas 15; 31). Você não é um pedacinho de Deus: toda a inteligência de Deus é a sua inteligência individual; toda a vida eterna e imortal de Deus é seu ser e vida eterna e imortal. Todo o Espírito e substância de Deus é a substância espiritual de seu corpo, seu negócio e seu lar. Tudo que Deus é, você é. Tudo que Deus tem, você tem. Como "eu e o Pai somos um", e não dois, este "um" inclui Deus e eu -- Deus e você. Tudo se acha incluso neste "um". E, nessa "unidade", tudo que Deus é -- tudo que Deus tem -- está manifestado neste "um", que eu sou e que você é.

3. A NATUREZA DA ILUSÃO: A ilusão não passa de uma sugestão universal vinda ao seu pensamento. É a crença do mundo numa egoidade apartada de Deus. É uma sugestão mesmérica, uma sugestão tão freqüentemente repetida, que age hipnoticamente em sua consciência, fazendo com que creia existir alguém ou alguma condição apartada de Deus. Isso é tudo sobre a ilusão, mesmo que apareça na forma de pecado, doença, morte, ou de pessoa. Tudo que constitui a ilusão é uma crença mesmérica, poderosa, universal, impelindo a si mesma -- impondo a si mesma -- sobre a sua consciência. Se ela conseguir que sua consciência diga: "Estou passando mal", ela ganha o dia e você se mostrará doente. Se, em vez disso, você instantaneamente reconhecer: "Nenhuma destas sugestões pode atingir-me. Não aceito nenhuma delas em minha consciência como poder; portanto, eu não tenho de expulsá-las", você terá dado um "tratamento".

Se você incluir estes três fatores em seu tratamento -- a) a natureza de Deus, b) a natureza do ser individual como Deus manifestado , e c) a natureza da ilusão como sugestão -- isto será tudo a fazer com qualquer discórdia que lhe possa aparecer. Estes três pontos constituem o todo da mensagem da verdade, embora ela possa ser estabelecida de várias maneiras diferentes. Mas, é tudo que você tem a incluir em seu tratamento.

Se apenas a mensagem correta da verdade fosse todo o necessário para curar o mundo, poderíamos dispensar todos os livros e escritos de natureza metafísica, pois, nos poucos parágrafos anteriores, estabelecemos breve e completamente toda a verdade do ser, não sendo necessário mais nada a esse respeito. Porém, uma coisa mais é necessária! E esta coisa a mais é a sua convicção da verdade -- não a sua declaração, mas a sua convicção dela, sua resposta interior a ela, sua consciência real dela.


VIVER A VERDADE

Como você poderá ter a consciência de que Deus é amor, estando em dissenção ou com ódio de alguém? Você não poderá ter desarmonias familiares e, ao mesmo tempo, ter uma consciência de cura, pois isso seria demonstrar na própria vida que você não acredita que Deus é amor ou que você é o amor expresso. Do mesmo modo, você não poderá crer que Deus é o suprimento infinito, enquanto permanecer desonesto em seus negócios. Se sua vida não estiver em harmonia com as declarações que você faz, não espere delas qualquer resultado espiritual. Você não poderá dizer: "Deus é verdade, e toda a verdade que Deus é, eu sou", e viver uma vida de desonestidade. O seu pensamento de que Deus é a verdade não fará com que se torne assim. Somente quando você estiver convencido de que Deus é seu suprimento, é que Deus realmente se tornará a atividade onipotente de sua renda e de sua segurança. Não mais agiremos na maldade nem na desonestidade a partir do momento em que assimilarmos a idéia de que Deus é amor e que "tudo que Deus é, eu sou".

Precisamos obter a consciência destas declarações. Lembre-se do que lhe tenho dito: "Não empregue em demasia a palavra Deus, até que saiba realmente do que está falando". Às vezes, a maneira com que as palavras Deus e Cristo são empregadas, é profana. Uma delas seria quando ouvimos certas pessoas blasfemarem, pois, de uma consciência como a delas, poderíamos talvez esperar um pouco mais. Muitos que saem falando sobre Deus, ou Cristo, nunca O viram ou sentiram, e não sabem do que estão falando. Certamente, eles não O vivem. É um pecado apresentar a sua consciência como a veste do Cristo, e não vivê-la. De fato, tal pecado destrói o seu poder de cura.

Certifiquemo-nos de que não estamos usando a Verdade, mas que estamos vivendo a Verdade. Jesus não tinha que dar um tratamento. As pessoas vinham à sua consciência, tocavam sua Veste, e eram curadas. Por quê? Não havia hostilidade no estado de consciência que Jesus possuía, embora houvesse, algumas vezes, indignação com relação às pessoas que se diziam espirituais, mas que viviam uma mentira.

Sua consciência será uma consciência curadora quando houver concordância entre o fato de que Deus é amor, que o amor é seu próprio ser, e que Deus é a verdade, e a verdade da natureza de vida que você está vivendo.

Convença-se de sua identidade como vida eterna, e a doença e morte desaparecerão em seu próprio nada. Evite os esforços para modificar o quadro exterior. Faça melhor, dirigindo seus esforços no sentido de realizar a verdade, o amor e a vida como sendo a natureza própria do seu ser.


terça-feira, abril 26, 2016

A natureza do poder espiritual


 - Joel S. Goldsmith - 


Para conhecer a natureza do poder espiritual, devemos praticá-lo. Se falarmos de água, não extinguiremos a sede; devemos bebê-la. Se falarmos de alimentos, nunca satisfaremos nosso estômago; devemos comê-los. Assim ocorre com o poder espiritual. Pode ser descrito para nós, mas isso não o fará agir em nossa experiência. Para apreender sua natureza e processo, devemos incorporá-lo praticá-lo e trazê-lo para nossa experiência.

No estado materialista da consciência, conhecemos e compreendemos a matéria e os valores materiais, as forças e os poderes materiais; mas Jesus Cristo, que trouxe para o mundo a mensagem cristã, provou que há uma outra dimensão. Quando ele disse: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá", ele estava falando da paz que vem de uma outra dimensão. Em sua afirmação: "O meu reino não é deste mundo", é claro que o reino de Cristo não consiste de mais carros de batalha, mais cavalos, mais aviões, mais armamentos, mais ouro e mais prata. "Meu reino não é deste mundo" e, ainda, "Meu reino" domina "este mundo", sem couraçados, sem bombas e sem as armas de guerra do poder temporal.

O mundo religioso esteve tentando durante séculos obter o poder do Espírito para fazer alguma coisa pelo poder da matéria. Mas não trouxe paz à terra; não eliminou os armamentos do mundo e os transformou em "foices". Nós cometemos um erro: o poder espiritual não é para ser usado para vencer o poder material. O poder de Deus não é para ser usado para vencer os pecados e doenças do mundo.

A natureza do poder espiritual é onipotência e o único meio de que dispomos para atrair o poder espiritual para nossa vida é observar qualquer fase do poder material - discórdia, desarmonia, necessidade ou doença - e conceber: "Não tens poder! Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado".

O Mestre não invocou o poder do Espírito para acalmar uma tempestade, ele simplesmente disse: "Cala-te, aquieta-te". Deus não está no furacão; Deus não está na matéria; Deus não está na força ou nos poderes materiais; Deus não está na temporalidade. Deus é Espírito e, além d'Ele, não há poderes.

Provamos isso em muitas fases de nossa vida. Dezenas de milhares têm sido curados neste século, não pelo uso do poder de Deus de eliminar uma doença, não recorrendo ao Espírito para poder vencer as condições materiais, mas compreendendo silenciosamente que além de Deus não há poder. Temos testemunhado isso em nossas relações comerciais - nunca pela disputa, nunca pela pressão de uma campanha, mas sempre do mesmo modo, isto é, silenciosamente, pacificamente compreendendo: "Não há nada que exista além de Deus".

Nós tentamos chegar a Deus para conseguir que Deus faça algo para alguma coisa que não tenha poder. Tentamos fazer uso da Verdade. Isso não pode ocorrer. Não fazemos uso da Verdade; não fazemos uso de Deus. Isso seria fazer de Deus um servo. Deus não é nosso servo. Deus não é para ser usado. Deus é para ser compreendido. A Verdade não é para ser usada. A Verdade é para ser compreendida.


A INSENSATEZ DA LUTA PELO PODER TEMPORAL

O Mestre eliminou a doença, a morte e o pecado. É vontade de Deus que sejamos integrais, completos, eternos, imortais, inocentes e puros. Não somos porque, em vez de compreender que a verdadeira natureza de Deus é onipresença e onipotência e permanecermos silenciosa e pacificamente nessa verdade, nós vivemos à procura de Deus para que faça algo, como se Deus pudesse fazer algo hoje ou amanhã, que já não tenha feito ontem. Se Deus pudesse ter superado nossos problemas particulares, ele o teria feito, porque é vontade de Deus que vivamos.

"Porque eu não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová: convertei-vos, pois, e vivei". (Ezequiel 18:32)

"Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou". (João 6:38)

Deus foi o mesmo ontem é hoje e será para sempre, de eternidade a eternidade. Não podemos induzir Deus a fazer algo amanhã. Dois vezes dois sempre foi quatro: mesmo Deus não pode mudar isso amanhã. Isso tem sido de eternidade em eternidade e assim será para sempre.

Nunca houve tempo em que Cristo não foi entronizado em nossa consciência: "Antes que Abraão existisse, Eu sou". "Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos". Nós buscamos um poder, um poder divino, um poder de Cristo e ei-lo aqui. O segredo do poder espiritual é simples. Ao ensinar: "Não resistais ao mal", Jesus não quis dizer para sermos devorados por ele. Ele estava reconhecendo a verdade de que o mal não é o poder que parece ser. Quando ele disse: "Mete no seu lugar a tua espada... porque todos os que lançarem mão da espada, pela espada morrerão", ele não quis dizer "Mete no seu lugar a tua espada até 1980 e então saque-a". Ele falou da espada no sentido de poder temporal. Não faz diferença se é uma espada ou uma bomba, se é uma grande quantidade de ouro ou muito pouco. Ele está falando sobre abandonar o poder temporal, sem resistir ao mal, parando de combater o gênio do mal e aprendendo que o mal não é poder. Por que combater o o espírito carnal ou mortal? Eles não constituem poderes. Deus é Espírito e Deus é onipresença; portanto, o Espírito é onipotência, todo poderoso.

Podemos provar isso. Podemos levar um dia, uma semana ou um mês, porque estamos acostumados a procurar forças com as quais fazer algo. Antes deste século existiu poder material. Embora ainda procuremos poder material, neste século estamos procurando também poderes mentais e espirituais. Há poder espiritual, mas ele não age porque: "Da mesma forma como as aves naturalmente voam, assim o Senhor dos Exércitos amparará a Jerusalém: ele a amparará e a aliviará, e, passando, a salvará". (Isaías 31:5)

Este poder espiritual cria, permanece e conforta, mas se pudermos ser motivados a aceitar a crença em dois poderes, começa a dificuldade. Começou assim para Adão. Ele realmente conhecia a verdade de que só há um único poder e era muito feliz com esse conhecimento; mas, então, comeu o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, dois poderes. Do momento em que assim procedeu, ele tinha que procurar um Deus para fazer algo quanto à força do mal. Nós estamos procedendo assim desde então, vivendo uma vida adâmica, sempre buscando uma força para fazer algo quanto aos males que nos importunam, mesmo que esse males não sejam poder, exceto em nossa aceitação deles como poder.

Nós tememos os mortais e tudo o que eles nos poderiam fazer. Depositamos nossa fé em tudo, desde o machadinho de guerra até a bomba atômica. Quando a bomba atômica foi inventada e usada, parecia que tínhamos descoberto a derradeira força e nunca mais haveria dificuldades na terra. Mas quanto mais poder nos empenhamos para obter, mais poder é necessário para dominá-lo; e então mais poder será necessário para dominar aquele. É semelhAnte às drogas. Uma pessoa começa a fazer uso de uma pequena quantidade, mas essa quantidade é continuadamente aumentada porque, quanto mais se usa, tanto mais se necessita da próxima vez.


A PROVA DE QUE O PODER ESPIRITUAL É O PODER ABSOLUTO

Pelo fato de temermos, há séculos, diferentes tipos de forças, até mesmo o poder da prata e do ouro, pode levar uma, duas, três ou quatro semanas para corrigir a nós mesmos até podermos estar alertas a todo e qualquer tipo de erro que tememos - o pecado, a doença ou as bombas - e compreender: "Pai, perdoai-me, pois eu não sabia o que estava fazendo". Com o completo ministério de Jesus Cristo, com dois mil anos neste mundo, como pode ser que não acreditamos que temos o Senhor Deus Todo-Poderoso?

Por mais que procuramos usar o poder espiritual em algo ou alguém, nunca poderemos provar sua verdade. O segredo dele está na compreensão de que ele é o poder máximo e não há outros. Vamos iniciar com coisas simples, alguma coisa que não nos amedronte, que nos conduza gradualmente às questões mais sérias da vida e possa provar, nos abstendo do uso da força - mesmo da tentativa de usar o poder divino -, que não há poderes aqui fora.

Esta é a revelação da natureza do poder espiritual, como me foi dada, baseado em trinta anos de demonstração e prova de que o mal não é um poder. É um poder apenas enquanto um indivíduo aceita dois poderes. Quando um indivíduo aceita a mensagem de Cristo: "Não resistais ao mal", a nulidade do erro fica provada, não obstante a forma que toma. Permanece conosco como indivíduos.

Nós não podemos passar nossa vida inteira vivendo da manifestação de quem quer que seja. Mais cedo ou mais tarde, nossa falta de compreensão, se continuar, nos apanhará. Devemos continuamente trazer à memória: "de agora em diante, estou aceitando a Deus dentro de mim, para que 'se subir ao céu' ou 'se fizer no inferno a minha cama', este Deus estará comigo. Se eu passar pelo 'vale da sombra da morte', este Deus irá comigo porque Ele está dentro de mim. Todo reino de Deus está dentro de mim". Devemos fazer isso conscientemente.

O próximo passo é admitir conscientemente que Deus é todo-poderoso - o todo-poderoso, o todo-poder, o Espírito. Não podemos ver o Espírito, ouví-Lo, tocá-Lo ou sentir seu odor. Temos que compreender que Ele existe, mesmo que não tenhamos prova material d'Ele. Temos que ter suficiente discernimento espiritual para sentir dentro de nós mesmos que isso é verdade e, então, temos que aprender a estar alerta às coisas que tememos e começarmos a compreender conscientemente: "Que absurdo. O Todo-Poderoso está dentro de mim. O Espírito é o todo-poderoso e eu tenho medo do 'homem cujo fôlego está em suas narinas'. Eu tenho medo do álcool, eu tenho medo das enfermidades, eu tenho medo do falso apetite, eu tenho medo do ateísmo, eu tenho medo do comunismo e eu tenho medo do capitalismo".

Que diferença faz o que nós tememos? Qualquer coisa que seja, quando tememos, nós estamos reconhecendo uma outra força que não a divina. Estamos considerando duas forças e, quando temos duas, somos expulsos do Jardim do Éden e temos que ganhar a nossa vida com o suor de nosso rosto, criar filhos no sofrimento e aprender como ser agressivos, porque, com duas forças, nós estamos sempre procurando uma para socorrer a outra. Mas, quando reconhecemos Deus como Espírito e Espírito como o infinito todo-poderoso, já não procuramos uma força. Então permanecemos na Graça.


O ABRE-TE SÉSAMO

“Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades: os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta, tenda que não será derrubada, cujas estacas nunca serão arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará... E morador algum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniquidade”. (Isaías 33:20-24)

Os males são perdoados para aqueles que habitarem na consciência de um Espírito todo-poderoso, perdoados no sentido de serem apagados e esquecidos. Em outras palavras, o restabelecimento, de fato, significa ser perdoado. Ser curado de nossos males é realmente ser perdoado do pecado de dualidade, perdoado do pecado de crer que há duas forças e que Deus não é força todo-poderosa. Estamos sendo realmente perdoados da aceitação da crença de que há uma outra força que não a divina. O modo de sentir esse restabelecimento é deixar de combater às circunstâncias, parar de temer o “homem cujo fôlego está no seu nariz”, parar de temer o orgulhoso, o fanfarrão, parar de temer o ruído das armas. Eles se destinam apenas a amedrontar-nos, mas não podemos nos preocupar, se tivermos um Deus todo-poderoso.

Como é possível a um povo, amante de Deus, constantemente temer o ateísmo ou qualquer obra dele? O ateísmo não é uma força. Não adianta simular que há um Deus em quem acreditamos, se acreditamos também que o ateísmo é uma força.

Ninguém nunca tem chance de derrotar a Deus ou ao religioso. Nós moraremos em habitação quietas e pacíficas, quando aprendemos, como disse Ralph Waldo Emerson, que os dados de Deus estão sempre chumbados. Ninguém tem chance contra Deus, contra o Espírito, contra o amor, a liberdade e a justiça. Ninguém tem chance contra o disposto espiritualmente. Mesmo a doença não pode deitar raízes no espiritualmente disposto. Ela pode aproximar-se dele e ameaçá-lo, mas tudo o que precisa fazer é estar atento e compreender que: “Nós temos o Senhor Deus Todo-poderoso”, virar-se e ir dormir, deixar que haja luz, deixar que haja liberdade, deixar que seja revelado na Terra que Deus existe. Então, mesmo o irreligioso observará as palavras de Deus e verá que Deus, e só Deus, é poderoso.

Entre nós, Deus já sabe o que deve ser feito e é Seu grande prazer dar-nos o reino, dar-nos a liberdade, dar-nos a alegria, dar-nos abundância. Dar, dar! A palavra é sempre “dar”, mas temos que ficar bastante quietos e confiantes para receber.

Uma vez que tenhamos tal vislumbre de Deus, teremos captado o significado do poder espiritual. Deixemo-lo ser nossa contra-senha, nosso “abre-te sésamo”. Deixemo-lo ser o que abre todas as portas para nós – poder espiritual. Não tentemos obtê-lo; não tentemos fazer uso dele. Não tentemos empregá-lo: apenas compreendemos e relaxamos a tensão nele. Não estamos resistindo ao mal; todavia, o mal desaparecerá. Ele se dissolverá. De um modo normal, natural, a harmonia começará a existir.


A CONQUISTA DO MUNDO

O tipo de hostilidade que poderia envolver o mundo hoje, nunca poderia resultar em vitória para ninguém. Portanto, ninguém em seu juízo perfeito vai dar início a quaisquer conflitos que nos ameacem. A proteção necessária não são mais ou melhores bombas. Eu não sou um pacifista e não estou tentando impedir ninguém de fabricar bombas. Mas o mundo só será salvo pelo poder espiritual, e ele vem apenas através da consciência dos indivíduos. Sempre houve poder espiritual, mas até que chegasse através de um Moisés, de um Elias, de um Jesus, de um Paulo ou de alguém mais que alcançasse essa compreensão, não ficaria em evidência. O poder espiritual governará esta terra através de nossa consciência individual (ela deverá ser o canal), na medida em que não temermos o erro nem empregarmos o poder espiritual contra ele, mas somente manifestando “o poder espiritual” dentro de nós mesmos.

Algum dia teremos um corpo de pessoas deste mundo tocado pelo Espírito. Eles se encontrarão e haverá paz. A paz virá pela atividade do Espírito que está agora a circular pelo mundo, tocando pessoas de todos os países. Os que foram tocados pelo Espírito estão auxiliando e podem auxiliar mais a despertar a humanidade para esse toque do Espírito por suas orações, pelo desempenho das ações de Graça – absolvição, oração para o inimigo – mas, acima de tudo, pela compreensão do Messias. O Messias ensinou: “O meu reino não é deste mundo”. “Mete no teu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão”.

A maior parte das pessoas pensa em Deus como um Rei absoluto. Elas até cantam hinos em louvor do Rei absoluto, o Rei que sai à frente delas para matar os inimigos, o Rei que conquista as terras para elas. O resultado é que, quando os conquistadores saem com suas armadas, há sempre um sacerdote ou um padre para abençoá-lo, como se Deus sancionasse ou pudesse abençoar o conquistador de outros povos. Exércitos e armadas saem para matar, e sempre se pode encontrar alguém para fazer uma oração para eles.

Tudo isso baseia-se nos errôneos ensinamentos dos antigos hebreus de que Deus é um Rei todo-poderoso e que Sua atividade é providenciar para que nossos inimigos sejam mortos e para que sejamos vitoriosos. Devemos ser sempre vitoriosos, o que seria verdadeiro se apenas pudéssemos ser vitoriosos como o Mestre ensinou: “Eu venci o Mundo”. Ele não venceu o mundo de César, nem o mundo exterior. O que ele realmente quis dizer foi: “Eu venci o mundo dentro de mim; eu venci a avidez, a luxúria, a ambição louca; eu venci a sensualidade, os falsos desejos, os falsos apetites. Eu venci ‘este mundo’ dentro de mim”.

Mesmo quando vencemos espiritualmente o mundo, um ditador desumano pode estar ocupando o trono do poder ou a bomba pode ainda estar lá fora. Contudo, será verdade que vencemos o mundo, porque não temeremos a bomba ou o ditador; não teremos medo do pecado, da enfermidade, da tentação, da necessidade ou da limitação. Vencemos o mundo porque fomos tocados pelo Messias, e o filho de Deus foi despertado em nós. Depois de termo sido assim tocados, podemos dizer: “Eu vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Quando o Cristo que habita em nós tiver ressuscitado, não haverá necessidade de se preocupar com nossa vida, porque este filho de Deus, em nós ressuscitado, irá, antes de nós, realizar cada atividade de nossa experiência.

Deus é Espírito e deve ser cultuado em espírito e na verdade. Deus é Espírito e governa pelo amor, não pela destruição das coisas, mas pela revelação mística da inexistência de qualquer outra coisa que não a presença de Deus. Quando orarmos, não peçamos que Deus faça algo, mas que o filho de Deus seja despertado em nós e governe nossa experiência. Não peçamos ao Messias para derrotar nossos inimigos ou nossos competidores. Oremos para que o Messias ressuscite em nós como um espírito de amor, e assim será para nós. Quanto mais nos estendermos à compreensão de Deus e de Cristo como Espírito, maior será a manifestação de Cristo em nossa própria experiência.

O perigo consiste no retorno às crenças antigas de que Deus ou Cristo é alguma forma de poder e que uma vez que nos agarremos a Ele, poderemos até fazer desaparecer Houdini (Nota: famoso mágico americano de teatro, 1874-1926). Podem estar certos de que não conseguiremos. Não dominaremos quaisquer inimigos. Não dominaremos quaisquer competidores. Apenas vivemos,nos movemos e existimos em uma paz alegre, em abundância e benevolência. Viveremos pela Graça, em vez de viver pelo poder ou pela força. Todas as coisas são realizadas pelo Espírito, não pelo poder ou pela força. É um Espírito nobre. Deus não está no furacão, no pecado, na doença, nos falsos apetites. Deus não está na pobreza. Deus está na “voz mansa e delicada” (I Reis 19:12). Conduzir-nos a uma vida sob a proteção de Deus, quer dizer levar-nos a uma vida por meio da qual possamos ser tão silenciosos intimamente, que, quando a voz mansa e delicada falar, será como se estivesse trovejando.


FUNÇÃO DE CRISTO

Cristo não é algo fora de nós que tem que ser procurado. Cristo é algo que já está dentro de nós, esperando atrair a nossa atenção.

O que é o Cristo? O que é o Espírito de Deus no homem? Qual o propósito de Deus em minha vida? Qual é a natureza da Presença que segue à minha frente para guiar o meu caminho? Qual é a natureza do poder que apareceu para Moisés como “uma nuvem”, “uma coluna de fogo”, e o “maná” caindo do céu? Qual é a natureza do Pai dentro de mim, que curou as doenças para o Mestre? Qual é a natureza deste Cristo que está dentro de mim e que me habilita a perdoar os pecadores? Qual é a natureza deste Cristo que é o pão, a carne, o vinho e a água para mim, a mulher na fonte e alguém que deseje vir até mim?

Nesse plano de meditação, a resposta virá de dentro de nosso ser, mas devemos abrir caminho.

Este Cristo, este Messias, está dentro de nós. O Messias não é um homem que vai chegar ou um homem que vai chegar uma segunda vez. Este Cristo, este Messias, é o Espírito de Deus que foi plantado em nós no princípio – não no princípio do intervalo da nossa vida aqui na terra, mas no princípio, quando éramos unos com Deus, no princípio, quando éramos formados à Sua imagem e semelhança. Seu propósito é viver a nossa vida, elevar-nos, redimir-nos, preparar o caminho para nós, preparar mansões para nós. Foi-nos dado no princípio. Ele agora está trancado de baixo de chave e devemos abrir caminho para que Ele possa fluir para nossa experiência.

Quando o Espírito de Deus estiver em nós, despertaremos para a consciência mística. Estamos determinados a nos tornar cientes de que o filho de Deus está entre nós:

“Dentro de mim habita Algo, uma Presença, uma Glória. Não está aqui para glorificar-me. Sua atividade é glorificar a Deus, provar o que é a vida quando é dirigida, mantida e sustentada por Deus”.

Então nos tornamos testemunhas da graça de Deus, da presença de Cristo dentro de nós.

Só tenhamos o cuidado de não fazer de Cristo algum tipo de poder temporal para nos ajudar a adquirir coisas temporais. Vamos nos satisfazer com o fato de que Cristo é o Espírito em nós e que podemos fazer tudo através d’Ele, com amor, sabedoria, com bom senso, equidade, misericórdia, igualdade e paz. A compreensão disto, e só disto, realiza “a paz que excede todo o entendimento”. Não há meios de se obter paz neste mundo. Podemos conseguir fama e riqueza e ter mais dificuldade do que esperamos. Mas o Messias mostra a diferença: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não como o mundo a dá”.

Em termos humanos, não sabemos, e ninguém pode dizer, qual é a natureza da paz. Minha paz é um estado de paz que nos invade, não por alguma coisa boa ter acontecido no mundo exterior, mas porque algo maravilhoso realizou-se dentro de nós. É como se fosse uma garantia: “Eu estou com você. Eu nunca o abandonarei. Eu estarei com você até o fim do mundo”. Nós quase poderíamos cantar esse refrão, pela vida afora, uma vez que nos tornamos cientes de que Cristo habita em nós. Agora, não há necessidade de se preocupar, nem de temer. Há uma Presença invisível guiando o nosso caminho.

A paz na terra não será alcançada só pelos esforços humanos. A paz na terra é uma dádiva de Deus que deve ser recebida pelas pessoas dentro do templo de seu próprio ser.

Não podemos saber por nossa própria índole pacífica, por nossa própria inabilidade de batalhar um com o outro, até que ponto Cristo penetrou na nossa Alma, até que ponto recebemos a dádiva de Deus, seu filho. Cristo ressuscitado entre nós é uma dádiva de Deus. Se ainda não O recebemos em grau suficiente, ainda é possível. O caminho está dentro de nós. O caminho é a introspecção, a meditação, a comunicação interior, o reconhecimento de que o filho de Deus habita entre nós e está sempre pronto a nos dirigir a palavra. De fato, Ele está se dirigindo a nós mesmo quando não O ouvimos. Ele tem estado clamando a nós através dos tempos.

Vivemos pela palavra de Deus, não pelo pão nem pelo dinheiro. É pela palavra de Deus, que se transforma em carne, que somos alimentados, vestidos e abrigados. É pela palavra de Deus que uma Graça divina nos leva a viver em paz. É esta dádiva de Deus dentro do templo de nosso próprio ser que estabelece nossa paz com nosso semelhante: amigos ou inimigos, próximos ou distantes. É a graça de Deus em nosso coração, o Cristo que entra em nossa Alma, que é a paz entre nós. Nada mais pode dá-lo a nós; nada mais pode mantê-lo. Nunca poderemos encontrar amparo ou nossa imortalidade por qualquer outro meio que não seja essa comunhão interior, por meio do qual ouvimos a voz mansa e delicada proferindo a palavra de Deus.

“Como pássaros voando”, deixaremos o Espírito realizar sua obra. Deixemo-Lo realizar Sua obra. Deixemos Deus. Deixemos que haja luz e observemos que há luz. Deixemos que haja firmamento e notemos que há um firmamento. Deixemos Deus agir e resistamos à tentação de procurar uma força para empregar, procurar a verdade ou qualquer coisa para empregar. Em vez de nos acomodarmos com a certeza de que Deus é Espírito e de que este Espírito tenha prometido que Ele nunca nos deixará ou nos abandonará. Ele sempre esteve conosco, mas nós O negligenciamos. Não só O negligenciamos, mas não sabíamos que Sua natureza era Onipotência; assim, tentamos fazer uso d’Ele contra alguma coisa. Não há nada contra o que empregá-Lo. Tudo quanto parece mal para nós é uma aparência e não temos o direito de julgar pelas aparências. Devemos deixar de combater o erro, deixar de tentar dominá-lo, deixar de querer buscar Deus para dominá-Lo e admitir que “Deus está comigo e é todo-poderoso”. Então veremos a natureza do poder espiritual, à medida que o silêncio revelar o Verbo feito carne.


 

sexta-feira, abril 22, 2016

O Reino Espiritual

- Joel S. Goldsmith -


Em algum lugar na consciência existe um lugar inexplorado, um lugar ainda não revelado pela religião, filosofia ou ciência. Eu sei que esse lugar existe, porque ele se coloca continuamente às vistas do meu conhecimento. Eu sei que, quando ele se revelar, ele mudará a natureza da humanidade: não haverá mais guerras, e o cordeiro se deitará com o leão. Eu sei o seu nome, porque foi revelado como Meu reino e Minha graça. Cristo Jesus falou desse Reino, mas nem a palavra falada e nem os manuscritos até agora descobertos revelaram seu completo significado.

Nos meus momentos de maior elevação, eu tenho vivido e experienciado esse Reino, e por vezes sua atmosfera permanece impregnada em mim por dias, mas depois, de novo ele me escapa. Às vezes nas curas eu tenho testemunhado sua ação, mas captei apenas alguns de seus lampejos. Ele me mostrou a mente humana da humanidade e suas operações, e como os homens usam a mente tanto com maus propósitos quanto com bons.

Esse reino espiritual, esse mundo interior, é tão real quanto o mundo que nós vemos, ouvimos, tocamos ou cheiramos - talvez até mais real. Aquilo de que nós nos apercebemos através dos sentidos, eventualmente muda e desaparece, mas esse mundo interior, essas glórias espirituais que nos são reveladas, essas luzes espirituais com quem aprendemos a permanecer no tabernáculo - essas nunca desaparecem.

Esse é o mundo que o Mestre Cristo Jesus revelou, um Reino que existe bem aqui onde estamos, mas somente se recebermos o Espírito de Deus dentro de nós. Ele já está estabelecido aqui na terra, apenas esperando nosso reconhecimento e realização.

Encontrar esse Reino não nos tirará de maneira alguma deste mundo. Encontrar esse Reino nos deixará nele, mas não dele. Desfrutaremos de todas as coisas necessárias para enriquecer a vida, não nos tornaremos ascéticos, mas não mais desejaremos coisas ou ansiaremos por elas, e muito embora as riquezas da vida possam ser parte de nossa experiência, intimamente estaremos tão livres delas que todo o nosso ser interior será vivido em Deus e de Deus.

O mundo místico é um mundo real. É um mundo de pessoas e um mundo de coisas formadas da consciência iluminada ou esclarecida. Mas, como nos tornamos iluminados ou esclarecidos? Como encontrar esse mundo místico? O que é misticismo? Misticismo é "a experiência da união mística ou comunhão direta com a realidade última de que nos falam os místicos". É "a teoria do conhecimento místico; a doutrina ou crença que o conhecimento direto de Deus, da verdade espiritual, da realidade última, e de assuntos correlatos, é alcançada através da intuição imediata, insight, ou iluminação, e de uma forma que difere da nossa percepção ordinária dos sentidos".

A mensagem mística de todos os tempos é a mesma. A linguagem e o modo de abordagem podem ser diferentes, mas a mensagem e o objetivo - alcançar a união consciente com Deus - nunca muda. Ninguém pode se tornar um buscador de Deus em sua humanidade, mas, quando Deus toca uma pessoa em algum grau de despertar, ela é levada até alguma forma de ensinamento espiritual. Ela pode permanecer neste caminho até o final de sua busca, ou pode ir de ensinamento em ensinamento até finalmente encontrar aquele que vai de encontro à sua necessidade insatisfeita e lhe trazer a realização de Deus. Embora revelada em diferentes linguagens, diferentes termos e diferentes formas, o desdobramento interior leva sem erro ao único objetivo.

Nada se equipara à fascinação e aventura da vida mística. É uma vida de descobertas, descobertas que estão sempre em nossa frente, nunca atrás. Podemos ter tido uma experiência ontem, que nos elevou até o topo da montanha, mas nós não podemos viver na "pérola" de ontem, ou no maná de ontem, porque a experiência de ontem, independentemente do quanto foi extraordinária ou o quanto tenha excitado a nossa alma, é apenas uma preparação para uma ainda maior que está á nossa frente. Existe sempre o desafio das coisas intangíveis esperando nossa descoberta aqui e agora.

O reino de Deus não tem limites ou bordas, e toda a verdade que já foi dada ao mundo nos últimos milhares de anos mal encheria um dedal, se comparada ao que ainda há para ser descoberto. Ninguém até hoje já experimentou um milionésimo do que já foi revelado.

Pode alguém em algum tempo revelar a última palavra da verdade espiritual? Pode alguém em algum tempo penetrar nas profundezas de Deus? Pode alguém em algum tempo descobrir a totalidade de Deus? É verdade que os místicos de todas as eras nos deram lampejos da verdade, e suas palavras são carregadas de convicção porque por trás das palavras está a experiência em si mesma. Mas, quanto do que nós já lemos sobre as revelações espirituais nós efetivamente experimentamos? Quanto disso ainda permanece entre as capas de um livro? Quanto disso nós efetivamente testemunhamos? Quanta verdade nos chegou como um desdobramento interior com a força e o poder renovadores da revelação? Todo aspirante no caminho espiritual deveria estar constantemente alerta para alguma revelação da verdade. Se ele se satisfaz, entretanto, em meramente lidar com as palavras sem procurar extrair os significados mais ricos e profundos, dos quais as palavras são apenas símbolos, ele não está sendo alimentado pelo seu interior, mas pelas páginas de um livro. Tinta preta não tem bom sabor, tampouco há qualquer sustentação a ser encontrada numa página impressa, e aquelas pessoas que estão vivendo na palavra impressa estarão tão famintas quanto aquelas que sofrem de má nutrição. A substância sustentadora a ser encontrada nas palavras, impressas ou faladas, reside na verdade que pode ser introjetada pela consciência.

As verdades que são reveladas na literatura espiritual são sementes plantadas na consciência, e se essas sementes são plantadas numa consciência ativa e fértil, elas brotam e frutificam; mas se são levadas para a consciência adormecida - a inconsciência ou consciência morta, a consciência que está vivendo da forma, do ritual ou dos pensamentos de ontem - essas não podem se abrir, brotar e amadurecer.

Cada palavra da verdade que ouvimos ou lemos deveria ser levada para a nossa consciência como se fosse uma semente, e lá ser nutrida e alimentada. Ela deveria ser fertilizada com a meditação e pela ponderação e pela prática, até que num momento de quietude e silêncio, a semente possa se abrir, enraizar-se, e começar a frutificar.

O que nós lemos, então, não pode se tornar estéril. Há sempre a esperança de que o próximo parágrafo possa conter "a pérola de alto preço" para nós. O próximo parágrafo, ou um que venhamos a ler amanhã, pode ser a "pérola" para o nosso vizinho ou outra pessoa qualquer. Não existe nada que seja uma única "pérola". A vida espiritual é um colar que passaria em volta de todo o globo - tantas são as suas pérolas. Cada declaração da verdade é uma pérola. Cada princípio é uma pérola, cada experiência, quase que cada meditação, é uma pérola, basta que busquemos por ela profundamente dentro de nossas consciências.

Cada grão da verdade deveria ser usado como uma trilha ou uma ponte que nos leva a um despertar profundo, deixando que mais e mais verdade apareça na medida em que viajamos mais alto e para mais longe. Se não estivermos alertas, entretanto, e não mantivermos os ouvidos e a mente abertos, bastante abertos para ver o que vem adiante, seria o mesmo que tentar cruzar o oceano num barco enquanto adormecidos sobre o leme.

Literatura espiritual e princípios espirituais são certamente trilhas ou pontes sobre os quais vocês e eu podemos viajar, mas para onde nos levam essas trilhas ou pontes? Sempre para a nossa consciência! Esse é o único lugar para o qual um ensinamento verdadeiramente espiritual pode nos levar - à nossa própria consciência.

"Deus não respeita as pessoas", e o que quer que seja possível para um, é possível para todos, mas apenas para aqueles que buscam. Busquem e encontrem; busquem e encontrem; mas busquem no interior de suas consciências. Suas consciências e minha consciência são tão infinitas quanto a consciência de qualquer vidente espiritual, e qualquer que tenha sido o grau de desdobramento que qualquer alma iluminada tenha tido, nós podemos ter em igual grau de profundidade. Nós podemos não expressar essa Infinitude em sua totalidade, mas, mesmo assim essa é a verdade a nosso respeito.

Entretanto, independentemente do quanto a verdade se revela a nós, ou de quantas experiências de natureza espiritual nós venhamos a ter, assim que elas tenham servido ao seu propósito, nós deixamos que deslizem para fora de nossa memória e ansiamos pela próxima, porque a próxima será maior. Se escrevermos uma centena de livros sobre a verdade, ou curarmos umas mil pessoas, nunca devemos acreditar que chegamos ao fim de nossa consciência, porque nossa consciência tem uma profundidade além daquela do oceano, e uma circunferência maior do que todo o nosso universo e de todos os universos ainda desconhecidos e não descobertos. Não há limite para a profundidade de nosso ser e para a riqueza de nossa consciência, mas nós devemos mergulhar fundo em nós mesmos para trazer à tona a revelação da natureza de Deus, e eventualmente a natureza de nosso próprio ser. Aí, então, nós descobriremos que Deus é, na verdade, nosso próprio ser e nossa própria vida.

Buscar, encontrar e experienciar esse brilho interior, essa realização interior da presença, essa comunicação interior com Deus, e então realizar que a cada vez que se repete, isso se torna uma experiência mais profunda e rica, uma experiência mais proveitosa, de modo que não pode nunca ter nada nela de final, aborrecida, monótona ou maçante - aqui reside a real aventura da vida espiritual.

Deus é infinito; a verdade é infinita. Cabe a nós nos elevarmos para dentro dessa Infinitude, explorar novas avenidas da verdade, abrirmos novas áreas de nossa consciência, porque toda essa verdade é nossa consciência, nossa própria consciência! Em um nível de consciência nós podemos colocar em evidência a literatura, arte, invenções ou descobertas. Num nível mais profundo de consciência nós podemos colocar em evidência experiências espirituais até - e incluindo - a última, que é conhecida como casamento, ou união com Deus. Tudo depende do que estamos buscando.

E o que é que estamos buscando? É apenas uma cura de alguma natureza? É apenas mais conforto no mundo humano? É apenas um relacionamento mais feliz, ou um pouco mais de dinheiro? É direito gozar de saúde; é direito ter abundância de suprimento; é direito ter relacionamentos humanos satisfatórios. E todas essas coisas inevitavelmente se seguem, mas se elas sozinhas são o objetivo de nossa busca, nós estamos desvalorizando a verdade. O objetivo em si mesmo é descobrir a essência da sabedoria espiritual, é explorar cada canto do reino espiritual, cada nível de profundidade, cada nível de altitude. Nisso reside a aventura espiritual.

Quem sabe que grande verdade será revelada para nós? Quem sabe que coisas maravilhosas estarão na nossa frente daqui a uma hora? Quem sabe que revelações surpreendentes da verdade podem nos chegar? É maravilhoso quando elas chegam, é maravilhoso quando elas acontecem, mas elas não podem vir se nós permitimos que alguma mensagem particular se cristalize em nós, ou se formos para a cama esta noite pensando que conhecemos a verdade, ou acordarmos amanhã de manhã acreditando ter atingido o máximo da sabedoria espiritual. Cada dia da semana deve ser um dia novo. Com cada dia deve vir sempre um anseio interior, não a lembrança de alguma coisa que foi revelada no dia anterior, mas um reconhecimento de nosso vazio e um apelo: "Pai, Pai! Venha, venha, revela Tua mensagem! Dá-me uma visão hoje; deixa-me conhecer-Te da forma correta; deixa-me penetrar profundamente em Tua consciência".

Existem maiores verdades encobertas em nossa consciência do que qualquer daquelas que já foram reveladas. Assim como a verdade se revelou através de um humilde sapateiro como Jacob Boehme, assim também uma verdade que abale o mundo pode ser revelada através de vocês ou de mim, e se isso não acontecer, pode ser que nós não a tenhamos desejado tão ardentemente quanto o fizeram os grandes místicos do mundo, ou porque nosso interesse tenha estado mais na superfície da vida do que em suas profundezas.

Por vezes, estudantes que tenham estado estudando por apenas um ano, me escrevem sobre sua insatisfação, desapontamento, e mesmo desencorajamento a respeito de sua falta de revelações e progresso. Frequentemente minha resposta é "Em apenas um ano. apenas um ano? Existem outros tantos milhares de milhões de anos à sua frente, e ninguém nunca vai alcançar a transição daquele 'homem cuja respiração está em suas narinas' para aquele 'homem que tem seu ser no Cristo meramente por estudar ou meditar por um ano'." Se o Reino de Deus fosse tão facilmente alcançável, todos o alcançariam. Mas quão poucos já o fizeram! Não se enganem, este é o mais difícil dos caminhos; esta é a vida mais difícil que há. É muito mais fácil para uma pessoa se tornar um Croesus, com uma saúde fabulosa, ou atingir grande fama, do que ter sucesso em alcançar a vida espiritual. É muito mais fácil realizar alguma coisa no mundo humano do que no espiritual, porque no mundo espiritual vocês e eu somos chamados a "morrer" antes que possamos alcançar o que estamos buscando.

A vida espiritual não se ganha deixando de fumar, ou de beber ou de comer carne, ou por estudar por uns poucos anos, ou por ir à igreja ou ter aulas. Ah, se fosse tão fácil! O Reino é alcançado por um processo de "morrer diariamente". Todos os dias da semana, como parte de nosso envolvimento na vida do Espírito, nós devemos vigiar se algum vestígio de humanidade nos deixa ou é deixado de fora. Cada problema deve ser visto como uma oportunidade para elevarmo-nos, qualquer que seja a situação, e se isso soa muito difícil, é melhor nem começar. Mas, se existe um impulso em nós, que nos compele a prosseguir, então devemos ser pacientes e persistir até que o consigamos. Essa conquista é possível a todo aquele que parte nessa aventura espiritual, e é possível sem preço - exceto o grande preço. Há um preço: "Vendam tudo o que possuem." Este é o preço, e é pago na moeda de nossa devoção. Este é o preço que o Mestre demandou de seus seguidores quando lhes disse, "Aquele que ama pai e mãe mais do que a mim não é digno de mim... Vendam tudo o que possuem... Sigam-me e eu os farei pescadores de homens." Disso podemos apreender o quão difícil é essa conquista espiritual, e porque nosso progresso é tão lento, e não vamos reclamar. Nós vamos estar satisfeitos, realizando que se os seguidores de Jesus em seus dias tiveram que dar esses passos, assim teremos nós.

Mas, embora possamos mergulhar fundo nas profundezas até o limite de nossa capacidade e falharmos em atingir o objetivo, a busca ainda assim vale à pena, mesmo se tivermos que passar anos e anos acreditando que não estamos fazendo nenhum progresso. A verdade é que com cada esforço, com cada expedição, com cada busca, com cada meditação, nós estamos nos movendo lentamente e inexoravelmente em direção ao objetivo de toda a vida - a união com Deus.

Problemas e circunstâncias afetam as vidas de diferentes pessoas de diferentes maneiras. Eles podem levantar ou quebrar uma pessoa, ou podem deixá-la no ponto e que a encontraram. Não há nada de trágico em se estar quebrado, ou ser um fracasso, não mesmo. Uma pessoa que fracassa, essa pessoa tentou, normalmente tentou bastante, e há uma satisfação nisso, e há uma esperança nisso, porque se a pessoa continua a tentar, ela nunca vai ser derrubada, e muito embora possa estar quebrada, ela se levantará novamente. A tragédia, se existe uma, ou a desgraça, está em querer continuar, dia após dia, a acordar pela manhã e ir para a cama à noite, e estar em nenhum lugar amanhã que ela já não tenha estado ontem.

Pensem nas oportunidades ilimitadas que existem em qualquer grande metrópole, de se adquirir conhecimento e apreciação da grande arte, literatura, música, religião e ciências naturais do mundo, e então pensem nas milhares de pessoas sem objetivo andando pelas ruas dessas cidades sem nem sequer se darem conta dessas oportunidades, mais frequentemente do que não, nem mesmo se incomodando com isso. Isso é uma tragédia!

Não é a mesma coisa, ainda um pouco mais, com qualquer mensagem ou ensinamento verdadeiramente espiritual? Não existem pessoas no mundo que estão expostas de tempos em tempos, de alguma maneira à verdade, e ainda assim não lhe dão importância? Isso é triste, porque encontrar uma mensagem espiritual poderia e deveria ser o começo de uma vida de aventuras. É verdade que nem sempre acontece desta maneira. Ela poderia nos deixar no mesmo lugar onde nos encontrou. Isso não pode nos quebrar - isso ela não poderia nunca fazer - mas pode elevar-nos, e poderia abrir a vida à alegria e entusiasmo espirituais, e a buscar e encontrar. Isso deveria nos estimular a girar e girar e começar tudo de novo para ver quão longe podemos ir nesse Caminho.

Não existe um Deus lá fora no espaço. O Deus que existe está escondido dentro de nós, esperando que cada um de nós o descubra por si mesmo. Nós não temos que ir a nenhum lugar no tempo e no espaço. A jornada espiritual, a maior das aventuras, não acontece no tempo e no espaço. É uma jornada na consciência - e essa jornada ninguém pode fazer por nós.


terça-feira, abril 19, 2016

Todo o Poder está na Consciência

- Joel S. Goldsmith -


O objetivo de "O Caminho Infinito" é levar-nos a experimentar o desdobramento da atividade de Deus como consciência individual. Trata-se de uma revelação dentro de teu próprio ser, de algo que ocorre dentro de ti.

O Reino de Deus está dentro de ti. Na verdade, tu és a individualização, de tudo o que Deus é: "Filho, tudo o que é meu é teu" (Lc, 15:31).

O Trabalho de "O Caminho Infinito" consiste em revelar o Infinito Invisível dentro de ti, dentro da parte exterior a que chamamos de ser humano e que, na realidade, não é ser humano, e, sim, um ser divino. O mundo interpreta o cenário da vida humana em termos humanos. Mas o que aparece no mundo como se fosse um ser humano, isto é, como 'tu', como 'eu', receberá, das profundezas de seu ser, mediante este trabalho, a revelação da sua verdadeira natureza.

A revelação que emana deste trabalho não é como a que se faz de um intelecto para a outro intelecto. É a divina Consciência revelando-Se como ser individual. Para os homens, as coisas de Deus são tolice, mas "se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça" (Mc, 7:16). Que esta mensagem se afirme e se firme na tua consciência; que estas palavras circulem na tua consciência até que possas captar a visão interna do que se contém nestas linhas. Então a mensagem será tua. E poderás transmiti-la, não com as minhas palavras, com a minha linguagem, ou usando o relato das minhas experiências; será a tua própria revelação desta mesma verdade.

Em metafísica, não se pode ir muito longe ensinando apenas a letra da verdade. O verdadeiro ensinamento consiste na revelação da consciência interna. Se eu te transmitir algo que apenas ouvi, ou li, ou memorizei, isso não encontrará eco em ti. Se o ensinamento não tiver se tornado minha própria consciência, não poderás assimilá-lo. A única verdade que receberás na tua consciência, lendo este livro/texto, será aquela que for parte viva de meu ser. Perceberás a chama dessa verdade, e ela deitará raiz dentro de ti.

Infelizmente, na prática da metafísica se fazem aos pacientes muitas afirmações cujas verdades não foi demonstrada nem se tornou parte viva da consciência do curador.

Não há verdade mais profunda que a declarada nesta afirmação: "O erro não existe"O universo mortal deveria entrar totalmente em colapso quando se declarasse essa verdade, mas apesar do número de vezes que ela tem sido afirmada, o mundo continua sempre do mesmo velho modo. Por que? Porque a verdade desta afirmação não se tornou ideia incorporada à consciência e absorvida por ela.

O curador espiritual poderá dizer ao paciente: "Não existe senão uma vida, e essa vida é Deus. Isto que estás vendo é sugestão, não é real, não faz parte do teu ser." Quando o curador tem convicção e consciência desta verdade, muitas vezes o erro - a doença, o pecado, ou a carência - desaparece sem que ele precise fazer afirmações. Entretanto, se o curador estiver simplesmente a repetir o que viu, o que leu, ou alguma coisa de que se recorde, apenas desejando e esperando que isto seja verdade, então suas afirmações não terão poder algum.

As coisas de Deus são tolice, para os homens, e assim também os assuntos dos homens são tolices para Deus. Procura lembrar-te disto quando fores tentado a levar qualquer dos teus problemas a Deus. Pensar que Deus cure um corpo enfermo, ou que solucione determinado problema de desemprego, ou que faça com que seja eleito o teu candidato favorito, é tolice. Os assuntos humanos, os relativos a este sonho de Adão - este sonho de existência material de toda a humanidade - são desconhecidos de Deus. Isto é o que torna possível a cura. A doença não tem existência real: é desconhecida de Deus. É por isto que a doença e a aflição, ao se chocarem com a consciência que conhece esta verdade, inevitavelmente se rendem pela impotência própria da sua nulidade.

Lembra-te sempre de que, no mundo espiritual, ensinar e aprender são coisas espirituais. Entra na tua consciência e ora a Deus. Roga a Deus que te seja revelado o teu mestre e o conhecimento que ele deve impartir. Ora assim: "Pai, conduz-me a ele; conduz-me ao mestre; conduz-me ao meu mestre".

O objetivo e consequência da prática dos ensinamentos do Caminho Infinito é a expansão das atividades da tua Alma, o desenvolvimento das faculdades a Alma do teu próprio ser. Precisas escolher um instrutor espiritual com muito mais cuidado do que o que terias na escolha de um professor na esfera dos conhecimentos humanos. Para aqueles que transmitem conhecimentos espirituais, o ensino é um ministério sagrado. Um instrutor deve viver de tal maneira na consciência de Deus, que possa tornar-se capaz de impartir realidades divinas. Isso só poderá ser fruto de um estado de consciência de quem pratica e vive esta verdade. Nada é mais sagrado do que o ensino espiritual. Nada existe que mais contribua para elevar-te acima o senso de vida mortal, material, que o ensino espiritual correto.

Sê, pois, guiado pelo Espírito! Faze desta busca de um mestre um rito sagrado! Quando receberes alguma instrução, ou a encontrares em algum livro, senta-te silencioso e medita durante algum tempo: dá-lhe oportunidade de trabalhar dentro de ti.


CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL

Este ensinamento trata da expansão das atividades da consciência, ou seja, de auto-revelação ou automanifestação de Deus, a Consciência Infinita, Indivisível, que Se revela, Se desenvolve, e Se manifesta como consciência individual. Este trabalho é, portanto, de natureza individual e deve ser realizado pelo esforço próprio de cada um - pelo teu esforço.

E teu êxito se revelará quando alcançares certo grau de consciência espiritual.

Consciência espiritual é esse estado de consciência do qual desapareceram até certo ponto as crenças mundanas. Consciência espiritual, ou consciência-crística, é esse estado de consciência que não mais reage às coisas do mundo externo. Tu és consciência infinita, espiritual. És a lei para a tua vida. Nada do que está fora de ti - nada do que existe como efeito - pode ter influência ou autoridade sobre ti. És a lei para todo efeito. Quando amas, odeias ou temes alguma coisa do mundo externo, é porque estás hipnotizado, num estado de consciência mortal.

O que os seres humanos mais procuram neste mundo é ganhar dinheiro - primeiro o dinheiro, depois o sexo. Estas são as coisas que a humanidade busca com mais empenho. A consciência mortal valoriza o dinheiro e diz: "Isto me ajudará muito!". Mas a consciência espiritual não confia nele. Ela conhece a verdadeira natureza do suprimento: "Suprimento é a minha consciência individual; é a Consciência-Deus individualizada como sendo eu. Seja lá o que for que pareça necessário à minha vida, terá que vir como revelação da infinitude da minha consciência. Por isso não me preocupo com a aquisição de um dólar ou de um iate."

Esta é a atitude que precisas aprender a tomar, que precisas praticar até que se torne uma realidade em tua vida. Humanamente, esta atitude não é natural para os adultos, mas o é inteiramente para as crianças. A criança, que ainda não aprendeu a valorizar o dinheiro, é capaz de lançar fora uma moeda de ouro de vinte dólares. Seu senso de valor é o afeto, o amor que sente aos pais e o que estes têm por ela. Este amor é o seu suprimento, e ela o sabe. Enquanto existir esse afeto entre a criança e seus pais, o alimento diário, a roupa e o lar se lhe apresentarão naturalmente. O amor é o senso de suprimento da criança. Somente quando perde este senso de amor é que o seu senso de suprimento muda e passa a representar-lhe cinquenta centavos ou um milhão de dólares.

Precisamos voltar a ter essa mesma confiança que tínhamos nos dias de nossa infância. O Mestre nos disse que temos de nos tornar "como uma criança" (Lc, 18:17). Procuremos, pois, voltar a esse estado em que não se considera o dinheiro como suprimento. Comecemos a compreender que o nosso suprimento é o Amor, a Consciência, ou a espiritualidade, e que enquanto tivermos a presença do Amor, tudo o que precisarmos chegará até nós pelo desdobramento natural de Sua presença. Isso representa uma etapa no desdobramento e revelação de Deus, a divina Consciência, que aparece como amor, suprindo as nossas chamadas necessidades humanas. É fácil compreender que por algum tempo precisa-te lembrar, toda vez que lidares com dinheiro, de que este não é suprimento, mas, sim, efeito do Amor, o resultado da presença de Deus, que aparece como a tua consciência. Deste modo, desenvolverás, pouco a pouco, dentro de ti mesmo uma atitude na qual não reconhecerás o dinheiro como o teu verdadeiro suprimento.

Como exemplo disto, cito o caso do casal de hindus que se iniciou na vida espiritual e se pôs a caminho com suas tigelas de pedintes. Certo dia, quando andavam por uma estrada, o marido à frente, e bem perto da mulher, inclinou-se e apanhou algo no chão, esfregou-o no manto e meteu no bolso. A mulher perguntou o que havia encontrado. Quando ele mostrou um diamante, ela de imediato o repreendeu com severidade: "Estamos vivendo uma vida espiritual. Como poderá este diamante ter mais valor que o lodo de que lhe tiraste?" O valor não está no diamante. O valor está em nossa consciência. O valor é a nossa consciência, que é a substância, a forma, o princípio e a lei para o diamante. Enquanto Eu existir - e o "Eu" é Deus -, serei a lei que produzirá aquilo que eu precisar, sob a forma necessária, seja ela qual for.


TODO O PODER ESTÁ NA CONSCIÊNCIA

Vamos supor que alguém te telefone e diga: "Estou doente. Ajuda-me." Pois bem: até agora, quando alguém te dizia: "Não me sinto bem", provavelmente negarias isso, mas daqui por diante vamos aprender a não mais negá-lo. Não vamos levantar uma "parede" diante da doença. Ao invés disto, responderemos: "De que se trata? De algum poder? De alguma presença? De alguma realidade? Ou todo o poder está na consciência do indivíduo, que é a lei da saúde? E esse tumor, essa dor, ou essa carência, constituem alguma lei? Não. Naturalmente que não."

Desde o momento em que comecem a pedir-nos ajuda, esta deve ser a nossa atitude, a nossa compreensão. Poderemos encontrar-nos dizendo a nós mesmos: "E daí?" ou alguma coisa semelhante que nos ajude a concordar com o adversário. O princípio da cura é o seguinte: "Entra em acordo sem demora com o teu adversário." Não poderás combater coisa alguma com que estiveres de acordo. No momento em que te empenhes em luta ou combatas qualquer afirmação errônea que se te apresente, estarás acirrando o ânimo do teu adversário, ao invés de te reconciliares com o que se te afigura um erro mas, que na realidade, não passa de uma ilusão - se é que pode haver realidade numa ilusão. No instante em que combates ou atacas qualquer erro como algo que precise ser removido, tu o estarás ajudando a firmar-se, e então ninguém sabe quanto tempo a cura levará. As curas instantâneas se realizam quando o curador está cônscio ou convicto de que não existe poder ou presença na suposta manifestação do erro.

Haverá tal coisa como possibilidade de cura enquanto estivermos pensando em cura ou tentando curar doenças ou seja o quê for? A cura resulta do reconhecimento de que a consciência individual é Deus, ou que Deus é a consciência do indivíduo. A consciência do indivíduo é a lei que determina o estado em que ele se encontra externamente. Em linguagem bíblica: "maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo."

A Consciência, de Deus - a consciência do indivíduo -, é sempre a lei, é sempre a presença, é sempre a realidade. Tudo o que aparece exteriormente não passa de efeito e, como tal, não pode ser a lei. Como efeito, não pode ser causa. Como efeito, não pode ser poder. Nenhum efeito pode ter poder sobre outro efeito. É lei espiritual. A Consciência é todo o poder. Todo poder vem do Alto. Deus deu domínio ao homem. Em outras palavras: Deus, a Consciência universal, deu ao homem, isto é, à consciência espiritual individualizada, todo o poder sobre todas as coisas que existem no reino dos efeitos, quer seja uma pequenina flor ou um planeta no céu.

No momento em que admitires que alguma coisa do reino dos efeitos tenha domínio sobre ti, estarás convertendo-a em lei para ti mesmo, e por isto sofrerás enquanto não mudares de atitude para com essa coisa, compreendendo não ser possível que o Eu, a plenitude de Deus manifesta, o Filho infinito de Deus, de quem Deus disse: "Filho, tudo o que é meu é teu", esteja à mercê de alguma coisa do mundo externo, à mercê de alguma condição ou de qualquer conjuntura externa. Quando te compenetrares de que Deus, a Consciência divina e infinita, constitui a consciência do indivíduo e é a lei para o universo, tomarás posse da tua vida e terás certo grau de domínio sobre ela. Do contrário, continuarás vítima de certa forma de governo externo, de certa quantidade de dólares; vítima de germes, infecções ou contágio. Somente à medida que conscientizares tua unidade com Deus; somente até o ponto em que sentires realmente que és a própria presença de Deus atuando como uma lei para o teu universo, somente até esse ponto é que serás senhor da tua existência!

"Onde está Deus, eu estou. 'Eu e o Pai somos um'. O lugar onde estás (onde Eu estou) é solo santo. Se faço minha cama no mais profundo abismo, Eu, Deus, estou ali. E esse EU SOU é uma lei para tudo o que aparece como sendo o universo inteiro, o universo externo do efeito."

O primeiro passo para atingir a Consciência-Cristo, consiste em perder o medo seja do que for, no mundo do efeito. A Consciência-Cristo não teme nem pecado, nem se horroriza deste, mas limita-se a dizer: "Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais. Quem vos impediu? Levanta-te, toma o teu leito e anda." E por que? Porque dessa maneira ela se põe de acordo com o adversário e reconhece que o único poder é a consciência do indivíduo. Toda vez que vires pecado, carência ou limitação no cenário da vida externa, em vez de te precipitares a dar tratamento, deverás dizer: "Não, tu não vais me fazer de tolo! Tu existes como uma espécie de efeito. Não passas de uma ilusão como aquela de que os trilhos de estrada de ferro se encontram num ponto distante de nós. Meus olhos já não me enganam mais."

Não dês tratamentos! Não dês tratamentos a Deus e Seu universo! O tratamento, em si mesmo, não tem valor. A história da metafísica não conhece ninguém que tenha alterado alguma condição real por meio de tratamento. Nunca se melhorou alguma coisa em todo o universo espiritual por meio de tratamento. O que tem valor é a oração. Ora sem cessar, porque oração é desdobramento de consciência. Pela tua oração é que Deus se manifesta e ti. Em teu estado de oração é que Deus revela Sua verdade à tua consciência individual.

Oração é revelação da realidade divina à nossa consciência individual. O segredo que nos permite viver espiritualmente, consiste em nos voltarmos para dentro de nós mesmos, nos observarmos e estarmos sempre procurando ouvir a realidade divina. Este é o segredo que nos revela Deus como o centro de nossa individualidade. Nesta intimidade de nosso ser - e somente nela -, é que se encontram a harmonia, a paz, alegria, poder ou domínio.

É nessas profundezas de teu ser que o universo espiritual deve revelar-se a ti. Não te deves preocupar ou perturbar com o que estiver acontecendo no mundo. Não quero dizer que escondas a tua cabeça na areia. Continuarás cuidando dos teus negócios, levando a vida segundo o teu mais alto sendo de retidão. Mas não te interessarás pelo resultado dos teus esforços, quando viveres conforme esse senso de retidão.

Lembra-te: Existe um universo invisível, e tu o estás procurando. "A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus" (I Co 15:50). Nada do que existe para os teus sentidos mortais poderá ser levado para o Reino de Deus. Agora, não nos dedicamos a procurar melhorar as condições humanas, mas à revelação de Deus e do universo espiritual, que se manifesta como a nossa consciência individual. Há um universo infinito, invisível. Há um mundo de ideias espirituais, mas esse mundo não tem relação com o mundo das coisas que podemos ver, ouvir, apalpar, saborear e cheirar. O que percebemos neste mundo dos sentidos é um panorama deformado da ideia divina, do universo real que vemos "obscuramente, como por espelho em enigma". Aqui mesmo, justamente onde parece que estamos, está Deus. Mesmo em qualquer lugar onde pareça haver um fenômeno mortal, por mais insignificante e corriqueiro que seja, também ali está presente o universo espiritual. Nós o contemplamos "como espelho", e o chamamos de mortal e material. Mas, em sua verdadeira imagem, em sua verdadeira essência, ele é espiritual e divino.


quinta-feira, abril 14, 2016

O Segredo do Princípio de Curar


- Joel S. Goldsmith -


A cura espiritual está baseada na compreensão do principio espiritual da vida. Este princípio afirma que Deus mantém e sustém o Universo, incluindo cada indivíduo que nele vive, em absoluta integridade.

Contrário a este ensinamento, está o mundo das aparências, o mundo dos sonhos, um mundo mesmérico que não tem lei para sustentá-lo, nenhuma substância que o suporte, nem continuidade, exceto a que nós, em nossa ignorância, lhe damos.

Uma vez que esta verdade é percebida, você terá um princípio que prevalecerá, não importando a natureza dos problemas que lhe sejam apresentados. Isto não significa que você curará qualquer pessoa ou qualquer condição, não porque o princípio seja inadequado para qualquer situação, mas porque nem todas as pessoas envolvidas com ele, estão preparadas para viver este princípio, ou viver por este princípio; elas não estão prontas para abandonar aquelas coisas que interferem com a demonstração deste princípio. Em outras palavras: Jesus, ele próprio, não tentou levar o moço rico para o céu. Não por causa da riqueza do homem por si só, mas porque a fé, a confiança e a esperança deste homem, estavam na sua riqueza; todas as suas expectativas e esperanças de vida estavam baseadas no montante de suas posses, e tal homem não poderia ser elevado à consciência espiritual.

Assim, existem pessoas que procuram a cura, mas apenas para curar suas dores e discórdias mundanas, não buscando uma cura espiritual verdadeira que transformaria suas vidas. Entretanto, este princípio é tão absoluto que, dada uma boa oportunidade a alguém que seja bastante receptivo ao modo de vida espiritual, a harmonia se manifestará na experiência desta pessoa e ela se iluminará espiritualmente.


A Estrutura deste Mundo

O princípio que é o segredo de todas as curas é a compreensão da natureza do erroO erro nunca é uma pessoa, uma condição ou uma coisa. Portanto, nunca leve até o seu pensamento - e nem queira tratar em pensamento - uma pessoa, condição ou coisa. Na verdade, o erro sempre aparece como uma pessoa ou condição e é isso que confunde os trabalhadores espirituais do mundo. Com cada aparência de erro, se instala no indivíduo uma rebelião, uma resistência ou uma batalha contra alguma pessoa, lugar, circunstância ou condição, e assim a luta está perdida. Ninguém na terra, nem grupo algum de pessoas é seu inimigo; nenhum pecado ou doença é seu opositor ou antagonista. Quanto mais você lutar contra uma pessoa, uma doença, um pecado ou uma condição, tanto mais você estará enredado naquilo que chamamos de "este mundo".

Talvez você acredite que haja alguma pessoa ou algum grupo de pessoas que se interpõe entre você e sua harmonia. Para trazer a cura, você os trata ou trata por eles, ou trata aquele "algo a fazer" a respeito deles. Em outras palavras, você está em antagonismo, em resistência ou em rebelião contra eles. Seus esforços se dirigem a eles para removê-los ou para trazê-los à harmonia; e ao agir assim, você perde a sua demonstração. Pode ser que não seja uma pessoa, mas uma doença que se interponha entre você e sua harmonia, e novamente você se encontrará engajado numa batalha contra ela e assim "cavando a sua própria cova".

Pessoas, coisas ou condições nunca são a fonte de nossas discórdias. Sejamos muito claros neste importante ponto. Há uma força universal, uma crença universal e um hipnotismo universal, que é a fonte de todas as discórdias que se manifestam em nossas experiências. Toda limitação, todo pecado, toda tentação e toda doença que chegam até nós, são nada mais que o efeito de uma força ou magnetismo universal, o qual, lembre-se que, por si só não tem poder; somente tem poder pela aceitação da mente humana a ele. Se o erro fosse poder, não poderíamos dissipá-lo. No entanto, ele não é poder, exceto, para o sentido do mundo. A crença universal é o único poder que temos que considerar ao depararmos com o pecado, a doença, a morte, a carência ou a limitação, mas esta não é poder.

Para ilustrar, tomemos o caso de uma pessoa que está morrendo. Agora, entenda isto: ninguém morre. Se você for chamado alguma vez para auxiliar alguma pessoa que parece estar se aproximando da morte, trate da velha crença universal de uma vida separada de Deus, uma vida que teve um começo e consequentemente deve ter um fim. Não tente salvar esta vida, porque não conseguirá; mas trate do mesmerismo universal da morte, o hipnotismo universal que diz que todo aquele que nasceu, tem que morrer. É este mesmo hipnotismo que diz que nascemos, que fomos criados da matéria, que nascemos de um homem e uma mulher. A crença que você é um pai ou uma mãe, ou que nasceu de um pai e uma mãe, não é uma crença sustentada só por você individualmente. Não é uma crença pessoal -- é uma crença universal que existe desde o princípio dos tempos. É a crença universal no nascimento que resulta na crença universal na morte. Mas não estamos tratando com o nascimento ou com a morte, senão com a crença universal, o hipnotismo universal que faz com que as pessoas pareçam morrer, ou que tenham que morrer só porque nasceram algum tempo atrás.

Suponhamos que agora mesmo você esteja sonhando que está nadando em direção ao horizonte. Ao olhar em volta, você percebe que foi muito longe e que não tem condições de voltar atrás. Aí é que começa a luta. Você se deixa tomar pelo pânico ao se ver sozinho a lutar longe na água; mas, é real esta luta? Existe água? Existe um "você"? Qual é o tecido ou a substância da pessoa que você está vendo na água? Qual é o tecido ou a substância da luta? Tudo é o seu sonho e apenas o seu sonho. O sonho é a substância, o tecido; e você, a água e a luta são os objetos formados pelo seu sonho.

Se você tomasse um pedaço de couro e num canto formasse um homem, à esquerda um piano e em cima o céu, ainda assim você não teria nem um homem, nem um piano, nem o céu -- o que você teria mesmo seria couro. Mas se você destruísse este couro, destruiria o homem, o piano e o céu. Com a destruição do couro, o homem, o piano e o céu desapareceriam também. Da mesma forma, com a destruição do seu sonho, com a destruição da falsa crença de você na água, a água e a luta desapareceriam. Agora, se no seu sonho de luta de vida e morte na água, se, ao invés de gritar pedindo para ser salvo, alguém o acordasse do sonho, automaticamente seguiria-se a dissolução de "você" na água, da água e da luta.

A matéria prima de todas as discórdias de nossa experiência humana é um hipnotismo universal, uma crença universal. É a matéria prima ou substância de todo sentido de limitação que possa vir a sua experiência; seja limitação nas finanças, na saúde, na família, nos negócios, nas relações sociais ou qualquer outra aparência de discórdia. A causa de toda desarmonia, portanto, é um hipnotismo universal, a crença universal num universo separado de Deus.

Quando Jesus disse: "Eu venci o mundo", ele não queria dizer que tinha vencido todas as pessoas do mundo ou todos os males das pessoas do mundo. Seu ministério não durou tanto para que pudesse conseguir tal feito. Mas sim que ele superou o mundo, e de uma vez só: Pela compreensão e realização de que o único mundo que necessitava ser superado era composto por esta ilusão mesmérica. Então, todas as pessoas, todas as circunstâncias e todas as condições de limitação lhe desapareceram.


A Ignorância Universal Mantém o Mundo na Escravidão

Lembremo-nos primeiramente que a ignorância que separa as pessoas de uma realização da verdade não é pessoal, nem para você nem para mim, nem para ninguém; é uma ignorância universal, um sentido universal de hipnotismo que não tem -- jamais tem! -- presença, nem poder. Há uma ignorância universal, que domina a mente de praticamente todos os indivíduos na terra, fazendo-os antagônicos à verdade. Por que? Porque a verdade recebida conscientemente varre da mente tudo o que a humanidade aprendeu a amar... a pompa e a glória do egoísmo pessoal, o poder pessoal, a força pessoal, a sabedoria pessoal, a glória pessoal, a realização pessoal. A mente humana está numa rebelião contra tudo que possa destruir isto. Ela se ressente ao ouvir: "Por que me chamas de bom? Há apenas um bom... O Pai no céu". A mente humana se dedica à auto-glorificação: "Veja a minha força; veja a minha sabedoria; veja a minha beleza; veja o meu poder; veja a minha saúde; veja a minha riqueza; elas são minhas; eu fiz tudo isto".

A ignorância universal que separa as pessoas da apreensão, da compreensão e da demonstração da mensagem do Caminho Infinito, não é uma limitação pessoal; não tem nada a ver com a educação ou com a falta de educação de uma pessoa, nem com seu aprendizado religioso ou com a sua falta de aprendizado religioso: tem a ver apenas com a ignorância universal, com o mesmerismo universal o qual é para sempre, sem presença e sem poder. Você o segue? Você está sempre tratando com este mesmerismo ou hipnotismo universal, que é a matéria da qual é formado este mundo? Lembre-se: você não está tratando das figuras que esta matéria lhe apresenta, senão com a própria matéria ou hipnotismo em si mesmo. A realização deste fato é a sua graça salvadora. Em outras palavras, nunca temos um moribundo a salvar ou um enfermo para curar. Nós temos um estado universal de hipnotismo aparecendo como doença, pecado, alguém moribundo ou morto. Nunca temos uma pessoa má. No momento que realizamos isto, a pessoa má desaparece e podemos contemplá-la como ela realmente é.

Ressentir-se contra uma pessoa ou uma condição é enredar-se com elas, é deixar-se prender numa armadilha. Só há uma maneira de escaparmos da ilusão dos sentidos; só há uma maneira de escapar de qualquer forma maligna do mundo -- de pessoas malignas, pensamentos malignos, planos malignos -- e esta é parando de lutar contra eles e realizando que atrás deles está o tecido de sonhos do qual são constituídas, e que este tecido de sonhos é ilusório e sem princípio creativo algum, já que Deus não o creou. Portanto, não há existência ou lei que o sustente; nenhuma substância, nenhuma continuidade. Esta compreensão o destrói. Não há uma ilustração mais clara para isto que a de uma pessoa que morre, porque é extrema. Não temos nenhum moribundo a ser salvo; temos somente um sentido ilusório de morte. Quando tratamos a morte a partir deste ponto de vista, o moribundo se levanta e diz: "Aqui estou, totalmente novo, forte e bom". Você, assim, nada fez à pessoa que morria; porque, para começar, o moribundo não existia. O que você fez foi destruir a estrutura de aparências, o tecido do qual estavam aparecendo. Não há outra maneira de superar "este mundo".

Esta visão, este desdobramento, veio-me quando estava lendo a vida de Buda Gautama, que se tornou mais tarde o Buda. Certo dia, viu ele um homem doente, um cadáver e um mendigo e horrorizou-se de que tais coisas pudessem existir. Na vida que seu pai lhe proporcionava, tais coisas nunca eram-lhe mostradas e, portanto, ele nunca tinha testemunhado nenhuma destas tragédias da existência humana. Ele perguntou ao seu conselheiro: São estes os únicos casos no mundo? Quando ele soube que eventualmente todos nos encaminhamos ao mesmo fim -- a morte -- ficou chocado. Era impensável para ele que, no belo universo que conhecia, pudesse a doença, a morte e a pobreza manchar sua harmonia. E foi esta pergunta, que ele fez a sua própria mente, que lhe deu a pista sobre todo o problema: "Devo encontrar um modo de remover o pecado, a doença e a morte do mundo". E isso foi tudo. Ele nunca pensou em sair e curar, reformar ou enriquecer as pessoas. O seu único pensamento foi "como erradicar o pecado, as doenças e a morte do mundo."

A mensagem do Caminho Infinito é uma revelação de como erradicar o pecado, a doença e a morte do mundo, de como erradicar a ignorância que separa a humanidade da verdade. No Caminho Infinito, as pessoas são apenas incidentais ao nosso ministério. O verdadeiro ministério em si, é a remoção do pecado, medo, morte e limitação do mundo; e isto é para ser cumprido -- não conseguindo o dinheiro para fazer a todos milionários, não tendo um maior número de guerras no mundo para matar uma suficiente quantidade de pessoas, de modo que haja menos para alimentar, senão removendo completamente o hipnotismo da limitação, ignorância, pecado, medo, doença e morte.

Você já me ouviu declarar que quando sou solicitado para uma cura, nunca tomo em consideração, em minha consciência, a pessoa ou a sua condição. E a razão é esta: a pessoa ou a sua condição é um engodo, o laço da armadilha para prender o praticante. Se você quer ajudar a alguém, pare de pensar na pessoa ou em sua condição e entenda que elas são apenas um retrato, uma imagem ou uma aparência do tecido da crença universal, deste sonho universal chamado sonho mortal, chamado de ilusão universal, chamado por muitos outros nomes. Não faz diferença o nome pelo qual você o chame, desde que você compreenda que este é um sentido universal que, em si e por si, não tem nenhuma lei que o sustente, nenhuma causa, nenhum efeito e nenhuma pessoa através da qual operar.


Este Mundo

Nunca solucionaremos os nossos problemas individuais, nem os nacionais ou internacionais, tentando mudar as pessoas, curá-las, reformá-las, ou enriquecê-las. Só conseguiremos trazer harmonia ao nosso mundo individual se pudermos ver cada coisa, pessoa ou situação discordante, como um filme produzido por esta substância ilusória chamada de sonho da existência humana, ilusão universal, hipnotismo universal, crença universal, ou se você preferir, o nada universal, que aparece como pessoas e condições. Nunca tente salvar um moribundo. Nunca tente enriquecer um pobre, nunca tente curar um doente. Lembre-se que está lidando, não com uma pessoa, não com uma condição, não com uma coisa, mas com uma sugestão hipnótica, com uma influência hipnótica, com um quadro hipnótico, que não tem existência fora da mente humana, da crença humana, da aparência humana. Nesta realização, você destrói todo o tecido do qual o erro é constituído.

Cada condição limitante -- seja nas finanças, saúde, moral, ou condições de vida -- não é outra coisa senão a expressão de um hipnotismo universal, de uma ilusão universal, de uma crença numa existência separada de Deus, ou seja, da crença de uma causa separada de Deus, de uma substância separada de Deus, de uma sabedoria separada de Deus. Toda esta série de crenças constitui uma influência mesmérica que nos faz ver pessoas, lugares, coisas e condições limitadas. Você pode quebrar este sonho Adâmico nas partes que o compõem e encontrará que este sonho Adâmico é feito da crença do bem o do mal, da crença da vida sem Deus, da lei sem Deus, de uma substância, causa ou atividade sem Deus.

Sempre que for chamado para ajudar na solução de um problema, verifique que quase sempre haverá uma pessoa envolvida nele; mas, já que Deus é o único principio creativo, o filho de Deus não pode se envolver com problema algum; o problema será apenas a crença de uma existência sem Deus. Perceba que cada problema que lhe é apresentado sempre vem como uma condição. É uma condição de Deus? Não, pois se fosse uma condição de Deus, não apresentaria problema, em absoluto. O mero fato de se apresentar como uma condição, já revela que é uma aparência que não tem existência real, pois na verdade não existe pessoa nem condição sem Deus. Toda e qualquer aparência contrária deve ser parte do que se chama "sonho de Adão", ou sonho mortal, ou sentido mortal da existência, que Jesus chamou de "este mundo".

Deveríamos achar muito fácil solucionar todos os casos que se nos apresentam em busca de ajuda, simplesmente dizendo,"este mundo", e desfazê-los com um sorriso, sabendo que eles são apenas condições "deste mundo", do mundo ilusório, não do mundo real, não do mundo de Deus. É como se saíssemos à rua e víssemos as crianças brincando um jogo que consiste em desenhar um círculo de giz no chão, e aprisionar uma criança dentro dele. Esta criança dentro do círculo não pode sair dali, até que alguma coisa seja feita para resgatá-la.

Entretanto, você, ao invés de tentar tirar a criança do círculo, sorri, olha para ela e diz: "Oh!, Mas aquilo é apenas o mundo das crianças.....!!", e vai se embora, sabendo que, na realidade, a criança não está presa. Se você se acostumasse à ideia de que tudo que aparece limitado por qualquer sentido, seja uma pessoa ou uma condição, é parte "deste mundo" -- ou seja, o mundo de sonho, o mundo de Adão, o mundo irreal, e fosse embora sem ligar para ele -- descobriria, logo, quão depressa a ilusão desapareceria para seu paciente, seu amigo ou seu parente.

Testemunhamos algumas condições externas ou pessoas más, porém se existe um Deus em tudo, não pode haver tal coisa como uma pessoa, lugar ou coisa má. A dificuldade é que, primeiro vemos a aparência e logo procuramos fazer alguma coisa a respeito da aparência, e assim fazendo, ficamos enredados, nos envolvemos e caímos na armadilha. Se, no entanto, víssemos a aparência, quer ela se mostre como uma pessoa, um lugar ou uma condição, e instantaneamente lembrássemos que o fundamento disto é um sonho, o sentido ilusório de um universo separado de Deus, ou "este mundo", e passássemos ao largo dizendo: "Oh! É apenas 'este mundo'", acabaríamos logo com o sonho. Acordamos do sonho da limitação, no momento em que, por nós mesmos, nos tomamos desipnotizados.

Tenho dito que este é o ano em que nossos estudantes devem ser mais diligentes em acabar com o sentido mesmérico que os ata às crenças humanas, e isso só se consegue apreendendo o princípio de que, em realidade, não há nem bem, nem mal. Ao aceitar tanto o bem como o mal, perpetuamos o sonho. Nos seus estudos metafísicos anteriores, você já aprendeu que todo erro é uma ilusão. Mas no Caminho Infinito, você deve ir um passo além e compreender que o sentido finito do bem também é tão ilusório quanto o erro. Você chega a esta consciência através da realização diária que não há nem bem nem mal na forma, mas que o Espírito é a realidade subjacente a tudo. Tente compreender que é a crença do bem e do mal que perpetua o sonho e mantém você fora do Jardim do Éden.

Um praticista é uma pessoa que em certa medida é desipnotizada, que num certo grau, não teme as aparências e não cessa de anulá-las. Fora, no mundo, há pecado, doenças e morte. Uma pessoa que não seja praticista olha e diz: "Oh!, que terrível!". Se, no entanto, o praticista tenha alcançado realmente um estado de consciência de praticista, olhará e dirá: "Tch..Tch... este mundo... hipnotismo, nada", e continua a viver. Só existe uma coisa impedindo a harmonia em nossa experiência pessoal, e esta é um sentido universal de uma vida ou uma seidade separada de Deus, ou de uma lei à parte de Deus. E existe somente uma maneira de romper este sentido de limitação, e este é retirar-se da batalha do mundo, retirar-se da batalha e da oposição a pessoas ou condições.


Vivendo a Vida Cristã

Viver uma vida cristã significa aceitar os ensinamentos do Mestre: "ama o teu próximo como a ti mesmo, mas acima de tudo, ama a Deus com todo o teu coração, com toda a tua mente, com toda a tua alma". Estes mandamentos não são mais que banalidades insossas, até que comecemos a selecioná-las em nossa própria mente e cheguemos a uma compreensão delas. Como podemos amar o Senhor nosso Deus com todo nosso coração, toda nossa alma e toda nossa mente? O que significa isto? Cada um de nós pode ter uma explicação e uma experiência diferentes, mas para mim, amar o Senhor nosso Deus com todo o meu coração significa não amar indevidamente, e nunca odiar ou temer aquilo que está no âmbito dos reinos físico ou mental. Para mim, é depositar toda a fé no Infinito Invisível como a realidade da vida que se manifesta externamente como efeito. Chegar a uma realização do profundo significado desta verdade requer muito estudo. Ao não amarmos, odiarmos ou temermos o que nos aparecem nos reinos físico ou mental, rompemos com o sonho mesmérico de uma seidade ou um universo à parte de Deus.

Amar nosso próximo como a nós mesmos é reconhecer que Deus é o Eu sou de todos os seres reais. Que Deus é o Eu sou de todos os indivíduos na face da terra, ainda que apareçam como humanidade doente, pecadora ou moribunda. Deus é o Eu sou; Deus é a vida; Deus é a inteligência; Deus é a lei de todas as pessoas, mesmo quando no sonho mesmérico pareçam ser doentes, pecadoras ou estúpidas. Amar o nosso próximo como a nós mesmos, significa realmente reconhecer que Deus é o verdadeiro ser de tudo que é manifesto, não importando a aparência mesmérica que está nos confrontando.

Quando seguimos estes dois mandamentos literalmente, logo vemos que toda a aparência que interpretamos como sendo humanidade doente, estúpida, moribunda ou ignorante, é creada pelo "sonho do mundo", aquilo que o Mestre chamou de "este mundo". Quando isto se torna claro para nós, não mais amaremos, odiaremos ou temeremos tais aparências. Não amaremos as pessoas deste mundo mais do que as odiaremos ou temeremos, porém amaremos aquilo que constitui as pessoas: Deus, o Cristo, o Espírito e a Alma de todo ser individual na terra. Esta é a única maneira pela qual realmente se pode amar "este mundo" -- porque você verá logo, que é impossível amar as aparências que este mundo nos apresenta. Consequentemente, se você olhar através destas aparências, para aquilo que elas realmente são, rumo ao que realmente lhes constitui o ser, chegará a um pleno estado de amor capaz de ajudar o teu ajudar o teu próximo, quer seja ele um homem, uma mulher ou criança, ou ainda um animal ou inseto. A sua conscientização concretiza essa verdade. Uma vez que você tenha percebido que existe uma Alma invisível, que é o ser real de todos, então você estará apto a olhar através das aparências, a olhar diretamente através dos olhos, para a verdadeira Alma que mora por trás da aparência humana, e assim alcançar o verdadeiro estado de amor por todos os seres.

"Ame seu semelhante através de uma atividade espiritual. Veja o amor como a substância que existe em tudo, não importando a forma com que se apresente. Ao nos elevarmos acima da nossa humanidade para uma dimensão superior de vida, na qual compreendemos que nosso próximo é um ser puramente espiritual, governado por Deus, nem bom, nem mau, estaremos amando realmente." (Joel Goldsmith - Praticando a Presença, 1956 )

Ao se treinar, olhando através dos olhos das pessoas e dos animais que se aproximam de você, automaticamente você atingirá o nível de consciência onde não mais estará amando, odiando ou temendo o mundo aparente, ou aquilo que Jesus chamou de "este mundo". Na proporção em que se aperfeiçoa nisto, poderá dizer com certeza: "Eu tenho superado este mundo. Não mais o amo, odeio ou temo; não mais tento me ver livre dele; não mais me debato ou luto contra ele; vejo através dele - através e além dele. Vejo o que realmente é: Deus. Vejo que aquilo que aparenta ser, não é senão uma imagem no pensamento feita do material de sonho do mundo".

Este é o segredo de todos os segredos; este é o segredo do viver espiritual; este segredo não é encontrado na literatura de este mundo. Quando você lê a mais inspiradora literatura, ainda que você a encontre inspiradora, usualmente terá os mesmos problemas a enfrentar no dia de amanhã. A literatura inspiradora do mundo, em si e por si, não é nada. Ela pode elevar-nos e fazer-nos mais receptivos ao Espírito, mas ela não nos dá a verdade necessária ao nosso desenvolvimento. E esta verdade é a de que as discórdias, limitações e desarmonias deste mundo, provêm do tecido da ilusão --"este mundo" -- o nada. Com este reconhecimento, você terá o segredo da superação -- a superação "deste mundo".