"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, setembro 30, 2010

Silêncio e quietude: os grandes segredos da Meditação

Joel S. Goldsmith


Sabe porque a demonstração da Verdade aprendida em O Caminho Infinito é tão reduzida? E porque os tratamentos e preces alcançam a tão poucos? Primeiro, porque na meditação é declarado conscientemente a Verdade sobre Deus, é conscientizada a natureza de toda forma de ilusão como isenta de substância, poder ou lei de sustentação, mas SE ESQUECE DE AGUARDAR, EM QUIETUDE, a certeza interna de que Deus é o único Poder, única Lei, único Ser!

Ao encarar um problema, esquive-se dele mentalmente e, de modo algum permita sua entrada em sua consciência. Declare ou pense em alguma Verdade sobre Deus, Seu Universo, Sua Presença e seu Poder. DEIXE QUE O PENSAMENTO SOBRE DEUS SE DESENVOLVA EM SEU ÍNTIMO! Declare ou pense tudo que você já sabe sobre a natureza do erro — pecado, doença, carência, morte. DECLARE QUE TUDO NÃO PASSA DE FORMAS DO MUNDO DA CRENÇA — consciência coletiva da raça, pensamento mesmérico criador de “nadas”. Em seguida, ESPERE! Espere quietamente, silenciosamente, numa atitude de expectativa. Ouça a Voz interna, o “click”, a libertação.

Contínuas meditações interiores, contínuas investidas ao centro de nosso ser, acabarão por nos levar à experiência do Cristo. Naquele instante, perceberemos o mistério da vida espiritual: deixaremos de nos preocupar com o que comer, com o que beber, com o que vestir. Deixaremos de fazer planejamentos; abandonaremos todos os esforços. Somente o Cristo pode viver Sua vida para nós, e encontraremos o Cristo dentro de nós mesmos, em meditação. O grau em que atingirmos a experiência do Cristo, a presença do Espírito de Deus em nós, determinará o grau de nosso desenvolvimento individual.

Pratique isso várias vezes por dia. Aproveite todas as oportunidades, tanto com os seus problemas como com os de outrem. Lembre-se: a busca não visa a um crescimento material, mas a realização do Cristo. Somos instrumentos pelos quais o Impulso espiritual destrói o conceito mortal para revelar o homem real cujo ser “está em Cristo”.

O fundamento da cura está na compreensão desta expressão: CRISTO-REALIZAÇÃO.

O grande segredo da meditação é o silêncio - não repetições, não afirmações, não negações – apenas o reconhecimento da totalidade de Deus, seguido de profundo e profundo silêncio, que anuncia a presença de Deus. Quanto mais profundo o silêncio, mais poderosa se torna a meditação.

Você deve honrar este silêncio. As coisas sagradas, que sejam mantidas em sua sacralidade: conservem-nas sagradas e secretas. Nada há, de natureza sagrada, que se deva compartilhar com alguém. Todos são livres para buscar Deus à sua própria maneira, e, a cada um, cabe se esforçar para achar o que está buscando.

Não há ocasiões para compartilharmos as experiências mais profundas, as nossas descobertas mais sagradas de nosso relacionamento com Deus, porque cada um é livre para seguir e fazer o mesmo. As coisas profundas e sagradas devem permanecer ocultas em nossa própria consciência. Quanto mais as mantivermos secretas e sagradas dentro de nós, maior será o poder.

Sente-se ou deite-se confortavelmente, relaxe o corpo, a mente, e sinta-se livre. Este estado receptivo exclui qualquer esforço mental. Você não estará procurando Deus; antes, estará simplesmente RECEBENDO O CRISTO, de modo relaxado, sossegado e pacífico; estará “sentindo” aquela Presença. E, nesse estado de receptividade, unicamente existe consciência, serenidade, pureza e paz. Não se prenda a nenhum desejo, motivo ou pensamento do ego — considere apenas idéias de pureza; pureza e objetivo espiritual; de pura alegria.

Conserve-se em paz, e a Palavra lhe virá: “Eis que estou convosco até o fim do mundo"... ”Eu nunca o deixarei nem o abandonarei”Eu Sou Você!



terça-feira, setembro 28, 2010

O modo natural de viver


Masaharu Taniguchi


É essencial transcender as dificuldades fenomênicas mentalizando: “Aspecto fenomênico, corpo carnal, matéria, nada disso existe de verdade”. Deve-se agir desse modo também no caso de doença. Se uma pessoa, ao sofrer de cólica, de diarréia, de febre alta ou de tosses persistentes, ficar com a mente presa a esses sintomas, acabará se estressando muito, o que causará esgotamento físico e diminuição de capacidade de recuperação. É preciso que a pessoa deixe de se ater aos aspectos ruins como febre, diarréia, tosses etc., ou seja, deixe de ver o aspecto fenomênico e mentalize a Imagem Verdadeira que existe por trás dele, e que é repleta de força curativa, de energia vital. Na verdade, a ocorrência de febre, de catarro, de tosse, de diarréia etc. faz parte da força curativa da Vida. Nada disso ocorre num corpo sem Vida. Contemplar a Imagem Verdadeira significa transcender o mundo fenomênico e visualizar o mundo regido pela Vida de Deus e repleto de força vital que promove a cura. Para isso, não há necessidade de fechar os olhos; basta compreender o significado dos sintomas. Mas, na prática, se ficarmos com os olhos abertos, não podemos deixar de ver o aspecto doloroso da enfermidade e ficar com a mente presa a essa imagem fenomênica. Na Bíblia, Evangelho Segundo João, existe um trecho em que Jesus diz: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos, por isso o vosso pecado permanece”. Com isso, ele quis dizer que, se estivessem com os olhos cerrados, as pessoas entenderiam realmente a Verdade, mas, estando com os olhos abertos, veriam como realidade os aspectos desagradáveis que não existem de verdade e não compreenderiam a sublimidade da Vida.

Algumas pessoas pregam que não há necessidade de mentalizar a “inexistência de doença” e que a cura ocorre quando a pessoa acolhe incondicionalmente a doença. Mas há fatos que contradizem isso. São Francisco de Assis, por exemplo, acolheu incondicionalmente a doença, até de bom grado, mas nunca se curou, viveu doentio a vida toda. No fim, por se dispor a aceitar incondicionalmente as mesmas feridas que Jesus Cristo sofreu na crucificação, passou a ter as marcas das chagas de Cristo. Enquanto admitir a existência de doença, é inevitável tornar-se sujeito às doenças. É essencial compreender, em primeiro lugar, o conceito do nada. O monge Mumon costumava escrever a palavra 'mu' (nada) uma atrás da outra, formando fileiras, e repetia a leitura várias vezes. Desse modo reiterava a inexistência das coisas fenomênicas e visualizava o que existe de verdade.

Existe uma escultura que mostra três macacos enfileirados. O primeiro está tapando os olhos, o segundo a boca, e o terceiro os ouvidos. A mensagem que eles transmitem é: “Não ver, não ouvir e não falar”. Significa que é preciso não se deixar iludir pelos sentidos físicos. O budismo prega sobre o “nada”, o “vazio”, e explica que tudo se origina do “nada”. Se o “nada” fosse simples inexistência, esta vida não teria nenhum sentido. Tanto faria estarmos vivos ou estarmos mortos. Aliás, talvez fosse melhor estarmos mortos, pois não precisaríamos nos alimentar, não adoeceríamos, não ficaríamos irritados nem brigaríamos. Se nada existisse realmente, seria melhor estarmos mortos. Mas o “nada” de que falamos aqui é o “nada” no sentido transcendental, que dá origem a tudo.

Mentalizar a inexistência de todas as coisas estúpidas do mundo fenomênico é promover a manifestação do mundo de Deus – o paraíso, a Terra Pura – que existe de verdade. Inúmeras vezes por dia, devemos fechar os olhos físicos para mentalizar a inexistência das coisas fenomênicas e, em seguida, abrindo os olhos da mente, devemos despertar para a Verdade de que existe aqui e agora o maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira, pleno de sabedoria, amor, Vida, provisão infinita e grande harmonia de Deus. A fundadora da seita Tenri provavelmente conseguiu se desligar completamente do mundo fenomênico e negar a existência da empregada que se envolvera com seu marido e tentara envenená-la; por isso, mesmo sofrendo os efeitos do envenenamento, conseguiu visualizar a Imagem Verdadeira e afirmou: “Aqui é o paraíso”. Em suma, a “grande negação” é outra face da “grande afirmação”.

Se nos limitássemos a negar o aspecto fenomênico do ponto de vista relativo, este mundo seria completamente destituído de sentido. Mas o que desaparece por meio de negação são coisas que não existem de verdade. Por mais que se neguem as coisas que existem de verdade, elas não desaparecem. Por isso, quando se persiste em negar os aspectos fenomênicos, finalmente permanecem apenas as coisas que existem de verdade. Então, manifesta-se a Imagem Verdadeira. Se você estiver vendo imagens fenomênicas constituídas de coisas desagradáveis, sofrimentos, aflições, doenças, pobreza etc., afaste-as da mente afirmando categoricamente a inexistência de tudo isso. Esse é um ato de autopurificação, que faz parte da purificação do Universo. Quando se consegue negar todos os aspectos fenomênicos, revela-se o “mundo Sumiyoshi”, o mundo em que todos podem viver em perfeita harmonia. É imprescindível a mudança de visão de vida. O budismo usa o termo eshin, que significa “conversão”; e o cristianismo fala em arrependimento e em “nascer de novo”. De nada adianta nascer de novo se não mudar a visão de vida. Este mundo é um só, mas pode gerar vários mundos conforme a visão de mundo das pessoas. Por exemplo, ao nascer o menino Taro, surge o mundo de Taro; ao nascer o menino Jiro, surge o mundo de Jiro, e assim por diante. Havendo aqui quinhentas pessoas, existem quinhentos mundos, pois cada uma delas vê o mundo conforme sua própria visão de vida. Embora estejamos todos no mesmo mundo físico, no mesmo espaço do Universo, o mundo de cada um varia conforme sua maneira de ver, de ouvir, de sentir, etc.


domingo, setembro 26, 2010

A Economia do "Nada" e a Medicina do "Nada"


Masaharu Taniguchi


A economia da Ittoen é chamada “Economia do Nada”, e segundo ela a riqueza infinita surge do nada. A Verdade de que “despojando-se de tudo, consegue-se tudo” é aplicada e comprovada pela Ittoen no campo da economia. Se admitirmos que só é possível viver possuindo bens materiais, não poderemos dizer que a Vida seja uma existência livre, independente e autônoma. Excetuando-se os que já alcançaram o despertar espiritual, as pessoas comuns precisam experimentar abrir mão da matéria. Só assim poderão saber se existe ou não a Vida que pode se sustentar sem a matéria. Quando a pessoa abandona a matéria e passa a não depender dela, a sua Vida ativa-se naturalmente. Como a Vida é dinâmica, ela infalivelmente entra em ação quando deixada ao natural. Todas as Vidas constituem uma só Vida do Universo, não havendo, na essência, separação entre o “eu” e o “outro”; por isso, quando uma Vida entra em ação de modo natural, necessariamente realiza um trabalho de amor que vivifica o todo. Não é o “eu” ou o “outro” que vive isoladamente; ambos atuam como uma só Vida universal. Consequentemente, a infinita força vivificadora do Universo vivifica a vida individualizada porque, na essência, não existe nem esta nem aquela Vida. A Vida é ação, é amor, ela é ilimitada, e possui infinita força vivificante; logo, o único caminho de toda criatura é viver.

Nesse ponto a Ittoen adotou um modo original de proceder, pois criou uma maneira de viver verdadeiramente, mostrando, com exemplos, que é possível viver sem depender de bens materiais. Outrora, eu também bati à porta da Ittoen e recebi os ensinamentos diretamente do mestre Tenko Nishida, que me orientou com muita bondade. Depois acabei afastando-me dela e nesse ínterim fundei a Seicho-No-Ie. A Seicho-No-Ie, que permite às pessoas desenvolver infinitamente o lar em vez de abandoná-lo, parece divergir muito da Ittoen – cujo lema é “Renunciar ao mundo e viver de acordo com a Natureza" –, mas ambas se identificam quanto a abandonar a matéria a fim de despertar para a Imagem Verdadeira da Vida (Jissô), livre e sem limitações.

Na Ittoen, as pessoas se desfazem de uma vez de todos os seus bens e ficam sem nada a fim de conscientizarem que a Imagem Verdadeira de sua Vida (o Eu Verdadeiro) pode viver sem depender de coisas materiais. Eu também já havia praticado a mendicância religiosa (andar de porta em porta recitando orações e pedindo esmola) e julgava ter compreendido, do ponto de vista filosófico-religioso, o princípio básico que alicerça o modo de viver da Ittoen, mas só vim a entendê-lo claramente depois que dei início ao “modo de viver da Seicho-No-Ie”.

A Ittoen diz: “Se você ficar sem nada, a Luz cuidará de você”. O significado real dessas palavras eu vim a entender recentemente, após compreender a Verdade de que o homem não é matéria. Antes, quando abandonei todos os bens materiais e vestia só uma túnica com um cinto de corda, imitando São Francisco de Assis, ainda pensava que o homem era, pelo menos em parte, um ser material. Mesmo eliminando os bens materiais, ainda me restava a matéria chamada corpo carnal (!), e por isso achava que era impossível ficar completamente sem nada. Com relação à afirmação “Ficando sem nada, tem-se a riqueza infinita”, eu interpretava que, se dispensássemos todos os bens materiais, receberíamos da Luz os elementos materiais necessários para sustentar o nosso corpo carnal. Era uma idéia infantil e simplista, mas na época eu só conseguia entender assim. Se existem pessoas com a mesma idéia a respeito do “viver sem possuir nada” preconizado pela Ittoen, devo advertir que tais pessoas estão vagando no mesmo nível de entendimento em que eu estava na época. É para esclarecer tais pessoas que estou escrevendo este artigo.

No início, quando me ensinaram que “No Universo, nada existe que seja meu; nada tenho”, interpretei isso do seguinte modo: “Como foi Deus quem criou este mundo material e nós somos simples administradores das coisas de Deus, não existe uma coisa sequer que seja nossa”. Era assim que eu pensava. Explicarei isso mais claramente. Eu sentia vagamente que era um ser espiritual, mas, por outro lado, não podia deixar de pensar que também era uma existência material. Esse “eu”, que seria sustentado pelas provisões materiais recebidas de Deus, precisava primeiramente abandonar “meus bens” para poder receber de Deus as provisões materiais. E pensava que tanto “meus bens”, que eu deveria abandonar, como os bens que me seriam fornecidos por Deus, ambos fossem coisas materiais. Dado o meu nível de entendimento na época, era natural que assim pensasse. Se eu tinha a vaga sensação de que era um ser material, era lógico pensar que Deus iria me fornecer coisas materiais para me sustentar. Por isso, considerava o fato de “abandonar os bens materiais” como um meio de receber de Deus o fornecimento ilimitado dos mesmos bens materiais. Efetivamente, a experiência nos mostra que os recursos necessários vêm a nós não se sabe de onde, quando estamos nos dedicando à humanidade, abandonando todos os nossos bens. A revista Hikari também traz muitos exemplos dessa natureza. Por causa disso, muitas vezes pensamos, erroneamente, que “Deus nos fornece recursos materiais para nos sustentar”. Isso nos faz concluir que “Se Deus não nos proporcionar recursos materiais, não poderemos viver”. Assim, chegamos à errônea conclusão de que “em suma, todos vivemos por meio da matéria”, com a diferença de que uns vivem com a matéria fornecida por Deus, e outros com a matéria obtida pela ganância. A diferença seria apenas quanto à “origem da matéria”. Seja qual for a origem da “matéria”, o homem não pode viver sem a “matéria”. Assim pensava eu.

Entretanto, o verdadeiro “modo de viver se nada possuir”, ou seja, a verdadeira “vida destituída da matéria”, não é algo tão superficial. Compreendi isso quando me foi revelada a grandiosa e sublime Verdade da Seicho-No-Ie: “A matéria é sinônimo do nada. “A matéria não existe; ela é sinônimo do nada. O homem, sendo filho de Deus e ser espiritual, não vive de matéria; a matéria não passa de projeção da mente”. Graças a esta revelação divina, pude compreender profunda e corretamente a essência da “vida destituída da matéria”. “A matéria não existe; o homem não é sustentado pela matéria; o homem é um ser espiritual e é sustentado pela Palavra de Deus” – se esta verdade fundamental não penetrar na alma, de nada adianta a pessoa abandonar a matéria, pois estará dependente da “matéria proveniente de Deus”, e isso não será a verdadeira “vida espiritual e livre destituída da matéria”. Será uma vida que continua a depender da matéria, e a pessoa não poderá despertar para a natureza verdadeira e plenamente livre da Vida do homem, isto é, do filho de Deus.

Suponho que dentre os seguidores da Ittoen haja muitos que já atingiram esse nível de compreensão, mas pode haver outros que não. Estes últimos, mesmo abandonando todos os bens materiais, podem estar esperando pela “matéria que vem de Deus” e, como acham que não é possível viver sem a matéria, pensam que podem recorrer à matéria proveniente de Deus. Se eles pensam que o homem não pode viver sem a matéria, isso prova que ainda existe, no fundo de sua mente, a idéia de que o homem é uma existência material. Tais pessoas não estão com a alma verdadeiramente salva. A meu ver, o fato de a Ittoen aconselhar a abandonar primeiramente todos os bens materiais não tem por objetivo reavê-los novamente, e sim dar à própria pessoa a oportunidade de compreender que ela não é uma existência material. Poderá alguém discordar, retrucando que tanto os seguidores as Ittoen como os da Seicho-No-Ie mantêm-se vivos ingerindo alimentos materiais. Porém, se tal pessoa compreender a Verdade de que a matéria é o “nada”, é projeção da mente, compreenderá que o alimento que ingere não é matéria.

No livro Vimalakirti, no capítulo Hoben (“Expediente”), conta que “este corpo é produto da ilusão”. A matéria é projeção da mente, e o corpo carnal também é projeção da mente. O nosso Eu Verdadeiro não é corpo carnal, e este não é matéria, mas projeção da mente. Quando compreendi isso, tornei-me completa e verdadeiramente destituído da matéria: fiquei “sem nada”! Isto porque, quando a pessoa compreende realmente que nem a matéria nem o corpo são existências verdadeiras, não existe mais matéria alguma para ela (somente para ela). Antes de compreender esta Verdade, a pessoa não consegue ficar verdadeiramente “sem nada”, pois, embora se desfaça de todos os seus bens, não pode jogar fora o seu corpo carnal. Depois da compreensão, porém, pode tornar-se verdadeiramente “sem nada”.

Ainda não estive no templo Kosenrin (academia da Ittoen, em Kyoto) mas ouvi dizer que é uma bela obra, construída em grande área. Há quem critique o seu fundador, dizendo: “Tenko diz que não possui nada, mas possui um templo magnífico”. O sr. Tenko responde: “Eu não possuo templo. Meu lugar é na rua. Estou sempre na rua”. Antes eu interpretava essas palavras literalmente e imaginava o sr. Tenko perambulando pelas ruas. Só recentemente é que entendi o verdadeiro significado dessas palavras, ao compreender a Verdade de que “a matéria não existe”. Para quem entendeu que “a matéria não existe”, mesmo um templo pomposo como o de Koserin não passa de uma miragem; é como uma ilusão de óptica criada por um mágico. Para mim, o sr. Tenko, mesmo instalado dentro de um templo suntuoso, está completamente destituído de matéria, pois ele conhece a Verdade de que “a matéria é nada”. Ao contrário dele, os que não conhecem a Verdade que “a matéria é nada” continuam com a posse da matéria mesmo que se desfaçam de todos os seus bens, já que possuem o corpo carnal.

Nós somos filhos de Deus, seres espirituais, e não somos matéria nem carne – é nesta compreensão que se baseia a “Economia do Nada” da Ittoen, e na mesma compreensão se fundamenta também a “Medicina do Nada”. Para comprovar a Verdade de que a “a matéria não existe” e de que “o homem é filho de Deus e encerra o infinito em seu interior”, a Ittoen experimenta abandonar todos os bens materiais. Para comprovar a mesma Verdade, a Seicho-No-Ie abandona todos os remédios e tratamentos materiais. Desta forma, comprova que o homem é Vida, que pode sustentar-se e viver com sua própria força, sem se apoiar na matéria.

A medicina atual não é a “Medicina do Nada”; é a medicina da inteligência da serpente, que “preocupa-se com o que comer e o que beber”. Ela manda comer ou beber especialmente determinados produtos materiais. E para os pobres que não podem adquirir os remédios materiais isso se torna um drama. Um seguidor da Ittoen, por exemplo, que não possui bem algum nem dinheiro para comprar remédio, embora possa demonstrar que é possível viver segundo a “Economia do Nada” não poderá demonstrar que é possível manter a saúde sem tomar remédio, enquanto confiar na “medicina que se preocupa com o que comer e beber”. Por não ter a convicção de que é possível viver sem remédio, e de que a doença se cura melhor sem remédio, se ele adoecer, apesar de sua Vida proveniente de Deus possuir infinita força curativa, essa superstição de que “a doença não se cura sem remédio” inibirá a força vital (poder curativo natural) recebida de Deus, retardará a cura e poderá levar à morte prematura. E talvez esse adepto se conforme, pensando: “Morro tão cedo porque a Luz assim quer; seja feita a Sua vontade”. E também as pessoas que presenciarem seus últimos momento o elogiarão, dizendo: “Foi uma morte serena; ele retornou para a Luz”. De fato, muitos morrem serenamente, terminada a sua missão na Terra. Entretanto, dentre aqueles que morrem dizendo que “vão se entregar à Luz”, pode haver alguns que se entregam à superstição do remédio – à ilusão e não á Luz. Talvez eles pensem da seguinte maneira: “Eu já estava doente quando comecei minha vida de mendicância religiosa, mas me esforcei demais, sem tomar remédio algum, nem ir ao médico; esse excesso é que me fez mal; entretanto, a um adepto da Ittoen, tombar durante a sua vida de mendicância é o mesmo que um soldado morrer em campo de batalha”. Tal pensamento pode parecer comovente e nobre, mas, na verdade, a pessoa está presa a uma ilusão. Que ilusão? A de que “esforçou-se demais, sem tomar remédios”. A Vida do ser humano é natureza divina, é filho da Luz; portanto não tem fundamento dizer que “é preciso tomar remédio para se curar” ou que “o excesso de trabalho faz mal”. Uma vez que a essência do homem é natureza divina, não há como sofrer algum mal por excesso de trabalho. Por mais que ele trabalhe, nunca será excessivo. Às vezes, a revista da Ittoen informa que um determinado adepto está acamado com estafa; eu, entretanto, afirmo que é impossível o homem fatigar-se porque sua natureza é divina. Talvez possam pensar que faço afirmações absurdas, mas isso é uma Verdade confirmada por grande quantidade de cartas de agradecimento das pessoas cujas doenças desapareceram quando eliminaram a ilusão, lendo a Seicho-No-Ie, compreendendo a Verdade e aplicando-a na vida real.

Sempre lamentei o fato de faltar no modo de vida da Ittoen – no viver desprovido da matéria – algo como “medicina desprovida da matéria”. E agora sinto-me feliz em concebê-la e oferecê-la ao sr. Tenko, criador da “economia desprovida da matéria”. O sr. Tenko demonstrou que a “dificuldade de subsistência não existe”. Poderá alguém contestar: “Como não existe a doença, se estou doente?”. Mas essa doença não tem existência própria e real; é algo irreal manifestada pela sua mente em ilusão. Contestar a mim seria o mesmo que contestar o sr. Tenko, dizendo: “Como não estou em dificuldade de subsistência, se estou em dificuldade?”. Nem a dificuldade de subsistência nem a doença existem no mundo criado por Deus. Nós é que nos iludimos e permitimos que nossa mente em ilusão manifeste dificuldade na vida ou doenças. Elas desaparecem quando afastamos a ilusão.

Mesmo que alguém abandone seus bens materiais e adote o modo de viver da Ittoen, terá dificuldades se não despertar para o fato de que a sua própria Vida é Luz, é Deus. O abandono dos bens materiais é apenas um meio/artifício/expediente para compreender que a sua Vida, divina por natureza, é infinitamente rica (não apenas economicamente, mas também em força para viver). Não adianta buscar apenas o meio (expediente), sem compreender a finalidade. A “riqueza infinita no aspecto econômico”, já foi demonstrada pelo sr. Tenko. Compreendendo agora a “riqueza infinita quanto a força vital”, a Ittoen tornar-se-á completa. Ainda que um praticante da Ittoen tenha despertado para a riqueza infinita no tocante ao aspecto econômico, se ele não despertar para a riqueza infinita da força vital, adoecerá e tombará no “campo de batalha” da mendicância religiosa.

É recomendada como terapia para a Ittoen o método do Sr. Kurakichi Hirata, o qual cura uma série de doenças picando uma parte da epiderme com uma agulha aquecida. Sabem os leitores por que as doenças se curam com método tão simples? É porque a doença não existe originariamente. Compreendendo isso, a doença retorna ao nada naturalmente. O dr. Mikitaro Nishimura, ex-chefe do departamento de oftalmologia do Hospital da Província de Hyogo, tem a opinião de que todas as doenças provém de anomalia nos olhos. Ele cura doenças cardíacas, nevrálgicas, estomacais e todas as demais aquecendo os olhos com compressas quentes. E realmente as doenças se curam. Curam-se porque, originariamente, não existem. Como as pessoas pensam que existe a doença – que na verdade não existe –, esse pensamento (ilusão) delas reflete-se no corpo carnal sob a forma de doença. Portanto, se estimularmos qualquer parte do corpo, fazendo o paciente acreditar que isso cura, essa fé irá refletir-se em seu corpo e curará a doença. Recentemente, uma pessoa que trabalhou na famosa Clínica de Acupuntura Rikita, em Hiroshima, veio à Seicho-No-Ie para treinamento espiritual e nos contou o que o diretor Rikita costuma dizer: “Se as agulhas penetrarem a fundo até atingir os nervos, provocam mal-estar, e os pacientes não gostam disso. Por isso aplico as agulhas pela metade e não as introduzo até chegar aos nervos. Mesmo assim, os pacientes ficam curados porque acreditam na minha acupuntura”. Assim, estimulando os olhos ou qualquer outra parte do corpo e fazendo o paciente acreditar na cura, a doença se cura porque ela não existe verdadeiramente, sendo apenas uma imagem aparente projetada pela mente em ilusão.

Apresentando provas concretas de que a doença se cura somente com a compreensão da Verdade de que “a doença não existe” e que “o homem, por ser filho de Deus, não se cansa por mais que trabalhe”, a Seicho-No-Ie criou a “Medicina do Nada”. A Ittoen, que já havia criado a “Economia do Nada” que permite vive sem posse alguma, conhecendo agora a “Medicina do Nada” que permite ter saúde sem o uso de recursos materiais, viu aperfeiçoada e completada a sua filosofia de que “do nada surge a riqueza infinita”. Com a compreensão desta Verdade, desaparecerá a presunção de que “retorna à Luz pela vontade divina” quando, na verdade, a pessoa adoece e encurta sua vida com a sua própria ilusão.

Ainda há dias, perguntei a um adepto da Seicho-No-Ie de físico forte se ele tinha necessidade de receber graças para sua saúde mediante a leitura das obras da Seicho-No-Ie. Ele respondeu que, como fiscal de obras do Ministério das Estradas de Ferro, às vezes era obrigado a ficar dois dias e duas noites trabalhando. Ao cabo desse período, ficava com a cabeça atordoada, sem apetite e indisposto o dia inteiro. Mas, depois que conheceu a Verdade pregada pela Seicho-No-Ie, não sente nenhuma fadiga após 48 horas de trabalho e tem muito apetite. Isso prova que seu cansaço não provinha de “causas naturais”, mas da ilusão de que “o homem se cansa se não dormir”. Acumulando cansaços criados pela ilusão, e acumulando ainda mais a ilusão de que o acúmulo de cansaços provoca doenças, a pessoa acaba por adoecer mesmo. Essa doença é obra da ilusão e não da Luz. A Luz é Deus, é benevolência, e portanto jamais causa doença no homem.

Mesmo na Ittoen, quando seus praticantes se libertam do “eu ilusório” em termos financeiros e revelam cada vez mais o seu “verdadeiro Eu”, podem chegar a manifestar a capacidade ilimitada inclusive no aspecto da saúde, obtendo resultados que transcendem a medicina, como demonstrou por experiência o sr. Tenko, que no hospital-escola da Faculdade de Medicina da Universidade de Kyoto submeteu-se a uma dieta destituída de vitamina B1 e mesmo assim não contraiu beribéri. Talvez porque poucas pessoas tenham atingido o mesmo nível espiritual do sr. Tenko, costuma-se dizer que se cansa ou que o cansaço acumulado gera doença. Cansa-se porque se acredita na superstição de que o homem é uma máquina material que se desgasta pelo uso. O homem não se desgasta pelo uso porque não é matéria. As pessoas tendem a ver só o corpo carnal e a pensar que o homem possui energia limitada, mas isso não corresponde à verdade. A Seicho-No-Ie afirma, partindo da premissa da inexistência da matéria, que o “corpo carnal inexiste; é projeção da mente”. Uma vez que o corpo carnal é projeção da mente, se pensarmos na cura, seremos curados; se pensarmos em cansaço, ficaremos cansados; e se pensarmos que somos limitados assim seremos; e se pensarmos que somos ilimitados, manifestaremos energia ilimitada.

Poderão pensar que é um absurdo afirmar que pode surgir no corpo carnal uma energia ilimitada. Entretanto, se a pessoa compreender que o corpo carnal inexiste originariamente (tornar-se verdadeiramente “sem nada”), que tal corpo é projeção da mente e que a essência do homem é inseparável de Deus (fonte da força infinita), manifestar-se-á na “projeção da mente” (no corpo carnal) a força infinita.

Há pouco tempo, uma jovem senhora teve uma criança. Ela é magra e tem mamas pequenas. Durante duas semanas, a parteira vinha cuidar do bebê e dizia quase todos os dias: “Com seios tão pequenos, logo estará faltando leite”. Tanto a parteira como a mãe do bebê pensavam que o leite provinham dos seios materiais e que sua quantidade fosse proporcional ao tamanho das mamas. Esse pensamento projetou sua “sombra” no corpo, reduzindo a quantidade de leite. Quando fui consultado, disse que “o leite humano é fornecido por Deus para alimentar o recém-nascido; ele vem de Deus, que é Vida infinita, e não das mamas materiais. Conscientizando que a provisão vem da Vida infinita de Deus, essa tomada de consciência refletir-se-á no corpo como projeção da mente e haverá leite suficiente”. Alguns dias depois, seu leite voltou a ser abundante.

A Seicho-No-Ie demonstrou no aspecto da saúde a Provisão infinita de Deus, a qual se estende também ao aspecto econômico-financeiro. A Ittoen demonstrou a provisão infinita da Vida, partindo do âmbito financeiro para o da saúde. Por isso, considero a Ittoen e a Seicho-No-Ie como duas rodas da mesma carroça.

Pode haver quem pense que a insuficiência de leite ou cansaço proveniente do excesso de trabalho possam ser curados pela conscientização da “Vida inesgotável que vem de Deus”, mas não as doenças incuráveis como câncer, tuberculose, e outras. Entretanto, como as doenças não existem verdadeiramente, é impossível que não sejam curadas quando a pessoa compreende realmente a Verdade. Como prova disso, cartas e mais cartas de relatos que venho recebendo dos leitores da revista Seicho-No-Ie que obtiveram a cura de câncer, tuberculose, pleurite, cárie óssea, esterilidade, etc., apenas lendo sobre a Verdade. Os doentes que estejam lendo este artigo, e que com ele concordem, já devem estar sentindo alguma melhora. Outro dia proferi na Editora Seiko, no edifício Osakado, uma conferência, a qual foi publicada na revista O Espírito e a Vida. O artigo impressionou tanto um leitor, que o leu cinco vezes. Na manhã seguinte, surpreendeu-se com a cura das hemoróidas que vinham resistindo a todo e qualquer tratamento. Maravilhado, veio agradecer-me. Eis a comprovação, na vida concreta, da Verdade de que a Vida se cura por si mesma, sem recurso material algum.


(Do livro “A Verdade da Vida”, vol. 04, pgs. 213 à 227.)


sexta-feira, setembro 24, 2010

A Ciência Cristã e a Filosofia Hindu - parte 2 (final)

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Paramahansa Yogananda


As ilustrações acima, da senhora que jejuou por quarenta anos e da grande compostura mental do Senhor Shankara quando ameaçado com morte imediata, mostram como os hindus são práticos em seus conhecimentos sobre a superioridade do poder da mente sobre a consciência material. O corpo do homem é como uma bateria molhada. Em parte, depende externamente de carboidratos, líquidos, oxigênio e determinados produtos químicos para alimentar o corpo; e internamente depende da vibração cósmica da vida corrente que flui através da medula para o corpo do homem. "O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus ".

Então a vida do homem não depende somente de pão, (alimentos materiais de substância sólida, líquida ou gasosa), mas de toda palavra (unidade de energia vibratória) de Deus (energia cósmica).

Estando mentalmente identificado com o corpo e o alimento, o homem se esquece de que, se lhe faltar a energia vital interior, nenhuma quantidade de dieta ou oxigenação do corpo pode permitir-lhe viver. Se o estômago de um homem morto for recheado de boa comida e os pulmões forem inflados com oxigênio, ele não reviverá. Externamente, o alimento ajuda a manter a vida no corpo, mas a força da vida é mantida a partir de dentro. E quando a Corrente Cósmica deixar de abastecer a vida partir do interior, nenhum apoio material exterior será de qualquer proveito.

Aqueles que nunca jejuam não sabem que o homem pode viver pela Palavra de Deus, ou pela energia que flui de Deus. Jesus jejuou por quarenta dias, a fim de se convencer de que sua alma subiu acima das condições corporais. Por isso ele proferiu, quando foi tentado pela consciência material da fome, as palavras "O homem não vive somente de pão", etc.

Assim, os estágio prévios do jejum realizado durante semanas são marcados pela fome, mas conforme os dias de jejum se multiplicam, menos fome e uma maior liberdade dos alimentos serão sentidos. Por que? Porque a alma é feita naturalmente para depender/funcionar a partir da fonte interna de abastecimento. Isso pode ser conseguido através da negação da fonte externa de abastecimento de alimentos. Mas este método do jejum é apenas um dos métodos físicos de elevar-se acima da consciência da matéria. Nenhum aspirante espiritual deve indiscriminadamente entrar em longos jejuns sem orientação especializada. O jejum parcial, que se realiza omitindo uma ou duas refeições por dia, ou o que se abstém do alimento por um dia a cada semana, feito com o único propósito de esquecer o alimento, e seguido por profunda meditação, é útil na realização espiritual.

O Cientista Cristão geralmente emprega imaginação forte, desenvolvida pelo estudo de "Ciência e Saúde", a fim de curar suas doenças físicas e convencer-se da não existência da matéria. Mas há um elemento mais poderoso no homem, diz o mestre hindu - a Vontade -, pelo desenvolvimento da qual o homem pode converter seu corpo em uma bateria seca, abastecendo seu corpo com a corrente vital do interior da Fonte Cósmica, e viver sem comida, produtos químicos, ou remédios. Isto requer uma longa prática, e é difícil, mas a maneira mais fácil é aprender a tratar o corpo como uma bateria molhada e viver mais pela Força Vital extraída por meio da Vontade interior, e menos pelo alimento material.

A Vontade é o grande gerador interno de energia para o corpo. Quando alguém não sente vontade e não está disposto a fazer o seu trabalho diário, a pessoa sente falta de energia no sistema. Por outro lado, quando se trabalha incessantemente, mas de bom grado, com dedicação e amor ao serviço, a pessoa sente seu corpo magnamente preenchido de energia. Imagine que um homem esteja deitado tranquilamente num sofá: será que ele, apenas por estar lá, não sentirá vontade de movimentar seus membros ou músculos, ou não sentirá vontade de imaginar, pensar, sentir e irá, ao invés disso, permanecer continuadamente neste estado passivo? Pode ele assim viver? Não.

Deste modo, os movimentos do corpo e os processos físicos são iniciados por meio da Vontade - surgem através da Vontade -, quer de forma consciente ou inconsciente. Portanto, quando se aprende o mais elevado método ou ensinamento metafísico, de forma a viver unicamente pela Energia da Consciência e pela Vontade, compreende-se por fim que a força mental é auto-suficiente, indepentente, autônoma, que ela basta a si mesma, e pode-se então viver sem se estar condicionado pelas necessidades e exigências do corpo.

É aí que entra o método de aprendizagem da arte da concentração, através da qual o indivíduo pode transferir a atenção, por meio da Vontade (que nasce e é desenvolvida mediante a dominação do corpo), para o espírito, a fim de se destruir a identificação bruta da alma com o corpo, uma vez que essa identificação é a única causa de a alma atribuir a si todas as fraquezas e as doenças do corpo.

Para consertar um osso quebrado, o médico, um filho de Deus, com a ajuda das leis materiais criadas por Deus, desenvolveu um método quase perfeito de fixação do ossos. Por que, então, a um leigo que sofre com seus ossos quebrados, exigir que desenvolva e aprenda métodos mentais que apenas os mais desenvolvidos, familizarizados com a lei de materialização e desmaterialização das vibrações atômicas e dos tecidos do corpo, são capazes de realizar? Até que a crença no poder da mente seja transformada em conhecimento exato, o leigo poderá incorrer no sério perigo de se desiludir e se decepcionar. O simples 'ignorar a doença' pela crença na saúde não é o suficiente para impedir o progresso de uma doença, porque o funcionamento das leis físicas/materiais de Deus são tão verdadeiras como as Suas leis mentais. É por isso que muitos já morreram de doenças, apesar de acreditarem na cura mental. A fim de que se esteja absolutamente seguro e convicto nos resultados da cura mental, o indivíduo deverá antes cuidar regularmente de desenvolver os seus poderes. Jesus sempre teve certeza de suas curas porque ele havia estudado e sabia exatamente o que estava fazendo.

Os inspirados mestres hindus estão estritamente em acordo com os princípios básicos da Ciência Cristã. Todavia, eles se expressam por um modo diferente. Ao invés de afirmarem, como afirma o Cientista Cristão, que a matéria não existe, eles dizem que a matéria é força mental materializada, energia sutil que adquiriu concretização/corporificação, e provam suas declarações através de seus poderes de materialização e desmaterialização da matéria.

A Ciência já provou que a matéria é composta de vibração. Os noventa e dois elementos materiais, que entram na composição de todo o universo - das estrelas até os seres humanos -, nada mais são que formas diferentes de vibração eletrônica. Por exemplo, no gelo encontramos frieza, peso, forma - ele é visível. Mas se derreter o gelo, ele vira água. Passe eletricidade através dela, e ela se converte em H20 invisível (ar) que, analizado melhor, também é uma forma de vibração eletrônica. Assim, podemos afirmar cientificamente que o gelo não existe embora seja perceptível aos nossos sentidos da visão, paladar, tato, e assim por diante. Na realidade sua essência é composta por elétrons invisíveis ou formas de energia. Noutras palavras, não se pode afirmar que aquilo que pode ser dissolvido ao seu estado invisível tenha existência válida. Nesse sentido pode-se dizer que a matéria não existe - mas somente neste sentido! -, porque a matéria tem existência relativa, ou seja, a matéria existe em relação à nossa mente e existe como expressão de forças eletrônicas existentes que são imutáveis e imortais. Assim como a criança não poderia ter nascido sem os pais, da mesma forma a matéria depende da precedência da mente para ter sua existência. Ela nasce da Mente Divina, porém é perceptível à mente mortal, e em si mesma e por si só não tem realidade nem existência. O hinduísmo fornece/supre o elo perdido entre a matéria e a mente como sendo energia, assim como o elo perdido entre o gás H2O invisível e o gelo - eles são água. Água e gelo são ambos manifestações de H2O invisível: suas existências são apenas aparências formais, transitórias... Da msma forma, mente mortal e matéria são manifestações formais/aparentes da Consciência Divina; mas, essencialmente, só existe a Mente Divina.

Em um livreto muito interessante de Swami Abhedananda intitulado "A Ciência Cristã e o Vedanta", são feitas as seguintes observações: "A Ciência Cristã, negando inflexivelmente a existência da matéria e da mente mortal, nega a existência do mundo fenomenal e reduz este a nada. Essa dificuldade, contudo, não surge na filosofia Vedanta, porque ela não nega a existência da matéria, da mente e de tudo o que está no plano fenomenal, apesar de nos dizer que o mundo é irreal, que a matéria é irreal e que a mente é irreal. Ela reconhece sua existência, mas acrescenta/ressalva que essa existência não pode ser separada da existência absoluta. Se Brahman, ou a existência absoluta, é tudo em todos, então tudo o que existe no plano fenomênico é, na realidade, Brahman, ou a Verdade Absoluta. A realidade da cadeira, da mesa, da terra, do sol, da lua e as estrelas, é a existência absoluta, é a própria Divindade. A realidade em vós, em mim, e em todos os seres vivos, é o mesmo que a realidade absoluta do universo; é apenas devido a nomes e formas que a Realidade Una parece ser muitos. Como, por exemplo, quando a substância "argila" assume formas e nomes diversos, em inúmeras variedades, tais como "panelas", "potes", "tijlos", etc. Do mesmo modo, a Realidade Única e Absoluta, quando vestida com diferentes nomes e formas, parece ser o sol, a lua, as estrelas, os animais, os vegetais, etc."

"Os nomes e as formas obviamente não possuem Realidade Absoluta, mas têm realidade condicionada; ou, em outras palavras, apenas existem em relação às nossas mentes. Segundo o Vedanta, o mundo é real, só que ao mesmo tempo não é o que parece ser; ele não é da forma como os nossos olhos o vêem agora, porque os olhos materiais iludem por não captar toda a sua realidade. Esse é o significado de "ilusão" no Vedanta. Por exemplo, aqui está uma cadeira. O conteúdo desta cadeira é a realidade absoluta, porque a realidade absoluta é toda-penetrante/presente, Um. É em ti, em mim, na mesa - é em todas as coisas. Isto que confere realidade à cadeira é um com a Realidade Absoluta. Mas a cadeira aparece como "cadeira" apenas enquanto está vestida com o nome e forma de cadeira. Se pudermos separar mentalmente o nome e a forma da substância/conteúdo (que é o que a cadeira realmente é), restará apenas o elemento comum. Retire o nome e a forma da substância - e átomos e moléculas remanescerão. Não haverá nada além de Eterna Energia, e esta é inseparável da Substância Absoluta. Desse modo, se pudermos separar os nomes e formas do conteúdo, todos os objetos fenomênicos podem ser reduzidos à substância única que é a Realidade Absoluta do universo."

"Nesta era de agnosticismo e materialismo, a Ciência Cristã tem feito um trabalho admirável, em fazer as pessoas perceber que este mundo fenomenal é como uma "terra de sonhos", e que todos os objetos dos sentidos são nada mais do que objetos vistos em sonho. Este não é um pequeno ganho para as mentes ocidentais, porque quanto mais nos dermos conta de que este mundo é um sonho, mais nos aproximamos da Verdade Absoluta. A este respeito, o que a Ciência Cristã está atualmente tentando realizar neste país, tem sido feito pelo Vedanta na Índia há séculos. Além disso, a Ciência Cristã tem prestado um grande serviço à humanidade, demonstrando o poder da mente sobre o corpo, o poder do Espírito sobre a matéria. Embora estas verdades nem de longe sejam novidades para os mestres espirituais, sábios e maiores filósofos de todos os países, ainda em nenhum outro país e em nenhuma outra época existiu um movimento tão bem organizado como o movimento que começou recentemente pela Sra. Eddy, sob o nome de "Ciência Cristã". Assim, como o Vedanta, a Ciência Cristã trouxe saúde para muitos corpos doentes e descanso para mentes enfraquecidas."

O poder de cura é uma propriedade natural de cada alma individual. Em todos os tempos existiram curadores notáveis por toda a parte - entre os hindus, budistas, mulçumanos, e os de outros credos religiosos. É um grande erro acreditar que o poder de cura provém de qualquer fonte externa ou da crença 'nisto' ou 'naquilo'. É desenvolvido por viver uma vida correta, em conformidade com as leis morais e espirituais da natureza... Se lermos a história religiosa do mundo com cuidado, veremos que muito antes do nascimento de Cristo, o mesmo poder de cura pela Mente ou Espírito era praticado pelos seguidores de Buda com um sucesso maravilhoso. Onde quer que os budistas viajassem, curavam a doença sem valer da utilização de drogas ou remédios. Os iogues da Índia também não usam drogas na cura de doenças, mas dependem inteiramente do poder espiritual através de uma vida correta e da prática do Yoga. O poder de cura é universal e não pode ser confinado aos limites ou reivindicado como exclusivamente pertencente a algum credo, seita, religião ou livro.

Retomando nossa discussão sobre a mente e a matéria: Compreendemos que as forças eletrônicas cegas e não-inteligentes da criação (matéria e mente mortal), a fim de que sejam fatores criativos da Inteligência Divina, devem conter em si as vibrações da Consciência Cósmica Divina de Deus. Deus declarou: "Haja Luz", ou seja, o Criador vibrou tal idéia em Sua Consciência, que produziu a luz, a energia, a consciência corrente da vida e os elétrons - de vibração mais grosseira -, que se tornaram as diversas forças sutis da natureza, a qual, por sua vez, converteu-se em matéria bruta e nos noventa e dois elementos de matéria que constituem o universo material.

Para a consciência/mente humana, a matéria é tanto real como perceptível. Contudo o homem descobriu, através da investigação teórica, da lógica e de certos experimentos (como ser capaz de converter um pedaço visível de gelo em uma força invisível), que há uma força permanente e inalterável por trás de todas as formas ilusórias e transitórias da criação material. Esta verdade pode ser compreendida mediante uma ponderação do fato e do modo como o oceano existe: suas ondas não têm existência permanante, mas são apenas as formações temporariamente assumidas através de manifestações de uma grande e única substância. Ondas não podem existir sem o oceano, mas o oceano pode existir sem as ondas. Assim a matéria não pode existir sem o Poder Divino da Mente, mas o Divino Poder da Mente existe sem a matéria. Esses conceitos podem ser intelectualmente compreendidos, mas não poderão ser realizados até que se aprenda um método consciente de se converter matéria em energia consciente, e energia consciente em Consciência Cósmica, como Jesus e tantos outros Santos hindus foram capazes de fazer. Para tais iluminados, a matéria de fato não existe porque Eles vêem e compreendem o completo e total Oceano imutável do Espírito sob as ligeiras ondulações da criação fenomenal.

O Universo tem sido descrito pelas filosofias do Vedanta e do Yoga como sendo um sonho de Deus. A matéria e a mente, o universo, os planetas; as forças humanas dos sentimentos, da vontade e da consciência; os estados de vida e morte; a doença e a saúde; a realidade densa e concreta da matéria e as realidades mais sutis abaixo do nível da matéria - tudo é real consoante as Leis da Relatividade que governam este sonho de Deus. Todas as dualidades percebidas através da Lei da Relatividade são reais para o sonhador, para o homem comum que desempenha o seu papel neste grande sonho de Deus. Para escapar destas dualidades, o indivíduo deve despertar deste sonho e acordar para a eterna e Divina Consciência/Realidade Iluminada. Não podemos mudar o sonho de Deus só pela mera imaginação ou negação da matéria, ou por meio da aceitação da vida e rejeição da morte, ou pela busca só da saúde e fuga da doença. Um estado é parte de seu estado oposto - fazem parte um do outro -, assim como fazem os dois lados de um mesmo tecido. As dualidades são partes e parcelas integrantes do outro. O homem que vê o seu corpo diferente da mente, que não pode desmaterializar seu corpo em Energia Eletrônica, que não pode ver a incoerência/contradição de rejeitar a medicina e aceitar o alimento, ou de negar a doença e afirmar a saúde, ainda é um homem sob a ilusão do sonho mundano. Assim como o homem comum tem sonhos que parecem reais enquanto dorme, mas que perdem a sua realidade quando sai para o estado normal de vigília - assim é possível a cada um despertar algum dia desta realidade mundana, que é aparente e ilusória, e viver na Consciência Cósmica eterna de Deus.

O super-homem, aquele que despertou em Deus pela transferência e expansão de sua consciência para o mundo da realidade imutável - só Ele pode realizar/perceber esta criação como um sonho de Deus, só Ele possui autoridade para dizer que a matéria é inexistente. Através de uma longa série de medidas de auto-disciplina, através dos diferentes caminhos do Yoga, ou através de qualquer método de aperfeiçoamento espiritual - como a prática do serviço, do amor, da sabedoria e da abnegação -, o Aspirante sobe além das garras, além dos limites da dualidade e da impermanência de todas as coisas criadas, para a incompreensível grandeza de Seu verdadeiro Ser.


terça-feira, setembro 21, 2010

A Ciência Cristã e a Filosofia Hindu - parte 1

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Paramahansa Yogananda


Talvez seja matéria de bastante interesse para muitos Cientistas Cristãos saber que a grande precursora de sua fé, a sra. Mary Baker Eddy, estudou as escrituras hindus. Esse fato está evidenciado/explícito nas citações das Escrituras hindus, feitas por ela, nos livros publicados de 'Ciência e Saúde' até a 33ª edição. Até a referida edição, encontramos inserido os seguintes trechos - de Sir. Edwin Arnold - da tradução do Bhagavad-Gita:

"Jamais o Espírito foi nascido;
Nunca o Espírito cessará de ser - jamais;
Jamais existiu um tempo em que Ele não era:
Fim e Princípio são sonhos!
Não nascido, imortal e imutável
remanesce o Espírito para sempre;
A morte jamais O tocou."


Novamente, no mesmo capítulo a Sra. Eddy faz referência a outra tradução do Bhagavad-Gita . Na página 259 da 33ª edição, ela diz:

"Os antigos filósofos hindus compreenderam algo acerca deste Princípio, quando assim disseram em sua Canção Celestial, segundo a prosa de uma antiga tradução:

'O sábio... não se lamenta nem pelos mortos,
Assim como também pelos vivos.
Eu, de mim mesmo, nunca fui, nunca existi - e tampouco tu,
E nem todos os príncipes da terra;
Também nunca haverá o tempo quando cessaremos de ser.
Assim como a Alma, nesta forma mortal,
Encontra a infância, juventude, e a velhice,
Também em formas futuras as encontrará.
Aquele que está firmado nesta convicção
Por nada pode ser perturbado - nada que possa vir a ocorrer.
A faculdade dos sentidos
Permite as sensações de calor e frio, o prazer e a dor,
Os quais vêm e vão, sendo transitórios e inconstantes.
Suporte com paciência a dualidade;
Para o homem sábio, a quem nada pode perturbar,
E a quem o prazer e a dor são indistintos,
realiza-se a imortalidade.'
"

Essas duas citações do Bhagavad-Gita ou Canção Celestial, que contém a essência dos Vedas, a Bíblia Hindu, podem ser encontradas no 7º capítulo da sra. Eddy, denominado "Imposição e Demonstração." Este capítulo inteiro foi omitido das edições posteriores de "Ciência e Saúde"; é por isso que muitos Cientistas Cristãos não estão cientes de que sua grande líder, a sra. Eddy, tinha familiaridade com o pensamento Hindu, que em sua grandeza nunca hesitou em admití-lo em suas impressões.

Uma investigação imparcial revelará que as maiores religiões estão sempre baseadas nos mesmos princípios universais, os quais nunca se confrontam, mas que reforçam-se uns aos outros. Os grandes instrutores religiosos da história colocariam-se em perfeito acordo se hoje pudessem se encontrar face-a-face. São apenas alguns de seus seguidores que estão em guerra uns contra os outros, devido à ignorância do verdadeiro ensinamento de suas religiões.

O grandioso poder triunfante da Ciência Cristã sobre a doença e o sofrimento ocorre devido ao princípio imperecível da Verdade - sobre o qual está ela fundada - do Amor divino e da natureza imortal do homem. Por consequência, não é estranho entender que a filosofia Vedanta dos Hindus conduza às conclusões da Ciência Cristã. "A Verdade é uma; os homens a chamam por variados nomes".

A similaridade ou influência mútua entre o Vedanta e a Ciência Cristã, e também de outras religiões, deveria trazer alegre e revigorante esperança para a humanidade por sua explicação/exposição de que os princípios religiosos possuem uma unidade científica intrínseca e secreta... e que podem, como nas descobertas da ciência material, ser universalmente utilizados pela humanidade para o benefício de todos os seres, na vida prática. Os cientistas materiais utilizam as forças do corpo e da natureza para tornar o ambiente do homem melhor e mais confortável, e os cientistas espirituais, que usam do poder mental para iluminar a alma do homem, podem ser de grande serviço e valia.

Neste artigo, o meu propósito é mostrar não apenas que a doutrina de que "a mente sobrepuja a matéria" era utilizada pelos hindus previamente ao nascimento da Ciência Cristã, e que a similaridade da mensagem da sra. Eddy e dos princípios do Vedanta são bastante concisos, claros e evidentes, mas também que os Hindus e os Cientistas Cristãos encontrarão mútuos benefícios quando somarem seus conhecimentos do poder mental através de um estudo combinado das escrituras do Bhagavad Gita, do Vedanta, e de "Ciência e Saúde", de Mary Baker Eddy.

Não importa, todavia, quão grande semelhança possa existir entre a Ciência Cristã e certas doutrinas espirituais Hindus. Ambas, encerrando diferentes representações dos princípios de uma verdade única/específica - e conferindo ênfases distintas para certos pontos, conclusões e pormenores -, prestam-se a atender às distintas necessidades mentais das pessoas em geral. A Ciência Cristã é sem dúvida uma nova representação/manifestação da verdade, a qual os Hindus pregam há tempos, e que está sendo realmente muito necessária nesta era. A Ciência Cristã, por meio de sua ênfase única no poder da mente e na negação completa da existência da matéria e da medicina, ajudou grandemente a libertar muitas pessoas pesadamente apegadas ao materialismo, à matéria. Um salto forte, rápido e hábil da extremidade da crença na matéria e no uso regular das drogas para a outra extremidade da fé/compreensão única da mente - e um abandono total e completo da medicina -, sendo efetuado com sucesso por uma pessoa de mente forte e poderosa, certamente levará a resultados na cura do corpo. A Ciência Cristã conseguiu voltar o pensamento das pessoas do Ocidente da matéria para a mente.

A fim de se ajustar às necessidades da vida prática humana, as Escrituras Hindus apontam e assinalam que a crença na inexistência da matéria e no desuso da medicina não deve ser abrupta, repentina, desconexa, dogmatica, ilógica, ininteligível, ou inexplicável, mas que deve ser cientificamente fundada, provada e compreendida.

O filósofo hindu não nega os miraculosos poderes consignados pelos praticistas da Ciência Cristã, mas humildemente indaga-lhes: "você sabe qual exatamente é a lei que opera a fim de causar a cura física pelo poder da mente, bem como as exatas razões e motivos que previnem e evitam a operação do poder mental curativo em determinados casos?" Dessa forma, enquanto o sábio Hindu acredita firmemente no poder da mente para sanar doenças físicas, ao mesmo tempo ele não desacredita das curas milagrosas também efetuadas por certos médicos. Sua atitude apenas é, "o poder mental é superior à força dos remédios. A cura mental, cientificamente empregada, é mais poderosa do que a cura pelas drogas." O curador hindu diz, entretanto, que é necessária uma grande preparação mental para que se possa compreender verdadeiramente a relação entre a matéria e a mente, ou para conseguir converter os hábitos de pensamentos materiais em hábitos de pensamentos espirituais - tudo isso na inteireza do ser de um indivíduo que vive num plano plenamente material.

Quando um homem acha que não pode existir um único dia sem mastigar um volumoso pedaço de carne, e ao mesmo tempo fala sobre a não-existência da matéria e sobre a ineficácia e a dispensabilidade da medicina, ele contradiz a si mesmo. Quem acredita na comida e no alimento, acredita também na medicina, porque o alimento nada mais é que certa química utilizada para sanar tecidos em decomposição, o que também é finalidade da medicina. O curador hindu diz que enquanto sua consciência estiver num plano material, você terá de obedecer às leis materiais, não importando o quão você as possa negar mentalmente. Ambas as leis, materiais e mentais, têm sua origem na fonte Divina, existindo cada uma delas a seu modo. Mas a fim de poder testemunhar a ação da Mente Divina, o homem deve aprender a elevar/erguer a consciência do nível físico para o plano metafísico. Isso requer treinamento e concentração. O Cientista Cristão que deseja/pretende viver pelo poder único e exclusivo da mente, fará bem em passar pelas seguintes preparações:

Primeiro, convém que pratique o jejum sob as instruções de um instrutor experiente, não para emagrecer ou alcançar qualquer outro benefício material, mas com o propósito único de acostumar a alma a viver sem ser condicionada pelo alimento físico. Os santos hindus que apregoaram a não-existência da matéria demostraram suas declarações por meio do indefinido viver destituído de alimentos (sem perder o peso ou a força vital). Eu conheci uma senhora em 1920 na Índia, que vivia há algumas milhas de distância de minha escola no Ranchi, e que por quarenta anos contínuos ficou sem comer. O caso dela foi testado variadas vezes pelas autoridades e foi dado como genuíno. Diversas vezes ela ficou presa por meses no quarto do palácio de uma certa princesa, sem comida e bebida, e no final do período, ela não mostrou sequer um sinal de deterioração física ou perda de peso.

Shankara, um dos maiores santos hindus, que viveu no século 6 D.C., e que foi a maior exponência da filosofia Vedanta da Índia, ensinou sobre a ilusão da matéria e a eterna realidade da verdadeira natureza do homem.

A história conta sobre uma conversação entre Shankara e um certo bruxo das trevas que, para adquirir os poderes mágicos, valeu-se do sacrifício de vidas humanas. Enquanto Shankara falava sobre a não-existência da matéria, o feiticeiro se aproximou dele e disse, "Se a matéria é uma ilusão, então o que é isso que vejo diante de mim?", apontando para o corpo de Shankara. "Isto é uma ilusão", replicou Shankara. Rapidamente o bruxo capturou a oportunidade e disse, "Já que o seu corpo para você não existe, deixe que eu utilize esta ilusão para propósitos mais práticos, a fim de que eu adquira mais poderes para mim."

"Pegue-o", respondeu o grande Shankara, em estado de prontidão para ignorar o corpo como se ele fosse uma imagem num sonho já esquecido.

Então Shankara, o 'Swami dos Swamis', fundador da ordem dos Swamis, estabelecido firme e conscientemente na realização prática de sua natureza interior imperecível, assentiu em acompanhar o feiticeiro, que o levou para dentro da floresta, banhou-o como se o considerasse um animal para o sacrifício, e começou a afiar sua faca comprida para o abate, tudo em conformidade com o que estava prescrito nos rituais da magia negra. Mesmo assim, a consciência de Shankara de que o corpo era uma ilusão não foi abalada. Ele não era um fanático - ele sabia exatamente o que estava fazendo.

Foi exatamente então que aconteceu... um dos discípulos de Shankara sentou-se em profunda meditação - e, abrindo o olho espiritual, teve a hórrida visão de seu mestre prestes a ser sacrificado pelas mãos do perverso feiticeiro. Graças a sua grande devoção e poderes psíquicos, o discípulo pôde rapidamente desmaterializar o próprio corpo e aparecer instantaneamente no cenário da floresta, a tempo de ver o bruxo prestes a decaptar o pescoço do mestre com a faca, e ele então olhou para o bruxo com seu olho carregado/ardendo de eletricidade espiritual. O corpo inteiro do necromante foi eletrocutado e ele entregou o espírito em alta voz.

"Por que você matou o rapaz?", o Senhor Shankara perguntou ao discípulo.

"Senhor, ele estava prestes a matá-lo.", respondeu o discípulo.

Ao que o mestre retrucou, "seu tolo! Eu não ensinei a você - tudo é ilusão? Como aquele homem poderia matar a mim, que não tenho corpo?"

O discípulo respondeu sorridente: "Querido Mestre, se a tentativa de matá-lo era ilusão, então o ato da Lei Divina de matar o mago, através de mim, é ilusão também."

Neste contexto, é interessante lembrar a história bíblica de como Pedro repreendeu Ananias e sua esposa pela ganância, e a subsequente morte imediata dos dois, em resposta à sua transgressão contra a Lei Divina.

Continua...

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domingo, setembro 19, 2010

A Verdade e a medicina - Parte 4 (final)

Mary Baker Eddy


Uma mulher na cidade de Lynn, Estado de Massachusetts, foi anestesiada com éter, e em consequência disso morreu - muito embora seus médicos tivessem insistido que seria perigoso fazer a necessária operação cirúrgica sem o éter. Depois da autópsia, a irmã da falecida declarou que esta se insurgira contra a inalação de éter, dizendo que o éter a mataria, mas que havia sido compelida pelos médicos a inalá-lo. Haviam-lhe segurado as mãos e fora obrigada a submeter-se. O caso foi levado aos tribunais. Tendo sido considerada concludente a prova, foi dado o parecer de que a morte fora considerada - não pelo éter, mas pelo medo de inalá-lo.

Acaso é cirurgia proficiente ou científica não tomar em consideração as condições mentais, e tratar a paciente como se ela outra coisa não fosse senão matéria sem mente, e como se a matéria fosse o único fator a ser consultado? Se esses cirurgiões não científicos tivessem entendido metafísica, teriam considerado o estado mental da mulher e não a teriam arriscado a tal tratamento. Ter-lhe-iam acalmado o medo, ou teriam feito a operação sem usar éter.

O desenrolar do processo provou que essa mulher de Lynn morrera de efeitos produzidos pela mente mortal e não da doença ou da operação.

As escolas de medicina procuram conhecer o estado do homem, estudando a matéria em vez de a Mente. Examinam os pulmões, a língua e o pulso para averiguar quanta harmonia, ou saúde, a matéria está concedendo à matéria - quanta dor ou quanto prazer, ação ou estagnação, uma forma de matéria está concedendo a outra forma de matéria.

Por ignorar o fato de que a crença de um homem produz a doença e todos os seus sintomas, o médico comum, por sua própria mente, está propenso a aumentar a doença, quando deveria decicar-se à obra de destruí-la pelo poder da Mente divina.

Os sistemas da física agem contra a metafísica, e vice-versa. Quando os mortais abandonam a base material de ação em favor da base espiritual, os medicamentos perdem sua força curativa porque não têm poder inato. Sem o apoio da fé que nele se deposita, o medicamento inanimado torna-se eficaz.

A ação orgânica e a secreção das vísceras dependem da direção da mente mortal, tão diretamente como o movimento do braço. Quando essa assim chamada mente abandona o corpo, o coração fica tão inerte como a mão.

A anatomia acha necessário que os nervos transmitam aos músculos o mandado da mente e assim produza a ação; que diz, porém, a anatomia, quando os tendões se contraem e se imobilizam? Teá a mente mortal deixado de lhes falar, ou lhes terá ordenado que sejam impotentes? Podem os músculos, os ossos, o sangue e os nervos rebelar-se contra a mente num caso, e não noutro, e se contrair apesar do protest mental?

A não ser que os músculos tenham ação própria a todo momento, jamais a terão - nunca serão capazes de agir contra a direção mental. Se os músculos podem cessar de funcionar, e ficar rígidos a seu talante - se podem tornar-se disformes ou simétricos segundo lhes agrade, ou como a doença o ordene - é porque podem governar-se a si mesmos. Por que então consultar a anatomia para saber como é que a mente mortal governa o músculo, se da anatomia só podemos aprender que o músculo não é goernado dessa maneira?

É acaso o homem um cogumelo material sem Mente que o ajude? Porventura uma junta rígida, ou um músculo contraído, é tanto o resultado de uma lei como o estado flexível e elástico do membro sadio, e acaso é Deus o legislador?

Dizes: "Eu queimei o dedo." Eis uma declaração exata, mais exata do que supões; porque é a mente mortal, e não a matéria, que o queima. A inspiração sagrada criou estados mentais que foram capazes de anular a ação das chamas, como no caso bíblico dos três jovens hebreus cativos lançados dentro do forno babilônico; enquanto um estado mental oposto poderia produzir combustão espontânea.

Em 1880, o Estado de Masschussetts calcou aos pés um projeto de lei tirânica, que visava restringir a prática da medicina. Se seus Estados irmãos seguirem esse exemplo, em harmonia com a nossa Constituição e com a Lei dos Direitos, exercerão menos violência contra aquele sentimento imortal da Declaração de Independência que diz: "O homem está dotado por seu Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais se acham a vida, a liberdade e a busca da felicidade."

As leis opressivas dos Estados, concernentes à medicina, lembram-nos as palavras que a famosa Madame Roland proferiu ao ajoelhar-se diante de uma estátua da Liberdade, erigida perto da guilhotina: "Ó Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!"

O médico comum, que examina os sintomas corpóreos e diz ao paciente estar este doente, e que trata o caso segundo seu diagnóstico físico, por certo incutirá justamente aquela doença que ele está tentando curar, mesmo que ela ainda não esteja determinada pela mente moral. Tais erros inconscientes não ocorreriam, se essa velha classe de filantropos procurasse a causa e o efeito tão a fundo na mente como os procura na matéria. O médico "entra em acordo sem demora" com o seu "adversário", porém sob condições diferentes das do metafísico; pois o médico da matéria põe-se de acordo com a doença, ao passo que o metafísico concorda só com a saúde e desafia a doença.

A Ciência Cristã traz ao corpo a luz solar da Verdade, que vigoriza e purifica. A Ciência Cristã age como um alterante, neutralizando o erro com a Verdade. Modifica as secreções, elimina humores, dissolve tumores, relaxa músculos enrijecidos e restabalece a saúde de ossos cariados. O efeito dessa Ciência consiste em instigar a mente humana a uma mudança de base, sobre a qual possa ceder à harmonia da Mente divina.

As experiências confirmaram o fato de que a Mente governa o corpo, não só num caso, mas em todos os casos. As faculdades indestrutíveis do Espírito existem sem as condições da matéria e também sem as crenças errôneas de uma suposta existência material. Ao aplicar as regras da Ciência Cristã, na prática, a autora restabeleceu a saúde nos casos mais graves de doenças, tanto agudas como crônicas. Secreções foram mudadas, a estrutura do corpo foi renovada, membros curtos foram alongados, juntas ancilosadas tornaram-se flexíveis, e ossos cariados foram restaurados ao seu estado sadio. Restaurei o que se chama substância perdida dos pulmões, e onde a doença era orgânica estabeleceram-se organismos sadios. A Ciência Cristã cura a doença orgânica com tanta certeza como cura a que se chama funcional, pois é necessária apenas uma compreensão mais completa do Príncípio divino da Ciência Cristã, para demonstrar a regra mais alta.

Com o devido respeito à classe médica, peço vênia para citar o Dr. Benjamim Rush, famoso professor de medicina de Filadélfia. Declarou ele que "é impossível calcular o mal que Hipócrates causou, marcando primeiro a Natureza com seu nome e soltando-a depois sobre os doentes".

O Dr. Benjamim Waterhouse, professor da Universidade de Harvard, declarou estar "cansado de charlatanismo erudito".

O Dr. James Johnson, cirurgião de Guilherme IV, rei da Inglaterra, disse: "Declaro minha opinião conscienciosa, fundamentada em longa observação e reflexão, de que, se não houvesse um só médico, cirurgião, farmacêutico, parteiro, químico, droguista, ou medicamento sobre a face da terra, haveria menos doenças e menos mortalidade."

O Dr. Mason Good, catedrático erudito de Londres, disse: "O efeito do medicamento no organismo humano é muitíssimo incerto; exceto o já ter destruído mais vidas do que a guerra, a peste e a fome juntas."

O Dr. Chapman, professor nos Institutos de Física Aplicada da Universidade de Pensilvânia, disse num ensaio dado a público: "Quando consultamos os registros de nossa ciência, não podemos deixar de ficar desgostosos com a multidão de hipóteses que em ocasiões diferentes nos foi imposta. Em parte alguma a imaginação se mostra em maior amplitude; e tão extensa exibição de invenções humanas poderia talvez lisonjear nossa vaidade, se não fosse mais do que compensada pela visão humilhante de tanto absurdo, de tanta contradição e falsidade. Harmonizar as contradições das doutrinas médicas é, de fato, tarefa tão impraticável como a de dispor os vapores fugazes ao nosso redor, ou de reconciliar as antipatias fixas e repulsivas da natureza. Sombria e perplexa, nossa carreira errante se parece com o tatear do Ciclope de Homero em sua caverna."

Sir John Forbes, M.D., F.R.S., Membro da Faculdade Real de Medicina, de Londres, disse: "Nenhuma classificação sistemática ou teórica de doenças ou de agentes terapêuticos já promulgada é verdadeira ou se aproxima da verdade, e nenhuma pode ser adotada como guia seguro no desempenho da profissão."

É de justiça dizer que em geral a classe culta dos médicos se compõe de homens e mulheres de escol, e, portanto, são mais científicos do que os falsos pretendentes à Ciência Cristã. No entanto, a todos os sistemas humanos baseados em premissas materiais, falta a unção da Ciência divina. Resta muito a dizer e a fazer antes de toda a humanidade ser remida e todos os micróbios mentais do pecado e todos os germes de pensamentos doentios serem exterminados.

Se tu ou eu parecêssemos morrer, não estaríamos mortos. O falecimento aparente, causado pela maioria das crenças humanas de que o homem tem de morrer, ou produzido por assassinatos mentais, não refuta nem um pouco a Ciência Cristã; antes, põe em evidência a verdade de sua proposição básica de que os pensamentos mortais, segundo a crença, governam a materialidade chamada, erroneamente, de vida no corpo ou na matéria. Mas permanece supremo o fato eterno de que a Vida, a Verdade e o Amor salvam do pecado, da doença e da morte. "Quando este corpo corruptível se resvestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade (ou seja, da Ciência divina), então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória" (S. Paulo).


Do livro: "Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras".


quinta-feira, setembro 16, 2010

A Verdade e a medicina - parte 3

Mary Baker Eddy


Choramos porque outros choram, bocejamos porque outros bocejam, e apanhamos varíola porque outros a têm; porém é a mente mortal, não a matéria, que contém e transmite a infecção. Quando esse contágio mental for compreendido, teremos mais cuidado com nossas condições mentais, e evitaremos tagarelar sobre moléstias, assim como evitaríamos falar em favor do crime. Nem a simpatia, nem a sociedade, deveriam jamais tentar-nos a cultivar o erro sob forma alguma, e certamente que não deveríamos ser o advogado do erro.

A moléstia, tal como outras condições mentais, surge por associação de idéias. Posto ser lei da mente mortal que certas moléstias devam ser consideradas contagiosas, essa lei insinua-se na crença por associação de idéias - despertando o medo que cria a imagem da moléstia e sua consequente manifestação no corpo.

Esse fato da metafísica é ilustrado pelo seguinte incidente: fizeram crer a um homem que ele estava ocupando a cama em que um doente de cólera havia morrido. Imediatamente apareceram os sintomas dessa moléstia, e o homem morreu. O fato é que ele não tinha apanhado cólera por contato material, porque nenhum paciente de cólera estivera naquela cama.

Se uma criança está exposta ao contágio ou à infecção, a mãe se assusta e diz: "Meu filho vai ficar doente." A lei da mente mortal e os próprios receios da mãe governam-lhe o filho, mais do que a mente da criança governa a si mesma, e produzem justamente os resultados que poderiam ter sido evitados mediante uma compreensão contrária. Acredita-se, nesse caso, que a exposição ao contágio produziu o mal.

Não é Cientista Cristã a mãe que diz ao filho: "Parece que estás doente", "parece que estás cansado", "precisas de descanso", ou "precisas tomar remédio", e os afetos dela requerem melhor orientação.

Tal mãe corre para sua filhinha, que acredita haver machucado o rosto ao cair sobre o tapete, e diz, lastimando-se com mais infantilidade do que sua filhinha: "Mamãe sabe que te machucaste." O método melhor e mais eficaz que as mães devem adotar é dizer: "Não foi nada! Não te machucaste, e não penses que te machucaste." Logo a criança esquece o acidente e continua a brincar.

Quando os doentes se restabelecem com o uso de remédios, então, o que cura é a lei de uma crença geral, que culmina em fé individual; e segundo essa fé será o efeito. Mesmo que destruas a confiança individual no remédio, não terás divorciado o remédio da fé geral. O químico, o botânico, o farmacêutico, o médico e a enfermeira revestem, com sua fé, o medicamento, e as crenças que estão em maioria dominam. Quando a crença geral atribui ao remédio inanimado este ou aquele efeito, então a dissensão ou a fé individual - a menos que assente na Ciência - nada mais é do que a crença de uma minoria, e tal crença é governada pela maioria.

A crença universal na física pesa contra as altas e poderosas verdades da metafísica cristã. Essa crença geral errônea, que sustenta a medicina e produz todos os resultados médicos, atua contra a Ciência Cristã; e a percentagem de poder do lado dessa Ciência tem de sobrepujar poderosamente a força da crença popular, a fim de curar um único caso de moléstia. A mente humana age mais poderosamente para contrabalançar as discórdias da matéria e os males da carne, na proporção em que põe menos peso no prato material ou carnal da balança e mais peso no prato espiritual. A homeopatia diminui a quantidade do medicamento, mas a potência do remédio aumenta à medida que o medicamento desaparece.

O vegetarianismo, a homeopatia e a hidropatia reduziram o uso dos remédios; mas se os remédios são um antídoto para as doenças, por que reduzir o antídoto? Se os remédios são coisas boas, por que então dizer que quanto menos deles usares, tanto melhor? Se os remédios possuem virtudes intrínsecas ou qualidades curativas inteligentes, essas qualidades têm de ser mentais.

Quam deu nomes aos medicamentos, e o que foi que os fez bons ou maus, benéficos ou nocivos, para os mortais?

Um caso de hidropisia, abandonado pelos facultativos, veio ter às minhas mãos. Era um caso terrível. Haviam sido feitas punções, e apesar disso a paciente, deitada na cama, parecia um barril. Receitei a quarta atenuação de argentum nitratum e, de vez em quando, doses altamente atenuadas de sulphuris. Ela melhorou perceptuvelmente. Como, então, eu acreditasse um pouco nas teorias comuns do exercício da medicina, e ao saber que seu médico anterior já lhe havia receitado os mesmos remédios, comcecei a recear uma agravação dos sintomas, devido ao uso prolongado desses remédios, e disse-o à paciente; esta, porém, não estava disposta a abandonar os remédios, enquanto estava se restabelecendo. Ocorreu-me, então, dar-lhe pílulas não medicamentosas e observar o resultado. Assim fiz, e ela continuou a melhorar. Finalmente, ela disse que iria suspender os remédios por um dia, e aguardar os efeitos. Depois de experimentar informou-me que podia passar dois dias sem as pílulas; mas no terceiro dia voltou a sofrer, e sentiu alívio depois de tomá-las. Continuou assim tomando as pílulas não medicamentosas - e recebendo de vez em quando visitas minhas - porém sem empregar outros meios, e ficou curada.

A metafísica, tal como ensina a Ciência Cristã, é o próximo passo grandioso para além da homeopatia. Na metafísica, a matéria desaparece inteiramente do remédio e a Mente ocupa seu lugar legítimo e supremo. A homeopatia dá grande importância aos sintomas mentais no seu diagnóstico da moléstia. A Ciência Cristã lida inteiramente com a causa mental ao julgar e destruir a moléstia. Triunfa onde a homeopatia falha, só porque o único Princípio de cura que reconhece é a Mente, e toda a força do elemento mental é empregada através da Ciência da Mente, que nunca divide seus direitos com a matéria inanimada.

A Ciência Cristã extermina o medicamento e baseia-se só na Mente como Princípio curativo, reconhecendo que a Mente divina tem todo poder. A homeopatia mentaliza um medicamento com tanta repetição de atenuações mentais, que o medicamento torna-se mais parecido com a mente humana do que com o substrato dessa intitulada mente, ao qual chamamos matéria; e a eficiência do medicamento aumenta na mesma proporção.

Se os remédios fazem parte da criação de Deus, a qual (de acordo com a narrativa do Gênesis) Ele declarou boa, então os remédios não podem ser intoxicantes. Se Ele pudesse criar remédios intrínsecamente nocivos, então nunca deveriam ser usados. Se Ele de fato cria remédios e os destina a uso médico, por que é que Jesus não os empregou nem os recomendou para o tratamento da doença? A matéria não é autocriadora, pois não é inteligente. A mente mortal, que erra, confere o poder que o remédio parece possuir.

Os narcóticos acalmam a mente mortal e assim aliviam o corpo; porém deixam tanto a mente como o corpo piores, devido a essa submissão. A Ciência Cristã penetra a corporalidade inteira - ou seja, a mente e o corpo - e apresenta a prova de que a Vida é contínua e harmoniosa. A Ciência neutraliza e ao mesmo tempo destrói o erro. A humanidade torna-se melhor graças a essa patologia espiritual e profunda.

Cont...


Do livro "Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras"


quarta-feira, setembro 15, 2010

A Verdade e a medicina - parte 2

Mary Baker Eddy


Nosso Mestre curou os doentes, praticou a cura cristã e ensinou a seus discípulos as generalidades do Princípio divino dessa cura; não deixou, porém, regra definida para demonstrar esse Princípio de curar e prevenir a doença. Essa regra ficou para ser descoberta na Ciência Cristã. Um afeto puro manifesta-se em bondade, mas só a Ciência revela o Princípio divino da bondade e demonstra suas regras.

Jesus nunca falou na doença como se fosse perigosa ou difícil de curar. Quando seus discípulos lhe trouxeram um caso que não haviam podido curar, disse-lhes: "Ó geração incrédula!", dando a entender que o poder necessário para curar estava na Mente. Ele não receitava remédios, nem exigia obediência às leis materiais, mas agia em franca desobediência a elas.

Nem a anatomia nem a teologia jamais descreveram o homem como criado pelo Espírito - como o homem de Deus. A primeira explica que os homens dos homens, ou "os filhos dos homens", são criados corporalmente em vez de espiritualmente, e que emergem do mais baixo em vez de emergir do mais alto conceito do ser. Tanto a anatomia como a teologia definem o homem como físico e mental ao mesmo tempo, e deixam a mente à mercê da matéria para toda função, formação e manifestação. A anatomia trata materialmente do homem em todos os pormenores: perde de vista o Espírito, abandona o verdadeiro tom e aceita a discórdia. A anatomia e a teologia rejeitam o Princípio divino que produz o homem harmonioso, e se ocupam - uma inteiramente, a outra primariamente - com a matéria, chamando homem aquilo que não é a contraparte, mas a contrafação, do homem de Deus. Então a teologia procura explicar como fazer desse homem um cristão - como, partindo dessa base de divisão e discórdia, produzir a harmonia e a unidade do Espírito e Sua semelhança.

A fisiologia exalça a matéria, destrona a Mente e pretende governar o homem pela lei material, em vez de pela lei espiritual. Quando a fisiologia não consegue dar saúde ou vida por esse processo, ela ignora o Espírito divino, considerando-o incapaz, ou sem vontade de prestar ajuda na ocasião em que o corpo dela necessita. Quando os mortais pecam, esse procedimento das escolas abandona-os à orientação de uma teologia que admite ser Deus o sanador do pecado, mas não da doença, embora nosso grande Mestre demonstrasse que a Verdade podia salvar da doença, como também do pecado.

A Mente supera de longe os medicamentos, tanto na cura da doença como na do pecado. Em todos os casos, o meio mais excelente é a Ciência divina. É a matéria médica uma ciência ou um feixe de teorias humanas especulativas? A receita que é eficaz num caso falha noutro, e isso é devido aos diferentes estados mentais dos pacientes. Esses estados não são compreendidos e ficam sem explicação, exceto na Ciência Cristã. A regra e a perfeição com que ela opera nunca variam na Ciência. Se falhares num caso qualquer, é porque não demonstrastes a vida de Cristo, a Verdade, em maior grau em tua própria vida, isto é, não obedecestes à regra nem provaste o Princípio da Ciência divina.

Um médico da velha escola observou com grande seriedade: "Sabemos que a mente afeta um tanto o corpo, e aconselhamos nossos pacientes a terem esperança e, com ânimo, a tomarem remédios o menos posível; mas a mente nunca pode curar dificuldades orgânicas." Essa lógica é claudicante e os fatos a contradizem. A autora curou o que se chama doença orgânica com tanta presteza quanto curou doenças puramente funcionais, sem outro poder senão o da Mente divina.

Visto que Deus, a Mente divina, governa tudo, não parcial, mas supremamente, o predizer a doença não dignifica a terapêutica. Tudo o que guia o pensamento espiritualmente, beneficia a mente e o corpo. Precisamos compreender as afirmações da Ciência divina, rejeitar a supertição e demonstrar a Verdade de acordo com o Cristo. Hoje em dia, quase não há cidade, aldeia, ou povoado, onde não se encontrem testemunhas vivas e monumentos à eficácia e ao poder da Verdade, tal como é aplicada mediante este sistema cristão de curar a doença.

Hoje em dia, o poder curativo da Verdade está sendo extensamente demonstrado como uma Ciência imanente, eterna, em vez de o ser como uma exibição fenomenal. Seu aparecimento é a nova vinda do Evangelho de "paz na terra entre os homens" e de boa vontade para com eles. Essa vinda, como fora prometida pelo Mestre, deu-se para o estabelecimento da Ciência Cristã como dispensação permanente entre os homens; mas a missão da Ciência Cristã, agora como no tempo de suas demonstrações anteriores, não é principalmente a cura física. Agora, como então, operam-se sinais e milagres na cura metafísica de moléstias físicas; esses sinais, porém, servem apenas para demonstrar a origem divina dessa cura - para atestar a realidade da missão mais elevada da força - Cristo, a de tirar os pecados do mundo.

A (assim chamada) ciência física pretende fazer-nos crer que tanto a matéria como a mente estão sujeitas a moléstias, e isto, a despeito do protesto do indivíduo, em oposição à lei da Mente divina. Esse ponto de vista humano infringe o livre-arbítrio moral do homem; e é tão evidentemente errôneo para a autora e assim o será para os demais em dia futuro, como a doutrina, quase inteiramente rejeitada, de que as almas estejam predestinadas à condenação ou à salvação. A doutrina de que a harmonia do homem é governada por condições físicas durante toda a sua vida terrena, e que então ele é expulso de seu próprio corpo pela ação da matéria - isto é, a doutrina da superioridade da matéria sobre a Mente - vai-se desvanecendo.

As hostes de Esculápio estão inundando o mundo com doenças, por ignorarem que a mente e o corpo humano são mitos. Sem dúvida, às vezes tratam os doentes como se houvesse um único fator no caso; mas esse fator único elas apresentam como sendo corpo, não mente. Não é possível que a Mente infinita crie um remédio fora de si mesma, porém a mente humana, falível e finita, tem necessidade absoluta de alguma coisa acima de si mesma para sua redenção e cura.

Grande respeito se deve aos motivos e à filantropia da classe mais elevada dos médicos. Sabemos que se estes compreendessem a Ciência da cura-pela-Mente e possuíssem o poder mais amplo que ela confere para beneficiar fisica e espiritualmente a raça humana, regojizar-se-iam conosco. Bastaria essa reforma na medicina, para finalmente livrar a humanidade da terrível e opressiva escravidão, que, na atualidade, é imposta por teorias errôneas, das quais multidões gostariam de escapar.

A crença mortal diz que a morte tem sido ocasionada por susto. O medo nunca fez parar o ser e sua ação. O sangue, o coração, os pulmões, o cérebro, etc., nada têm a ver com a Vida, Deus. Toda função do homem real é governada pela Mente divina. A mente humana não tem poder algum para matar ou curar e não exerce domínio algum sobre o homem de Deus. A Mente divina, que fez o homem, mantém Sua própria imagem e semelhança. A mente humana a se opõe a Deus, e é preciso despojar-se dela, como S. Paulo declara. Tudo o que realmente existe é a Mente divina e sua idéia, e nessa Mente o ser inteiro se revela harmonioso e eterno. O caminho reto e estreito consiste em ver e reconhecer esse fato, em ceder a esse poder, e seguir as diretrizes da verdade.

Temos provas esmagadoras de que a mente mortal pretende governar cada órgão do corpo mortal. Essa assim chamada mente, porém, é um mito, e por seu próprio consentimento tem de ceder à Verdade. Desejaria empunhar o cetro de um monarca, mas não tem poder. A Mente divina imortal tira-lhe toda a suposta soberania, e livra a mente mortal de si mesma. A autora esforçou-se por fazer deste livro o Esculápio da mente bem como do corpo, para que ele possa dar esperança aos doentes e curá-los, embora estes não saibam como a obra se efetua. A Verdade tem efeito curativo, mesmo que não seja de todo compreendida.

A anatomia descreve a ação muscular como se fosse produzida pela mente num caso, porém não noutro. Tais erros assediam todas as teorias materiais, nas quais uma declaração contradiz repetidas vezes a outra. Conta-se que Sir Humphry Davy certa feita curou aparentemente um caso de paralisia, pela simples introdução de um termômetro na boca do paciente. Fez isso só para verificar a temperatura do corpo do paciente; o doente, porém, supôs que essa cerimônia fosse para curá-lo, e em consequência, restabeleceu-se. Tal ocorrência elucida nossas teorias.

As pesquisas e experimentos médicos da autora haviam-lhe preparado o pensamento para a metafísica da Ciência Cristã. Todo apoio material lhe havia falhado na procura da verdade; e agora ela pode comprender o porquê disso, e pode reconhecer os meios pelos quais os mortais são divinamente impelidos para uma fonte espiritual em busca de saúde e felicidade.

Seus experimentos na homeopatia haviam-na tornado cética quanto aos métodos curativos materiais. O Dr. Jahr enumera, desde o aconitum até o zincum oxydatum, os sintomas gerais, os sinais característicos que exigem remédios diferentes; mas o medicamento frequentemente é atenuado a tal grau que dele não resta vestígio algum. Assim, aprendemos que não é o medicamento que expulsa a doença ou modifica um só dos sintomas da doença.

A autora atenuou o natrum muriaticum (sal comum de cozinha) até que não restasse uma só propriedade salina. O sal tinha perdido "o sabor"; e, no entanto, com uma só gota dessa atenuação num copo de água, administrada a intervalos de três horas, curou um paciente que estava na última fase de febre tifóide. A atenuação mais alta e mais potente da homeopatia eleva-se acima da matéria para a mente. Essa descoberta leva a mais luz. Dela se pode aprender que, ou a fé humana ou a Mente divina é a sanadora, e que não há eficácia no medicamento.

Dizes que um furúnculo é doloroso; porém isso é impossível, pois a matéria sem a mente não sente dor. O furúnculo simplesmente manifesta, pela inflamação e inchação, uma crença na dor, e essa crença é chamada furúnculo. Agora, se administrares mentalmente a teu paciente uma alta atenuação da verdade, ela curará logo o furúnculo. O fato de que não pode existir dor onde não há mente mortal para sentí-la, é prova de que essa assim chamada mente produz sua própria dor - isto é, sua própria crença na dor.
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Do livro "Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras"

segunda-feira, setembro 13, 2010

A Verdade e a medicina - parte 1


Mary Baker Eddy


Que é que existiu primeiro, a Mente ou a medicina? Se a Mente foi a primeira e era auto-existente, então a Mente, não a matéria, deve ter sido a primeira medicina. Como Deus é Tudo em tudo, Ele fez a medicina; essa medicina, porém, era a Mente. Não poderia ter sido a matéria, que se aparta da natureza e do caráter da Mente, Deus. A Verdade é o remédio de Deus para o erro de qualquer espécie, e a Verdade só destrói o que não é verdadeiro. Daí o fato de hoje, como ontem, o Cristo expulsar os males e curar os doentes.

É claro que Deus não emprega medicamentos ou higiene, nem os provê para o uso humano; do contrário Jesus os teria recomendado e empregado em suas curas. Os doentes estarão mais deploravelmente perdidos do que os pecadores, se os doentes não puderem contar com a ajuda de Deus, e os pecadores o puderem. A Mente divina jamais chamou a matéria de medicina, e a matéria precisava de uma crença material e humana, antes de poder ser considerada medicina.

Às vezes, a mente humana emprega um erro para poder medicar outro. Forçada a escolher entre duas dificuldades, a mente humana faz uso da menor para aliviar a maior. Nessa base, rouba para salvar de morrer de fome, e aplaca a dor com calmantes. Admites que a mente exerce certa influência sobre o corpo, porém concluis que o estômago, o sangue, os nervos, os ossos, etc., mantêm a preponderância de poder. Governado por essa crença, continuas na velha rotina. Tu te apóias no que é inerte e não inteligente, sem nunca perceber como isso te priva de utilizar a superioridade da Mente divina. O corpo não é cientificamente governado por uma mente negativa.

A Mente é a grande criadora, e não pode haver poder algum exceto aquele que é derivado da Mente. Se a Mente foi a primeira cronologicamente, se é a primeira em potencial e tem de ser a primeira para sempre, então dá à Mente a glória, a majestade, o império e a sabedoria devidos por toda a eternidade ao seu santo nome. Métodos de cura inferiores e não espirituais talvez tentem uma coalizão entre a Mente e os medicamentos, mas os dois não se misturam cientificamente. Por que, então, desejar que se misturem, quando nada de bom pode advir disso?

Se a Mente é a primeira e a superior, confiemos na Mente, que não necessita da cooperação de poderes inferiores, mesmo que esses intitulados poderes sejam reais.



Nada é o escudeiro quando o rei está perto;
Apaga-se a estrela quando luz o sol desperto.




As diversas crenças mortais formuladas pela filosofia humana, pela fisiologia e pela higiene, são principalmente afirmações da matéria e proporcionam fracos vislumbres de Deus, ou a Verdade. Quanto mais material uma crença, mais obstinadamente tenaz é o seu erro; quanto mais fortes as manifestações dos sentidos corpóreos, mais fracos os indícios da Alma.

A força de vontade humana não é Ciência. A vontade humana faz parte dos assim chamados sentidos materiais, e seu uso deve ser condenado. Exercer a força de vontade para curar os doentes não é a prática da metafísica da Ciência Cristã, mas é mero magnetismo animal (*nota: 'magnetismo animal' é a atuação - ou, melhor dizendo, - a não-atuação/influência da ilusão). A força de vontade humana pode infringir os direitos do homem. Produz o mal continuamente e não é um fator no realismo do ser. A Verdade, e não a vontade do corpo, é o poder divino que diz à moléstia: "Acalma-te, emudece!"

Por estar a Ciência divina em luta com a assim chamada ciência física, da mesma maneira como a Verdade está em luta com o erro, as antigas escolas ainda se opõem a ela. A ignorância, o orgulho ou o preconceito fecham a porta a tudo o que não seja esteriotipado. Quando a Ciência do ser for universalmente compreendida, cada homem será seu próprio médico, e a Verdade será a panacéia universal.

Pergunta-se hoje se os antigos sanadores inspirados entendiam a Ciência da cura cristã, ou se lhe apanhavam os doces tons como o músico por natureza apanha os tons da harmonia, sem poder explicá-los. Tão divinamente imbuídos estavam do espírito da Ciência, que a falta da letra não pôde impedir a obra deles; e essa letra, sem o espírito, lhes teria tornado nula a prática.

A luta pelo restabelecimento dos doentes continua, não entre métodos materiais, mas entre mentes mortais e a Mente imortal. A vitória só estará do lado do paciente quando a Mente imortal, por meio do Cristo, a Verdade, subjugar a crença humana na doença. Não importa o método material que se possa adotar, quer seja fé em medicamentos, confiança na higiene, ou em outro meio curativo de ordem inferior.

A cura científica tem esta vantagem sobre outros métodos - que nela a Verdade domina o erro. Desse fato resultam seus efeitos tanto éticos como físicos. Na realidade, seus efeitos éticos e físicos estão indissoluvelmente ligados uns aos outros. Se há algum mistério na cura cristã, é o mistério que a piedade sempre apresenta aos ímpios - o mistério que sempre surge da ignorância acerca das leis da Mente eterna e infalível.

Outros métodos tentam enfrentar o erro com o erro, e assim aumentam o antagonismo de uma forma de matéria contra outras formas de matéria ou erro, e a luta entre o Espírito e a carne continua. Devido a esse antagonismo, a mente mortal tem que enfraquecer continuamente seu próprio pretenso poder. A teologia da Ciência Cristã inclui a cura dos doentes. Curar foi o primeiro artigo de fé que o nosso Mestre propôs a seus discípulos, e ele provou sua fé pelas obras. Os antigos cristãos eram sanadores. Por que se terá perdido esse elemento do cristianismo? Perdeu-se porque nossos sistemas de religião são mais ou menos governados pelos nossos sistemas de medicina. A primeira idolatria foi a fé na matéria. As escolas puseram em moda a fé em medicamentos em vez de a fé na Divindade. Por confiarmos na matéria para destruir sua própria discórdia, a saúde e a harmonia foram sacrificadas. Tais sistemas são desprovidos da vitalidade do poder espiritual, pelo qual o sentido material vem a ser o servo da Ciência, e a religião torna-se mais crística.

Para curar o corpo, a medicina material emprega medicamentos, em lugar do poder de Deus - o poderio da Mente. O escolasticismo apega-se à pessoa do homem Jesus para salvar-se, em vez de apegar-se ao Princípio divino dele; e sua Ciência, o agente curativo de Deus, se reduz ao silêncio. Por que? Porque a verdade tira aos medicamentos materiais o seu poder imaginário, e reveste o Espírito com supremacia. A Ciência é o "forasteiro" que está dentro "das tuas portas", e dela ninguém se lembra, mesmo quando seus efeitos enaltecedores provam praticamente sua origem e efeicácia divinas.

A Ciência divina deriva sua sanção da Bíblia, e a origem divina da Ciência é demonstrada pela santa influência da Verdade na cura da doença e do pecado. Esse poder curativo da Verdade deve ter existido muito antes do período em que Jesus viveu. É tão antigo quando o "Ancião de dias". Vive através de toda a Vida e se estende por todo o espaço.

A metafísica divina está agora reduzida a um sistema, a uma forma compreensível e adaptável ao pensamento da época em que vivemos. Esse sistema habilita o aluno a demonstrar tanto o princípio divino, no qual estavam baseadas as curas de Jesus, como as regras sagradas para a plaicação atual desse sistema à cura da doença.

Pelo fim do século dezenove demonstrei as regras divinas da Ciência Cristã. Foram submetidas à mais ampla prova prática, e em toda parte, quando honestamente aplicadas sob circunstâncias em que a demonstração era humanamente possível, essa Ciência mostrou que a Verdade nada perdera de sua eficácia divina e curativa, embora houvessem decorrido séculos desde que Jesus havia posto em prática essas regras nas colinas da Judéia e nos vales da Galiléia.

Embora este volume contenha a Ciência completa da cura-pela-Mente, não acredites jamais que podes absorver todo o significado da Ciência pela simples leitura deste livro. O livro tem que ser estudado, e a demonstração das regras da cura científica te fixará firmemente nos alicerces espirituais da Ciência Cristã. Essa prova te eleva muito acima das teorias já antiquadas, fósseis que se estão esboroando, e te habilita a compreender os fatos espirituais do ser, até agora não alcançados e aparentemente indistintos.
Cont...

(Do livro "Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras" )