Masaharu Taniguchi A economia da Ittoen é chamada “Economia do Nada”, e segundo ela a riqueza infinita surge do nada. A Verdade de que “despojando-se de tudo, consegue-se tudo” é aplicada e comprovada pela Ittoen no campo da economia. Se admitirmos que só é possível viver possuindo bens materiais, não poderemos dizer que a Vida seja uma existência livre, independente e autônoma. Excetuando-se os que já alcançaram o despertar espiritual, as pessoas comuns precisam experimentar abrir mão da matéria. Só assim poderão saber se existe ou não a Vida que pode se sustentar sem a matéria. Quando a pessoa abandona a matéria e passa a não depender dela, a sua Vida ativa-se naturalmente. Como a Vida é dinâmica, ela infalivelmente entra em ação quando deixada ao natural. Todas as Vidas constituem uma só Vida do Universo, não havendo, na essência, separação entre o “eu” e o “outro”; por isso, quando uma Vida entra em ação de modo natural, necessariamente realiza um trabalho de amor que vivifica o todo. Não é o “eu” ou o “outro” que vive isoladamente; ambos atuam como uma só Vida universal. Consequentemente, a infinita força vivificadora do Universo vivifica a vida individualizada porque, na essência, não existe nem esta nem aquela Vida. A Vida é ação, é amor, ela é ilimitada, e possui infinita força vivificante; logo, o único caminho de toda criatura é viver.
Nesse ponto a Ittoen adotou um modo original de proceder, pois criou uma maneira de viver verdadeiramente, mostrando, com exemplos, que é possível viver sem depender de bens materiais. Outrora, eu também bati à porta da Ittoen e recebi os ensinamentos diretamente do mestre Tenko Nishida, que me orientou com muita bondade. Depois acabei afastando-me dela e nesse ínterim fundei a Seicho-No-Ie. A Seicho-No-Ie, que permite às pessoas desenvolver infinitamente o lar em vez de abandoná-lo, parece divergir muito da Ittoen – cujo lema é “Renunciar ao mundo e viver de acordo com a Natureza" –, mas ambas se identificam quanto a abandonar a matéria a fim de despertar para a Imagem Verdadeira da Vida (Jissô), livre e sem limitações.
Na Ittoen, as pessoas se desfazem de uma vez de todos os seus bens e ficam sem nada a fim de conscientizarem que a Imagem Verdadeira de sua Vida (o Eu Verdadeiro) pode viver sem depender de coisas materiais. Eu também já havia praticado a mendicância religiosa (andar de porta em porta recitando orações e pedindo esmola) e julgava ter compreendido, do ponto de vista filosófico-religioso, o princípio básico que alicerça o modo de viver da Ittoen, mas só vim a entendê-lo claramente depois que dei início ao “modo de viver da Seicho-No-Ie”.
A Ittoen diz: “Se você ficar sem nada, a Luz cuidará de você”. O significado real dessas palavras eu vim a entender recentemente, após compreender a Verdade de que o homem não é matéria. Antes, quando abandonei todos os bens materiais e vestia só uma túnica com um cinto de corda, imitando São Francisco de Assis, ainda pensava que o homem era, pelo menos em parte, um ser material. Mesmo eliminando os bens materiais, ainda me restava a matéria chamada corpo carnal (!), e por isso achava que era impossível ficar completamente sem nada. Com relação à afirmação “Ficando sem nada, tem-se a riqueza infinita”, eu interpretava que, se dispensássemos todos os bens materiais, receberíamos da Luz os elementos materiais necessários para sustentar o nosso corpo carnal. Era uma idéia infantil e simplista, mas na época eu só conseguia entender assim. Se existem pessoas com a mesma idéia a respeito do “viver sem possuir nada” preconizado pela Ittoen, devo advertir que tais pessoas estão vagando no mesmo nível de entendimento em que eu estava na época. É para esclarecer tais pessoas que estou escrevendo este artigo.
No início, quando me ensinaram que “No Universo, nada existe que seja meu; nada tenho”, interpretei isso do seguinte modo: “Como foi Deus quem criou este mundo material e nós somos simples administradores das coisas de Deus, não existe uma coisa sequer que seja nossa”. Era assim que eu pensava. Explicarei isso mais claramente. Eu sentia vagamente que era um ser espiritual, mas, por outro lado, não podia deixar de pensar que também era uma existência material. Esse “eu”, que seria sustentado pelas provisões materiais recebidas de Deus, precisava primeiramente abandonar “meus bens” para poder receber de Deus as provisões materiais. E pensava que tanto “meus bens”, que eu deveria abandonar, como os bens que me seriam fornecidos por Deus, ambos fossem coisas materiais. Dado o meu nível de entendimento na época, era natural que assim pensasse. Se eu tinha a vaga sensação de que era um ser material, era lógico pensar que Deus iria me fornecer coisas materiais para me sustentar. Por isso, considerava o fato de “abandonar os bens materiais” como um meio de receber de Deus o fornecimento ilimitado dos mesmos bens materiais. Efetivamente, a experiência nos mostra que os recursos necessários vêm a nós não se sabe de onde, quando estamos nos dedicando à humanidade, abandonando todos os nossos bens. A revista Hikari também traz muitos exemplos dessa natureza. Por causa disso, muitas vezes pensamos, erroneamente, que “Deus nos fornece recursos materiais para nos sustentar”. Isso nos faz concluir que “Se Deus não nos proporcionar recursos materiais, não poderemos viver”. Assim, chegamos à errônea conclusão de que “em suma, todos vivemos por meio da matéria”, com a diferença de que uns vivem com a matéria fornecida por Deus, e outros com a matéria obtida pela ganância. A diferença seria apenas quanto à “origem da matéria”. Seja qual for a origem da “matéria”, o homem não pode viver sem a “matéria”. Assim pensava eu.
Entretanto, o verdadeiro “modo de viver se nada possuir”, ou seja, a verdadeira “vida destituída da matéria”, não é algo tão superficial. Compreendi isso quando me foi revelada a grandiosa e sublime Verdade da Seicho-No-Ie: “A matéria é sinônimo do nada”. “A matéria não existe; ela é sinônimo do nada. O homem, sendo filho de Deus e ser espiritual, não vive de matéria; a matéria não passa de projeção da mente”. Graças a esta revelação divina, pude compreender profunda e corretamente a essência da “vida destituída da matéria”. “A matéria não existe; o homem não é sustentado pela matéria; o homem é um ser espiritual e é sustentado pela Palavra de Deus” – se esta verdade fundamental não penetrar na alma, de nada adianta a pessoa abandonar a matéria, pois estará dependente da “matéria proveniente de Deus”, e isso não será a verdadeira “vida espiritual e livre destituída da matéria”. Será uma vida que continua a depender da matéria, e a pessoa não poderá despertar para a natureza verdadeira e plenamente livre da Vida do homem, isto é, do filho de Deus.
Suponho que dentre os seguidores da Ittoen haja muitos que já atingiram esse nível de compreensão, mas pode haver outros que não. Estes últimos, mesmo abandonando todos os bens materiais, podem estar esperando pela “matéria que vem de Deus” e, como acham que não é possível viver sem a matéria, pensam que podem recorrer à matéria proveniente de Deus. Se eles pensam que o homem não pode viver sem a matéria, isso prova que ainda existe, no fundo de sua mente, a idéia de que o homem é uma existência material. Tais pessoas não estão com a alma verdadeiramente salva. A meu ver, o fato de a Ittoen aconselhar a abandonar primeiramente todos os bens materiais não tem por objetivo reavê-los novamente, e sim dar à própria pessoa a oportunidade de compreender que ela não é uma existência material. Poderá alguém discordar, retrucando que tanto os seguidores as Ittoen como os da Seicho-No-Ie mantêm-se vivos ingerindo alimentos materiais. Porém, se tal pessoa compreender a Verdade de que a matéria é o “nada”, é projeção da mente, compreenderá que o alimento que ingere não é matéria.
No livro Vimalakirti, no capítulo Hoben (“Expediente”), conta que “este corpo é produto da ilusão”. A matéria é projeção da mente, e o corpo carnal também é projeção da mente. O nosso Eu Verdadeiro não é corpo carnal, e este não é matéria, mas projeção da mente. Quando compreendi isso, tornei-me completa e verdadeiramente destituído da matéria: fiquei “sem nada”! Isto porque, quando a pessoa compreende realmente que nem a matéria nem o corpo são existências verdadeiras, não existe mais matéria alguma para ela (somente para ela). Antes de compreender esta Verdade, a pessoa não consegue ficar verdadeiramente “sem nada”, pois, embora se desfaça de todos os seus bens, não pode jogar fora o seu corpo carnal. Depois da compreensão, porém, pode tornar-se verdadeiramente “sem nada”.
Ainda não estive no templo Kosenrin (academia da Ittoen, em Kyoto) mas ouvi dizer que é uma bela obra, construída em grande área. Há quem critique o seu fundador, dizendo: “Tenko diz que não possui nada, mas possui um templo magnífico”. O sr. Tenko responde: “Eu não possuo templo. Meu lugar é na rua. Estou sempre na rua”. Antes eu interpretava essas palavras literalmente e imaginava o sr. Tenko perambulando pelas ruas. Só recentemente é que entendi o verdadeiro significado dessas palavras, ao compreender a Verdade de que “a matéria não existe”. Para quem entendeu que “a matéria não existe”, mesmo um templo pomposo como o de Koserin não passa de uma miragem; é como uma ilusão de óptica criada por um mágico. Para mim, o sr. Tenko, mesmo instalado dentro de um templo suntuoso, está completamente destituído de matéria, pois ele conhece a Verdade de que “a matéria é nada”. Ao contrário dele, os que não conhecem a Verdade que “a matéria é nada” continuam com a posse da matéria mesmo que se desfaçam de todos os seus bens, já que possuem o corpo carnal.
Nós somos filhos de Deus, seres espirituais, e não somos matéria nem carne – é nesta compreensão que se baseia a “Economia do Nada” da Ittoen, e na mesma compreensão se fundamenta também a “Medicina do Nada”. Para comprovar a Verdade de que a “a matéria não existe” e de que “o homem é filho de Deus e encerra o infinito em seu interior”, a Ittoen experimenta abandonar todos os bens materiais. Para comprovar a mesma Verdade, a Seicho-No-Ie abandona todos os remédios e tratamentos materiais. Desta forma, comprova que o homem é Vida, que pode sustentar-se e viver com sua própria força, sem se apoiar na matéria.
A medicina atual não é a “Medicina do Nada”; é a medicina da inteligência da serpente, que “preocupa-se com o que comer e o que beber”. Ela manda comer ou beber especialmente determinados produtos materiais. E para os pobres que não podem adquirir os remédios materiais isso se torna um drama. Um seguidor da Ittoen, por exemplo, que não possui bem algum nem dinheiro para comprar remédio, embora possa demonstrar que é possível viver segundo a “Economia do Nada” não poderá demonstrar que é possível manter a saúde sem tomar remédio, enquanto confiar na “medicina que se preocupa com o que comer e beber”. Por não ter a convicção de que é possível viver sem remédio, e de que a doença se cura melhor sem remédio, se ele adoecer, apesar de sua Vida proveniente de Deus possuir infinita força curativa, essa superstição de que “a doença não se cura sem remédio” inibirá a força vital (poder curativo natural) recebida de Deus, retardará a cura e poderá levar à morte prematura. E talvez esse adepto se conforme, pensando: “Morro tão cedo porque a Luz assim quer; seja feita a Sua vontade”. E também as pessoas que presenciarem seus últimos momento o elogiarão, dizendo: “Foi uma morte serena; ele retornou para a Luz”. De fato, muitos morrem serenamente, terminada a sua missão na Terra. Entretanto, dentre aqueles que morrem dizendo que “vão se entregar à Luz”, pode haver alguns que se entregam à superstição do remédio – à ilusão e não á Luz. Talvez eles pensem da seguinte maneira: “Eu já estava doente quando comecei minha vida de mendicância religiosa, mas me esforcei demais, sem tomar remédio algum, nem ir ao médico; esse excesso é que me fez mal; entretanto, a um adepto da Ittoen, tombar durante a sua vida de mendicância é o mesmo que um soldado morrer em campo de batalha”. Tal pensamento pode parecer comovente e nobre, mas, na verdade, a pessoa está presa a uma ilusão. Que ilusão? A de que “esforçou-se demais, sem tomar remédios”. A Vida do ser humano é natureza divina, é filho da Luz; portanto não tem fundamento dizer que “é preciso tomar remédio para se curar” ou que “o excesso de trabalho faz mal”. Uma vez que a essência do homem é natureza divina, não há como sofrer algum mal por excesso de trabalho. Por mais que ele trabalhe, nunca será excessivo. Às vezes, a revista da Ittoen informa que um determinado adepto está acamado com estafa; eu, entretanto, afirmo que é impossível o homem fatigar-se porque sua natureza é divina. Talvez possam pensar que faço afirmações absurdas, mas isso é uma Verdade confirmada por grande quantidade de cartas de agradecimento das pessoas cujas doenças desapareceram quando eliminaram a ilusão, lendo a Seicho-No-Ie, compreendendo a Verdade e aplicando-a na vida real.
Sempre lamentei o fato de faltar no modo de vida da Ittoen – no viver desprovido da matéria – algo como “medicina desprovida da matéria”. E agora sinto-me feliz em concebê-la e oferecê-la ao sr. Tenko, criador da “economia desprovida da matéria”. O sr. Tenko demonstrou que a “dificuldade de subsistência não existe”. Poderá alguém contestar: “Como não existe a doença, se estou doente?”. Mas essa doença não tem existência própria e real; é algo irreal manifestada pela sua mente em ilusão. Contestar a mim seria o mesmo que contestar o sr. Tenko, dizendo: “Como não estou em dificuldade de subsistência, se estou em dificuldade?”. Nem a dificuldade de subsistência nem a doença existem no mundo criado por Deus. Nós é que nos iludimos e permitimos que nossa mente em ilusão manifeste dificuldade na vida ou doenças. Elas desaparecem quando afastamos a ilusão.
Mesmo que alguém abandone seus bens materiais e adote o modo de viver da Ittoen, terá dificuldades se não despertar para o fato de que a sua própria Vida é Luz, é Deus. O abandono dos bens materiais é apenas um meio/artifício/expediente para compreender que a sua Vida, divina por natureza, é infinitamente rica (não apenas economicamente, mas também em força para viver). Não adianta buscar apenas o meio (expediente), sem compreender a finalidade. A “riqueza infinita no aspecto econômico”, já foi demonstrada pelo sr. Tenko. Compreendendo agora a “riqueza infinita quanto a força vital”, a Ittoen tornar-se-á completa. Ainda que um praticante da Ittoen tenha despertado para a riqueza infinita no tocante ao aspecto econômico, se ele não despertar para a riqueza infinita da força vital, adoecerá e tombará no “campo de batalha” da mendicância religiosa.
É recomendada como terapia para a Ittoen o método do Sr. Kurakichi Hirata, o qual cura uma série de doenças picando uma parte da epiderme com uma agulha aquecida. Sabem os leitores por que as doenças se curam com método tão simples? É porque a doença não existe originariamente. Compreendendo isso, a doença retorna ao nada naturalmente. O dr. Mikitaro Nishimura, ex-chefe do departamento de oftalmologia do Hospital da Província de Hyogo, tem a opinião de que todas as doenças provém de anomalia nos olhos. Ele cura doenças cardíacas, nevrálgicas, estomacais e todas as demais aquecendo os olhos com compressas quentes. E realmente as doenças se curam. Curam-se porque, originariamente, não existem. Como as pessoas pensam que existe a doença – que na verdade não existe –, esse pensamento (ilusão) delas reflete-se no corpo carnal sob a forma de doença. Portanto, se estimularmos qualquer parte do corpo, fazendo o paciente acreditar que isso cura, essa fé irá refletir-se em seu corpo e curará a doença. Recentemente, uma pessoa que trabalhou na famosa Clínica de Acupuntura Rikita, em Hiroshima, veio à Seicho-No-Ie para treinamento espiritual e nos contou o que o diretor Rikita costuma dizer: “Se as agulhas penetrarem a fundo até atingir os nervos, provocam mal-estar, e os pacientes não gostam disso. Por isso aplico as agulhas pela metade e não as introduzo até chegar aos nervos. Mesmo assim, os pacientes ficam curados porque acreditam na minha acupuntura”. Assim, estimulando os olhos ou qualquer outra parte do corpo e fazendo o paciente acreditar na cura, a doença se cura porque ela não existe verdadeiramente, sendo apenas uma imagem aparente projetada pela mente em ilusão.
Apresentando provas concretas de que a doença se cura somente com a compreensão da Verdade de que “a doença não existe” e que “o homem, por ser filho de Deus, não se cansa por mais que trabalhe”, a Seicho-No-Ie criou a “Medicina do Nada”. A Ittoen, que já havia criado a “Economia do Nada” que permite vive sem posse alguma, conhecendo agora a “Medicina do Nada” que permite ter saúde sem o uso de recursos materiais, viu aperfeiçoada e completada a sua filosofia de que “do nada surge a riqueza infinita”. Com a compreensão desta Verdade, desaparecerá a presunção de que “retorna à Luz pela vontade divina” quando, na verdade, a pessoa adoece e encurta sua vida com a sua própria ilusão.
Ainda há dias, perguntei a um adepto da Seicho-No-Ie de físico forte se ele tinha necessidade de receber graças para sua saúde mediante a leitura das obras da Seicho-No-Ie. Ele respondeu que, como fiscal de obras do Ministério das Estradas de Ferro, às vezes era obrigado a ficar dois dias e duas noites trabalhando. Ao cabo desse período, ficava com a cabeça atordoada, sem apetite e indisposto o dia inteiro. Mas, depois que conheceu a Verdade pregada pela Seicho-No-Ie, não sente nenhuma fadiga após 48 horas de trabalho e tem muito apetite. Isso prova que seu cansaço não provinha de “causas naturais”, mas da ilusão de que “o homem se cansa se não dormir”. Acumulando cansaços criados pela ilusão, e acumulando ainda mais a ilusão de que o acúmulo de cansaços provoca doenças, a pessoa acaba por adoecer mesmo. Essa doença é obra da ilusão e não da Luz. A Luz é Deus, é benevolência, e portanto jamais causa doença no homem.
Mesmo na Ittoen, quando seus praticantes se libertam do “eu ilusório” em termos financeiros e revelam cada vez mais o seu “verdadeiro Eu”, podem chegar a manifestar a capacidade ilimitada inclusive no aspecto da saúde, obtendo resultados que transcendem a medicina, como demonstrou por experiência o sr. Tenko, que no hospital-escola da Faculdade de Medicina da Universidade de Kyoto submeteu-se a uma dieta destituída de vitamina B1 e mesmo assim não contraiu beribéri. Talvez porque poucas pessoas tenham atingido o mesmo nível espiritual do sr. Tenko, costuma-se dizer que se cansa ou que o cansaço acumulado gera doença. Cansa-se porque se acredita na superstição de que o homem é uma máquina material que se desgasta pelo uso. O homem não se desgasta pelo uso porque não é matéria. As pessoas tendem a ver só o corpo carnal e a pensar que o homem possui energia limitada, mas isso não corresponde à verdade. A Seicho-No-Ie afirma, partindo da premissa da inexistência da matéria, que o “corpo carnal inexiste; é projeção da mente”. Uma vez que o corpo carnal é projeção da mente, se pensarmos na cura, seremos curados; se pensarmos em cansaço, ficaremos cansados; e se pensarmos que somos limitados assim seremos; e se pensarmos que somos ilimitados, manifestaremos energia ilimitada.
Poderão pensar que é um absurdo afirmar que pode surgir no corpo carnal uma energia ilimitada. Entretanto, se a pessoa compreender que o corpo carnal inexiste originariamente (tornar-se verdadeiramente “sem nada”), que tal corpo é projeção da mente e que a essência do homem é inseparável de Deus (fonte da força infinita), manifestar-se-á na “projeção da mente” (no corpo carnal) a força infinita.
Há pouco tempo, uma jovem senhora teve uma criança. Ela é magra e tem mamas pequenas. Durante duas semanas, a parteira vinha cuidar do bebê e dizia quase todos os dias: “Com seios tão pequenos, logo estará faltando leite”. Tanto a parteira como a mãe do bebê pensavam que o leite provinham dos seios materiais e que sua quantidade fosse proporcional ao tamanho das mamas. Esse pensamento projetou sua “sombra” no corpo, reduzindo a quantidade de leite. Quando fui consultado, disse que “o leite humano é fornecido por Deus para alimentar o recém-nascido; ele vem de Deus, que é Vida infinita, e não das mamas materiais. Conscientizando que a provisão vem da Vida infinita de Deus, essa tomada de consciência refletir-se-á no corpo como projeção da mente e haverá leite suficiente”. Alguns dias depois, seu leite voltou a ser abundante.
A Seicho-No-Ie demonstrou no aspecto da saúde a Provisão infinita de Deus, a qual se estende também ao aspecto econômico-financeiro. A Ittoen demonstrou a provisão infinita da Vida, partindo do âmbito financeiro para o da saúde. Por isso, considero a Ittoen e a Seicho-No-Ie como duas rodas da mesma carroça.
Pode haver quem pense que a insuficiência de leite ou cansaço proveniente do excesso de trabalho possam ser curados pela conscientização da “Vida inesgotável que vem de Deus”, mas não as doenças incuráveis como câncer, tuberculose, e outras. Entretanto, como as doenças não existem verdadeiramente, é impossível que não sejam curadas quando a pessoa compreende realmente a Verdade. Como prova disso, cartas e mais cartas de relatos que venho recebendo dos leitores da revista Seicho-No-Ie que obtiveram a cura de câncer, tuberculose, pleurite, cárie óssea, esterilidade, etc., apenas lendo sobre a Verdade. Os doentes que estejam lendo este artigo, e que com ele concordem, já devem estar sentindo alguma melhora. Outro dia proferi na Editora Seiko, no edifício Osakado, uma conferência, a qual foi publicada na revista O Espírito e a Vida. O artigo impressionou tanto um leitor, que o leu cinco vezes. Na manhã seguinte, surpreendeu-se com a cura das hemoróidas que vinham resistindo a todo e qualquer tratamento. Maravilhado, veio agradecer-me. Eis a comprovação, na vida concreta, da Verdade de que a Vida se cura por si mesma, sem recurso material algum.
(Do livro “A Verdade da Vida”, vol. 04, pgs. 213 à 227.)