Paramahansa Yogananda
As ilustrações acima, da senhora que jejuou por quarenta anos e da grande compostura mental do Senhor Shankara quando ameaçado com morte imediata, mostram como os hindus são práticos em seus conhecimentos sobre a superioridade do poder da mente sobre a consciência material. O corpo do homem é como uma bateria molhada. Em parte, depende externamente de carboidratos, líquidos, oxigênio e determinados produtos químicos para alimentar o corpo; e internamente depende da vibração cósmica da vida corrente que flui através da medula para o corpo do homem. "O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus ".
Então a vida do homem não depende somente de pão, (alimentos materiais de substância sólida, líquida ou gasosa), mas de toda palavra (unidade de energia vibratória) de Deus (energia cósmica).
Estando mentalmente identificado com o corpo e o alimento, o homem se esquece de que, se lhe faltar a energia vital interior, nenhuma quantidade de dieta ou oxigenação do corpo pode permitir-lhe viver. Se o estômago de um homem morto for recheado de boa comida e os pulmões forem inflados com oxigênio, ele não reviverá. Externamente, o alimento ajuda a manter a vida no corpo, mas a força da vida é mantida a partir de dentro. E quando a Corrente Cósmica deixar de abastecer a vida partir do interior, nenhum apoio material exterior será de qualquer proveito.
Aqueles que nunca jejuam não sabem que o homem pode viver pela Palavra de Deus, ou pela energia que flui de Deus. Jesus jejuou por quarenta dias, a fim de se convencer de que sua alma subiu acima das condições corporais. Por isso ele proferiu, quando foi tentado pela consciência material da fome, as palavras "O homem não vive somente de pão", etc.
Assim, os estágio prévios do jejum realizado durante semanas são marcados pela fome, mas conforme os dias de jejum se multiplicam, menos fome e uma maior liberdade dos alimentos serão sentidos. Por que? Porque a alma é feita naturalmente para depender/funcionar a partir da fonte interna de abastecimento. Isso pode ser conseguido através da negação da fonte externa de abastecimento de alimentos. Mas este método do jejum é apenas um dos métodos físicos de elevar-se acima da consciência da matéria. Nenhum aspirante espiritual deve indiscriminadamente entrar em longos jejuns sem orientação especializada. O jejum parcial, que se realiza omitindo uma ou duas refeições por dia, ou o que se abstém do alimento por um dia a cada semana, feito com o único propósito de esquecer o alimento, e seguido por profunda meditação, é útil na realização espiritual.
O Cientista Cristão geralmente emprega imaginação forte, desenvolvida pelo estudo de "Ciência e Saúde", a fim de curar suas doenças físicas e convencer-se da não existência da matéria. Mas há um elemento mais poderoso no homem, diz o mestre hindu - a Vontade -, pelo desenvolvimento da qual o homem pode converter seu corpo em uma bateria seca, abastecendo seu corpo com a corrente vital do interior da Fonte Cósmica, e viver sem comida, produtos químicos, ou remédios. Isto requer uma longa prática, e é difícil, mas a maneira mais fácil é aprender a tratar o corpo como uma bateria molhada e viver mais pela Força Vital extraída por meio da Vontade interior, e menos pelo alimento material.
A Vontade é o grande gerador interno de energia para o corpo. Quando alguém não sente vontade e não está disposto a fazer o seu trabalho diário, a pessoa sente falta de energia no sistema. Por outro lado, quando se trabalha incessantemente, mas de bom grado, com dedicação e amor ao serviço, a pessoa sente seu corpo magnamente preenchido de energia. Imagine que um homem esteja deitado tranquilamente num sofá: será que ele, apenas por estar lá, não sentirá vontade de movimentar seus membros ou músculos, ou não sentirá vontade de imaginar, pensar, sentir e irá, ao invés disso, permanecer continuadamente neste estado passivo? Pode ele assim viver? Não.
Deste modo, os movimentos do corpo e os processos físicos são iniciados por meio da Vontade - surgem através da Vontade -, quer de forma consciente ou inconsciente. Portanto, quando se aprende o mais elevado método ou ensinamento metafísico, de forma a viver unicamente pela Energia da Consciência e pela Vontade, compreende-se por fim que a força mental é auto-suficiente, indepentente, autônoma, que ela basta a si mesma, e pode-se então viver sem se estar condicionado pelas necessidades e exigências do corpo.
É aí que entra o método de aprendizagem da arte da concentração, através da qual o indivíduo pode transferir a atenção, por meio da Vontade (que nasce e é desenvolvida mediante a dominação do corpo), para o espírito, a fim de se destruir a identificação bruta da alma com o corpo, uma vez que essa identificação é a única causa de a alma atribuir a si todas as fraquezas e as doenças do corpo.
Para consertar um osso quebrado, o médico, um filho de Deus, com a ajuda das leis materiais criadas por Deus, desenvolveu um método quase perfeito de fixação do ossos. Por que, então, a um leigo que sofre com seus ossos quebrados, exigir que desenvolva e aprenda métodos mentais que apenas os mais desenvolvidos, familizarizados com a lei de materialização e desmaterialização das vibrações atômicas e dos tecidos do corpo, são capazes de realizar? Até que a crença no poder da mente seja transformada em conhecimento exato, o leigo poderá incorrer no sério perigo de se desiludir e se decepcionar. O simples 'ignorar a doença' pela crença na saúde não é o suficiente para impedir o progresso de uma doença, porque o funcionamento das leis físicas/materiais de Deus são tão verdadeiras como as Suas leis mentais. É por isso que muitos já morreram de doenças, apesar de acreditarem na cura mental. A fim de que se esteja absolutamente seguro e convicto nos resultados da cura mental, o indivíduo deverá antes cuidar regularmente de desenvolver os seus poderes. Jesus sempre teve certeza de suas curas porque ele havia estudado e sabia exatamente o que estava fazendo.
Os inspirados mestres hindus estão estritamente em acordo com os princípios básicos da Ciência Cristã. Todavia, eles se expressam por um modo diferente. Ao invés de afirmarem, como afirma o Cientista Cristão, que a matéria não existe, eles dizem que a matéria é força mental materializada, energia sutil que adquiriu concretização/corporificação, e provam suas declarações através de seus poderes de materialização e desmaterialização da matéria.
A Ciência já provou que a matéria é composta de vibração. Os noventa e dois elementos materiais, que entram na composição de todo o universo - das estrelas até os seres humanos -, nada mais são que formas diferentes de vibração eletrônica. Por exemplo, no gelo encontramos frieza, peso, forma - ele é visível. Mas se derreter o gelo, ele vira água. Passe eletricidade através dela, e ela se converte em H20 invisível (ar) que, analizado melhor, também é uma forma de vibração eletrônica. Assim, podemos afirmar cientificamente que o gelo não existe embora seja perceptível aos nossos sentidos da visão, paladar, tato, e assim por diante. Na realidade sua essência é composta por elétrons invisíveis ou formas de energia. Noutras palavras, não se pode afirmar que aquilo que pode ser dissolvido ao seu estado invisível tenha existência válida. Nesse sentido pode-se dizer que a matéria não existe - mas somente neste sentido! -, porque a matéria tem existência relativa, ou seja, a matéria existe em relação à nossa mente e existe como expressão de forças eletrônicas existentes que são imutáveis e imortais. Assim como a criança não poderia ter nascido sem os pais, da mesma forma a matéria depende da precedência da mente para ter sua existência. Ela nasce da Mente Divina, porém é perceptível à mente mortal, e em si mesma e por si só não tem realidade nem existência. O hinduísmo fornece/supre o elo perdido entre a matéria e a mente como sendo energia, assim como o elo perdido entre o gás H2O invisível e o gelo - eles são água. Água e gelo são ambos manifestações de H2O invisível: suas existências são apenas aparências formais, transitórias... Da msma forma, mente mortal e matéria são manifestações formais/aparentes da Consciência Divina; mas, essencialmente, só existe a Mente Divina.
Em um livreto muito interessante de Swami Abhedananda intitulado "A Ciência Cristã e o Vedanta", são feitas as seguintes observações: "A Ciência Cristã, negando inflexivelmente a existência da matéria e da mente mortal, nega a existência do mundo fenomenal e reduz este a nada. Essa dificuldade, contudo, não surge na filosofia Vedanta, porque ela não nega a existência da matéria, da mente e de tudo o que está no plano fenomenal, apesar de nos dizer que o mundo é irreal, que a matéria é irreal e que a mente é irreal. Ela reconhece sua existência, mas acrescenta/ressalva que essa existência não pode ser separada da existência absoluta. Se Brahman, ou a existência absoluta, é tudo em todos, então tudo o que existe no plano fenomênico é, na realidade, Brahman, ou a Verdade Absoluta. A realidade da cadeira, da mesa, da terra, do sol, da lua e as estrelas, é a existência absoluta, é a própria Divindade. A realidade em vós, em mim, e em todos os seres vivos, é o mesmo que a realidade absoluta do universo; é apenas devido a nomes e formas que a Realidade Una parece ser muitos. Como, por exemplo, quando a substância "argila" assume formas e nomes diversos, em inúmeras variedades, tais como "panelas", "potes", "tijlos", etc. Do mesmo modo, a Realidade Única e Absoluta, quando vestida com diferentes nomes e formas, parece ser o sol, a lua, as estrelas, os animais, os vegetais, etc."
"Os nomes e as formas obviamente não possuem Realidade Absoluta, mas têm realidade condicionada; ou, em outras palavras, apenas existem em relação às nossas mentes. Segundo o Vedanta, o mundo é real, só que ao mesmo tempo não é o que parece ser; ele não é da forma como os nossos olhos o vêem agora, porque os olhos materiais iludem por não captar toda a sua realidade. Esse é o significado de "ilusão" no Vedanta. Por exemplo, aqui está uma cadeira. O conteúdo desta cadeira é a realidade absoluta, porque a realidade absoluta é toda-penetrante/presente, Um. É em ti, em mim, na mesa - é em todas as coisas. Isto que confere realidade à cadeira é um com a Realidade Absoluta. Mas a cadeira aparece como "cadeira" apenas enquanto está vestida com o nome e forma de cadeira. Se pudermos separar mentalmente o nome e a forma da substância/conteúdo (que é o que a cadeira realmente é), restará apenas o elemento comum. Retire o nome e a forma da substância - e átomos e moléculas remanescerão. Não haverá nada além de Eterna Energia, e esta é inseparável da Substância Absoluta. Desse modo, se pudermos separar os nomes e formas do conteúdo, todos os objetos fenomênicos podem ser reduzidos à substância única que é a Realidade Absoluta do universo."
"Nesta era de agnosticismo e materialismo, a Ciência Cristã tem feito um trabalho admirável, em fazer as pessoas perceber que este mundo fenomenal é como uma "terra de sonhos", e que todos os objetos dos sentidos são nada mais do que objetos vistos em sonho. Este não é um pequeno ganho para as mentes ocidentais, porque quanto mais nos dermos conta de que este mundo é um sonho, mais nos aproximamos da Verdade Absoluta. A este respeito, o que a Ciência Cristã está atualmente tentando realizar neste país, tem sido feito pelo Vedanta na Índia há séculos. Além disso, a Ciência Cristã tem prestado um grande serviço à humanidade, demonstrando o poder da mente sobre o corpo, o poder do Espírito sobre a matéria. Embora estas verdades nem de longe sejam novidades para os mestres espirituais, sábios e maiores filósofos de todos os países, ainda em nenhum outro país e em nenhuma outra época existiu um movimento tão bem organizado como o movimento que começou recentemente pela Sra. Eddy, sob o nome de "Ciência Cristã". Assim, como o Vedanta, a Ciência Cristã trouxe saúde para muitos corpos doentes e descanso para mentes enfraquecidas."
O poder de cura é uma propriedade natural de cada alma individual. Em todos os tempos existiram curadores notáveis por toda a parte - entre os hindus, budistas, mulçumanos, e os de outros credos religiosos. É um grande erro acreditar que o poder de cura provém de qualquer fonte externa ou da crença 'nisto' ou 'naquilo'. É desenvolvido por viver uma vida correta, em conformidade com as leis morais e espirituais da natureza... Se lermos a história religiosa do mundo com cuidado, veremos que muito antes do nascimento de Cristo, o mesmo poder de cura pela Mente ou Espírito era praticado pelos seguidores de Buda com um sucesso maravilhoso. Onde quer que os budistas viajassem, curavam a doença sem valer da utilização de drogas ou remédios. Os iogues da Índia também não usam drogas na cura de doenças, mas dependem inteiramente do poder espiritual através de uma vida correta e da prática do Yoga. O poder de cura é universal e não pode ser confinado aos limites ou reivindicado como exclusivamente pertencente a algum credo, seita, religião ou livro.
Retomando nossa discussão sobre a mente e a matéria: Compreendemos que as forças eletrônicas cegas e não-inteligentes da criação (matéria e mente mortal), a fim de que sejam fatores criativos da Inteligência Divina, devem conter em si as vibrações da Consciência Cósmica Divina de Deus. Deus declarou: "Haja Luz", ou seja, o Criador vibrou tal idéia em Sua Consciência, que produziu a luz, a energia, a consciência corrente da vida e os elétrons - de vibração mais grosseira -, que se tornaram as diversas forças sutis da natureza, a qual, por sua vez, converteu-se em matéria bruta e nos noventa e dois elementos de matéria que constituem o universo material.
Para a consciência/mente humana, a matéria é tanto real como perceptível. Contudo o homem descobriu, através da investigação teórica, da lógica e de certos experimentos (como ser capaz de converter um pedaço visível de gelo em uma força invisível), que há uma força permanente e inalterável por trás de todas as formas ilusórias e transitórias da criação material. Esta verdade pode ser compreendida mediante uma ponderação do fato e do modo como o oceano existe: suas ondas não têm existência permanante, mas são apenas as formações temporariamente assumidas através de manifestações de uma grande e única substância. Ondas não podem existir sem o oceano, mas o oceano pode existir sem as ondas. Assim a matéria não pode existir sem o Poder Divino da Mente, mas o Divino Poder da Mente existe sem a matéria. Esses conceitos podem ser intelectualmente compreendidos, mas não poderão ser realizados até que se aprenda um método consciente de se converter matéria em energia consciente, e energia consciente em Consciência Cósmica, como Jesus e tantos outros Santos hindus foram capazes de fazer. Para tais iluminados, a matéria de fato não existe porque Eles vêem e compreendem o completo e total Oceano imutável do Espírito sob as ligeiras ondulações da criação fenomenal.
O Universo tem sido descrito pelas filosofias do Vedanta e do Yoga como sendo um sonho de Deus. A matéria e a mente, o universo, os planetas; as forças humanas dos sentimentos, da vontade e da consciência; os estados de vida e morte; a doença e a saúde; a realidade densa e concreta da matéria e as realidades mais sutis abaixo do nível da matéria - tudo é real consoante as Leis da Relatividade que governam este sonho de Deus. Todas as dualidades percebidas através da Lei da Relatividade são reais para o sonhador, para o homem comum que desempenha o seu papel neste grande sonho de Deus. Para escapar destas dualidades, o indivíduo deve despertar deste sonho e acordar para a eterna e Divina Consciência/Realidade Iluminada. Não podemos mudar o sonho de Deus só pela mera imaginação ou negação da matéria, ou por meio da aceitação da vida e rejeição da morte, ou pela busca só da saúde e fuga da doença. Um estado é parte de seu estado oposto - fazem parte um do outro -, assim como fazem os dois lados de um mesmo tecido. As dualidades são partes e parcelas integrantes do outro. O homem que vê o seu corpo diferente da mente, que não pode desmaterializar seu corpo em Energia Eletrônica, que não pode ver a incoerência/contradição de rejeitar a medicina e aceitar o alimento, ou de negar a doença e afirmar a saúde, ainda é um homem sob a ilusão do sonho mundano. Assim como o homem comum tem sonhos que parecem reais enquanto dorme, mas que perdem a sua realidade quando sai para o estado normal de vigília - assim é possível a cada um despertar algum dia desta realidade mundana, que é aparente e ilusória, e viver na Consciência Cósmica eterna de Deus.
O super-homem, aquele que despertou em Deus pela transferência e expansão de sua consciência para o mundo da realidade imutável - só Ele pode realizar/perceber esta criação como um sonho de Deus, só Ele possui autoridade para dizer que a matéria é inexistente. Através de uma longa série de medidas de auto-disciplina, através dos diferentes caminhos do Yoga, ou através de qualquer método de aperfeiçoamento espiritual - como a prática do serviço, do amor, da sabedoria e da abnegação -, o Aspirante sobe além das garras, além dos limites da dualidade e da impermanência de todas as coisas criadas, para a incompreensível grandeza de Seu verdadeiro Ser.
Então a vida do homem não depende somente de pão, (alimentos materiais de substância sólida, líquida ou gasosa), mas de toda palavra (unidade de energia vibratória) de Deus (energia cósmica).
Estando mentalmente identificado com o corpo e o alimento, o homem se esquece de que, se lhe faltar a energia vital interior, nenhuma quantidade de dieta ou oxigenação do corpo pode permitir-lhe viver. Se o estômago de um homem morto for recheado de boa comida e os pulmões forem inflados com oxigênio, ele não reviverá. Externamente, o alimento ajuda a manter a vida no corpo, mas a força da vida é mantida a partir de dentro. E quando a Corrente Cósmica deixar de abastecer a vida partir do interior, nenhum apoio material exterior será de qualquer proveito.
Aqueles que nunca jejuam não sabem que o homem pode viver pela Palavra de Deus, ou pela energia que flui de Deus. Jesus jejuou por quarenta dias, a fim de se convencer de que sua alma subiu acima das condições corporais. Por isso ele proferiu, quando foi tentado pela consciência material da fome, as palavras "O homem não vive somente de pão", etc.
Assim, os estágio prévios do jejum realizado durante semanas são marcados pela fome, mas conforme os dias de jejum se multiplicam, menos fome e uma maior liberdade dos alimentos serão sentidos. Por que? Porque a alma é feita naturalmente para depender/funcionar a partir da fonte interna de abastecimento. Isso pode ser conseguido através da negação da fonte externa de abastecimento de alimentos. Mas este método do jejum é apenas um dos métodos físicos de elevar-se acima da consciência da matéria. Nenhum aspirante espiritual deve indiscriminadamente entrar em longos jejuns sem orientação especializada. O jejum parcial, que se realiza omitindo uma ou duas refeições por dia, ou o que se abstém do alimento por um dia a cada semana, feito com o único propósito de esquecer o alimento, e seguido por profunda meditação, é útil na realização espiritual.
O Cientista Cristão geralmente emprega imaginação forte, desenvolvida pelo estudo de "Ciência e Saúde", a fim de curar suas doenças físicas e convencer-se da não existência da matéria. Mas há um elemento mais poderoso no homem, diz o mestre hindu - a Vontade -, pelo desenvolvimento da qual o homem pode converter seu corpo em uma bateria seca, abastecendo seu corpo com a corrente vital do interior da Fonte Cósmica, e viver sem comida, produtos químicos, ou remédios. Isto requer uma longa prática, e é difícil, mas a maneira mais fácil é aprender a tratar o corpo como uma bateria molhada e viver mais pela Força Vital extraída por meio da Vontade interior, e menos pelo alimento material.
A Vontade é o grande gerador interno de energia para o corpo. Quando alguém não sente vontade e não está disposto a fazer o seu trabalho diário, a pessoa sente falta de energia no sistema. Por outro lado, quando se trabalha incessantemente, mas de bom grado, com dedicação e amor ao serviço, a pessoa sente seu corpo magnamente preenchido de energia. Imagine que um homem esteja deitado tranquilamente num sofá: será que ele, apenas por estar lá, não sentirá vontade de movimentar seus membros ou músculos, ou não sentirá vontade de imaginar, pensar, sentir e irá, ao invés disso, permanecer continuadamente neste estado passivo? Pode ele assim viver? Não.
Deste modo, os movimentos do corpo e os processos físicos são iniciados por meio da Vontade - surgem através da Vontade -, quer de forma consciente ou inconsciente. Portanto, quando se aprende o mais elevado método ou ensinamento metafísico, de forma a viver unicamente pela Energia da Consciência e pela Vontade, compreende-se por fim que a força mental é auto-suficiente, indepentente, autônoma, que ela basta a si mesma, e pode-se então viver sem se estar condicionado pelas necessidades e exigências do corpo.
É aí que entra o método de aprendizagem da arte da concentração, através da qual o indivíduo pode transferir a atenção, por meio da Vontade (que nasce e é desenvolvida mediante a dominação do corpo), para o espírito, a fim de se destruir a identificação bruta da alma com o corpo, uma vez que essa identificação é a única causa de a alma atribuir a si todas as fraquezas e as doenças do corpo.
Para consertar um osso quebrado, o médico, um filho de Deus, com a ajuda das leis materiais criadas por Deus, desenvolveu um método quase perfeito de fixação do ossos. Por que, então, a um leigo que sofre com seus ossos quebrados, exigir que desenvolva e aprenda métodos mentais que apenas os mais desenvolvidos, familizarizados com a lei de materialização e desmaterialização das vibrações atômicas e dos tecidos do corpo, são capazes de realizar? Até que a crença no poder da mente seja transformada em conhecimento exato, o leigo poderá incorrer no sério perigo de se desiludir e se decepcionar. O simples 'ignorar a doença' pela crença na saúde não é o suficiente para impedir o progresso de uma doença, porque o funcionamento das leis físicas/materiais de Deus são tão verdadeiras como as Suas leis mentais. É por isso que muitos já morreram de doenças, apesar de acreditarem na cura mental. A fim de que se esteja absolutamente seguro e convicto nos resultados da cura mental, o indivíduo deverá antes cuidar regularmente de desenvolver os seus poderes. Jesus sempre teve certeza de suas curas porque ele havia estudado e sabia exatamente o que estava fazendo.
Os inspirados mestres hindus estão estritamente em acordo com os princípios básicos da Ciência Cristã. Todavia, eles se expressam por um modo diferente. Ao invés de afirmarem, como afirma o Cientista Cristão, que a matéria não existe, eles dizem que a matéria é força mental materializada, energia sutil que adquiriu concretização/corporificação, e provam suas declarações através de seus poderes de materialização e desmaterialização da matéria.
A Ciência já provou que a matéria é composta de vibração. Os noventa e dois elementos materiais, que entram na composição de todo o universo - das estrelas até os seres humanos -, nada mais são que formas diferentes de vibração eletrônica. Por exemplo, no gelo encontramos frieza, peso, forma - ele é visível. Mas se derreter o gelo, ele vira água. Passe eletricidade através dela, e ela se converte em H20 invisível (ar) que, analizado melhor, também é uma forma de vibração eletrônica. Assim, podemos afirmar cientificamente que o gelo não existe embora seja perceptível aos nossos sentidos da visão, paladar, tato, e assim por diante. Na realidade sua essência é composta por elétrons invisíveis ou formas de energia. Noutras palavras, não se pode afirmar que aquilo que pode ser dissolvido ao seu estado invisível tenha existência válida. Nesse sentido pode-se dizer que a matéria não existe - mas somente neste sentido! -, porque a matéria tem existência relativa, ou seja, a matéria existe em relação à nossa mente e existe como expressão de forças eletrônicas existentes que são imutáveis e imortais. Assim como a criança não poderia ter nascido sem os pais, da mesma forma a matéria depende da precedência da mente para ter sua existência. Ela nasce da Mente Divina, porém é perceptível à mente mortal, e em si mesma e por si só não tem realidade nem existência. O hinduísmo fornece/supre o elo perdido entre a matéria e a mente como sendo energia, assim como o elo perdido entre o gás H2O invisível e o gelo - eles são água. Água e gelo são ambos manifestações de H2O invisível: suas existências são apenas aparências formais, transitórias... Da msma forma, mente mortal e matéria são manifestações formais/aparentes da Consciência Divina; mas, essencialmente, só existe a Mente Divina.
Em um livreto muito interessante de Swami Abhedananda intitulado "A Ciência Cristã e o Vedanta", são feitas as seguintes observações: "A Ciência Cristã, negando inflexivelmente a existência da matéria e da mente mortal, nega a existência do mundo fenomenal e reduz este a nada. Essa dificuldade, contudo, não surge na filosofia Vedanta, porque ela não nega a existência da matéria, da mente e de tudo o que está no plano fenomenal, apesar de nos dizer que o mundo é irreal, que a matéria é irreal e que a mente é irreal. Ela reconhece sua existência, mas acrescenta/ressalva que essa existência não pode ser separada da existência absoluta. Se Brahman, ou a existência absoluta, é tudo em todos, então tudo o que existe no plano fenomênico é, na realidade, Brahman, ou a Verdade Absoluta. A realidade da cadeira, da mesa, da terra, do sol, da lua e as estrelas, é a existência absoluta, é a própria Divindade. A realidade em vós, em mim, e em todos os seres vivos, é o mesmo que a realidade absoluta do universo; é apenas devido a nomes e formas que a Realidade Una parece ser muitos. Como, por exemplo, quando a substância "argila" assume formas e nomes diversos, em inúmeras variedades, tais como "panelas", "potes", "tijlos", etc. Do mesmo modo, a Realidade Única e Absoluta, quando vestida com diferentes nomes e formas, parece ser o sol, a lua, as estrelas, os animais, os vegetais, etc."
"Os nomes e as formas obviamente não possuem Realidade Absoluta, mas têm realidade condicionada; ou, em outras palavras, apenas existem em relação às nossas mentes. Segundo o Vedanta, o mundo é real, só que ao mesmo tempo não é o que parece ser; ele não é da forma como os nossos olhos o vêem agora, porque os olhos materiais iludem por não captar toda a sua realidade. Esse é o significado de "ilusão" no Vedanta. Por exemplo, aqui está uma cadeira. O conteúdo desta cadeira é a realidade absoluta, porque a realidade absoluta é toda-penetrante/presente, Um. É em ti, em mim, na mesa - é em todas as coisas. Isto que confere realidade à cadeira é um com a Realidade Absoluta. Mas a cadeira aparece como "cadeira" apenas enquanto está vestida com o nome e forma de cadeira. Se pudermos separar mentalmente o nome e a forma da substância/conteúdo (que é o que a cadeira realmente é), restará apenas o elemento comum. Retire o nome e a forma da substância - e átomos e moléculas remanescerão. Não haverá nada além de Eterna Energia, e esta é inseparável da Substância Absoluta. Desse modo, se pudermos separar os nomes e formas do conteúdo, todos os objetos fenomênicos podem ser reduzidos à substância única que é a Realidade Absoluta do universo."
"Nesta era de agnosticismo e materialismo, a Ciência Cristã tem feito um trabalho admirável, em fazer as pessoas perceber que este mundo fenomenal é como uma "terra de sonhos", e que todos os objetos dos sentidos são nada mais do que objetos vistos em sonho. Este não é um pequeno ganho para as mentes ocidentais, porque quanto mais nos dermos conta de que este mundo é um sonho, mais nos aproximamos da Verdade Absoluta. A este respeito, o que a Ciência Cristã está atualmente tentando realizar neste país, tem sido feito pelo Vedanta na Índia há séculos. Além disso, a Ciência Cristã tem prestado um grande serviço à humanidade, demonstrando o poder da mente sobre o corpo, o poder do Espírito sobre a matéria. Embora estas verdades nem de longe sejam novidades para os mestres espirituais, sábios e maiores filósofos de todos os países, ainda em nenhum outro país e em nenhuma outra época existiu um movimento tão bem organizado como o movimento que começou recentemente pela Sra. Eddy, sob o nome de "Ciência Cristã". Assim, como o Vedanta, a Ciência Cristã trouxe saúde para muitos corpos doentes e descanso para mentes enfraquecidas."
O poder de cura é uma propriedade natural de cada alma individual. Em todos os tempos existiram curadores notáveis por toda a parte - entre os hindus, budistas, mulçumanos, e os de outros credos religiosos. É um grande erro acreditar que o poder de cura provém de qualquer fonte externa ou da crença 'nisto' ou 'naquilo'. É desenvolvido por viver uma vida correta, em conformidade com as leis morais e espirituais da natureza... Se lermos a história religiosa do mundo com cuidado, veremos que muito antes do nascimento de Cristo, o mesmo poder de cura pela Mente ou Espírito era praticado pelos seguidores de Buda com um sucesso maravilhoso. Onde quer que os budistas viajassem, curavam a doença sem valer da utilização de drogas ou remédios. Os iogues da Índia também não usam drogas na cura de doenças, mas dependem inteiramente do poder espiritual através de uma vida correta e da prática do Yoga. O poder de cura é universal e não pode ser confinado aos limites ou reivindicado como exclusivamente pertencente a algum credo, seita, religião ou livro.
Retomando nossa discussão sobre a mente e a matéria: Compreendemos que as forças eletrônicas cegas e não-inteligentes da criação (matéria e mente mortal), a fim de que sejam fatores criativos da Inteligência Divina, devem conter em si as vibrações da Consciência Cósmica Divina de Deus. Deus declarou: "Haja Luz", ou seja, o Criador vibrou tal idéia em Sua Consciência, que produziu a luz, a energia, a consciência corrente da vida e os elétrons - de vibração mais grosseira -, que se tornaram as diversas forças sutis da natureza, a qual, por sua vez, converteu-se em matéria bruta e nos noventa e dois elementos de matéria que constituem o universo material.
Para a consciência/mente humana, a matéria é tanto real como perceptível. Contudo o homem descobriu, através da investigação teórica, da lógica e de certos experimentos (como ser capaz de converter um pedaço visível de gelo em uma força invisível), que há uma força permanente e inalterável por trás de todas as formas ilusórias e transitórias da criação material. Esta verdade pode ser compreendida mediante uma ponderação do fato e do modo como o oceano existe: suas ondas não têm existência permanante, mas são apenas as formações temporariamente assumidas através de manifestações de uma grande e única substância. Ondas não podem existir sem o oceano, mas o oceano pode existir sem as ondas. Assim a matéria não pode existir sem o Poder Divino da Mente, mas o Divino Poder da Mente existe sem a matéria. Esses conceitos podem ser intelectualmente compreendidos, mas não poderão ser realizados até que se aprenda um método consciente de se converter matéria em energia consciente, e energia consciente em Consciência Cósmica, como Jesus e tantos outros Santos hindus foram capazes de fazer. Para tais iluminados, a matéria de fato não existe porque Eles vêem e compreendem o completo e total Oceano imutável do Espírito sob as ligeiras ondulações da criação fenomenal.
O Universo tem sido descrito pelas filosofias do Vedanta e do Yoga como sendo um sonho de Deus. A matéria e a mente, o universo, os planetas; as forças humanas dos sentimentos, da vontade e da consciência; os estados de vida e morte; a doença e a saúde; a realidade densa e concreta da matéria e as realidades mais sutis abaixo do nível da matéria - tudo é real consoante as Leis da Relatividade que governam este sonho de Deus. Todas as dualidades percebidas através da Lei da Relatividade são reais para o sonhador, para o homem comum que desempenha o seu papel neste grande sonho de Deus. Para escapar destas dualidades, o indivíduo deve despertar deste sonho e acordar para a eterna e Divina Consciência/Realidade Iluminada. Não podemos mudar o sonho de Deus só pela mera imaginação ou negação da matéria, ou por meio da aceitação da vida e rejeição da morte, ou pela busca só da saúde e fuga da doença. Um estado é parte de seu estado oposto - fazem parte um do outro -, assim como fazem os dois lados de um mesmo tecido. As dualidades são partes e parcelas integrantes do outro. O homem que vê o seu corpo diferente da mente, que não pode desmaterializar seu corpo em Energia Eletrônica, que não pode ver a incoerência/contradição de rejeitar a medicina e aceitar o alimento, ou de negar a doença e afirmar a saúde, ainda é um homem sob a ilusão do sonho mundano. Assim como o homem comum tem sonhos que parecem reais enquanto dorme, mas que perdem a sua realidade quando sai para o estado normal de vigília - assim é possível a cada um despertar algum dia desta realidade mundana, que é aparente e ilusória, e viver na Consciência Cósmica eterna de Deus.
O super-homem, aquele que despertou em Deus pela transferência e expansão de sua consciência para o mundo da realidade imutável - só Ele pode realizar/perceber esta criação como um sonho de Deus, só Ele possui autoridade para dizer que a matéria é inexistente. Através de uma longa série de medidas de auto-disciplina, através dos diferentes caminhos do Yoga, ou através de qualquer método de aperfeiçoamento espiritual - como a prática do serviço, do amor, da sabedoria e da abnegação -, o Aspirante sobe além das garras, além dos limites da dualidade e da impermanência de todas as coisas criadas, para a incompreensível grandeza de Seu verdadeiro Ser.
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