"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, novembro 30, 2011

A moralidade de Gandhi



Numa ocasião, perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem o ser humano. Ele respondeu assim:

"A Política sem Princípios, o Prazer sem Responsabilidade, a Riqueza sem Trabalho, a Sabedoria sem Caráter, os Negócios sem Moral, a Ciência sem Humanidade e a Oração sem Caridade. A vida tem ensinado a mim, que as pessoas são amáveis, se eu sou amável; que as pessoas estão tristes, se estou triste; que todos me querem bem, se eu quero bem a eles; que todos são maus, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu sorrio para eles; que há rostos amargurados, se estou amargurado; que o mundo é feliz, se eu sou feliz; que as pessoas tem nojo, se eu sinto nojo; que as pessoas são gratas, se eu tenho gratidão. A vida é como um espelho: Se sorrio, o espelho me devolve o sorriso. A atitude que tomo na vida, é a mesma que a vida tomará ante mim."

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"Você tem vivido feliz com as contribuições que oferece ao mundo?
Quantas vezes já parou para uma conversa casual?
Quando foi a última vez que olhou alguém firme nos olhos?
O último sorriso desinteressado, mas gentil?
Você já se comprometeu com algo que fosse realmente significativo para outras pessoas?
Já fez algum trabalho voluntário?
Já ouviu alguém sem condenar ou julgar?
Já deu algo para uma pessoa estranha sem ser esmola ou informação?
O que você realmente tem feito para deixar esse mundo diferente do que encontrou?
Já fez algo generoso sem contar para ninguém?
Já amou uma pessoa de verdade?
Já libertou alguém do seu egoísmo?
Já perdoou?
Já fez um pensamento positivo para alguém que machucou você?
Já agradeceu seus pais pela vida que recebeu?
Já cedeu seu espaço para uma pessoa saudável, não grávida, não idosa, não doente e não necessitada?
Já tocou alguma música para elevar o ânimo de alguém? (no assobio também vale)
Já olhou o albúm de fotos de uma pessoa e se deliciou com aquilo?
Já ouviu uma confissão?
Já consolou uma pessoa que perdeu um ente querido sem ser bobo ou óbvio?
Se você quer que o mundo tenha mais espaço para o amor, ame.
Se quer paz, pacifique.
Se quer equanimidade, seja justo.
Mas se esperar que alguém faça isso no seu lugar, continue se queixando.
Toda grande história começa num pequeno detalhe!"
(Mahatma Gandhi)




segunda-feira, novembro 28, 2011

Permanecer em Deus


Pe. Fábio de Melo


A Palavra de Deus para nós hoje é uma palavra de permanência, de profundidade. O verbo "permanecer" é muito mais que o verbo "estar".

O que é de César dê a César. O que é de Deus dê a Deus. Isso define um sinal de permanência. Assim como hoje eu tenho a marca do sacerdócio em mim, somos marcados como consagrados a Deus por meio dos sacramentos que recebemos, e, por meio deles, recebemos a marca de Deus em nós.

Seguir Jesus é permanecer n'Ele e com Ele. Aos poucos vamos percebendo a ação da graça em nós. Para irmos pregando aquilo que vivemos e vivermos aquilo que pregamos.

Precisamos ter coragem de quebrar as "fachadas" da nossa felicidade, pois Deus não pode trabalhar em "fachadas", Ele só pode trabalhar em nosso coração. Precisamos romper com as máscaras. O processo de retirar as máscaras consiste em retirar, de dentro de nós, todas as falsidades e as hipocrisias que estão em nós.

O seguimento de Jesus exige um contínuo arrependimento e reconciliação consigo mesmo, com as pessoas e com Deus.

O selo do divino em nós é a eternidade de Deus semeada em nossos corações. Precisamos semear esta eternidade dentro dos nossos corações, tendo como referencial Jesus Cristo, Ele que é o "manso o humilde de coração".

Nos relatos evangélicos, podemos identificar que existem três figuras, que quando todos partiam, eles sempre estavam presentes, eram eles: Pedro, Tiago e João. Eles estavam presentes, porque eles queriam conhecer a fundo o seu Mestre. E para isso, eles fizeram de tudo para estabelecer uma intimidade com o Senhor.

Ninguém pode nos aflingir quando reconhecemos as nossas fraquezas, as nossas dificuldades, e corremos atrás para que essas dificuldades não sejam determinantes em nossa vida. Descubra os seus grandes limites e comece a trabalhar a partir deles.

A vida em Deus requer disciplina, precisamos focar nossa atenção naquilo que é essencial. Ainda mais nos dias de hoje. Porque desde quando as crianças entram nas escolas, elas já vão aprendendo a ser falsas com os seus amiguinhos. E todos os desdobramentos das fachadas, que muito cedo começamos a aprender, neutralizam a nossa consciência, fazendo com que deixemos de fazer um verdadeiro exame de consciência.

As fachadas da felicidade colocam obstáculos para você não permanecer em Deus. Como na parábola da figueira na qual Jesus pede que cortem a figueira que não está dando fruto.

Permanecer em Deus é você ter o rótulo do reconhecimento de Jesus em seu interior. Sabe por que é difícil quebrar as fachadas? Porque elas são nocivas e confortáveis, pois aparentemente nos fazem bem, mas, no fundo, causam um mal tremendo em nosso interior e em nossas famílias.

É difícil quebrar a fachada das "felicidades" que estão seduzindo os seus filhos. É triste reconhecer que, aos 14 anos, os jovens já consumam bebidas, já possuam vida sexual ativa e alguns já estão viciados em drogas. Hoje celebramos o Dia da Mulher, mas é lamentável constatar que meninas de 14 anos estejam tendo uma vida sexual ativa, e o pior: dentro de casa com a desculpa de que "é mais seguro". Que tristeza!

Não é seu filho que impõe as regras dentro da sua casa! Os pais precisam ser pais de verdade e dizer aos filhos: "Aqui nesta casa, você filho participa, mas quem manda somos nós [os pais]!”.

Estirpe o álcool da sua casa. Pais, conversem com seus filhos e expliquem a eles que a proibição não é ruim, mas é um gesto de amor. Pais, façam de tudo para que os seus filhos tenham a oportunidade de ter o que é essencial para a vida.

A permanência com Senhor nos ensina a ter bom senso. Você não vai perder o gosto pela vida, pelo contrário, você vai aprender a fazer as escolhas certas. A Palavra de Deus nos fala que o "salário do pecado é a morte". E mais cedo ou mais tarde, o diabo vai lhe apresentar a "notinha".

Muitas vezes, nós estamos fazendo a nossa escolha pelo veneno do diabo, e ele é saboroso, mas as suas consequências são sérias. A missão do diabo é nos desumanizar.

É em Jesus que eu preciso permanecer, em cada momento e em cada instante, isso é permanecer em Deus: ter Cristo dentro de mim.

À medida que vamos crescendo em Deus, nossas feições vão se tornando mais leves. O monsenhor Jonas Abib já entrou tanto em nossa vida, e em nossos corações, que se ele resolvesse ficar em silêncio hoje, ele poderia, porque ele, por si só, já é uma pregação.

O mundo está carente de homens que deem testemunho com o seu jeito de ser e de viver. O altar não é o lugar da vaidade, mas o lugar do testemunho. Quanto mais alto for o altar onde você estiver, tanto maior deverá ser o seu testemunho. Honre a sua profissão, seja testemunho do Evangelho onde você estiver. Leve Jesus com você. Não importa qual função está desempenhando, você carrega em seu coração a marca indelével de que Jesus está com você. Em pensar que você é um sacrário, você leva Jesus em você, permanecer em e com Jesus.

Conversão é isto: se deixar ser tomado por Jesus, parecer com Jesus, o seu diferencial precisa ser o Cristo.

A partir do momento em que você tem Jesus dentro do seu coração, você com a sua vida pode proclamar: Ele está no meio de nós!

Podemos contar com você? Você quer ser um seguidor de Jesus? Você quer permanecer com Ele? Neste carnaval eu renovo com o Senhor o compromisso de ser como Ele e com Ele por onde quer que eu vá.

Os verdadeiros amigos de Jesus foram retirados do lodo e da miséria, e se isso aconteceu com eles, pode acontecer conosco também. Tudo que eu posso fazer, para que o Reino de Deus aconteça aqui, eu quero fazer, Senhor. Pode contar comigo!

Nunca permita que o mundo retire de você este direito: de permanecer no Senhor.




quarta-feira, novembro 23, 2011

Beijando o sapo (Gangaji)



Gangaji: Oi.

Questão: Oi. Quero lhe perguntar sobre uma experiência que tive. Há momentos em que tenho a experiência de uma imensidão que simplesmente não tem limites e, realmente, não tem nada a ver comigo...

G: Ah! Espere um momento. Vamos devagar. Que declaração! Ser capaz de fazer uma declaração como esta é algo muito bonito. E saber, reconhecer, que "realmente, não tem nada a ver comigo."

Q: Meu sofrimento geralmente aparece quando vivencio uma personalidade que tem muitos problemas.

G: Personalidade significa problemas. É uma palavra-código para problemas. Até mesmo personalidades encantadoras.

Q: Mas o que faço com a personalidade?

G: Que tal se não fizer nada com a personalidade?

Q: Ela simplesmente vai continuar sendo infeliz.

G: Creio que você jamais deixou de "fazer algo" com a personalidade. Acho que você lutou contra a personalidade, mudou a personalidade, jurou que nunca teria aquela personalidade, experimentou outras personalidades, adaptou a personalidade, ou tentou disfarçar a personalidade. Não fazer nada com a personalidade é ter um encontro real com o que está motivando e controlando a personalidade. No momento em que estávamos falando, era um medo enorme. Para todo mundo, geralmente, em algum momento, é o medo: um medo enorme, um medo divino. Se, neste momento, você não fizer nada com a sua personalidade; se você não a consertar, não a negar, não cair no sono e ignorá-la, não ceder a ela, não contar alguma história a si mesma sobre ela, o que acontece?

Q: Ela desaparece.

G: Que mistério!

Q: Mas o que é isso? É aí que preciso de ajuda.

G: Quando ela está presente é quando você não tem que fazer nada. Quando ela desaparecer, faça tudo que você quiser. Isso é tão sutil, mas se for dito um pouco mais explicitamente, torna-se um dogma. E esse não é o objetivo. Senão, teremos "Eu não faço nada", "Eu não sou nada, você também?"

Q: Há um poema sobre isso. É mais ou menos assim: "Eu não sou nada, você também? Mas não conte a ninguém, porque vão querer formar um clube dos nadas."

G: Sim. Há um segredo escondido em seu coração, que sabe que não é absolutamente nada. E estamos em uma época na qual, de alguma maneira, pode-se falar disso em público.

(O grupo exclama: "Viva!")

G: Viva! É uma celebração. Então, os hábitos da personalidade que aparecem no tempo e desaparecem no tempo, são reconhecidos como o que são realmente: insetos. Você pode ver a luz através da nuvem de insetos; você não pega a espingarda e tenta eliminá-los. Isso não funciona. E, se tentar, você será uma destas pessoas que carregam uma espingarda. E o que vamos fazer com você? É possível simplesmente ficar quieto. Na quietude, o que está debaixo da personalidade e o desejo de mudar a personalidade se encontram. Você tem consciência disso?

Q: Sim.

G: Que foi?

Q: Há uma repulsa, uma aversão a essa personalidade.

G: Sim, é um certo ódio, não é? Você está disposta a simplesmente deixar a sua consciência penetrar o ódio e senti-lo totalmente? Você está disposta a sentir o ódio sem contar uma história sobre ele? Este é o desafio. A história do autodesprezo é conhecida; em vez disso, mergulhe a sua consciência completamente no autodesprezo pré-verbal, sem lutar contra ele. E, se estiver lutando, pare de lutar e simplesmente deixe sua consciência afundar mais profundamente nesta repulsa.

Q: Há uma convicção de que eu sou má.

G: Este é um "insight" que surgiu da exploração. Isso é bom, mas estou mais interessada na experiência direta da própria repulsa. Então, digamos que você é má, que esta convicção está correta. Você é má e isso é repulsivo. O que significa isso quando é acolhido? Não consertado, mas acolhido. O que você está sentindo?

Q: Não tenho certeza.

G: O que você está sentindo, sem contar uma história? Simplesmente diga a verdade: neste momento, o que está aqui?

Q: Apenas um bloqueio…

G: Isto é uma teoria.

Q: Não sei.

G: A repulsa está presente? Antes você soube imediatamente quando ela estava presente. Não teve de questioná-la. Agora você pode criá-la novamente. Há um forte apego a este autodesprezo como identidade.

Q: Sim, sim.

G: "Isto é realmente o âmago do meu ser, isto é o que tem que mudar para esta expansão ilimitada, que não tem nada a ver comigo, ficar permanentemente na minha vida." Estou dizendo que, se simplesmente penetrar neste âmago e sentir a repulsa completamente, você descobrirá que no âmago da repulsa está a expansão ilimitada e perfeita. A repulsa se transforma imediatamente em expansão. Mas isto exige a sua disposição, a sua vontade de conhecê-la completamente. É como beijar o sapo. Você sabe que, para uma jovem princesa, um sapo é uma coisa asquerosa. Mas este é o requisito. Você conhece a história? Você é a jovem princesa. E nós estamos conversando sobre o sapo que vive dentro de você, que é o seu Ser Amado perfeito, mas que lhe parece tão nojento. Portanto, a sua velha e sábia fada-madrinha está lhe dizendo para entrar e beijar o sapo. Você chegou bem perto; na verdade, por um momento, você nem conseguiu achar o sapo e, então, começou a fazer o que você faz, subconsciente ou conscientemente, para criar a "sapice", o caráter reptílico, a repugnância, o lamaçal e a feiúra. Perfeito. Isto é o que está esperando pelo seu abraço. Isso é o que tem que ser libertado. O ilimitado, a verdade de quem que você é, já é livre. A "sapice" está aparecendo em você para ser libertada, e o seu beijo a libertará. Não a sua rejeição, nem a sua agressão. Você já tentou isto e ela não larga você, porque ela precisa de você para se libertar. O que é que há, o que você está sentindo? Está certo, isso é bom; isso é muito bonito.

Q: (Soluçando.) É muito bonito. Obrigada.

G: São boas novas, não? Sim, boas novas. Não é a sua beleza que precisa ser libertada; é a sua feiúra, que você mantém escondida. Aquilo que não pode ser exposto. Um simples beijo que é um reconhecimento, um encontro; que é, no mínimo, uma ausência de rejeição. Apenas um "Tudo bem, você está aí, então entre." Muito bom, obrigada por vir aqui falar comigo.

sábado, novembro 19, 2011

O monge Zen e o mestre da esgrima


Masaharu Taniguchi


Certa vez, o monge zen Takuan e Yagyu Tajimanokami (mestre da esgrima) conversaram sobre o segredo do zen e da esgrima, quando de repente começou a chover forte.

Nessa hora o monge Takuan disse a Yagyu Tajimanokami:

- Você conseguiria caminhar neste jardim sem se molhar nesta chuva torrencial, usando sua habilidade no manejo da espada?

- Creio que conseguiria.

Dizendo isso, Tajimanokami se levantou, arregaçou as barras do hakama, prendeu as mangas do quimono com o cordão da espada e lançou-se na chuva torrencial brandindo a espada.

Tajimanokami deu uma volta no amplo jardim, manejando rapidamente a espada para dispersar a água da chuva, retornou sem se molhar.

-Como se vê, a espada consegue até dispersar uma chuva torrencial - disse orgulhoso, olhando o quimono que não se molhara.

O monge Takuan examinou o quimono de Tajimanokami de cima para baixo, de baixo para cima e, achando uma gota na extremidade da manga, disse:

-Tajimanokami, aqui está molhado. Mas agora vou andar neste jardim sem me molhar.

Quando Takuan saiu para fora, a chuva estava mais forte ainda. O monge sentou-se numa grande rocha no jardim e ficou a meditar com o semblante sereno e olhos fechados. Parecia dizer que os olhos da mente não enxergavam a chuva.

Permaneceu meditando por uns momentos, levantou-se e retornou molhado da cabeça aos pés. Do seu quimono gotejava água sem parar, mas, mesmo assim, disse calmamente:

-Veja, (EU) não estou nem um pouco molhado.


(Do livro "A Verdade, vol.3", p.256)

quinta-feira, novembro 17, 2011

Deixe ser... e seja Quem você é!

Mooji

Você continua a se imaginar como algo que pode ser trabalhado, que pode ser melhorado. Como um carro, ou algo assim, que você pode consertar e fazê-lo funcionar melhor. Mas você não é isso, por mais intimo que isso possa parecer. E eu sei quanto estranho estas palavras podem parecer para vocês. Porque nós estamos falando do seu apego mais querido.

O corpo é como uma roupa virtual que a consciência veste para que ela possa ter o sabor da experiências. Isso é muito importante. Sem este corpo a consciência não pode experimentar. Mas o corpo não é a Consciência. Depois eu vou dizer algo que vai confundir vocês. Vou dizer que o corpo também é Consciência. Mas aquilo que percebe este corpoconsciência, isso não tem corpo. E está aqui agora.

Parem de tentar imaginar isso. Tudo o que vocês imaginam está errado. Porque isso é sem forma. Está tudo bem que sua mente lute contra isso. Dê permissão completa para que sua mente lute contra isso. Mas não se identifique com esta luta. E vocês descobrirão que, mesmo quando a mente luta, se não há identificação com a mente, a mente poderá lutar dentro da paz que você é. E quem será o maior, o mais alto?

Muitos já tiveram estes insights da verdade. E tentam repeti-los. Alguns dizem: "É, eu tive esta experiência há 12 anos atrás." 12 anos é muito tempo pra ficar esperando uma repetição. Eu gostaria de colocar um fim nesta miséria. Abandone seu esperar. E abandone sua expectativa. Abandone até mesmo o desejo de repetir esta experiência. Abandone toda a intenção. Nem que seja apenas por um minuto. E não se apegue à imagem do eu.

Eu disse: não se apegue nem mesmo ao eu. Então você não pode dizer “minha experiência é…”. Quando o eu é jogado fora, nenhuma intenção, nenhuma esperança…

Ouçam isso: nenhuma esperança. Nenhuma aspiração. Nenhum sonho. Nenhuma fantasia. Nenhum desejo. Nenhum apego. Experimente você mesmo sem estas coisas. Por um minuto façam isso. Não imaginem. Apenas observem. Não façam nenhum esforço. Não é preciso nenhum esforço. Simplesmente não se envolvam com nenhum pensamento, nenhuma intenção. Mesmo que houver a memória dos desejos, simplesmente não se envolvam com isso. Por um minuto façam isso. E experimentem aquilo que permanece.

Ao fazer isso, cuidado: não toquem no conceito: “O que vem agora?”. Apenas sejam. A mente vai dizer: “Sim, eu posso fazer isso”. Mas é apenas um pensamento. Você não está fazendo nada! Não imaginem.

Alguns de vocês podem sentir um certo barulho na mente. Não importa se você não se envolver nisso. Deixe onde ele está. Não julgue. Não avalie. Não deseje se livrar disso. Deixe tudo assim como está. E você permaneça como Quem você é.

Alguns sentem: “eu não sei fazer isso sem a mente.” Mas eu não estou pedindo que vocês façam nada! Simplesmente não se envolvam com o sentimento de que precisam fazer algo. Vocês podem estar conscientes de que a mente está fazendo muitas sugestões, julgamentos. Isto está ok. Não tentem parar isso. Simplesmente não vão fazer compras na mente Vocês podem fazê-lo. Vocês têm o poder.

É completamente natural para a mente e a atenção permanecerem no Vazio. Em certo momento se torna sem esforço. Mas o nosso condicionamento diz: “Ah, mas eu não sei se isso é bom”, “Manter a minha mente tem algumas vantagens…”. Então há alguma confusão, algum medo, porque você está colocando a mente no fogo do autoconhecimento, da autorrealização – e esse fogo não vai lhe queimar, ele só vai queimar o que você não é. Mas a mente está dizendo: “Não, eu quero salvar algumas coisas, posso manter isso ou aquilo?”. Mas estar nesse fogo não é um estado em que você está negociando.

A vida não quer nada de você. Quando você dá tudo, é você que se beneficia. Eu não estou querendo dizer que essas coisas estão erradas, não tem nada de errado com elas. É apenas reconhecer os seus apegos. Você pode dar às costas aos apegos.

Se isso for difícil demais eu mostrarei outro caminho: reconheça os apegos, e descubra quem realmente está apegado. Mas para isso você deve estar muito silencioso. Faça essa pergunta: “Quem está tão apegado?”, ou “Quem é tão perturbado?”. E fique muito silencioso, mas alerta. Não fique pensando.

O que é que vai acontecer?

Às vezes a mente vai ficar muito barulhenta. E muitas pessoas sentem “Ah não, isso é demais, eu vou parar”. Mas você deve ser diferente. Se a mente fizer barulho, você permaneça em silêncio. Não tente parar; não julgue. Não pense: “Ah não, isso não está funcionando, não vai acontecer”. Não diga nada – apenas permaneça em silêncio. Você está lá.

Permaneça apenas como a Presença, o sentimento de Ser: EU SOU.

Não crie nenhuma imagem sobre quem você é. Não se refira ao passado ou ao futuro. Apenas permaneça com o sentimento de Ser, e deixe tudo mais acontecer. Então você descobrirá algo muito bom…

segunda-feira, novembro 14, 2011

Sinais e sincronicidades (Osho)




"Você sabia que o Universo se comunica conosco o tempo todo e nos envia respostas, mensagens e sinais, de acordo com nossos desejos e necessidades?

Estes sinais se manifestam através do fenômeno que conhecemos como sincronicidade, ou seja, no momento em que você necessita de algo, ou de que alguma situação aconteça, aquilo se manifesta repentinamente em sua vida.

Mas eles não se apresentam somente com soluções grandiosas ou espetaculares. Manifestam-se igualmente nos acontecimentos rotineiros.

A prova incontestável de que você está vivendo e atuando numa parceria harmoniosa com a vida, é a presença destas sincronicidades em seu dia-a-dia. Para percebê-las, é necessário que você esteja atenta e consciente de que o Universo sempre responde, de alguma forma, a todos os seus pedidos.

Se você vinha recebendo estes presentes e, de repente, eles pararam de acontecer, saiba que algo saiu do eixo em seu plano de vida. É indício de que você se deixou perturbar por alguma forma de negatividade que gerou um curto circuito em seu equilíbrio.

Este é um sinal de que é hora de se re-equilibrar, se harmonizar e re-conectar com seu ser divino, aquele que direciona suas ações sempre para um caminho positivo para você e para o mundo.

Um dos meios de evitar esta desconexão é parar de julgar, a si próprio e as outras pessoas. Esta atitude impede que criemos novos laços cármicos, geradores de sofrimento.

Agradecer é a melhor forma de fortalecer nossa conexão com o Divino, pois quanto maior for nossa gratidão, mais bênçãos de amor, alegria, paz, virtudes positivas e prosperidade ele nos enviará.

"Julgar os outros é uma reação."

.... Certa vez, eu perguntei ao meu pai: "Você me dirá uma vez, algum dia, só uma vez: 'O que você está fazendo está certo?' Será que você não pode ver que é impossível se fazer tudo errado durante vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano... tudo errado? Se isso é verdade, eu realmente estou realizando algo miraculoso. Faça uma exceção - só uma vez, diga-me: O que você está fazendo está certo".

Ele ficou chocado porque compreendeu o significado do que eu estava dizendo, que é impossível que eu pudesse fazer tudo errado.

Mas os pais gostam da idéia porque ela é muito preenchedora: é a sede de poder. Sempre que você diz "Não" para alguém, sempre que você diz "Você está errado" para alguém, você se sente poderoso. Alimenta o seu ego e alimenta o ego de todo mundo - dos professores, dos vizinhos. Onde quer que a criança vá, todo mundo usufrui da sede de poder, e a criança é esmagada. E quando tanta gente está dizendo que ela é errada, naturalmente, ela tem de acreditar.

Mas lembrem-se de que, como uma reação, ela começa a julgar os outros. Quando todos a estão julgando, não há nenhuma razão para que ela não julgue os outros. Você a está ensinando a julgar, a julgar a todos - e, tanto quanto possível, a julgar negativamente. Então, ela começa a julgar que os outros estão errados.

E este é o nosso mundo... onde todos estão se julgando errados e julgando aos demais como errados. Como você pode ser amoroso, amigável, confiante? Como você pode abrir o seu coração? Você ficará isolado, ficará completamente fechado, viverá em um mundo que você condena e o mundo o condenará.

.... "Pare de julgar."

Seja o que for que esteja fazendo, se você gosta do que faz, faça-o. Não existe a questão do julgamento: nenhuma outra pessoa tem o direito de dizer que o que você está fazendo está errado. Se você gosta de fazê-lo, não está ferindo ninguém, não está perturbando ninguém...

Desde a minha infância, eu sempre gostei de sentar-me num canto, silenciosamente. Todo mundo que passasse ali, dizia: "O que você está fazendo?

Eu dizia: "Nada".

E todo mundo dizia: "Isso não é bom".

Eu dizia: "Isto é estranho: eu não estou fazendo nada, não estou fazendo mal a ninguém - estou sentado neste canto - e você diz 'Isto não está certo'. Parece que se tornou um puro hábito seu, condenar, criticar. Mas eu estou desfrutando sentar aqui sem fazer nada, e vou continuar, a despeito do seu julgamento. Não lhe pedi conselho, e dar conselho sem que seja pedido é insensato".

Pouco a pouco a pessoa tem de se afirmar, deixar claro sua posição. A menos que eu passe por cima do direito de outra pessoa... - se eu estou fazendo algo de que estou gostando e que não veja ser prejudicial de modo algum, então, eu não permitirei a ninguém me julgar, porque não se trata apenas da questão deste ato, trata-se de uma questão de toda a minha vida. "Você está me ensinando uma muito sutil doença de julgamento". E, quando eu condeno a mim mesmo, como posso deixar alguém sem condenação?

Assim, a primeira coisa é esta: pare de se julgar. Ao invés de julgar, comece a aceitar-se com todas as suas imperfeições, todas as suas debilidades, todos os seus erros, todos os seus fracassos. Não peça a si mesmo para ser perfeito - isso é, simplesmente, pedir pelo impossível e, depois, você se sentirá frustrado. Você é um ser humano, afinal de contas.

O julgamento é feio - ele fere as pessoas. Por um lado, você vai machucando, ferindo-as; e por outro lado, você quer o amor delas, seu respeito. Isso é impossível.

Ame-as, aceite-as e, talvez, seu amor e respeito possa ajudá-las a mudar muitas de suas fraquezas, muitas de suas falhas - porque o amor lhes dará uma nova energia, um novo significado, uma nova força. O amor lhes dará novas raízes para se erguerem contra os ventos fortes, um sol quente, a chuva forte.

Se apenas uma única pessoa o ama, isso o faz tão forte, que você nem pode imaginar. Mas, se ninguém o ama neste vasto mundo, você fica simplesmente isolado; então, você pensa que é livre, mas você está vivendo numa cela isolada em uma cadeia. É que a cela isolada é invisível; você a carrega consigo.

O coração abrirá por si mesmo. Não se preocupe com o coração. Faça o trabalho preparatório".


OSHO, The Transmission of the Lamp.

sexta-feira, novembro 11, 2011

A iluminação de Nisargadatta Maharaj




Quando conheci o meu Guru, ele disse-me: “você não é o que você se assume ser. Descubra o que você é. Observe o sentido ‘eu sou’, encontre o seu verdadeiro eu”.

Obedeci-lhe, porque confiava nele. Fiz como ele me disse.

Todo o meu tempo de sobra eu passava observando-me em silêncio.

E que diferença isso fez, e como foi logo!

O meu mestre disse-me para eu me agarrar com tenacidade ao sentido ‘eu sou’ e não me desviar dele um só instante sequer.

Fiz o possível para seguir o seu conselho e em um tempo comparativamente curto constatei dentro de mim a verdade do seu ensinamento.

Só o que fiz foi lembrar-me constantemente do seu ensinamento, da sua face, das suas palavras.

Isto trouxe um fim à mente; na calma da mente vi-me como sou – livre.

Simplesmente segui a instrução (do meu mestre), que era enfocar a mente no puro ser — ‘eu sou’, e permanecer nele.

Eu costumava ficar sentado durante horas a fio, com apenas o ‘eu sou’ na minha mente, e logo paz e alegria, e um amor abrangente e profundo, tornaram-se o meu estado normal.

Nele, tudo desaparecia — eu mesmo, o meu Guru, a vida que eu vivia, o mundo em volta de mim.

Só a paz permaneceu, e um silêncio insondável.

quarta-feira, novembro 09, 2011

A Consciência de Si Mesmo



“Este sutra diz respeito à consciência: ‘Incenso é criar o fogo da consciência em si mesmo’ – criar o fogo da consciência em si mesmo!

Primeiro é preciso entender o que se quer dizer por consciência. Você está caminhando; você está consciente de muitas coisas: das lojas, das pessoas passando por você, do tráfego, de tudo. Você está consciente de muitas coisas, apenas de uma coisa você está inconsciente: de você mesmo. Você está caminhando na rua: você está consciente de muitas coisas; você só não está consciente de si mesmo! Essa consciência de si Gurdjeff chamava ‘lembrança de si’. Gurdjeff dizia, ‘Constantemente, onde você estiver, lembre-se de si mesmo.’

Por exemplo, você está aqui. Você está me ouvindo, mas você não está consciente de quem está ouvindo, você não está consciente de si mesmo. Você pode estar consciente de quem está falando, mas você não está consciente daquele que está ouvindo. Esteja consciente de quem está ouvindo. Sinta a si mesmo aqui; você está aqui. Por um momento um vislumbre surge, e novamente você se esquece. Tente!

O que quer que você esteja fazendo, continue internamente fazendo uma coisa sem interromper: esteja consciente de si mesmo ao fazer aquilo. Você está comendo: esteja consciente de si mesmo. Você está caminhando: esteja consciente de si mesmo. Você está ouvindo, ou está falando: esteja consciente de si mesmo. Quando você estiver com raiva, esteja consciente de que você está com raiva. No exato momento em que a raiva estiver ali, esteja consciente de que você está com raiva. Essa constante lembrança de si cria uma energia sutil – uma verdadeira energia sutil dentro de você. Você começa a ser um ser cristalizado.

Normalmente, você é apenas um saco frouxo. Nenhuma cristalização, nenhum centro realmente – apenas uma liquidez, apenas uma frouxa combinação de muitas coisas sem qualquer centro – uma multidão, constantemente se modificando e se mudando, sem qualquer mestre interior. Por consciência se quer dizer: seja um mestre! E quando eu digo ‘Seja um mestre’, eu não quero dizer seja um controlador. Quando eu digo ‘Seja um mestre’, eu quero dizer, seja uma presença – uma presença contínua. O que quer que você esteja fazendo ou não fazendo, uma coisa precisa estar constantemente em sua consciência: que você é.

Este simples sentir a si mesmo, sentir que se é, cria um centro – um centro de quietude, um centro de silêncio, um centro de mestria interior – um poder interno. E quando eu digo ‘um poder interno’ eu quero dizer isso literalmente. É por isso que esse sutra diz ‘o fogo da consciência’. Ela é um fogo. Ela é um fogo! Se você começar a estar consciente, você começará a sentir uma nova energia em você – um novo fogo, uma nova vida. E por causa dessa nova vida, desse novo poder, dessa nova energia, muitas coisas que estavam dominando você simplesmente se dissolvem. Você não tem que brigar com elas.

Você só tem que brigar com sua raiva, sua cobiça, seu sexo, porque você é fraco. Assim, na verdade, a cobiça, a raiva e o sexo não são os problemas. A fraqueza é o problema. Uma vez que você comece a ficar forte internamente, com a percepção da presença interna que você é, as suas energias se tornam concentradas, cristalizadas num único ponto e um Eu nasce. Lembre-se, não um ego, mas um Eu nasce. O ego é um falso entendimento do Eu. Sem ter algum Eu, você continua acreditando que você tem um Eu. Isso é o ego. Ego significa um falso eu. Você não é um Eu, e ainda assim você acredita que você é um Eu.

Maulungputra, um buscador da verdade, foi até Buda. Buda lhe perguntou, ‘O que você está procurando?’

Maulungputra disse, ‘Eu estou procurando o meu Eu. Ajude-me!’

Buda pediu-lhe para fazer uma promessa: tudo o que lhe fosse dito, ele teria que fazer. Maulungputra começou a chorar e disse, ‘Como eu posso prometer? ‘Eu’ não sou. ‘Eu’ ainda não sou. Como posso prometer? Eu não sei o que serei amanhã. Eu não tenho qualquer Eu que possa prometer, por isso, não me peça o impossível. Eu tentarei. Eu posso dizer no máximo isso: eu tentarei. Mas eu não posso dizer que tudo o que você diga eu farei, porque quem fará isso? Eu estou à procura daquele que pode prometer e que possa cumprir uma promessa. ‘Eu’ ainda não sou.’

Buda disse, ‘Maulungputra, foi para ouvir isso que eu formulei aquela questão. Se você tivesse prometido, eu o teria mandado ir embora. Tivesse você dito, ‘Eu prometo que farei isso.’ Eu teria sabido que você não está realmente à procura do Eu, porque um buscador precisa saber que ‘ele’ ainda não é. Senão, qual o propósito da procura? Se você já é, não há necessidade. Você não é! E se isso pode ser percebido, então o ego evapora.’

O ego é uma falsa noção de algo que não existe em absoluto. ‘Eu” significa um centro que pode prometer. Esse centro é criado por estar continuamente consciente, constantemente consciente. Esteja consciente de que você está fazendo alguma coisa – de que você está sentado, que agora você está indo dormir, que agora o sono está chegando, que você está caindo no sono. Tente estar consciente em todo momento, e então você começará a sentir que um centro nasceu dentro de você, as coisas começaram a cristalizar, um centramento está ali. Tudo agora se relaciona a um centro.

Nós estamos sem centros. Algumas vezes nós nos sentimos centrados, mas aqueles são momentos em que a situação torna você consciente. Se de repente existe uma situação, uma situação muito perigosa, você começa a sentir um centro em você porque no perigo você se torna consciente. Se alguém vai matá-lo, naquele momento você não pode pensar, naquele momento você não pode estar inconsciente. Toda a sua energia está centrada, e aquele momento se torna sólido. Você não pode se voltar para o passado, nem pode se voltar para o futuro. Este exato momento se torna tudo. E então você está consciente não apenas do matador: você se torna consciente de si mesmo – daquele que está sendo morto.

Naquele momento penetrante você começa a sentir um centro dentro de si mesmo. É por isso que os jogos perigosos exercem atração. Pergunte a alguém que está indo escalar o topo do Gourishankar, do Monte Everest. Quando pela primeira Hillary foi até lá, ele deve ter sentido um centro subitamente. E quando pela primeira vez alguém chegou à Lua, uma súbita sensação de um centro deve ter ocorrido. É por isso que o perigo atrai. Você está dirigindo um carro e vai aumentando mais e mais a velocidade, até que a velocidade se torna perigosa. Então você não consegue pensar; os pensamentos param. Então você não pode sonhar, não pode imaginar. Então o presente se torna sólido. Em tal momento perigoso, quando a qualquer momento a morte é possível, de repente você fica consciente de um centro em si mesmo. O perigo somente atrai porque em perigo você algumas vezes se sente centrado.

Nietzsche disse em algum lugar que a guerra deveria continuar porque somente na guerra um Eu às vezes é sentido – um centro é sentido – porque guerra é perigo. E quando a morte se torna uma realidade, a vida se torna intensa. Quando a morte está bem próxima, a vida se torna intensa e você fica centrado. Em qualquer momento em que você se torna consciente de si mesmo, existe um centramento. Mas se isso é situacional, então quando a situação se desfaz aquilo desaparece.

Isso não deve ser apenas situacional. Isso deve ser mais interno. Assim, tente estar consciente em toda atividade comum. Quando sentar em sua cadeira, tente isso: esteja consciente de quem está sentado. Não apenas da cadeira, não apenas do quarto, da atmosfera ao redor, esteja consciente daquele que está sentado. Feche seus olhos e sinta você mesmo; pesquise profundamente e sinta você mesmo.

Herrigel estava aprendendo com um Mestre Zen. Por três anos continuamente, ele esteve aprendendo a arte de manejar o arco. E o Mestre sempre lhe dizia, ‘Está bom. Tudo o que você está fazendo está bom, mas ainda não é o bastante.’ Herringel tornou-se um arqueiro mestre. A sua pontaria tornou-se cem por cento perfeita, e ainda assim o Mestre lhe dizia, ‘Você está indo bem, mas ainda não o bastante.’

‘Com uma pontaria cem por cento perfeita!’ disse Herrigel. ‘Então, o que você espera? Como eu posso agora ir mais adiante? Com cem por cento de precisão, como você pode esperar algo mais?’

Conta-se que o Mestre Zen lhe disse, ‘Eu não estou me referindo à sua arte de manejar o arco, nem à sua pontaria. Eu estou me referindo a você. Tecnicamente você se tornou perfeito. Mas quando a sua flecha deixa o arco, você não está consciente de si mesmo, então tudo isso é fútil. Eu não estou interessado na flecha alcançando o alvo. Eu estou interessado em você! Quando a flecha no arco é lançada, internamente também a sua consciência deve ser lançada. E mesmo se você errar o alvo, isso não faz diferença alguma, mas o alvo interior não deve ser errado, e você o está errando. Você se tornou tecnicamente perfeito, mas você é um imitador.’ Mas para uma mente ocidental ou, na verdade, para uma mente moderna (e a mente ocidental é a mente moderna), é muito difícil se conceber isso. Isso parece tolice. A arte do manejo do arco diz respeito a uma eficiência em se ter uma mira muito particular.

Aos poucos Herringel foi ficando desapontado e um dia ele disse, ‘Agora estou indo embora. Isso parece impossível. Isso é impossível! Quando você está mirando em algo, a sua consciência vai ao seu alvo, ao objeto, e se você quiser ser um arqueiro bem sucedido você terá que se esquecer de si mesmo – para se lembrar apenas da pontaria, do alvo, e esquecer o resto. Somente o alvo deve estar ali.’ Mas o Mestre Zen estava continuamente forçando-o a criar um outro alvo interno. Este arco deve ser usado para atirar em dupla direção: apontando para o alvo externo e continuamente apontando em direção ao interno – o Eu.
Herrigel disse, ‘Agora eu me vou. Isso parece impossível. A sua condição não pode ser satisfeita.’ E no dia em que estava partindo, ele estava sentado. Ele veio para despedir-se do Mestre, e o Mestre estava apontando para um outro alvo. Outra pessoa estava aprendendo e pela primeira vez Herrigel não estava envolvido. Ele estava sentado e só estava ali para se despedir. No momento em que o Mestre terminasse sua aula ele iria se despedir e partir. Pela primeira vez, ele não estava envolvido.

Mas então, de repente, ele tomou consciência do Mestre e da consciência duplamente direcionada do Mestre. O Mestre estava mirando. Por três anos continuamente ele esteve com o mesmo Mestre, mas ele estava mais interessado em seu próprio esforço. Ele nunca viu realmente esse homem – o que ele estava fazendo. Pela primeira vez ele viu e percebeu, e de repente, espontaneamente, sem qualquer esforço, ele veio até o Mestre, pegou o arco de suas mãos, mirou o alvo e lançou a flecha. E o Mestre disse, ‘O.K.! Pela primeira vez você conseguiu. Eu estou feliz.’

O que ele fez? Pela primeira vez ele estava centrado em si mesmo, o alvo estava lá, mas ele também estava lá – presente. Assim, tudo o que você estiver fazendo, tudo – não precisa ser a arte de manejo de arco: tudo o que você estiver fazendo, até mesmo o simples estar sentado – esteja duplamente direcionado. Lembre-se do que está acontecendo do lado de fora e também se lembre de quem está dentro. (....)

Não me pergunte ‘Quem sou eu?’ Feche os olhos, vá para dentro e descubra quem está perguntando, quem é esse questionador. Esqueça de mim. Descubra a fonte da pergunta. Vá profundamente para dentro. (....)

Isto tem que ser descoberto e consciência significa o método para se descobrir esse centro mais interno. Quanto mais inconsciente você for, mais distante você estará de si mesmo. Quanto mais consciente, mais próximo de alcançar a si mesmo. Se a consciência for total, você estará no centro. Se a consciência for menor, você estará próximo da periferia. Quando você está inconsciente você está na periferia, onde o centro é completamente esquecido. Assim, essas são as duas possibilidades de se mover.

Você pode se mover para a periferia; então você se move para a inconsciência. Sentado diante de um filme, sentado em algum lugar ouvindo uma música, você pode esquecer-se de si mesmo; então você está na periferia. Mesmo me ouvindo, você pode esquecer-se de si mesmo. Então, de novo, você está na periferia. Lendo o Gita ou a Bíblia ou o Corão, você pode esquecer-se de si mesmo. Então você está na periferia.

Tudo o que você fizer, se você puder lembrar-se de si mesmo, então você estará próximo do centro. Até que um dia, de repente, você estará centrado. Então você terá energia. Essa energia, esse sutra diz, é o fogo. Toda a vida, toda a existência, é energia, é fogo. Fogo é um nome velho; agora eles chamam isso de eletricidade. O homem rotulou isso com muito nomes, mas fogo é um bom nome. Eletricidade parece um pouco morto; fogo parece mais vivo. Esse fogo interno, o sutra diz, é o incenso. Quando alguém vai a um culto, leva algum incenso, dhoop, com ela. Aquele dhoop, aquele incenso, é sem utilidade a não ser que você tenha vindo com seu fogo interno como sendo o incenso. (.....)

Aja atentamente. Esta é uma jornada longa e árdua e é difícil estar consciente até mesmo por um simples momento. A mente está constantemente batendo as asas. Mas isso não é impossível. Isso é árduo, isso é difícil, mas não é impossível. É possível! Para todo mundo isso é possível. Somente esforço é necessário – um esforço com todo o coração. Nada pode ser deixado para trás: nada internamente deve ser deixado sem ser tocado. Tudo deve ser sacrificado pela consciência. Somente então a chama interna será descoberta. Ela está ali. Se alguém descobrir a unidade essencial entre todas as religiões que já existiram ou que ainda possam existir, então essa simples palavra ‘consciência’ será a descoberta. (....)
Consciência é a técnica para se centrar, para alcançar o fogo interno. Ele está ali dentro. E uma vez que ele seja descoberto, somente então nós somos capazes de entrar no templo – não antes, nunca antes.

Mas nós podemos enganar a nós mesmos com os símbolos. Os símbolos existem para nos mostrar realidades profundas, mas nós podemos usá-los como fraudes. Nós podemos queimar um incenso externo, nós podemos adorar objetos externos, e então nos sentirmos à vontade, achando que fizemos alguma coisa. Podemos nos sentir religiosos sem que sejamos absolutamente religiosos. Isso é o que está acontecendo; é nisso que a terra se tornou. Todo mundo pensa que é religioso só porque está seguindo símbolos externos, sem qualquer fogo interno.
Continue fazendo esforços mesmo se você fracassar. Você está no começo. Você irá fracassar mais vezes, mas mesmo o seu fracasso irá ajudá-lo. Quando você fracassa ao tentar ser consciente por um simples momento, você sente pela primeira vez o quanto você é inconsciente.

Caminhando ao longo da rua, você não consegue dar alguns poucos passos sem cair na inconsciência. De novo você se esquece de si mesmo. Você começa a ler um letreiro e esquece de si mesmo. Alguém passa, você olha e então esquece de si mesmo.
Os seus fracassos serão úteis. Eles lhe mostrarão o quanto você é inconsciente. E mesmo se puder se tornar consciente de que você é inconsciente, você terá ganho uma certa consciência.

Se um louco se tornar consciente de que ele é louco, já estará no caminho da sanidade.”

OSHO - The Ultimate Alchemy - Vol. 2 - Capítulo #1 -


domingo, novembro 06, 2011

O "SENTIDO DE PRESENÇA"

Nisargadatta Maharaj


Maharaj: O que quer que seja visto ou sentido na Totalidade, a qual é como o espaço, é a manifestação universal – Brahman. Mas “formas” emanaram e elas são sentidas como separadas e isoladas umas das outras.

Para um Jnani tudo é Brahman – é Sua expressão apenas. Cada ser vivo tem o sentido de presença. Esse sentido identifica-se com a forma do corpo e dessa forma opera no mundo. O sentido de presença de ser tem um tremendo potencial, particularmente no corpo humano, pois os sentidos do corpo nesta espécie são desenvolvidos no mais alto grau.

Esse sentido de ser, o qual é a consciência, tem a capacidade de dar-se conta de sua verdadeira natureza e residir no estado Iswara, ou seja, o estado divino. As escrituras antigas, os quatro Vedas, afirmaram que esse sentido de ser é o puro Brahman apenas, o que também é confirmado pelos sábios e santos.

Um spray de água do oceano contém inúmeras gotículas. Mas elas são o oceano quando não estão separadas do oceano. Com a separação há gotas individuais. Não obstante, o gosto salgado da água, seja do oceano ou das gotas, é o mesmo. Assim como o gosto salgado está presente no oceano inteiro, o sentido de ser, ou o sentido de “eu sou”, na forma humana tem a capacidade inerente de ser todo-permeante. Porém, tendo condicionado e dessa maneira limitado a si mesmo à forma do corpo, ele está interessado apenas em proteger e preservar o corpo.

Como um resultado do surgimento das forma dos corpos, a consciência manifesta aparentemente fragmentou-se. Mas essa fragmentação deve ser vista apenas no que diz respeito às formas dos corpos porque na realidade a consciência prevalece, tanto dentro quanto fora dos corpos.

A mente é a efusão das cinco energias vitais no corpo, conhecidas como os pancha-pranas. Ela glorifica-se nas, e regozija-se com, as impressões - os sanskaras - que são recebidas de fora através dos sentidos do corpo. Mas a mente pode purificar-se ao associar-se com os santos e sábios, que para esse propósito recomendam práticas diversas, como cantar os nomes sagrados de Deus, fazer penitências, etc.

Na qualidade de um fenômeno natural, o puro Brahman dinâmico inconscientemente veste vários corpos como trajes e então opera através deles. Isso resulta na percepção do mundo que acontece através dos sentidos dos corpos. Mas dentro desse processo o princípio que reside internamente - isto é, o sentido de “eu-sou-ência” (I-am-ness) – adota o corpo como sendo ele mesmo e age em resposta aos ditames e demandas do corpo. Mas a despeito de todas essas distorções e modificações, o sentido de “eu-sou-ência” (I-am-ness) permanece inalterado em sua natureza inerente. No exato momento que esse puro Brahman dinâmico, o qual é a força motivadora por trás do funcionamento do corpo, interrompe o seu ímpeto, o corpo entra em desarranjo, o que é comumente chamado de “morte”.

Desse modo, a consciência não vai a lugar nenhum, meramente seu funcionamento através do corpo morto é então extinto ali e o puro Brahman dinâmico permanece não afetado.

Enquanto o sentido de ser ou a consciência residindo no corpo não dá-se conta de sua verdadeira natureza, ela está fadada a identificar-se com o corpo e com todas as suas ações alegando a autoria delas. Mas como resultado dessa alegação, ela é sujeitada a um intenso sofrimento quando o corpo começa a desintegrar-se e aproxima-se da morte.

Em um corpo saudável, o movimento da respiração vital é claramente sentido. Mas quando a morte ocorre, o alento vital abandona o corpo e o movimento pára instantaneamente. Entretanto, no caso de Brahman, não existe de modo algum a questão de movimento e Ele continua a ser onipresente. O ponto a ser entendido claramente é que quando o corpo morre, esse princípio básico – o puro Brahman – não se vai e nem prossegue para lugar nenhum como uma entidade individual, simplesmente porque ele sempre permeia tudo e está infiltrado em toda parte. Porém, no momento da “morte” do corpo, sua expressão através daquele corpo afasta-se então de vista apenas ali.

Quando um instrumento musical é tocado, o som que emana dele preenche o espaço ao redor. Mas no momento que o instrumento deixa de ser tocado, o som não viaja mais para nenhum lugar, ele diminui e chega ao fim.

Atualmente, a forma deste corpo é o produto dos cinco elementos (terra, água, fogo, ar e espaço). Esses elementos são criados a partir do atman. Mas como podemos reconhecer esse atman? É ao entendermos o conhecimento “eu sou” - o atman-jnana. Assim como o espaço é todo penetrante, também o conhecimento “eu sou” é todo-penetrante, ilimitado e infinito. Que estranho é um princípio tão supremo ser tratado como se ele fosse o corpo! Todos os sofrimentos devem-se a essa identidade enganada. Se você der ao “eu sou” a honra mais elevada, você não passará nem por sofrimento nem pela morte.

O nascimento e a morte são boatos. Um nascimento indica o nascimento de um corpo e esse é formado dos sumos dos alimentos. Não existe a questão do atman necessitar entrar em um corpo, uma vez que ele já está em toda a parte, como o céu. Se um corpo é saudável, seu funcionamento se iniciará naturalmente por causa da prevalência do princípio-atman. Esse princípio é imortal e indestrutível. Se você quer ter um gosto dele, compreenda claramente que ele não é nada além do que o conhecimento “você é”, o toque de “eu-sou-ência”. Não esqueça esse princípio básico.

Esse grande princípio - o atman – permanece não afetado por quaisquer ações que você faça baseado na sua identidade-corpo. Não obstante, o toque de “eu-sou-ência” aparece apenas quando um corpo-comida está disponível. Quando você afirma “sou muito forte e saudável”, isso significa que muita comida salutar foi consumida e digerida por você para fazer o seu corpo forte. Mas o corpo não é o seu sentido de ser. Mesmo que ele seja forte ele deve ser reabastecido diariamente com comida e água. A respiração vital, sem lábios ou língua, mastiga e suga as essências dos alimentos do corpo, enquanto a mente canta em louvor das impressões coletadas externamente através dos sentidos do corpo. E você, por sua vez, sente como se fosse você que estivesse fazendo todas essas atividades e alega-as como “suas”.

Vamos chamar esse sentido de ser de guna – isto é, qualidade ou jnana – que significa o conhecimento “eu sou”. Esse guna ou jnana existe sempre de maneira latente numa partícula de alimento. Assim, quando quer que uma forma de alimento esteja disponível, essa qualidade latente manifesta-se – inicialmente como movimento e pulsação e posteriormente como a mente.

O princípio supremo todo-penetrante cuja expressão através do corpo é chamada guna é nomeado como Sagunabrahman nos Vedas. O nome tem vários significados como “amor por ser”, o sentido de “eu-sou-ência”, o sentido de existência, etc. Esse estado não tem nome ou forma, assim como até mesmo a mente não tem forma. Apenas um corpo-comida tem forma.

Esse próprio princípio expressa-se na forma de vermes e germes que surgem num corpo humano em decomposição. Quando quer que uma sobra de comida seja jogada fora e deixada se decompor, você encontrará formas vivas rastejando por dentro e fora dela. O doador da vida, Sagunabrahman, anima as formas-comida sempre que as condições são favoráveis, mas sua expressão varia de acordo com as formas. Desse modo, reconhecemo-nas como vermes, insetos, aves, animais e assim por diante, por suas próprias formas.

O próprio Sagunabrahman, quando manifesto através de um corpo humano, tem o potencial de conduzir o buscador ao Mais Elevado, contanto que ele seja compreendido e percebido corretamente. E o Sagunabrahman não é nada além do seu sentido de ser e reside em cada corpo humano. Ao permanecer nesse estado, o nascimento e a morte serão transcendidos. Para esse propósito você não tem de praticar rituais ou disciplinas espirituais. Apenas esteja antes da mente, apenas seja.

Muitas pessoas estão ocupadas em nome da espiritualidade, fazendo penitências, cantando os nomes sagrados, fazendo peregrinações e aderindo a outras disciplinas visando sua salvação. Deixe-as fazer o que quiserem. Provavelmente é requerido que eles purifiquem os pecados de seu passado de acordo com seu prarabdha.

Se você vir a encontrar um sábio que tenha realizado sua verdadeira natureza, não lhe será requerido fazer nada no caminho das disciplinas espirituais. Isso porque através de seu ensinamento ele lhe revelará sua verdadeira natureza, como que colocando um espelho diante de você.

Muitos supostos sábios deslocam-se de lugar em lugar para propagar seu conhecimento espiritual. Mas por que eu perambularia por aí e aonde eu iria? Em meu estado verdadeiro estou em toda parte. Isso será realizado por você quando você residir no conhecimento “eu sou”.

Você vai até o seu tio ou seu primo porque você está relacionado a eles pelo corpo. Mas se você está em toda parte, por que você deveria sair por aí? Se você embeber plenamente o que eu expus, nenhuma disciplina espiritual será requerida de você.

Com essa compreensão você observará e concluirá que quaisquer atividades espirituais ou mundanas estão acontecendo através de você, elas são meramente entretenimentos para passar o tempo e que elas são o funcionamento do princípio dinâmico manifesto apenas – maya. Residir no conhecimento “eu sou” é nossa verdadeira religião – o svadharma. Mas em vez de seguir isso você optou por ser irreligioso, a submeter-se aos ditames de seus conceitos, o que levou-o a acreditar que você é um corpo. Esse engano garantiu-lhe apenas o medo da morte.

Se seu corpo não for suprido com comida, ele vai ficar cada vez mais fraco e um dia seu alento vital irá abandonar o corpo. As pessoas dirão que você está morto, mas você não terá a informação. Pode ser que você seja pecaminoso, mas isso é apenas no que diz respeito a sua identidade como um corpo, desse modo também a sua morte refere-se à identidade do corpo.

Por favor, aprenda isto claramente: que Você – o Absoluto – desprovido de qualquer identidade corporal, é completo, perfeito e Não-nascido. Mas você é acusado de milhões de nascimentos nas vidas passadas. Em conexão com isso, você poderia me falar ao menos de um dos seus nascimentos passados, você se lembra? Não vá pelo que os outros dizem, mas fale honestamente de sua própria experiência direta apenas. Na realidade, você nunca teve um nascimento. Muitas formas estão aparecendo e desaparecendo como um resultado da interação dos cinco elementos. Nessa interação onde está você e o que é você? E onde está a questão de você ir e vir? O que são essas religiões e seitas? Não são meramente propagações das amáveis idéias dos sábios e profetas para os quais alguns conceitos ocorreram? E isso pôde acontecer porque os sábios e profetas reconheceram primeiramente o seu sentido de ser. Então eles meditaram e habitaram nele e finalmente transcenderam-no, o que resultou na Realização Última. Depois disso, qualquer conhecimento que brotou deles espontaneamente tornou-se as religiões e as seitas de seus seguidores, por causa de seu envolvimento emocional.

O fato mais importante a ser entendido é apenas este. Se o toque do sentido de existência existe, então todas as coisas existem. Se o sentido de existência não está presente, os cosmos não estão presentes e não há nada.

Vocês têm alguma pergunta agora?

Pergunta: Você falou sobre o sentido de ser sustentado pelo corpo-comida e sobre a consciência dinâmica manifesta. Eles são a mesma coisa?

Maharaj: Ambos significam a mesma coisa. Não há forma ou desenho para esse princípio, assim como o alento vital não tem forma, o qual é, entretanto, dinâmico e pulsante. O alento vital apenas é o que anima e vivifica o corpo e ele irá operar enquanto o corpo estiver sadio.

O que quer que seja visto ou percebido está continuamente em um estado de criação e destruição, mas Você, em sua natureza verdadeira é não-nascido e indestrutível. A menos que você realize sua verdadeira natureza, não haverá paz para você.

Não importa o quanto você lute duramente para adquirir posses, elas estão fadadas a se esvaírem e é o mesmo com seus conceitos e suas várias identidades. Mesmo que você siga alguma religião na esperança de obter algo permanente vindo de fora, você ficará profundamente desapontado. O propósito principal da verdadeira espiritualidade é nos liberar completamente de nossos conceitos e condicionamentos.

Ao seguir alguma religião, culto ou credo, a pessoa inevitavelmente torna-se condicionada, pois ela é obrigada a aceitar e obedecer suas disciplinas, tanto físicas quanto mentais. A pessoa pode conseguir alguma paz por um certo tempo, mas tal paz não irá durar muito. Em sua verdadeira natureza, você é o conhecedor dos conceitos, e, portanto, anterior a eles.

Pergunta: Suponhamos que um cadáver esteja no chão. E sendo que o Brahman manifesto está em toda parte, ele não poderia ter deixado o corpo. Dessa forma, o que é esse princípio que deixou o corpo deixando-o morto?

Maharaj: Vamos considerar Brahman como o espaço a fim de facilitar essa discussão. Pode o espaço ser confinado dentro de um corpo? Então diga-me, aonde a morte (daquele corpo) começa no espaço todo-penetrante? É possível isso? Que tipo de pergunta você faz? É melhor você recolocar a questão para deixá-la com mais sentido.

Pergunta: No corpo vivo deveria haver algo além de espaço!

Maharaj: Além de espaço?

Pergunta: Há espaço.

Maharaj: No espaço havia uma massa de alimento e dela um corpo foi formado. Brahman manifesto, o qual estamos chamando de espaço, expressa a Si mesmo através de um corpo-comida saudável. Você está acostumado a chamá-lo de atman. Mas o atman não é criado como um corpo, é um princípio não-nascido, o Brahman.

Pergunta: Ó, isso quer dizer que o atman nunca foi criado!

Maharaj: Certamente, o atman não tem nascimento. É através do todo-penetrante Brahman que o corpo, juntamente com a respiração vital, funcionam. E então você interpreta o processo como o nascimento de atman.

Toda essa exposição é apenas para aqueles que têm uma necessidade genuína de compreender a espiritualidade. Para queles que estão ansiosos para melhorar sua vida mundana, a adoração dos vários deuses é recomendada.

Quando um corpo saudável e a respiração vital (prana) trabalham juntos, o sentido de ser expressa-se colocando em operação os membros e os sentidos do corpo. Essa expressão é um anúncio, o qual declara a exixtência eterna do princípio derradeiro – o Absoluto – Parabrahman. Quando o corpo morre, o sentido de existência desaparece e dessa forma não há anúncio do Absoluto através daquele corpo morto, não obstante, o Absoluto continua a prevalecer como sempre.

Pergunta: É isso o que eu queria saber.

Maharaj: Um buscador foi aconselhado por um guru com as seguintes palavras: “olhe para trás”. E o buscador simplório virou e olhou para trás, considerando literalmente a ordem, então o guru disse novamente a ele: “entenda o significado por trás das palavras. Compreenda o seu estado antes deste estado presente. Vá para a fonte. Olhe para trás. Receda.”

Você aceita um conceito e pára nele. Dessa forma seu progresso espiritual estagna no nível conceitual.

Você indicou sua identidade nos vários estágios de sua vida por conceitos tais como “uma criança”, “um garoto”, “um jovem”, “um homem de meia idade”, etc. Mas qual identidade conceitual permaneceu fiel a você? Todas as identidades no curso do tempo provaram ser ilusórias. Mesmo o princípio por trás das identidades, ou seja, o sentido de sua existência, provará ser ilusório. Uma vez que ele apareceu ele tem de desaparecer, sendo assim ele é temporário e limitado ao tempo. Mas o conhecedor desse sentido de ser é o Absoluto eterno.

Qualquer experiência pela qual você passe é imperfeita. Contudo, você continuará alguma prática espiritual porque a mente não permitirá que você fique quieto.

Com o propósito de adquirir conhecimento e de conhecer Brahman você medita em algo. Mas qual é a sua identidade como meditador? Você não é nem a meditação e nem o objeto da meditação. O que quer que seja, Você é o Perfeito, a Totalidade, o Absoluto Eterno.


quarta-feira, novembro 02, 2011

Realizar "Quem" é você


Mooji

Tudo aquilo que você acha que possui, ou aquilo que você deseja neste mundo, está passando e daqui a pouco não vai mais estar Aqui. Experiencie, desfrute isso. Mas, quando passar, quando isso for embora, não se lamente, porque isso não era para você manter – pela lei natural nada pode ser mantido. Até mesmo esse corpo, que é necessário para que todas as outras coisas possam ser alcançadas, esse corpo você não pode mantê-lo; então, da mesma forma, desfrute desse corpo – ele é seu amigo por um tempo. Mesmo os seus ideais, eles vão continuar mudando, você não os pode manter os mesmos.

Então desfrute sem apego. Esse é o estilo de vida da Liberdade.

O Estado de Paz e Felicidade, na verdade é o nosso estado natural. Se você olhar ao redor poderá pensar “bom eu acho que isso, de fato, não é o natural”, porque há tanta gente estressada, agressiva, infeliz, se lamentando, envolvida em ilusões. Mas, você tem a chance de ser verdadeiramente feliz. De ser Feliz sem nenhuma razão, sem nenhum motivo, pois a sua natureza é a Felicidade; mas, você É além, até mesmo, desta felicidade, você É consciente da felicidade e da tristeza.

Lembre-se d’Isto, seja Isto, reconheça Isto e desfrute d’Isto.

E lembre-se também que qualquer esforço que você coloque pra trabalhar qualquer questão do seu eu-pessoal, vai afastá-lo desta oportunidade de você descobrir quem você É. A coisa mais sublime que você pode fazer para os seus filhos, seus amigos, sua comunidade, para o mundo, é descobrir e realizar, quem você É.

Milhões e milhões de pessoas estão se engajando em práticas, ou técnicas, para estar aprimorando, ou mudando, a sua personalidade. E o mundo, respeita este tipo de prática; o mundo, na verdade, tem devoção por esse tipo de prática. Mas, o seu Ser mais profundo não pode ser melhorado, Ele já É.

O seu ser externo (que envolve o seu ego, a sua personalidade) está sempre mudando, está sempre em fluxo. Quando você se assume como sendo uma entidade corpo-mente, você, então, coloca muita energia num esforço para se aprimorar de alguma forma. Este tipo de esforço é de algum modo válido, pois ele o ajuda a estar aprimorando o ser humano em você. A maioria dos nossos condicionamentos nos foi dado pela nossa sociedade, como uma forma de nos moldar para que pudéssemos interagir, e conviver em sociedade. Mas o seu verdadeiro Ser, a sua verdadeira natureza, já É perfeita. Este é o principio Divino em você. E é isso, então, que você deve descobrir.

Não coloque sua atenção apenas para melhorar sua vida externa. Você pode gastar vidas e vidas tentando melhorar algo que está sempre mudando. Porém, leva-se apenas um instante para você realizar, e descobrir, quem você É Verdadeiramente. Quando você faz isso -- e quando a realização do Ser se dá, realmente, neste instante -- a realização do seu Ser, a Bem-aventurança, vem abençoar todo e qualquer aspecto da sua vida externa. É como se você estivesse despertando de um sonho, e uma vez desperto tudo a sua volta flui de maneira diferente.

A maioria de nós está simplesmente vivendo sua vida como se fosse um sonho, ao invés de, realmente, realizar a Verdade Suprema.

Eu estou aqui para encorajá-los e guiá-los na Realização da Verdade Suprema.