"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, abril 30, 2011

"O vosso Pai celestial sabe"

Joel S. Goldsmith


Há um modo de viver, que não é pela força e nem pelo poder, mas pela Graça de Deus.

Quando é a nossa parte humana que decide o que quer e como quer, então estamos procurando educar Deus e dizer-Lhe como deveria agir. Neste caso consideramo-nos como possuidores de uma sabedoria superior à dEle e nos fechamos ao fluir de Sua Graça.

Quando compreendemos a natureza de Deus, jamais procuraremos lembrar-Lhe qualquer coisa sobre nós, ou sobre nossos negócios. Nunca deveremos ser tentados a usurpar as prerrogativas da Inteligência ou do Amor, que tudo sabe “sobre as coisas de que temos necessidade”.

Que compreensão temos de Deus, quando Lhe pedimos coisas? Consideramo-Lo como suprema Inteligência e Amor? Ou acreditamos que Ele nos esteja retendo e negando alguma coisa? Ficaríamos preocupados com o que temos de comer ou vestir, ou com qualquer outra coisa, se tivéssemos a certeza de que nosso Pai celestial sabe que temos necessidade de todas estas coisas? Jesus não deixou bem claro que não nos devemos nos preocupar com a nossa vida, com o que havemos de comer, de beber e nem com nosso corpo, sobre como nos haveremos de vestir?

Por que buscamos pão, água, vestuário, companheirismo, dinheiro, capital, quando a promessa é de que “em presença de Deus há plenitude de Vida e que é de Seu agrado partilhar conosco as Suas riquezas”? Sabendo da Infinitude de Deus, tudo o que é, já é onipresente. É impossível a Deus dar o que já é. Deus não dá uma maçã, ou um automóvel. Deus é a maçã. Deus é o automóvel: Deus aparece como tudo de que temos mister. Não separemos Deus. Não há Deus de um lado e a coisa de outro. Por isso, a verdade que devemos demonstrar é reconhecer a presença de Deus. Ao demonstrar a presença de Deus, demonstramos a vida eterna, suprimento infinito, fraternidade, paz, alegria, proteção e segurança. Em Sua presença há plenitude de vida. Nada está ausente. Quando temos a presença de Deus, temos Deus aparecendo como o nosso bem, como vestuário, como habitação. A condição única é: ter a Sua presença. Não bastam afirmações inócuas nem verbalização das profundas verdades das Escrituras. Devemos conscientizar a Sua presença.

Onde Deus está, ali há rios de abundância. Pela compreensão de Sua onipresença, todas as coisas já existem. Deus está continuamente atuando para manter a natureza infinita e eterna deste universo, aparecendo como tudo. Deus aparece como o maná diário: Eu sou o pão da vida – não "Eu o terei ou o deveria ter ou o demonstrarei", mas Eu o sou. Este Eu interno aparece em nossa mesa como o pão diário. Aparece externamente como transporte, como vestuário. No princípio, antes que o tempo começasse, Deus deu a Si mesmo para nós e, nessa doação, a Sua infinitude foi infundida em todos nós.

Admitamos que, por causa das condições materiais da existência, o ser humano aceitou erroneamente a crença de que deve ganhar a sua vida com o suor do rosto; que depende do próprio esforço e deve competir com seus semelhantes. Em outras palavras, tornou-se materialista: uma pessoa que deseja obter coisas, acumulando-as como garantia. Já uma pessoa devotada ao caminho espiritual, tem pouco ou nenhum interesse em acumular coisas, sejam elas a fama, o poder, ou bens – porque sabe que tudo que o Pai tem já é dela.

O mundo material é construído sobre o instável fundamento das esperanças e medos humanos, mas todo templo material se dissolve quando reconhecemos: “O Senhor é meu Pastor”. Então não necessitamos de buscar nada, a não ser a Verdade: que nosso ser individual, na terra, é a plenificação de Deus que está aparecendo como nós… Sim, Deus é Espírito. E quando nossa prece e nosso interesse são pela realização espiritual, abandonamos o conceito material e começamos a compreender que o mundo do Espírito é um mundo diferente, um mundo novo, no qual a Graça de Deus é nossa suficiência em todas as coisas.

Como devemos compreender a Graça? Ela tem sido chamada a “dádiva de Deus”. Mas Deus tem apenas uma dádiva: a dádiva de Si mesmo, a nós. Com nossa sabedoria humana, intelectual, não podemos saber o que seja a Graça de Deus. E se tentamos exprimi-la ou moldá-la à linguagem humana, aos significados humanos, jamais poderemos compreender a inadulterável Graça espiritual de Deus.

A Graça de Deus se revela por meios incompreensíveis à mente humana, tomando direções inimagináveis e formas que nunca soubemos existir sobre a terra. E mesmo que saibamos, jamais podíamos supor que aquilo em algum momento viria fazer parte de nossa experiência. Em cada caso a Graça de Deus é uma revelação individual, singular. Não aparecerá para uma pessoa na forma de rosa, se ela não gosta de rosas; nem aparecerá como uma passagem, para uma viagem ao redor do mundo, se ela encontra mais prazer em ficar meditando numa cabana à beira-mar ou no alto de uma montanha. A Graça de Deus flui como atividade espiritual, mas governa também nossos afazeres humanos, orientando-os a caminhos que não poderíamos delinear e nem imaginar.

À medida que ponderamos este tema, acerca da Graça de Deus, desenvolve-se dentro de nós um senso de independência, em relação aos pensamentos e coisas deste mundo. Começamos a sentir que, mesmo que não haja uma pessoa em nossa vida que nos traga algo, ainda assim, pela manhã, todas as coisas necessárias serão providas, quando conscientizamos a realidade da Graça de Deus.

Se alcançamos esta percepção, descobrimos que nada há, senão Deus: Deus aparecendo como flores; Deus aparecendo como alimento em nossa mesa; Deus aparecendo como vestuário em nosso corpo; Deus aparecendo como relacionamentos harmoniosos; Deus aparecendo como lucidez mental e harmonia corporal. Não é lutando ou competindo que se realiza isto. O que é necessário é permanecer quieto; é guardar a espada e testemunhar a salvação do Senhor.

Não há, na terra, meta mais elevada a atingir do que a sintonia interna com essa Presença que jamais nos abandona e nem nos desampara. Essa Presença não nos envia dinheiro, alimento, roupa ou habitação. Ela É o dinheiro, o alimento, a roupa, a habitação. Ela não nos leva a uma torre alta ou a uma fortaleza. Ela É a torre alta e a fortaleza inexpugnável. Ela não dá e nem envia coisa alguma. Ela SE DOA a nós inteiramente.

Quando a percepção da Onipresença de Deus é alcançada, há libertação dos medos, das preocupações, da carência, da desarmonia. E se surge alguma necessidade, basta que nos recolhamos e nos sintonizemos a essa Presença interna: ao devido tempo e do modo certo, aparecerá em forma palpável tudo o que nos seja necessário.

Ao atingir este ponto, em consciência, em que somos capazes de renunciar à força e ao poder humano, à opinião e ao julgamento humano – então a Graça divina, invisível, já perfeitamente tangível à nossa experiência, assume a direção.

Não podemos ver este Espírito transcendental, nem ouvi-Lo, nem saboreá-Lo, nem tocá-Lo ou cheirá-Lo, mas Ele ali está, agora: nós O sentimos e O conhecemos. Quando desistimos de nossos direitos humanos, de nossas vontades e desejos humanos – até mesmo dos bons desejos – e nos resignamos, confiando inteiramente na Vontade de Deus, esta se precipita no vácuo de renúncia que formamos e assume a direção. E podemos sentir todos os seus movimentos percorrendo o nosso corpo, músculos, veias e até as unhas. Tornamo-nos um com o ritmo do Universo e tudo está bem! Tudo o que o Pai tem, está fluindo agora através de nós como Graça divina para este mundo, trazendo tudo o que é necessário, não só para nós, como também para as pessoas com quem estamos relacionados.

Assim aprendemos que não devemos nos preocupar com as coisas deste mundo e nem lutar competitivamente para sobreviver ou proteger-nos. Basta que permaneçamos quietos, sem nutrir pensamento algum: ser apenas receptivos e permitir que os pensamentos de Deus fluam ao nosso íntimo e permeiem todo o nosso ser. Aí então o nosso trabalho será realizado. Mas devo lembrar a vocês que o Espírito nunca está trabalhando para nós. Gravem bem: Ele está trabalhando em e através de nós, enquanto permanecermos nessa atitude de entrega confiante – sem pensamentos, sem ordens – para que Deus possa assumir a direção.

Aqueles que alcançaram – ainda que em pequena medida – esse estado crístico de percepção espiritual, estão no mundo mas não lhe pertencem. Conhecem muito pouco os efeitos do pecado, da doença, das angústias, da carência e limitações da vida humana. Não são tocados, na esfera pessoal, pelas tragédias deste mundo, embora conscientes de que estas coisas existem. Mas, por causa de seu contato com Deus, podem ajudar os demais: podem nutrir as multidões; podem curar e confortar, ainda que eles próprios não necessitem de suprimento, cura, conforto ou quaisquer das coisas que a raça humana reputa indispensáveis. Eles renunciaram ao poder pessoal, aos desejos pessoais e aceitaram o amor de Deus, a Graça de Deus e o Governo de Deus como a única e mais valiosa coisa, em suas vidas!


quinta-feira, abril 28, 2011

Não seja adepto de conformismos

Dárcio Dezolt


O estudo da Verdade, sob a visão absoluta da “totalidade” de Deus, desfaz a crença usualmente passada por ensinamentos relativos no que diz respeito ao conformismo ou resignação diante das aparências deste mundo. Basta olharmos as atitudes de Jesus, registradas na Bíblia, para observarmos que sua maneira de ser não se restringia a orar e deixar as coisas irem mudando ou não por si! Pelo contrário, suas atitudes eram firmes e decididas, suas falas eram com autoridade, ou seja, nunca deu exemplo no sentido de que o Evangelho seria de conformismos ou de resignações diante de situações ou de pessoas desarmônicas! Pedro que o diga, pois foi mandado calar a boca, quando dizia coisas vindas da mente e não de Deus!

Há anos, um conhecido convidou-me a ir com ele a um “estudo sobre prosperidade”, numa regional da Seicho-No-Ie. Lá chegando, ele apresentou-me a uma preletora responsável pelos estudos semanais e, logo depois, ela começou a reunião dizendo: “Meu marido está com sérios problemas de saúde, e eu aplico os ensinamentos da Seicho-No-Ie, agradecendo muito pelo fato de ele estar, através de sua doença, se purificando através da manifestação e eliminação dos carmas negativos. O Mestre Taniguchi nos ensina que, se agradecermos por tais manifestações fenomênicas, em vez de nos prendermos a elas como fatos ruins, logo que elas forem “queimadas”, ele vivenciará a harmonia do Mundo Real”.

Este ensinamento, que ela dizia ser o da Seicho-No-Ie, não é o ensinamento revelado original, sobre o que a Seicho-No-Ie foi fundada para disseminar! Então eu disse a ela: “A senhora me permite dizer-lhe algo?” Ela concordou e eu lhe disse: “Eu assisti a uma palestra, em São Paulo, proferida pelo Prof. Murakami, em que ele falou de uma pessoa que estava com sérios problemas de saúde, e que, ao ser informado dos ensinamentos da Seicho-No-Ie, foi curado rapidamente! Explicaram a ele: Você é Filho de Deus perfeito! Não existe doença para Filhos de Deus! Você está curado sempre!, etc.” Penso que se lhe tivessem dito que ele deveria ficar agradecendo por seus carmas estarem sendo “queimados”, talvez ele estivesse fazendo isso, e inválido, até hoje!”. Imaginemos Jesus chegando ao paralítico e lhe dizendo: “Meu amigo, agradeça à sua paralisia, pois, ela o está ajudando a se livrar dos carmas do passado!” Jamais Jesus diria algo desse tipo! A preletora não se mostrou nada contente, por eu ter contrariado esta visão relativa pregada pela Seicho-No-Ie; porém, como eu disse, a Verdade gera atitudes! Se eu fosse barrar o que me vinha à mente para dizer, até poderia não ter sido indelicado como pareci ser; entretanto, o verdadeiro ensinamento estaria deixando de ser passado àquelas pessoas, que iriam, do jeito que ela explicava, ficar a vida toda “agradecendo por fatos desarmônicos” para “queimar carmas do passado”…

A Verdade é a Verdade: Deus é o ser individual do homem, e Deus não tem mente humana! O paralítico, segundo a Bíblia, estava desejoso de se ver curado, e Jesus lhe disse: “Quer ser curado? Levante-se, tome sua cama e ande!” Em outras palavras, estava dizendo a ele: NUNCA você esteve impossibilitado de andar, uma vez que VOCÊ é o que Deus criou para SER VOCÊ e nunca as imagens fraudulentas da suposta mente humana!

Katsumi Tokuhisa, num dos livros da própria Seicho-No-Ie, relata o caso verídico em que seis pacientes, supostamente paralizados por “derrame”, ficaram “curados na hora”, quando uma serpente entrou pela quarto do hospital em que estavam imobilizados pela crença falsa! Todos se levantaram para sair correndo!

Não aceite nada de negativo como fazendo parte de sua vida! Sua Vida é a Vida de Deus! Reconheça isto com entendimento, convicção, radicalismo e ação, MESMO que as “aparências” tentem se mostrar resistentes! Não são! Se você voltar a elas para dar-lhes mais “alimento”, elas permanecerão por sua causa! Medite, veja-se como PERFEITA E PERMANENTE OBRA DE DEUS, e, permaneça nesta Verdade! E, o quanto lhe for possível, AJA CONFORME DIZ A VERDADE, e nunca como diz a ILUSÃO!

Lembro-me de um tombo que levei: ao me levantar, não consegui me apoiar com uma das pernas; forcei a mente a permanecer com a perna “curada”, forcei para andar, reconheci tudo que pude da Verdade, e logo depois estava pelas ruas! Ao pisar, sentia ainda “algo estranho”, mas dali tirava a atenção para confirmar que “todo o corpo estava perfeito e normal”, até que a ILUSÃO cedesse por completo aos fatos verdadeiros! Não se resigne com o “mal inexistente”; ponha convictamente a Verdade na prática! Mas pratique a Verdade ABSOLUTA, e não supostas “verdades relativas”. A aceitação de “verdades relativas” acaba fazendo com que você, por fim, endosse a ILUSÃO!

A Seicho-No-Ie, assim como na Ciência Cristã, tem em sua literatura a Verdade Absoluta revelada a Masaharu Taniguchi; e é uma pena que, em meio a tais Verdades, tantas crenças falsas do Espiritismo tenham ali penetrado, como no caso em que citei, da preletora aceitando o marido “filho de Deus perfeito” como "alguém queimando carmas através de sérios problemas de saúde". Deve haver muito mais pessoas sendo tapeadas, mesmo com ótimas intenções, por algo nunca revelado por Deus!

Volto a dizer: não seja adepto de conformismo! Seja qual for a situação desarmônica, negue-a como sendo ILUSÃO E MAIS NADA, e confirme o fato real sobre VOCÊ:

“EU SOU UM SER ETERNAMENTE PERFEITO, UMA EXPRESSÃO DO VERBO DIVINO, UM HABITANTE DO CÉU E NÃO DA ILUSÓRIA TERRA!”

terça-feira, abril 26, 2011

Deus não é um poder a ser usado

Joel S. Goldsmith


O poder de Deus não é para ser evocado pelos humanos e não é alcançado pela tentativa de influenciar Deus em causa própria. Não se trata de um poder contra o pecado, contra a doença ou contra a morte, tanto quanto a luz não é um poder contra as trevas. A verdade é que não há trevas: elas são apenas ausência de luz. Não constituem uma presença, nem uma entidade, nem uma substância que se possa examinar ao microscópio. Não é possível capturar um pedaço de escuridão e examiná-lo, porque não existe essa coisa chamada escuridão. A escuridão é unicamente ausência da luz.

Pecado, doença e morte – como a escuridão – não existem, pois aquilo que Deus não criou não existe. Ele é o único criador, é o poder que mantém a criação. No Gênesis, lemos: “Deus contemplou tudo o que fizera e viu que era bom”. Não está em Sua natureza contemplar o pecado, a doença e a morte e considerá-los bons; por isso, não pode tê-los criado.

Há outro ponto: o que Deus criou, criou para sempre, e não permitiria que alguém aniquilasse qualquer coisa que haja criado. Se houvesse criado o pecado, a doença e a morte, não teríamos nenhuma esperança de vencê-los.

Não precisamos do poder divino para vencer algo que não foi feito no princípio, nunca teve existência e apenas representa a nossa ignorância da Verdade. O nosso poder de cura, então, que é o nosso poder espiritual, repousa unicamente no conhecimento da verdade de que Deus é o Supremo Poder Criador, mantenedor e sustentador, e de que aquilo que Ele não criou não existe. Aí reside o nosso único poder espiritual.

domingo, abril 24, 2011

O significado espiritual da Páscoa

Joel S. Goldsmith


A época pascal rememora a crucifixão, ressurreição e ascensão de Jesus, ocorridas há 2000 anos. De acordo com os ensinamentos cristãos, o Mestre se submeteu à crucifixão para provar a veracidade de seus ensinamentos e mostrar que, mesmo destruído o corpo, Ele ressurgiria três dias depois. É ensinado que, submetendo-se à morte do corpo, Ele tomou sobre si os pecados do mundo e, dessa forma, morreu para salvar-nos. A páscoa é, pois, a rememoração desses eventos, oportunidade em que se lembra e louva o mais elevado dos homens – Jesus – que se submeteu voluntariamente a esse sacrifício, para que o mundo vivesse.

Nós, estudantes da Verdade, devemos juntar-nos ao mundo cristão inteiro, para entoar hinos de louvor e honrar Aquele que, pela magnitude de seu amor, subida compreensão de Deus e do homem, demonstrou, através da crucifixão, a capacidade de vencer o último inimigo – a morte – ressurgindo do túmulo e sobrepondo-se a toda crença humana. O estudante da Verdade compreende que na experiência da crucifixão, o Mestre demonstrou poder sobre as leis materiais da vida – as crenças mortais que dão poder de vida ao corpo, em vez de reconhecer que a Vida mesma, divina, eterna, é que governa o corpo. Portanto, a crucifixão simboliza a destruição dos pecados do mundo.

Quanto mais estudamos o Novo Testamento, a mensagem e missão de Jesus Cristo, que culminaram nos dramáticos eventos comemorados na páscoa, tanto mais se aprofunda e amplia nosso amor pelo Mestre e Sua obra. E esse amor nos suscita um grande desejo de compreender o princípio da vida, a missão, a mensagem e demonstração final de Jesus. Nenhum outro homem teve maior amor do que ele, que deu a vida por seus amigos. Qual a resposta que se levanta dentro de nós ao penetrar a profundeza do amor que essa grande alma exprimiu ao mundo, em sua demonstração no calvário e na revelação posterior, com os apóstolos?

Quando o estudante da Verdade lê, pondera e medita essa gloriosa experiência, vivida pelo Mestre por amor à humanidade, pode receber inspiração e força para dar o próximo passo, de descobrir o princípio subjacente à crucifixão, ressurreição e ascensão. Qual a lição que o Mestre desejou transmitir? Não sugeria, acaso, que nós também, a nosso modo, devêssemos experienciar esses três passos? Não nos convida ele a estudar, compreender e finalmente demonstrá-los? Não nos indica que todos devemos demonstrar o princípio da imortalidade? Senão, como nos afirmou que faríamos as obras que Ele fez e ainda maiores?

Todos nascemos para as demonstrações que o Mestre exemplificou, em benefício daqueles que ainda não as podem suportar. Ninguém pode chegar a ser um instrutor espiritual se não atingir, em alguma medida, a vivência dos passos de Jesus, porque eles são vividos no dia-a-dia, em pequenas demonstrações, até chegarmos às maiores expressões.

Nossa crucifixão começa pela compreensão desta Verdade cristã: “Eu, de mim mesmo, nada posso. O Pai, em mim, é quem faz as obras”. Exatamente nesse ponto começa a renúncia aos supostos méritos, aos apegos, à ambição desmedida, reconhecendo que o homem não vive apenas de pão (fama, poder, riquezas, sabedoria humana), senão pela Vida que se expressa por toda palavra que procede da boca de Deus. Aqui aprendemos a primeira lição de cura espiritual: que a vida não depende da ação do coração e de outros órgãos e funções do corpo, mas, sim, da consciência que temos da Verdade espiritual (Deus como Vida onipresente).

O essencial é que não precipitemos esse desabrochar. Entendamos firmemente que nossa saúde, suprimento, harmonia de relacionamento, etc., não dependem apenas de esforços humanos e estudos ou poderes físicos, como acreditávamos antes, por causa de nossos condicionamentos sociais. É a palavra de Deus, mantida em nossa consciência, que eventualmente se exprime como harmonia e outras bênçãos em nossa vida cotidiana. Assim podemos compreender o real sentido das palavras de Jesus: “Tenho um alimento que não conheceis”. Compreendendo a palavra de Deus, habitando nela e deixando que ela habite em nós, conseguimos a substância que é a Fonte interna de bens, o Sanador e Salvador interno – o alimento que o mundo não conhece.

Crucificamos os medos humanos e dúvidas quando, em vez de correr loucamente, entre ansiedades e cuidados, realizamos tarefas diárias com esta compreensão: “Graças a Ele, tenho o pão, o vinho, e a água. Tudo o que o mundo anseia e busca com muito esforço, já é meu”. Relaxemo-nos à evidência desta promessa: “Filho, tu estás comigo sempre. Tudo o que é meu é teu”. Desse modo crucificamos as preocupações e insegurança.

Ponderando as reiteradas mensagens do Mestre acerca do perdão, conseguimos perdoar “70 vezes 7” aqueles que abusam de nós e chegaremos até a orar pelos que nos perseguem e nos tratam injustamente. Com esta demonstração crucificaremos nossos ressentimentos, intolerância, ódios, medos e outros obstáculos a um saudável relacionamento.

Meditando profundamente a mensagem do Mestre e Sua missão de curar os enfermos, ressuscitar os mortos, abrir os olhos aos cegos e os ouvidos aos surdos, concluímos que o que diz:: “nunca vos deixarei nem vos abandonarei, mas estarei convosco sempre, até o fim do mundo”, é o Cristo, dentro de nós, buscando desempenhar Sua missão, agora como antigamente, de curar nossas mentes e corpos, de dar-nos um sentido mais alto de vida, de purificar nossas almas, de perdoar nossos pecados, de alimentar-nos com o pão da vida e sustentar-nos com a água da vida eterna. Com esta compreensão crucificamos muitos outros óbices à nossa realização e despertar.

A culminância da crucifixão chega à sua vida e à minha , pouco-a-pouco, com a ajuda de estudo, meditação e prática da mensagem espiritual, até que, num glorioso dia, desponta em nossa consciência esta Verdade: “Não sabeis que sois filhos do Deus vivo?” Nesse momento, todo sentido pessoal, toda identificação humana, é crucificada e morta. O período para esta conquista é o dos simbólicos três dias, para nascermos outra vez, isto é, para sermos renascidos no Espírito. Então saímos do túmulo da personalidade humana e seus suportes materiais. Mas nos estágios iniciais deste renascimento interno, na consciência da filiação divina e sustidos pela divina substância, trazemos as marcas da crucifixão, como o Mestre o demonstrou. É a alegoria das lembranças das falhas, fracassos e dores que transcendemos, como a árvore que sobe e deixa as marcas dos galhos que soltou. São aparências externas que levamos por certo tempo ainda, se bem que tenhamos ressurgido internamente.

Agora andamos na Terra, com aparência de homens comuns, mas como filhos espirituais de Deus e ocasionalmente cometendo pequenos deslizes, pelo simbólico período de 40 dias. Mas somos uma evidência viva aos nossos discípulos, amigos e parentes, do fruto que amadurecemos. Eles percebem que já não dependemos dos valores humanos e nem tememos os Pilatos deste mundo, pois realizamos a graça da comunhão interna com o Pai, dizendo, em humilde confiança, por tudo que fazemos: “Eu, de mim mesmo, nada sou; o Pai, em mim, é Quem faz as obras”.

Dentro de nossa dimensão, todos podemos aprender a orar corretamente e sintonizar-nos com a Fonte divina interna, para receber a graça de levar a cura e solução de problemas aos demais. Mas isto depende muito de nossa compreensão da mensagem e missão de Jesus Cristo. Desse modo atingiremos níveis mais altos de consciência, pela crucifixão, em escalas diminutas, de nossos condicionamentos, das crenças materiais e dependência a poderes e sabedoria humanos. Ao mesmo tempo chegamos ao ponto de compreender e demonstrar o poder do Pai, em nós, pela conscientização de que não vivemos meramente do pão, mas “de toda palavra que procede da boca de Deus”.


terça-feira, abril 19, 2011

O "Contato"

Dárcio Dezolt

Querer “entrar em contato” com Deus, que é a nossa própria Vida, seria análogo ao fogo querer se aquecer! A suprema realização do homem é a percepção consciente de sua unidade com Deus! Assim como o fogo já está “em contato” com o calor, estamos “em contato” com Deus! Entretanto, às vezes encontramos, na literatura espiritual, que “devemos entrar em contato com Deus”. Entendamos o que isto quer dizer. A meditação ou a contemplação silenciosa objetivam unicamente esta percepção consciente: não existe a Vida de Deus e a “nossa vida”, para que uma pudesse “entrar em contato” com a outra! Por outro lado, para a suposta mente humana, o “contato já feito” - ou seja, esta “unidade” - acaba passando completamente despercebido!

Joel S. Goldsmith disse o seguinte: “A meditação, em si, não é o caminho. O caminho é o contato! A meditação apenas serve de meio para que a pessoa atinja o silêncio interior onde o “contato” está feito.”

Há muitos que meditam e meditam, e reclamam que seus problemas não têm fim. Falta-lhes o “contato”. Já estamos todos em UNIDADE DIVINA! Espiritualmente, o “contato” está feito e é permanente. Assim, na verdade, as meditações são meras “pausas silenciosas” em que conscientemente a Verdade é discernida: DEUS E HOMEM SÃO UM, E O MESMO!

No mundo visível, achamos que somos seres separados de Deus e, também, separados uns dos outros. Esta ideia é falsa; assim, meditamos e “fazemos o contato”. Percebemos que, assim como a gota é uma com o oceano, nosso “Eu” é UM com o Infinito! Após meditarmos e percebermos esta gloriosa Verdade, veremos , em nosso dia-a-dia, as atividades normais fluindo livremente, de modo a espontaneamente refletir a harmonia-essência da Realidade divina.

Em Deus, todos nós vivemos este eterno e harmônico “contato”, em forma de Unidade. Cristo, explicando esta Verdade, disse: “E naquele dia conhecereis que eu estou no Pai, vós em mim, e eu em vós.”


domingo, abril 17, 2011

Vivendo a fé na vida prática - final


Masaharu Taniguchi


Taniguchi - Até logo, sra. Mizuta! Pode estar certa de que a partir de agora a senhora se restabelecerá rapidamente. (Volta-se novamente para a multidão que lota o salão e o quintal) Bem, agora vou falar a respeito da casa em Sumiyoshi, onde morávamos antes e que funcionava como sede da Seicho-no-ie. Um mês antes de nos mudarmos, a sra. Miya manifestou o desejo de alugar aquela casa; queria mudar-se para lá e abrir uma escola para noivas, sob a orientação da Seicho-no-ie. Acontece que o aluguel da casa de Sumiyoshi era mais caro do que o de sua residência. Então, os adeptos da Seicho-no-ie que moram nas adjacências de Sumiyoshi ofereceram-se para cobrir a diferença de aluguel, pois poderiam continuar realizando reuniões da Seicho-no-ie naquela casa. Naturalmente, a sra. Miya ficou contentíssima com essa oferta, e contou o caso a seu marido. Este, em vez de ficar contente, disse categoricamente: "Se precisamos contar com a ajuda de outros, é melhor não mudarmos".

Neste mundo existem pessoas de espírito dependente, que vivem sempre contando com o auxílio dos outros e não se empenham em empregar sua própria força, e outras que, ao contrário, consideram vergonhoso receber a ajuda dos outros. Tanto esses como aqueles demonstram ter perdido a naturalidade e a liberdade mental. Os primeiros, isto é, os que vivem contando com a ajuda dos outros, estão presos à idéia de que "o ser humano deve contar com a ajuda dos outros". E os que consideram vergonhoso receber ajuda dos outros estão presos à idéia de que "o ser humano não deve contar com a ajuda dos outros". Quando as pessoas ficam presas à idéia de "dever" ou "não dever", perdem a liberdade. O verdadeiro estado do ser humano é aquele em que ele não deve estar tolhido pela idéia de "dever" ou "não dever". A Seicho-no-ie faz com que as pessoas se libertem das amarras do "dever" ou "não dever".

Usando a terminologia budista, o ser humano torna-se Buda quando se liberta de todas as amarras. Tornar-se Buda não significa morrer, mas sim alcançar o estado em que se libertou de todas as amarras. Uma certa doutrina fala de "oito tipos de poeira da alma", citando os sentimentos de apego, desejo, rancor, entre outros. Também a seita Tenri ensina que as imperfeições do ser humano são meras "poeiras" que o cobrem. Assim, contanto que se retire essa poeira, surge a verdadeira natureza do ser humano, que é bela, clara e límpida como uma esfera de cristal. Se surge na alma de uma pessoa as "poeiras" como o desejo e o apego, é porque essa pessoa está presa à idéia de que o ser humano deve depender da ajuda e do apoio dos outros.

É o caso do marido da a sra. Miya. Ele ainda não havia conseguido libertar-se da prisão da idéia de que não se deve depender dos outros. Por isso, disse severamente à esposa: "Se precisamos contar com a ajuda dos outros, é melhor não mudarmos". Ampliando-se a mente, amplia-se o mundo; estreitando-se a mente, estreita-se o mundo. Se a mente do marido da sra. Miya não estivesse tolhida por aquela ideia estreita e aceitasse com gratidão a citada oferta, seu mundo se ampliaria. Isto é, aqueles adeptos residentes próximo a Sumiyoshi cobririam a diferença de aluguel com satisfação, e o casal Miya poderia mudar-se para uma casa bem mais ampla e ainda proporcionaria alegria a grande número de pessoas que ali se reuniria. Assim, não só ele, mas muita gente ficaria feliz. Isso seria ampliar o seu mundo. Como já disse, ampliando nossa mente, amplia-se também o nosso mundo, como reflexo dessa ampliação interior. Mas o marido da sra. Miya, embora fosse uma pessoa de caráter elevado, tinha excessivo orgulho e estava preso à ideia de que sua dignidade ficaria comprometida se recebesse auxílio dos outros para complementar o aluguel. Ele era também bastante autoritário para com a esposa, e um dia chegou a dizer-lhe: "Você não tem nada que ficar ouvindo o que o Taniguchi diz. O que uma esposa deve fazer é simplesmente obedecer ao marido". Bem, o fato é que o plano da a sra. Miya, de instalar a escola para noivas, foi por água abaixo. A sra. Miya, mesmo vivendo com o marido de gênio bastante difícil e a sogra de 85 anos, devota fanática da seita Shin, tem praticado o modo de viver da Seicho-no-ie com verdadeira sabedoria.

Mais ou menos na mesma época do episódio acima narrado, a sra. Miya abrigava em sua casa um jovem chamado Sato, que tinha aparecido na vizinhança, em busca de um emprego. No princípio, esse jovem era contra os ensinamentos da Seicho-no-ie, mas a sra. Miya orientou-o pacientemente. E quando, finalmente, ele passou a compreender e aceitar a filosofia da Seicho-no-ie, arranjou-lhe um emprego, na granja da propriedade de seu irmão, também adepto da Seicho-no-ie. Uma das tarefas diárias do jovem era entrar no galinheiro e recolher os ovos. Nessas ocasiões, frequentemente as galinhas bicavam con força as mãos dele. Após sofrer muitas bicadas, o jovem refletiu: "Se as galinhas vivem me bicando, deve ser porque eu não estou harmonizado com elas. Pois bem, de hoje em diante procurarei harmonizar-me verdadeiramente com elas". Assim pensou o jovem e, a partir desse dia, sempre que entrava no galinheiro para recolher os ovos, dizia às galinhas: "seja boazinha e me dê um ovo". Nunca mais recebeu bicadas.

Certo dia, ele foi incumbido de ir buscar lenha até uma serraria junto com outro empregado. A viagem de volta, com a carroça cheia de lenha, era bastante penosa. Os dois jovens tinham que puxar a carroça com bastante força. Quando começaram a subir uma ladeira, o jovem Sato mentalizou: "O ser humano é dotado de força infinita proveniente de Deus. As forças necessárias surgem, de algum modo". Logo apareceu uma pessoa que, sem nada dizer, começou a empurrar a carroça. O jovem agradeceu-lhe a ajuda e prosseguiu, pensando consigo mesmo: "Oh! que bênção! Essa é a a manifestação da força duplificada proveniente de Deus". Mais adiante, havia outra ladeira. Os dois jovens começaram a puxar a carroça com toda a força. Esse trecho do caminho havia sido consertado recentemente, e a terra ainda não estava suficientemente compactada. As rodas da carroça afundaram-se no chão macio, a carroça não se movia. Então, o jovem Sato começou a mentalizar novamente a força infinita proveniente de Deus. Logo surgiu um homem trazendo um cavalo pelas rédeas, e fez o animal puxar a carroça. Como podemos perceber, quando se confia na força infinita do Jissô (Deus interior), ela se manifesta, seja em forma de pessoa que se oferece para empurrar a carroça, seja em forma de cavalo que vem puxar a carroça.

Se digo que quando se confia na força infinita proveniente de Deus surge a força ilimitada, alguém poderá pensar que pode extrair força suficiente para puxar sozinho carroças com cargas de 400kg ou mais. Existem casos em que isso ocorre, mas geralmente não é assim. Se o leitor tiver consciência da unidade intrínseca de todos os seres, compreenderá bem a forma como se manifesta a força infinita proveniente de Deus. Cada um de nós, seres humanos, é um duto que se origina de um único manancial de Vida Infinita e Força Infinita. Quando não flui de um duto quantidade suficiente de água da Vida, pode-se juntar a ele tantos outros dutos quanto forem necessários. Deus é o todo, Ele rege todos os seres e todas as coisas. Assim sendo, Ele nos envia auxílios necessários nas medidas necessárias. Quando nossa força não é suficiente para executarmos algo, outros dutos vêm juntar-se a nós para aumentar a força.

Isto se aplica não só no tocante à força física - como é o caso de puxar a carroça -, como também no que se refere à força para realizar um empreendimento. Admito que há empreendimentos que podem ser realidados por um único homem, porém os grndes empreendimentos não podem ser realizados sem a união de muitos homens. É preciso reunir financiadores, planejadores, executores, etc. Quando eu sugeri a fundação de uma distribuidora dos livros da Seicho-no-ie, muitas pessoas ofereceram-se para me ajudar. Como eu era leigo em matéria de administração empresarial, muitas pessoas que entendiam do assunto vieram colaborar comigo, dando-me valiosos conselhos. Isto é um exemplo de que quando nos propormos a realizar algo, vêm juntar-se em torno de nós pessoas adequadas para serem coordenadores, conselheiros, executores, etc. Como já disse, quando se constata que a quantidade de água que flui de um duto é insuficiente, juntam-se a ele outros dutos.

Aqueles que não entendem a Verdade de que seu eu é um com os outros, tendem a possuir uma estranha ideia fixa de que é humilhante receber ajuda dos outros. Compreendendo a Verdade de que "eu e o outro somos um", libertamo-nos da estreita concha do individualismo e saímos para um mundo amplo. Descobrimos, então, a alegria de servir aos outros e também de receber a colaboração deles. Ficando dentro de nossa pequena concha, não podemos realizar grandes empreendimentos. Todo empreendimento de grande porte realiza-se com o esforço conjunto de grande número de pessoas. Foi o que aconteceu com o jovem Sato. Como ele estava com a mente sintonizada com a força infinita de Deus, surgiram ajudas necessárias sob a forma de uma pessoa que se ofereceu para empurrar a carroça, e de uma outra pessoa que trouxe o cavalo para puxar a carroça. Compreendendo esta Verdade, a pessoa deixará de teimar em recusar o auxílio dos outros. E então descortinará uma vida em harmonia com o infinito.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 12", pgs. 123-128)

quinta-feira, abril 14, 2011

Vivendo a fé na vida prática - Parte 1


Masaharu Taniguchi

*Tóquio, reunião na Sede da Seicho-no-ie do dia 19 de setembro de 1934*


Taniguchi - A senhora é a sra. Mizuta? Não deve ter sido fácil a tomar a decisão de vir até aqui.

Sra. Mizuta - Vim aqui, pensando que serei salva, serei curada, assim que me encontrar com o senhor. (mantendo-se sentada, com visível esforço)

Taniguchi - Soube que a sra. sofre de reumatismo. Onde é que dói?

Sra. Mizuta - Da nuca até as costas. Sinto também muita dor na metade da cabeça. Estive nas termas de Yugawara, na esperança de me curar, mas as dores, em vez de diminuírem, tornaram-se mais intensas. Além disso, devido aos solavancos o carro, meus quadris tornaram-se bambos e já nem consigo ficar de pé.

Taniguchi - Por que pensa que os solavancos do carro provocam dores nos quadris? Vejo que a senhora ainda está convencida de que o ser humano é feito de matéria. Enquanto não abandonar esse conceito, não conseguirá a verdadeira cura. (A sra. Mizuta parece perplexa) O homem não é um ser material. Ele é um ser espiritual. Assim sendo, por mais fortes que sejam os solavancos do carro, ele não se ferirá, nem sentirá dores. Se o corpo dói, é porque a mente pensa que dói. Se a mente não conceber a sensação de dor, o corpo físico não sentirá dor, qualquer que seja o seu estado. O cadáver, sendo um corpo destituído de mente, não sente dores mesmo que seja jogado da janela de um prédio e caia no duro chão de concreto. A lei física de causa e efeito, segundo a qual o corpo fica dolorido quando sofre solavancos, quedas, etc., não se aplica ao ser humano, que na realidade é um ser espiritual. Se o corpo parece doer, é porque a mente pensa que dói. Se a mente não conceber a idéia de dor, o corpo não poderá sentir dor. A senhora criou em seu subconsciente, por seu próprio critério, certas "leis" segundo as quais "o ser humano sente dores se lhe acontecer tais e tais coisas". Assim, quando a senhora infringe essas leis criadas por sua própria mente, o seu subconsciente a castiga, fazendo-a sentir dores.

Sra. Mizuta - A camada superficial de minha mente consegue entender os ensinamentos. Mas não consigo fazer com que eles atinjam as camadas profundas do meu subconsciente. Não tenho a capacidade de assmilar a Verdade, por mim mesma. Por isso, vim hoje, na esperança de que o senhor me ajude a assimilar a verdade. Por favor, professor, ajude-me.

Taniguchi - A senhora considera-se incapaz de assimilar a Verdade por si mesma. Considera-se também destituída de valor. Está errada. Não existe a incapacidade de assimilar a Verdade. A senhora já despertou para a Verdade, entendeu? Já alcançou o despertar espiritual. As dores já se atenuaram bastante, não é?

Sra. Mizuta - Sim, acho que as dores diminuíram bastante depois que cheguei aqui. E já consigo girar um pouco o pescoço. Mas ainda não consigo girá-lo à vontade (faz uma demonstração).

Taniguchi - Não é o pescoço que não gira. A senhora é que não gira o pescoço.

Sra. Mizuta - Estou tentando girá-lo, mas ele não gira.

Taniguchi - Se o seu pescoço não gira, é porque a senhora está tolhendo a si mesma. Não há ninguém, além de nós próprios, que tolhe nossa liberdade. Suponhamos que eu hipnotize uma pessoa, ordene-lhe que feche as mãos e sugestione: "Suas mãos vão ficar fechadas, e você não mais conseguirá abrí-las, de jeito nenhum. Tente abrí-las". Com efeito, por mais que a pessoa tente abrir as mãos, não conseguirá. Não que suas mãos tenham perdido completamente as forças ou tenham ficado debilitadas. Elas continuam tendo a capacidade de se abrir, não lhes surgiu nenhum defeito. Elas não se movem, porque a pessoa hipnotizada está totalmente convencida de que não conseguirá movê-las. Mesmo que tente movê-las, mesmo que queira movê-las, não o conseguirá, enquanto estiver convencida de que não tem forças para isso. É o que ocorre com a senhora. Na verdade, a senhora já tem forças para se mover.

Não espere ser curada com o toque de minhas mãos. Quem cura sua doença é a senhora mesma. A Seicho-No-Ie não é um lugar para se curar doenças, e sim um lugar onde se ensina que as doenças não existem. Já que as doenças não existem, não há como curá-las. Na sutra budista Hannya-Shingyô está escrito: "Não existem o envelhecimento e a morte. Logo, não há como combatê-los". Posso dizer que, até agora, não curei nenhum doente. As pessoas melhoram por si mesmas. A vida sustenta-se por si mesma. A Vida tem autonomia - é isso que a Seicho-no-ie ensina. Contanto que compreenda isso, o doente consegue a cura simplesmente ouvindo ou lendo os ensinamentos.

Sra. Mizuta, a senhora já é capaz de andar. Não consegue andar simplesmente porque pensa que não é capaz. Se pensar firmemente que é capaz de andar, a senhora conseguirá andar. Vamos, venha andando até aqui. Se andar até aqui, a senhora conseguirá comprovar por si mesma que é capaz de se levantar e caminhar. Se for curada pelas mãos de outra pessoa, não conseguirá conscientizar que a Vida tem força para se sustentar por si mesma. Assim sendo, enquanto o doente contar com a força alheia para se sustentar, não se pode dizer que tenha se curado realmente. Sra. Mizuta, a senhora já é capaz de se levantar e caminhar! Vamos, venha andando até aqui. Venha, por mais penoso que seja. depois disso, a cura ocorrerá naturalmente.

Sra. Mizuta - (Com grande esforço, avança um pouco, engatinhando)

Taniguchi - (Sem tocar nela) Está vendo como é capaz de se locomover? Não é verdade que seus quadris estão bambos e que a senhora não consegue sustentar-se. Se pode engatinhar assim, é porque tanto os quadris como as juntas das pernas permitem-lhe movimentar-se. Sendo assim, não há razão para a senhora considerar-se incapaz de se levantar. Vamos, faça mais um pouquinho de esforço e tente levantar-se.

Sra. Mizuta - (Mantém-se calada.)

Taniguchi - Vamos, coragem! Tente levantar-se!

Sra. Mizuta - (Parecendo sentir-se relutante, não tenta levantar-se.) Vou tentar mais tarde na hora de ir embora.

Taniguchi - (Vira-se para os adeptos que lotam o salão, e continua a falar) O que a Seicho-no-ie prega não é nenhuma novidade. Todas as boas religiões, isto é, as que não são meras crendices, identificam-se na sua essência e, em última análise, pregam a mesma Verdade. O único ponto que diferencia a Seicho-no-ie das demais religiões é o fato de que os adeptos vivem a Verdade religiosa na prática.

(...)

Enquanto pregava essas coisas na última reunião realizada em Kobe antes da minha transferência para Tóquio, notei, entre as pessoas presentes, um senhor de cerca de 55 anos, que me ouvia com toda a atenção, parecendo vivamente impressionado com tudo o que eu dizia. Quando existem, entre os ouvintes, pessoas receptivas que se mostram atentas a cada palavra e cada frase proferidas por mim, sinto-me mais entusiasmado para falar. Assim, também naquela ocasião senti-me entusiasmado e proferi a palestra com grande fervor, como se a dirigisse especialmente para aquele ouvinte.

No dia seguinte ele foi me visitar e disse: "Devido ao reumatismo, há muito tempo vinha sentindo dificuldade em mover a mão direita, e também enrijecimento e dores do lado direito das costas. Mas, ouvindo sua palestra, senti como se cada uma de suas palavras repecurtissem em todas as células do meu corpo, e percebi que o enrijecimento e as dores estavam dimiuindo. Ao fim de sua palestra, eu estava completamente curado daquele persistente reumatismo que vinha me atormentando há tanto tempo".

Quando minhas palestras surtem efeito como nesse caso, eu me sinto realmente gratificado. Mesmo as sementes de "boas palavras" não germinam quando lançadas no "solo estéril" (coração insensível); mas quando são plantadas no "sólo fértil" (coração sensível), elas germinam, florescem e frutificam. Fico muito feliz quando encontro pessoas cujo coração é como o solo fértil.

A pessoa acima referida é uma delas. Chama-se sr. Fujio, e contou-me, resumidamente, a sua história. Há cerca de 25 anos, ele sofria de tuberculose e chegou a expelir muito sangue dos pulmões. Por essa época, teve a oportunidade de ler um romance autobiográfico de Toyohiko Kagawa, intitulado "Triunfando sobre a morte". O personagem central, um jovem chamado Ei-iti, não obstante sofrer de tuberculose, prega o Evangelho nas ruas de Motomati, em Kobe. Num dia de chuva, expele sangue dos pulmões e fica caído no chão molhado. Mesmo depois dessa ocorrência, ele não desiste e continua a pregar o Evangelho. Sua vontade férrea finalmente triunfa sobre a doença, e o jovem fica curado. Lendo esse romance, o sr. Fujio ficou profundamente comovido, e resolveu seguir o exemplo. Começou a pregar o Evangelho na favela de Shinkawa, em Kobe. Enquanto ele se empenhava em salvar os outros, esquecendo a própria enfermidade, o seu organismo foi debelando a tuberculose e acabou por se recuperar completamente. Depois disso, durante cerca de dez anos, o sr. Fujio não contraiu sequer uma doença. Mas, pelo fato de ter comprovado pessoalmente que é possível curar doenças sem recorrer a tratamentos médicos, ele começou a se interessar pela medicina popular e passou a fazer pesquisas acerca de diversos métodos de cura tais como cura pelo poder mediúnico, terapia pelo toque ou imposição das mãos, acupuntura, hervas medicinais, etc. Passou a aplicá-los nas pessoas doentes, de acordo com cada caso, e constatou serem muito eficazes. Empenhando-se em estudar medidas para combater doenças manifestadas, acabou se esquecendo de que, há 25 anos, curara-se da tuberculos transcendendo o aspecto manifestado e ignorando a enfermidade.

Há grande diferença entre "transcender a doença" e "combater a doença". O primeiro consiste em ignorar a doença, tratando-a como algo que não existe, e assim conseguir superá-la. O segundo consiste em enfrentar a doença, partindo do princípio de que ela existe realmente. Tanto os médicos como os estudiosos da medicina popular procuram combater a doença, mas a Seicho-no-ie ensina as pessoas a transcender a doença.

Voltemos ao caso do sr. Fujio. Ele, que anteriormente curara-se da tuberculose transcendendo o aspecto manifestado, passou a admitir novamente a existência de doenças, ficando com a mente presa a essa idéia e, em consequência, seu organismo foi se enfraquecendo cada vez mais. Ultimamente, ele levava consigo pelo menos três tipos de remédios para o estômago e os intestinos, sempre que ia viajar. Sofria frequentemente de problemas gástrcos, justamente por receá-los. Além disso, foi acometido pelo reumatismo, que lhe afetou o braço direito e a parte direita das costas, provocando dores e dificuldade de movimento, que muito o incomodavam e persistiam apesar dos tratamentos. Na manhã do dia em que ele foi ouvir a minha palestra em Kobe, as dores eram mais intensas do que habitualmente. Porém, enquanto ouvia a minha palestra, elas foram diminuindo e, finalmente, cessaram por completo. O sr. Fujio expressou sua grande alegria, dizendo que o efeito da apreensão da Verdade manifestara-se imediatamente em sua vida. Como podemos constatar pelo caso que acabei de narrar, é possível obter-se a cura da doença só pelo fato de ouvir uma palestra religiosa, contanto que ocorra o despertar espiritual.

A seguir, citarei o caso da sra. Morio, residente na cidade de Onoda, província de Yamaguti. Muito religiosa desde jovem, há algum tempo vinha se empenhando na busca da Verdade através da seita Shin. Procurando a paz espiritual e a iluminação, ouvia assiduamente os sermões dos mais ilustres e sábios sacerdotes. Porém, apesar dos esforços, não conseguia apreender a essência da doutrina da seita Shin, nem alcançar a paz espiritual e a iluminação. Finalmente, decidiu ir à Seicho-no-ie, em Sumiyoshi, em busca da Verdade. A sra. Morio não só sofria de uma doença gástrica crônica, como também tinha problema no útero que, segundo os médicos, requeria uma cirurgia. Mas seu único propósito era encontrar a Verdade religiosa e a paz espiritual. Por isso, foi logo dizendo: "Eu não vim em busca da cura de meus males. Vim em busca da Verdade".

Em sua permanência de alguns dias, despertou para a Verdade de que Buda se encontrava presente dentro dela; de que, sendo a natureza búdica o seu eu verdadeiro, e sendo o eu verdadeiro originariamente um com Buda, estava salva desde o princípio. Não há paz espiritual maior do que aquela proporcionada pela conscientização de que o homem está salvo desde o princípio. Três dias após ter alcançado o despertar espiritual, a sra. Morio não mais sentia o mal-estar do estômago, que era crônico; cinco dias após, não tinha mais corrimentos anormais. Desde então, ela não teve problemas nem no estômago, nem no útero, e não precisou ser operada.

Como podemos constatar, o despertar espiritual produz efeitos realmente surpreendentes tanto no corpo como na vida prática. Seja qual for a doutrina, de nada adianta saber apenas as interpretações e as teorias. Se a pessoa for budista, é preciso despertar para o fato de que Buda está presente nela, constituindo seu eu verdadeiro; se for xintoísta, é preciso despertar para o fato de que a Vida da deusa Amaterasu está dentro dela, constituindo o seu eu verdadeiro; se for cristão, é preciso despertar para o fato de que o Cristo eterno, "que existia antes que Abraão nascesse", habita o seu interior, constituindo o seu eu verdadeiro. Só então poderá ter uma fé poderosa, capaz de controlar a vida real. A fé da Seicho-no-ie é assim. A Seicho-no-ie não é uma filosofia à parte do budismo, do cristianismo ou do xintoísmo. Viver de fato os ensinamentos do budismo, do cristianismo, do xintoísmo e outras doutrinas quanto a sua essência - ou, em outras palavras, viver a nossa vida prática em conformidade com a essência dessas doutrinas - é nisso que consiste a fé da Seicho-no-ie.

Sra. Mizuta - Prof. Taniguchi, lamento mas preciso ir embora.

Dama de companhia - (Faz menção de ajudar a sra. Mizuta a levantar-se.)

Taniguchi - (Em tom de ordem) Não deve ajudá-la! (Dirigindo-se à sra. Mizuta solenemente) A senhora já consegue levantar-se sozinha. (Novamente para a dama de companhia) Não lhe dê a mão! (Dirigindo-se à sra. Mizuta) Não tente apoiar-se nos outros, pois a senhora já é capaz de se levantar com sua própria força. Para se levantar com sua própria força, pode se segurar nessa coluna. Vamos!

Sra. Mizuta - (Segura-se na coluna, finalmente consegue levantar-se. Seu corpo está tremendo)

A multidão - Oh! Ela conseguiu!

Taniguchi - Agora que conseguiu levantar-se poderá andar também. Portanto, ande! E vá até onde se encontra o seu chofer. (Em tom firme) A senhora é capaz de andar.

Sra. Mizuta - (Dá uns dois passos sem nenhuma ajuda)

Dama de Companhia - (Aproximando-se da sra. Mizuta e estende-lhe a mão.)

Taniguchi - (Em tom de advertência) Não deve ajudá-la.

Dama de companhia - (Segura levemente a mão da sra. Mizuta, mas não a está amparando) Vamos, senhora, ande!

Sra. Mizuta - (Anda até o lugar onde se encontra o chofer, e se segura no ombro dele.) Até logo, professor!

Taniguchi - Até logo, sra. Mizuta! Pode estar certa de que a partir de agora a senhora se restabelecerá rapidamente.

Cont...


(Do livro "A Verdade da vida, vol. 12", pgs. 107-123)


segunda-feira, abril 11, 2011

CANTO EVOCATIVO DE DEUS


Seicho-No-Ie

CANTO EVOCATIVO DE DEUS

"Ó Deus Pai, que dais vida a todos os seres viventes, abençoai-me com o Vosso Espírito!

Eu vivo, não pela minha própria força, mas pela Vida de Deus Pai que permeia os céus e a terra.

As minhas obras não sou eu quem as realiza, mas a força de Deus Pai, que permeia os céus e a terra.

Ó Deus, que vos manifestastes através da Seicho-No-Ie, para indicar o Caminho dos céus e da terra, protegei-me."




Comentário: Esta oração da Seicho-No-Ie é uma oração de auto-anulação. Objetiva anular o ego (idéia ou sentido pessoal de ser uma existência separada do Todo). Nenhum ser humano possui vida, força ou inteligência em si mesmo. Mas o homem se julga dotado de vida própria, devido aos sentidos limitados e grosseiros da matéria. Essa oração tem o intuito de desfazer esse equívoco. A vida de Deus no homem só pode ser discernida no momento em que é eliminada da mente do indivíduo a idéia de que ele possui vida, força e vontade própria. Para que Deus possa aparecer, o homem precisa ser anulado, ser visto como ilusão - deve desaparecer. Deus aparece quando o homem desaparece. Por isso essa oração da Seicho-No-Ie é uma oração de conscientização de que "a minha vida não é minha, mas de Deus". O homem, fechado na mente humana, parece ter vida própria, força própria, ideias e criatividade próprias, porém são todos limitados. Na mente, a única possibilidade é contar com ilusória a força do 'pequeno eu'. A força de Deus flui quando o ser humano, livrando-se gradativamente da mente, se anula. Deus aumenta na medida em que o homem diminui.

Essa oração, que é uma invocação da presença, força e atividades de Deus, deve ser feita atentamente, refletindo e considerando cada palavra. Peça com força, com vontade: "Abençoai-me com o vosso Espírito!". É necessário ser feita com entendimento e vontade sincera de que Deus assuma a posição/lugar ocupada pelo ego. Ao fazê-la você pode imaginar o ego saindo e deixando em você um lugar vago, um "espaço vazio", não preenchido; e imediatamente imagine o Espírito de Deus vindo, entrando e ocupando o "lugar vago" antes ocupado por aquele 'pequeno eu' que julgava-se um ser vivente. Assimile mentalmente e com clareza essa idéia, e finque-a no fundo da alma. Conscientize que você nada faz de si mesmo, mas que Deus é quem realiza as suas obras. Nenhuma oração deve ser feita de forma mecânica, recitada maquinalmente, como se a sua mera repetição bastasse para fazer ocorrer a mágica. Oração nenhuma tem vida em si mesma. A consciência daquele que ora é o que dá vida/poder à oração. Portanto, conscientize cada palavra.

O ensinamento da Seicho-No-Ie recomenda que, mesmo quando estivermos realizando atividades simples como andar, conscientizemos/saibamos imediatamente que "é o filho de Deus que está andando". Isso é o mesmo que rezar, de forma prática, o Canto Evocativo de Deus. Andando, comendo, respirando, trabalhando, conscientize que é o filho de Deus quem vive. Anule-se, gradualmente, diariamente, por meio dessas conscientizações. Até chegar o dia em que poderá discernir que "o homem não realiza as suas obras, mas Deus que permeia os céus e a terra". O homem nada faz de si mesmo, e nada é! Deus é tudo. No Taoísmo é ensinado o "agir pelo não-agir", o "fazer pelo não-fazer", explicando ser esse o Caminho. Você encontra o Caminho quando apreende a arte da "ação pela não-ação". Isso significa que, embora no mundo das aparências o homem realize coisas, jamais é ele o agente de suas ações/obras. Isso significa também que, embora no mundo das aparências o homem viva e exista, jamais é ele um ser que vive e existe. O homem não existe! Jesus dizia: "eu de mim mesmo nada posso, o Pai em mim é quem realiza as obras", "as palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo, mas do Pai que me as envia", "quem me vê a mim, vê Aquele que me enviou", "por que me chamas de bom? Há apenas UM que é bom, e este é o Pai no céu". Jesus sempre se anulava, diminuia a si mesmo a fim de ver Deus tornar-se grande. Na Bíblia, Paulo atinge a consciência espiritual a ponto de dizer: "E vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim". Essa é a exata função e objetivo do ser humano e da existência humana: deixar de ser, ser nada. Reconhecer que o Tao, Deus, o Pai no céu, é o todo de tudo.

O homem não existe de verdade (existe Deus!), a não ser como um reflexo na mente. Mas a mente não existe. Porém, consequentemente, a conscientização da Verdade pelo homem, produz resultados benéficos no mundo das aparências humanas. São os bens ou frutos "vindos por acréscimo". São "acréscimos", porque, no final das contas, o mundo humano não passa de um reflexo da Existência Divina na mente. O Caminho de Deus, a Verdade, é invisível aos sentidos físicos, a mente humana não o capta. Nós nunca buscamos os frutos. Buscamos sempre ser nada - buscamos apenas Deus, o Reino de Deus. O "caminho dos céus e da terra" indicado na oração não tem a ver com o mundo humano. Este deve ser anulado. Não tem a ver com o ser humano. Este também deve ser anulado. Sobra, então, somente Deus e o Reino de Deus como único Caminho e Verdade. É o Jissô, a Imagem Verdadeira.

quarta-feira, abril 06, 2011

O Caminho para extinguir todos os seus infortúnios


Masaharu Taniguchi


“É preciso desistir de recorrer apenas à mente do eu fenomênico, conscientizar-se de que o único caminho é confiar na Força Superior, e volver a mente para Deus.” (Masaharu Taniguchi)


A DOR FÍSICA É PROVENIENTE DA “DOR MENTAL”

Existem vários tipos de dor física: dor de estômago, nevralgia, dor do reumatismo etc. As pessoas pensam que essas dores estão no próprio corpo; mas, na verdade, não é assim. Toda pessoa que sofre de uma dor física possui alguma “dor mental”. O corpo carnal é apenas uma massa material. A matéria não possui mente e não sente dor. Sendo simples matéria, o corpo não tem dor. O que dói é a mente. Quando afirmo isso, algumas pessoas que leram superficialmente o livro A Verdade da Vida contestam: “Mesmo pensando que o corpo não dói, continuo sentindo dor”. A dor física é reflexo da dor mental. Em muitos casos, antes da dor se manifestar no corpo, a pessoa vinha sofrendo há algum tempo ou até mesmo durante anos, por causa de uma angústia ou um conflito mental.


QUE É DOR MENTAL?

A “dor mental” não é sentida de modo agudo como a dor física. Vou citar um exemplo de dor mental: irritado com a mulher amuada, o marido sente vontade de brigar com ela. Essa irritação, essa raiva, é uma “dor mental”. O marido sabe que se partir para a briga, a situação se tornará pior e então reprime a irritação e a raiva. A "dor mental" que não foi manifestada fica acumulada. Se isso se repetir todos os dias, depois de algum tempo poderá surgir uma doença que se caracteriza pela dor, como a nevralgia, que é reflexo da “dor mental”. Mesmo que a pessoa consulte um médico e faça tratamento, não será possível obter a cura radical da nevralgia enquanto não for eliminada a causa mental.


É DIFÍCIL CONTROLAR A MENTE

Conheço casos de pessoas que foram a um templo para pedir uma orientação para obter a cura da nevralgia e, tendo recebido a recomendação de jurar: “Nunca mais vou ter ataque de raiva”, fizeram esse juramento, cumpriram-no e obtiveram a cura. Seria bom se todos conseguissem a cura de doença cumprindo a promessa de “não ficar zangado”, “não ficar com raiva”, etc. Seria ótimo se todos conseguissem ter um perfeito domínio sobre os próprios pensamentos. Mas, para pessoas comuns, não é fácil controlar a mente. Aliás, até mesmo o monge Honen, o mestre Shinran e o apóstolo Paulo, todos eles homens de nobre caráter, muitas vezes lamentavam não conseguir controlar a própria mente e recorriam a Buda (os dois primeiros) e a Jesus Cristo (o apóstolo Paulo).

Sentimentos como a ira ou a raiva são difíceis de controlar. Mesmo que tente, a pessoa não consegue deixar de senti-los. Até mesmo o monge Honen e o mestre Shinran não conseguiam refrear esses maus sentimentos que às vezes teimavam em surgir. Então, é natural que para as pessoas comuns seja muito difícil deixar de sentir ira ou raiva, mesmo que façam essa promessa a Deus e procurem cumpri-la. Quando uma pessoa que fez tal promessa não consegue cumpri-la, a sua tensão torna-se maior que antes, pois acha que fez um falso juramento e tem a sensação de que lhe sobrevirá uma dura punição divina. Assim, sem conseguir cumprir a promessa e com medo do castigo de Deus, a pessoa fica acuada e não encontra o caminho da salvação.


É PRECISO VOLVER A MENTE PARA DEUS

Portanto, a questão é: “Que fazer para controlar a mente?” Os mestres precursores de diversas religiões também tiveram dificuldades quanto a essa questão. Tendo conhecimento acerca da lei mental, sabiam que a ira é prejudicial e que as aflições provocam doenças. Mesmo assim, tinham dificuldade de manter a mente livre das aflições. A Seicho-No-Ie ensina: Por mais que alguém tente, com a força do eu fenomênico, deixar de ficar irado ou aflito, não conseguirá esse intento. É preciso desistir de recorrer apenas à mente do eu fenomênico, conscientizar-se de que o único caminho é confiar na Força Superior e volver a mente para Deus. Com isso, a pessoa realmente se tornará capaz de manter a mente livre da ira e das aflições.

Assim é a Meditação Shinsokan da Seicho-No-Ie, que se identifica com o ensinamento da seita budista Shinshu, do seguinte teor: “Com a mente concentrada, pense unicamente em Buda Amida”. Quando a pessoa se apóia somente na sua própria força, age com teimosia e tenta forçar a situação, e por isso fica com a mente conturbada. Mas, no momento em que percebe que nada conseguirá com sua força humana, a pessoa compreende que não há outro meio senão recorrer à grandiosa força divina e volve a mente para Deus. Então, o seu eu, de poder limitado, funde-se com a infinita força salvadora que acolhe tudo e todos. Assim, a própria pessoa passa a ter uma alma ampla e generosa, capaz de acolher tudo e todos, e deixa de ficar irritada ou irada.

O livro A Verdade da Vida explica isso, não como mera apresentação de uma teoria, mas como ensinamento da Verdade por meio do poder das palavras que tocam fundo o coração de quem o lê. Por isso, com a leitura diária desse livro, a mente da pessoa vai mudando e melhorando de modo natural sem esforço, da mesma forma que um diamante aumenta cada vez mais o seu brilho por meio de polimento diário. Nossa vida é como uma pedra preciosa valiosíssima, e para poli-la com o poder da palavra, recomendamos ler diariamente o livro A Verdade da Vida. Lendo com assiduidade o livro e as revistas da Seicho-No-Ie, a pessoa consegue mudar a sua mente sem se dar conta, ou seja, sem fazer um esforço consciente com tal objetivo.

sábado, abril 02, 2011

Você está além do espaço e do tempo


Nisargadatta Maharaj


Pergunta: Você continua dizendo que eu nunca nasci e que nunca morrerei. Se é assim, como é que vejo o mundo como alguém que nasceu e que, certamente, morrerá.

Maharaj: Você acredita desse modo porque você nunca questionou sua crença de que você é o corpo, o qual, obviamente, nasce e morre. Enquanto vivo, o corpo atrai a atenção e fascina tão completamente que raramente alguém percebe sua verdadeira natureza. É como ver a superfície do oceano e esquecer completamente a imensidade mais abaixo. O mundo é só a superfície da mente e a mente é infinita. O que chamamos pensamento são apenas ondulações da mente. Quando a mente está serena, reflete a realidade. Quando ela está imóvel em toda sua extensão, ela se dissolve e apenas a realidade permanece. Esta realidade é tão concreta, tão real, tão mais tangível que a mente e a matéria que, comparado com ela, mesmo o diamante é suave como manteiga. Esta impressionante realidade torna o mundo irreal, nebuloso, irrelevante.

P: Com tanto sofrimento no mundo, como pode vê-lo como irrelevante? Que frieza!

M: É você quem é insensível, não eu. Se seu mundo é tão cheio de sofrimento faça algo a respeito, não acrescente mais a ele através da ambição e da indolência. Eu não estou limitado por seu mundo ilusório. Em meu mundo, as sementes do sofrimento, do desejo e do temor não são semeadas, e o sofrimento não cresce. Meu mundo está livre dos opostos, de discrepâncias mutuamente destrutivas; prevalece a harmonia; sua paz é como uma rocha; esta paz e o silêncio são o meu corpo.

P: O que você diz lembra-me o dharmakaya de Buda.

M: Pode ser. Não precisamos afastarmos pela terminologia. Simplesmente veja a pessoa que você se imagina ser como uma parte do mundo que percebe dentro de sua mente, e olhe de fora para a mente, a qual você não é. Depois de tudo, seu único problema é a ansiosa auto-identificação com qualquer coisa que perceba. Abandone este hábito, lembre que você não é o que percebe, utilize o seu poder de distanciamento alerta. Veja-se em tudo quanto vive e seu comportamento expressará sua visão. Uma vez que compreenda que não há nada neste mundo que possa ter por próprio, você olha o mundo de fora como olha para uma peça em um palco, ou uma imagem na tela, admirando e apreciando, mas realmente impassível. Enquanto você imagina ser algo tangível e sólido, uma coisa entre coisas, existindo realmente no tempo e no espaço, de breve duração e vulnerável, naturalmente estará ansioso para sobreviver e crescer.

Mas quando você se conhece como além do tempo e do espaço, em contato com eles apenas no ponto do aqui e agora - de qualquer forma todo-penetrante e todo-abarcante, inacessível, inalcançável e invulnerável -, não terá mais medo algum. Conheça-se tal como é contra o medo; não há outro remédio.

Você tem que aprender a pensar e sentir desse modo, ou permanecerá indefinidamente no nível pessoal do desejo e do temor, ganhando e perdendo, crescendo e decaindo. Um problema pessoal não pode ser resolvido em seu próprio nível. O próprio desejo de viver é o mensageiro da morte, da mesma forma que o desejo de ser feliz é a essência da aflição. O mundo é um oceano de dor e de medo, de ansiedade e desespero. Os prazeres são como os peixes, poucos e ligeiros, chegam raramente e depressa se vão. Um homem de pouca inteligência acredita contra a evidência, que é uma exceção e que o mundo lhe deve felicidade. Mas o mundo não pode dar o que não tem; irreal até a medula, é de nenhuma utilidade para a felicidade real. Não pode ser de outra forma. Buscamos o real porque estamos infelizes como o irreal. A felicidade é nossa própria natureza e não descansaremos até que a encontremos. Mas raramente sabemos onde buscá-la.

Uma vez que tenha entendido que o mundo é apenas uma visão errada da realidade, e não é o que parece ser, você é livre de suas obsessões. Apenas o que é compatível com seu ser real pode fazê-lo feliz e o mundo, como você o percebe, é sua clara negação. Mantenha-se tranqüilo e observe o que chega à superfície da mente. Rejeite o conhecido, dê as boas vindas ao até agora desconhecido e rejeite-o em seu devido tempo. Assim você chega a um estado em que não há conhecimento, apenas ser, e o próprio ser é o conhecimento. O conhecimento mediante o ser é o conhecimento direto. Está baseado na identidade do que vê e do visto. O conhecimento indireto é baseado na sensação e na memória, na proximidade do que percebe e sua percepção, confinado ao contraste entre os dois. O mesmo acontece com a felicidade. Geralmente você deve estar triste para conhecer a alegria, e alegre para conhecer a tristeza. A verdadeira felicidade não tem causa e não pode desaparecer por falta de estimulação. Não é o oposto da aflição e inclui toda aflição e todo sofrimento.

P: Como pode alguém permanecer feliz entre tanto sofrimento?

M: Não se pode evitar, a felicidade é irresistivelmente real. Como o sol no céu, suas expressões pode estar nubladas, mas nunca está ausente.

P: Quando temos problema, somos obrigados a sentir-nos desgraçados.

M: O único problema é o temor. Saiba que é independente e permanecerá livre do temor e de suas sombras.

P: Qual a diferença entre felicidade e prazer?

M: O prazer depende das coisas, a felicidade não.

P: Se a felicidade é independente, porque não estamos sempre felizes?

M: Enquanto acreditarmos que necessitamos coisas para fazer-nos felizes, também devemos acreditar que, na ausência delas, delas devemos ser miseráveis. A mente sempre se desenvolve de acordo com suas crenças. Daí a importância de convencer-se de que não é necessário ser incitado para a felicidade; que, ao contrário, o prazer é uma distração e uma perturbação, pois que meramente aumenta a falsa convicção de que se necessita ter e fazer coisas para ser feliz, quando na realidade é exatamente o oposto. Mas porque falar de felicidade em absoluto? Você não pensa nela exceto quando está infeliz. Um homem que diz: “agora sou feliz”, está entre duas aflições, passado e futuro. Esta felicidade é uma mera excitação causada pelo alívio da dor. A felicidade real é absolutamente consciente de si mesma. Isto é melhor expresso negativamente como: “não há nada errado comigo; não tenho nada a preocupar-me”. No final das contas, o propósito final de todo sadhana é alcançar um ponto onde esta convicção em vez de ser apenas verbal, esteja baseada em uma experiência real e sempre presente.

P: Que experiência?

M: A experiência de estar vazio, sem estar acossado pelas recordações e pelas experiências; é como a felicidade dos espaços abertos, de ser jovem, de ter toda a energia e tempo para fazer coisas, para descobrir, para a aventura.

P: O que fica por descobrir?

M: O universo exterior e a imensidade interior tal como são na realidade, na grande mente e no coração de Deus. O significado e o propósito da existência, o segredo do sofrimento, da vida redimida da ignorância.

P: Se ser feliz é o mesmo que estar livre do temor e da preocupação, não se pode dizer que a ausência de problemas é a causa da felicidade?

M: Um estado de ausência, de inexistência, não pode ser uma causa; a preexistência de uma causa está implícita em sua noção. Seu estado natural, no qual nada existe, não pode ser uma causa do vir-a-ser; as causas estão ocultas no grande poder misterioso da memória. Mas o seu verdadeiro lar está no nada, no vazio de todo conteúdo.

P: O vazio e o nada, que apavorante!

M: Sua face está mais alegre quando você vai dormir! Descubra por você mesmo o estado de sono vigilante, e você o achará em total harmonia com sua natureza real. As palavras apenas podem lhe dar uma idéia, e a idéia não é a experiência. Tudo o que posso dizer é que a verdadeira felicidade não tem causa e o que não tem causa é impassível. O que não quer dizer que seja perceptível, como o prazer. O que é perceptível é a dor e o prazer; o estado de liberdade da aflição só pode ser descrito negativamente. Para conhecê-lo diretamente, você deve ir além da mente aplicada à causalidade e à tirania do tempo.

P: Se a felicidade não é consciente e a consciência não é feliz, qual é a conexão entre a duas?

M: A consciência, sendo um produto das condições e das circunstâncias, depende delas e muda de acordo com elas. O que é independente, incriado, eterno e imutável, e ainda assim sempre novo e fresco, está além da mente. Quando a mente pensa nele, ela se dissolve e só a felicidade permanece.

P: Quando tudo desaparece, nada fica.

M: Como pode haver nada sem alguma coisa? O nada é só uma idéia, depende da recordação de algo. O puro ser é independente da existência, a qual é definível e descritível.

P: Por favor, fale-nos: a consciência continua além da mente, ou ela termina com a mente?

M: A consciência vai e vem, a Consciência brilha imutavelmente.

P: O que é consciente na Consciência?

M: Quando há uma pessoa, também há consciência. O “eu sou”, a mente, a consciência denotam o mesmo estado; se você diz “eu sou consciente”, apenas significa: “eu sou consciente de pensar no fato de ser consciente”. Na Consciência não há “eu sou”.

P: O que me diz sobre o testemunhar?

M: Testemunhar é da mente. A testemunha combina com o testemunhado. No estado de não-dualidade toda separação cessa.

P: E você? Continua na Consciência?

M: A pessoa, o “eu sou este corpo, esta mente, esta cadeia de recordações, este punhado de desejos e temores” desaparece, mas fica algo que você pode chamar identidade. Ele me habilita a tornar-me uma pessoa quando necessário. O amor cria suas próprias necessidades, mesmo tornar-se uma pessoa.

P: É dito que a realidade se manifesta como existência, consciência e bem-aventurança. Elas são absolutas ou relativas?

M: São relativas entre si e dependem uma da outra. A realidade é independente de suas expressões.

P: Qual é a relação entre a realidade e suas expressões?

M: Nenhuma relação. Na realidade tudo é real e idêntico. Como nós dizemos, saguna e nirguna são um só um parabrahman. Só existe o supremo. Em movimento, é saguna; imóvel, é nirguna. Mas é apenas a mente que se move ou não. O real está além, você está além. Uma vez que tenha entendido que nada perceptível ou concebível pode ser você mesmo, você é livre de sua imaginação. Ver tudo como imaginação nascida do desejo é algo necessário para a auto-realização. Nós perdemos o real por falta de atenção, e criamos o irreal pelo excesso de imaginação. Você deve entregar seu coração e sua mente para essas coisas e remoê-las repetidamente. É como cozinhar alimentos. Deve mantê-los no fogo durante algum tempo antes que estejam prontos.

P: Não estou sob o influxo do destino, do meu karma? Que posso fazer contra ele? O que sou e o que faço estão pré-determinados. Mesmo minha assim chamada “livre escolha” é pré-determinada; apenas não estou consciente disso e imagino-me livre.

M: Novamente, tudo depende de como olhar. A ignorância é como uma febre, ela o faz ver coisas que não existem. O karma é o tratamento prescrito pelo divino. Dê a ele boas vindas e siga as instruções fielmente e você se curará. O paciente deixará o hospital depois de recuperar-se. Insistir na imediata liberdade de escolha e de ação meramente adia a recuperação. Aceite seu destino e complete-o; este é o mais curto caminho para a libertar-se do destino, embora não do amor e de suas compulsões. Atuar a partir do desejo e do temor é escravidão, atuar a partir do amor é liberdade.


(Eu Sou Aquilo - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj – cap. 94 - Ed. Advaita)