"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

"Não te esqueças de Mim" - A Gênese da Criação




Deus é tudo! Mas como a humanidade caiu em pecado? Se tudo o que existe é autoexpressão de Deus, como pôde a humanidade cair dentro de uma percepção de 'separatividade de Deus'? Como pôde a humanidade iludir-se e cair em "pecado"?

Deus é UM; essa Unidade aparece como sendo muitos, ou seja: o Deus Universal aparece como a vida individual de cada um dos seres existentes. No entanto, "no momento" em que Deus Universal individualiza-se, Ele sussurra suavemente à cada uma de Suas consciências individuais:


"Eu sou UM, mas estou me individualizando. Apesar disso, não acredite na infinidade e na diversidade de coisas que aparecerão "daqui pra frente". Aqui tudo sou EU. Eu apenas escolhi me desconcentrar, apenas escolhi me descentralizar, mas não vá perder de vista a visão de "Quem sou eu", nem perca de vista a visão de "quem você é". Não acredite na diversidade de aparências que irão surgir à partir de agora, pois 'em si mesmas' elas nada são. Se acreditares nisso, tu te esquecerás de Mim. Apesar de eu estar me descentralizando, não há nada para se conhecer verdadeiramente, pois Eu continuo sendo tudo aqui - inclusive você. Não coma do "fruto da árvore do conhecimento".


Essa é a advertência que Deus dá à cada uma de Suas consciências individuais, quando são manifestadas e passam a existir. Deus é o Oceano. Toda consciência individual existente nasce do Grande Oceano -- são ondas ondulando na superfície do Grande Oceano. No exato momento e no exato ponto em que o oceano começa a assumir a forma de onda, ele sussura aos ouvidos de cada uma delas: "Não se esqueça do lugar em que você se encontra; você está em Mim. Eu estou aqui. E isto é tudo o que há para se conhecer, não coma da fruta da árvore do conhecimento, ou você me esquecerá". Mas, por curiosidade e até mesmo por inocência, muitas ondas experimentam comer da fruta da árvore do conhecimento, só para ver o que acontece -- apenas para saber o que ela é, o que ela faz. Nisso, essas ondas esquecem-se da sua ligação com o Grande Oceano e começam a enxergarem a si como se possuíssem uma existência em si mesmas, independente do Grande Oceano no qual elas se encontram. Essa é a história do homem. Foi assim que "surgiu" este mundo ilusório com o qual muitas das ondas individualizadas estão sonhando.

Quando a alma individual nasce, ela nada sabe -- ela acabou de nascer. Deus se dividiu em muitos e, numa dessas divisões, assumiu a forma de alma individual. O Universo é todo feito/constituído de Deus -- e Deus sabe disso. Mas a alma, por ter acabado de nascer, por ter ela nascido sem nada saber, tem o potencial de acreditar no universo desdobrado de Deus, vendo tudo de forma separada, e também tem o potencial de permanecer na mesma visão que Deus conserva de seu Universo: a de que, embora no Universo desdobrado tudo pareça estar separado, ele é, em verdade, Deus. Por isso, no exato momento quando a alma nasce, Deus a adverte: "não coma do fruto da árvore do conhecimento". Mas ela é livre para acreditar nas infinidades de aparências que se formaram, se ela quiser. A alma nasceu num momento em que o Universo de Deus já estava desdobrado. Antes disso, ela não existia para ver que "somente o Grande Oceano estava lá". E é por isso que, ao nascer, há a possibilidade de ela acreditar no universo desdobrado como algo separado de Deus, sem relacionar esse universo desdobrado a Deus. Ao nascer, a alma precisa de uma advertência, precisa ser avisada de que o Universo que ela está vendo não é aquilo que aparenta ser. Mas Deus, o Grande Oceano, concede à alma individual essa advertência, dizendo: "cuidado! não coma do fruto da árvore do conhecimento". De qualquer forma, qualquer que seja a escolha que a alma faça, isso faz parte do plano de Deus. Deus já havia colocado isso em seus planos no momento em que decidiu se desdobrar. Ele soube desde o início que as almas nascidas poderiam confundí-Lo com as diversas formas que Ele passaria a assumir.

Portanto, qualquer que seja a escolha da alma, não há problema algum. Se uma alma, por curiosidade, escolheu comer do fruto da árvore do conhecimento, isso já fazia parte dos planos que o Grande Oceano tinha quando resolveu se individualizar. Da mesma forma, as almas que optaram por seguir o conselho dado pelo suave sussuro do Grande Oceano, também tomaram parte no plano de Deus. Era plano de Deus que cada alma individual tivesse o livre arbítrio para seguir o caminho que escolhesse. Em Seu plano havia dois caminhos: optar por seguir o caminho Absoluto (não comer do fruto) ou acreditar na infinidade e diversidade de aparências que "surgiram" no momento em que Deus se individualizou/se relativizou (comer do fruto). Aqueles que escolheram não comer do fruto, hoje estão vivendo suas vidas em "algum lugar" em Deus (desconhecido por nós). Aqueles que preferiram comer, ainda estão em Deus, mas estão esquecidos dEle, porque passaram a acreditar nas inúmeras formas do Universo desdobrado de Deus, como se elas existissem em si mesmas (separadas de Deus). Quando o homem crê que o universo desdobrado/descentralizado é uma criação separada de Deus, como se possuísse existência em si mesmo, o homem se retira do referencial ABSOLUTO e se coloca num referencial que é imensamente, infinitamente, totalmente relativo. O ABSOLUTO e o relativo não podem coexistir simultaneamente. Um existe sozinho, conhece apenas a si mesmo, expressa apenas a si mesmo -- está sempre num estado de autocontemplação. O outro está imerso num mar de infinitas relatividades, onde tudo -- qualquer coisa -- pode parecer ser a verdade, dependendo do modo como é olhado/visto. O mundo relativo é um mundo de infinita perdição. Apenas o ABSOLUTO é a verdade, apenas o ABSOLUTO é a existência verdadeira. Quando se está em um, a alma precisa esquecer-se do outro, e vice-versa. A existência relativa não conhece a existência absoluta, e a existência absoluta não conhece a existência relativa -- Deus se dividiu, se diversificou, se relativizou, mas NUNCA se iludiu com sua "criação", nunca deixou de saber que tudo era Ele, nunca perdeu a noção de quem Ele era, -- eis a diferença. E conhecer a Verdade liberta.

A liberdade em Deus é tão grande que, no momento em que Ele - o Grande Oceano - individualiza-se na forma de uma infinidade ondas (mas sem jamais deixar de ser o Grande Oceano), tudo é tornado possível: de forma que muitas optam por não comer do fruto da árvore do conhecimento, enquanto outras, por curiosidade, escolhem experimentá-la. Em Deus não há nada para ser conhecido. Eis porque se você comer do "fruto da árvore do conhecimento", você é "expulso do paraíso". A visão do referencial divino faz com que Deus seja o conhecedor, o objeto conhecido e o próprio processo de (auto)conhecimento -- Deus é tudo! Nada resta para ser conhecido em Deus; nada há para se acontecer. Tudo já está feito! As obras de Deus são permanentes, eternas, imutáveis -- o Reino de Deus já foi preparado e concluído desde o princípio de todos os tempos. Agora que você já conhece essa história, mude o seu referencial. Tome essa resolução. Tudo o que é relativo nunca é verdadeiro, apenas aparenta ser. A Verdade, por ser absoluta, conhece a verdadeira liberdade -- Ela é livre e liberta os que A conhecem. Como poderia a Verdade ser Verdade, se não for, em si mesma, absoluta, livre, autônoma, independente? Não há como. A Verdade, por natureza, é absoluta, tem de ser! A verdadeira liberdade existe na realidade única do Absoluto. E o Absoluto é Essência, é Amor, é Alma, é Espírito, é Vida, é Deus, é Tudo o que existe. Um olhar atento revela que o Oceano, o Grande Oceano, é tudo o que realmente existe. Só existe Deus.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

É Deus nosso servo? (fim)

Joel S. Goldsmith


O homem, sendo a coroa da creação, deve testificar Deus no grau mais elevado. O homem individual, tu e eu, deve ser o arauto máximo da imortalidade, da eternidade, do infinito, de todo o bem, de saúde, de harmonia, de integridade, da abundância creadora – não dele mesmo, mas de Deus. A graça de Deus deve transparecer dos teus olhos. A harmonia de Deus deve revelar-se através da saúde do corpo humano, teu e meu. A inesgotável riqueza de Deus deve expressar-se na prosperidade do teu suprimento econômico, não em virtude de alguma das tuas capacidades – por seres bom e virtuoso – mas porque Deus é amor, e porque a natureza do amor se revela no fato de que tu tens abundância de tudo.

É do agrado de Deus dar-te o reino; que tenha o reino não no suor do teu rosto, com teus trabalhos e tuas canseiras, ou pelo fato de conquistares e mereceres – não! O reino virá a ti pela graça de Deus, que opera em ti, e cujo advento tu só impedes quando tentas reduzir Deus a teu servo.

Pouco a pouco se modificará em ti a idéia que tens de Deus; a partir daí, não mais fará orações a Deus como se ele fosse algum Papai Noel. Não deixarás de orar, mas a tua oração terá outro caráter e outro sentido. Compreenderás que Deus nada pode dar e nada pode negar. Pode o homem, sim, excluir-se da graça de Deus, mas pode também incluir-se novamente e reatar o seu contato com a Fonte divina, e é este o sentido da oração. Então, a oração deixará de ser um ato de pedir e de procurar algo; começará a ser uma atitude de pedir, de bater, de procurar, em demanda de mais Luz, de maior Sabedoria, de uma compreensão mais profunda da Verdade.

Jubilosamente abrirás mão de todas as coisas, contanto que isto te aproxime, por um passo sequer, da tua experiência de Deus, que é a tua auto-realização – tu, que és o filho de Deus e herdeiro do seu reino, expressão da eterna essência divina. A essência divina será realizada em tua existência humana. A sabedoria de Deus se tornará a tua própria sabedoria. A vida divina passará a ser a tua própria vida imortal. E o teu corpo será o templo do Deus vivo. A força, a juventude, a vitalidade de Deus fluirá através de cada um de nós.

Deus é a infinita plenitude do Bem, revelando sem cessar o seu próprio Ser na forma do Universo. Deus nada pode acrescentar a isto – nem jamais deduziu alguma coisa disto. Deus não pode aumentar nem diminuir. Deus simplesmente é. Isto vale de todos os milênios passados – e isto vale de todos os milênios futuros – DEUS É. E após milhões e milhões de anos e de séculos – DEUS É. Quando dizemos que Deus é eterno ou infinito, que Deus é bom, que Deus é vida, ou amor, nada mais afirmamos do que isto – DEUS É. É este o limite de todo o nosso conhecimento divino – DEUS É.

Se Deus é, então eu sou. Não posso dizer “Eu sou ontem”, não posso dizer “Eu sou amanhã” – tudo o que posso dizer é isto: “Se Deus é, então eu sou”. Não procuro nada, porque tudo que é do Pai é meu; tudo que Deus é isto eu sou. Ele me creou segundo sua imagem e semelhança, e me deu pleno poder e domínio sobre tudo que há no céu, no ar, na terra, na água e debaixo da terra. Se Deus me deu pleno poder sobre tudo isto, que poder me poderia ainda fazer mal? Se eu possuo um poder divino, que outro poder me poderia penetrar, fazendo-me doente ou mau?

Quando se sabe que Deus é, torna-se supérfluo querer descobrir um poder divino que algo faça a nosso favor. Deus É; a sua natureza é isto: “ELE É”. Deus nunca “foi” ou “era”. Deus é o eterno “EU SOU”. E isto é a nossa salvação, porque ele é força, amor, vida, sabedoria. Procuremos enxergar a Deus nesta luz – nesse eterno “ELE É”; não como alguém que “era” há 2 mil anos, ou alguém que “será”, quando nós o merecermos.

Leitor, vai a um parque, onde brota capim novo, onde nascem folhas nas árvores; ou, mais tarde, quando aparecem as flores. Contempla aí como “DEUS É”, a cada momento, em folhas, flores e frutos. E – coisa maravilhosa! – ninguém pede para que assim seja; ninguém diz a Deus quanto ele necessita destas coisas – das frutas, do verde capim, do gado sobre as colinas. E, no entanto, Deus faz aparecer tudo isto.

Sim, Deus providencia tudo quanto necessitamos sem o nosso concurso, sem a nossa intervenção.

Cerca de meio século atrás correu pelos Estados Unidos a notícia alarmante que, dentro em breve, não haveria mais bastantes cavalos para transportes e montaria de pessoas e mercadorias – mas apareceram os veículos motorizados, e tudo continua normalmente.

Como se o homem fosse responsável pela continuação do mundo!

A graça de Deus é suficiente para hoje, para amanhã e para sempre. A mais alta forma de oração é esta: “Deus É – amém”. O Deus onipresente é o Deus onipotente, onissapiente e onibenevolente – nada mais é necessário.

Quando compreenderes que Deus é o princípio creador do Universo, que sustenta toda a vida e o cosmo, que esse princípio creador é a Inteligencia do Universo, Amor, Vida, o Coração do cosmos, então não mais rezarás a Deus – terás alegria nele, e esta alegria será a tua oração. Terás comunhão com ele, e nada procurarás só para ti; nem pedirás algo para outros, nem jamais atribuirás a Deus o papel de servo que deva cumprir a tua vontade e satisfazer os teus desejos.

Deus manifesta a sua natureza infinita creando, sustentando e governando este esplêndido e grandioso Universo; e nós, que vivemos neste mundo, somos servos do Altíssimo. Nunca espere de Deus que Ele sirva aos homens. Compreende que a tarefa do homem consiste em servir e glorificar a Deus – que testifique na terra aquilo que Deus é. Modifica a tua oração no sentido de não mais pretenderes desse Deus poderoso e grande que faça favores a um pequenino “ego”.

Muitos agem como se, de fato, pensassem assim, como se se julgassem capazes de induzir Deus a lhes satisfazer os desejos. Importam que compreendam que estão aqui na terra para que Deus se manifeste através deles. Em vez de permitirem a Deus que fale por meio deles, falam a Deus eles mesmos, contam-lhe coisas, fazem-lhe pedidos, determinam o que ele deve fazer, dão-lhe ordens – e esta é a razão por que não são atendidos. A resposta só virá quando forem capazes de assumir a atitude de Moisés, que escutou a voz de Deus, e esta voz lhe mostrou o que ele devia fazer e como devia fazer.

Os hebreus, como escravos do faraó do Egito, tinham de sofrer muito. Julgavam adorar o Deus único, e por causa dessa sua crença era escarnecidos pelos soldados do faraó: “Quem é esse Deus? Que faz esse Deus por vós? Continuais a ser os nossos escravos, dos egípcios; continuais a sofrer sob as ordens do nosso faraó. Onde está o vosso Deus? Que poder tem ele?”.

Durante muitos anos, devem os hebreus terem respondido apenas isto: “Este Deus único nada faz por nós; deixa-nos viver e morrer na escravidão”.

E assim continuou – até que um dentre eles se abriu a Deus, em humildade e em verdade. Moisés esperou muito tempo que Deus lhe falasse – e o mesmo nos pode acontecer a nós. Mas, depois de ouvirmos pela primeira vez a “voz suave e silenciosa”, ela se manifesta mais vezes e, por fim, ela vem quando dela necessitamos; basta fecharmos os olhos, assumirmos uma atitude receptiva, por alguns momentos – e eis que entra no campo da nossa experiência aquilo de que temos mister! A partir do momento em que Moisés se fez servo de Deus, era ele guiado por Deus, era ele mantido e alimentado por Deus. E, desde então, podia Deus agir através de Moisés para libertar o povo hebreu.

Os povos de todas as nações, de todas as raças, de todas as classes poderiam ser salvos se tivessem aprendido a orar e a abrir-se a Deus, de maneira que a voz divina pudesse falar dentro deles, guiando-os, alimentando-os e suprindo todas as suas necessidades.


“Aqui estou, Pai, escutando a tua voz! Aberto está o meu ouvido interno. Estou sem nenhuma preocupação, sem nenhum pedido, sem expectativa, sem ambição alguma. Não te peço que faças algo que não estejas fazendo já. Aguardo a palavra da tua graça. Eu sou servo do Altíssimo.”


Sai do domínio da lei! Entra no regime da graça!

A lei te mantém na zona das doenças – a graça te liberta de todo o mal. O regime da graça é saúde, harmonia, paz, prosperidade, abundância de todos os dons de Deus.


sábado, fevereiro 21, 2009

É Deus nosso servo? (01)


Joel S. Goldsmith

Para a maior parte dos homens, Deus continua sendo o grande “Desconhecido”, cultuado pelos ignorantes. Poucos são os que tenham feito a tentativa de saber o que é Deus; poucos são os que tomam a sério a pergunta: “há um Deus?” De onde sei eu que Deus existe? Foi-me dito que há um Deus; leio livros sobre Deus; mas, poderia eu afirmar sob juramento que Deus existe, se fosse convidado a isto? Que prova tenho eu da existência de Deus? Será que o vi face a face? Será que o senti em mim?...”

Como responderias tu a estas perguntas? Poderias dizer: “Sim, eu sei que Deus existe; Ele é assim e assim”?

Como o descreverias? Será que Deus pode ser descrito?

Deus não é aquilo e não é assim como o grosso da humanidade o imagina. Ele não é nada daquilo que se possa pensar ou imaginar, porque todo o pensamento que o homem possa ter de Deus é necessariamente limitado – porquanto esse pensamento foi creado por nós ou foi recebido de outros homens.

Espera um momento e reflete, onde os teus pensamentos sobre Deus têm a sua origem? De onde os recebeste? Não é que tu mesmo fabricaste essas tuas idéias sobre Deus, depois de teres lido ou desde a infância, te foram impingidas? Ou poderás afirmar que o teu conceito de Deus é resultado de tua própria experiência interior?

Para Jesus, que havia realizado a sua perfeita unidade com Deus, era Deus o “Pai” – “o Pai em mim”. Para nós, porém, a idéia de Deus como Pai reveste a forma de um determinado pai. Cada um de nós tem do pai uma idéia determinada, que é o resultado de suas próprias experiências humanas. Hoje em dia, os filhos consideram, muitas vezes, seus pais como seus servos, cuja função é fazer todas as vontades deles. E muitos adultos transferiram para o Deus Pai, simplesmente, o conceito que eles têm do pai humano; Deus é, para eles, feito à imagem e semelhança do pai que eles conheceram desde pequenos. Imaginam Deus como um ser sobre-humano sempre à espera de fazer favores aos homens; e esses favores divinos podem ser assegurados pelo homem, deste ou daquele modo; acham que, por meio da combinação de certas fórmulas verbais, o homem possa levar Deus a lhe conceder sua graça, ao ponto de realizar para eles a cura de qualquer doença.

Mas esse Deus não existe. Não necessitamos do favor de Deus, assim como não necessitamos do favor dos homens. Toda a benevolência de Deus que já necessitamos – já a temos agora mesmo.

Que queria Jesus dizer quando chamava Deus nosso Pai? Não o sabes?

Tampouco sabia eu, outrora, quando me perguntava: “Que é Deus como Pai?”

E veio-me a resposta: “Pai é o princípio creador”. Deus é a força creadora do Universo, e sua natureza é infinito amor, universal.

A natureza de Deus, pois, é esta: O que Deus não está fazendo agora mesmo, não o poderá fazer nunca, e ninguém o pode levar a fazê-lo.

É importante que compreendamos claramente esta verdade. Seria pura perda de tempo pedir a Deus e esperar que ele faça algo que já não esteja fazendo agora mesmo. Deus é imutável, e ninguém o pode tornar mutável. Ninguém pede a Deus para que, de manhã, faça nascer o Sol, e, à noite, o faça pôr-se; ninguém pede a Deus para que haja maré e vazante nos mares; ninguém pede a Deus para que brotem flores na roseira, que nasçam abacaxis no pé de abacaxi, que o leite produza manteiga; ninguém pede a Deus que mude as leis da gravitação para os automóveis ou para os aviões. Em resumo, parece que os homens reconhecem a Deus o direito de governar o seu mundo assim como o está governando – enquanto isto não atinja o seu pequeno ego. Mas, quando entra em questão o ego, o homem se dirige a Deus e diz: “ó Deus faze o favor de fazer isto ou aquilo por amor de mim! Protege-me, protege os meus! Providencia para que eu e os meus tenhamos de comer e de vestir!...”

É evidente que Deus não reage a semelhante oração. Deus providenciou para que, na terra e no fundo dos mares, haja mais alimentos do que todos os povos do globo possam consumir. É inútil pedir a Deus por mais. A obra de Deus estava concluída desde o início – e ele viu que tudo era bom. É inútil querer pedir a Deus que modifique o seu Universo por causa de ti ou de mim, em prol da tua ou da minha família, em prol do teu ou do meu povo. Se quisermos receber a graça de Deus, é necessário que assumamos para com Deus uma atitude tal que a sua graça possa fluir para dentro de nós, assim como sempre fluiu e sempre fluirá. Em Deus nada pode mudar – no homem muito pode mudar.

O que importa é conhecer verdadeiramente a Deus, e isto se faz pela meditação da verdade. Quando, na meditação, focalizamos a natureza de Deus, logo percebemos que Deus é sabedoria e amor. Esse Deus sábio e amoroso nos dá plena certeza de que as nossas mudinhas de roseira vão nos dar rosas quando as fincamos no chão, e não alguma outra coisa indesejável.

No meio de uma tal meditação, certamente, sentirás em ti a certeza: “Que teria eu de temer? Há um Deus e esse Deus é amor. E isto põe termo a todos os meus problemas. Se Deus não fosse amor, existiria um problema real para mim. Mas, no momento em que eu sei que Deus é infinita sabedoria e que lhe apraz dar-me o reino, que é que poderia me inquietar? Posso esquecer tudo o que me poderia inquietar, e posso desde já começar a ajudar os homens que ainda não sabem que Deus é amor; ajudar àqueles que já ouviram estas palavras, mas não têm experiência delas; e enquanto eu os ajudo, surge em mim a consciência deste conhecimento.

No decurso da tua meditação sobre Deus, descobrirás que nunca houve um tempo em que Deus não existisse e, mesmo da limitada perspectiva do olhar humano isto significaria que também nunca haverá um tempo em que Deus deixe de existir. E com esta convicção nasce a consciência de que Deus é eterno. Da mesma forma, não há lugar em que Deus não exista. Os descobrimentos da astronomia mostram quão imensa é a creação de Deus; os sóis, as estrelas, as luas, os planetas mostram também a ordem sapiente que rege as suas órbitas.

Daí se segue o conhecimento natural: Se é verdade que tudo que é do Pai também é meu, então os atributos do Pai também são atributos do meu próprio ser; a mesma lei, a mesma ordem, a mesma sabedoria atuam também em minha vida. Tudo que perfaz a natureza e o modo-de-agir de Deus, isto perfaz também o meu e o teu ser humano.

Ora, uma vez que Deus é, ontem, hoje e sempre o mesmo Deus, não pode ele fazer algo hoje que não fez ontem ou não fará amanhã. Deus não pode dar saúde a ninguém; Deus não pode distribuir harmonia, prosperidade ou posição a ninguém. E, sendo Deus amor, não pode negar saúde, harmonia ou paz a ninguém.

Que espécie de Deus seria esse que te deixasse ficar doente até que tu resolvesses a lhe pedir saúde? Esse Deus não é senão um ser humano divinizado por ti, mas nunca o Deus verdadeiro. Deus é um Deus de onipotência, de onipresença, de onissapiência; e Ele conhece as tuas necessidades antes que tu mesmo as conheças. É do seu agrado dar-te o reino, e isto antes de qualquer tentativa da sua parte para o influenciares neste sentido. Mas não é precisamente isto que os homens tentam fazer? Não gastam os homens o seu tempo em descobrir meios e modos para induzir Deus a fazer algo por eles?

Quem não compreende a natureza de Deus como sendo o Sumo Bem procura utilizar-se de Deus para seus fins peculiares; tenta pôr a Verdade a seu serviço. Nós, porém, estejamos prontos para que Deus nos ponha a seu serviço, para que a Verdade nos ponha a serviço dela. Façamos de nós instrumentos idôneos pelos quais a Verdade possa se revelar, mas nunca tentemos pôr Deus a nosso serviço. Deus ou a Verdade não são servos nossos. São nossos senhores e soberanos, e nós somos servos deles.

Quem compreende a natureza de Deus nunca lhe pedirá coisa alguma. Deus só poderá doar a si mesmo, e este dom é suficiente para todas as nossas necessidades. Um Deus diferente deste, de qualquer modo, é uma fábula inventada pelos homens, um mito que os pagãos excogitaram, séculos antes do divino Mestre. Os gentios cultuavam muitos deuses, sempre com o fim de conseguirem deles alguma coisa. Quando não chovia, pediam chuva; quando chovia demais, pediam que a chuva cessasse; quando eram flagelados por enchentes e tempestades, suplicavam que Deus lhe pusesse termo; em tempo de carestia de víveres, pediam a Deus que lhes desse alimento. Orações dessa natureza são relíquias do tempo pagão em que os homens imaginavam Deus à sua própria imagem e semelhança, quando não tinham idéia do Deus verdadeiro. Quando não conseguiam obter de um único Deus o que tinham mister, inventavam muitos deuses; de um deles pediam chuva; de outro, boa colheita; de um terceiro, fertilidade; de um quarto deus, isto ou aquilo.

Mais tarde, quando Abraão trouxe a doutrina de um Deus único, a única mudança que seus adeptos fizeram consistiu no seguinte: em pedirem de um só Deus as dez coisas que outrora pediam a dez deuses. Rezavam a um só Deus, que os recompensava quando eram bons, e os castigava quando eram maus.

Deus, porém, não é assim. O Deus verdadeiro é aquele cuja chuva cai tanto sobre justos como sobre injustos, e cujo sol beneficia tanto os bons como os maus. Deus está igualmente ao alcance dos santos e dos pecadores. Olha imparcialmente para todos, independentemente de raça, cor ou credo, independentemente de religião ou falta de religião. As diferenças na vida de cada homem individual nada tem a ver com Deus; a sua causa está na ignorância ou na imperfeita experiência que os homens têm de Deus.

Quem pede a Deus por determinadas coisas – saúde, dinheiro, casa, amigos – procura fazer de Deus o seu servo, ao qual se possa dar ordens para cumprir a sua vontade de seu senhor humano. Pensas tu que Deus seja um instrumento a serviço de teu bel-prazer – ou deves tu ser um servo e uma alegria para ele? Acreditas realmente que o Deus do céu, ou do teu interior, esteja à espera do teu clamor para atender às tuas intenções e satisfazer os teus desejos? Ou é Deus o princípio creador espiritual do Universo, ao qual o cosmos serve, e ao qual também tu deves servir?

A humanidade vai a caminho do inferno enquanto espera que Deus seja o seu servo, em vez de reconhecer humildemente que tu e eu existimos para servir a Deus – assim como servem a Deus o Sol, a lua, as estrelas, as aves, os peixes e os mamíferos. Toda a creação tem por fim glorificar o Creador, e não o homem. Não é Deus que deve glorificar o homem, mas o homem deve glorificar a Deus. É necessário que invertamos o conceito tradicional que temos de Deus: não somos nós que tenhamos de ensinar e aconselhar a Deus – mas Deus tem de ensinar e aconselhar a nós.

Homem, mantém-te sempre pronto para receberes do teu interior o impulso da Verdade, para que a Verdade seja revelada por ti. Os céus proclamam a glória de Deus, e a terra anuncia de mil modos as suas obras – e também tu, ó homem, tens de entoar essa sinfonia universal, proclamando a glória de Deus – e não a tua. Não és tu que dás expressão a Deus – tu apenas o refletes – Deus se dá expressão a si mesmo, e tu és uma das formas pelas quais Deus se exprime. Deus se exprime a si mesmo de mil modos, e uma dessas expressões divinas se revela na forma do teu Eu – mas tu nada tens a ver com isto. Deus se reflete em tua pessoa. Tu és um reflexo de Deus. Deus não glorifica a ti ou a mim. Deus Se glorifica através de ti ou de mim. Quanto mais te aproximares desta idéia, tanto maior será a glória de Deus que testificas.

Perante Deus se desdobrará todo o joelho e se descobrirá toda a cabeça. “Lembra-te dele em todos os teus caminhos – e Ele te conduzirá”.

Não lhe fales sempre e por toda a parte dos teus desejos, das tuas virtudes, das virtudes da tua família, do teu povo. Não, não digas nada a Deus. Pensa nele. E como poderias pensar nele senão do seguinte modo:


“Deus, tu és a infinita sabedoria que creou este Universo, a sabedoria que sabe governar tudo sem nenhum auxílio da minha parte. Perdoa-me, Pai, se alguma vez te falei das minhas necessidades, das necessidades da minha família ou do meu povo. Perdoa-me, Pai, as muitas vezes que ergui a ti meus olhos, na esperança de que tu servisse aos meus desejos. Concede-me a compreensão de que fui creado a tua imagem e semelhança, a fim de testificar a tua glória. Os céus proclamam a tua glória e o firmamento anuncia as obras das tuas mãos.”



quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Trabalhe em honra da Grande Vida que vivifica toda a humanidade - (fim)


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Masaharu Taniguchi

Quando concluímos um trabalho que proporciona alegria e satisfação tanto a nós próprios como aos outros, nós ouvimos, bem no fundo do nosso ser, as palavras de gratidão e de louvor que são dirigidas a nós pela "Grande Vida" (que é "Deus, o "Ser Supremo", a "Vida que liga e vivifica toda a humanidade"). Bem-aventurados os que ouvem sempre essas palavras de gratidão e louvor, pois eles alcançaram a paz espiritual infinita, proveniente de sua harmonia com a "Grande Vida Infinita que liga toda a humanidade".

À medida que vamos nos aprimorando espiritualmente e vamos nos habituando a ouvir as palavras de gratidão e elogio dirigidas a nós pela "Grande Vida", gradualmente vamos deixando de sentir atração pelos prazeres pertencentes ao plano material e carnal. E finalmente tornamo-nos capazes de praticar, com alegria genuína e sincera, os bons atos que no início praticávamos de modo forçado, dominando a custo os sentimentos egoísticos, porque considerávamos um "dever" servir ao próximo. Quando o nosso aprimoramento espiritual chega a esse nível, não precisamos mais reprimir os sentimentos egoísticos para praticar bons atos. Ao atingirmos um elevado aprimoramento espiritual, todos os desejos passam a se manifestar em conformidade com a vontade da "Grande Vida Universal". Então os nossos atos passarão a servir ao propósito do bem, sem que precisemos fazer esforço consciente nesse sentido. Todos os atos que praticarmos estarão em perfeita sintonia com a "Grande Vida Universal". Em outras palavras, tudo o que fizermos estará em conformidade com a vontade de Deus. Fazer a vontade de Deus é amar a "Grande Vida Universal" (ou seja, Deus) e tornar-se capaz de servir a ela espontaneamente.

Enquanto o nosso aprimoramento espiritual é insuficiente, nós amamos apenas determinadas pessoas e coisas. Amamos um homem, uma mulher, um trabalho, um objeto... Mas quando alcançamos um alto nível de aprimoramento espiritual, o nosso amor deixa de se restringir a determinadas pessoas e coisas e passa a se dirigir para a "Grande Vida Universal". Servir a essa Grande Vida passa a constituir nossa maior alegria. E o regozijo da Grande Vida Universal, bem como as suas "palavras" de elogio, refletem-se em nossa alma como num espelho, e a paz espiritual e regozijo que então experimentamos, é algo infinitamente profundo, amplo, sublime... Todavia, mesmo depois de termos alcançado esse elevado grau espiritual, às vezes podemos "cair" e servir apenas à nossa "Vida individual", em vez de servir à "Grande Vida Universal". Se isso ocorrer, a sublime alegria da alma desaparecerá. Como lamentamos quando perdemos a sublime alegria da alma depois de a termos experimentado uma vez! Nossa alma chora, e chorando se esforça para voltar ao "modo de viver" que consiste em servir à "Grande Vida Universal". Novamente passamos a caminhar, viver e progredir junto com a "Grande Vida Universal", e finalmente reencontramos a sublime alegria da alma, que havíamos perdido. Essa alegria, que no princípio se faz sentir de um modo suave e sereno, gradativamente vai aumentando a sua doçura e profundidade. Então, sentimo-nos arrebatados pela intensidade dessa alegria. E compreendemos que a "Grande Vida do Universo" impele-nos para o caminho do dever com o único intuito de dar-nos a oportunidade de experimentar essa alegria profunda. Aliás, a essa altura já deixa de existir, para nós, o "caminho do dever"; há apenas o "caminho", o "caminho da Vida". O rígido senso do dever desaparece da nossa mente. Passamos, então, a amar a Vida e a viver em conformidade com ela.

Então, a visão do mundo transforma-se completamente. Isto em consequência da completa transformação que se opera em nossa própria mente. No princípio nós abandonamos a custo as alegrias pertencentes ao plano "carnal" e "material", e optamos, com grande esforço, pelas alegrias pertencentes ao plano espiritual. Mas depois que conseguimos abandonar realmente as alegrias pertencentes ao plano "carnal" e "material", começamos a sentir que o mundo inteiro está dirigindo a nós canções de louvor. E constatamos, com surpresa, que todas aquelas alegrias que havíamos abandonado retornam a nós com "cores" muito mais vívidas do que antes. A terra, o ar, a casa, o pai, a mãe, os irmãos, os outros -- tudo, enfim, começa a parecer satisfeito conosco, e, ao mesmo tempo, começamos a achar que tudo existe para nos proporcionar alegria. Isto é comparável ao fato de o Sol brilhar para alegrar todos os seres vivos e estes, recebendo seus abençoados raios, crescerem e se transformarem em mil formas de belos coloridos, para alegrar o próprio Sol.

Todos aqueles que já se compeliram a renunciar às suas próprias alegrias em nome do dever e da obrigação, logo verão essas alegrias retornando em forma de uma grande alegria, maior que qualquer prazer material. Verão que a "Alegria da Grande Vida Universal" tornou-se sua alegria!

O rígido "senso do dever" não passa de um "professor" que nos disciplina e guia até que a nossa alma desperte para a alegria da "Grande Vida Universal". À medida que vamos repetindo -- embora à contra-gosto -- o treinamento para renunciar às nossas alegrias egoísticas, sob a dura disciplina desse professor chamado "senso de dever", pouco a pouco a nossa alma vai se aprimorando, se elevando, até que finalmente concluímos o curso dessa "escola de obrigações", e recebemos o certificado de "Alegria da Grande Vida Universal" -- ou seja, de "alegria do Amor". Do mesmo modo que os ramos do abrunheiro germinam, crescem e fazem desabrochar lindas flores enfrentando os gélidos ventos do inverno, a nossa vida também faz desabrochar uma linda flor chamada "Alegria da Grande Vida Universal" (ou seja "Amor"), depois de passar pelo "inverno" de duras obrigações.

As "obrigações" pesam sobre nossos ombros, enquanto que o "amor" torna leves os nossos passos e preenche de alegria os nossos corações, como suaves brisas da primavera. Mas, pelo menos uma vez na vida, nós devemos carregar (mesmo contra nossa vontade) o pesado fardo de "obrigação" e prosseguir com dignidade e coragem a jornada de nossa vida, renunciando a todas as alegrias egoísticas. Quanto maiores forem a seriedade e o fervor com que encetamos essa marcha, mais depressa alcançamos a alegria do amor (ao próximo) -- a "Alegria da Grande Vida Universal".

Portanto, caro leitor, não fuja de suas obrigações. Se vivermos fugindo das obrigações, ou fizermos nossas obrigações com má vontade, nunca chegaremos a concluir o curso na "Escola das Obrigações" desta vida, e não poderemos receber o certificado do "Regozijo da Grande Vida Universal". Seremos como estudantes que nunca conseguem terminar seu curso porque estudam com má vontade as matérias escolares, e vivem cabulando as aulas. Se enfrentassem decididamente as matérias escolares, eles passariam a interessar-se por elas e conseguiriam graduar-se logo. As obrigações deixam de ser obrigações e transformam-se em fonte de uma doce alegria da alma, quando as enfrentamos com determinação e boa vontade. A "Seicho-no-Ie" é a morada das pessoas que gozam constantemente dessa doce alegria da alma. Portanto, para que seu lar se torne realmente Seicho-no-Ie (Lar do Progredir Infinito), você deve enfrentar suas obrigações com a máxima presteza, boa vontade e coragem, e transformá-las em fonte de alegria.

"Não há satisfação maior do que aquela que sentimos quando proporcionamos alegria aos outros" -- eis as palavras que você deve manter sempre como preceito que norteia a sua vida. Encoraje a si mesmo, proferindo ou lendo constantemente estas palavras. Imagine a desolação da alma de uma pessoa que sofre, quando cai em desagrado dos outros por ter insistido em manter uma atitude egoística. Essa desolação da alma não é outra coisa senão o sentimento de profunda solidão provocado pela constatação de que o seu modo de agir não foi apoiado pela "Grande Vida Universal". Bem-aventurados os que mantêm sempre a aplicação e a concentração espiritual tão grandes que os impedem de sentir tal sentimento de solidão, e têm o seu modo de viver aceito e abençoado pela "Grande Vida Universal". Quando se adota esse modo de viver, a fria aparência chamada "obrigação" muda repentinamento de aspecto e transforma-se em amor.

O Amor é a "vibração" que a "Grande Vida Universal" provoca ao se manifestar concretamente. Onde há amor, infalivelmente se manifesta a força infinita dessa "Grande Vida Universal". Eis porque pessoas que trabalham por amor nunca ficam cansadas. Eis porque o trabalho feito com amor gera obras-primas que contêm a alma do autor. Em verdade, o amor é a fonte da Sabedoria, das boas idéias, da inspiração e da força! É nessa fonte que nós, a despeito do nosso corpo carnal cheio de limitações, conseguimos preencher-nos de sabedoria, força e alegrias ilimitadas.

Portanto, vamos cumprir nossas obrigações com alegria! Vamos enfrentar as obrigações, "agarrá-las" decididamente e transformá-las em "trabalho feito com amor".

"Encostando nosso corpo no corpo do adversário, podemos pegá-lo de jeito e atirá-lo ao chão facilmente" -- eis a Sabedoria dos exímios judocas. Pode-se dizer o mesmo a respeito das "obrigações": quanto mais nos aproximamos delas (ou seja, com maior boa vontade as assumimos), mais leves e fáceis elas se tornam; e quanto mais tentamos nos afastar delas, mais pesadas e difíceis elas ficam. Agir como se estivéssemos perseguindo as obrigações (ao invés de fugir delas) -- assim é o alegre "modo de viver da Seicho-no-Ie".

(Do livro 'A Verdade da Vida', vol.7 -- págs. 191 à 197)


segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Trabalhe em honra da Grande Vida que vivifica toda a humanidade - 03

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Masaharu Taniguchi


A moderação (capacidade de controlar os instintos através da inteligência) também constitui motivo de alegria para nós. Isto porque a Vida é "Amor" e é também "Inteligência". Um homem primitivo, cuja inteligência ainda não está desenvolvida, não consegue controlar suas vontades. Ele faz tudo o que lhe vem à mente, movido unicamente pelo desejo de seus próprios impulsos, não se importando com o aborrecimento que seus atos causam às pessoas ao seu redor. Ele ainda está na fase primitiva do desenvolvimento humano. Chega, porém, o momento de sua inteligência despertar e ele começa a compreender que existem outras pessoas no mundo, além dele; percebe que os outros também têm "Vida" e possuem vontades próprias e que, de vez em quando, a vontade dele choca-se com a vontade dos outros. Às vezes, verifica que, pelo fato de ele ter feito valer a sua vontade, outra pessoa não pôde realizar a vontade dela e está sofrendo por isso.

Um indivíduo que ainda se encontra nos estágio primitivo sente-se vitorioso ao ver o sofrimento dos outros. Mas, à medida que vai se desenvolvendo nele a consciência, o sofrimento alheio deixa de ser motivo de prazer. Ele verifica que o sofrimento alheio o faz sofrer também. Percebe, então, que ele e os outros estão ligados pela "Grande Vida" e que, na essência, ele e os outros constituem uma só Vida. Percebe que a alegria dos outros é sua própria alegria, que o sofrimento dos outros é o seu próprio sofrimento, e que, para sentir uma alegria profunda, verdadeira, é preciso dar alegrias aos outros. Se uma pessoa começa a perceber isso, é sinal de que ela está conscientizando de que ela e os outros estão inseparavelmente ligados pela "Grande Vida"; é sinal de que ela está começando a compreender como estava errada, ao manter uma barreira entre ela e os outros, considerando apenas a forma externa chamada "corpo carnal" de cada indivíduo.

Quem consegue manter sempre essa conscientização é um santo, um iluminado. Ele jamais perderá a alegria da alma. Mas não são muitos os que conseguem manter tal conscientização. Um indivíduo comum geralmente acaba "despencando" do alto pedestal dessa conscientização. Frequentemente ele se esquece de ver as pessoas como seres espirituais ligados pela "Grande Vida" e olha-as como corpos físicos isolados uns dos outros. Por causa das barreiras carnais que aparentemente separam as pessoas, esse indivíduo se deixa levar, frequentemente, pela ilusão de que "a felicidade consiste em satisfazer as necessidades e os desejos que ele sente como ser carnal". Assim, por diversas vezes ele satisfaz seu próprio desejo, prejudicando os outros. Mas ele, que já teve (ainda que por pouco tempo), a consciência da Grande Vida através da qual todas as pessoas estão ligadas, não pode continuar preso a essa ilusão durante muito tempo. Depois de ter praticado atos egoísticos, ele percebe que não passava de uma ilusão a "felicidade obtida em troca do sacrifício dos outros". A "ilusão" desaparece. E então, em vez de sentir alegria, ele bebe a amarga taça do arrependimento, pensando no ato egoístico e destituído de amor, que ele praticava.

Geralmente, nós, seres humanos, compreendemos que a satisfação dos desejos egoísticos não passa de uma "ilusão", mas tomamos a decisão de não nos deixarmos mais enganar por esses prazeres, somente depois de ter sentido na carne, repetidas vezes, que os atos egoísticos fazem-nos sofrer em vez de proporcionar prazer. Porém, quando em nossa alma ocorre o despertar para a "Grande Vida" que liga toda a humanidade e passamos a manifestar naturalmente o amor (que vem da consciência de que nós e os outros somos um), nós podemos praticar, de forma muito mais natural, atos que satisfaçam tanto a nós como aos outros, ou seja, atos que revelem a "alegria de termos a nossa Vida ligada à dos outros, transcendendo a barreira do corpo carnal". Nós não podemos esquecer essa alegria; porém, sendo possuidores de um corpo material, estamos sujeitos à tentação material, e vez por outra somos impelidos a satisfazer desejos egoísticos, sem conseguirmos transcender a barreira do corpo carnal.

Isso é inevitável em determinada fase do desenvolvimento do ser humano, fase essa em que ele ainda não conseguiu suficiente aprimoramento espiritual. É por isso que, às vezes, forçamo-nos a agir altruisticamente. Explicando melhor: em vez de fazer espontaneamente o bem a nossos semelhantes, forçamo-nos a fazê-lo, dominando a custo os impulsos instintivos que nos levariam a agir egoisticamente, caso não fossem controlados. Assim é a manifestação do chamado "senso de dever". O "senso de dever" faz com que dominemos à força os nossos sentimentos mais egoísticos. Por isso, quando praticamos um ato em obediência ao nosso senso do dever, ficamos privados dos prazeres materiais. Porém, uma vez cumprido esse dever, sentimos no fundo do nosso ser uma grande paz de espírito, uma alegria pura e serena... Querendo alcançar o prazer através de atos egoísticos, as pessoas acabam perdendo essa paz de espírito. Frequentemente, a humanidade vacila, sem conseguir optar por uma das duas coisas: a satisfação dos desejos egoísticos, ou a paz de espírito. Para falar a verdade, a maioria das pessoas ainda vive indecisas.

A voz da consciência que sussura dentro de nós é uma advertência lançada pelo nosso "Eu" espiritual. Ela nos diz: "Não perca a paz de espírito". Já a tentação de satisfazer nossos desejos egoísticos é um sussurro do nosso "eu" carnal, que nos diz: "Não perca o prazer carnal". De um lado, recebemos a advertência do "espírito", e do outro, o sussurro do "corpo carnal". O espírito é a "Grande Vida" que existe em todos os seres humanos, é a "existência real". Mas o corpo carnal é apenas uma "existência ilusória". Por isso, quem procura obter a felicidade através do corpo carnal e da matéria só poderá encontrar a infelicidade da alma; quem procura obter a saúde através do corpo carnal e da matéria, só poderá encontrar a doença; e quem procura obter a paz através do corpo carnal e da matéria, só poderá encontrar a "insegurança espiritual".

Mas o que vêm a ser "infelicidade da alma", "doença" (enfraquecimento da força vital) e "insegurança espiritual"? Na verdade, elas são o grito de exortação através do qual a "Grande Vida" (que liga todos nós, constituindo a nossa essência) procura incitar-nos a melhorar o nosso modo de viver e fazer com que a "Vida" de cada um de nós se eleve cada vez mais. Em outras palavras, elas são o "grito da Vida", "orientação da Sabedoria", o "clamor da alma". Portanto, todos aqueles que possuem infelicidade na alma, doença no corpo, ou insegurança no espírito, devem examinar a si próprios e modificar seu modo de viver e sua atitude mental, visando ao maior aprimoramento espiritual. Assim, eles poderão manter sempre a mente pacífica e feliz, e gozarão de uma alegria tranquila. Como reflexo desse estado espiritual, terão de modo natural a saúde física. Melhor dizendo, eles não poderão deixar de se tornar assim.

Portanto, caro leitor, eu lhe afirmo o seguinte: aquele que se deixa levar por sentimentos egoísticos está procurando a felicidade com as costas voltadas para ela; aquele que persegue o prazer através da carne, está procurando a felicidade com as costas voltadas para ela; e aquele que tenta obter a saúde através da matéria está procurando a saúde com as costas voltadas para ela. Você deve fazer o contrário. Viva em função da Grande Vida que liga e vivifica todas as pessoas. Realize trabalhos que proporcionem alegria tanto a você próprio como ao seu próximo. A felicidade e a saúde que provém disso são ilimitadas. Isto porque a Grande Vida, que existe tanto em você como no seu próximo, transcende a barreira do corpo carnal e se "estende" infinitamente.


(Do livro 'A Verdade da Vida', vol.7 -- págs. 186 à 191)


sábado, fevereiro 14, 2009

Trabalhe em honra da Grande Vida que vivifica toda a humanidade - 02

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Masaharu Taniguchi

São duas as causas que frequentemente nos impedem de sentir a "alegria de trabalhar". Uma é a atitude mental de considerar o trabalho como "algo que foi imposto", "algo coercitivo", ou seja, "algo que deve ser feito por obrigação", em vez de considerá-lo "algo que tomamos para nós, porque o queríamos". Quando a nossa mente está dominada pela idéia de obrigatoriedade do trabalho, msmo os trabalhos mais interessantes e agradáveis acabam nos aborrecendo.

Há alguns anos, o sr. Massao Takahashi, membro da seita Konko-Kyo, criou uma associação chamada "Sei-no-Kai" (grupo da Vida). Certa vez, os simpatizantes se reuniram durante vários dias na casa do sr. Takahashi, e decidiram pôr em prática uma grande verdade que se resume no seguinte: "Não precisamos nos preocupar para viver. Contanto que possamos fazer qualquer serviço que nos seja adequado, seremos vivificados naturalmente pela força do céu e da terra". Os participantes desse "treinamento espiritual" deviam, pois, oferecer-se para trabalhar gratuitamente para os outros. Assim, eles saíram para a rua, a fim de visitarem as casas e pedir a oportunidade de ajudar em algum trabalho que eles soubessem fazer. Era, por assim dizer, uma "tarefa" comparável à "mendicância religiosa" praticada pelos membros da seita Ittoen. Mais tarde um dos participantes escreveu um artigo para a revista Sei, relatando a sua experiência com as seguintes palavras:

"... Sabia que em muitas casas havia serviços adequados para mim, mas eu não tinha coragem de entrar e pedir que me deixassem fazer esses serviços. Ficava rondando a casa duas ou três vezes, sem ousar bater à porta. Foi um verdadeiro suplício! Assim, fui andando pelas ruas e acabei chegando ao limite da cidade, sem ter conseguido nenhum serviço. Quando me dei conta, estava num campo perto da cidade. Avistei um homem puxando um carrinho de mão e ofereci-me para ajudá-lo. Empurrei o carrinho até passarmos em frente à casa de um lavrador. Aí, parei e aproximei-me da casa. Como todos nessa casa pareciam muito ocupados, queria oferecer-me para ajudá-los. Porém, sem coragem de me anunciar, fiquei ali parado, apenas observando. De repente, alguém gritou para mim, com uma voz trovejante: 'Ei! O que é que você quer, rondando e espiando a casa dos outros?!' Levei um susto, mas tratei de me acalmar e expliquei-lhe o motivo por que me aproximara da casa. Porém, o homem não me compreendeu e continuou gritando: 'Ora, o que é que uma pessoa como você pode fazer aqui?! Vá! Vá embora duma vez!' Afastei-me apressadamente e voltei para a nossa sede, desanimado. Confesso que nunca na minha vida passei por uma experiência tão penosa...

Dias depois, o nosso professor deu-nos alguns conselhos sobre como proceder quando fôssemos nos oferecer para trabalhos voluntários. Ouvi com atenção para não falhar da próxima vez, pois a experiência por que pasei foi muito dura. Chegando em casa, olhei ao meu redor, e de repente dei-me conta de que ali mesmo, diante de meus olhos, havia uma porção de serviços que eu poderia fazer. Estava ali, à minha disposição, a 'oportunidade de trabalhar gratuitamente', que acabei buscando com tanto sacrifício! Repleto de sentimento de gratidão, comecei a fazer todos os serviços que encontrava diante de mim. Indo à loja, encontrei muitos serviços a fazer. Não era preciso pedir para queme deixassem trabalhar, nem corria o risco de receber 'broncas'. Era realmente uma bênção. Entre surpreso e admirado, perguntei a mim mesmo como é que eu só pensava em pedir o trabalho a outras pessoas, quando tinha, junto de mim mesmo, tantos e tão valiosos trabalhos... A partir de então, passei a efetuar com profunda gratidão, todos os serviços que via diante de mim, fossem serviços domésticos, serviços da loja, ou de outras pessoas. E fazia-os com a mente serena e satisfeita..." (Da revista Sei, nº 11, Vol. II)

Este é um relato sincero e eloquente de como uma pessoa conseguiu reeencontrar a "alegria de trabalhar", que ela havia perdido há muito tempo. Se você tem seus afazeres domésticos ou possui uma profissão definida, e no entanto não gosta de seu trabalho e não consegue dedicar-se seriamente a ele, isso é sinal de que você considera seu trabalho uma obrigação. Tudo será diferente se você, a exemplo do autor do relato mecionado, despertar para o fato de que ao seu redor existem inúmeros trabalhos à sua disposição e tomá-los para si espontaneamente, repleto de gratidão pela bênção de poder realizar esses trabalhos. A partir desse momento, até os trabalhos de que você não gostava e efetuava com má vontade, passarão a ser trabalhos agradáveis e gratificantes. Isto porque esses trabalhos, que até então você considerava uma obrigação, transformar-se-ão em "trabalhos que você mesmo buscou e encontrou".


A neve sobre meu guarda-chuva
nada pesa ao pensar "é minha neve"



Estes versos de um antigo poeta japonês ilustra muito bem o assunto que ora estamos tratando. Como seria penoso e desagradável carregar um guarda-chuva pesado, com uma espessa camada de neve sobre ele, numa tarde gelada de inverno, se alguém, propositadamente, tivesse depositado essa neve sobre o nosso guarda-chuva e tivéssemos sidos obrigados a transportá-lo. Porém, se olharmos para a neve acumulada naturalmente sobre nosso guarda-chuva e pensarmos que ela é uma dádiva que buscamos como apreciadores dos encantos da Natureza, ou uma bênção que Deus nos dá para acrescentar mais beleza ao cenário da Natureza, então deixaremos de sentí-la como um "peso" a ser carregado, e passaremos a sentir amor por ela; deixaremos de achar penoso carregar essa neve, e passaremos a nos sentir gratos Àquele que nos presenteou com essa dádiva. O mesmo acontece no tocante ao trabalho. Quando consideramos o trabalho como uma bênção de Deus, ocorre dentro de nós o despertar da "Vida que nos liga a Deus". Então, a nossa "força vital limitada" une-se à "força vital ilimitada", a qual passa a conduzir o trabalho. Consequentemente, passamos a trabalhar sem cansaço nem tédio, e quanto mais trabalhamos, mais aumenta o nosso vigor.

Quando não sentimos amor pelo trabalho, torna-se impossível concentrarmo-nos nele, o que vem constituir a segunda causa da perda da "alegria de trabalhar". Nada contribui mais para desperdiçar a força vital do que trabalhar com a mente dispersa, pensando ao mesmo tempo em diversas coisas, em vez de concentrarmos nossa mente naquilo que estamos fazendo. Nossa mente é a "brasa" que "põe fogo" na "força vital infinita" existente em nosso interior, fazendo-a arder intensamente. As pessoas peritas em acender fogueira procedem da seguinte forma: primeiramente, concentram num único ponto as brasas, fazendo-as apoiar umas nas outras e sobre elas vão colocando os pedaços de carvão. Instantes depois, o fogo passa para todos os pedaços de carvão, e a fogueira começa a arder intensamente. O mesmo acontece com a "chama" da força vital infinita que existe dentro de nós. Se deixarmos dispersos aqui e acolá os pedaços da brasa chamada "mente" ou "pensamento", não poderemos fazer arder intensamente a chama da nossa força vital.

O frio provoca a contração da matéria. Da mesma forma, o frio "senso de dever" e os frios "regulamentos" só provocam o retraimento da força vital. Assim como o calor faz crescer as coisas, e a amena primavera faz desabrochar as florese convida os pássaros a cantar, o "calor" (amor) leva-nos a fazer bons trabalhos. Quando trabalhamos unicamente pelo frio senso de dever ou apenas em conformidade com os regulamentos, a energia para efetuar o trabalho não provém da "Grande Vida Ilimitada". Se tentarmos levar avante o nosso trabalho, movido unicamente pela obrigatoriedade, regulamentos, responsabilidade ou coação, a "abertura" da nossa alma acabará se fechando e a "água da Vida" deixará de fluir abundantemente através dela. Em consequência, ficaremos abandonados como um mero corpo carnal isolado, e só poderemos manifestar a força limitada compatível com esse pequeno instrumento chamado "corpo". São muitas as pessoas que se cansam facilmente ao executar qualquer trabalho, não porque são fracas, mas porque trabalham apenas por obrigação.

Ai daqueles que trabalham apenas por obrigação! Eles acabam transformando a si próprios (que são Vida dinâmica) em simples "máquinas" sem vida. O "modo de viver da Seicho-no-Ie", que considera em primeiro lugar a Vida, não admite essa "mecanização" da Vida.

Mesmo um modo de vier pautado no senso de dever pode proporcionar alegria à Vida, quando é fundamentado no "amor". Por exemplo, quando o "amor à Pátria" e o "dever cívico" se juntam, ocorre a fusão desses dois elementos, ou sejam, "amor" e "dever". Quando alcança esse estado espiritual, o homem consegue cumprir os seus deveres cívicos com grande satisfação.

(Do livro 'A Verdade da Vida', vol. 7 -- págs. 181 à 186)


Trabalhe em honra da Grande Vida que vivifica toda a humanidade - 01

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Masaharu Taniguchi


Caro leitor, por mais que movimente suas mãos e seu corpo a ponto de se cansar, você não conseguirá realizar um trabalho que contenha "alma", enquanto não for capaz de trabalhar com "amor". Um trabalho que não contenha a "alma" de quem o executou, sempre apresenta alguma falha. Uma obra resultante do trabalho maquinal do cérebro, das mãos, etc., não se compara com uma obra que contém "alma", mesmo que sejam muito parecidas.

Os japoneses dos tempos antigos eram "pessoas de alma nobre", que trabalhavam por amor ao trabalho e não por interesses próprios. Eles prezavam a "nobreza da alma" acima de qualquer coisa. É por isso que, em tudo quanto faziam, eles visavam o "aprimoramento da alma". Assim, a arte de escrever letras evoluiu para "Sho-dô" ("sho" = escrita; "dô" = caminho espiritual); a arte de arranjos florais evoluiu para "ka-dô" ("ká" = flores); a arte de servir chá evoluiu para "Sa-dô" ("Sa" = chá). Os médicos daquele tempo sentiam satisfação em salvar os doentes sem visar interesses próprios. Por isso, a medicina era "I-dô" ("I" = medicina; "dô" = caminho para elevação espiritual); exercer a medicina era manifestar amor ao próximo.

Os espadeiros forjavam as espadas não com o intuito de obter lucro com suas vendas, mas sim por amor a esse trabalho, pela satisfação de fazer brilhar a sua própria alma em cada lâmina forjada com esmero. As espadas forjadas pelos exímios espadeiros de outrora fazem com que sintamos a nossa alma purificada só de olhá-las. Isto porque elas contêm a alma de quem as forjou. A responsabilidade dos antigos contrutores de castelos, ao se incubirem de um trabalho, era incomparavelmente maior do que a resonsabilidade com que os arquitetos de hoje assumem a contrução de um edifício. Esses construtores de castelos sabiam que, uma vez construído o castelo, não poderiam continuar vivendo, pois seriam os únicos conhecedores dos segredos dessa construção. Mesmo sabendo disso, realizavam todo o trabalho com empenho e amor e, assim que a obra ficava concluída, praticavam o haraquiri (apunhalavam o próprio corpo na região do plexo solar) com a maior serenidade. A construçãode castelo era, portanto, uma obra e que eles literalmente "empenhavam a própria vida".

Caro leitor, uma vez disposto a realizar um trabalho, empenhe nele a sua Vida, como faziam os antigos. Eu próprio tenho empenhado minha Vida na redação de artigos para a revista Seicho-no-Ie. Em vez de dizer "empenhar a Vida", poder-se-ia dizer "empenhar a alma" ou "dedicar todo o amor", pois, em última análise, a "Vida", a "Alma" e o "Amor" são essencialmente a mesma coisa. Amor é Deus, é Vida, é Alma. Trabalhar com Amor é manifestar Deus que habita dentro de nós; é vivificar a nossa própria Vida, a nossa própria alma. Quando a nossa alma consegue viver em toda a sua plenitude, alcançamos o elevado estado espiritual que nos permite aceitar serenamente a morte física, a qualquer momento. Um sábio da antiguidade disse: "Se de manhã eu escutar o Caminho, não me importaria de morrer ao entardecer". Com isso ele quis dizer que "quando uma pessoa consegue fazer com que sua alma viva plenamente, a morte física nada significará para ela". Por que razão os antigos construtores de castelos realizavam seu trabalho, mesmo estando cientes de que deveriam morrer tão logo terminassem as obras? É que, para eles, a morte nada significava, desde que suas almas pudessem viver plenamente através da dedicação total ao trabalho que eles tanto amavam.

Um trabalho ao qual dedicamos a nossa alma jamais nos deixa esgotados. Isto porque, em tal trabalho, quanto mais nos dedicarmos, a nossa Vida será manifestada com maior intensidade. O cansaço nada mais é que o estado no qual a nossa Vida não consegue manifestar-se livre e plenamente, e sente-se sufocada. Se você não gosta de um determinado trabalho, mas o executa porque é seu dever, certamente ficará muito mais cansado do que quando trabalha com amor. Amor é Deus e Deus é Vida. Se o amor não está sendo acrescentado ao trabalho, significa que a vida não está sendo vivificada, e por essa razão cansamo-nos facilmente.

Os trabalhos executados com amor sempre são melhor elaborados do que os trabalhos executados unicamente por senso de obrigação. Num trabalho feito com amor, faz-se presente a Vida, faz-se presente o próprio Deus. Por isso, esse trabalho será um trabalho repleto de Vida, repleto de alma. Será, portanto, uma obra divina. Mesmo com todos os conhecimentos científicos da civilização moderna, não se consegue forjar espadas tão perfeitas quanto aquelas forjadas à mão pelos espadeiros Masamune e Muramasa, na era Kamakura. Por que será que, em todos os campos, torna-se cada vez mais raro o surgimento de verdadeiras obras-primas? É que, atualmente, as pessoas não trabalham para vivificar o "amor", a "alma" e a própria "Vida", e só pensam em "produzir mais para lucrar mais".

Mesmo que uma pessoa trabalhe com amor, pode ser que no começo ela não consiga apresentar um trabalho bem feito, devido ao fato de seu corpo ainda não estar habituado a ele. Mas, trabalhando com amor, ela infalivelmente progredirá com espantosa rapidez. Isto porque Deus trabalhará através do cérebro e das mãos da pessoa. Quando uma pessoa não ama o seu trabalho e executa-o com má vontade, apenas por obrigação, ela está trabalhando unicamente com seu cérebro "carnal" e suas mãos "carnais", impedindo que Deus trabalhe através delas. Por isso, ela se cansará rapidamente, não alcançará o progresso no trabalho e, por mais que preste atenção, o seu trabalho apresentará falhas e imperfeições.

Portanto, ao executarmos um trabalho, devemos descobrir prazer nele e aprender a amá-lo realmente. Mesmo que se trate de um trabalho obrigatório, não devemos considerá-lo como tal. Quando a nossa mente se sente oprimida pela idéia de obrigatoriedade, achamos aborrecidos e cansativos até os trabalhos mais interessantes. Quando obrigamos as crianças a fazerem ginástica, elas a praticam com má vontade. No entanto, quando estão brincando com seus amigos, às vezes elas fazem espontaneamente os mesmos movimentos dessa ginástica, rindo e gritando alegremente.

Também o trabalho de lavrar a terra pesanos como um grande fardo, quando o consideramos como uma tarefa obrigatória. E acabamos por achar que nenhum outro serviço é tão pesado e monótono. Eis a razão por que a maioria dos jovens da zona rural deseja tentar a vida nas cidades. Mas tudo seria diferente se eles mudassem seu ponto de vista, e compreendessem a alegria de respirar o ar puro, de receber os raios solares sem a interferência da atmosfera poluída, de trabalhar em contato direto com a Vida" qua faz vicejar tudo no seio da "mãe-terra". Se a partir dessa compreensão, eles começassem a se sentir gratos pelo generoso amor da Grande Natureza, e amar o trabalho da lavoura que na verdade tem o sentido de "ajudar a obra de amor da Grande Natureza", então eles passariam a gostar desse trabalho que até então consideravam imundo, monótono e pesado; o trabalho deixaria de ser um fardo e, por trabalharem com prazer, eles conseguiriam desenvolver vários estudos e pesquisas referentes às técnicas de agricultura. Consequentemente, seus produtos melhorariam tanto em quantidade como em qualidade. Este é apenas um exemplo para mostrar que todo e qualquer trabalho torna-se um fardo pesado quando o consideramos uma obrigação, mas constitui uma fonte de alegria quando o executamos com amor.

(Do livro 'A Verdade da Vida', vol.7 -- págs.176 à 181)


domingo, fevereiro 08, 2009

DEUS É TUDO!


Frances T. Seale



UMA EXPERIÊNCIA

Deus é tudo o que existe. Deus está sempre presente. Deus preenche todo o espaço. Nada há, senão Deus. Quantos de nós vêm repetidamente dizendo estas palavras em momentos de aparente necessidade para, em seguida, perceber as nuvens se dissiparem e a luz amanhecer novamente em nossa experiência! Entretanto, quantos não existem e que ainda precisam captar o sentido básico oculto em sentenças tão estupendas! São estas afirmações, aparentemente simples, que, compreendidas e praticadas, fazem com que as invenções chamadas pecado, tristeza e morte desapareçam, e que a Glória de Deus seja vista, compreendida e sentida "assim na terra como nos céus".

Recentemente, ocorreu-me uma bela experiência, reveladora de muitas coisas. Certa noite, notei que um de meus canarinhos estava indisposto. Pneumonia seria o nome a ser dado ao problema. Na manhã seguinte, ao me aproximar da gaiola cumprimentando os passarinhos, este pequenino lutava enormemente consigo mesmo e parecia estar à morte. Abri a gaiola e o tomei em minha mão. Ele caiu para o lado e fechou os olhos. Suavemente, coloquei-o no piso da gaiola e me afastei. Os seguintes pensamentos me vieram: quão frágeis e delicados são os canários; quão inúteis nos sentimos diante de um passarinho agonizando! De repente, bem rápido, veio-me a voz da Verdade, com sua força e poder: "É possível Deus ser tudo, e este canário estar existindo ao lado desse tudo?"

Bem, isso me parecia original e novo, como se nunca anteriormente houvesse considerado estas verdades. Mas, claro, Deus é tudo, e não poderia haver nada além de Deus. Deus é tudo -- não há nada mais, e isto pôs fim à questão ali mesmo. Imediatamente o canário foi esquecido. A responsabilidade de curar, destruir a morte e demonstrar a vida, desapareceu. Nada mais havia, além da gloriosa consciência: DEUS É TUDO O QUE EXISTE. A voz continuou: "Se Deus é tudo o que há, então Deus está exatamente aqui, e Deus não pode morrer". Isto foi visto, sentido e compreendido, e eis que o canário voou para o alto de seu puleiro passando a gorgear em poucos minutos. Pouco depois, cantava a plena voz.


COMPREENDENDO O PRINCÍPIO

Como o botão fechado de uma rosa contém a rosa completa, assim esta percepção tem sido um botão de Luz Gloriosa, de onde provém uma grande iluminação. Foi percebido que Deus é tudo o que poderia estar presente, e a partir desta visão, o canário se apresentou vivo e passando bem. Por que a eliminação do canarinho do pensamento, pela renúncia em aceitá-lo como estando doente ou saudável, morto ou vivo, e apenas com este esquecimento pleno do pássaro, ele pôde ser restaurado à vida, à saúde e à harmonia?

Para ilustrar isto, visualize, no topo desta página (*nota: o texto original foi escrito em papel), uma foto de ovelhas pastando numa planície verdejante e, por perto, um pastor com o seu cachorro. E eu pergunto: que faz com que o pastor, as ovelhas e o cachorro sejam semelhantes? Para serem todos o mesmo, que coisa será esta, comum a todos eles ? Qual a substância deles? Eis a resposta: eles todos são papel. Sim, o papel é tudo o que eles são. As ovelhas que você vê, o pastor e o cachorro, todos são semelhantes, todos são a mesma substância. Não há nada ali, a não ser o papel! O cachorro não está ali como algo diferente do papel, mas o papel e o cachorro são um e o mesmo. Mas, apenas por diversão, pela alegria do quadro ou de sua forma, um é chamado de cachorro, o outro de pastor, o terceiro de ovelha, e assim por diante. Entretanto, por todo tempo, estaremos internamente conscientes de que o que existe é unicamente a presença do papel.


A UNIDADE

Chegamos agora a Deus e ao homem. Aliás, alguma vez lhe ocorreu que essa é uma afirmação ambigua? "Deus e homem?" Não seria melhor dizer de uma vez "o Tudo e algo mais?" Nós já lemos, ouvimos e falamos de Deus e idéia, de Deus e manifestação, de Deus e homem, mas temos de nos certificar que não podemos aceitar Deus como tudo e a existência de algo mais: se tivermos de ter o homem, a única forma coerente de fazermos isto é considerarmos Deus e homem sendo a mesma coisa, sendo o mesmo ser. Olhamos ao redor e vemos homens, mulheres, crianças, animais, pássaros e planetas. Qual é a substância de todos? Bem, a substância de uma coisa é aquilo de que a coisa consiste, aquilo que é essencial, vital. A substância de um tapete pode ser lã. A substância de uma cadeira pode ser madeira. A questão é: "Qual é a substância de todos os seres viventes?" Resposta: "É a Vida". Uma vez que Deus é a Vida, e Deus é tudo, a Substância de tudo é Deus, a Vida. A Substância do homem é sua Vida -- é Deus.

Tudo que há de vital para o homem que seja real, imortal, imutável, é a sua Vida, sua Alma, seu Espírito. E isto, que é a sua Vida, sua Alma, seu Ser, é Deus, pois Deus é toda a Vida, Alma, Ser e Espírito em existência, agora e eternamente. Mantendo isso em vista, continuamos e deduzimos: se a Vida do homem é Deus, não poderíamos por um momento penetrar a forma chamada homem, mulher, criança, e perceber a Vida, a Alma, o Ser e dizer: "Isso é Deus -- Deus é tudo o que existe?" Agora podemos facilmente olhar a foto com o homem, o cachorro e as ovelhas, e dizer: "Estas formas não estão separadas nem distanciadas do papel: aqui está o papel, e aqui estão as formas; o papel e as formas são um."

Então, após ver que o papel é a substância da forma, e que a forma não é nada separada ou afastada do papel -- nada em si mesma --, podemos prosseguir: isto é um cão, isto é uma ovelha, este outro é um homem. Nós os chamamos por nomes diferentes; no entanto, em todo o tempo, sabemos que nada são por eles mesmos, mas que cada um é aquilo que o papel é. Isto não elucida a experiência com o canário? A revelação tinha sido esta: Tudo o que há para o canário é a sua própria vida; então, a Vida não é o canário, a Vida é Deus. E Deus não pode morrer. Para manter a visão na totalidade de Deus, eu teria de incluir incluir o pássaro, pois ele não existiria fora de Deus. Assim, à medida que espiritualmente fui percebendo que a Vida toda é Deus, e que Deus é a Vida toda em existência, o canarinho foi visto em sua condição correta de saúde e harmonia.

Aqui está outra lição maravilhosa. Se extrairmos o cachorro, o homem e a ovelha do papel, e percebermos a totalidade do papel, poderemos depois trazê-los-los de volta e compreendê-los. De forma que, quando eliminamos aquilo que é chamado de canário, homem, animal, e percebemos que a Vida que é Deus é tudo o que há para eles serem, podemos tê-los, compreendê-los e neles nos regozijarmos. E quando for percebido espiritualmente que Deus é tudo que há para qualquer vida e ser, não teremos mais mortos, e isto será demonstrado aqui mesmo, neste mundo.

Não profetizou Jesus: "Quem perder a vida -- achá-la-á?" (Mateus 10-39). Aquele que perde o seu conceito de vida como homem, e percebe, com alegria indescritível, que sua Vida é Deus, encontra o verdadeiro Ser.

A Vida do seu Ser, a Alma do seu Ser, o Espírito do seu Ser, o Deus do seu Ser, é tudo o que há para você estar sendo. Assim, esqueça um pouco que você possa ser um homem, ou uma mulher, e pense em Deus como sendo tudo o que há -- DEUS É TUDO.


A ILUMINAÇÃO NA PRÁTICA

Este é o significado da "renúncia". Você renuncia à noção de que haja Deus e algo mais. Você reconhece Deus como Tudo-em-Tudo. Olhe para a árvore em frente à sua janela. Elimine a forma dessa árvore e veja a Vida que está lá. Olhe para a criança, o homem, a mulher e veja a Alma deles, o Espírito deles, a Substância deles, o Deus deles. Que Universo maravilhoso do Espírito você tem!

Agora, não lhe será inato e natural saber que Deus não pode estar doente? Que Deus não pode estar enfermo, que Deus não pode ser pobre nem estar morto? Você sabe disso imediatamente, com todo o fervor do seu ser. Quando um homem olha para o outro, qual é a notícia que ele ouve? "Eu sou pobre, estou doente, sou ignorante". Mas, quando Deus olha para Deus, qual é a parte deles que é noticiada? "Este é o meu filho amado, em quem me comprazo". Qual das duas visões você prefere? Quais são as palavras que você adora dizer e ouvir?

Certa mulher veio a uma praticista para solicitar ajuda, afirmando que havia tentado, sem nunca ter conseguido, superar suas fortes dores de cabeça. Ela foi compelida a admitir que Deus não poderia ter uma dor de cabeça, e que Deus é tudo o que existe. Foi então que se tornou capaz de dar o alegre testemunho que chegou de Deus: "Tudo está bem". Outra mulher disse que seu lar e o seu marido eram um grande fracasso. Ele bebia muito, além de ser um pai e marido cruel. A ela foi dito que parasse de olhá-lo como seu marido, pois, Deus é que era realmente o marido dela. "Deixe que a forma chamada homem seja apagada de sua visão e veja, em seu lugar, aquilo que realmente está diante de você, a Alma dele, o ser dele, que é Deus, incapaz de pecar, e que é totalmente bondoso, terno, amável e compassivo. Saiba que Deus só pode expressar aquilo que Deus é". A resposta lhe veio no momento devido: "O nosso lar está maravilhoso! Meu marido é um novo homem. Ele é tão gentil e silencioso para comigo e as crianças, que nem sabemos como expressar tanta alegria e felicidade".

Jesus reservou seus ensinamentos mais profundos aos seus discípulos, àqueles que somente têm o amor de Deus em seus corações, dispostos a nascer de novo e dispostos a deixar de lado o sentido pessoal do ego. Dizer que Deus é tudo, sem conhecer esta luz e iluminação interior, é exaltar o ego, é colocar a glória e o poder onde não estão. Foi sussurrado a Jesus, que discernia profundamente as coisas, que se ele apenas reivindicasse esse poder para ele próprio, seria Rei de toda a terra, poderia marchar pelas ruas e soldados e escravos lutariam por ele e o adorariam. Mas não; ele lançou fora a noção tola do ego, e exaltou o Eu que é Deus.

Muitos não conseguem entender que todos os dizeres de Jesus se fundem num sentido único. Por exemplo, ele disse: "Todo o poder me é dado"; disse também: "Nada faço de mim mesmo"; disse ainda, "Aquele que vê a mim, vê o Pai", e "Eu sou o filho de Deus". Seria como se, na foto que você imaginou na folha de papel branco, uma das ovelhas pudesse dizer: "Quando você me vir, verá o papel, pois, eu e o papel somos um". Perceba que, separada do papel, a ovelha não tem existência alguma. Assim também é verdade que separado de Deus, não existe Ser algum. Não é este um fato glorioso? Uma rocha sobre a qual se apoiar para se antever?

"Aquele que exalta a si mesmo, será humilhado", pois sabe que, antes mesmo que possa sussurrar o significado de tais gloriosas palavras como, por exemplo, "Deus é Tudo", precisará receber Iluminação interior que lhe revele que ele, o conceito pessoal ou ego, nunca é Deus, pois somente Deus é Deus.

Olhamos ao nosso redor e vemos as formas chamadas homem, mulher e criança. Eliminando estas delineações, estas formas, que irá restar? A Vida! Isto já está ilustrado pelo fato de que, se você retirar a delineação da ovelha na foto, você terá como sobra o papel. Bem, poderia esta Vida -- o Ser que é Deus, que é ilimitado -- ter pneumonia, estar morto, ser cego, ou aleijado? Poderia esta Vida, que é livre, que é indefinível, que é incorruptível, imutável, imortal, ser condicionada, ignorante ou contaminada? Milhares de vezes, não! Coloque sua visão nesta Vida que você é, neste Deus que você é. Creia e tenha fé de que toda doença, tristeza, pobreza e morte são impossíveis e contrários à razão.

Poderia, por acaso, aquela ovelha da foto ter alguma coisa que não estivesse no papel? Tampouco poderia você possuir algo que não estivesse em Deus, e que não viesse de Deus. Seu Deus não pode ter febre, sarampo, ossos fraturados, doença, preocupação, medo; portanto, tais fatores não existem e você não os pode ter, tendo em vista que Deus é tudo e não há outro além dEle.


"Eu sou Deus, e além de mim não há outro".


Uma vez firmemente estabelecido nesta rocha, que poderia haver contra você? Suponha que a crença seja de surdez: poderia Deus ficar surdo? Aquele que instalou a audição poderia, Ele próprio, ficar sem ouvir? Você, de si mesmo, não possui audição. Deus é o único ouvinte.

Desde que não haja surdez de maneira alguma, por não haver nada além de Deus, saiba que "o Deus em mim" escuta perfeitamente, e que não há nada capaz de interferir com a perfeição de Deus. Deus é tudo o que existe, aqui e agora: o imutável, o perfeito, o absoluto e incondicionado, o Tudo-em-tudo.

Suponha que a crença seja de uma doença, dor, ou enfermidade. Saiba, com toda a sua força, coração e ser, que Deus não pode estar doente, enfermo ou em dor. Não há nada mais, além de Deus. Deus é harmonia, Deus é alegria, Deus é glória, Deus é Amor. Deus é saúde e inteireza, inevitáveis, irrevogáveis, aqui, agora, de todas as formas e para sempre. Nada há, senão Deus. A vida do corpo é Deus. A saúde do corpo é Deus. A ação do corpo é Deus. Isto não deixa Deus bem mais perto de você? É impossível que a vida esteja enferma, cega, surda, aleijada -- impossível! A sua própria substância é a sua própria vida e ser, a própria saúde e força, não é verdade? O homem não está separado de Deus.

Não negamos a idéia da forma chamada homem; antes, nós a enaltecemos. Percebemos que a forma da individualização não é nada de si mesma, mas que sua realidade é o Espírito, é Deus, a Substância única em existência. O universo do Espírito está, portanto, povoado de seres espirituais, cujas identidades e individualidades são para sempre sustentadas e preservadas

Deus e homem são um, e este um é Deus. E poderíamos dizer, naquela foto que você visualizou, que a ovelha e o papel são um. Este "um" é papel. A Vida e suas formações são um, e esse "um" é Vida. Entretanto, esta unidade é tríplice, ou seja, uma trindade. A compreensão da trindade, Deus, constitui-se numa explanação do Pai, Filho e Espírito Santo, a qual é clara e extensivamente dada no livro-texto da Ciência Cristã. Toda forma representa o Espírito, Deus; e, à medida que o nosso discernimento de Deus como Tudo se torna mais iluminado e mais transparente, veremos, aqui e agora, seres tão glorificados, perfeitos e imortais, livres de nascimento e morte, como são eternamente agora, mantidos na Toda-Presença, no Deus que é Tudo.


sexta-feira, fevereiro 06, 2009

terça-feira, fevereiro 03, 2009

O poder da decisão



Tomar decisão é escolher um entre vários caminhos.
Portanto,sempre implica em abrir mão de alguma coisa.
E abrir mão de alguma coisa requer decisão.
Para tomar uma decisão, é preciso ter coragem.
E, para pôr em prática a decisão tomada,
é preciso ter firmeza e persistência.

As pessoas decididas põem seus projetos em prática,
sem ficar conjecturando indefinidamente
as possibilidades de êxito e fracasso.
E, de uma forma ou de outra, acabam adquirindo
uma valiosa experiência pessoal, enquanto as pessoas indecisas
ficam desperdiçando seu tempo em dúvidas e hesitações.

As pessoas decididas, uma vez tomada a decisão,
não ficam preocupadas; pelo contrário,
mantêm a sua mente em completa liberdade,
deixando que as coisas tomem seu curso natural.

Manter a mente em total liberdade é uma virtude
que acompanha outra virtude: a determinação.
Quando sua mente não está totalmente livre,
o homem se apega às coisas; e apegando-se,
ele comete erros de julgamento ou perde dias inteiros em indecisões.

O segredo para conseguirmos realizar muitas tarefas
dentro do limitado período de tempo que nos cabe nesta vida,
está no seguinte: depois que tivermos analisado bem a questão
e tomado uma decisão, devemos manter a questão
afastada de nossa mente até que surja a necessidade
de voltarmos a pensar nela.

No que diz respeito a tomar decisões sobre nossos problemas,
devemos agir como um médico examinando seus pacientes no consultório.
Assim que acaba de examinar um paciente e este sai da sala de consultas,
o médico não pensa mais nele e manda entrar o próximo.

Só assim o médico consegue diagnosticar com precisão
as doenças de seus numerosos clientes.

Da mesma forma que o médico não deve manter indefinidamente
um paciente na sala de consultas, nós também não devemos
manter indefinidamente um problema em nosso consultóro mental.

Quando o homem se conscientiza que é filho de Deus,
tudo que ele decidir será infalivelmente concretizado pelo Pai.
Acredite nisso.

Masaharu Taniguchi