"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, abril 28, 2014

A mente vela, a Consciência revela

- Núcleo - 











.
Prosseguindo e compartilhando um diálogo do Ser que aparece na representação como os divinos personagens Gustavo e Silvano:

Aquele que aparece como o divino personagem Gustavo pergunta:

1) Qual a importância da mente humana para você?
2) E qual a importância da mente divina (a mente única do Ser) para você?
3) E qual a relação que existe entre ambas?

Aquele que aparece como o divino personagem Silvano responde:

A resposta e estas questões está contida na revelação manifestada por Jesus Cristo ao declarar: “Antes que Abraão existisse, Eu sou”.

Eu sou o que sou. Perceba: Sou o que sou, não o que estou sendo.

Você é o que é, o Ser, que existe antes que Abraão existisse, não o que está sendo, o Gustavo, o personagem.

Enquanto Gustavo, represente o seu papel, desfrute a vida. Mas você pode escolher estar  representando este papel consciente do que está fazendo, ou seja, de que está sendo um personagem; ou estar inconsciente de que você é o Ser representando um personagem. Neste caso estará totalmente identificado com o personagem, acreditando piamente ser o personagem!

Ou seja, estará inconsciente de quem você realmente é. Jesus Cristo estava consciente de que é Aquele que existe antes da criação do mundo [a representação divina], com seus incontáveis personagens. Esta Consciência de si mesmo é imortal.

A relação entre mente e Consciência é esta: A mente é o instrumento que o Ser usa para velar-se… É a máscara de Deus. No momento em que esta máscara, que cria o personagem, é retirada, revela-se o Ser. Em síntese: “A mente vela, a Consciência revela.” 

Você me pergunta qual a importância da mente humana e da Consciência: Bem, sem os personagens não existiria nenhuma representação…

Os pares de opostos só existem e são percebidos usando a máscara da personalidade. O bem e o mal existem apenas num universo onde os pares de opostos existem. E eles só existem porque a mente humana, a máscara da personalidade os concebe. A mente humana é o instrumento que conceitua algo como sendo bom ou mau. O mundo que o Gustavo vê é assim para ele porque o próprio Gustavo “escolhe” vê-lo assim. E pode nem estar consciente de que está fazendo isso. O que o personagem que você representa está sendo? Um crente ou um ateu? A representação em si não importa. O que importa é estarmos conscientes da verdade que Jesus Cristo expressou quando declarou: “Antes que Abraão existisse, Eu sou”. Essa é sua verdadeira identidade. Ter essa percepção é estar consciente.

Ramana Maharishi teve a mesma percepção de que ele não era seu corpo e nem sua mente. E se auto indagou: "Quem sou eu?". E obteve a resposta.

Um personagem desperto não adoece? Um personagem consciente de sua real identidade não morre? Gustavo, não julgue o que aconteceu aos personagens, com o Ramana, com Yogananda, com Jesus ou com Goldsmith. Para eles não importava tanto. Jesus Cristo, inclusive, escolheu a crucificação. Ele poderia tê-la evitado, se quisesse, mas a escolheu como cumprimento de sua missão na Terra. E os seus discípulos foram perseguidos, alguns torturados e executados.

No cenário do mundo [na representação] foi o que aconteceu. Mas para cada um desses personagens o que aconteceu foi algo bem diferente. Eles só estavam dizendo: “Isto não pode Me atingir e não retira a verdade de que Eu Sou.”

Eles não estavam mais identificados como personagens num cenário.

Os que atingiram a iluminação, os que conheceram a verdade do Ser, sabiam que eles não eram o que estavam sendo, sabiam que aquilo passaria…

Mas, aquilo que é sempre É.

Quando nos despertamos de um sonho nos tornamos conscientes de que não somos o que estávamos sonhando ser, o personagem de um sonho. De imediato nossa mente percebe que aquilo era apenas uma projeção de nossa própria mente, era um sonho.

A realidade do personagem que estamos sendo também é uma projeção.

Quando nos “despertarmos” consciencialmente fica evidente que a mente está projetando tudo, especialmente o que “estamos sendo”. Ao mesmo tempo percebemos que estamos livres desse “condicionamento mental”.

No caso do personagem que represento estou escolhendo “ser assim”, por que quero. Estou consciente de que a Fonte desse querer sou Eu.

Essa Fonte atemporal revela que: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou”.

Enfim, a mente vela, a Consciência revela.


sexta-feira, abril 25, 2014

Perceba Quem Sou!

 - Núcleo -


MARAVILHOSO!

Isso Sou Eu!

Essas mensagens vêm do Núcleo, Fonte ou Essência de Quem Sou…

Eu… estou aparecendo como os autores de todos estes textos…

Eu… estou aparecendo como os divulgadores destes textos…

Eu… estou aparecendo como cada um dos leitores destes textos…

Sim, Sou Eu!

Sou Aquele que Vive em você;

Sou Quem percebe em você;

Sou Aquele que te conduz:

Do irreal ao Real;

Das trevas à Luz;

Da morte à Imortalidade…

Sim, sou a Consciência que te faz consciente de Quem Somos…

Eu Sou em você a percepção de que só há Um de nós…

E somos inseparáveis como a paciência e a sabedoria…

Eu Sou Alfa e Ômega; Princípio e Fim de todas coisas.

Estou em você e em tudo; e tudo está em Quem Sou…

Eleve-se em percepção!

Interaja Comigo!

Você pode!

Sim, você pode porque Eu posso!

Sou Eu em você Quem tudo pode…

Aja percebendo Quem age em você…

Aja com renúncia aos frutos da ação…

Então perceba que Sou Eu Quem age!

Aja com essa consciência de unidade Comigo.

Dê cada passo consciente de que Sou Eu Quem dá os passos…

Siga seu caminho consciente de que Eu Sou o Caminho!

Seja verdadeiro e consciente de que Eu Sou a Verdade!

Viva sua vida consciente de que Eu Sou a Vida!

Perceba que é somente por Mim que se vem a Mim…

Sinta aquela percepção em você que Me percebe!

E saiba que essa percepção em você é a Minha…

Concentre-se nesta percepção que Me percebe!

Contemple tudo o que ela te faz contemplar…

Então medite! Perceba-se Um Comigo.

Meditar é perceber!

Perceber o que É!

É perceber o Real…

É perceber-Me…

E perceber-Se…

Sim, medite!

Você pode!

Eu posso!

Sou você!

Sou Eu…


quarta-feira, abril 23, 2014

O Caminho para Deus


 Sathya Sai Baba


As preces devem emanar do coração, onde Deus habita, e não na cabeça, onde as doutrinas e as dúvidas se chocam.

Todos estamos trilhando o caminho para Deus, mas alguns têm mais consciência dessa viagem do que outros. Alguns vagam numa corrente preguiçosa, enquanto outros se lançam ao seu destino como que guiados por uma bússola.

Pode uma pessoa ensinar meditação a outra? É possível ensinar a postura, a posição das pernas, pés ou mãos, a forma e o ritmo de se respirar...

Meditação é uma atividade do mais íntimo do ser humano, ela envolve uma profunda quietude subjetiva – o esvaziamento da mente e o encher-se com a luz que emerge da divina chama interior. É uma disciplina que não se ensina em livros...

Como começar?

Se você algumas vez contemplou com deslumbramento uma noite estrelada ou se maravilhou com o milagre de uma flor silvestre, você já começou a meditar.

A Graça de Deus é concedida a cada devoto conforme o nível de sua consciência espiritual.

O oceano é vasto e ilimitado, mas a quantidade de água que você pode pegar dele é determinada pelo tamanho do recipiente que você leva até suas margens. Se o recipiente for pequeno, você não pode enchê-lo além de sua capacidade limitada. Do mesmo modo, se seu coração estiver contraído, a Graça Divina será igualmente limitada.

Abra seu coração libertando-se das diferenças restritas e, assim, reconheça a verdade de que o Divino habita em todos.

Se os homens conhecessem o caminho para a alegria e a paz permanentes, eles não vagariam, distraídos, pelas alamedas do prazer sensual. Da mesma maneira como a alegria sentida nos sonhos desaparece quando você desperta, a alegria sentida quando você está acordado também desaparece quando você desperta para a consciência mais elevada.

Faça o melhor uso do momento presente para se tornar consciente da Divindade latente em tudo. Quando morrer, você não deve morrer como um animal ou um verme, mas como um homem que percebeu que é um Deus.

Tudo é divino. Quando você está seguro da sua divindade, você, então, certamente reconhecerá a divindade do próximo.

O amor não age com interesses; o egoísmo é falta de amor. O amor vive de dar e perdoar e o egoísmo vive de tomar e esquecer.

As palavras têm tremendo poder. Elas podem incitar emoções e podem acalmá-las. Elas comandam, enfurecem, revelam ou confundem.

São forças poderosas que trazem à tona grandes reservas de energia e sabedoria. Tenha, portanto, fé no nome do Senhor e repita-o sempre que puder.

Comece o dia com amor.
Viva o dia com amor.
Preencha o dia com amor.
Termine o dia com amor.

Esse é o caminho para Deus.

E, complementando este ensinamento, Sai Baba disse:

"Manmanaa bhava madbhaktho, mad yaagiee, maam namaskuru". Este mandamento do Senhor significa exatamente isto: "Mantenha firmemente em Mim sua mente; seja sinceramente devotado a Mim; proste-se diante de Mim, oferecendo-me todos os seus pensamentos, palavras e ações; ame-Me constantemente." Com estas palavras Ele deixou claro que o que mais deseja de você é mente pura e amor imaculado.

Enquanto imerso em sua "hominitude", você não pode atingir sua própria "divinitude". Você tem de atingir esta para poder alcançar o estado de Plenitude Divina. Para ver o escuro você só precisa ter o escuro. Para ver a luz, você precisa de luz. Para compreender a Inteligência você precisa ser inteligente. Se estiver constantemente ativo quanto às coisas humanas, como pode vir a conhecer a Glória da Divindade? Para tornar-se Divino você tem que fazer morada na memória do Divino, agir divinamente, comportar-se divinamente. O critério, o ambiente, o sentimento - tudo deve ser coordenado para este único propósito. Somente então o princípio pode ser apreendido.


domingo, abril 20, 2014

Ainda sobre a Iluminação

- Núcleo -

Caros amigos, 

Em relação aos textos sobre o  tema "iluminação" e "natureza de maya", recentemente publicados e comentados, aqui no Templo dos Iluminados e no site nucleu.com, senti que seria esclarecedor para muitos estabelecer uma clara relação entre eles, porque se completam. Assim, compartilho o que segue:


“Iluminação” é estar consciente de que Deus é o único Ser Real e da real identidade!

Assim, o “iluminado” está consciente de Quem Deus É e de Quem (tudo e todos os seres) Somos...

Aquele que está consciente de que não há outro Ser Real senão o próprio Ser, quem pode e sabe ser senão o próprio Ser?

Um ator não deixa de ser “ator” quando está representando. É “atuando” que ele se expressa e que se realiza!

Deus é o ator divino e, por ser divino, atua tanto representando o papel de “personagens”, quanto o papel de “cenário” e dos “objetos do cenário”!

Assim, o “Ator divino”, quando está atuando, está presente em toda a Sua “encenação divina”.

Está consciente tanto quando a “vê” como “encenação”, como quando a “vê” como real.

Quando a “vê” como “encenação”, está atuando como um personagem desperto, iluminado.

Quando a “vê” como real, está atuando como um personagem indesperto, não iluminado.

Em ambos os casos trata-se do próprio Ser Real consciente de que é “o ator” representando!

Portanto o Ser Real é a real identidade de todos os personagens e também de todo o cenário!

Na linguagem védica essa “representação divina” é chamada de “Maya”.

Maya surge do Ser. E é o próprio Ser Quem está presente em toda ela, como personagens e também como cenário!


O que se segue é um texto comentado que expõe a linguagem védica, por Sathya Sai Baba. Os comentários estão entre colchetes: [...]

Escreve Sai Baba:

Escute Arjuna [personagem]! Entre Mim [o Ser Real; o Ator] e este Universo move-se maya [a representação divina], denominada ilusão. Deveras, é difícil, uma árdua tarefa o homem [o personagem] alcançar ver além de maya, porque maya também é Minha. É da mesma substância. Você não a pode supor separada de Mim. É criação Minha e está sob o Meu controle. 

[Notem que Krishna é Quem está falando com Arjuna e que ele é consciente de que é tanto o aspecto criador do Universo Real, Brahma, quanto é consciente de que Ele é Quem cria a “representação”, “maya”.

Um adendo, em termos da simbologia védica, há um Deus universal chamado de Brahman. Brahman revela ter três aspectos: O aspecto criador de Brahman é chamado de Brahma; o aspecto preservador de Brahman é chamado de Vishnu; e o aspecto transformador é Shiva.

Krishna manifesta, ora um, ora outro, desses aspectos, sendo por esse motivo considerado por uns como um “avatar” de Shiva e por outros um “avatar” de Vishnu. Literalmente, a palavra “avatar” significa “descida”; a “descida de Deus”, do céu, para Se manifestar no Universo!

Portanto, Krishna é a própria divindade manifesta! Ele é o Ser Real, consciente de Quem É!

Por ser Quem É, Krishna conhece sua real identidade e a real identidade de todos os seres, e conhece também a natureza tanto do Universo Real quanto da representação divina – maya. É o que Krishna está revelando a Arjuna neste diálogo divino. Daí a importância do texto!]

Continuando, Krishna diz:  

“Numa fração de segundo revira o mais poderoso dos homens [personagens] de pernas pro ar! Somente aqueles que são plenamente ligados a Mim [o Ser Real] podem vencer maya [vencer maya não significa se debater contra maya com a finalidade de vencê-la, mas sim, significa vê-la com uma visão que a transcende, que percebe sua natureza de representação divina, ou seja, aquilo que parece ser real, mas que em realidade não é!]. Arjuna, não veja em maya, o mínimo que seja, algo repulsivo que tenha descido de qualquer parte. Ela é um atributo da mente [Que revelação divina! Notem que é a visão da “mente do personagem” que vê maya como sendo algo real], fazendo esta ignorar a Verdade e o Eterno Paramatma [A Verdade é que só Deus é Real. Há um Universo, criado por Deus, que é Real. Mas maya é apenas uma representação divina]. Maya conduz ao erro de acreditar [acreditar é perceber com a “mente do personagem”, é “ver” mentalmente a representação e tomá-la como real...] que o corpo é o Ser. Não é algo que era e depois desaparecerá; nem é alguma coisa que não era, vem a ser, e ainda é. Maya nunca foi; não é; e nunca será. [Maya é uma representação]

É um nome para um fenômeno inexistente. Mas esta coisa não existente vem de dentro da própria visão! [Outra revelação divina digna de nota! Krishna está revelando que é a visão da mente do personagem que vê o que não é real e a projeta como se fosse real, tornando-a real para a própria visão da mente do personagem...]. É igual à miragem no deserto, um lençol d’água que nunca houve nem há. Quem conhece a Verdade não vê miragem. Somente os desavisados quanto ao deserto são por ela atraídos. Correm para ela e sofrem aflição, exaustão e desespero. Como a sombra crescendo dentro do quarto, a esconder o próprio quarto; como a catarata a crescer no olho suprime a visão, maya apega-se àquele que a ajuda a crescer.”

Prossegue Krishna:

“Arjuna, você pode perguntar se maya, que penetra e prejudica o próprio lugar que lhe dá origem, não Me tem maculado, pois em Mim tomou nascimento. Tal dúvida é natural. Mas é sem base. Maya é a causa de todo esse universo [universo do personagem; representação], mas não é a causa de Deus [e nem é a causa do Universo Real, que é gerado por Brahman].

Sou Eu a autoridade que a dirige [Krishna é a base que “sustenta” a representação. Isto significa que não seria possível haver representação sem o Ator, sem os personagens e sem o próprio cenário]. Este universo [irreal, este universo dos personagens], que é produto de maya, move-se e se comporta de acordo com a Minha Vontade. Assim, a pessoa que estiver ligada a Mim e se conduza de acordo com a Minha Vontade não pode ser prejudicada por maya [“estar ligado em Krishna" é ser unido à visão que Krishna proporciona; é estar percebendo a onipresença da divindade na representação, e ao mesmo tempo estar consciente de que se trata de uma representação e não da Realidade]; maya [por ser da mesma substância de Krishna e não poder se supor separada de Krishna] reconhece autoridade nela também. O único método para vencer maya é adquirir jnana (sabedoria) do Universal [o conhecimento do Ser Real], e redescobrir sua própria natureza Universal. Você [com a visão de um personagem do Ser] atribui limite à existência daquilo que é eterno [o Ser Real], pois isto [a visão mental] é o que produz [o que faz surgir] maya. Fome e sede são características da existência [dos personagens]. Alegria e tristeza, impulso e imaginação, nascimento e morte são todos características do corpo [do personagem que se percebe num universo dual...]. Não são características do Universal, do Atma [do Ser Real].

Acreditar [perceber com a mente do personagem] que o Universal [que o Ser Real], que é você mesmo, está limitado e sujeito a todas essas características não-átmicas – isto é maya. Mas lembre-se [bela ênfase de Krishna a Arjuna e a todos os divinos personagens]: maya não ousa aproximar-se de quem tenha Me tomado por refúgio. Para aqueles que fixam a atenção em maya [para os que se fixam na percepção da mente que “vê” maya], ela opera como um obstáculo de vastidão oceânica. Mas aos que fixam sua atenção em Deus [para os que se fixam na percepção da Consciência que “vê” a Realidade], ela se apresentará como Krishna! [E completa Krishna dizendo que...] A barreira de maya pode ser superada, seja por desenvolver a atitude de unidade com Deus Infinito [seja por se ver em unidade com Deus], seja pela atitude de completa submissão ao Senhor [seja por seguir as orientações divinas, como as contidas nesta esplêndida e muito elucidativa revelação divina de Krishna a Arjuna!].

(Do livro: Bhagavad Gita – "O Fluir da Canção do Senhor" – Sathya Sai Baba) [Comentários conforme a linguagem usada no Núcleo]

E para completar, usando a linguagem bíblica, Disse Jesus:

"Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado."

"Permanecei em mim [Ser Real] e Eu permanecerei em vós. O ramo [o personagem] não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira [no Ser Real]. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira [o Ser Real]; vós, os ramos [personagens]. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."

E quanto a tudo o que disse, Jesus revelou:

Já não vos chamo servos [personagens inconscientes], porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos [personagens conscientes], pois [sendo Eu o Ser real que aparece na representação como um personagem consciente] vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai [o Eu Verdadeiro, a Consciência do Ser, a nossa real identidade!]. (João 15:15)

Namastê!

quinta-feira, abril 17, 2014

A experiência da Iluminação

 - Núcleo -


A questão é: Pode um “personagem” se iluminar?

Pode o “Cebolinha” [personagem criado por Maurício de Souza] se tornar consciente de que ele é uma ficção do próprio Maurício de Souza?

Mesmo que o Maurício de Souza escreva um enredo no qual o cebolinha adquira esta consciência (ou seja, se “ilumine”), seria esta uma experiência real do Cebolinha? O fato é que a “experiência de iluminação”, como toda “experiência”, está no campo da “representação”, na qual estão inseridos os personagens do Ser. Assim, a experiência de iluminação ocorre apenas na “representação”. O que todos os que se “iluminaram” descrevem é que eles se tornaram conscientes de que eles não são “personagens”, e que sua real identidade é a de Quem sempre foram, que é o Ser Real, porque nenhum personagem é real.

Se o “personagem” não é real, não há alguém [real] para se iluminar. E Aquele que é o real iluminado (a real identidade de todos os seres, o Real “Autor” dos personagens criados) não está na representação, mas sim em Sua própria Realidade! Assim, a experiência de iluminação é isso: uma experiência que ocorre apenas no âmbito da própria representação e que, então, altera “a fala” do personagem a respeito de Quem ele É e de Quem todos Somos.

O algo a ser notado aqui é que a percepção de Quem Somos não está na “mente do personagem” que estamos sendo, mas sim, está na “Consciência do Ser” que (já) somos. Ou seja, esta percepção está em Quem sempre fomos e sempre seremos; está além da realidade de “quem estamos sendo” (representação, dualidade), pois a realidade de "quem estamos sendo” é uma representação divina e não a Realidade.

Apenas em certo sentido é possível que um personagem se ilumine: no sentido de que ele perceba que não é quem está sendo (personagem) - que é Quem sempre foi “antes que houvesse mundo”, ou seja, antes que existisse a própria representação. “Antes”, não no sentido temporal, mas no sentido de a despeito de haver ou independentemente de haver alguma representação. A percepção é a de que não há um personagem que se ilumina; não há um personagem que percebe Sua real identidade; é o próprio Ser Real Quem Se percebe, como sempre Se percebeu. Na representação vai parecer que um personagem teve a “experiência de que se iluminou”!

Porém, nossa real identidade é a de que somos o Ator, não os personagens! Já somos Quem Somos, somos o Ser Real antes que houvesse mundo [antes que houvesse a representação divina].

O que a “mente do personagem” pensa sobre isso não altera a realidade! Se pensa que a iluminação é possível ou que é impossível; se pensa que é algo real ou não, isso não altera a realidade de que a “iluminação” é uma percepção, não um pensamento. Essa percepção não é do personagem e nem mesmo de um personagem específico. Apenas o Próprio Ser Se percebe e percebe que não há nenhum “outro”, não há nada além de Si mesmo e de Sua Realidade! E a bem-aventurança dessa percepção divina também só é percebida por Si mesmo!

Mas, enquanto identificado como sendo um personagem, ninguém deve se desesperar pensando que não terá a experiência de iluminação. Não pense assim, pois ela é inevitável! É o próprio ato de “pensar” que ativa a percepção da mente do seu personagem e cria a ilusão de separação, a visão dual de que existe o "personagem" e o "Ser", você e Deus... pois só o Ser é real. Enquanto a mente do personagem pensa em termos de “existência” [que significa "ex-sistere", ou seja, algo que está fora] a Consciência do Ser percebe a “seidade”, no sentido de aquilo que É em si mesmo, ou seja, algo que é o próprio “Ser”, e que É em “Si mesmo”; aquilo que É o que É! Portanto, não pense! Simplesmente perceba! Perceba Quem percebe em você e perceberá que não há um “você”, mas apenas Quem percebe... “Aquieta-te e saiba: Eu Sou Deus!”

Perceba apenas: “Eu Sou Aquilo”.
É o que na representação divina percebo, desfruto e compartilho!
Assim seja!
Assim É!


terça-feira, abril 15, 2014

Sobre o fenômeno da Iluminação

Ramesh Balsekar


Participante: O corpo-mente é desintegrado com a morte e é também desintegrado antes da morte, com a iluminação?

Ramesh Balsekar - Não, iluminação não leva a desintegração do corpo. Deixe te esclarecer isso. O que a iluminação faz é desassociar a entidade do dualismo. A entidade não pode remover a si mesma do dualismo. Logo, enquanto o corpo-mente continuar a dualidade ainda estará presente. Entretanto, a duração do corpo-mente, no espaço-tempo é dualidade. O que não está mais presente na iluminação é o dualismo, "eu" como separado da entidade "você". Não existem mais entidades separadas.

Participante: Era isso que estava pensando, que essa parte seria desintegrada, ou destacada.

Ramesh: Correto.

Participante: Quando a iluminação aconteceu a você, você perdeu o interesse no trabalho?

Ramesh - Pelo contrário! Não perdi o interesse. Mas, deixe-me esclarecer, isso foi no meu caso. Em outros casos isso pode ter acontecido, pois todo o interesse cessou. O que resulta da iluminação é impossível de se dizer. Eu não era um escritor anteriormente, mas os livros começaram a surgir. (...) Escrever não era minha profissão, nem um hobby, ela simplesmente aconteceu. (...) As páginas surgiam espontaneamente, e foram seis, sete, oito livros nos próximos oito anos, junto com todos os outros trabalhos. Por isso que nunca disse, serem "meus" livros, isso me deixa um pouco inibido. No fundo eu sei que nunca foram "meus" livros.

Também nunca fui um orador. Pelo contrário, minha esposa sempre me disse que eu em reuniões sociais nunca conversava, quando todos conversavam. Eu lhe dizia, que não tinha nada para conversar. E agora, aqui estou. (...)

Quando o evento impessoal da iluminação acontece, o evento acontecerá de acordo com o que o aquele organismo corpo-mente, e através do corpo-mente. E cada evento será diferente, uma imensa variedade. Logo, aquele que era escritor pode parar de escrever; outros que nunca escreveram passam a escrever; e muitos não fazem nada simplesmente; muitos largam tudo que faziam e se recolhem em lugares isolados.

Participante - O que estou falando é exatamente sobre isso. Eles parecem estar em um estado de ruptura.

Ramesh - Vejo que este estado de ruptura é de curta duração. Mas novamente posso estar cometendo um equívoco. Pode haver uma sensação de ruptura mas ela não perdura. Benção é uma palavra que particularmente não gosto, que cria equívocos de compreensão. A benção verdadeira é a ausência do desejo de bençãos. Essa é a verdadeira benção. Paz, tranquilidade são palavras que eu prefiro. De fato, no estado de iluminação, não se deseja mais bençãos nem nada mais. É a total aceitação. Este é o ponto.

Participante - Então, se pudesse traduzir o estado de iluminação em um só mantra, seria confiança?

Ramesh - Poderia ser. Mas minhas duas palavras seriam aceitação e entrega, que significam a mesma coisa. Mas você poderia usar confiança. 

Participante - Estou aqui para compreender a diferença entre iluminação e consciência em repouso.

Ramesh - O estado de consciência em repouso é um estado subjetivo.

Participante - Isso significa que não existe nada?

Ramesh - Isso significa que tudo existe em potencial. Iluminação é apenas uma condição na fenomenalidade. Não se afaste muito disso. Iluminação é a compreensão na fenomenalidade, do que é o quê. Não existe ninguém se tornando iluminado. A questão da iluminação é apenas um conceito na fenomenalidade.

Participante - Então, o impulso para se iluminar é apenas ser permanentemente inconsciente?

Ramesh - Um impulso de quem? Este é o engano que acontece o tempo todo. Nós pensamos em termos individuais. Você está pensando como um pensador individual. Impulso apenas pode vir do ponto de vista do indivíduo, mas iluminação é apenas a compreensão que não existe indivíduo tentando compreender nada. É uma entrega, onde não existe entrega de ninguém. Logo a compreensão é impessoal, um flash de entendimento mas que não perdura horizontalmente. Não está relacionado ao triângulo sujeito, objeto, acontecimento. É apenas um entendimento puro e simples, onde não há mais ninguém compreendendo.

Participante - Sim, mas existe alguém consciente...

Ramesh - Não! Este é o ponto. Este é precisamente o ponto.

Participante - Isso não faz sentido para mim!

Ramesh - Exatamente! Exatamente! Nenhum sentido para mim! (...)

O que estou dizendo é que o entendimento é vertical, no qual não existe ninguém compreendendo nada; Existe apenas um flash de entendimento, no qual o sujeito desaparece. E você diz que não entende.(...) Este entendimento acontece no tempo apropriado para cada um, e ninguém pode saber quando será. Tudo que posso dizer é que ele não acontece enquanto existirem expectativas, isto é, enquanto existir um "eu" um "mim" esperando por ele.


sábado, abril 12, 2014

"Eu vim para que tenham Vida"

Omraam Mikhaël Aïvanhov


No “Sermão da Montanha” Jesus dirige-se aos discípulos, assim como à multidão de homens e mulheres que o haviam seguido, e lhes ensina a orar. Diz a eles: “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás no Céu...”

Então, reflitamos. O que nos permite chamar um homem de “pai”? O fato de reconhecermos quem nos transmitiu a vida. Os filhos reconhecem no pai aquele de quem receberam a vida, e o pai vê nos filhos o prolongamento de sua própria existência/vida... Portanto, se quisermos saber o que Jesus tinha em mente ao apresentar a relação de seres humanos com Deus como uma relação de filhos para pai, devemos nos debruçar sobre esse imenso e misterioso campo que é a vida. Por toda parte existe vida, toda a natureza vive, todos os seres são vivos, e, no entanto, como são poucos os homens e mulheres que sabem o que é a vida!

Quando estão passando por dificuldades, infelicidades, eles exclamam: “Fazer o que... é a vida!” Entendem a vida como algo exterior, que devem suportar passivamente. Insucessos, acidentes, doenças, sofrimentos, “é a vida!”. Se amaram, casaram-se, e, agora, divorciam-se, então, mais uma vez, “é a vida!”. Não, a vida não é isso. Eles chamam de vida uma sucessão de erros, fraquezas, fracassos, sem se darem conta de que foram eles que produziram essa existência lamentável. O Criador havia prescrito uma outra vida para eles!

Jesus dizia: “O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” De que vida estamos falando? Nós já estamos vivos!... Foram essas palavras de Jesus que me levaram a tantas explorações no âmbito da vida. Leia atentamente os Evangelhos e você verá que Jesus só fala da vida. Por isso é necessário sempre retornar a essa questão da vida, para estudá-la sob todas as suas formas.

Os seres humanos buscam o poder, a riqueza, o conhecimento, o amor... Mas não, é a vida que devem buscar. Vocês dirão: “Mas por que buscar a vida? Já a temos, estamos vivos. O que precisamos fazer é buscar aquilo que não temos.” Vocês estão vivos, é verdade, mas a vida não é a mesma em todos os seres, a vida tem graus. Do mineral até Deus, passando pelos vegetais, os animais, os homens, os anjos, tudo está vivo. Não basta viver, é preciso perguntar a si mesmo que tipo de vida se está vivendo. Por sua conformação física, o homem, naturalmente, leva uma vida de homem. Mas no seu interior a vida pode assumir formas e cores infinitas. A vida a que Jesus se refere e deseja levar a todos os seres humanos é a vida divina, semelhante a uma corrente que brota pura e límpida da Fonte original.

A vida costuma ser comparada ao fluir da água. E quanta diferença entre a água da nascente, no alto da montanha, e aquela que chega à desembocadura do rio, depois de receber todo tipo de sujeira e produtos tóxicos! Essa água de que os homens tanto precisam para viver – mais necessária até que o alimento (podemos ficar mais tempo sem comer do que sem beber) – é uma fonte de regeneração, mas também pode ser causa de morte. Quando um rio chega à planície e atravessa uma grande cidade, ninguém teria a idéia de beber nele para matar a sede. Sim, vejam o Sena em Paris... Não quero nem descrever tudo o que foi atirado nele ao longo de seu percurso. É sempre o mesmo curso d’água, mas não é mais a água pura que brotou lá no alto da montanha!

Pura ou poluída, a água continua sendo água, como a vida continua sendo vida; mas nada é mais vivificante do que a água pura, ao passo que a água poluída traz a morte. Ainda hoje, quantas pessoas não ficam doentes e morrem por ter bebido água poluída!

A Vida brota no seio de Deus e desce para dar de beber a todas as criaturas. Mas os seres humanos não têm consciência do caráter sagrado presente nela, eles sujam a vida de Deus, a água de Deus. Espantados, vocês se perguntam: “Mas como é que poderíamos sujar a vida divina?”. Toda vez que lhes falta sabedoria, amor, desinteresse, é como se estivessem jogando lixo no rio do Senhor. E o rio não protesta, ele aceita tudo, para ajudar os seres humanos.

Guardemos a imagem do rio, pois ela nos esclarece sobre essa unidade infinita que é a vida. Entre a fonte e a foz de um rio, quantas regiões diferentes não foram atravessadas, e que enorme diferença, portanto, na qualidade da água! No entanto, é o mesmo rio. Quando falamos da vida é preciso ter consciência de que nela está abarcada a totalidade das existências. Nada nem ninguém pode prescindir da vida. É dessa vida que se alimentam todas as criaturas, e isso quer dizer que se alimentam da vida umas das outras. Então, não se surpreenda se eu disser que, num nível ou outro, cada um come e é comido.

É muito fácil de entender: quando vocês são tomados por pensamentos e sentimentos egoístas, injustos e maus, é como se tivessem se alimentado nas regiões inferiores da vida. Aceitando esses pensamentos e esses sentimentos, vocês os fortalecem; mas não apenas os fortalecem, pois, como os pensamentos e sentimentos também emitem ondas que se propagam, vocês projetam emanações insalubres que servem de alimento a outras pessoas e mesmo às entidades infernais. Ao passo que quando se esforçam por cultivar pensamentos e sentimentos de harmonia e generosidade vocês não só se ligam às entidades superiores como esse alimento divino vai nutrir outras criaturas luminosas, e é assim que vocês viverão com elas, pois as terão alimentado.

A vida é feita de transformações, de incessantes transferências de uma criatura para outra. Cada um absorve a vida dos outros e, em troca, também os alimenta com sua própria vida. Portanto, sejam vigilantes, sabendo que só depende de vocês o alimento que vão receber e aquele que vão dar, de quem vai recebê-lo e a quem vão dá-lo. Tanto as criaturas angélicas quanto as diabólicas podem alimentar-nos ou se alimentar de nós.

Vocês dirão que os demônios estão no inferno e que é impossível nos alimentarmos deles ou que eles se alimentem de nós... Mas como é que vocês imaginam o inferno? Onde ele fica? Ele também faz parte do rio da vida; apenas não está na fonte, mas na desembocadura, e também é alimentado pela vida divina. Deus é a fonte da vida, foi Ele que tudo criou, e nada nem ninguém existe fora Dele. Todo ser vivo vive a vida de Deus. Assim sendo, devemos aceitar que esses seres que chamamos de demônios também tenham recebido a vida de Dele. Pois eles vivem, não podemos negá-lo, e se Deus não lhes retira a vida, é porque aceita sua existência.

A luz, o amor, a paciência de Deus alimentam todas as criaturas. Naturalmente, as que não permanecem junto a Ele provam-se dessas bênçãos. Mas são elas que se privam, não é o Senhor que as retirou delas. Alguns ficarão escandalizados com a maneira como apresento o inferno e os demônios. Pois bem, não adianta ficar escandalizado, é preciso raciocinar. Se as entidades tenebrosas não obtiveram sua vida de Deus, de quem a receberam? Acaso teriam criado elas mesmas ou a receberam de algum outro criador? Se Deus não é o único dono da vida, isso significaria que tampouco é o dono único do universo, e, portanto, não é todo-poderoso. Vejam só quantas contradições... Portanto, entendam que, se os espíritos infernais receberam a vida de Deus, também se alimentam da vida de Deus. Mas qual é o alimento que recebem? Certamente não é o mesmo alimento dos anjos, mas as cascas, os detritos deixados por outras criaturas à medida que a água do rio se afasta da Fonte; pois nessas cascas ainda sobram algumas partículas de vida lá do alto.

É preciso que isso fique bem claro. Deixando a fonte divina, o rio da vida desce, e ao descer atravessa as regiões chamadas pelos cristãos de hierarquias angélicas, e pelos cabalistas de sephirot. Mas a vida que sai de Deus não se detém aí, compreendendo também, mais embaixo, as regiões designadas pelos cristãos como “inferno” e pelos cabalistas como “kliphoth”, cujo significado é crosta, casca. Essas regiões ainda contêm alguns átomos da vida oriunda de Deus, é preciso repeti-lo sempre, pois não pode existir nenhuma vida fora de Deus. Se houvesse uma vida fora de Deus, é porque haveria um outro criador, e nesse caso teríamos o direito de sair em busca dele: o primeiro não sendo todo-poderoso, teríamos motivo para procurar um outro.

E como essa questão da unidade da criação não foi claramente explicada pela Igreja, diversos homens e mulheres quiseram pôr-se a serviço de Satã para combater o Senhor. Quanta ignorância! Que vitória imaginavam obter? Eles não sabiam que iriam absorver todas as imundícies, todos os restos caídos da vida divina. Mas que benefício, hein!

No plano físico, um malfeitor, um monstro, pode comer o alimento mais suculento e servi-lo a seus convidados. Mas no plano psíquico/sutil só podemos comer ou dar de comer um alimento que se assemelhe a nós, que corresponda ao que somos em nosso coração, nosso intelecto, nossa alma e nosso espírito. Atraímos aquilo que tem afinidade conosco e damos aquilo que emana de nós. E de acordo com a qualidade desse alimento, nos fortalecemos, nos enriquecemos... ou então nos debilitamos.

“O ladrão vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida...”. Por que será que Jesus opõe as intenções do ladrão às suas próprias? O ladrão vem para tomar e Jesus vem para dar. E se ele vem para dar a vida é porque esse ladrão ao qual se opõe vem para tomá-la. Quem é esse ladrão que vem furtar os seres humanos? Na realidade, são muitos ladrões, e dos mais diferentes tipos. Alguns estão do lado de fora, mas muitos estão sobretudo neles mesmos: são os desejos e as ambições que eles se mostram sempre dispostos a satisfazer, sacrificando o que têm de mais precioso: a vida, a vida divina.

Vocês certamente leram no Antigo Testamento a história dos dois filhos de Isaac: Esaú e Jacó. Esaú, o mais velho, passava o dia caçando ou trabalhando no campo, enquanto Jacó se ocupava tranquilamente na tenda. Certo dia, retornando do campo cansado e faminto, Esaú encontrou Jacó preparando uma sopa de lentilha. Incapaz de resistir ao alimento, ele cedeu a Jacó seu direito de primogenitura, em troca de um prato de lentilha. Perder o direito de primogenitura, com as honrarias e vantagens decorrentes, por uma sopa de lentilha – que troca mais desproporcional! Mas trata-se de mais um relato simbólico que precisa ser interpretado.

Aceitando abrir mão de seu direito de primogenitura para poder imediatamente saciar a fome, Esaú é o ser humano disposto a sacrificar o que lhe confere grande valor aos olhos de seu Pai celeste em troca de prazeres imediatos. Devemos entender o direito de primogenitura num sentido bem amplo; não é questão de ir agora dizer aos primogênitos de todas as famílias para não abrirem mão das prerrogativas de sua posição. Estou aqui falando a vocês sobre o plano espiritual, não a respeito do plano físico.

Nas famílias terrenas, existe necessariamente o filho que nasceu primeiro, o segundo, o terceiro, etc., pois estamos no plano físico, e no plano físico, regido pelas leis do espaço e do tempo, há sempre uma ordem uma classificação: um objeto depois do outro, uma pessoa depois da outra; eles não podem apresentar-se todos juntos no mesmo lugar. Mas no plano espiritual, na família divina, os seres humanos ocupam todos a mesma posição. Todos desfrutam, portanto, do “direito de primogenitura”, ou seja, da condição de filhos e filhas de Deus. Depende apenas deles se conscientizarem disso e trabalharem para preservar a sua posição. Só aquele que põe em primeiro lugar seus apetites, seus instintos, perde essa condição de filho de Deus: seu pai não é mais Deus ou o Espírito Santo, mas essa entidade que é chamada por Jesus, nos Evangelhos, de Mammom, e que não passa de outro aspecto desse mesmo Satã que veio tentá-lo no deserto.

A sopa de lentilhas representa a satisfação do estômago, mas fome também é sinônimo de todos os apetites, de todas as cobiças. Quantas outras fomes não impelem os seres humanos a se atirar sobre outras satisfações, fazendo-os perder seu direito de primogenitura, sua dignidade de filhos de Deus! Toda vez que um ser cede a um instinto – gula, sensualidade, cólera, ciúme, ambição, ódio – está vendendo seu direito de primogenitura, sua realeza interior, por um prato de lentilhas, e com isso empobrece, submete-se, torna-se escravo. Ele deu algo de extremamente precioso em si mesmo, partículas da vida divina, em troca de uma coisa que não valia a pena.

E mais tarde, quando Isaac, à beira da morte, quer dar a benção a Esaú, sua mulher, Rebeca, dá um jeito para que Jacó receba a bênção. Quando Esaú chega, é tarde demais; Isaac tinha dado tudo a Jacó, e pode apenas dizer: “Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois agora, meu filho?” Esaú já não é senhor de si mesmo, foi a seu irmão que Isaac deu o trigo e o vinho... O trigo e o vinho... O trigo, de que é feito o pão, e o vinho: será por acaso que aí estão os dois alimentos simbólicos que Melquisedec trouxera a Abraão e que Jesus dará a seus discípulos ao despedir-se deles? Quantas coisas não poderíamos descobrir na Bíblia se soubéssemos interpretar todas essas narrativas e, principalmente, relacioná-las umas às outras!

Ao dizer “eu vim para que tenham vida” Jesus nos obriga a tomar consciência de que nossa compreensão da vida é insuficiente. Nós recebemos a vida e vivemos... Nós a utilizamos, tomamos dela para satisfazer nossos desejos e necessidades, julgando assim nos desenvolver, quando na verdade nos debilitamos. E Deus, que nos deu a vida para que sejamos fortes, belos, poderosos, luminosos, na plenitude, vê apenas seres infelizes, franzinos, pálidos, encolhidos.

Portanto, se há uma coisa que eu compreendi, é que a única ciência que vale a pena ser estudada é a ciência da vida. E gostaria de convencê-los, pois todos os outros temas que abordarão, todas as atividades que empreenderão só poderão realmente proporcionar-lhes algo se vocês tiverem entendido essa realidade essencial: a vida. A consideração que vocês têm por essa vida divina que receberam determina a qualidade do seu comportamento e das suas ocupações.

Os seres humanos se esgotam na busca do poder, do sucesso, do prestígio, do dinheiro. Admitamos que os obtenham (o que nem é garantido), mas desperdiçam sua vida nesse processo, que lhes resta? Eles transformam a vida num meio de obter tudo que desejam, quando, pelo contrário, deveriam considerá-la como um objetivo, valendo-se de todas as faculdades para fortalecer, esclarecer e purificar a vida neles próprios. Em vez de estudar a vida, eles estudam a doença e a morte. A vida é assim por eles debilitada, diminuída. E no entanto, sem a vida nada há. Não nego o valor de certas aquisições, mas é graças à ciência da vida que cada coisa encontra lugar e sentido.

É a vida que alimenta o intelecto, o coração e a vontade. Quando o homem preserva essa vida em si mesmo, seu intelecto compreende, seu coração ama e se alegra, sua força de vontade cria e se revigora. Caso contrário, seu intelecto se entorpece, seu coração esfria e sua força de vontade vacila. Sem a vida não existe mais a possibilidade da ciência, da arte, da filosofia. Por isso é que lhes digo que a ciência da vida é a chave de todas as realizações. Ampliem a vida, limpem a fonte em vocês, para que a água corra mais livremente: poderão então encher os reservatórios e enviar essa vida ao intelecto, que será esclarecido, ao coração que se abrirá para as dimensões do universo, e à força de vontade, que se tornará criadora, incansável.

A vida é como a gasolina em um carro: se não tiver mais gasolina ou se você colocar qualquer outro líquido, ele não andará; porém, não falta nenhuma peça!.... A vida também pode ser comparada ao sangue: o sujeito mais vigoroso torna-se inanimado se for privado de seu sangue. Mas pergunte a alguém: “O que você faz da sua vida? Por acaso pensa em preservá-la, em torná-la mais forte, mais rica?” A pessoa olhará para você com espanto, pois, para ela, preservar a vida significa apenas não se expor imprudentemente aos perigos e se tratar quando estiver doente. No resto do tempo, a vida lhe serve para correr atrás dos prazeres, das aquisições materiais, para ganhar dinheiro ou prestígio. Esse ignorante não sabe ainda que o verdadeiro dinheiro é a sua própria vida. Sim, a vida é dinheiro! E um dinheiro que permite fazer compras em lojas muito melhores que as lojas daqui da Terra.

O dinheiro é a expressão material de todas as possibilidades que a vida nos oferece, sim, mas apenas a expressão material. É necessário aprender a transpô-lo para os outros planos – afetivo, mental, espiritual – para obter nesses planos o equivalente do que podemos obter no plano físico.

A vida é o óleo para a lâmpada, a água para o moinho, a gasolina para o automóvel, a corrente elétrica para a usina, o sangue para o organismo. É ela que permite que tudo funcione. Mas, apesar disso, é a mais ignorada, a mais desprezada. “Como?”, pergunta alguém. “Eu considero a vida o bem mais precioso. Ontem à noite um assaltante me abordou no escuro, numa esquina, ameaçando: ‘a bolsa ou a vida!’ Óbvio que eu entreguei a bolsa.” Muito bem, isto é verdade, quando a questão se apresenta assim, é a vida que escolhemos. Mas em outras circunstâncias não pensamos nela, a desperdiçamos, a depreciamos. É preciso ser posto contra a parede para entender. Antes, porém, as pessoas não têm consciência, desperdiçam a vida na busca de satisfações e vantagens que nunca são tão importantes quanto a vida em si. Para ganhar alguns trocados, para ter o prazer de se vangloriar de alguns sucessos, quantas pessoas são capazes de desperdiçar a própria vida! Em sua balança interior, diante do pouco que ganharam, elas nunca pensam em avaliar os tesouros da vida que perderam.

E para quantos homens e mulheres a vida só tem interesse quando vivida nos excessos! Preferem até matar-se, desde que possam viver sensações intensas... Será que se perguntam se foi para isso que Deus lhes deu a vida, e se não haveria outras maneiras de viver intensamente?... Não, a maioria dos seres humanos tem uma concepção da vida que os conduz à morte, à morte física ou espiritual, e, muitas vezes, às duas. Claro, todos morreremos um dia, mas isso nunca nos deve impedir de estudar a única verdadeira ciência: a ciência da vida. É a vida o que temos em comum com Deus e com tudo que existe no universo. Portanto, é nos tornando vivos que entramos em comunicação com Deus, com todas as criaturas e com o universo.

Querem vocês, então, tornar-se mais vivos? Querem que sua vida se torne mais intensa em suas vibrações, em suas emanações? Entre os milhares de conselhos que posso lhe dar, guarde pelo menos um. Tomem consciência de toda a vida que existe ao redor, e tratem de respeitá-la como uma manifestação da vida divina. Se pelo menos os homens aprendessem a respeitar essa vida nos outros, ao redor deles, já seria um grande progresso. Mas como é que eles consideram uns aos outros? Quando se encontram, será que pensam: “Eis uma criatura que, como eu, contém uma parcela da Divindade; então, devo tratar de respeitá-la, de protegê-la”? Não, não, muitas vezes eles se vêem apenas como sombras ou autômatos; maltratam uns aos outros, procuram servir-se uns dos outros como se fossem objetos ou instrumentos, e quando se sentem demasiado incomodados, um logo trata de eliminar o outro. Mas que vida esperam ter com tal comportamento?

Tornar-se vivo é despertar para as manifestações infinitas da vida ao nosso redor, saudar as pessoas que encontramos, ver nelas a centelha de vida divina, agradecer-lhes por tudo que fazem por nós, às vezes sem que sequer o saibamos. Tornar-se vivo é maravilhar-se sempre, ver sempre os seres e as coisas como se fosse a primeira vez. Sim, isso é tornar-se vivo da vida do próprio Deus. Como esse é o vínculo mais forte que nos une a Deus, para sermos verdadeiros filhos e filhas de Deus devemos trabalhar para tornar divina a nossa própria vida. É possível encontrar a verdadeira religião nas igrejas, mas ela está, antes de mais nada, na vida, cabendo portanto a nós estabelecer uma relação consciente com todas as melhores manifestações da vida.


[2032[1].jpg]

terça-feira, abril 08, 2014

"Deixa os mortos sepultar os próprios mortos"

Omraam Mikhaël Aïvanhov


“DEIXA OS MORTOS SEPULTAR OS SEUS PRÓPRIOS MORTOS”

O ensinamento de Jesus é um ensinamento da vida, um ensinamento da vida divina. A compreensão que tinha da vida é que fez de Jesus um verdadeiro filho de Deus. Fico sempre maravilhado diante da profundidade dessa compreensão, quando ele diz a um homem encontrado no caminho: “Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos.” Se a frase for tomada literalmente, o que Jesus diz é monstruoso, pois ele parece aconselhar que deixemos os corpos de nossos parentes e de nossos amigos sem sepultura... Pior ainda, essa frase não tem o menor sentido: como é que os mortos poderiam enterrar outros mortos?

Ao dizer: “Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos”, Jesus não se referia aos mortos que levamos ao cemitério; é necessário conduzi-los aonde devem estar, e por sinal, ainda que estejam mortos, suas almas continuam vivas. Jesus tinha em mente outros mortos. Pois mesmo vivos os seres humanos trazem algo que, do ponto de vista de Jesus, está morto e os conduz à morte: sua natureza inferior. Sim, as manifestações da natureza inferior devem ser incluídas entre os mortos. E aqueles que tanto buscam satisfazê-las, atender aos seus caprichos, acabam por sua vez por morrer também. Nossa maneira de pensar e o modo como nos comportamos fazem com que nos mortifiquemos ou nos vivifiquemos. Tudo aquilo que em nós não está impregnado da vida da alma e do espírito conduz-nos para a morte.

A natureza inferior do homem está viva, e bem viva, é ela que vemos manifestar-se em tantos livros, espetáculos, jornais e no rádio, na televisão... Mas do ponto de vista espiritual essa vida é na realidade a morte para nós e para os outros. Por isso é que devemos levar a sério o conselho de Jesus. Na cabeça, no coração, quantas pessoas passam o tempo “enterrando os mortos”! Cuidam deles, eles os acompanham... E esses mortos não são necessariamente seres humanos, mas também objetos, idéias, opiniões, sentimentos. Essas palavras de Jesus devem ser compreendidas de todos os pontos de vista e aplicadas em todos os domínios: na filosofia, na literatura, na religião, na arte, na economia, na vida cotidiana.

“Segue-me”, diz também Jesus. Por quê? Para estar vivo. Pois é junto a Jesus que está a vida divina. Na realidade, experimentamos a dimensão da vida e da morte quase simultaneamente. Existem pessoas cheias de vitalidade no corpo físico, mas que estão mortas, pois cuidam de outros mortos. E existem mortos que não deixaram de estar vivos, pois durante sua existência terrestre buscaram em todas as circunstâncias colocar o espírito em primeiro lugar. Esses optaram por seguir Cristo e entraram vivos na morte.

Para optar por seguir Cristo é preciso ter aprendido a localizar onde está o essencial. Ora, os seres humanos buscam satisfação em tudo o que é secundário. Passam a vida entregues a ocupações que nada proporcionam à sua alma e ao seu espírito. Vocês responderão, naturalmente, que a alma e o espírito não podem participar tanto assim das atividades banais da vida cotidiana, nem daquelas que devemos exercer para, como se diz, “ganhar a vida”. Questiono se é tão certo assim... O que fazem as pessoas quando voltam do trabalho ou têm tempo livre? Quais são suas preocupações, suas conversas, suas atividades, suas distrações? Elas talvez não façam nada de realmente repreensível, mas em vez de construir nelas mesmas algo de sólido, de estável, perdem tempo e forças com futilidades. É, portanto, como se deixassem a morte introduzir-se nelas. Tudo que não é essencial é o que Jesus chama de “os mortos”: lixo, restos que devemos jogar fora, pois perderam os elementos da vida divina e espiritual.

Entender o essencial é sentir a necessidade de organizar nossa vida ao redor desse centro, o espírito, essa centelha que nos habita e que é o indício de nossa filiação divina. Dessa forma é que todas as nossas atividades, e até mesmo nossas distrações, contribuirão para alimentar a vida em nós. O espírito que habita no homem não rejeita o fígado, os intestinos ou os pés, sob o pretexto de não serem órgãos ou membros tão nobres quanto ele. Tudo está em seu devido lugar, e o espírito faz uso de tudo. Mas ele permanece no centro, caso contrário, é a morte; e quando a morte está presente, não há mais nada a fazer.

Por que tantos homens e mulheres que se adoravam acabam cansados uns dos outros e se separam? Porque se voltaram demais para os “mortos” e acabaram por morrer também. Se tivessem cuidado de preservar a vida neles, de embelezá-la, de torná-la poética, continuariam a se entender e a se amar. Não quero intrometer-me muito nessas coisas, mas de que serve, por exemplo, a maquiagem nas mulheres? Para dar a ilusão da vida. Elas sentem instintivamente que é a vida que os homens buscam, e acentuando no rosto as cores da vida tentam tornar-se mais atraentes. Pode funcionar, é claro, mas não basta, e, além disso, não dura.

Em certos contos lemos que, para seduzir homens, demônios femininos adquirem, mediante procedimentos mágicos, fascinante aparência juvenil. Naturalmente, os pobres infelizes se deixam apanhar, a ponto de casar com essa encantadora criatura, mas algum tempo depois eles acabavam enlouquecendo e, em alguns casos, perdiam a vida... Até o dia em que um, mais sábio e mais instruído que os outros, se conscientiza da natureza dessa entidade que tem diante de si: consegue quebrar o encanto e a jovem de aparência tão sedutora vira pó, gritando alucinada. Sim, uma metáfora sobre a morte espiritual que procura adquirir a aparência da juventude da vida... Esses contos têm um significado profundo.

Como Deus fez as coisas, como a natureza fez as coisas? Eis as questões que vocês devem estudar, para entender Deus e mesmo imitá-lo. Esforcem-se sempre para colocar o essencial no centro de sua vida e instalar-se no essencial, procurando identificar-se com ele. Então, todo o resto, a família, os amigos, as posses, as ocupações e até as diversões encontram seu devido lugar, pois vocês os associam ao essencial, caso contrário... Enquanto não tiverem entendido sobre o quê edificarem sua existência, nada do que possuírem permanecerá com vocês por muito tempo: sua mulher, seus filhos, seus amigos, suas posses, sua saúde... de uma maneira ou de outra, vocês hão de perdê-los. Faltando no centro essa força que unifica, que preserva, que governa, todos os elementos começam a se dispersar, e nesse momento ocorre a morte espiritual.

Os seres humanos têm seu corpo, vivem com ele, cuidam dele, o alimentam, o lavam, o vestem e até o maquiam, mas não procuram compreender o que esse corpo quer lhes dizer com seus membros e seus órgãos. Pois bem, nesse corpo animado por um espírito eles devem aprender uma lição: como Deus pensou as coisas, pondo seu corpo à serviço de seu espírito; e que se inspirem nessa lição para conduzir sua vida, isto é, que ponham tudo que é material e efêmero a serviço do essencial...

O material e o efêmero sempre terão um papel a desempenhar em nossa vida, mas para que esse papel seja benéfico devemos fazer com que ele participe das atividades do espírito. Quantas pessoas não passam a vida em busca de conhecimentos e aventuras! O resultado dessa busca lhes proporciona, depois de algum tempo, a impressão de estar vivendo a verdadeira vida, mas quando ouvimos falar a respeito, anos depois, temos a impressão de que a experiência foi como areia que deixaram escorrer por entre os dedos.

Os turcos dizem: “até os 40, gastamos dinheiro para ficar doentes; depois dos 40 gastamos dinheiro para recuperar a saúde.” Eu me lembro de ouvir isso quando era jovem, na Bulgária. Essa é a situação da maioria dos homens: valem-se de todos os meios à sua disposição para usar e abusar de seus recursos físicos e psíquicos. No momento, têm a sensação de estar vivendo, Mas não é “o momento” que conta, e sim, anos depois, quando fazemos o balanço de nossa vida. Por isso é que, de vez em quando, é preciso rever nossas escolhas e atividades, perguntando-nos: “O que me proporciona tudo o que escolhi?... Será que não estou enterrando mortos? Que posso fazer para estar vivo?”

Acreditem, a única ciência que realmente vale a pena aprofundar é a ciência da vida, pois funciona como uma chave e abarca todas as outras. Vocês lêem e estudam, isso é ótimo, mas não é a leitura que lhes dará a vida. Em compensação, poderão entender melhor o que lêem se já tiverem avançado no campo da vida. E ainda que passem o tempo ouvindo ou tocando música, por mais bela e inspirada que seja, que poderá proporcionar-lhes essa música? Será que saberão, graças a ela, orientar-se melhor? Não, pois é necessário também um outro saber. Sem a ciência da vida, nada tem sentido. Conseguimos tudo o que queremos sem entender o desejo que nos move e sem saber o que deve ser feito com o que obtemos. Por isso, somos incapazes de aproveitar plenamente mesmo as conquistas mais difíceis.

Ficou claro por que Jesus insiste tanto na vida? Porque é a compreensão dela que nos permite entrar em relação com Deus, nosso Pai. Até então, só podemos ter concepções errôneas do Criador, pois são superficiais. Em vez de buscar Deus em nós mesmos, nessa vida que Ele nos deu, contentamo-nos com o que foi dito por outros a seu respeito, e então pesamos os prós e os contras, levantamos questões, duvidamos, nos perguntamos se Ele existe ou não... Dessa maneira nunca chegamos a nada. Mas faça com que a vida brote em você e nunca mais terá dúvidas sobre a existência de Deus.

Quando um Iniciado, instruído na ciência da vida, vê os motivos de preocupação dos seres humanos e como raciocinam... oh! Ele não fica indignado, não se irrita, apenas sorri... Ainda que alguns sejam muito capazes, eruditos, na realidade são ignorantes. Não têm consciência de que a vida é limitada no tempo e no espaço e está restrita ao que vêem; não sentem que há uma Existência acima da sua, e que é para Ela que deveriam voltar o pensamento. Suas buscas, suas aquisições são tão limitadas! Não lhes dão a mínima noção do que é a verdadeira vida que sai de Deus. Então, um Iniciado sorri gentilmente, muito amistosamente, sem magoar ninguém. Ele vê – e muitas vezes fica triste. Gostaria de ajudar, mas não só elas não o ouvem como se sentem muito satisfeitas consigo mesmas, dizendo: “Nós, os que compreendemos... nós, os inteligentes... nós, os normais... nós, os sensatos...”, e o olham com piedade: quem é esse velho com tantas idéias ultrapassadas?

Mas vocês, que estão numa Escola onde lhes ensinam a ciência da vida, o modo de entendê-la e realizá-la, tratem de levar a sério essa ciência! Ao longo das atividades do dia, procurem colocar-se em um estado de espírito em que a vida divina possa fluir através de vocês, vivificando todas as criaturas e todos os objetos ao seu redor. Quando o homem adquire consciência de que é o depositário da vida divina, a Mãe Natureza o considera um ser inteligente, verdadeiro filho da luz, e começa a amá-lo, abre suas portas e lhe oferece trajes de festa para que ele participe de seus banquetes e de seus mistérios.

O estudo da vida deve prosseguir por milhões de anos, pois é uma ciência sem fim. E é isto que a torna tão apaixonante. Uma vez tendo começado, você sente que jamais poderá parar. Eu escolhi essa ciência para minha profissão. Sim, foi essa ciência que escolhi, a mais desprezada, a mais desdenhada, sabendo de antemão que não encontraria muitos interessados em estudá-la comigo. Então, por que insisto? Porque aquilo que é desprezado hoje será apreciado amanhã. A ciência da vida é essa pedra de que fala Jesus: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular.”

Evidentemente, como eu me concentrei na vida, negligenciei os outros campos; por isso tenho grandes lacunas. Sou ignorante sobre uma série de coisas, mas isso não me preocupa. Se fosse possível, é claro que eu preferiria saber tudo, conhecer tudo, mas precisaria dedicar a isso muito tempo, muita energia, em detrimento da vida. Por outro lado, também cursei universidades, e poderia falar-lhes uma grande variedade de temas, como fazem milhares de professores e conferencistas pelo mundo afora. Só que me sentiria deslocado, fora de propósito, como se não fosse o meu trabalho, o meu dever, a minha vocação, o meu elemento... como se estivesse pisando num terreno que não é meu. Por isso, deixo todos os demais temas aos especialistas e me concentro na vida. Aprender a receber e a transmitir a vida, porque aí está a verdadeira magia.

Vocês jamais lamentarão ter dado à vida o lugar mais importante. Portanto, não esperem que ela os abandone para, só então, buscarem entender o que perderam ao correr atrás de todo o resto. Eu apelo ao Céu apenas isto: que me dê a vida, sem grandes preocupações em ter longevidade, mas apenas essa sensação de pertencer à vida cósmica, à vida do universo, das estrelas. E para poder falar-lhes assim da vida sou obrigado a trabalhar em minha própria vida. Caso contrário, o que poderia transmitir-lhes?

Embora esteja também fora de nós, a vida divina está em nosso interior. E embora não sejam lá muito numerosos, existem na Terra seres que já entenderam a importância e a beleza dessa vida. O que fazer, senão decidir participar do seu trabalho? Pois àquele que busca a verdadeira vida, Deus mostra onde estão os seres que a encontraram, para que possam ajudá-lo e levá-lo com eles. Mesmo em meio às maiores dificuldades, ninguém está completamente isolado. Veja o que costuma acontecer durante uma guerra: resistentes se agrupam em organizações, mudam de nome, passam a usar códigos, para que só possam reconhecer-se aqueles que decidiram lutar juntos pela liberdade de seu país... e acabam triunfando. Pois bem, o mesmo acontece com os filhos de Deus: dispõem de todos os meios necessários para se reconhecer e trabalhar juntos.

E quando houver na Terra muitos seres capazes de viver essa vida divina, ela transbordará por toda parte, como ondas de água pura; será verdadeiramente a nova vida, não só para alguns indivíduos aqui e ali, mas para toda a humanidade. Isso levará muito tempo, claro, mas pouco importa o tempo, é preciso dar início a esse trabalho, o trabalho dos filhos e filhas de Deus. Os filhos e as filhas de Deus só pensam em melhorar a vida, torná-la pura, luminosa, bela, abundante, a fim de propagá-la, distribuí-la, compartilhá-la com todos. Não será deles que Jesus dirá que são mortos ocupados em enterrar outros mortos; não, eles estão vivos, pois trabalham com ele para fazer fluir a vida divina.


domingo, abril 06, 2014

Meditação Matinal

Osho


Primeira coisa de manhã, imagine-se tremendamente feliz. Saia da cama com um humor muito feliz; radiante, borbulhante, expectante; como se algo perfeito, de infinito valor, fosse acontecer hoje. Levante-se da cama com um humor bem positivo e esperançoso, com o sentimento de que esse dia não vai ser um dia comum, que algo excepcional, extraordinário, está esperando por você; algo que está bem perto.

Tente e se lembre disso de novo e novamente durante o dia todo. Dentro de sete dias você verá que todo seu padrão, todo seu estilo, toda sua vibração, mudou.

Quando você for dormir à noite, apenas imagine que você está caindo nas mãos divinas... Como se deus estivesse lhe sustentando, que você está no colo dele, adormecendo. Apenas visualize isso e adormeça. Uma coisa para levar é que você deve prosseguir imaginando e permita que o sono venha, para que a imaginação entre no sono; eles estão sobrepostos.

Não imagine qualquer coisa negativa, porque se as pessoas que possuem uma capacidade imaginativa imaginarem coisas negativas, elas começam a acontecer. Se você pensa que você vai adoecer, você vai ficar doente. Se você pensa que alguém vai ser rude com você, ele será. Sua própria imaginação irá criar a situação.

Assim, se uma ideia negativa vier, mude imediatamente para um pensamento positivo. Diga não a ela. Deixe-a imediatamente; jogue-a fora.

Dentro de uma semana você começará a sentir que você está ficando muito feliz; sem absolutamente nenhum motivo.


quinta-feira, abril 03, 2014

"Livrar-se da ilusão" é Ilusão


OSHO


Haikyu disse: "A ilusão obstrui a Mente; como pode a ilusão ser afastada?"

Obaku disse: "Criar ilusão, livrar-se da ilusão - ambos são ilusões, porque a ilusão não tem nenhuma raiz: ela aparece em razão da discriminação. Se você não pensar nos contrários - tais como comum e superior - a ilusão cessa por si mesma e, então, como você pode livrar-se dela? Quando não há nem a espessura de um fio de cabelo de alguma coisa para considerar, isto é chamado de 'ceder com ambas as mãos' e, assim, receber o estado-de-buda".

Haikyu perguntou: "Não havendo nada para se considerar, como pode alguma coisa ser transmitida?"

Obaku  respondeu: "A Mente é transmitida pela Mente".

Haikyu perguntou: "Se a Mente é transmitida, por que você diz que não há tal coisa como Mente?"
Obaku disse: "Não receber a lei é chamado de 'transmissão da Mente'. Se você compreender o que é esta Mente, isso é a Não-Mente, a Não-Lei."

Haikyu perguntou: "Se não há nenhuma Mente, e nenhuma Lei, como você pode falar sobre 'transmitir' algo?"

Obaku disse: "Quando você me ouve dizer 'transmissão da Mente', você pensa que há 'algo' a ser transmitido, por isso um patriarca declarou: 'Quando você percebe a natureza da Mente, você fala dela como um maravilhoso mistério. A iluminação é inatingível. Quando atingida, você não a descreve como algo conhecido'".

Obaku perguntou: "Se eu o persuado a compreender isto, você acha que poderia?"


Este sutra está relacionado com a religião autêntica, está relacionado com vocês, em sua consciência mais profunda, no florescimento de cada um de vocês como seres individuais.

Haikyu disse: "A ilusão obstrui a Mente; como pode a ilusão ser afastada?"

A questão parece ser relevante e lógica, porque todos os budas, todos os acordados têm dito que a ilusão obstrui a Mente. Eu tenho de lembra-los de uma coisa: os budistas escrevem "mente" com um eme minúsculo, quando eles querem dizer "sua mente". E quando eles querem dizer "a mente universal", eles escrevem "mente" com um eme maiúsculo. Nesta questão, "Mente" com eme maiúsculo significa "consciência" - não é a pequena mente, mas a mente do todo da existência.

O inglês é uma língua pobre, comparada ao sânscrito, especialmente no que concerne à experiência religiosa. O sânscrito possui uma dúzia de nomes de consciência, assim como os esquimós têm doze nomes diferentes para o gelo. Nenhuma outra língua precisa de tantos nomes - os esquimós conhecem as diferentes qualidades, porque eles têm vivido, durante séculos, na neve. Da mesma forma, neste país (a Índia), muitas pessoas têm florescido até o momento em que elas não mais são corpos e não mais estão com a pequena mente, mas se tornaram a mente do universo.

A pergunta que Haikyu está fazendo é relevante: "A ilusão obstrui"... - assim dizem todos os budas - "... como pode a ilusão ser afastada?" Obviamente, ele está pedindo um método, uma técnica. E aí é onde as pessoas ficam perdidas. Você não pode se livrar das ilusões. Você pode se livrar dos seus sonhos? Quando você está sonhando, você pode sair do seu sonho e entrar nele de volta? Você não pode dispersar um sonho, não pode cria-lo, não pode descria-lo, mas pode, contudo, livrar-se dele ao se tornar consciente, simplesmente pulando fora da cama.

Obaku disse para a questão de Haikyu:

"Criar ilusão, livrar-se da ilusão - ambos são ilusões, porque a ilusão não tem nenhuma raiz: ela aparece em razão da discriminação. Se você não pensar nos contrários - tais como comum e superior - a ilusão cessa por si mesma e, então, como você pode livrar-se dela?"

Você pergunta, quando acorda, como se livrar dos sonhos? Uma vez que você acorde, você jamais pergunta - nem uma única pessoa, em toda a história, jamais perguntou. Quando a pessoa está acordada, ela está fora dos sonhos e não existe a questão de livrar-se deles. A própria ideia de "se livrar de" significa que você ainda os tem. Esta é uma afirmação muito significativa de Obaku, de que: "Ilusão é ilusão. Livrar-se da ilusão é ilusão. Simplesmente, fique acordado!" Não há nenhuma necessidade de livrar-se dela.

Ilusão é como escrever no ar, como bolha de sabão.

"Quando não há nem a espessura de um fio de cabelo de alguma coisa para considerar, isto é chamado de 'ceder com ambas as mãos' e, assim, receber o estado-de-buda".

Esta é uma expressão Zen: "dar com ambas as mãos" quer dizer "dar totalmente", não friamente. Suas duas mãos representam a sua totalidade. Sua mente é dividida em duas partes. Sua mão direita representa sua mente esquerda; a mão esquerda representa sua mente direita. Transversalmente, elas estão conectadas.

Assim, isto é um símbolo de totalidade: dar com ambas as mãos - sem deixar nada à parte, sem segurar nada. E um homem que pode dar-se à existência com ambas as mãos, acorda, torna-se, ele mesmo, um buda.

"Ceder com ambas as mãos e, assim, receber o estado-de-buda".

Não seja enganado pela linguagem. É a pobreza da língua que faz com que palavras que não podem ser exatas tenham que ser usadas. "Receber o estado-de-buda"... A palavra "receber" não está certa, porque o estado-de-buda não vem de algum/outro lugar.

Se eu estivesse no lugar de Obaku, eu diria: "Abra as mãos e você é um buda". Seu apego, sua avareza, seu envolvimento são os únicos problemas. Apenas seja tão aberto quanto o céu, e o estado-de-buda floresce no seu ser.

Haikyu perguntou: "Não havendo nada para se considerar, como pode alguma coisa ser transmitida?"

Ele parece ser de uma mente filosófica. Suas perguntas são lógicas, mas a realidade é que o Zen, ou a existência, ou o ser, simplesmente estão presentes, sem nenhuma lógica. Ele está perguntando:

"Não havendo nada para se considerar, como pode alguma coisa ser transmitida?"
Obaku  respondeu: "A Mente é transmitida pela Mente".

Mente com eme maiúsculo. A tradução deveria ser: "A consciência é transmitida pela consciência". Eis o que ele quer dizer ao escrever "Mente" com eme maiúsculo. Quando há silêncio e nenhuma mente pequena, nenhum pensar, nenhum pensamento - quando há espaço aberto -, subitamente dois espaços abertos se tornam unos, sem qualquer esforço. Não há meio de mantê-los separados. Vocês podem manter dois espaços abertos separados?

Haikyu perguntou: "Se a Mente é transmitida, por que você diz que não há tal coisa como Mente?"

Haikyu não compreende a diferença entre a mente - com eme minúsculo - e a Mente - com eme maiúsculo. E o tradutor não compreende nem que, por "Mente" com eme maiúsculo, algo mais pode ser usado: consciência, testemunha, observador. O uso da mesma palavra cria confusão desnecessariamente. Não existe tal coisa como "a pequena mente". Esta é apenas poeira sobre o espelho. Simplesmente, limpe o espelho e ele começa a refletir todas as estrelas e a lua no céu.

O que são seus pensamentos, exceto poeira? Toda noite nós tentamos desempoeirar, tanto quanto possível, porque nós temos estado a acumular poeira durante muitos séculos, durante muitas vidas. Camadas espessas estão assentadas por cima da nossa consciência e, de algum modo, se você não desempoeirar o espelho todo dia, ele ficará coberto de poeira. À medida que o tempo passa, a poeira se acumula novamente. Você tem de limpar o espelho a cada dia. E, no que concerne à sua consciência, você tem de clareá-la a todo momento. Não permita, a nenhum pensamento, assentar-se na sua consciência. Todo pensamento corrompe. Fique sem nenhum pensamento, seja simplesmente uma pura abertura, uma claridade. Isso é o que se quer dizer por meditação.

Obaku disse: "Não receber a lei é chamado de 'transmissão da Mente'. Se você compreender o que é esta Mente, isso é a Não-Mente, a Não-Lei."

É difícil compreender a linguagem, porque a linguagem do Zen é muito especial. Se você está consciente, não há nenhuma mente e não há nenhum dharma - nem há nenhuma religião tampouco. Você é afogado na música do cosmos. Sua pulsação se torna parte da pulsação universal.

Mas o pobre Haikyu parece estar empacado pela sua mente lógica. Ele diz:

"Se não há nenhuma Mente, e nenhuma Lei, como você pode falar sobre 'transmitir' algo?"

Ele continua insistindo repetidamente - ele parece ser absolutamente incapaz de ir além da lógica.

Obaku disse: "Quando você me ouve dizer 'transmissão da Mente', você pensa que há 'algo' a ser transmitido (...)"

Transmitir consciência não é nem transmitir, nem dar: é apenas um meio de se dizer algo inexequível para a língua. Posso olhar dentro dos seus olhos e isto é transmissão. Neste silêncio, eu estou lhes dando, com ambas as minhas mãos, o seu estado-de-buda, não estou dando nada, mas apenas acordando-os.

"Quando você percebe a natureza da Mente, você fala dela como um maravilhoso mistério. A iluminação é inatingível. Quando atingida, você não a descreve como algo conhecido".

A iluminação é inatingível, porque você já é iluminado. Você apenas esqueceu disso. Não é uma questão de atingi-la, mas de relembrá-la. E se quando você a relembra, você não tem nada a dizer sobre ela, porque qualquer coisa dita está fadada a ser errada. Nenhuma palavra pode conter a sua espiritualidade; nenhuma palavra pode conter a sua luz interior; nenhuma palavra pode conter a sua imortalidade.

Obaku perguntou: "Se eu o persuado a compreender isto, você acha que poderia?"

Eu também estou fazendo a mesma pergunta a todos vocês: podem vocês abandonar a ideia de obtenção e apenas ser? Tentar livrar-se da ilusão é ilusão. Tentar obter a realidade, a verdade, também é ilusão. Podem vocês se esquecer de qualquer esforço para atingir, para saber, para perguntar, e apenas ser um ser luminoso? Então vocês terão encontrado o indescritível, o misterioso, a verdadeira verdade da sua existência, o significado e a significância.

Basho escreveu um poema sobre este diálogo:

Separados, meus amigos,
Seremos para sempre.
Como gansos selvagens
Perdidos nas nuvens.

Basho está dizendo que: se vocês pensam com a mente lógica... ficaremos separados dos nossos próprios seres e do ser da existência, que não são duas coisas. Uma gota de orvalho tem em si todo o oceano.