"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, abril 29, 2019

A Arte da Meditação - 13


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 13 - NÃO TEMAS 

“Não temas porque eu estou contigo; não te desencaminharão porque Eu Sou teu Deus. Eu te confortarei e auxiliarei e a destra do meu justo te ampara”. (Isaías 41:10)

Nesse estado de quietude o poder da Graça nos permeia e a Presença de Deus flui em expressão imediata como nossa experiência. Recebemos a dádiva de Deus sem trabalho, sem esforço, sem afetação. 

Confiantes, tranqüilos, permitamos que Deus Se revele, Se exprima. Permitamos que Deus viva nossas vidas, que não haja mais “Eu” e “vós” separados do Pai. 

Em união consciente com Deus a mente repousa. Já não se preocupa com os problemas do “hoje” e do “amanhã”, porque a união da alma com Deus, a conscientização de Deus, revela-o como satisfação de toda necessidade, mesmo antes que essa apareça. Preocupações, receio e dúvida desvanecem e resplandece o verdadeiro significado das palavras “Não temas”. 

Em união consciente com Deus, a Mente Divina funciona como nossa mente, nossa experiência, nossa vida. Então, a mente humana sossega e executa suas funções como veículo do Saber. 

Esse estado de repouso é a mente interior jamais atingida no mundo das facticidades. Mesmo um pensamento, um conceito, sobre a verdade é uma facticidade, motivo por que muitas vezes não conduz à paz, dedicar a mente à repetição de julgamentos estereotipados sobre Deus é uma atitude vã porque Deus é o princípio Creador e só pode ser conhecido quando a mente humana está em silêncio. Não são os pensamentos sobre Deus que resultam em graças. 

Deus é a consciência do ser individual e o Infinito é a medida desse Ser. Nada vos pode ser acrescentado, nada vos pode ser tirado, nenhum bem pode vir a vós, nenhum mal pode alcançar-vos. 

Toda a infinitude do bem está dentro do próprio ser. “Filho, estás sempre comigo; tudo o que tenho é Teu”. Tudo o que Deus é já está confirmado dentro de ti; és aquele ponto na Consciência, através do qual se revela a natureza infinita de Deus. 

Contudo, o bem não pode fluir para ti. Ele se expressa de dentro e flui sobre os que se apercebem de tua consciente certeza da verdade. 

É necessário apenas refrear o pensamento, abandonar toda idéia de angústia e temor; é necessário ficar tranqüilo. Tranqüiliza-te e sabe, na quietude e na confiança está tua força, tua paz, firmeza e segurança; não nos abrigos contra bombas nem nas contas bancárias, mas em Teu Reino, em Tua Paz. 

Nessa quietude, nessa confiança, residem repouso, proteção, cooperação, cuidado e segurança. “Não temas. Eu estou contigo e ficarei até o fim do mundo. Deixa tua carga aos meus pés, solta teu fardo na certeza de que todo o bem está incorporado, abrangente dentro de teu próprio ser. Jamais te deixarei, nunca te abandonarei. Se instalares teu lar no inferno, lá estarei contigo; se vagares pelo vale da sombra e da morte estarei contigo; apenas vagueia sem buscar, quieto, confiante, seguro. Não há paz, não há descanso para os que buscam fora do teu próprio ser. O Reino de Deus está dentro de ti; aceita meu Reino e tranqüiliza-te. Ouve minha promessa: Agora, não amanhã, és filho de Deus; és meu herdeiro juntamente com o Cristo de todas as riquezas celestiais; agora, não amanhã, não ontem. Nada existe para ser conseguido, nem há pesar pelo “ontem”. Há somente esta vivência agora, este instante de repouso em Mim, de confiança em Mim”. 

Todo poder está instituído dentro de vós; não depositeis vossa fé, não tenhais confiança em príncipes, potentosos que sejam. Não temais o que for creado; confiai no Creador. Acaso a creação significará para vós, mais que o Creador? Temeis o que Deus creou? Há outro creador além de Deus e outra creação separada Dele? Não temais o que o homem possa pensar, dizer, fazer, não vos atemorizeis com os inventos da mente humana. 

Os pensamentos dos homens não são Meus pensamentos, disse o Senhor. Não espereis bênçãos, nem temais maldição de pensamentos humanos; o mal que os homens praticam não se eleva além deles mesmos, pois todo mal é autodestruidor. Destrói aquele que o engendra, jamais aquele para quem foi planejado. 

O mal somente é poder para aqueles que lhe conferem poder; de si mesmo não tem mais poder do que a sombra em uma parede. 

Se acreditardes que outros podem ofender-vos e que podeis ofender os outros, sofrereis; não pelo que vos fizeram, nem pelo que parte de vossa própria consciência. O dano sobrevém não dos outros, mas de vós mesmos, pois vós vos extraviastes da Verdade. Abandonai a crença de que o bem ou o mal podem acontecer-vos. Não temais pensamentos ou atos dirigidos contra vós ou contra alguém; não temais quem quer que seja, sobretudo não vos melindreis, não odieis ninguém, pois terríveis são as cadeias do ódio. Deveis compenetrar-vos de que o mal atinge somente a quem o perpetra, que vossa resposta seja sempre compaixão. 

O bem que acaso façais pode ser mal compreendido, considerado fraqueza; que isso não vos preocupe. Não tendes obrigação de provar, nem tendes mesmo o que provar. Deixai que o mundo mantenha seus próprios conceitos sobre Deus, sobre o homem, a religião e a oração. 

“Abençoai os que vos maldizem, fazei o bem aos que vos odeiam, orai por aqueles que maldosamente vos maltratam e vos perseguem”. Orai para que lhes advenha o despertar; nunca os temais, nem manifesteis ressentimento. Nenhum bem vos pode advir, pois já estais nele estabelecido; nenhum mal vos pode perturbar, pois Deus é a medida do vosso bem, a Infinitude de vossa consciência, a pureza de vossa alma. Nada existe fora de vossa própria consciência, se nela não houver mal, não haverá mal operando no mundo. Como podereis determinar se o mal opera em vossa consciência? Aceitais ou reconheceis a presença de um poder à parte de Deus? No caso positivo, o mal existe em vós. Tendes algo a odiar, temer ou por que vos melindrar? Então, estais vendo uma imagem creada dentro de vós mesmos. Ódio, ressentimentos, medos, são apenas invenções do pensamento, resultado de imagens creadas, desprovidas de poder, presença, realidade. Deus é o Creador, Substância e Lei de vossa consciência; o mal nada mais é do que sugestão ou tentação de aceitar outro Creador separado de Deus. Essa sugestão ou tentação deve ser por vós dirigida, até alcançares aquele ponto de quietude em que o Mundo de Deus habite em vós e vós habiteis na consciência da verdade. 

Firmai-vos na convicção de que Deus é o Poder único e verificareis que todas as bênçãos emanam dessa verdade mantida em vossa consciência. Habitai no Reino de Deus estabelecido na Terra; habitai na verdade de que o vosso nome está escrito nos Céus, que sois filhos de Deus, imagem e semelhança do Seu Divino Ser, manifestação de Sua Glória. 

“Eu vim para que eles tivessem vida e a tivessem mais abundante”. Que vossa oração não seja ansiosa, que seja isenta de palavras, pensamentos ou desejos. 

O Espírito da Verdade, o Confortador, jamais vos abandonará, ainda que obstrua todo canal do bem, o Confortador é uma atividade de Deus dentro de vossa própria consciência; como tal integra vosso ser, na proporção de vossa integridade, lealdade, fidelidade. Ele está dentro de vós. “Paz, tranqüiliza-te”, em todas as tempestades de fora, em todos os distúrbios de dentro. Abri a porta de vossa consciência e deixai-O falar; permiti que o Confortador seja vossa própria segurança, vossa provisão, vossa saúde, a harmonia de vosso lar, a paz de vossa vida interior. Viver uma vida espiritual significa habitar na atmosfera do absoluto destemor, indiferente às circunstâncias, “Sede fortes, corajosos, não temais, pois Deus vosso Senhor está convosco. Não vos deixará, não vos abandonará... Ele é o nosso Eu, não temais”. 

Essa é a maior verdade curativa revelada na consciência humana. Para os discípulos, uma tempestade acarretará desastre e morte, mas o Mestre viu somente a oportunidade de serená-los com estas palavras confortadoras: “SOU EU, não temais”. 

Essa mesma confiança permitiu Jesus, frente a Pilatos, dizer: “Não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto”. Foi esse mesmo Poder em José que o fez dizer aos irmãos: “Não fostes vós que me mandastes para aqui, foi Deus... Deus mandou-me antes de vós para preservar-nos a vida”. 

As circunstâncias que vos cercam podem parecer-vos atordoadoras e iminente o desastre, mas Cristo diz: “Sou Eu, não temais”. Tem Deus estranhos caminhos para atrair-vos a Ele; às vezes o que surge como desastre e dissolução de tudo o que parecia mais precioso é o estímulo de vosso despertar para a vida espiritual. 

Jamais considereis uma contrariedade temporária como malogro, falta de demonstração ou compreensão espiritual. Não foi falta de visão espiritual que impeliu Moisés e os hebreus para a experiência do deserto, foi Deus, conduzindo-os a uma compreensão mais elevada do bem. Não foi falta de visão que lançou Elias à solidão, onde faminto, foi servido por corvos que lhe trouxeram alimentos. Era Deus demonstrando a Elias que restaram sete mil que não dobraram seus joelhos ante Baal e que mesmo no ermo “estou Eu contigo apto a armar uma mesa a tua frente, na presença de seus inimigos”. Não foi malogro que impeliu Jesus aos píncaros de um monte para ali ser tentado pelo “diabo”, ou que o levou ao deserto sem alimentos. Foi um meio divino de revelar que não deve o homem estar à cata de provas, nem viver pelo pão somente, mas por toda palavra que procede da boca de Deus (toda energia que sai da Fonte do Infinito – Rohden). Não foi por insucesso que o Mestre foi pregado na cruz, que Pedro e Silas foram encarcerados, que uma víbora subiu na mão de Paulo. Não, foram oportunidades provocadas por Deus para provar a nulidade de tudo o que o mundo chama poder mortífero do mal. 

Jamais considereis as discórdias do vosso lar como aspectos resultantes da falta de compreensão, considereis antes como oportunidades ou circunstâncias que desaparecerão quando já não forem necessárias. Como estímulo para vosso aperfeiçoamento espiritual. Examinai corajosamente toda pessoa ou circunstância que lhes parecer danosa ou destrutiva; em silêncio enfrentai destemidamente a situação e descobrireis que, uma e outra, nada mais são do que imagens de vosso próprio pensamento. 

Reconhecei Deus como a Alma de todas as pessoas e a Atividade em todas as situações. 

Não temais aquilo que o pensamento mortal possa elocubrar ou fazer, uma vez que o pensamento mortal é autodestruidor. Sois o templo do Deus vivo e Deus está em Seu templo sagrado agora. Vossa vida, vossa alma, vossa mente, é habitação da Verdade e se habitais nessa Verdade e permitis que ela habite em vós, nenhum mal acontecerá em vossa habitação. Não temas, mantém a confiança no Reino de Deus. Jamais te deixarei, nunca te abandonarei. Por que toda essa luta? Estou no centro de ti, mais próximo que a respiração, mais perto do que as mãos e os pés. Por que lutar como se tivesses de procurar-Me e buscar-Me? Jamais te deixarei, jamais te abandonarei. Eu te darei água; não te agites, não lutes. Simplesmente, tranqüiliza-te e deixa-Me alimentar-te. Não tentes viver pelo pão, vive por toda palavra, toda promessa da Escritura que se cumpre em ti. Assim como Eu estava em Moisés, estarei também em ti. Tem fé e te darei o maná oculto, invisível ao mundo, incomparável com o senso comum, indefinível ao entendimento humano, oculto nas profundezas do teu próprio ser. Eu tenho o alimento que o mundo desconhece; se Me pedires eu te darei. Renuncia a tua dependência e confiança em pessoas, circunstâncias e Condições. Abisma-te dentro de ti; lá está um alimento que o mundo ignora, lá estão ocultos mananciais de água e maná, tudo incorporado ao teu próprio ser. Elimina o medo, aniquila a dúvida, descansa em Meu Seio, em Meus Braços, em Meu Amor. Acredita, confia em Mim. Não temas.


quinta-feira, abril 25, 2019

A Arte da Meditação - 12


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 12 - POIS ELE É A TUA VIDA 

- “Porque eu não quero a morte do que morre, diz o Senhor Deus; convertei-vos e vivei”. (Ezequiel, 18-32). ... - pois, disto depende a tua vida e a tua longevidade... Deuteronômio 30:20 

- “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse eu vo-lo teria dito...” (João 14:2)

- “O que crê em Mim terá vida eterna”. (João 6:47)

- “E a vontade de meu Pai que me enviou é esta: Que todo o que vê o Filho e crê nele, tenha vida eterna”. (João, 6:40) 

Imortalidade é a realização de nossa verdadeira identidade como ser divino, identidade sem começo nem fim, perpétua e eterna. É o reconhecimento de Deus como Pai e Deus como Filho. Esta não é idéia nova para os que palmilham a senda espiritual; é a pedra fundamental sobre a qual se firma todo o ensinamento espiritual ministrado ao homem. 

A essência desse ensinamento ficou sepultada no conceito de imortalidade, como bem-aventurança eterna após a morte, baseada na falsa premissa de que a morte é parte da creação de Deus contrariando a afirmação do Mestre: “A Morte é o último inimigo a ser debelado”. 

E verdade, cedo ou tarde passaremos todos; cada um a seu tempo deixará este plano de consciência. Os que não têm conhecimento de Deus nem se relacionaram com Ele, podem abandonar seus corpos pela doença, por acidente ou velhice; os que têm correta compreensão de Deus, fá-lo-ão sem esforço, sem dor ou enfermidade. “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. 

Passamos da primeira para a segunda infância, desta para a adolescência e da adolescência à maturidade; diversos estados de consciência, uma das muitas moradas de Deus. Aqueles que aceitam a transição de uma para outro estado como atividade de Deus e não olham para trás, na vã tentativa de apegar-se a estados de consciência já superados, não experimentarão as deficiências da velhice. 

A resistência aos anos que se vão somando como se fossem algo a temer; acarreta muitas das desarmonias associadas à idade. A aceitação normal, natural da mudança que acompanha a transição de um estado de vida para outro, capacita-nos a olhar para diante com alegria e confiança e não com medo e horror. 

Não há diferença no fluxo de Deus agora, neste momento ou daqui a cem anos. 

A Vida de Deus jamais se modifica ou acaba. Ele determinou a cada um de nós um trabalho espiritual e nos conferiu Sua habilidade que nos torna aptos a executá-lo. Enquanto nos restar trabalho para fazer neste plano de existência, Deus nos manterá com vitalidade fortes, moços, sadios, íntegros. Com tal segurança, não confundiremos longevidade e imortalidade; aquela é mera continuação do presente senso físico de existência. 

Não devemos preocupar-nos com o breve espaço de tempo com que transcorrem nossos anos na Terra, mas na expressão de nossa individualidade eterna para sempre a serviço do Pai. Toda transição ocorre para Glória e desenvolvimento de nossa alma individual. 

Aqueles que se aproximam da meia idade ou a ultrapassam, devem insistir em perguntar ao Pai: Que tendes Vós para mim agora? Então, assim como a planta floresce, fenece e torna a florescer, também as velhas experiências dão lugar às novas. Passamos por muitas experiências que operam mudanças, mas a morte não faz parte de nenhuma delas. Cedo ou tarde, na senda espiritual, cada um alcança, em seu desenvolvimento, um ponto no qual compreende que, no percurso do nascimento até a morte, um estado de consciência é substituído por outro; assim, a experiência que chamamos morte é mera transição no decurso da vida. 

Morte, como a entendemos, é interpretação nossa do que testemunhamos, mas os que obtiveram o primeiro e sutil vislumbre de Deus compreendem que DEUS é vida eterna, sem começo nem fim, “que Ele é tua vida e a continuação de teus dias”. Essa visão surge apenas para aqueles que se elevaram acima do desejo egoísta que é manter-se e manter outros em servidão a uma forma familiar de pensamento. 

A lagarta deve emergir de seu casulo para tornar-se borboleta. Tudo e todos atravessam estados transitórios; na evolução e aperfeiçoamento espiritual, cada um por fim se encontrará sentado aos pés do Trono de Deus, de volta ao Lar Paterno. Isso não significa imortalidade da alma e a morte do corpo como usualmente é entendida. Deve o corpo morrer diariamente; as unhas e os cabelos são cortados e voltam a crescer, células do corpo mudam constantemente, e a despeito dessa alteração, a consciência, nossa verdadeira identidade permanece. 

O velho hábito mantido desde a infância incutiu em nós a idéia de que o corpo que nós vemos no espelho ou de que temos consciência, é o EU. E identificamos o corpo com nosso verdadeiro Eu, ao invés de saber que ele nada mais é do que o instrumento para nosso uso, assim como o automóvel é um veículo que nos transporta de um lugar a outro. 

Em hipótese alguma nos identificamos com ele, sentimo-nos separados, à parte do automóvel que utilizamos exclusivamente como meio de locomoção. Assim como o automóvel, o corpo também não é o EU real. Em uma fase ou outra de nossa experiência, abandonamos o conceito de corpo como soma total de nosso ser e aceitamos a verdade de nossa identidade espiritual como Consciência. E a hora vai chegar em que cessaremos de viver como seres humanos; isso não significa que será necessário morrer para alcançar nossa elevação espiritual. 

Não é a morte do corpo que importa, mas a transição que se processa na consciência, referida por Paulo como “morte todos os dias”, para renascimento pelo Espírito. 

“Eu morro diariamente (ego Interior); já não sou eu que vivo, é o Cristo (EU Superior) que vive em mim”. 

Todos os dias devemos conscientemente apartar-nos das leis que governam a experiência humana e reconhecer a Graça de Deus na realização consciente de nossa vida, no Invisível, com o Invisível, pelo Invisível. Nessa firme confiança no Invisível, morremos espontaneamente todos os dias e um dia morreremos compulsoriamente e renasceremos pelo espírito. 

A partir de então, a vida será vivida em uma nova dimensão, inteiramente diversa, deixaremos de permanecer sujeitos às leis da física, viveremos pela GRAÇA. A transição não é substancialmente física, é um ato de consciência. 

Na metamorfose da lagarta o verme se transforma em borboleta, o estado de lagarta evolveu para o estado de borboleta; a transformação se opera na consciência, exteriorizando-se como forma. Ao começarmos a penetrar nessa nova e espantosa idéia perceberemos que esse EU SOU é permanente e eterno. 

No princípio DEUS; a natureza de Deus é a eterna essência que se manifesta como “tu” e “eu”. Deus mantém a continuidade de sua própria existência em sua forma individual, infinita para sempre. Todos os que existiram no princípio existem agora, e os que existem agora, existirão para sempre. 

O corpo é o templo da Vida, assim como o cérebro é o canal através do qual a inteligência se expressa, o corpo é o veículo através do qual se manifesta a vida. Pode a vida separar-se do seu templo? Vida é a substância de que o corpo é formado; portanto é o corpo tão indestrutível como a própria vida. 

Em mim está a força espiritual que funciona de dentro para fora. Eu não tenho força vital; Eu sou a força vital. Ela constitui o meu verdadeiro ser e flui de forma Harmoniosa, Infinita. Consciência é a lei e a atividade de meu corpo. 

Nada poderá jamais deter o Ser que eu sou, pois eu existo independentemente do que o mundo chama de “matéria”. 

Eternidade é a natureza do meu Ser. A atividade invisível da verdade operando em minha consciência renova-me física, moral e financeiramente. Dia a dia, o EU, meu ser invisível manufatura tudo o que é necessário ao cumprimento de minha experiência terrena. Observo o meu corpo que passa da infância à mocidade, dessa à maturidade e da maturidade à velhice. 

Ante essas sucessivas mudanças do corpo EU permaneço o observador impenetrável, inviolável, intato, intocável. Aos nove, dezenove ou aos noventa anos, eu estarei observando todas as alterações do corpo, todas as modificações de sua expressão, sem jamais poder abandonar ou “renunciar a mim”. 

O Eu sempre me governará e protegerá. Este minuto é o único instante que eu posso conhecer; o que passou já não tem existência e o que vai passar ainda não tem. 

Para mim o passado, presente e futuro são “agora”, este “agora” em que estou vivendo. É “agora” que eu tenho vivido sempre e é agora que sempre viverei. Não tem propósito olhar para uma vida daqui a cem anos ou duzentos; “agora” é o único tempo em que eu posso viver.

É “agora”, neste exato momento, que Deus, a vida Única Se expressa. Eu não expresso a Vida; Ela se manifesta como ser individual, indestrutível. A morte não é aniquilação, nada mais é que uma sombra.


segunda-feira, abril 22, 2019

A Arte da Meditação - 11


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 11 - PORQUE O AMOR É DEUS 

O segredo de como viver com os outros é vivermos e mover-nos sintonizados com a Consciência Cósmica. Qual é o segredo de nosso relacionamento com as pessoas, como conseguir que esse relacionamento seja harmonioso? Do ponto de vista humano, relações satisfatórias entre pessoas humanas ou grupos de pessoas, dependem da qualidade da comunicação. Freqüentemente resultam em incompreensão, devido a crença de que há muitas mentes com interesses diferentes, de que podemos tirar algo de alguém ou de que podem tirar algo de nós. 

O Caminho Infinito, contudo, considera esse problema sob luz inteiramente diversa. 

O segredo reside em reconhecer que não somos seres separados uns dos outros, mas que nossa unidade com Deus nos liga a todos os seres. Deus é a Mente individual; a Mente de Deus em mim reverencia a Mente de Deus em vós. 

A Inteligência Infinita está agindo através de vós. Uma Inteligência fala, uma Inteligência ouve; nós somos UM. Estamos de acordo, não porque vós concordais comigo, mas porque Deus concorda com Ele mesmo. Deus é o Espírito Único, portanto em nossa mente única não pode haver incompreensão. Deus fala a Deus, Vida se revela em Vida, a alma se comunica com a alma. Nada mais sou do que um instrumento através do qual a Inteligência Infinita e o Amor divino estão sendo revelados à Inteligência Infinita e ao Divino Amor daqueles que entram no âmbito de minha consciência. No fluxo do amor que transborda de mim para vós e de vós para mim, não há separação. 

As pressões do mundo não só nos separam de Deus como também separam o homem do homem, o homem da mulher, o pai do filho e vice-versa; amigo do amigo, empregado do empregador, etc... O mundo nos fez inimigos naturais uns dos outros e “o grande animal-homem saqueia todos os outros animais”. O caminho do mundo é a separação, o Caminho do Cristo é a Unidade. 

Isaias aprendeu esse sentido de unidade quando disse: “O lobo habitará com o cordeiro e o leopardo com o cabrito; permanecerão juntos o corvo e o leão..., não se ferirão, não se destruirão em todo meu solo sagrado”. 

Amor é o ingrediente essencial em todas as relações satisfatórias. Nosso amor a Deus se manifesta em nosso amor aos homens. Somos Um com Deus e Um com todos os Seus filhos, com nossas famílias e parentes, com os membros de nossa igreja, com os associados de nossos empreendimentos, com nossos amigos. Quando reconhecemos Deus como nosso vizinho, tornamo-nos membros do Lar Divino, santos no Reino Espiritual; há uma completa rendição de si mesmo ao Mar Infinito do Espírito. Os bens de Deus fluem para nós, através de todos os que fazem parte de nosso universo.

Aos que vivem em comunhão com Deus, servindo-O através do próximo, a promessa é literalmente cumprida: “Tudo que Eu tenho é teu”. Desvanece o desejo por algo ou alguém; pessoas e coisas tornam-se parte do nosso ser. O que abdicamos, temos; o que abarcamos com a garra da posse, perdemos. Atraímos aquilo que renunciamos, conservamos aquilo que perdemos, tudo o que deixamos livre liga-se a nós, para sempre. Não devemos manter ninguém em servidão por dívida de amor, ódio, temor ou dúvida. Não devemos reclamar amor de ninguém, devemos, ao contrário, convencer-nos de que ninguém nos deve. Somente quando nos considerarmos devedores de uma obrigação, sem mantermos quem quer que seja como nosso devedor, somente então poderemos considerarmo-nos livres, deixando o mundo que nos cerca, livre. 

O transbordamento dessa experiência alcançará outros que são também instrutores de Deus e estes permutarão conosco vibrações superiores auridas na mesma Fonte Infinita. Se reclamarmos amor de alguém, essa atitude de exigência obstruirá; limitando o fluxo de amor para nós. Mantendo nossa União consciente com Deus, pela compreensão de que “Eu e o Pai somos UM”, desobstruiremos o canal, através do qual a Atividade de Deus flui para nós, por meio de todos os que são receptivos e respondem ao impulso divino. 

Nosso contato com Deus determina nosso contato com todas as pessoas ou lugares, do modo que possam desempenhar um papel no desdobramento de nossa experiência diária. 

Todo o Universo – e somente pessoas e lugares que nos cercam – são veículos que nos conduzem a essa visão de Unidade. No mundo, onde quer que haja um bem ele encontrará um caminho para derramar-se sobre nós. O bem que nos invade vem da Graça que fluirá indefinidamente “se não interferimos no planejamento, segundo o qual ela deverá manifestar-se”. 

Compreendendo que Deus é o Doador Único de todos os bens, devemos ater-nos a aceitar apenas aquelas coisas que são nossas, por direito humano; se tivermos de arrostar algumas ações pelos tribunais de justiça, naturalmente tomaremos os cuidados humanos necessários para conduzir a demanda e apresentar nosso caso da melhor maneira possível. 

No entanto, nossa fé e confiança não devem repousar no tecnicismo dos processos legais, mas em Deus, Fonte de toda justiça. Juiz, jurados, advogados, testemunhas serão considerados meros instrumentos para exprimirem a Justiça de Deus. 

A atitude dos outros para conosco é problema deles, agindo de acordo com o bem ou contrariamente a ele, a colheita lhes pertence. Os outros só têm possibilidade de fazer-nos algum mal, se interesseiramente estivermos esperando deles algum bem. 

Desde que nos tenhamos submetido ao governo, isto é, ao controle de Deus, ninguém poderá fazer-nos mal. 

Contemplando sempre o Pai dentro de nós, os pensamentos e obras dos homens não conseguirão atingir-nos. 

Somos responsáveis exclusivamente por “aquilo que fazemos” aos outros; nesse particular, nossa conduta deve sintonizar com o grande mandamento: “Ama a teu próximo como a ti mesmo; ama a teus inimigos, perdoa a setenta vezes sete”. Ora por aqueles que maliciosamente se aproveitam de ti, jamais temas ou desprezes os que agem contrariamente à Divina Lei; rejubila-te com aqueles que permitem a Deus empregá-los como instrumentos do bem. Estamos em contato com uma humanidade de muitos níveis; elementos bons, elementos maus, alguns mesmos intoleráveis. 

Assim, diversos são, no gênero humano os estados de consciência. Viver meramente com recursos próprios, potenciais, ocultos, inconscientes da verdadeira identidade, torna a vida uma luta sem tréguas e sem esperança, contra adversidades insuperáveis; má saúde, poucas rendas, elevados tributos. 

Para encobrir seus insucessos, muitos assumem atitudes jactanciosas, a fim de mascarar seus desapontamentos e frustrações. Essas pessoas têm fome de amor. E como desejam ser amadas? Antes de tudo, sendo compreendidas; muitos de nós estamos convictos de que ninguém nos compreende. Se nossos amigos e parentes realmente nos compreendessem, eles nos perdoariam mais. Cada vez que nos pomos em contato com pessoas de diferentes níveis, a nossa atitude deve assemelhar-se a do Mestre: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”, não despertaram para sua Cristificação. 

Não obstante as aparências, Deus é seu verdadeiro ser, a única Lei que os governa e suas qualidades são de Deus, Há somente UM, exclusivamente UM SER Infinito. Assim como há somente uma vida, a Vida de Deus permeando nosso jardim, expressando-se de vários e diversos modos. Ainda que nossos amigos e conhecidos possam contar-se às centenas, há uma só Vida Única a manifestar-se, individualmente, lembrando-nos que nosso ser é Um com Deus nada temos a temer; nessa Unidade não pode haver discórdia, desarmonia e injustiça. 

Nosso senso de benevolência resulta da compreensão de que ninguém nos pode causar dano por causa da graça de Deus que mantém e sustenta nosso parentesco com o Pai em toda e qualquer circunstância. 

Há um fio invisível unindo-nos todos uns aos outros; esse fio é o Cristo. Se estivermos atados por laços materiais de qualquer natureza, cedo eles se tornarão frágeis sejam eles de sangue, casamento, membro de organização ou qualquer forma de obrigação humana. Se forem de natureza estritamente material, causarão tédio. Somente quando o Amor por trás de todos esses laços for suficientemente puro a ponto de esvaziar-se de todo desejo egoísta, somente então as relações serão satisfatórias, permanentes, reciprocamente benéficas. Não há amor verdadeiro, duradouro, em qualquer forma de parentesco no qual Deus não entre. Não há milagre de amor em nenhum casamento em que Deus não seja a pedra fundamental. Se conhecermos o amor de Deus, conheceremos o amor do homem. 

O amor por Deus é rendição completa na união mística entre Pai e Filho. “Deus, tudo o que eu tenho é Teu, assim como o que Tu tens é meu, meu tempo, minhas mãos, minha vida estão a Teu serviço”. Se as pessoas experimentassem essa completa rendição a Deus tornando-se UM com Ele, ao sobrevir a época do casamento humano ambos passariam a manter uma genuína modalidade de relacionamento e as palavras da cerimônia nupcial tornar-se-iam realidade: os dois formariam UM. 

O Lar é a expressão da consciência dos indivíduos que o habitam; é formado na atmosfera da consciência daqueles que o estabelecem. Há casa em que não há amor, nem ódio, pecado ou pureza, doença, nem saúde. 

Se, porém os membros dessa casa permitem que suas consciências sejam invadidas por pensamentos de pecado, moléstias, limitações, carências, desconfianças ou temores, então a discórdia, a desarmonia, o empobrecimento nela reinarão. Por outro lado, se a consciência dos que a compõem exprimir amor, compreensão, tolerância, fé, esperança, esse lar se tornará santuário. Nele se edificará a visão da Nova Jerusalém; uma cidade sagrada, governada pelo amor. Verdade é que muitos podem levar todo o lar para o Reino doa Céus. 

Pode acontece que sejamos bem sucedidos em converter nossa casa naquela “cidade sagrada”; podemos, contudo manter-nos resolutos na via da Cristificação de todas as pessoas que convivem, não exteriormente pregando com uma infinidade de palavras insignificantes, porém mantendo o “silêncio” de nossa integridade espiritual, e contribuindo para que nossa vida constitua um testemunho vivo da Verdade. 

O Mestre assim procedeu com seus seguidores, abismando-se no silêncio do Seu próprio Ser e não hesitou em afastar-se das multidões que O oprimiam, para buscar Deus na solidão dos seus retiros. Nós também podemos fazer esses silenciosos períodos de renovação cedo, pela manhã, à tarde, à noite, de madrugada ou a intervalos durante o dia; estabelecendo breves pausas nas exigências da vida familiar e mundana. 

Nossa realização da Verdade se exterioriza em harmonia e paz. Em nosso lar; o Verbo se fez carne. Se nesses períodos de silêncio, Deus não entrar em nossas relações com a família, todos os nossos esforços, todo o nosso trabalho para edificar o lar podem frustrar-se. A água material, o pão ou o vinho que passamos a dar aos membros da família, o serviço, não satisfazem; logo voltarão de novo a sentir fome e sede. 

É somente em proporção do reconhecimento de nossa Cristificação, da nossa verdadeira identidade que membros do nosso lar serão capazes de receber “as águas vivas”. “Jamais terá sede aquele que beber da água que eu lhe der”. 

Cumprindo nossa parte Deus cumpre a Sua, infundindo paz às consciências. Estando conscientemente certos de nossa união com Deus, dirigindo-nos ao “Pai em nós” como Fonte de todo o bem, nossas relações com os outros serão puras, completamente livres de qualquer coisa que eles tenham. Uma relação espiritual se manifesta como participação, cooperação, doação. É como presentear nossos filhos, irmãos ou amigos sem nenhum interesse de retorno, sem nenhuma razão; não porque eles mereçam, mas pela alegria de expressar amor. 

Quando nossas relações se basearem, não no que ganhamos dos outros, mas no que jaz em nossos corações, para dar ou compartilhar com os outros, não somente dinheiro, mas todos bens da vida – cooperação, compreensão, confiança, perdão, ajuda – então e só então, aquelas relações serão permanentes, puro Espírito, verdadeiro oferecimento de nós mesmos. “Porque o Amor é Deus”.


quinta-feira, abril 11, 2019

A Arte da Meditação - 10


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 10 - O LUGAR EM QUE ESTÁS

“O lugar em que estás é uma terra santa” (Êxodos 3:5)

“Nunca ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, nenhum olho viu, exceto Tu, ó Deus, o que tens preparado para os que Te esperam”. (Isaías, 64: 4)

“Indicar-me-ás as sendas da vida, a plenitude junto de Ti, as delícias à Tua direita eternamente”.  (Salmos 16:11)


Onde quer que estejas neste momento estás em lugar sagrado. Ciente disso - poderás descansar e deixar que o Pai te revele o Seu plano; Deus, o Pai é infinito e essa infinitude se manifesta através de nós como nossa atividade, seja como pastor, médico, advogado, enfermeiro, professor, curador, dona de casa, mecânico, etc... 

Talvez não seja de nossa preferência o lugar que nos foi destinado, mas se ao invés de dar murros em faca de ponta considerarmos que Deus está executando Seu plano na terra e que aqui estamos exclusivamente para expressar Sua Glória, nada haverá limitado, confinado ou finito sobre nossa vida ou nossa atividade. Sendo Infinito, o Pai se manifesta infinitamente. 

Não temos o direito de interferir no plano divino; é nossa responsabilidade começar onde nos achamos, compenetrados de que é sagrado o lugar em que estamos: prisão, hospital ou elevada posição. Aí, permanecemos até que Deus nos remova. Interferimos no plano divino quando permitimos que o “pequeno eu” (ego) decida como deve fazer, em vez de deixar que o Cristo determine nossa atividade. Nada trará tão copioso senso de vida como a compreensão de nossa própria integração em Deus, não em Jane, Jim ou Joel. Essa integração se manifesta como harmonia e abundância de Jane, Jim ou Joel, sem façanha pessoal deles. 

A sabedoria do Pai se expressa através de toda pessoa que lhe permita operar em sua experiência pelo reconhecimento de sua unidade com o Pai. Não é tão difícil tornar-se o que o mundo chama de “cavador”, alcançando posição de importância e influência e desse modo, magnificar, glorificar o senso pessoal do “eu” (ego). 

Muito mais difícil é aguardar que o mundo venha a nós, mas, se compreendermos que o Cristo é a Mente real do nosso ser, a verdadeira alma, a verdadeira sabedoria, o verdadeiro amor, verificamos que tudo e todos gravitarão em torno daquele Cristo e nossa atividade será exposta à luz. 

Se, contudo, em nosso egoísmo, acreditamos que nosso sucesso depende ou resulta de nossas qualidades e esforços pessoais, verificaremos quão efêmero e vão ele é. Aguardávamos tanto e veio tão pouco, porque contamos com nosso próprio intelecto, nossa sabedoria, nossa espiritualidade, em vez de contarmos com Deus – o Infinito Invisível, origem e Fonte de nosso ser. 

Interiorizando-nos não nos dirigimos à nossa própria espiritualidade, bondade, força ou conhecimento; interiorizando-nos no Infinito Invisível observamos que a única indestrutibilidade flui através da natureza espiritual do nosso Ser e da capacidade de deixá-Lo manifestar-se e exprimir-Se em qualquer caminho que Ele siga. 

Nessa tranqüilidade, ante a visão de nossa unidade com o Pai, Deus derrama seus bens através de nós. Observaremos que, sem esforço, sem cansaço, as folhas se estenderão, germinarão as sementes e que dedicando-nos tranqüilamente ativos ao trabalho cotidiano que nos foi confiado, fatalmente a frutificação sobrevirá. 

Cada um de nós tem uma modalidade de trabalho a executar hoje; se hoje a executarmos sem nos preocuparmos com o amanhã, conscientes de que Deus através do Cristo invisível de nosso ser está sempre fluindo em nós Sua essência, Sua substância, Sua bondade; no dia seguinte algo mais nos será dado fazer. 

Amanhã poderá haver outra atividade, outro trabalho para nós; ninguém poderá cumprir por nós nossa tarefa. Com a realização do Cristo, sua atividade jamais poderá ser impedida, retardada ou ocultada. 

Deus tem o meio de superar todas as obstruções, nada pode evitar que a frutificação surja em nossa vida quando o tempo é chegado. Então, a força de Deus se exprimirá tão inexoravelmente como acontece com o nascituro expelido do útero, chegada a hora de entrar em cena. 

Quando auscultamos aquele Eu profundo dentro de nosso ser, deixamo-nos levar pelo Espírito, então contemplamos a mão dadivosa de Deus, ao nosso alcance, manifestando-Se e depositando Sua Glória em nossa experiência como se fosse atividade nossa. Testemunhamos a presença de Deus ofertando-nos Seus bens que fluem, não de fora, mas do Reino que está dentro de nós. 

Passo a passo, o Cristo nos guia de uma atividade a outra. Pode levar-nos do mundo dos negócios ao mundo da música ou do mundo dos deveres de família ao ministério da pregação e da cura. O Cristo pode fazer de nós o que lhe aprouver; Ele não tem ocupação favorita, já que nenhum encargo é mais espiritual do que outro quando ambos são de natureza construtiva. 

Todos são iguais aos olhos de Deus. A vida pela Graça é vivida segundo o conhecimento de que o amanhã não nos concerne, concerne a Deus. 

A Graça de Deus não presenteia sucesso ou felicidade parcial, nem exige o que não pode ser cumprido. Deus nos encarrega do trabalho; Sua Graça provê a compreensão, a força e a sabedoria para executá-lo. 

Tudo o que se torne preciso para o cumprimento da tarefa, seja transporte, dinheiro, livros, pessoas, mestres ou ensinamentos, aparece. O que surge pela Graça tem de ser cumprido. 

E porque temos mais, mais de nós é exigido; podemos atender a todos os pedidos que nos são feitos, se nos compenetrarmos de que o pedido não é feito a nós, mas “Àquele que nos enviou”, “De mim mesmo nada posso fazer, mas o Pai dentro de mim é solícito a todas as demandas”. 

A Graça divina capacita-nos a executar tudo que é necessário e no devido tempo, inclusive livrar-nos da carga para que Deus a ponha sobre os seus ombros. Quando Deus assume um encargo, Ele o faz definitivamente, de modo que não haja recorrência. 

Deixemos que os dons do nosso Espírito fluam sobre as multidões, jamais as procuremos. Não devemos andar pelas estradas tentando encontrar alguém, mesmo que pertença a nossa família, a fim de transmitir a força desse Dom, porque se o transmitirmos a indivíduos não receptivos nós mesmos ficaremos decepcionados. 

Esperemos que as multidões venham a nós ainda que elas consistam em uma única pessoa. 

Sentemo-nos quietamente em nossa casa ou em nosso escritório, com o dedo nos lábios, mantendo nosso “tesouro” oculto ao mundo. 

Os que forem receptivos perceberão a luz em nossos olhos, o sorriso em nossos lábios. 

Quando vierem, um por um, recebamo-los como se fosse a multidão; ofereçamos o que eles estão procurando, suavemente, gradualmente, com amor, com alegria, com o poder da autoridade. Podemos buscar no Infinito do nosso ser e algo brotará; palavras de verdade, de compaixão, de proteção, de amor, de camaradagem, tudo isso fluirá do Cristo dentro de nós. Renasçamos na consciência espiritual da natureza infinita de nosso ser. Seja essa a nossa oração: Eu vos agradeço Pai; EU SOU. Eu Sou aquilo que andei buscando. Tudo está latente dentro de meu ser; basta-me deixar que flua e se manifeste. Nada me pode ser acrescentado, nada me pode ser tirado. Eu tudo posso fazer através do Cristo que me fortalece... Eu vivo; não Eu: é realmente Deus que vive em mim... Deus executa os trabalhos que me foram atribuídos; Eu sou aquele canal através do qual Deus faz fluir para o universo Seus Infinitos bens, valendo-se de mim como instrumento, como veículo. 

Meu único propósito na vida é ser testemunha da Glória, da Grandeza, da Infinitude de Deus; manifestar a Obra Divina. Deus é Pai, meu ambiente, meu patrimônio. O Eu que Eu sou não é limitado por senso algum de consciência, subconsciência ou superconsciência: é limitado apenas pelas limitações impostas por Deus, mas Ele é Infinito, elas não existem. Tudo o que a consciência cósmica é, ecoa dentro de mim para este vasto mundo. “Eu vim para que a palavra fosse cumprida”, vou preparar um lugar para vós. Aquele Eu do meu ser, o divino eu prepara o caminho. 

Meu Pai celestial sabe que eu necessito dessas coisas e prazerosamente as concede; não é preciso que eu peça, me esforce, lute, litigue para obtê-las. É direito meu por herança divina. Desperto pela manhã, confiante, jubiloso, ante qualquer trabalho que me seja dado executar. 

Seja qual for eu faço, não para ganhar o sustento ou cumprir um dever oneroso; faço-o com alegria e contentamento, deixando que ele se desdobre como atividade de Deus, a expressão através de mim. E o fluxo não estancará, enquanto considerarmos o Cristo como fonte, origem de todo o bem. Enquanto depositarmos nossa inteira confiança na Presença Divina dentro de nós, tornamo-nos aquele ponto através do qual Deus resplandece para o mundo; e voluntariamente aceitamos nosso papel de canal pelo qual o bem encontra passagem para o mundo em vez de olharmos para o mundo esperando que dele flua o bem para nós. 

A natureza divina derrama-se dentro de nós e de nós para aqueles que nada sabem sobre a unidade de Deus. O homem espiritual descansa em sua união com Deus e permite que se manifeste a infinitude de Seus bens; jamais deve buscar, desejar ou querer algo para ser servido. 

Quanto mais procuramos assemelhar-nos ao Cristo, tanto mais nos tornaremos servos; servimos como um canal através do qual Deus alimenta seu rebanho. Tornamo-nos a estrada, o canal pelo qual, em expressão visível, o Bem Espiritual Infinito se difunde.


segunda-feira, abril 08, 2019

A Arte da Meditação - 9


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 9 - A PRATA É MINHA 

“Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos”. 

“A glória desta última casa será maior do que a primeira, diz o Senhor dos Exércitos”. (Ageu 2:8, 9)

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”. (Salmos, 127:1)

“A menos que o Senhor construa a casa”, a menos que Deus seja considerado a Fonte que nos abastece, não haverá abastecimento permanente. Essa é nossa consciência individual que permanece infecunda enquanto subsistir como consciência humana, obscurecida. Falta-lhe, então, a substância espiritual, da qual o abastecimento flui. “Muito semeastes, porém, pouco colhestes; comeis, mas, não vos saciais; bebeis, mas, continuais a ter sede; vós vos vestistes e não vos aquecestes, e o que ganha o salário ganha-o para pô-lo em uma bolsa furada. “Isso tudo é verdadeiro para vós, de consciência sem luz”. 

Como seres humanos, todos nós semeamos muito e colhemos pouco; trabalhamos arduamente e nada cumprimos, ganhamos muito e, comumente pouco guardamos, porque tudo proveio de uma consciência empobrecida, estéril, infecunda. 

Ao que parece depende da consciência humana apenas, tudo que for construído, os resultados não serão duradouros. Comemos e de novo temos fome, bebemos e outra vez temos sede; imiscuímo-nos em todas as atividades da vida humana, porém nada perdura. 

Em vão, levantamo-nos cedo, deitamo-nos tarde, para amontoar provisões... Assim disse o Senhor dos Exércitos: “Contemplai vossos caminhos”, a água da vida, o pão da vida, substância e sustento material, estamos construindo para cada um uma ciência espiritual, uma consciência da verdade. 

Reconheçamos agora que a prata, o ouro, a terra e toda a sua abundância são do Senhor, o EU dentro de nós se abastece dos recursos invisíveis do Espírito, não tirando algo de outrem, não repartindo o que já existe no mundo, nem drenando recursos visíveis da terra. 

Agora o fornecimento é extraído de dentro de nós, do depósito invisível em nosso ser. Nossa consciência individual é a mina do desdobramento espiritual infinito; no momento em que começamos a drenar esse depósito inexaurível, que jamais considera o que ocorreu no mundo visível, cessamos de nos preocupar com o muito ou com o pouco que temos ou se é de prosperidade ou depressão a corrente econômica do mundo. Concedemos Deus infinita liberdade, ilimitada em sua manifestação, quando nos compenetramos de que a terra, a prata, o ouro são do Senhor. 

É somente, quando procuramos participar dos bens do mundo acreditando que a terra, a prata, o ouro são posses pessoais, pertencentes aos seres humanos, que nós nos limitamos. Insinua-se um senso de finitude e, não obstante, o número, a quantidade de bens adquiridos, comumente, deles nada sobra. Compreendendo que “a prata e o ouro não são nossos”, abastecemo-nos em uma Fonte Inesgotável em que tanto mais sobra quanto mais nela nos absorvemos, estando em Deus estaremos com infinitude do abastecimento. 

Sentimos carência ou somos supridos, segundo o estado de nossa consciência, o que quer que surja em nossa vida, deve surgir “em conseqüência da força da Verdade em nossa consciência”. 

Se mantivermos “amanhã” o mesmo estado de consciência que “hoje” temos, não podemos aguardar resultados diferentes. 

Para gozar “amanhã” uma experiência mais satisfatória, é mister que a Verdade expanda “hoje” sua atividade em nossa consciência. 

Começando a compreender que Deus é nossa consciência individual e que Deus é Infinito, percebemos a verdadeira natureza do suprimento como algo invisível; já não julgamos pelas aparências, segundo a quantidade do que possuímos nem jamais estaremos em situação de falta do necessário. 

Durante guerras ou depressões súbitas, ou durante um período de esforço ou tensão, poderá haver ausência temporária das formas de abastecimento, como aconteceu aos hebreus durante sua jornada do Egito à Terra da Promissão. 

Mas, com a noção de que o suprimento vem do Infinito Invisível aparecendo como forma “os anos de escassez”, pronto se restaurarão e Ele aparecerá, onipresente, abundante. 

Podemos drenar tudo de nossa cristificação, de acordo com o grau de compreensão dessa Verdade. Pode uma multidão clamar por alimentos e não haver armazém ou depósito que os forneça uns poucos pães e uns poucos peixes. Como poderão ser supridos? Como seres humanos a alternativa é a inanição; como seres em Cristo, dirigimo-nos ao Pai em nós e extraímos das profundezas da infinitude de nosso próprio Ser o suprimento que seja necessário. 

De nosso messianismo, a natureza infinita de nosso ser, podem brotar milhões de palavras, milhões de idéias e por que não, milhões de dólares? Qual a diferença? A Fonte é a mesma, a Essência é a mesma; no princípio era Deus e Deus era o Espírito, tudo o que surge provém do Pai, do Espírito. 

A plenitude infinita plenifica o espaço. Tudo o que é necessário a meu aperfeiçoamento é exatamente que o significado desse conhecimento se fixe em minha consciência. 

Não mais dependerei de quem quer que seja; não mais estarei à mercê de minha própria capacidade ou de meus próprios recursos. 

Existe ALGO além da minha sabedoria, de meu poder; é um Sustentáculo sobre o qual posso descansar, inteiramente confiante, Dele recebendo todo o necessário à minha realização. 

A presença desse Espírito em mim se manifesta como água quando dela necessito, ou como pão; esse Espírito é a essência, a substância de tudo o que precisa manifestar-se; é uma lei, não escrita, operando fatalmente como lei de atração. 

Em repouso, confiante, seguro, em um pilar do Cristo. A prata é minha, meu é o ouro (do Deus em mim); Deus é o depósito eterno de todos os bens; eu me dirijo internamente àquele Depósito Infinito e observo os bens de Deus que fluem e se manifestam. 

Não se preocupa a forma que eles fluem, nem me cabe dirigir-lhe o fluxo, pois meu Pai Celestial sabe das coisas que eu necessito, antes que lhe peça eu extraio meu fornecimento do depósito invisível, dentro de meu próprio ser; Eu, dentro de mim, exteriorizo os invisíveis recursos do Espírito. 

Deus é o Ser Infinito, a Fonte Inesgotável, expressando-se, fluindo através de mim, através dos canais finitos. O Bem está aqui e agora, onde eu estou; eu não vivo do maná que cai ontem, a falta ou abundância do maná de ontem, não determina a quantidade de meu abastecimento hoje. 

Também, não devo viver preocupado com o maná de amanhã. 

Na consciência da Onipresença de Deus não há amanhã, não há espaço, não há tempo. Há apenas o eterno agora e o solo sagrado da Infinitude de Deus; neste momento e neste lugar, o maná cai, abundantemente. 

Todo bem flui do centro do meu ser, satisfazendo todas as minhas necessidades, purificando-me com “água viva”, o pão da vida e o alimento que não se deteriora. É necessário comer e beber dessa verdade, digeri-la, assimilá-la, torná-la parte de vosso ser, até que um dia, uma semana, um mês, um ano, possais apreciar sua frutificação, no desvanecimento da dúvida, na firmeza interior. 

A vida se torna inteiramente diversa, uma vez aprendida a visão da grande verdade que “a Palavra que procede da Boca de Deus é a essência de nossa vida, nossa água, nosso vinho, nosso pão, nosso alimento” - então passamos a compreender que o aparente, o tangível, nada mais é que efeito do que é invisível. 

Jamais volveremos a avaliar nossa provisão pelos dólares que possuímos, mas “por quanto de Deus realizamos”. “A prata é minha e meu é o ouro...” Em Tua Presença, há plenitude de vida, por isso volvemos para dentro de nós, atentos à consciência daquela Presença...


quinta-feira, abril 04, 2019

A Arte da Meditação - 8


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 8 - VÓS SOIS O TEMPLO 

“Não sabeis que sois o templo de Deus... que vosso corpo é o templo... do Deus Vivo?” (1 Coríntios, 6:19)

O corpo é o templo do Deus vivo, não feito com mãos, não mortalmente concebido, mas eterno nos céus; eterno em tempo e espaço, em vida e em espírito, em alma, em substância. 

Deus fez tudo o que foi feito e tudo o que Deus fez participa de Sua natureza que é eternidade, imortalidade, perfeição. Deus fez o corpo a Sua própria imagem e semelhança. Deus é Vida. Sua atividade operando em uma semente produz criança com todas as potencialidades do adulto contidas em uma delicada formazinha, não mero segmento da matéria, mas, uma inteligência e uma alma acompanhando aquele corpo. 

O Espírito de Deus executa; o homem, porém em sua vaidade, arrogou-se o papel de creador. Homens e mulheres assumiram a atitude de que são eles que o produzem. Pelo fato de serem pais e mães; em vez de reconhecerem que nada mais são do que instrumentos através dos quais Deus age para se expressar, não para perpetuar a ti ou a mim, a teus filhos ou a meus filhos. Deus opera com o amor em nossa consciência para produzir Sua própria imagem e semelhança. 

Essa expressão de Deus nós chamamos “meu filho”, “teu filho”, esquecidos de que é filho de Deus, não nossa creação ou posse pessoal. Rogamos a Deus para que mantenha e dê suprimento a nossos filhos, eles, porém não são nossos filhos, são filhos de Deus; não é necessário pedir-lhe que os mantenha. É prerrogativa divina crear, manter e suprir a Sua própria imagem e semelhança. Creador de tudo o que existe, Deus é creador do corpo humano, “não sabes que teu corpo é o templo de Deus vivo?” Nós o chamamos “meu corpo”, mas ele não é nosso, é corpo de Deus. Formado por Ele para Seu prazer, feito à Sua imagem e semelhança, governado por Sua Lei, creado para atestar Sua Glória. 

Em nossas árvores de Natal existem lâmpadas multicoloridas, vermelhas, azuis e púrpuras. 

A eletricidade transmite sua luz através dessas lâmpadas de todas as formas e tamanhos; as lâmpadas não são a fonte da luz, são apenas o instrumento através do qual a luz brilha. 

Assim acontece quando observamos a vida humana, animal ou vegetal, erradamente consideramos a forma visível como a Vida, mas, na realidade, é aquilo que anima, é a substância da forma. Deus é a Vida e a Essência de todas as formas. É a Sabedoria, a Integridade, a Pureza da alma do homem. Deus é a fortaleza do homem. Não nos deixemos iludir nem mesmo pela boa aparência. Não chamemos uma pessoa “forte”, e outra “fraca” ou “bela”; por trás da aparência devemos considerar a Vida Invisível que possibilita a beleza dessa forma. Podemos então, deleitar-nos com todos os aspectos da creação, seja corpo humano, espécie animal ou planta. São formas de Vida, mas se não atentarmos para a Vida que os anima, poderão parecer-nos boas ou más, jovens ou velhas, doentes ou sadias, ricas ou pobres. 

O conceito humano de vida é limitado e se radica em valores mutáveis que aparecem em forma de Vida, ao contrário, deleita-se com a forma, reconhecendo, contudo, o Infinito Invisível como sua essência. 

Se desviarmos o olhar da forma o suficiente para contemplar além dela o Invisível, descobriremos Deus como o Princípio de toda a vida e passaremos a compreender a diferença do viver espiritual. 

A Verdade conscientizada é a Lei da Vida, da harmonia, da ressurreição. “Deus fez esta forma, minha forma divina, infinita, para ressaltar minha verdadeira identidade. 

Meu corpo é a manifestação, a imagem do Eu que EU SOU”. É uma expressão da vida realçando tudo que eu sou, pois meu corpo é o EU de que sou formado, espiritual, imortal, eterno. Eu sou a perfeita identidade e meu corpo é o templo, instrumento de minha atividade de meu viver. Existe um reverso dessa forma espiritual que é aquela que eu olho no espelho: existem As expressões da natureza: árvores, flores, vegetais, frutos, conceitos humanamente concebidos da forma, do corpo. 

Se me vejo no espelho, posso notar que estou moço ou velho, doente ou sadio, gordo ou magro; mas, Eu não estou me vendo integralmente; estou vendo meu corpo. Eu sou invisível, mesmo esse corpo que eu vejo com meus olhos é um conceito do corpo finito, limitado. 

Na realidade o corpo não muda, muda o conceito que eu tenho sobre suas alterações. Que sou eu? Onde estou? Consideremos nossos pés, “esses são eu ou meus? Estou eu nos pés ou possuo esses pés? Essas pernas, estou nelas ou são minhas? Se elas se traumatizam, não existe um Eu, uma entidade que não é as pernas? Subamos à cintura, ao peito, à cabeça. Eu estou em alguma dessas partes Ou são elas partes do meu corpo? Não há um eu que possui um corpo? O corpo é um instrumento para minha locomoção, Como acontece com meu automóvel. Estou nesse corpo, sou Esse corpo ou esse corpo é meu? Não é um templo, um instrumento A mim concedido para meu uso? Minhas mãos - podem elas, por elas mesmas dar ou retirar? Ou devo eu dar ou retirar usando-as como instrumento? Podem minhas mãos ser generosas ou mesquinhas? Gozam elas do poder de dar ou tirar? Ou esse poder reside em mim? É o coração que me permite viver? Ou é a vida que anima o coração? Se minhas mãos não podem dar ou tirar, como pode o coração, fígado, pulmões, rins, agirem por si mesmos se as mãos não podem? Como órgãos materiais podem meus olhos ver e meus ouvidos podem ouvir? Podem os órgãos do corpo agir a seu talante? Não existe algo chamado EU que funciona através das pernas ou por meio delas? Um Eu que age através dos instrumentos desse corpo? Eu sou o ser: meu ser não depende de meu corpo, meu corpo é que depende de meu ser. O Eu que Eu sou governa meu corpo; De si mesmo meu corpo não tem vontade, inteligência, ação. Ele me atende, é governado por mim. Meu corpo é minha imagem É semelhança, é minha manifestação, expressão do Eu que eu sou. Há um espírito em mim: o Sopro do Todo Poderoso me transmite Vida. 

Em mim a atividade de Deus governa as funções corporais, órgãos e músculos. Um espírito invisível age sobre cada órgão e cada função de meu corpo para mantê-lo e sustentá-lo eternamente. De fora, nada que o corrompa pode penetrar esse templo de Deus vivo; Tudo o que é de Deus, Deus mantém e sustenta. 

Todo poder reside em Deus agir como a Lei do meu corpo; é Deus A única Lei e o único Legislador. A Lei espiritual não despreza nem anula a Lei material; a Lei espiritual revela que é o substrato da lei material. 

“Tranqüiliza-te e contempla a salvação do Senhor... Não pela força, nem pelo poder, mas por meu espírito”. Eu não preciso lutar, não preciso procurar a cura. O combate Não é meu. É de Deus: aliás, não é um combate, mas uma revelação de que este corpo é templo de Deus vivo, governado por Lei Espiritual. 

O conceito material, mortal, que outrora entretive sobre o corpo se diluiu no reconhecimento de que meu corpo é templo de Deus vivo. Forte, perene, infinito, imortal. Deus é o tema central, a substância, a força do meu corpo. “Tudo eu posso fazer através do Cristo que me fortalece”. O Senhor é minha força e minha canção e meu poder; É a força de minha vida que aplaina meu caminho. Que devo fazer? Se eu busco força em meu corpo, encontro doença, fraqueza, morte. 

Mas, se reconheço que Cristo é minha força, que minha filiação Divina é minha força, que a Palavra de Deus dentro de mim é meu poder, minha mocidade, minha vitalidade, é tudo em mim, então eu encontro Vida eterna. (Eu vivo de toda energia que sai da Fonte do Infinito). “Eu SOU o pão da vida: aquele que me seguir jamais terá fome; e jamais terá sede o que crê em MIM. Se ME pedires, EU te darei a água que jorra para a vida eterna”. Eu não vivo somente de pão. Toda palavra de Deus que atinge minha consciência é pão, vinho, água, alimento para minha alma, meu espírito, meu ser e meu corpo. 

Toda palavra da Verdade que eu pronuncio e plenifica minha consciência é o alimento que o mundo não conhece; é um manancial de água, jorrando para a vida imortal. Sem a Palavra de Deus, sinto-me vazio de apoio; o mais apetecível alimento assemelha-se à serragem – mero volume em meu organismo a menos que a Palavra de Deus o acompanhe para agir pela lei da digestão, da assimilação e da eliminação. Eu sou o vinho, a inspiração, a sabedoria espiritual; é Deus que ilumina, enaltece, inspira, tudo que eu posso saber, através do Cristo – Filho de Deus em mim – que é minha sabedoria. 

A Palavra de Deus em mim é pão, vinho, água. O mundo não sabe disso, que eu conservo oculto dentro de mim essa Palavra poderosa, revelando o perfeito templo de Deus, meu corpo; não o corpo feito com as mãos, mas o eterno, feito nos céus”. 

Nesse tipo de meditação, desprendemo-nos de toda a forma e vislumbramos o Invisível que mantém o visível. 

Devemos viver, mover-nos e ter o nosso ser na consciência divina, viver e habitar o lugar secreto do mais alto.

Então, veremos como realmente ele é, “contempla o Tabernáculo de Deus em cada ser humano; aí Ele habita... e nele nada deverá entrar que o profane”.


segunda-feira, abril 01, 2019

A Arte da Meditação - 7


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 7 - DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA

O segredo da beleza e a glória da sacralidade são a manifestação de Deus pela Encarnação. Tanto amou o mundo que a ele Se deu, surgindo visível como Filho de Deus, o que, segundo Sua promessa Eu sou e Tu és. 

Deus é meu ser e teu ser, é essa nossa verdadeira identidade. Compreendida espiritualmente, a terra e o Céu; Céu e Terra são um, pois Deus As manifestou na terra. É emanação Sua este universo feito de estrelas, de sol, lua e planetas, esse escabelo a que chamamos Terra. Tudo isso emanou Dele e para a Sua Glória, e em Sua Glória máxima manifestou-se como Ser individual. Não somos separados, apartados de Deus, somos Sua própria essência desdobrada, revelada como ser individual. 

Todas as coisas da Terra e o do Céu nos foram dadas devido a essa divina filiação; tudo o que existe, existe para nossos propósitos. Co-herdeiros, com Cristo, nossa é a Terra. 

Deus promulgou a Lei que governa Sua união com Seu amado filho, provendo-o de tudo que pertence ao Pai, transmitindo-lhe tudo o que foi estabelecido desde o princípio do mundo: “Eu vim para que eles tivessem vida e tivessem mais abundantemente. Eu vim para que tivessem Vida, minha vida, tua vida individual que não conhece idade, não deteriora, não muda de seu estado divino. Tu deves viver e mover-te com a consciência de nossa unidade. 

Nunca te deixarei, nunca te abandonarei; habita em Minha Palavra e deixa que Minha Palavra habite em ti. Tu deves confiar em Mim e salvar-te”. Há uma glória do Pai preparada para o Filho. Há uma paz, Minha Paz que ultrapassa a compreensão. Essa paz está contida na alma do homem independente de qualquer condição externa, bem viva como dom de Deus no centro do nosso ser. 

A nossa ilusão tem sido buscar a paz fora de nós, acreditando que outros têm o poder de transmiti-la ou tomá-la, de pensar que necessitamos de intermediários de fora para a obtenção da nossa harmonia. A procura de pessoas ou circunstâncias externas para obtenção da paz tem sido a causa do nosso fracasso e do fracasso do mundo. Somente em Deus a paz pode ser encontrada e ele doou a cada um de nós a Sua Paz Infinita e o seu amor compassivo. Não nos deu Ele o espírito do medo, mas o do Poder, do amor, de uma mente sã, pois Deus é a própria mente do nosso ser. 

Nossa ignorância, temor, insanidade surgem como conseqüência da ilusão de possuirmos uma mente separada de Deus, capaz de pecar. (Pecado é a ilusão de uma mente separada de Deus, disse Ramana Maharishi). “Eu e o Pai somos UM... Aquele que me vê, vê aquele que me enviou... eu estou no Pai e o Pai está em mim...” 

O discernimento espiritual revela Deus como Pai e Deus como Filho; o Ser Divino é o ser individual que, visto sob a luz espiritual apresenta exclusivamente as qualidades e a natureza de Deus. 

Na compreensão dessa unidade reside nossa inteireza; não pode haver paz, segurança, alegria à parte de Deus. Inerentes em Deus tornam-se naturais em nós, através da realização de Deus como nosso próprio ser. 

O grande mistério da Escritura é: No princípio era Deus, agora e sempre tudo o que é, é Deus surgindo como Infinitude, Glória, Força de Seu próprio Ser. Ele não é teu ser nem meu ser, mas é o Seu Infinito SER que se expressa como o teu e o meu ser. Eu Nele e Ele em mim, o ser Espiritual, Infinito, Harmonioso, Total, Completo. Reconhecemos Sua Alegria, Sua Saúde, Sua Paz, Sua Harmonia, Sua Pureza e Sua Inteligência. 

Renunciemos ao “meu isto e meu aquilo”, ou “teu isto e teu aquilo”; Seu Ser a expressar-se em Graça e em plenitude em todas as coisas. Sua Graça, Sua Presença, Sua Alegria, Seu Amor, Sua Totalidade é nossa suficiência. Seu amor flui como nosso amor, não consideremos “meu ou teu amor”, Ele flui como o sol brilha livremente sobre tudo. 

O sol brilha sem favoritismo, jamais indagando se são meritórios ou dignos os receptores de sua luz e de seu calor. O sol brilha, Deus ama. O amor de Deus brilha livremente para os justos e injustos, para aquele que merece e para aquele que não merece, para o santo e para o pecador. 

O amor de Deus se espalha no Universo dando vida à semente, força às plantas em crescimento, proteção à vida animal, vegetal e mineral. É o sustentáculo, a influência que anima toda a creação, pois toda a creação é Amor a fluir incessantemente. Tudo o que existe, sem exceção, está em Deus e é de Deus. Acima de tudo, não devemos julgar segundo o testemunho dos olhos ou dos ouvidos. 

Deus é infinitamente puro para ver as iniquidades e ao reconhecermos nossa verdadeira identidade como expressão divina, nos veremos como Deus vê. Contemplando-nos espiritualmente, tornamo-nos espectadores, percebendo Deus em tudo e através de tudo. 

Porém só poderemos agir desse modo quando abandonarmos os velhos conceitos, captados pelos sentidos da visão e da audição. 

Se Deus é a natureza infinita do nosso ser, por que ser invejoso, ciumento, ambicioso, quando sabemos que Deus é a Fonte de nossa satisfação interior, por que almejar algo externo, fora do nosso próprio ser? Na consciência de Sua Presença as bênçãos de Deus fluem como nossa experiência. Nosso Pai divertiu-se conosco. 

Compreendendo nossa verdadeira identidade participamos integralmente do corpo de Deus. “Eu tenho manjar que vós não conheceis. Eu posso dar-vos vida, águas que jorram para a vida eterna, as águas invisíveis, o vinho invisível, o manjar invisível”. Isso é compartilhar do Deus Vivo, do Verbo Vivo, do Deus que fez carne e habita em nós.