"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, janeiro 30, 2010

Nu, sozinho, sem saber nada


John Sherman


Todo mundo diz que a identificação equivocada é o problema, mas ninguém tem a menor idéia do que fazer com ela, a não ser "eliminar o ego", "matar a mente". O que é estranho com relação a isso, em nossa sociedade em particular e na cultura ocidental, é que "ego", palavra usada para indicar este diabo que precisa desaparecer, é o termo latino para "eu".

Esta é uma coincidência realmente maravilhosa, porque de maneira bastante chocante e surpreendente, o objetivo sugerido por Ramana para a sua investigação é justamente o ego, este sentido de "mim mesmo", e não alguma coisa nova. Ramana diz que a realidade da identificação equivocada consiste na totalidade de sua consciência individual. Ela não é um objeto que surge e desaparece dentro da sua consciência individual; ela é a totalidade do mundo, da unidade mente/corpo que aparece quando você acorda de manhã, desaparece quando você adormece à noite e, quer você tenha notado ou não, aparece e desaparece freqüentemente durante o dia. É a totalidade desta consciência que você talvez tenha passado a acreditar que é a própria consciência. Esta é a essência da identificação equivocada.

É a isso que Ramana se refere quando fala do "pensamento eu" e da idéia "eu sou o corpo". Passei muito tempo procurando a idéia "eu sou o corpo" quando estava vivendo no "inferno", e não consegui encontrar nada que respondesse a esse nome. A razão para isso é que eu estava procurando um pensamento, uma idéia dentro desta consciência que é, ela mesma, a própria idéia "eu sou o corpo".

Isto é realmente importante. Não se trata de alguma coisa que surge dentro da sua consciência; ela é a realidade da sua consciência individual em sua totalidade. E o campo que subjaz a ela é a sensação de existência. É esta sensação de existência como "eu" que se revela permanente. É a própria fonte do "pensamento eu" que se revela permanente.

Ramana nos orienta a encontrar o ego. Ele nos diz para encontrar este sentido, esta sensação de "mim mesmo" (que toda a minha vida espiritual eu sabia que era o diabo, o problema que tinha que desaparecer) e manter a atenção somente nela. Quando a atenção se desviar desta inexperienciável experiência de ser, ele nos orienta a trazê-la de volta. É isso que Papaji quer dizer quando compara a mente, e sua tendência a voltar-se para o exterior, com um touro que precisa ser continuamente trazido de volta ao estábulo, até que finalmente ele se cansa de ir para fora e percebe que tudo que buscava lá fora pode ser encontrado apenas aqui.

Quem sou eu? A que estou me referindo quando digo a palavra "eu"? Esta pergunta aponta para o alvo da sua investigação. A que estou me referindo quando digo a palavra "eu"? Eu sei do que estou falando quando falo de minha camisa marrom. Sei a que objeto estou me referindo. Sei aonde minha mente vai se você me perguntar "Que tipo de relógio você está usando?" Aonde vai a sua mente quando eu lhe pergunto "Quem é você?"

Essa é a fonte, essa é a origem, esse é o campo. E o que se pede a você é simplesmente isto: mantenha sua atenção nisso, não se satisfaça com nada mais; e veja que todas as coisas que você pensou que eram o objeto de sua vida espiritual são puro lixo. Não servem para nada.

Em função desta investigação, pelo menos aceite isso como uma possibilidade, e busque somente o seu ego. Deixe de lado toda a bagagem metafísica que você carrega, esqueça todos os conceitos filosóficos que você conhece, deixe de lado todas as idéias espirituais que você tem, e simplesmente, na prática, procure a si mesmo. E não se satisfaça com mais nada.

Portanto, é aqui que começamos: sem saber nada, sofrendo, cansados de aceitar idéias como a solução para nosso problema insolúvel; com seriedade absoluta e uma intenção determinada de saber a verdade. Nem a grande Verdade, nem a pequena verdade, mas a verdade de quem eu sou, pouco importa o que ela revelará ser. Sabendo que eu posso acabar descobrindo que sou apenas um pedaço de carne em putrefação.

Esqueça todas as garantias que o trouxeram até aqui. Você começa nu, sozinho, sem saber nada, sem querer nada, a não ser a verdade e sem idéia alguma acerca do que ela é. Encontre a si mesmo.


segunda-feira, janeiro 25, 2010

Como estar no aqui?

Gangaji
Gangaji


Pergunta: Minha principal pergunta vem da experiência deste divino estado de Amor.

Gangaji: O Mar divino de Amor.

P: Sim. É lindo. Esta experiência de amor transcende tudo.

G: Você tem muita, muita sorte.

P: Por que eu iria querer vivenciar qualquer outra coisa além deste amor? Nas relações com os outros, pondo restrições na relação, tornando o amor condicional... Por que eu iria querer me envolver em algo assim?

G: Quer que eu lhe diga por quê? Eu sei por quê.

P: Sim.

G: Quer dizer, melhor ir simplesmente direto ao ponto, não?

P: Porque eu gosto de ficar nesta caverna.

G: Sim, e porque você tem que descobrir que, no centro dela, está este mesmo Amor. A única razão pela qual você quer vivenciar qualquer outra coisa além do Amor, é para descobrir que é tudo Amor. Você ouviu? Se aceitar a teoria de que você se colocou numa posição horrível (ou que Deus ou o destino o fizeram), você pode vivenciar esta condição horrível, este estado limitado, como algo menor que o divino Mar de Amor. E você pode descobrir que mesmo na experiência de limitação está o amor divino: dentro desta 'Leela', deste jogo; dentro deste mistério chamado vida, está este princípio unificador. Que todos descubram a si mesmos como sendo apenas Aquilo, como Tudo. Isto vem direto do mestre. Agora que você tem a sua resposta, o que vai fazer com ela?

P: Bem, estou procurando um meio de ficar neste estado.

G: Aha! Isto é excelente, porque essa é a pergunta: "Como eu permaneço neste estado?" Mas esta pergunta garante que ele não permanecerá. Se você realmente ouvir isto, ouvirá o que eu disse. Esta mesma pergunta, por mais legítima e natural que seja, é a garantia da saída, porque naquele momento você está se separando do Amor. Você está atribuindo o Amor, o Mar divino de Amor, a uma onda em particular, em vez da totalidade do Mar. Então, não é de admirar que você pergunte: "Onde está o Mar, onde está o Mar?" E então…

P: Bem, eu fiquei neste estado durante uma semana e meia.

G: Uma semana e meia. Meu Deus, um iogue regular, hmm? Escute, uma semana e meia é muito tempo. Poderia acontecer em um segundo. Para algumas pessoas aqui, aconteceu durante uma fração de segundo, e elas nem se lembram; porém, sabem que aconteceu, porque há um eco em seu coração. E é só isso que tem que acontecer. Então, o resto de sua vida pode ser dedicado a descobrir aquilo (não naquela forma, não com aquelas qualidades; não com os mesmos fenômenos, e não naquele estado físico, emocional ou mental específico, por mais belo que tenha sido). Descubra-o aqui, neste plano, neste momento normal. O segredo é parar de buscar. Então esta pergunta: "Como eu consigo isso? Como encontro isso? Como mantenho isso?" não tem aonde ir. E aqui está uma descoberta, uma descoberta indizível. Eu realmente não posso falar sobre esta descoberta, porque falar sobre ela daria a ela uma certa forma. E você então imaginaria que é isso que você tem que buscar. Mas isso está bem aqui. Sempre está aqui, COMO AQUI É. O presente incrível de Papaji e de Ramana é que esta simplicidade torna irrelevantes todos as questões de prática, de preparação, karma, bondade, maldade, escolha ou ausência de escolha. Neste momento, pare e vivencie o que está aqui."

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Não tente saber sobre Deus


Osho


P: Eu gostaria de poder saber mais a respeito de Deus. Você pode me ajudar, Bhagwan?

Osho: Não há jeito de se saber mais a respeito de Deus. Você pode conhecer Deus, mas você não pode saber mais a respeito de Deus. Saber mais a respeito de Deus não é conhecê-Lo. Saber mais é informação; conhecer Deus é uma dimensão totalmente diferente. Saber a respeito é informação – você pode continuar, sabendo mais e mais a respeito, mas nunca chegará a Deus. Conhecer Deus é totalmente diferente de saber a respeito de Deus.

Você pode saber muito sobre o amor sem conhecer absolutamente o amor. Você pode ir às livrarias, consultar as enciclopédias e coletar toda a informação possível sobre o amor – mas se o amor não aconteceu a você, você não saberá o que é o amor. Você pode coletar todas as histórias sobre o amor – Laila e Majanu, Shiri e Farahad -, pode coletar histórias sobre todos os amantes do mundo; isso também não ajudará. O amor tem que acontecer a você; você tem que se apaixonar. Você tem que se arriscar, tem que jogar tudo – só então você saberá.

Você diz: “Eu gostaria de poder saber mais a respeito de Deus.” Primeira coisa: saber mais não será de muita ajuda. Assim que uma pessoa se torna um estudioso, um pândita – bem-informada. Não estou aqui para ajudá-lo a tornar-se mais bem-informado; você já tem muitas informações. Eu estou aqui para destruir o seu conhecimento, tírá-lo de você. Você tem que aprender como desaprender.

Você diz, ‘que “Eu gostaria”. “Gostaria” é uma coisa muito fraca, que não faz com que ninguém chegue até Deus. Mais insistência, um desejo mais profundo é necessário … um desejo que se torne uma chama em você. Uma fome é necessária; “gostaria” não ajudará. Uma sede é necessária … como se você estivesse perdido no deserto do Saara, e por milhas à sua volta, apenas areia, areia, areia, e um sol ardente, nenhuma gota de água com você, e não se avista nenhum verde, e você está com sede, todo o seu ser está por um fio – a qualquer momento você pode morrer – e a sede aumenta, e você se torna uma chama … nessa sede Deus é possível.

Torne-se sedento. “Gostaria” não é o suficiente; é muito fraco.

Ouvi contar …

Um mendigo faminto parou numa casa de campo e pediu alguma comida. A dona da casa trouxe-lhe alguma coisa, e ele sentou-se na porta dos fundos, deliciando-se com a comida.

Logo que ele sentou, uma pequena galinha ruiva passou correndo, fugindo de um galo que vinha em seu alcanço. O mendigo jogou um pedaço de seu pão para o galo, que parou instantaneamente sua perseguição, e avidamente engoliu o pedaço de pão. “Nossa!” exclamou o mendigo. “Espero que eu nunca fique com tanta fome assim!”

Você tem que estar tremendamente faminto. Não pode ser apenas uma curiosidade. Deus não pode ser um objeto de curiosidade; Deus não pode ser um objeto de seu pequeno desejo. Deus não é a satisfação de uma vontade, não é um sonho seu. Deus tem que ser como uma chama em suas entranhas. Quando você começar a sentir que nada mais importa, quando Deus é a prioridade máxima e você está pronto a sacrificar tudo, quando Deus se torna um desejo tão urgente, absorvente, que até mesmo a vida não tem mais sentido sem Deus – só então você chegará a Ele. E aí, não há necessidade de ninguém que o ajude; seu desejo fará o trabalho.

Nessa sede premente, nessa intensidade, tudo o que é escuro em você desaparece. Nessa chama, tudo o que é inútil é consumido. Você se torna ouro puro.

Deus é a sua realidade, assim como é a minha realidade. Deus é a sua realidade assim como era a de Jesus Cristo ou de Gautama Buda. A diferença é que você ainda não é capaz de separar o joio do trigo; o trigo está em você, mas há muito joio misturado. Num tremendo desejo de conhecer, de ser, o joio é exterminado – e não há outra maneira.

Quando você vai a um Mestre, ele, na verdade, não o ajuda a chegar a Deus: ele o ajuda a se tornar cada vez mais sedento. Ele o ajuda a se tornar cada vez mais intensamente faminto. Ele lhe dá sede e fome; ele lhe dá uma paixão louca pelo impossível.

Um homem veio até Buda e perguntou: “Se eu o seguir, serei capaz de conhecer a verdade?” Buda disse: “Isso não é certo; não posso garanti-lo. Posso garantir apenas uma coisa: eu o tornarei cada vez mais sedento. Então, tudo o mais dependerá de você. Posso transferir minha sede para você, se você estiver pronto para permitir tamanha sede … pois é doloroso. A jornada é dolorosa; todo crescimento é doloroso. Se você permitir que eu crie essa dor em você, a própria dor o purificará. A dor é um processo de purificação.”

Por isso nunca diga que você gostaria de saber a respeito de Deus, nem que gostaria de saber mais. Ou Deus é conhecido ou não é – mais ou menos seria absurdo. Você não pode dividir Deus assim: “Eu sei um pouquinho, alguém sabe um pouco mais, alguém sabe quase a metade e alguém sabe cem por cento.” Deus não pode ser dividido; ou você sabe ou não sabe. E o conhecimento de Deus não é como qualquer outro conhecimento. Não é como o conhecimento científico, que você vai aumentando cada vez mais, como uma progressão que continua e nunca termina. Não é um conhecimento a partir do exterior. O conhecimento de Deus não é bem um conhecimento, é mais como o amor. Você desaparece em seu amado – essa é a única maneira de conhecer. E quanto mais você desaparece em seu amado, mais você sabe que não sabe.

Os maiores conhecedores de Deus sempre dizem que não sabem. Eles são como gotas no oceano: elas caem no oceano e desaparecem, e o oceano cai nelas e desaparece. Então, quem é o conhecedor e quem é o conhecido?

Kabir disse: “Eu estava procurando e procurando e procurando, e então eu me perdi; aí aconteceu o milagre dos milagres. Quando eu não estava mais lá, você estava, bem em frente a mim. E quando eu estava lá, procurando e procurando, você estava tão distante – nem mesmo um vestígio. E agora, olhe… Eu desapareci. Procurando, eu me perdi completamente; toda a minha busca me absorveu, me destruiu completamente. Agora eu não estou mais… e meu Senhor, você está aqui bem à minha frente.”

Kabir disse que aquele que procura nunca alcança o procurado. O homem nunca se defronta com Deus – porque, a menos que você desapareça, ele não pode aparecer; assim, não há ponto de encontro. Quando você está, ele não está; quando ele está, você não está – assim, como você pode afirmar que sabe? Quando você não está – só então ele está. Quando o conhecedor desaparece, o conhecimento aparece; não pode ser apenas a satisfação de uma vontade.

Posso ajudá-lo a se tornar uma chama – sedenta, faminta, ardente; posso dar-lhe a dor. Então todo o resto depende de você – o quanto você entra nessa dor, nesse fogo. Você pode dar um salto, e Deus pode acontecer num momento repentino. Não há necessidade de esperar, nem de adiar. Neste exato momento pode acontecer… se você estiver pronto para entrar totalmente nessa dor.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Ano Novo


Seicho-No-Ie


"O ANO QUE CHEGA NÃO VAI MUDAR A NOSSA VIDA. SOMENTE QUANDO FOR ESTABELECIDA A PAZ NA NOSSA MENTE É QUE SURGIRÁ A PAZ NA TERRA."

É comum fazermos resoluções quando começa o ano, mas dificilmente cumprimos o que prometemos, se não modificamos os nossos pensamentos.

O que você pode fazer neste ano que não fez em todos os passados? Está disposto a se esforçar para que haja mudanças em sua vida? Desate todos os nós que existem dentro de você e plante sementes do que você deseja colher nos dias que virão. Você pode saber tudo o que deve fazer para mudar, mas precisa colocar em prática, pois existe uma grande diferença entre saber e fazer.

Use todo o seu potencial de filho de Deus e passe do velho para o novo. Tome a decisão de manter o espírito alegre e iluminado.

A vida é uma série de portas se abrindo e se fechando, assim como um ano termina e outro começa.

Veja-se abrindo portas para o amor, a compreensão, para o perdão e a gratidão e, feche as portas do ressentimento, da raiva, do ódio, e todos os outros sentimentos que intoxicam o seu corpo, a sua mente e o seu espírito.

Muitas pessoas não conseguem progredir porque estão presas a coisas do passado.

Quando surgem coisas novas e aperfeiçoadas, devemos ter a coragem de largar o apego às coisas velhas e mudar para o novo. Entretanto, não é aconselhável mudar de pensamento a torto e a direito. Mesmo as coisas do passado não devem ser jogadas fora como um sapato velho, sem o mínimo de gratidão pelos benefícios recebidos. A falta de gratidão não deixa fluir o progresso.

A mudança do velho para o novo não deve ser por capricho ou por comodismo.

A mudanças devem acontecer após examinarmos bem a sua eficiência, o seu ponto forte, levando em consideração o que pode trazer de benefício às pessoas.

As coisas velhas já passaram, e por isso vieram coisas novas.

Há pessoas que, embora desejando ardentemente a felicidade, resmungam todos os dias “eu sou infeliz” ou “eu sou fraco”. Nem o Ano Novo nem o Novo Milênio trarão a felicidade enquanto não se conscientizarem de que o que traz a felicidade são os bons pensamentos.

Quando está terminando um ano, muitos fazem faxina geral em casa. Põem fora o que não usarão mais e arrumam as coisas úteis e belas. Então, que tal fazermos uma faxina mental? Vamos eliminar todos os pensamentos e crenças negativas do cômodo mental, como:

-Eu não posso – nada dá certo – já perdi as esperanças – não sei se consigo.

Vamos guardar as boas lembranças que nos fazem tanto bem e semear bons pensamentos, como:

- EU POSSO – TUDO VAI BEM – ESTOU A CAMINHO DA REALIZAÇÃO – CONSEGUIREI COM CERTEZA.

Você é FILHO DE DEUS! Sinta o poder que tem o seu amor. Sinta o poder que tem o seu perdão e sua gratidão. Você é filho de Deus; é um SER DIVINO, ÚNICO E MAGNÍFICO.

Pense sempre que tudo está perfeito e que só depende de VOCÊ. Somos todos um perante Deus. Respiramos do mesmo ar. Bebemos da mesma água. Recebemos o alimento da mesma terra.

É preciso continuar hoje o que decidimos ontem: dirigir aos familiares palavras carinhosas, render graças ao tomar as refeições, agradecer à força divina que nos vivifica.

O segredo de um feliz ano consiste em prosseguir sem pressa, porém, sem negligência.

Neste novo ano vamos nos unir formando um círculo de luz, envolvendo os que ainda se sentem perdidos e solitários por não perceberem que são um ser único e insubstituível para Deus.

Vamos abrir os nossos corações e compartilhar o nosso amor com os que não têm um lar; com os que ainda sentem raiva, medo ou dor. Vamos abençoar aqueles que um dia nos magoaram ou de quem um dia sentimos raiva.

Vamos envolver todo o Universo e despertar como despertou Buda, quando disse: “Seres animados, seres inanimados, seres com sensibilidade, seres desprovidos de sensibilidade, cada um já é iluminado e tudo é manifestação do Amor de Deus”.

sábado, janeiro 16, 2010

"Eu tenho alimento que o mundo não conhece"


Joel S. Goldsmith


Na vivência de O Caminho Infinito, há um princípio que nos foi dado pelo Mestre: “Eu tenho alimento que o mundo não conhece”. Ele atua realmente como uma condensação de tudo o que acaba por gerar nossa demonstração. Eu cito esta passagem como sendo uma das maiores passagens bíblicas jamais citadas pelo Mestre, para que tenhamos uma forma espiritual de vida, e que também se traduza em termos humanos de sucesso, harmonia e paz.


“Eu tenho alimento que o mundo não conhece”...

Vejamos de que maneira podemos trazer isto às nossas vidas. Diariamente, notamos que algo se mostra como sendo necessário em nossa experiência. Nesse instante, devemos nos volver de todo medo ou dúvida, e recordar: instantaneamente: “Eu tenho alimento que o mundo não conhece”. Que alimento é este? O Mestre disse: “Eu sou o Pão da Vida”. Assim, ele quis dizer: “Eu tenho o Cristo” – a substância espiritual do pão, do vinho, da água. A substância espiritual da vida eterna. A substância espiritual do suprimento. Sim, “eu tenho”, por ter o Cristo, o Filho de Deus em mim.


“Eu tenho alimento que o mundo não conhece”...

Eu tenho, dentro de mim, o Espírito de Deus que constitui todo alimento, vinho e água de que sempre necessitarei, porque tudo me surgirá externamente como aquilo que satisfará a necessidade de cada momento, como o maná, que era substância espiritual na consciência de Moisés, e pôde surgir externamente alimentando seus seguidores; como este alimento, que o mundo desconhece, este Cristo, na consciência de Jesus, e que fora a substância dos pães e peixes que alimentaram a multidão e ainda fazendo restar doze cestos.

Caso você esteja fisicamente, mentalmente, moralmente, ou financeiramente mal, aceite este presente de Deus – o alimento, o maná oculto; e, de modo sagrado e secreto, reconheça: “Obrigado, Pai, eu tenho alimento que o mundo não conhece. Eu tenho uma companhia oculta. Eu tenho uma fonte de suprimento oculta. Eu tenho uma fonte oculta de sabedoria, de avaliação. Eu tenho uma fonte oculta de ideias.” Independente de qual venha a ser a necessidade do mundo externo, eu tenho, oculta dentro de mim, a substância de sua forma – lar, família, suprimento, companhia, alegria, paz, saúde, liberdade, e segurança – eu tenho a substância disso tudo, a essência do que tudo é formado, em meu entendimento de que:

“Eu tenho alimento que o mundo não conhece”.

terça-feira, janeiro 12, 2010

A exigência natural da Alma


Masaharu Taniguchi


POR QUE O BEBÊ CONSEGUE MAMAR SEM NUNCA TER APRENDIDO?

Refletindo sobre o simples fato de o bebê recém-nascido saber mamar, compreendemos que nossa vida não teve início no momento em que nascemos. Ao nascer, o bebê já sabe que, sugando o seio materno, obterá o líquido nutritivo que vai alimentá-lo. Isso significa que nele está presente a Vida de Deus, que dá essa sabedoria. Em outras palavras, a Vida não se inicia no instante em que a pessoa nasce. A Vida de Deus, que existe desde o princípio, aloja-se no ventre materno para dar origem ao bebê. Por isso, a criança conhece fatos que nunca vivenciou antes; isso mostra que a essência da Vida transcende as experiências da vida terrena. Dizendo de outra forma, nossa Vida não se restringe a este mundo, pois ela é a essência que transcende a existência terrena. E isso significa que nossa vida é a Vida de Deus. Uma Vida transcendente, alojada em nosso corpo carnal, faz-nos viver. Podemos, pois, dizer que Deus está presente em nós.


O QUE É DEUS?

No livro A Verdade da Vida, tive o cuidado de colocar entre parênteses as palavras “nosso Pai” depois da expressão “Grande Vida do Universo”, para que todos pudessem compreender seu significado. A Grande Vida do Universo é a fonte de onde se originou a nossa Vida. Aquele que é gerado é filho, e aquele que gera é pai. Portanto, é adequado o uso da expressão “nosso Pai do Universo” quando nos referimos à Fonte de nossa Vida. E de onde teria se originado o “nosso Pai do Universo”? Ele nunca nasceu. Sempre existiu. Por isso, dizemos que Deus é eterno, nunca nasceu e jamais morrerá.


SOMOS DOTADOS DE VIDA INFINITA

Por existir em nós a Vida de Deus, continuamos a viver mesmo após a morte do corpo carnal. Integrada na corrente da Vida do Pai, nossa Vida segue pela eternidade. O budismo também vem pregando uma visão de Vida semelhante desde antigamente.

É uma visão correta. Nossa Vida transcende as experiências terrenas porque segue junto com o fluxo da Vida de Deus. A Vida de Deus flui no canal chamado “corpo humano” e, depois de um determinado período, sai desse canal.

Quando a Vida sai do corpo de uma pessoa, dizemos que ocorreu a morte. Mas a Vida não morreu; ela saiu do “canal” e continua a fluir eternamente. A Vida do ser humano continua a existir mesmo após abandonar o corpo carnal, porque está integrada na Vida do Pai, na Grande Vida do Universo.

Talvez vocês perguntem: tanto a Vida que passou pelo canal chamado corpo carnal como a que ainda não passou, ou seja, tanto a Vida que foi concebida e surgiu neste mundo como a que ainda não foi concebida, acabam perdendo as respectivas peculiaridades e tornam-se uma só ao retornar para junto da Grande Vida do Universo (o Pai que rege o Universo)? Não é assim. Cada Vida individual mantém sua identidade e, ao mesmo tempo, está integrada na Grande Vida do Universo.

Se colocarmos um pouco de água do mar num frasco, a água adquire a forma desse recipiente. Enquanto estiver dentro do frasco, a água apresentará essa forma peculiar. De modo análogo, quando a Vida se aloja no corpo carnal, adquire individualidade. A água do frasco, ao ser devolvida ao mar, perde completamente a forma que havia adquirido. Com a Vida do ser humano ocorre algo diferente: mesmo ao retornar ao “oceano da Grande Vida”, ela mantém sua individualidade.

Se, após a morte física, a Vida do homem terminasse como a água de um copo jogada no mar, isto é, perdesse completamente a individualidade, não teria sentido as pessoas nascerem neste mundo como indivíduos, e cada qual vivenciar diversas emoções, esforçar-se para acumular experiências e se desenvolver. Tudo isso seria inútil. Seria um absurdo acreditar que Deus faz com que nós nos esforcemos a vida inteira para depois anular todo esse esforço. Por exemplo, de que adianta eu, Taniguchi, haver nascido, crescido, estudado, passado por situações que só eu podia vivenciar e, finalmente, ter conseguido o enriquecimento espiritual e o aprimoramento pessoal se tudo isso for anulado no momento em que o meu corpo carnal deixar de existir? Não teria sentido as pessoas se esforçarem, acumularem experiências e melhorarem cada vez mais se nada disso valer no final. Se o fim fosse igual para todos, tanto para os que se esforçaram e acumularam conhecimentos, para os que levaram uma vida dissoluta como para os que se entregaram à apatia e destruíram a própria vida, chegaríamos à conclusão de que talvez fosse melhor desistir de fazer qualquer esforço e morrer logo para voltar ao seio da Grande Vida. Não, essa não pode ser a finalidade de nossa existência. No âmago de nosso ser existe a intuição de que a nossa individualidade permanecerá para sempre, e é por isso que o esforço constante para melhorar tem sentido. Seria desnecessária a busca do aprimoramento se as pessoas que se esforçam e as que não fazem nenhum esforço se tornassem uma só ao voltar ao seio da Grande Vida. E se, para alcançar a iluminação, bastasse integrar-se à Grande Vida do Universo, seria melhor apressar-se a morrer do que perseverar nos esforços. Obviamente, essa idéia é absurda.


A EXIGÊNCIA NATURAL DA ALMA

Todos nós sentimos na alma a exigência natural de estabelecer uma clara diferença entre uma pessoa que se entrega à devassidão e acaba destruindo a si própria e outra que se esforçou constantemente até alcançar a iluminação espiritual. Essa exigência natural é tão lógica quanto a lei matemática que determina que dois são dois e não três. Nossa alma intui o que é correto e o que é errado, e essa intuição não falha. Por isso, sentimos o anseio natural, a necessidade premente, de nos aprimorarmos cada vez mais, e nos esforçamos para atender a essa necessidade. E, na busca do aperfeiçoamento, o que a nossa alma intui como sendo correto está de acordo com a Verdade. A alma é superior ao corpo. Portanto, não há dúvida de que ela não se extingue com a morte física.

A exigência natural da alma é o anseio por algo cuja existência o ser humano intui por meio da cognição transcendental.

Ninguém quer morrer. O desejo de viver é inerente a todo ser humano. Algumas pessoas dizem que querem morrer e tentam o suicídio. Mas, na verdade, elas também desejam viver; amarguradas com as circunstâncias que não lhes permitem viver da maneira como gostariam, recorrem ao ato extremo pensando em acabar com sua angústia. Pode-se dizer que é uma manifestação distorcida do desejo de viver plenamente. O desejo de viver é um anseio latente no âmago de nosso ser; trata-se de algo inato, transcendental, e não algo que se adquire pela experiência. Nossa essência é a Vida, e a Vida é uma energia que deve ser manifestada. Por isso, é inerente em todos o desejo de viver.


O DESEJO DE PROGREDIR

O desejo de progredir também é inerente ao ser humano. Os meios para progredir na vida variam conforme as pessoas. Existem jovens que se dedicam aos estudos visando obter boas notas, moças que desejam encontrar um bom partido e constituir família, homens que querem conseguir um bom emprego e fazer sucesso na carreira. Há também os que preferem aperfeiçoar-se nos estudos a empenhar-se na carreira profissional.

São diferentes manifestações do desejo de se aprimorar, de evoluir. Se lhes perguntarem: “Por que querem progredir?”, não saberão explicar prontamente o motivo e dirão que simplesmente sentem necessidade de melhorar. Isso prova que o desejo de progredir é algo inato, ou seja, é uma exigência natural que vem do âmago da Vida, e nesse fato existe um significado profundo. Sabemos que, com o aprimoramento, nossa Vida adquire maior valor — em outras palavras, o aprimoramento implica aquisição de valor e nunca é inútil. Por isso, desejamos nos aprimorar. Pode-se apresentar diversos argumentos ou teorias a respeito do desejo de progredir. Mas o ponto fundamental é reconhecer que todos trazem latente em si esse desejo, tendo ou não consciência disso. Até mesmo vermes ou insetos aparentemente inúteis possuem o impulso de se desenvolver. E é por isso que ocorre o processo de evolução. Por que existe em todas as pessoas o desejo de progredir? Se o progresso conquistado nesta vida fosse anulado totalmente com a morte física, não seria lógico as pessoas sentirem a necessidade íntima ou o impulso natural de progredir. Se as pessoas são movidas por essa necessidade, esse impulso, é porque elas sabem, a priori, que o valor pessoal adquirido com seu progresso e seu aprimoramento nesta vida jamais será anulado.

Cada um de nós vive como um indivíduo, passa por experiências e treinamentos peculiares, acumula méritos e conquista o valor pessoal. É inconcebível que esse valor seja anulado com a morte do corpo carnal. O lógico é cada um conquistar o valor próprio, de acordo com seu grau de progresso: quem avançou dez passos deve obter o valor correspondente a esse empenho; quem avançou trinta passos, o valor correspondente a esse esforço, e assim por diante. Podemos afirmar que os valores peculiares que cada pessoa conquistou com esforços próprios passam a fazer parte da sua Vida individual, a qual não se extingue com a morte física; e que, por termos consciência disso, empenhamo-nos na busca do aprimoramento pessoal. Assim, considerando tanto o ponto de vista filosófico como o da ética prática, afirmamos que a Vida com características pessoais continua a existir mesmo após a morte do corpo.

(Fonte: A Verdade, vol. 5) - Do livro "Você é Dono de Potencialidade Infinita" pp. 48-53


domingo, janeiro 10, 2010

Sobre o casamento (Joel Goldsmith)


Joel S. Goldsmith


Os casamentos, como estão sendo vistos atualmente, não estão dando certo. Nem é para menos! Da forma com que são interpretados, cada cônjuge acaba ficando sem identidade e individualidade, com a mulher muitas vezes perdendo até o sobrenome!

Dois seres se tornarem um não deve implicar a perda da individualidade, coisa impossível de realmente ocorrer! Sempre, de antes do nascimento até a eternidade, o indivíduo se mantém como indivíduo: jamais perdemos a qualidade de ser únicos. O casamento humano, com seu sistema de submissão um ao outro, tenta anular o que de mais precioso cada um possui aos olhos de Deus: a sua individualidade espiritual, ou seja, a manifestação do próprio Deus como homem e como mulher. Temos todos qualidades e dons que não se destinam a ficar anulados simplesmente porque alguém se casou.

No casamento espiritual, pelo contrário, em vez de submissão existe liberdade. Um cede ao outro total liberdade, reconhecendo este ponto logo que se casam. Depois de trinta anos de experiência, concluí que somente darão certo os casamentos em que houver a mútua concessão de liberdade. Cada um vivendo a própria individualidade e, ao mesmo tempo, sem exigências, compartilhando a vida a dois.

Se no casamento humano homem e mulher têm direitos legais, no casamento espiritual a coisa é diferente: ambos têm somente o privilégio de amar e compartilhar, sem direito algum de fazer exigências. Não cumpriremos nossa experiência humana enquanto não pararmos de aprisionar alguém como vítima de nossos direitos.

Geralmente, no casamento humano, o marido assume a função de sustentar a mulher. Espiritualmente, jamais ela fica nessa dependência, pois estaria negando sua divina herança de se manter autosuprida graças à sua comunhão com Deus. Quando esta herança é reconhecida, o marido é liberto para compartilhar, liberto das obrigações legais que o forçariam a fazer alguma coisa. Ninguém gosta de agir por obrigação! Nem legal nem moralmente! Porém, quando fazemos as coisas espontaneamente, de livre vontade, sentimos enorme prazer. São feitas de coração, e não movidas por alguma lei de tribunal humano.

A volta ao lar do “filho pródigo” é o casamento místico. Quando o indivíduo, que se via separado de Deus, descobre sua unidade consciente com Ele, temos o casamento místico. Separado de sua Fonte, jamais o homem será completo!

O indivíduo, quando está consciente de sua unidade com Deus, encontra sua unidade com todo ser e idéia espiritual— e isto inclui todo tipo de relacionamento no céu e na terra. O casamento humano, portanto, é a expressão visível do casamento místico, da unidade consciente com Deus. Sem esta base real de fortalecimento espiritual, casamento algum poderá resistir. Quando cada um, homem ou mulher, fizer o contato consciente com Deus, estará em contato consciente com seu par, com os filhos, vizinhos, nação e resto do mundo. Jamais haverá esta “união fortalecida” sem que haja, antes, o relacionamento de união com Deus. Aí, sim, teremos uniões fortalecidas em todas as esferas humanas.

Não devemos crer no casamento como instituição permanente, a menos que ele tenha sido fruto da conscientização de unidade com Deus por parte do casal. Então, sim, haverá a união impossível de ser rompida. Ouve-se muito, em cerimônias de casamento, a frase “o que Deus uniu não se pode separar”. De fato, o que Deus une ninguém conseguirá separar! Será um relacionamento indestrutível, mas se for consolidado realmente por Deus. Inexiste unificação, inexiste união, exceto na consciente união com Deus.

De minha própria experiência, posso adiantar que as desarmonias não têm acesso ao lar ou casamento em que o casal com freqüência se une em meditação. Se algo pude aprender em minha vivência espiritual, tal aprendizado foi o seguinte: onde quer que nos unamos em meditação, ocorre o desdobrar do amor.

Para que um casamento não se restrinja ao mundo visível, e seja uma união do Reino de Deus, para que ele tenha, não a “paz do mundo”, mas a “Paz celestial”, deverá existir não somente por um vínculo espiritual, mas também ser mantido por constante meditação, em que nos unimos a Deus e nos unimos mutuamente.

Este é o segredo da meditação. Com ela, unimo-nos a Deus e nos descobrimos em unidade com toda a humanidade sensível à espiritualidade. Isto se torna ainda mais real no casamento. Na união com Deus, principalmente quando homem e mulher se unem para meditar, ambos descobrem entre si um elo indissolúvel, uma vez que o relacionamento que daí emerge, é algo muito além daquele meramente pessoal. Ele transcende inclusive o bom relacionamento humano. Dissolve todo o mal entre os casamentos comuns, dissolve toda a sensualidade, todo ciúme, toda malícia, toda exigência, e se torna a livre doação de Deus a nós, e a cada um, reciprocamente.

Não há questão alguma, num lar, que não se resolva pela meditação conjunta, desde que ambos abram mão de querer fazer prevalecer a sua vontade ou desejo pessoal, para que a Vontade de Deus possa ser feita. Este é o segredo, e não há outro. Todos os tipos de relacionamentos humanos podem ser mantidos em harmonia; porém, esta possibilidade somente existe pela submissão de nossa vontade a Deus, e nunca pela submissão mútua de nossa individualidade.

Sempre devemos honrar e respeitar a individualidade do outro. Recordemos que, da infância à fase madura, temos em cada casal duas pessoas trazendo traços individuais de caráter, de hábito e de vida; assim, não nos iludamos: tudo aquilo não ficará passível de resignação somente por ter ocorrido um casamento! Portanto, mesmo quando nossos meios, modos ou maneiras diferirem por completo dos praticados por nosso parceiro, os fatos que acabamos de expor deverão ser lembrados. Enquanto cada um tiver a liberdade para ser “ele mesmo”, enquanto os dois estiverem sendo “eles mesmos” em união consciente com Deus, o casamento será uma relação indissolúvel, assim na terra como é no céu.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

A prática do amor na vida conjugal


Masaharu Taniguchi


Certa vez, conheci um senhor chamado Jo Shimizu, residente na Província de Gifu. Tendo-se tornado praticante da Seicho-No-Ie, ele promovia mensalmente uma reunião dos adeptos, em sua própria residência. Grade era o número de pessoas que apareciam nessas reuniões. E eram muitos os que encontravam o caminho ouvindo as palestras do Sr. Shimizu. Uns conseguiam a cura de doença; outros, a harmonia no lar. O Sr. Shimizu curava, assim, os sofrimentos de muita gente. Mas havia uma pessoa que ele não conseguia curar, de modo algum: justamente a sua esposa. Ela sofria de reumatismo em todo o corpo. Tratava-se de um reumatismo bastante grave: dores violentas percorriam incessantemente o seu corpo, como se fossem raios, e não havia meio de aliviá-las. O Sr. Shimizu, que vinha curando muita gente através da orientação espiritual, vivia explicando também à sua esposa que “a causa das doenças está na mente da própria pessoa”.

- Em sua mente existem pensamentos de ódio e censura aos outros. Esses pensamentos que ferem e causam dor ao próximo é que estão se manifestando em seu corpo, sob a forma de dor física. Você precisa abandonar esses pensamentos e procurar agradecer a todas as pessoas. Quando você se tornar capaz de sentir gratidão por tudo e por todos, a sua doença será curada.

Assim falava o Sr. Shimizu à sua esposa. Mas, por mais que ele repetisse esse “sermão”, sua esposa não apresentava o menor sinal de melhora.

- Olhe, já vi que os ensinamentos da Seicho-No-Ie não surtem nenhum efeito sobre a minha doença. Por isso eu quero que você chame um massagista...

Entre as pessoas que se reuniam em sua casa, muitas já tinha se curado de reumatismo – mesmo os mais graves e persistentes – depois de receberem com espírito dócil as orientações que o Sr. Shimizu ministrara. No entanto, ele não conseguia curar sua esposa, por mais que tentasse. Reconhecendo não haver outra alternativa, acabou concordando em chamar um massagista. Depois que o massagista saiu, sua esposa disse:

- Sinto-me bem melhor, agora. Seria tão bom, querido, se você me fizesse as massagens!

Estas palavras atingiram em cheio o coração do Sr, Shimizu. Percebeu, pela primeira vez, que o tratamento de que sua esposa mais carecia era a sua atenção e o seu carinho. Na verdade, a doença da Sra. Shimizu era manifestação do desejo de ser tratada com carinho pelo marido. No entanto, este vivia-lhe a pregar sermões, em tom de impaciência:

- Sua atitude mental está errada. Você está sofrendo de reumatismo porque o seu modo de pensar não é correto. É preciso aprender a agradecer, percebe?

A tentativa de melhorar as pessoas apontando os seus defeitos dificilmente traz resultados positivos. Neste mundo existe a lei mental que diz: “Tudo o que é reconhecido passa a existir”, e toda sorte de coisas ocorre segundo essa lei. Assim, sendo, o aspecto imperfeito de uma pessoa não desaparecerá enquanto continuarmos vendo seus defeitos. É claro que isto se aplica também aos casais. “Você precisa corrigir sua atitude mental” – estas não são palavras com que um marido consegue curar a esposa doente. Ela não quer ouvir sermões como esse. O que ela quer é amor e a ternura de seu marido. Na maioria dos casos, o marido, ocupado demais com seus afazeres, não pode ficar muito tempo com a esposa, cercando-a de atenção e carinho como nos tempos de namoro ou nos primeiros anos de casados. Vendo-o dedicar-se quase exclusivamente ao trabalho, a esposa sente-se rejeitada e pensa: “Meu marido já não precisa mais de mim. Ele já está saturado de mim. Já não me ama. Agora ele só ama o trabalho!”. Depois de ficar remoendo esses pensamentos e com o desejo de voltar a ser tratada com mais carinho, ela pensa: “Se eu ficasse doente, talvez me tratasse com mais atenção e carinho...”. Então o seu corpo passa a manifestar um estado doentio. E, assim, ela constata que “ficar doente” é realmente conveniente, pois o marido que não lhe dava atenção torna-se, de repente, muito carinhoso com ela. Mas acontece que, no caso de uma doença crônica como o reumatismo, torna-se impossível para o marido ficar todo tempo dispensando atenções à esposa. Não pode massageá-la diariamente. Então, ele a deixa entregue à própria sorte. E a esposa, insatisfeita em seu desejo de ser amada, permanece indefinidamente em estado doentio.

Em casos como esse, ocorrerá a cura se a própria esposa, fazendo um exame de consciência, perceber que “não devia ter tal conduta mental” e abandonar de uma vez o secreto desejo de ficar doente. Mas, na maioria dos casos, não se processará a cura, enquanto ela não satisfizer completamente o desejo de ser tratada com carinho pelo seu marido.

Voltemos ao caso do Sr. Shimizu. As palavras da esposa fizeram-no refletir com maior profundidade sobre os ensinamentos da Seicho-No-Ie:

- Só agora começo a perceber a verdade! Minha mulher apresenta esse estado doentio porque eu não sabia amá-la. Eu vivia pregando sermões. E aprendi que “Deus é amor”, e que o amor tem de ser manifestado através de palavras e atos. Não adiantam os sermões. Não adianta apenas ficarmos pregando o amor. O amor tem que ser manifestado através de nossas ações. Ensinaram-me que marido e mulher são “uma só vida, alojada em dois corpos separados”; e que, vivendo sob o mesmo teto, um reflete os pensamentos do outro, como se fossem dois espelhos colocados face a face. Ensinaram-me que o lar é uma escola da alma, onde os cônjuges devem buscar juntos o aprimoramento espiritual, cada qual examinando sua atitude mental refletida sobre o outro e procurando corrigir as próprias falhas. Assim, se o marido vê um aspecto imperfeito da esposa, deve compreender que esse aspecto é um reflexo de sua própria mente e procurar corrigir-se; e se a esposa vê um aspecto imperfeito do marido, deve compreender que é a sua mente que está refletida nele e esforçar-se para melhorar a si própria. Apesar de ter lido e ouvido todos estes ensinamentos, eu não vivia de acordo com eles. Eu só sabia pregar sermões. Não havia verdadeiro amor em meu coração. Só agora compreendo verdadeiramente o significado da expressão: “Deus é Amor”.

Pouco valor possuem os religiosos que pregam sermões mas não têm verdadeiro amor no coração. É necessário que o amor seja manifestado através de suas obras. Não adianta conhecer a verdade de que “Deus é Amor”... Não devemos ser como Tolstoi, que, apesar de pregar o amor à humanidade, vivia discutindo com sua mulher, e que um dia, depois de uma rusga muito violenta (nessa época ele já passava dos oitenta anos), resolveu ir para longe. Ele acabou morrendo miseravelmente em uma estação de aldeia solitária.

Agindo dessa forma, não estaremos realmente vivendo a verdade que diz que “Deus é Amor”. Se já compreendemos realmente que “Deus é Amor”, precisamos começar a manifestar o nosso amor através das nossas obras, dentro do nosso próprio lar, na convivência com a família.

- Faltava amor em meu coração – pensou o Sr. Shimizu. – Também é verdade que a causa da dolorosa doença de minha mulher está em sua mente, que oculta um pensamento de censura contra mim. Mas se ela me censura intimamente, é porque eu não soube lhe dar suficiente amor. Marido e mulher são um só corpo. Ela é minha esposa, a única dentre bilhões de pessoas que constituem a humanidade. E eu, se perceber que a minha única esposa ansiava por meu carinho, apenas proferi sermões com palavras tão severas. Errei. Estou arrependido. Vou me modificar. Se ela quer que eu lhe faça massagens, não me importo de passar a vida toda fazendo isso.

Mentalizando o “Canto Evocativo de Deus”, ele começou a fazer massagens em sua esposa. Ela dormitava com uma expressão de felicidade no rosto. De repente, acordou, olhou para o rosto do marido e disse: “Oh! Era você!”. Parecendo tranqüilizar-se, novamente fechou os olhos e dormiu. Porém, instantes depois, mais uma vez abriu os olhos, fitou o marido e disse: “Oh! Era você!”. Em seguida cerrou os olhos e dormiu serenamente. Depois que a mesma coisa aconteceu pela terceira vez, caiu num sono profundo. Quando acordou, depois de algumas horas, ela constatou, maravilhada, que seu reumatismo tinha desaparecido completamente. O marido, muito admirado, perguntou:

- Querida, me diga uma coisa: enquanto eu lhe fazia massagens, você acordou três vezes, e três vezes me olhou meio surpresa e disse: “Ah! Era você!”. Depois adormecia como se estivesse tranqüilizada. Por que?

E a esposa explicou:

- A massagem me dava uma sensação tão agradável que acabei pegando no sono. Então, vi um ancião de cabelos e barbas brancos, envolto numa auréola, com majestoso aspecto como se fosse um deus. Ele se aproximava de mim e me afagava suavemente. Profundamente emocionada, acordei e vi que quem estava me tocando era você. Aí vinha o sono novamente. E a mesma coisa aconteceu três vezes...

Conforme disse acima, a partir desse acontecimento, a Sra. Shimizu nunca mais voltou a sofrer de reumatismo. Mas vamos ver como foi que ocorreu esse milagre. Originariamente, Deus é um ser invisível. Porém, em casos como esse, em que o amor de uma pessoa por outra torna-se tão intenso a ponto de se manifestar “concretamente”, esse amor passa a constituir uma espécie de “aparelho receptor” que capta, de maneira concreta, as “vibrações de amor” emanadas da Vida de Deus, que estão irradiadas no Universo, e faz com que elas apareçam sob um determinado aspecto. É exatamente como o aparelho de rádio que capta as ondas de rádio, ou o televisor que capta as ondas eletromagnéticas e faz aparecer no vídeo as imagens de pessoas e coisas. As ondas eletromagnéticas que percorrem o espaço são invisíveis aos nossos olhos. Mas, através do aparelho receptor de televisão, elas se tornam visíveis, aparecendo no vídeo sob as mais variadas formas (pessoas, animais, objetos, paisagens, etc.). Analogamente, a imagem de Deus, de um anjo, de “Kanzeon-Bossatsu” (Deusa das Graças, do Budismo), etc., que aparecem em visões, são a materialização das ondas espirituais do amor de Deus que preenchem o Universo.

Sabemos que Deus, como “Lei que rege o Universo”, está em toda parte. É a Sua inteligência que, manifestando-se em forma de leis da natureza, faz todo o Universo se mover segundo uma rigorosa ordem. Lembremo-nos, porém, de que Deus não é apenas a “Sabedoria” que preenche o Universo. Ele é, ao mesmo tempo, o “Amor” que preenche todo o Universo; manifesta-Se não apenas como “Lei”, mas também em forma personificada. No caso do casal Shimizu, acima narrado, o que ocorreu foi a manifestação personificada de Deus, de modo semelhante ao aparecimento de uma imagem no vídeo do televisor.


quarta-feira, janeiro 06, 2010

Semelhante atrai semelhante


Osho


Semelhante atrai Semelhante. Somente uma pessoa amorosa – alguém que já esteja amando – pode encontrar o(a) companheiro(a) certo.

Esta é a minha observação: se você é infeliz, encontrará alguém que também é infeliz. Pessoas infelizes são atraídas por pessoas infelizes. E isso é bom, é natural. É bom que as pessoas infelizes não se atraiam por pessoas felizes; caso contrário iriam destruir sua felicidade. É perfeitamente certo.

Somente pessoas felizes se atraem por pessoas felizes.

O igual atrai o igual. Pessoas inteligentes são atraídas por pessoas inteligentes; pessoas estúpidas são atraídas por pessoas estúpidas.

Você conhece pessoas do mesmo plano. Então, a primeira coisa a lembrar é: um relacionamento está destinado a ser amargo quando nasce da infelicidade. Seja primeiro feliz, alegre, celebrante, e então você encontrará uma outra alma celebrante, e aí será um encontro de duas almas dançantes e uma grande dança nascerá dali.

Não peça por um relacionamento a partir da solidão, não. Dessa forma você estará se movendo na direção errada. Desse jeito o outro será utilizado como um meio e o outro utilizará você como um meio. E ninguém quer ser usado como um meio! Cada indivíduo é um fim em si mesmo. É imoral utilizar qualquer pessoa como um meio.

Primeiro aprenda a ser sozinho. A meditação é um meio de ficar sozinho.

Se você consegue ser feliz enquanto está sozinho, você aprendeu o segredo de ser feliz. Agora você pode ser feliz com alguém. Se você é feliz, então tem algo a compartilhar, a dar. E quando você dá, você ganha; e não o contrário. Então, nasce um desejo de amar alguém.

Ordinariamente, a necessidade é a de ser amado por alguém. É uma necessidade errada. É uma necessidade infantil; você não é maduro. É uma atitude de criança.

Uma criança nasce. É claro, a criança não pode amar a mãe; ela não sabe ainda o que é o amor e ela não sabe quem é a mãe e quem é o pai. Ela é totalmente impotente. O seu ser ainda precisa ser integrado. Ela não é um inteiro; não está junta ainda. Ela é somente uma possibilidade. A mãe precisa amar, o pai precisa amar, a família precisa regar a criança com amor. Dessa forma ela aprende uma coisa: todo mundo tem que amá-la. Ela nunca aprende que ela tem que amar. Então a criança irá crescer, e se ela permanecer presa a essa atitude de que todo mundo tem que amá-la, ela irá sofrer por toda a vida. O seu corpo terá crescido, mas a sua mente terá permanecido imatura.

Uma pessoa amadurecida é aquela que conhece a outra necessidade: a de que agora eu tenho que amar alguém.

A necessidade de ser amado é infantil, imatura. A necessidade de amar é madura.

E quando você está pronto para amar alguém, um belo relacionamento irá crescer daí, de outra maneira, não.

“É possível que duas pessoas em um relacionamento sejam más uma com a outra?” Sim, isso é o que está acontecendo no mundo todo. Ser bom é muito difícil. Você não é bom nem consigo mesmo. Como você pode ser bom para outra pessoa?

Você sequer ama a si mesmo! Como poderá amar alguém? Ame a si mesmo, seja bom para consigo.

Os seus chamados santos religiosos têm ensinado que nunca se deve amar a si, nunca ser bom para si mesmo. Seja duro com você! Eles têm ensinado que você deve ser agradável com os outros e duro consigo. Isso é absurdo.

Eu ensino que a primeira e mais importante coisa a fazer é ser amoroso com você mesmo. Não seja duro; seja suave. Preocupe-se consigo. Aprenda a se perdoar – mais e mais e mais uma vez – sete vezes, setenta e sete vezes, setecentas e setenta e sete vezes. Aprenda como se perdoar. Não seja duro; não seja hostil em relação a si mesmo. E então você irá florescer.

Nesse florescimento você irá atrair uma outra flor. Isso é natural. Pedras atraem pedras; flores atraem flores. Então haverá um relacionamento em que há graça, há beleza, em que há uma benção. Se você conseguir encontrar um relacionamento assim, o seu relacionamento crescerá em uma prece; o seu amor se tornará um êxtase e pelo amor você saberá o que é o divino.

domingo, janeiro 03, 2010

Palavras têm poder

“Nunca veja o mal em ninguém – veja o bem. Mesmo quando o mal for demasiado, tente encontrar o bem. Por que é impossível se encontrar um homem que não tenha nenhum bem em si… E o que quer que você veja, cresce em você. Esse é o segredo.” (Osho)






Palavras não são apenas palavras. Elas têm disposições de ânimo, climas próprios.

Quando uma palavra se aloja dentro de você, ela traz um clima diferente à sua mente, uma abordagem diferente, uma visão diferente. Chame a mesma coisa de um nome diferente e perceberá: algo fica imediatamente diferente.

Existem as palavras dos sentimentos e as palavras intelectuais. Abandone cada vez mais as palavras intelectuais, use cada vez mais palavras dos sentimentos. Existem palavras políticas e palavras religiosas. Abandone as palavras políticas. Existem palavras que imediatamente criam conflito. No momento em que você pronuncia, surgem discussões. Assim, nunca use uma linguagem lógica e argumentativa. Use a linguagem do afeto, do carinho, do amor, para que não surja discussão alguma.

Se você começar a ficar consciente disso, perceberá uma imensa mudança surgindo. Se você estiver um pouco alerta na vida, muitas infelicidades poderão ser evitadas. Uma única palavra pronunciada na inconsciência pode criar uma longa corrente de aflição. Uma leve diferença, apenas uma virada muito pequena, e isso cria mudança. Você deveria ser muito cuidadoso e usar as palavras quando absolutamente necessário. Evite palavras contaminadas. Use palavras arejadas, não controversas, que não são argumentos, mas apenas expressões de suas impressões.

Se você puder se tornar um especialista em palavras, toda a sua vida será totalmente diferente. Se uma palavra trouxer infelicidade, raiva, conflito ou discussão, abandone-a. Qual é o sentido de carregá-la? Substitua-a por algo melhor. O melhor é o silêncio, depois é o canto, a poesia, o amor.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Prosperidade no lar (Unidade)

[trevo.gif]
Mirtlle Fillmore


“Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios”.


Não é necessário haver lares pobres. Todo lar pode ser próspero. Você pode provar isso se mantendo ocupado no rumo certo. Cada artigo visível da riqueza do mundo de hoje pode ser remontado à sua fonte invisível. O alimento provém do grão. O grão é plantado na terra, mas quem vê ou conhece a secreta vivificação que toca a semente e a faz produzir uma centena? Ninguém. Tudo isso se executa na fonte invisível das coisas, mas o resultado de uma força oculta atuando sobre o grão é o alimento para a multidão.

A substância física a que chamamos terra é a forma visível da substância espiritual que se difunde por todas as coisas. Põe-se o grão na terra; o pensamento vivificante que percorre todo o universo espiritual faz o germe da vida iniciar-se e tomar posse da substância física que o nutre.

A palavra é a semente. Semeia-se a palavra na substância espiritual. Ela germina. Cresce. Produz segundo a sua espécie. “Porventura se colhem uvas dos espinhos ou figos dos abrolhos?”.

Você que lavra a terra, ou que a ajardina, escolhe boa semente para o plantio do próximo ano dentre os melhores espécimes da colheita deste ano, refugando toda semente defeituosa que encontre. Se você acha que a sua colheita não lhe dá semente adequada para o plantio vindouro, manda buscar a melhor que se possa adquirir. Desse modo, certifica-se da natureza da sua próxima safra.

Se quiser prosperidade em seu lar, terá de exercer a mesma inteligente discriminação, ao selecionar a semente de sua palavra, que o agricultor usa ao escolher a dele.

Quando você fala repetidamente de “tempos difíceis”, está lançando a semente de “tempos difíceis”. Pela lei infalível de crescimento e colheita, que espécie de colheita irá ceifar? Se um fazendeiro semeia cardos e depois se queixa de que seu campo não produziu trigo, diria você: “Que tolo! Se queria trigo, por que não semeou trigo?”.

Você pode agora começar a trazer prosperidade ao seu lar. A primeira atitude é banir de seu espírito as palavras que tenham em si idéias de pobreza, e selecionar cuidadosamente as que encerram idéias de plenitude. Nunca faça uma afirmação, não importa quão verdadeira possa superficialmente parecer, que não queira seja continuada ou reproduzida em seu lar. Não diga que o dinheiro está escasso; a própria declaração de tal pensamento fará o dinheiro sair voando dos seus dedos. Nunca diga que os tempos estão difíceis para você; estas palavras apertarão os cordões de sua bolsa até que a Onipotência Se tornará impotente para afrouxá-los.

Comece agora mesmo a falar da plenitude, a pensar na plenitude, a dar graças pela plenitude.

A substância espiritual de que provém a riqueza visível nunca se esgota. É sempre reta para com você, e corresponderá à sua confiança nela. Produzirá de acordo com as exigências que você lhe fizer. Nunca é afetada pela sua linguagem impensada sobre tempos difíceis, mas você é afetado porque as suas idéias governam a demonstração. O infalível recurso está sempre pronto para dar. Não tem ele alternativa neste particular: precisa dar, pois essa é sua natureza. Derrame a sua viva palavra de fé na substância espiritual e prosperará ainda que todos os bancos do mundo cerrem as portas. Volte a energia do seu pensamento para as “idéias de plenitude” e terá a plenitude, não importa o que digam as pessoas ao seu redor.

Outra coisa: você deve tomar a sua prosperidade como algo inevitável. Deve ser tão profundamente grato por toda demonstração como o seria por algum tesouro inesperadamente posto sobre o seu colo. Deve esperar a prosperidade porque está guardando a lei e dar graças por toda bênção que alcançar. Isso manterá o seu coração renovado. A ação de graças pela beneficência recebida pode assemelhar-se à chuva que cai sobre a terra pronta, refrescando a vegetação e mantendo a produtividade do solo. Quando Jesus Cristo tinha apenas pouca provisão para alimentar a multidão, deu graças pelo que tinha e aquele pouco se tornou tal abundância que todos ficaram satisfeitos e muito sobrou.

A bênção não perdeu o seu poder desde os tempos em que Cristo a usou. Experimente-a e prove-lhe a eficácia. O mesmo poder de multiplicação nela se contém. O louvor e a ação de graças têm dentro de si o vivificante poder espiritual que produz o crescimento e o aumento.

Nunca condene coisa alguma em seu lar. Se quiser novas peças de mobília ou vestuário para tomarem o lugar daquelas que possam estar a ponto de se desmantelarem, não fale você sobre o que tenha como sendo velho ou gasto. Vigie as suas idéias; veja-se vestido como convém a um filho do Rei e a sua casa mobiliada como agrada aos seus ideais. Use a paciência, sabedoria e assiduidade que o agricultor emprega em seu plantio e cultivo, e a sua colheita será tão certa como a dele.

As verdades aqui proferidas são carregadas de energia pelo espírito vivificante. A sua mente e o seu coração estão agora abertos e receptivos para idéias que o inspirarão com o entendimento da potência dos seus próprios pensamentos e palavras. Você está apto para prosperar. O seu lar tornar-se-á um ímã, atraindo para si todo o bem do infalível inexaurível reservatório do suprimento. A sua multiplicação virá através da sua retidão.


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