As escrituras hebraicas profetizavam que o Cristo seria crucificado. Como alguém poderia predizer a crucifixão de um homem dois mil anos antes daquilo acontecer? Não se conhece uma boa razão que explique tal evento; porém, esta profecia é encontrada nas escrituras hebraicas. Qual é o sentido dela? O primeiro, e o mais importante ponto a ser compreendido, é que esta profecia não se refere a um homem em particular, mas sim à crucifixão do Cristo, à crucifixão da Verdade.
Os hebreus sabiam, de amarga experiência, que
a Verdade seria sempre crucificada quando aparecesse ao pensamento mortal.
A Verdade nunca foi nem nunca será aceita pelo pensamento mortal. Onde quer que apareça, fará surgir a rejeição eclesiástica: “Isto não é ortodoxo; não está de acordo com o nosso ensinamento, não pode ser verdadeiro”. E a própria análise eclesiástica irá bradar: “Crucifique-o”; desse modo, seguramente poderia ser profetizado, com cem anos ou com dois mil anos de antecedência, que o Cristo seria crucificado, pois,
onde quer que toque o pensamento mortal, o Cristo é vítima de crucificação.
O Cristo é a manifestação de Deus; portanto, o Cristo não é um homem. Para os seguidores do Hinduísmo, Krishna ocupa uma posição similar à de Jesus no mundo cristão. Há, inclusive, os que consideram Krishna apenas como homem, embora tivesse existido um homem chamado Krishna que deu ao mundo um ensinamento espiritual da mesma forma com que um homem chamado Jesus deu ao mundo o ensinamento do Cristo. O ensinamento de Krishna foi apresentado ao muito muitos mil anos antes do advento de Jesus, e, no entanto, somente Jesus veio sendo identificado como o Cristo, enquanto Krishna foi considerado como um ser físico. Tanto Krishna quanto Cristo tem o mesmo significado: a presença de Deus feito manifesto – o Verbo feito carne.
O pensamento mortal irá sempre crucificar a Verdade; assim, quando surge um indivíduo com esta visão da Verdade, com esta visão do Cristo, e que com Ele se identifica, pode-se saber que o caminho de sua crucifixão estará sendo preparado. Provavelmente ninguém captou a visão da Unidade tão claramente como Jesus; e, como ele se identificava com ela, a igreja da época achou que, com sua crucificação, se livraria da confusa Verdade que ele ensinava.
Eu não considero a crucificação ou as perseguições aos santos e místicos como acontecimentos necessários ao mundo. O ensinamento comumente aceito hoje, pelas igrejas ortodoxas, é o de que Jesus teve de morrer para que fôssemos salvos; entretanto, isso não passa de adaptação do antigo ensinamento dos hebreus, que considerava o sacrifício de animais inocentes como algo exigido por Deus. Tal ensinamento faz de Deus um tirano. Dessa forma, não sinto hoje que a crucificação ou perseguição façam parte de um plano de salvação do mundo; antes, pelo contrário, penso que aquilo ocorreu para as pessoas que equivocadamente se identificaram como um salvador pessoal, mais do que com o fato de ser, o ensinamento da Verdade, uma manifestação de que Deus, e de ser, cada mestre, somente uma transparência pela qual o como a qual ela estaria aparecendo.
Jesus veio ensinando:
“Eu e o Pai somos um”… "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma”….”o Pai, que está em mim, é quem faz as obras”…. "Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus”. Os Mestres que personalizarem a Verdade, sentindo-se os responsáveis pela mensagem, sempre sofrerão o peso das perseguições do mundo. O erro deles está na própria colocação como sendo profetas com uma mensagem pessoal. Jesus foi bem claro nesse ponto, ao declarar:
“A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou”. Porém, apesar desta declaração tão clara do próprio Mestre, muitos não a interpretaram corretamente.
A UNIVERSALIDADE DA VERDADE
A Verdade é. A Verdade de toda mensagem sempre existiu e continuará existindo até a eternidade. Quando os Mestres captam um vislumbre espiritual dela, o que podem fazer é se tornarem uma transparência para que esta Verdade apareça no mundo. De fato, o mundo irá sempre querer se livrar dessa Verdade – querer crucificá-la – mas enquanto os mestres não identificarem a Verdade de suas mensagens como algo pessoal, enquanto não se colocarem como salvadores pessoais, não serão crucificados.
Se a mensagem for verdadeira, o pensamento mortal desejará destruí-la, mas não destruirá a mensagem; tentará destruir a pessoa que tenha cometido o erro de acreditar que a Verdade tenha, de algum modo, alguma relação humanamente pessoal com ele.
Sejamos gratos por isso: a Verdade é santa e sagrada; a Verdade é onipresente e em todos os período da história do mundo surgirão aqueles que repetirão esta mensagem novamente. Ela nunca tem sua origem numa pessoa. A mensagem que Jesus ensinou é mais antiga que o próprio tempo... Nem é nova nem é original, sendo uma repetição daquilo que tem vindo através das épocas. De tempos em tempos ela chega a nós novamente. Jesus apresentou esta mesma Verdade universal numa linguagem compreensível e aceitável para o mundo ocidental, e é este o valor de seu ensinamento para nós.
Um indivíduo iluminado consegue transmitir a Verdade aos seus discípulos ou alunos imediatos, e por algum tempo ela começa a crescer e ser divulgada; mas, gradativamente, ela começa a perder sua força e significado original. Torna-se uma forma, um credo ou um sistema, pois alguém a organiza e isto selará o seu fim. A Verdade não pode sobreviver numa organização, pois, em todas elas existe uma cabeça, e no momento em que houver uma cabeça, deverá haver alguém à mão direita e alguém à mão esquerda. Daí começará a competição e o surgimento da confusão – dissensão e contenda. O indivíduo que captou a visão espiritual, aquele que redescobriu a Verdade universal, dá a ela a mais clara linguagem disponível no momento. Mas a interpretação daqueles que vêm depois é baseada nas suas diversas bagagens educacionais e regionais, com cada um entendendo a Verdade de uma forma inteiramente diferente. O resultado disso será que, após duas ou três gerações, ninguém mais concordará com o que era ou é o ensinamento.
A ILUMINAÇÃO DE GAUTAMA
Para alguns de vocês, a estória de Buda é uma antiga e bem conhecida estória. Mas, mesmo sendo já conhecida, ela parecerá sempre nova devido à sua beleza. Gautama era filho de um rei grandioso e rico e, conforme os registros sagrados, nasceu de uma virgem. Na noite de seu nascimento, uma estrela apareceu no firmamento, acompanhada de misteriosos sinais no céu.
O pai, reconhecendo o caráter e a natureza espiritual de seu filho, bem como a responsabilidade que logo cairia sobre seus ombros, cuidou para que Gautama fosse preparado para a posição que viria a ocupar. Assim, quando o jovem cresceu, possuía bastante instrução, sabedoria, e um corpo físico perfeitamente desenvolvido. Durante todo esse tempo, ele havia sido cuidadosamente resguardado do mundo exterior. Nunca tinha ido além do domínio extensivo do estado do pai, e, portanto, nada sabia de pecado, doença, pobreza e morte.
Já crescido, foi preciso que ele saísse desse reino de proteção para assumir as funções de príncipe. Uma parada foi planejada, porém o mestre de cerimônias não seguiu a rigor as instruções. A marcha havia sido planejada de forma que o jovem Gautama não pudesse ver nada que lhe chamasse a atenção para as coisas existentes no mundo. Mas, infelizmente, nesta viagem ele viu um homem sentado numa sarjeta pedindo esmolas. Quando quis saber o significado daquilo, explicaram a ele: “É porque ele é um mendigo, um homem pobre; esta é seu único jeito de conseguir alimento”. Gautama ficou atônito com o fato de existir uma anomalia como um homem pobre no rico reino de seu pai. Sua preocupação aumentou quando soube da existência de muito mais pobres que nada tinham para comer ou vestir. Em seu coração o jovem pensava em quão terrível era aquilo! A marcha prosseguiu e a cena seguinte mostrava um homem doente. Novamente Gautama perguntou sobre o que estava vendo, e explicaram a ele que o homem estava sofrendo por causa de uma doença. O jovem Gautama, olhando para o seu próprio corpo, respondeu: “Como pode ser isso? No corpo há somente força e vitalidade!” Mas lhe disseram que a maioria das pessoas sofria de um tipo qualquer de doença, e ele novamente pensou: “Que coisa terrível!”
O que foi testemunhado por Gautama, em seguida, foi a morte. Quando foi dito a ele que as pessoas todas morrem, que existia essa coisa chamada morte, ele ficou profundamente abalado. Para ele, aquilo parecia ser inacreditável.
À noite, voltando ao palácio, ele ainda sentido e confuso, ponderava profundamente sobre tudo que havia observado. E então, nasceu em sua consciência a ideia de que a pobreza, a doença e a morte não eram coisas certas, que deveria existir algum princípio capaz de eliminá-las e que caberia a ele procurar aquele princípio, aquela lei.
Gautama tinha uma esposa e uma criança; mas, no meio da noite, beijou sua família com um adeus, deixando-a e abandonando sua riqueza e seu palácio, para vestir uma roupa de mendigo e dar início à sua jornada no caminho religioso com o objetivo de encontrar a lei ou princípio que eliminasse o pecado, a doença, a morte, as carências e limitações da terra. Ele não saiu para ser um curador; ele não saiu para curar esta ou aquela pessoa; seu objetivo único era encontrar um
PRINCÍPIO que pusesse fim ao pecado, à doença, à morte e às limitações terrenas. Persistiu nesta busca durante vinte e um anos de dificuldades e tentativas. Passou por todo os tipos de formas religiosas; estudou com muitos mestres e instrutores religiosos, mas nenhum deles pôde levá-lo ao princípio que buscava.
Finalmente um dia, após ter ele abandonado todos os mestres e ensinamentos religiosos, e decidido a buscar a Verdade por si, ele chegou à árvore
Bodhi, a árvore do conhecimento, a árvore da sabedoria, e ali ele sentou-se e começou a meditar. Sua meditação durou um longo, longo tempo, mas, ao término daquele tempo, ele havia alcançado a iluminação total, e com ela veio-lhe esta grande sabedoria:
Não existe pecado, doença, morte nem limitação – aquilo tudo é ilusão.
Este é o princípio que nos chegou muito antes de Buda, e que veio a ser por ele restabelecido: o princípio de que não somos curadores de pecado, doença ou morte, pois, inexistem o pecado, a doença e a morte:
tudo que aparece como um mundo objetivo é um conceito de mundo, uma ilusão. Toda experiência humana conhecida através do testemunho dos sentidos é um mito, uma ilusão. Nosso falso conceito do universo constitui a ilusão.
Depois da partida de Buda, seus discípulos fizeram excelente trabalho de cura através de sua revelação. Entretanto, cerca de cinquenta anos mais tarde, eles a organizaram e começaram a introduzir formas cerimoniais – hinos, preces, e todos os demais rituais. O poder de cura foi perdido e o ensinamento de Buda foi dividido em correntes; e assim é que hoje há muitas e muitas seitas, todas elas cercadas de formas, preces, mantras – de tudo, menos da
Verdade original, dada através da iluminação de Buda, de que todo erro é ilusão.
“O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
No cumprimento de sua missão na terra, Jesus ensinou a mesma mensagem, de forma idêntica:
“O meu reino não é deste mundo”. Em outras palavras,
o reino da realidade não é “deste” mundo (fenomênico/físico/material). Este mundo é feito daquilo que não tem existência real. É feito de pecado, doença, morte, falta e limitação; é feito de um falso conceito de vida, um senso de separatividade de Deus.
Quando Pilatos disse ao Mestre:
“Não sabes que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?” Jesus respondeu-lhe:
“Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado”. Em outras palavras: fora do Pai não existe poder algum. E o que disse ele a todos os doentes? Ao coxo, ao enfermo?
“Levanta-te, toma a tua cama, e anda. …Estenda a tua mão. …Ela não está morta, mas dorme”. Ele poderia ter dito:
“Estas coisas são ilusão; não podem prendê-lo. Não existe outro poder além de Deus”. Jesus não empregava qualquer tratamento mágico diante daqueles sofrimentos, mas um simples “Levanta-te, toma a tua cama e anda. …Sê limpo. …Lázaro, vem para fora.” Para ele, todo erro era ilusão.
Assim, também este ensinamento, como tem se mostrado nestes textos, diz que
todo testemunho dos sentidos é pura crença;
não é lei. Se está estabelecido na terminologia de Buda que todo pecado, doença ou morte é ilusão – maya –, ou se está nas palavras mais frequentemente usadas em
O Caminho Infinito, de que tudo aquilo que vemos, ouvimos, provamos, tocamos ou cheiramos não é realidade, mas que consiste de conceitos mortais, o mais importante não está no palavreado em si. O que realmente importa é a mensagem – aquela antiga mensagem da
realidade de Deus e da irrealidade do testemunho dos sentidos.
AS CRENÇAS UNIVERSAIS DECORREM DO SENSO DE SEPARAÇÃO DE DEUS
As perguntas frequentemente são do tipo: “Como pode tudo isso ter começado?”. Nas Escrituras encontramos duas estórias que falam sobre como tudo começou, mas elas não dizem, ao menos para os não-iniciados, o que tornou possível ter este começo. A primeira delas é a de Adão e Eva.
Adão estava no Jardim do Éden. Estava lá completamente só e, naquela solidão, podia dizer com substância:
“Eu e o Pai somos um, e esta unidade constitui a minha plenitude, a harmonia e a totalidade do meu ser. Nada pode ser-me acrescentado e nada pode ser-me tirado. Tudo que é do Pai é meu porque eu e o Pai somos um, e este Um está no paraíso, em harmonia”.
A despeito de Adão estar no Éden, ou paraíso, conforme a estória, ele se sentia só, com falta de uma companhia. Estando no Éden, no paraíso ou na harmonia, ele possuía compreensão suficiente para saber que não poderia conseguir nada separado dele mesmo. Assim está registrado que Eva foi formada do seu interior, de uma de suas costelas. Observe que Eva não foi uma experiência externa a Adão. Não se esqueça disso. Eva foi tirada da costela de Adão, do interior de Adão, da costela da compreensão, do sólido conhecimento ou compreensão de Adão. Foi uma experiência inteiramente interna, e ela apareceu a ele não subjetivamente, mas objetivamente como Eva.
Ao ler o conto cuidadosamente, verá que mesmo quando os dois existiam, um Adão e uma Eva, eles continuavam no Éden, pois Adão e Eva ainda estavam unos com Deus. Porém, o desejo passou a fazer parte do quadro, e foi quando a confusão começou. O desejo, não fazendo parte da unidade ou da plenitude, nos separaria da infinitude de nosso ser assim que, em vez de extrairmos do interior, começássemos a pensar em extrair do exterior; começássemos a pensar na criação externa muito mais do que na interna, ou na obtenção interior. No caso de Adão e Eva, a obtenção começou a ser no exterior, com a criação de Caim e Abel, quando foi desenvolvido um senso de separatividade, um senso de estar apartado da infinita fonte do Ser, da totalidade e plenitude do Ser.
Com aquele senso de separação, nascido da crença no bem e no mal, surgiu um conceito de universo objetivo, que poderia prover o bem do lado de fora. Este senso de separação é o pecado original referido nas Escrituras, e é também o que deu origem a todos os pecados, doenças e pobreza da existência mortal.
Um conto similar de separatividade é o da parábola do filho pródigo. Aqui, novamente, encontramos o Pai uno com o filho, com tudo que é do Pai pertencendo a ele, enquanto aquela unidade perdurar. Mas, como no caso de Adão e Eva, também o filho pródigo teve o anseio de querer algo fora da infinitude do Todo, buscando uma independência com a consequente separatividade. O filho pródigo colocou-se como entidade separada, uma entidade separada e apartada de seu pai, não mais buscando no interior da família de seu pai – na infinitude do seu próprio ser espiritual – mas pretendendo buscar no exterior. Naturalmente, todos sabemos como terminou aquela intenção: no chiqueiro. Sua plenitude não pôde ser encontrada, até que ele retornasse à casa do Pai – até que novamente se tornasse consciente de sua unidade com o Pai e estivesse desejoso de saber que já possuía tudo, uma vez que tudo que pertencesse ao Pai era dele.
Desses dois claros exemplos, que nos são dados pelas Escrituras, podemos notar que o desencadeamento da existência mortal teve, como início, aquele mesmo clamor universal ou crença numa entidade ou egoidade separada ou apartada de Deus, e irá permanecer em nossa experiência até que retornemos ao Pai-consciência, reconhecendo que tudo que é do Pai é nosso. Somente então veremos que todo bem deve vir do interior, e que nossa unidade com Deus constitui nossa unidade com todo ser e coisas espirituais. Deus, sendo imortal e eterno, é também a imortalidade e eternidade do filho. Estes dois exemplos bíblicos servirão para trazer à nossa lembrança consciente o caminho espiritual que nos conduzirá, por fim, à vitória sobre o pecado, a doença e a morte.
LIDANDO COM AS CRENÇAS UNIVERSAIS
É verdade que temos, a todo momento, crenças universais a nos martelarem: a crença universal de idade, a crença universal de micróbios, a crença universal de morte. Porém, elas nos vêm aos pensamentos como crenças, sujeitas à nossa aceitação ou rejeição. Quem desconhece este estudo da Verdade desconhece esta escolha, e se torna vítima das crenças universais, vivendo à mercê delas sem que nada saiba ou possa fazer. Mas quem estuda a Verdade está sempre no controle; pode aceitar ou rejeitar as crenças universais, pensamentos ou sugestões que lhe vêm, podendo inclusive lidar com elas antes mesmo que surjam. Toda aparência como pecado, doença, falta ou limitação vem à nossa consciência como crenças ou sugestões, e nós podemos aceitá-las ou não, dependendo unicamente de nós mesmos.
Isso não quer dizer que se apenas dissermos: “Eu não gostei de você! Saia!”, bastará para darmos fim à crença. Não é assim tão simples! Deverá ser objeto de convicção, de uma real compreensão de que
o Eu, a Consciência, governa, e controla este corpo, e que o corpo não pode receber ou se mostrar sensível às crenças do mundo.
Deverá estar bem claro que existe somente um Poder, somente uma Causa: todo poder está na Causa e não há nenhum poder no efeito.
Deixe bem claro, em seu pensamento, que este senso de corpo, isto é, este conceito a que chamamos de corpo físico, não é, de si mesmo, uma entidade consciente. Assemelha-se a um carro nosso, um veículo em que viajamos e que segue na direção que nós determinamos. Este corpo também segue na direção em que determinarmos. Ninguém poderá fazer com que nosso corpo realize algo. Nós, nós próprios, governamos e controlamos sua ação.
Como já repeti várias vezes, este não é trabalho destinado a homem preguiçoso. É um trabalho que requer esforço constante e consciente. Seguir o caminho espiritual não é permanecer sentado deixando que um Deus misterioso faça algum favor especial. Nossa vida é determinada pela nossa própria consciência, pelo nosso próprio conhecimento da Verdade do ser, e pelo desejo nosso de rejeitar, tão rápido quanto nos venham, as sugestões deste miasma mental chamado “mente humana”, “mente carnal” ou “mente humana universal”.
Ao falarmos sobre o aspecto mais esotérico ou espiritual deste mundo, vemo-nos na possibilidade de realmente “caminhar nas nuvens”; porém, quando descemos à aplicação prática em nossa experiência, será preciso sairmos um pouco das nuvens para compreendermos a natureza daquilo com que estamos lidando.
Em nossa existência “neste mundo”, estamos lidando com crenças universais. Elas são mais antigas do que o tempo, a começar da crença de que nós nascemos, e que vai direto à crença de que morremos.
Certamente, em algum período de nossa experiência, precisamos despertar conscientemente para esse fato e darmos início à rejeição destas crenças do mundo.