"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Sabedoria: a Luz de Deus

Masaharu Taniguchi


(Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade)

SABEDORIA

A sabedoria é Luz de Deus,
é Luz perfeita que acompanha a Realidade,
é Luz infinita e onipresente que desconhece restrições;
porque não conhece restrições,
está presente em todas as coisas
e ilumina todas as coisas.


A sabedoria é a luz divina que elimina a treva da ilusão. A ilusão não entende a Imagem Verdadeira. Não entender é ignorância, e ignorância é treva. A função da Sabedoria é iluminar a Imagem Verdadeira, eliminando essa treva, razão pela qual é chamada luz. Onde há Realidade, infalivelmente há luz, há sabedoria. Onde há Realidade, jamais surgem situações caóticas por falta de sabedoria. Se existe caos, é sinal de que nesse lugar não há Realidade. Por isso se diz que a sabedoria é a luz perfeita que acompanha a Realidade, ou seja, Deus. "Luz infinita" é a luz impecável e infalível que está presente em tudo e tudo ilumina. Essa luz é infinita, onipresente e desconhece restrições. Sendo infinita e onipresente, é óbvio que possa estar presente em todas as coisas, iluminando-as. O trecho seguinte diz que o homem é "filho da Luz":


O homem, sendo filho da Luz, e porque está sempre na Luz,
desconhece a escuridão,
desconhece tropeços,
desconhece embaraços;
como anjos que passeiam no céu,
como peixes que nadam no oceano,
passeia no Mundo da Luz, pleno de Luz e cheio de Alegria.


A Realidade é tudo. Logo, uma vez que existimos, a Luz da Realidade está também dentro de nós e, por conseguinte, a treva não existe para nós. Somos filhos da luz. Nascemos da luz, estamos dentro da luz e ao mesmo tempo temos a luz dentro de nós. Se a luz está dentro de nós e estamos dentro da luz, a treva não pode existir. Não conhecemos a treva. Não existe nenhuma espécie de treva. Não existe empecilho algum que nos faça tropeçar. Portanto, somos seres totalmente livres e vivemos sem tropeços nem embaraços, tal como os anjos que voam livremente no céu ou como os peixes que nadam na água. Esta é a verdadeira imagem da nossa vida. Os peixes nadam à vontade, com desenvoltura, como se nem percebessem a existência da água ou sentissem sua resistência. Da mesma forma, o homem, na verdade, está passeando livremente no mundo da luz, sem encontrar treva nem obstáculo algum, transbordante de luz e alegria. Esta é a imagem do viver do homem verdadeiro, do homem-Imagem-Verdadeira. Se, no entanto, surgem inúmeros obstáculos que tolhem nossa liberdade, é porque não manifestamos plenamente a luz e permitimos que a "treva" mostre sua falsa existência e apresente obstáculos que não existem, como se fossem existência verdadeiras. Manifestando a luz da sabedoria, a situação embaraçosa desaparece automaticamente porque não é existência verdadeira.

A sutra diz em seguida:


Sendo a Sabedoria Luz da iluminação espiritual,
é a Verdade que ilumina e extingue as trevas da ilusão.


A sabedoria é luz da iluminação espiritual; portanto, quando ela se manifesta, desaparecem todas as ilusões e trevas e surge a imagem verdadeira da Realidade, que é perfeita e impecável. Mas a sabedoria neste contexto não é a sagaz inteligência do cérebro humano, nem a faculdade de conhecer os fatos e as coisas deste mundo; é a faculdade de conhecer a Imagem Verdadeira. Não é aquela que vem do homem em ilusão; é a sabedoria verdadeira que vem de Deus. Sob a luz dessa sabedoria, todos os tipos de ilusão e treva desaparecem irremediavelmente. Se a ilusão aparenta existir, é porque não manifestamos a sabedoria. A treva parece existir realmente e pensamos que ela existe, mas ela não é algo que existe em oposição à luz. A treva não passa de estado de ausência de luz. Da mesma forma, as infelicidades não passam de estados de ausência de luz da sabedoria.

Não raro encontramos pessoas que dizem: "Estou doente há mais de vinte anos. Nenhum tratamento me cura porque esta doença é crônica". Assim dizem por pensarem que a doença é existência verdadeira. Pensam que sua doença, sendo produto de causas cármicas acumuladas durante muito tempo, não será curada facilmente. Até perderam a esperança de cura. Acham que o carma formado há várias encarnações não será extinto tão facilmente por meio da fé ou práticas espirituais. Elas estão segurando firmemente a doença com a mente, considerando-a existente, razão pela qual nunca saram.

Vejamos mais um trecho:


Somente a Verdade é Realidade.
A ilusão, sendo apenas falta de conhecimento da Verdade,
é tal qual um pesadelo.
Despertai do pesadelo.
Ocorrendo a iluminação espiritual,
imediatamente este mundo se torna Paraíso pleno de Luz,
e o homem revela a sua Imagem Verdadeira
que é Vida plena de Luz.


O carma não é algo que existe de verdade. Ele é formado pelo acúmulo de ilusões que aparenta existir devido à treva mental e falta de luz. Por isso, mesmo o mais pesado carma desaparece quando se acende a luz da sabedoria, assim como a mais densa treva desaparece quando se acende uma lâmpada. Não importa se é um carma formado há dez ou vinte anos: uma vez acesa a luz da sabedoria, a vida se ilumina.

Poderá alguém pensar que uma treva formada há pouco tempo pode desaparecer diante de uma luz mais facilmente do que uma treva antiga que vem durando séculos. Contudo, tanto a treva recente como a antiga desaparecem igualmente quando se acende a luz. A treva não é existência verdadeira; ela é inexistente. Treva é inexistência. E não há inexistência recente nem antiga. Assim também é a ilusão (treva mental). Esta é um estado de ausência de sabedoria, sendo portanto inexistente. No budismo se diz sabiamente que a "ilusão" é "ausência de iluminação", para explicar que ela é um estado em que a luz da sabedoria está ausente. Por conseguinte, quando ocorre a iluminação espiritual (despertar), desaparecem todos os carmas, desejos egoísticos, ressentimentos e insatisfações.

"Então, de onde surge a ilusão?" - perguntam alguns. Fazem tal pergunta porque ainda pensam que a ilusão existe. Se compreenderem que não existe, não surgirá tal dúvida. partindo-se da premissa de que "a ilusão existe", jamais se pode provar sua inexistência. Compreendendo que a ilusão não surge de lugar algum porque não é existência verdadeira (nada), desaparecerá tal questionamento. Se alguém perguntar "De onde vem a treva?", só poderemos responder que ela não vem de lugar algum, pois a treva é um estado de ausência de luz. A questão se torna difícil quando se pensa que a treva seja algo consistente, que sai de um lugar para se apresentar diante de nós. Mas felizmente a treva, assim como a ilusão, é um estado em que a luz está ausente.

A Seicho-No-Ie diz, portanto, que os estados de ausência de luz, tais como o pecado, o carma, a ilusão, etc., são na verdade inexistentes, e que o fato de eles parecerem existentes não passa de pesadelo. Por isso, o trecho da sutra diz: "A ilusão, sendo apenas falta de conhecimento da Verdade, é tal qual um pesadelo. Despertai do pesadelo". Viver pensando que existem ilusão e pecado a serem levados em consideração é o mesmo que estar tendo pesadelo. Se alguém pensa que a ilusão existe - isto é, considera real o pesadelo que está tendo -, é porque nele não está se manifestando a sabedoria. A treva mental parece existir quando não está presente a luz da sabedoria, isto é, a luz de Deus. Quando brilha a luz da sabedoria, desaparece a ilusão. Se considerarmos real a imagem ilusória que se formou na mente e não abrirmos os olhos da mente, ela não desaparecerá nunca. Porém, se abrirmos os olhos mentais, a imagem ilusória desaparecerá instantâneamente.

Ilusão é o não-reconhecimento da Verdade. Não é que existe algo chamado ilusão. Por exemplo, daqui ouvimos as cigarras cantando nas árvores lá fora. Devido à acústica deste salão, muitas vezes esse chiado das cigarras é confundido com o barulho da chuva, e muitas pessoas poderão pensar que está chovendo. Isso é a ilusão. E se alguém lhes explica que o ruído não é de chuva mas de cigarras, as pessoas percebem a verdade e, simultaneamente, desaparece a "ilusão de que está chovendo". Então pergunto: "Onde está a "ilusão de que está chovendo"? Ela não existe mais. Existe unicamente a verdade de que as cigarras estão cantando. Conclui-se, portanto, que a "ilusão de que estava chovendo" não existia; simplesmente a verdade de que "as cigarras estão cantando" estava oculta, devido à falta de reconhecimento dessa verdade. Esta é a natureza da ilusão.

Abrindo os olhos da mente, isto é, compreendendo a Verdade, a ilusão desaparece instantaneamente. É como diz o trecho da sutra: "Ocorrendo a iluminação espiritual (o despertar), imediatamente  este mundo se torna Paraíso pleno de Luz, e o homem revela a sua Imagem Verdadeira, que é Vida plana de Luz". Se alguém pensa que neste mundo existem muitos sofrimentos e desgraças, é porque não conhece a Imagem Verdadeira, isto é, a Verdade de que este mundo é o paraíso de luz. Se tal pessoa ouvir os ensinamentos da Seicho-No-Ie, conhecer a Imagem Verdadeira e perceber que os sofrimentos e desgraças são ilusões, portanto inexistentes, o mundo se transformará imediatamente em paraíso de luz e ela manifestará sua Imagem Verdadeira, que é Vida plena de luz.

Ontem à tarde esteve em nossa reunião o sr. M. A., que trabalha no Departamento de Obras da Prefeitura de Tóquio. Ele relatou, diante do público presente, que viera à Seicho-No-Ie para se curar de bronquite. Quando ele tinha três anos de idade, ficou com o rosto boerto de eczemas e, após a cura, a epiderme facial ficou repuxada e cheia de cicatrizes. Durante quarenta e sete anos ele viver assim e pensava: "Sou uma criatura repugnante". entretanto, conheceu a Seicho-No-Ie, leu a obra A Verdade da Vida e mudou seu pensamento. certo dia, quando praticava a Meditação Shinsokan, surgiu-lhe de dentro a seguinte convicção: "Sou originariamente filho de Deus, portanto, não sou repugnante; meu rosto é belo e harmônico!". Então, surpreendentemente, a pele do rosto começou a se descontrair, e as cicatrizes começaram a desaparecer. Normalmente, pensa-se que tal tipo de deformação da pele é incurável porque não é uma doença, e sim cicatrizes deixadas por uma doença que se curou. Entretanto, a pele do rosto do sr. M.A., que esteve repuxada e cheia de cicatrizes há quarenta e sete anos, está voltando ao normal. "Meu rosto ainda não está perfeitamente normal, mas já está muito bonito como podem notar", disse ele alegre e humoristicamente.

Como vimos, a face que estava deformada durante quarenta e sete anos voltou ao normal graças à compreensão da Verdade. Tal transformação não será possível enquanto a pessoa estiver considerando seu corpo como matéria e a matéria como existência verdadeira. A matéria é "sombra" da mente. O rosto disforme era projeção do pensamento: "Isto são cicatrizes que vão ficar pelo resto da vida". O sr. M.A. compreendeu que seu rosto não era incorrigível. Ou melhor, compreendeu que não precisava corrigir nada, pois a face repuxada pelas cicatrizes não era existência verdadeira; que sua verdadeira imagem não tinha deformação alguma. Quando compreendeu isso, mudou seu filme mental e passou a se projetar neste mundo fenomênico a imagem perfeita de sua Imagem verdadeira.

A importância desse fato não se restringe apenas ao desaparecimento das cicatrizes de 47 anos. Todos os problemas da vida são como essas cicatrizes. Citei este caso como exemplo para solucionar todos os tipos de problema. Todos os sofrimentos e imperfeitções são "cicatrizes" e "deformidades" da vida. As pessoas em geral pensam que o homem é uma massa formada de elementos materiais e que toda avaria nela ocorrida deve ser corrigida por meios materiais. Pensam que as cicatrizes resultantes de eczema são anormalidades materiais ocorridas no corpo material e que, portanto, para eliminá-las, é preciso cirurgia plástica, substituindo a pele irregular por pele lisa retirada da coxa ou de alguma outra parte. em suma, pensam que o homem é um ser material, uma massa feita de matéria. Este é o pensamento comum da maioria das pessoas, mas é um modo de pensar errôneo.

Vejamos mais um trecho da sutra:


Deus, Luz de infinita e universal Sabedoria,
Bem sem limitação,
Vida sem limitação,
Substância de todas as coisas,
é também Criador de todas as coisas;
por isso, Deus está presente em todos os lugares.
Deus, é a onipresente Substância e também o Criador.
Por isso:
unicamente o Bem é Força,
unicamente o Bem é Vida,
unicamente o Bem é Realidade;
logo, não existe Força que não seja Bem,
não existe Vida que não seja Bem, e também
não existe Realidade que não seja Bem.
Força que não seja Bem, isto é, força que traz
infelicidade, não passa de pesadelo.
Vida que não seja Bem, isto é, a doença, não
passa de pesadelo.

Todas as desarmonias e imperfeições nada mais
são que pesadelos.

Sendo o pesadelo aquilo que dá força ativa à
infelicidade, à doença, à desarmonia, à imperfeição,
estas se assemelham às diabólicas opressões que, em
sonho, podem nos fazer sofrer. Mas, ao despertarmos,
percebemos que não existe força alguma para nos
oprimir; nós é que nos oprimimos com a nossa própria
mente.
Em verdade, as forças maléficas, a força que oprime a
nossa vida , a força que nos faz sofrer, não são forças
que realmente existem de modo objetivo;
nada mais são que dores criadas em nossa própria mente
sofridas pela nossa própria mente.


Compreendendo o que acabamos de ler, a ilusão revelará sua inexistência e não nos poderá causar dano algum. Mais que isso: conseguiremos manifestar a imagem perfeita de nossa Imagem Verdadeira, livremente, de acordo com nosso pensamento. Em outras plavras, o homem manifestará sua imagem bela exatamente como foi criado por Deus, e este mundo será o paraíso de luz, refletindo fielmente o mundo da Imagem Verdadeira, o mundo de Deus.

O trecho seguinte diz que "Deus é Luz de infinita e universal sabedoria". Realmente, a Sabedoria de Deus é infinita e não existe outra sabedoria além da divina. Logo, a sabedoria que se aloja em nós é, na verdade, a infinita Sabedoria de Deus. Porém, é um grande erro pensar que essa sabedoria esteja dentro do nosso corpo carnal. A Seicho-No-Ie diz que "o corpo carnal não existe". Compreendendo-se que "o corpo carnal não existe", não está dentro do corpo carnal. Também no que se refere à iluminação (despertar espiritual), é um grande erro pensar que a limitada inteligência do homem carnal envolto em ilusão, apreendendo aos poucos a Verdade, irá se elevar até alcançar a iluminação. O despertar (iluminação) consiste em deixar emergir e brotar subitamente do nosso interior a Sabedoria de Deus. Não é a mente cerebral que desperta. Se o despertar espiritual fosse uma conquista da inteligência cerebral, ele desapareceria com a morte física e decomposição do cérebro, e não poderia ser considerado uma salvação do homem inclusive após a morte carnal.

Certas pessoas podem insistir dizendo "Não, a sabedoria está no cérebro", mas ela não está. O órgão chamado cérebro é um instrumento criado por nossa mente para nos servir; estamos apenas utilizando-o. Não é do órgão físico chamado cérebro que vem a sabedoria.

Além disso, a sabedoria do eu e a do outro não estão isoladas uma da outra; estão inseparavelmente ligadas à sabedoria universal. Perceber isso constitui o despertar segundo a Seicho-No-Ie. Conscientizando que nossa sabedoria e a sabedoria universal - que preenche e vivifica todos os seres do Universo - são uma só, compreendemos que ela não é algo diminuto que caiba neste pequeno eu, mas infinitamente grandioso, e que aquilo que mentalizamos é imediatamente captado pela sabedoria (Providência) que rege o Universo.

Frequentemente adeptos da Seicho-No-Ie relatam graças recebidas, esclarecendo que, quando pensam em determinada coisa que desejam, alguém traz exatamente o objeto desejado. Isso não é nada estranho. Na verdade, assim deve ser quando despertamos para a verdadeira sabedoria, que não está apenas em nosso cérebro, mas presente em todo o Universo. Quando precisamos de algo, nosso desejo é captado pela sabedoria universal, que então diz "Vamos enviar isto ao fulano, que ele está precisando" e envia alguém para nos entregar a coisa desejada. Portanto, quando alcançamos o despertar, o que nos é necessário começa a aparecer na medida da necessidade, graças à ação da sabedoria universal, da sabedoria onipresente.

Como diz o trecho da sutra, Deus é tudo e somente Ele é existência verdadeira. Deus é a suprema perfeição, portanto, é bom e jamais pode ser mau. Se somente Deus, somente o bem é existência verdadeira, não pode existir uma força que não seja bem. Entretanto, existem muitos cristão que acreditam na existência de uma força que não seja bem. Certos segmentos do cristianismo acreditam na existência de Satanás como força que se contrapõe a Deus. Conheço uma médica, fervorosa adepta da Seicho-No-Ie, que tem uma amiga cristã. Desejando trazer essa amiga à Seicho-No-Ie, falou-lhe deste ensinamento, citando inúmeras curas milagrosas que ocorrem. Mas a amiga retorquiu: "Essas curas milagrosas devem ser obra de Satanás, pois este é o segundo mais poderoso depois de Deus". Pessoas que têm esse pensamento consideram-se fiéis a Deus e pensam que veneram a Deus como o Ser mais poderoso do Universo, mas admitem a existência de Satanás, que se opõe a Deus e Lhe dá muito trabalho. Elas dividem o "mundo da existência verdadeira" em duas partes: um território de Deus e outro de Satanás. Se ela reduzem à metade o reino de Deus, não sabemos se estão venerando ou desprezando Deus. E quando dizemos que "o pecado não existe", certas pessoas retrucam: "Como não!? Então para que serve a religião? A religião é necessária justamente porque existe o pecado!".

Muitos religiosos pensam que "a religião é necessária porque existe o pecado". Mas eu afirmo que a religião é necessária justamente para ensinar ao homem que o pecado não existe. Para que Jesus Cristo veio? Ele veio para dizer: "Estão perdoados os teus pecados. (...) Levanta-te!". Para que Buda veio? Ele veio para dizer: "Serás perdoado dos pecados e nascerás no Paraíso". Eles não vieram para afirmar que o pecado existe. Poderá alguém argumentar que "se o pecado não existisse, não haveria também necessidade de perdoar o pecado". Mas, para libertar da ideia do pecado as pessoas que pensam obstinadamente que "o pecado existe", é mais eficaz dizer "o pecado foi perdoado" do que afirmar "o pecado não existe". Dizendo-lhes que "o pecado foi perdoado", elas conseguem pensar: "Ah! Então meu pecado já desapareceu". É por esta razão que os religiosos dizem: "Seus pecados foram perdoados". Se o pecado fosse existência verdadeira, não desapareceria nem mesmo ao ser perdoado. Se ele desaparece com as palavras "teus pecados foram perdoados", é porque não existe verdadeiramente.

Cristo salvou as pessoas dizendo: "Estão perdoados os teus pecados". Se inúmeras pessoas foram purificadas de seus pecados e curadas de suas doenças apenas com as palavras "Estão perdoados os teus pecados", é porque o pecado não é existência verdadeira. Se o pecado fosse algo criado por Deus e existisse verdadeiramente, nem as palavras de Cristo nem a sua crucificação conseguiriam extingui-lo. O pecado é uma vibração mental negativa e, por isso, pode ser neutralizado e eliminado pela vibração mental positiva.

Parece que há muitos cristãos que pensam que o ser humano é por natureza pecador e que a religião é necessária para absolvê-lo dos pecados. Mas o pecador não é o Homem-Imagem-Verdadeira, o homem verdadeiro; é o aspecto falso (sombra) do homem. Estão confundindo a Imagem Verdadeira com a falsa aparência, e por isso consideram o homem pecador. Dizem que "a religião não seria necessária se o pecado não existisse, assim como a luz elétrica seria desnecessária se não existisse a escuridão". Esse argumento não deixa de ter certa lógica. Mas, então pergunto: a escuridão é uma existência positiva? Sabemos que não. Escuridão é o estado de ausência de luz. Se ela fosse existência verdadeira e positiva, não desapareceria, por mais luz que incidisse sobre ela. O mesmo acontece com o pecado: apenas parece existir. Na verdade, o pecado é o estado em que está ausente a Imagem Verdadeira do homem. Não significa que o pecado tenha existência própria. Nesta sala, por exemplo, vemos sombras atrás dos móveis e objetos. Esses lugares estão escuros. Também a minha face esquerda parece escura aos olhos dos senhores ouvintes porque a luz está à minha direita. Mas isso não quer dizer que minha face esquerda seja escura; simplesmente parece escura porque a luz não atinge este lado. Podemos dizer o mesmo em relação ao pecado.

Logo, é um erro evidente pensar que o pecado seja uma existência positiva e que a religião seja necessária para salvar o homem desse pecado. Somos filhos de Deus - esta é a realidade. Dizer que existe pecado em nós é uma falsidade. E a falsidade não é existência verdadeira, embora o pareça. Mesmo que uma face de nosso rosto pareça escura, ela em si não é escura. O que está escuro é a própria sombra. E o homem não é sombra. O homem em si não é escuridão. da esma forma, no homem em si não existe pecado. O que existe é unicamente o homem perfeito que Deus criou. Pensar que existe algo além do que foi criado por Deus, isto é, algo criado pela ilusão, é um erro. Acreditar que além de Deus existe Satanás é colocar Deus em confronto com Satanás. O Deus daquele que pensa assim não é Deus absoluto, mas um Deus relativo. considerar Deus como um ser relativo é o mesmo que aviltá-lo (rebaixá-lo). Se acreditarmos em tal Deus relativo, não conseguiremos alcançar a tranquilidade absoluta. Se podemos confiar tranquilamente em Deus, é porque Ele é absoluto. Se recorrermos a um ser relativo que pode ser atacado de surpresa por um inimigo poderoso, estaremos sempre inseguros e jamais teremos a verdadeira tranquilidade. Esta pode ser alcançada somente quando acreditamos em eus absoluto.

O pecado, se fosse proveniente de Deus, isto é, se fosse criação de Deus, seria existência verdadeira. Acreditando que Deus seja um ser imperfeito capaz de criar o pecado, um mundo mal feito ou um homem deficiente, é impossível viver com tranquilidade. Para alcançarmos a tranquilidade absoluta, não temos outro meio senão acreditar em Deus absoluto que criou somente o mundo e os seres perfeitos.

Somos filhos de Deus. Deus é infinito Bem; portanto, é impossível que Ele tenha criado o pecado ou o mal. somos vivificados pela Vida de Deus que habita em nós como nossa Imagem Verdadeira; logo, somos a própria Vida infnitamente boa e bela de Deus. Quando alcançamos esta grande convicção, desaparecem todos os temores, pecados e sofrimentos, manifesta-se a nossa Imagem Verdadeira, que é o infinito Bem, e este mundo se transforma em paraíso de luz.


Do livro: A Verdade da Vida, vol. 21", pp. 101-119

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Universo absoluto, universo relativo


Paramahansa Yogananda


O espaço divide-se em duas partes ou aspectos. De um lado do espaço, está a criação. Do outro, está Deus, sozinho; ali, a criação está totalmente ausente. Esse é o mundo da "escuridão luminosa" e da "luminosidade sem luz". No Gita, diz o Senhor: "Onde não brilha o Sol, nem a lua, nem o fogo, ali tenho Minha Morada Suprema (...)".
 
A mesma dualidade existe na consciência humana. Seu ser tem dois lados - um visível, outro invisível. De olhos abertos, você observa a criação objetiva e vê-se dentro dela. De olhos fechados, você nada vê, a não ser um vazio escuro. Todavia, sua consciência, mesmo quando dissociada da forma, ainda está intensamente alerta e operante.

Se, em meditação profunda, você penetrar a escuridão por trás dos olhos fechados, contemplará a Luz da qual toda a criação emerge. No samadhi mais profundo, sua experiência transcende até a Luz manifestada e entra na Consciência da Bem-aventurança Plena - além de todas as formas, embora infinitamente mais real, tangível e ditosa que qualquer percepção sensorial ou extrasensorial. Quando se está em samadhi, pode-se perceber o oceano do Espírito com as ondas de Sua criação, ou também, pode-se contemplar o mesmo Oceano espiritual existindo transcendentalmente de forma serena, sem as ondas da criação.

No estado inicial de samdhi, o devoto se encontra retraído e absorto no Espírito; mas nos estados superiores e grandiosos, não só percebe o Espírito sem a criação, como também o Espírito manifestado em toda a criação.
 
Deus lhe ofereceu a oportunidade de observar, em sua própria consciência, a operação das mesmas leis que governam o universo. O estado de consciência sem forma, que se experimenta de olhos fechados, pode ser comparado à infinita região da "escuridão luminosa" e da "luminosidade sem luz", onde Deus existe sem nenhuma das formas, qualidades e dualidades características da esfera de Sua criação material. Nessa ilimitada faixa da eternidade, por trás da Criação, só Deus vive, na consciência inqualificada da Bem-aventurança sempre existente, sempre consciente, sempre nova. Nenhum mundo, nenhuma outra coisa existe em Sua consciência, naquela região da infinitude onde Ele reina como o Absoluto. Todavia, do outro lado do espaço, Ele está consciente de tudo - da criação inteira - em Si mesmo.
 
No invisível está a fábrica do universo. Einstein disse que o espaço parece muito suspeito, porque tudo surge dele e tudo desaparece nele. Para onde vão os elétrons e os mundos inteiros, quando desaparecem?

Sempre que ficar fascinado por alguma criação material, feche os olhos, volte-se para o interior e contemple a Fonte. Você nada vê, nada sente. Entretanto, todos os objetos visíveis saíram do Invisível. "A luz brilha nas trevas" (João 1:5). Se continuar sondando a escuridão, encontrará a grande Luz. Por trás da escuridão está a Consciência Crística. Atrás das trevas, está a fértil vida de outros mundos. "Na casa de meu Pai, há muitas moradas" (João 14:2).

Logo atrás do espaço, está a Inteligência. E logo atrás de você, está Deus. Não viva mais ignorando a Sua presença. Agite a escuridão com sua meditação. Não pare até encontrá-Lo. Há tanto a conhecer! Tanto a ver interiormente! A resposta para todos os problemas da vida virá diretamente do Infinito.


Extraído do livro: "A Eterna Busca do Homem"

 

domingo, fevereiro 24, 2013

Programa SNI: Orar não é implorar - é agradecer

Este vídeo é um programa desenvolvido pela Seicho-No-Ie para, através dos poderes e alcance da televisão e da mídia, levar uma mensagem de luz, amor e esperança ao máximo n´º de pessoas possíveis.

Neste programa, temos a participação da ilustríssima preletora Ivone Gomes Holanda, uma profunda conhecedora dos ensinamentos do mestre Masaharu Taniguchi, e suas explicações são de uma inspiração, de um amor, uma bondade, simplicidade e clareza que chegam a tocar o coração de qualquer um. Suas palestras transmitem com pureza e fidedignidade a luz do ensinamento supremo da Seicho-No-Ie revelado ao mundo pelo professor Masaharu Taniguchi. Aqueles que já tiveram a oportunidade de assistir palestras feitas por ela, sabem do que estou falando. Ela é um ser divino! É a minha preletora preferida da Seicho-No-Ie e a que mais admiro! Fica aqui a minha homenagem carinhosa a essa mulher grandiosa, maravilhosa - um verdadeiro veículo de expressão viva do amor e da sabedoria de Deus que se dedica a modificar a vida de inúmeras pessoas.

No vídeo, ela foi convidada para falar sobre o que significa ter fé, e explica que a oração correta é aquela em que agradecemos. Além disso, ela enfoca o assunto sob a perspectiva do Jissô, a Imagem Verdadeira, e é aqui que reside a importância e o valor deste vídeo. É uma pena que o programa seja tão curtinho. Se ela tivesse mais tempo para falar a fim de pode aprofundar o assunto, receberíamos todos uma mensagem e tanto! Obrigado querida preletora, e obrigado a todos da equipe e demais colaboradores da Seicho-No-Ie que possibilitam a difusão do ensinamento. Gratidão, Reverências!
 
 

sábado, fevereiro 23, 2013

Só existe Deus vivendo

Dárcio Dezolt


Quando Jesus disse que as pessoas olhassem os lírios do campo, ou os pássaros no céu, que eram cuidados sem que se preocupassem com nada, estava, de fato, procurando abrir a atenção do povo para a Verdade subjacente a este ilusório “mundo de aparências”. Por que o lírio apresentava-se “melhor do que Salomão”? Por que os pássaros, sem semear achavam de pronto o seu sustento? A resposta é simples: SÓ EXISTE DEUS VIVENDO!

Aquele que “perde sua vida” é quem a "acha", descobrindo a Verdade de que DEUS é a vida dele. E é por isso que passa a “viver pela graça” e não como mortal a esquentar ilusoriamente a cabeça com tudo.

Eu sempre relato o acontecido com Joel S. Goldsmith, que, sendo chamado para dar ajuda espiritual a um empresário em dificuldades com sua empresa, marcou e pegou-o em seu carro, saindo a rodar pela cidade. Vendo que Goldsmith não puxava o assunto, apenas lhe mostrava a cidade, em certo momento disse a ele: “Será que o senhor poderia começar a me atender?” E foi quando escutou como resposta: “O senhor já está sendo atendido! Ou não percebeu ainda que o universo inteiro está funcionando sem o senhor?”

Esta é uma das mais importantes passagens de O Caminho Infinito. O cidadão passava por dificuldades na empresa porque acreditava ser dele um pedacinho do Universo fora da responsabilidade de Deus! Não era a empresa que precisava melhorar, mas sua visão: a empresa deveria ser vista sendo administrada pelo seu legítimo “dono”, inclusa na Oniação divina!

E assim também é com o corpo, que cada um diz ser “seu”, mas sempre aceitando-o com algum problema! Quando você se preocupar com seu corpo como você está agora preocupado com que os passarinhos irão se alimentar, ou de que modo os lírios do campo irão se adornar, sua saúde será naturalmente mantida pelo seu real dono: DEUS!

O Universo infinito está funcionando sem as preocupações humanas de alguém! Quando você entender isso, entenderá Jesus, agirá em unidade com a Oniação, sem se preocupar com nada, e passará a desfrutar a VIDA DE DEUS sendo a sua!


quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Sua Identidade Infinita

 
Allen White


Muitos, quando pensam em si mesmos, ou quando pensam sobre a própria identidade, confinam-se à forma corporal. Se pedirmos que se apontem, apontarão o próprio corpo. Com tal conceito finito de si mesmos, não é de se estranhar que a vida e a experiência destes aparentem ser tão limitadas! O antídoto ao que se mostra como limitado viver, está na REALIZAÇÃO DA IDENTIDADE INFINITA.

Quando você diz com compreensão (como fez Jesus), "Eu e o Pai somos um", elimina todo o conceito de um eu finito. Você entende que sua Identidade Infinita não está confinada a uma forma chamada Corpo; antes, você se compenetra de que seu Corpo está incluso em sua Identidade Infinita.

O seu "Eu" é sem fronteiras. O seu "Eu" é ilimitado e inconfinado. O seu "Eu" é Onipresente. Há somente o UM. Este Um é Infinitude em Si. Este Um é o "Eu" que você é.

Não creia nisso só porque eu escrevi. Leve o assunto à sua própria Consciência (Deus). Indague se é verdadeiro. Ouça a resposta. Não se deixe desapontar esperando pela resposta a ponto de criá-la de você mesmo.

Uma vez descoberto seu Eu infinito (ou mesmo antes), contemple-o assiduamente e verá sua vida "se expandir", sem nenhum esforço, em surpreendentes maneiras de evidenciar o seu Eu infinito.


 

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Leis para a materialização dos bons desejos

 
  Baird T. Spalding
 
  
Na manhã, depois do desjejum, ficamos sabendo que nossa hospedeira e duas outras damas estavam para nos acompanhar ao templo, naquele dia. Assim que deixamos a casa, dois homens se juntaram ao grupo. Um deles disse à nossa hospedeira que havia uma criança doente na aldeia e que essa criança estava pedindo a presença dela. Nós acompanhamos os homens até a residência da criança e observamos que ela estava muito enferma. A nossa hospedeira caminhou para frente e segurou as mãos da doente. A mãe colocou a criança nos braços dela. Instantaneamente o rosto da pequerrucha se iluminou. A seguir a criança aconchegou-se por um momento e poucos minutos depois adormeceu. A nossa hospedeira devolveu a criança à mãe e nós retomamos o caminho do templo. Em caminho ela observou: “Ó, se ao menos este querido povo pudesse ver e fazer este trabalho por si mesmo, ao invés de depender de nós! Seria muito melhor para essa gente. Assim como estão as coisas, o povo nos deixa inteiramente sós, até que alguma emergência apareça; então, chamam por nós, o que é perfeitamente correto, exceto que isso não lhes dá confiança alguma em si mesmos. Nós preferimos ver a todos autoconfiantes; mas são todos como crianças sob todos os aspectos”.
 
Há este tempo, tínhamos chegado ao pé da escada. Subimos e nos encontramos num túnel. Os dois homens nos acompanharam. Como este túnel corria através da rocha viva, era natural supor que ele deveria ser escuro. Mas estava suficientemente iluminado para nos permitir ver os objetos até uma considerável distância à nossa frente; e a luz parecia estar ao nosso redor, de modo que não havia sombras. Nós tínhamos notado isto, no dia anterior, mas ninguém tinha feito comentário algum a tal propósito. Depois de fazermos perguntas, fomos informados de que a luz estava ao nosso redor, exatamente como ela parecia estar; e de que, quando não havia ninguém no túnel, este ficava às escuras.

(A narrativa continua, enquanto os visitantes são colocados a par sobre a região de Gobi e do antigo império Uigur, nas regiões himalaicas). E segue: Enquanto voltávamos para a primeira sala, nosso Chefe perguntou se um desejo poderia ser satisfeito tão depressa ele fosse manifestado. A nossa hospedeira respondeu que, se o desejo fosse formulado na devida forma, seria satisfeito. Ela então prosseguiu, dizendo que o desejo é apenas uma forma de prece; que foi a verdadeira forma da oração que Jesus usara, vista como suas preces haviam sido ouvidas; que a prece, para ser ouvida, tem de ser autêntica; portanto, tem de ser científica e portanto, sendo científica, deve estar de acordo com a Lei Imutável.

Continuando ela disse: A Lei é: Como vós sabeis, a vossa prece será ouvida e sejam quais forem as coisas que desejais, quando orais, sabereis que a recebereis e então, vós a tereis. Se nós sabemos, positivamente que aquilo que já pedimos, já é nosso, ficamos sabendo que estamos agindo de acordo com a Lei. Se o desejo não é satisfeito, então verificamos que não soubemos orar. Devemos saber que a falha é nossa e não de Deus.

Portanto as instruções são: “Amareis ao Senhor, Vosso Deus, com todo o vosso coração, com toda a vossa alma, com toda a vossa mente e com toda a vossa força”. Agora ide mais profundamente, para o fundo último de vossa própria alma – não com pressentimentos, medo ou descrença e sim com um coração alegre, livre, agradecido, sabendo que aquilo que vos encontrais necessitado, já é vosso.

O segredo está em conseguir a compensação, obtendo a consciência de fato e conservando-a firmemente, jamais se desviando, ainda que a terra toda venha a se opor. “De mim mesmo nada posso fazer” Disse Jesus, “O Pai que mora em mim, Ele é que faz tudo”. Tende fé em Deus. Tende fé e não duvideis. Tende fé e não temais. Agora lembrai-vos de que não há limitação para o poder de Deus. Todas as coisas são possíveis.

Fazei uso de palavras positivas ao formular vossa solicitação. Não há nada, a não ser a perfeita condição desejada. Depois plantai em vossa alma a perfeita idéia-semente e somente ela. Agora pedi para manifestar saúde e não para serdes curados de doenças. Para expressardes harmonia e realizardes abundância e não para serdes libertados da desarmonia, da miséria e das limitações. Atirai isso fora, como jogais fora uma roupa velha. Elas são apenas coisas velhas e superadas, podeis dar-vos ao luxo de descarta-vos delas alegremente. Nem sequer vos volteis, para lançar-lhes mais um olhar. Elas estão perdoadas, esquecidas. Regressaram ao pó de que foram criadas. Elas agora são não coisas – nada. Enchei os espaços aparentemente em branco, ao vosso redor, com o pensamento de Deus, a Infinita Bondade. Depois, lembrai-vos que a palavra de Deus é uma semente. Ela tem de crescer.

Deixai o como, o quando e o onde a Deus. O vosso trabalho é tão somente, o de dizer o que quereis e o de distribuir bênçãos, sabendo que no momento em que pedirdes, recebereis. Todos os detalhes desta criação são os trabalhos do Pai. Lembrai-vos de que Ele realmente trabalha. Fazei fielmente a vossa parte, deixai e confiai a parte de Deus a Ele. Pedi, Perguntai. Afirmai. Dirigi-vos a Deus, para aquilo que desejais, então recebereis de Deus a satisfação do desejo.

Tende sempre em mente o pensamento da abundância de Deus. Se qualquer outro pensamento surge, deveis substituí-lo pelo de abundância de Deus e dai graças a ela. Agradeçais constantemente se necessário, pelo fato do trabalho ser efetuado. Não volteis de novo ao ato de pedir. Apenas dai graças e agradeçais que o trabalho tenha sido realizado – que Deus esteja trabalhando em vós – que vós estejais recebendo aquilo que desejais, porque vós desejais somente o bem, para que possais distribuir o bem a todos. Fazei com que isto se efetue em silêncio e em segredo. Orai ao vosso Pai em segredo e vosso Pai, que vê o segredo de vossa alma, vos compensará abertamente.

Quando a demonstração estiver completa, olhareis para trás, para o tempo dado com fé e o considerareis um dos vossos maiores tesouros. Vós tereis provado a lei e formareis idéia do poder de vossa palavra pronunciada com fé e louvor. Lembrai-vos de que Deus aperfeiçoou o Seu plano. Ele derramou e está continuamente derramando sobre vós, com amorabilidade e abundância, tudo o que é bom e toda coisa boa que nós podemos desejar. De novo Ele diz: “Provai-me e vede se eu não abrirei as janelas do céu e não derramarei de lá tantas bênçãos, a ponto de não haver espaço para recebê-las”.
 
E as cinco etapas da invocação para a materialização do bom desejo são ditas:
 

Pai Nosso

 Eu me mantenho continuamente com os meus olhos fixos em Vós, Ó Pai, não tomando conhecimento de coisa alguma além de Vós, Ó Pai e eu nada vejo a não ser Deus em todas as coisas. Eu me conservo firme na Montanha Sagrada, sem tomar conhecimento de coisa alguma, a não ser do Vosso Amor, da Vossa Vida e da Vossa Sabedoria. O Vosso Espírito Divino perpassa por todo o meu ser, sempre. Ele circunda, abundando dentro de mim e fora de mim sempre. Eu sei, Pai, que isto não se dá comigo apenas, isto se dá com todos os vossos filhos. Eu sei, Pai, que nada tenho a não ser aquilo que eles têm e que não há nada a não ser Deus para todos. Eu vos agradeço.
 

Com todo meu coração

 No íntimo do meu ser, Pai, eu sou uma só pessoa Convosco e eu Vos reconheço como sendo o Pai de tudo. Sois Espírito, Onipresente, Onipotente, Onisciente. Sois Sabedoria, Amor e Verdade, a Força, Substância e Inteligência, das quais e por meio das quais, todas as coisas são criadas. Vós sois a Vida do meu espírito, a Substância da minha alma, a Inteligência do meu pensamento. Eu estou Expressando-vos em meu corpo e nos meus assuntos. Vós Sois o Começo e o Fim, o Verdadeiro Todo do Bem e do Bom que eu consigo expressar. O desejo de meu pensamento, que se encontra implantado na minha alma, está sendo avivado pela Vossa Vida em meu espírito e na inteireza do tempo, através da lei da Fé, ele é trazido à visibilidade na minha experiência. Eu sei que o bem que eu desejo, já existe em Espírito, em forma invisível e que espera apenas que a Lei se cumpra para se tornar visível. Eu sei que já o tenho.
 

Com toda minha alma

 As palavras que eu agora pronuncio, delineiam para Vós, meu Pai, aquilo que eu desejo. Como semente é plantado no solo da minha alma e cuidado pela Vossa ativação da vida em meu espírito. Tem de vir-a-ser. Eu permito que apenas o Vosso Espírito, Sabedoria, Amor e Verdade entre em minha alma. Só desejo aquilo que é bom para todos e eu agora Vos peço, Pai, que o façais vir-a-ser. Pai que estais em mim: Peço para expressar Amor, Sabedoria, Fortaleza e um corpo de Luz de Juventude eterna. Peço para realizar Harmonia, Felicidade e Abundante Prosperidade, para que eu receba a compreensão diretamente de Vós, a respeito do método que partindo da Substância Universal, crie aquilo que satisfaça todo bom desejo. Isto não é para o meu eu, Pai, é para que eu possa ter o conhecimento que me permita ser útil a todos os Vossos filhos.
 

Com toda a minha mente
 
 Aquilo que eu desejo já se encontra em forma visível. Eu formo na mente, somente aquilo que desejo. Assim como a semente começa o seu crescimento por baixo da terra, na quietude e na escuridão, assim também o meu desejo, agora, toma forma no reino silencioso, invisível de minha alma. Entro em meu quarto e fecho a porta. Tranqüilo e confiante, eu agora sustento o meu desejo em mente, como se já estivesse realizado. Pai: Eu agora espero a perfeita realização exterior do meu desejo. Pai que estais em mim: Eu Vos agradeço pelo fato de agora, no invisível, a satisfação do meu desejo se encontrar sempre assegurada e eu sei que Haveis derramado, amorável e abundantemente, para todos os Vossos filhos, uma verdadeira abundância do Vosso Tesouro, que Haveis satisfeito todo bom desejo da minha vida, que poderei partilhar do Vosso opulento suprimento, que possa perceber a mesma coisa e que seja lá o que for que eu venha a ter, deverei distribuir a fim de ajudar a todos os Vossos filhos. Tudo que eu tenho eu dou a Vós, Pai.
 

Com toda minha fortaleza

Nenhum ato, nenhum pensamento meu, negará que eu já tenha recebido em espírito, a realização do meu desejo e este é agora apresentado em perfeita visibilidade. Em espírito, em alma, em mente e em corpo, eu sou fiel ao meu desejo. Percebi o meu bem em espírito. Eu o concebi como sendo uma Idéia Perfeita em minha alma, e dei verdadeira forma de pensamento com meu desejo. Eu agora apresento em estado de visibilidade, de verdadeira manifestação, o meu Desejo Perfeito. Eu Vos agradeço, Pai, por ter eu, Amor, Sabedoria, Compreensão, Vida, saúde, Fortaleza e juventude eterna. Harmonia, Felicidade e Prosperidade Abundante, e o método de criar, da Substância Universal, aquilo que deve satisfazer todo bom desejo.

 Depois que nossa hospedeira falou, houve um silêncio profundo, por um momento, e a seguir ela continuou:

“Compreendei que se nada estiver concluído, e se o seu desejo não é agora visível, a falha está dentro de vós mesmos e não em Deus. Não volteis novamente à solicitação, mas como Elias, persisti, erguei bem alto a taça, para que ela seja enchida, rendei graças e agradecimento pelo que está sendo realizado agora embora todo pensamento mortal do erro vos acossem. Prossigais, prossigais, tudo está aqui, agora e acreditem-me, a vossa fé é recompensada, a vossa fé se transforma em sabedoria”.
 
Vamos supor que é gelo o que desejais. Será que começaríeis proferindo a palavra 'gelo' em todo vosso redor, indiscriminadamente? Se fizésseis isso, dispersaríeis as vossas forças em todas as direções e nada resultaria para vós. Deveríeis em primeiro lugar, formar uma imagem mental daquilo que desejais. Mantende essa imagem na mente, o tempo suficiente para defini-la. A seguir, deixai inteiramente de lado essa imagem e olhai diretamente para a Substância Universal de Deus.

Sabeis que essa substância é uma parte de Deus e portanto uma parte de vós mesmos, e que nessa Substância há tudo quanto precisais. Deus vos está proporcionando esta Substância, exatamente no mesmo ritmo em que vós podeis usá-la e que vós podereis nunca esgotar o suprimento. Depois sabeis que quem quer que seja que criou esse suprimento, o extraiu da mencionada Substância, seja que o tenha feito conscientemente ou inconscientemente.

 Agora, com vosso pensamento e a vossa visão concentrados no Átomo Central, que é Deus, conservai esse Átomo, até que consigais imprimir nele o vosso desejo. Vós abaixareis a vibração desse Átomo até que Ele se torne gelo. Então todos os átomos que circundam aquele, se apressarão a obedecer ao vosso desejo. A vibração deles será reduzida, até que eles adiram a partícula central e num instante, vós tereis gelo. Vós nem sequer precisais de água alguma ao vosso redor. Precisais somente do ideal”.
 
 
Extraído do livro: “Vida e Ensinamentos dos Mestres do Extremo Oriente”
 
 

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

O Universo da Realidade


 Masaharu Taniguchi

 
(Sutra Sagrada - Chuva de Néctar da Verdade)
 
REALIDADE
 
"Prossegue anunciando o Anjo:

A Realidade é eterna, a Realidade não adoece,
a Realidade não envelhece, a Realidade não morre;
ao fato de conhecer esta Verdade se diz conhecer o
Caminho.

A Realidade, porque é universal, é chamada Caminho.
O Caminho está com Deus; Deus é o Caminho, é a
Realidade.

Aquele que conhece a Realidade,
aquele que vive na Realidade,
transcende a desintegração e será eternamente perfeição."

 
Anteriormente, explicando o que é a matéria, disse que ela é uma "onda" que se forma na superfície do mundo da Imagem Verdadeira, do mundo eterno. Não é possível agarrar as ondas, pois são inconstantes e mudam de forma sem parar. Quando pensamos "eis uma onda" e tentamos pegá-la, já não existe. Assim é o mundo da ilusão. A Realidade, pelo contrário, é a existência indestrutível e eterna; não é uma existência que morre ou desaparece. O mundo da Realidade é eterno.
 
(Em tom de leitura da sutra:) A Realidade não adoece, não envelhece, não morre. Ao fato de conhecer essa Verdade se diz conhecer o Caminho. A Realidade é chamada Caminho porque é universal e completa. O Caminho é a Vida que preenche o Universo. O Caminho está com Deus. Deus é o Caminho, é a Realidade. A Imagem Verdadeira que preenche o Universo e está com Deus é o Caminho. A imagem Verdadeira é Deus, Deus é o Caminho, e o Caminho é a Imagem Verdadeira. São a mesma coisa. O mais importante é compreender que a Grande Vida (a Imagem Verdadeira) que preenche o Universo e que é a Realidade, constitui ao mesmo tempo a nossa própria Imagem Verdadeira. Na Imagem Verdadeira também somos a Realidade e nos identificamos com Ela, o Caminho que preenche o Universo, isto é, com Deus.
 
A Realidade, até agora considerada apenas um conceito abstrato e objeto de especulação filosófica, esteve confinada numa torre de marfim como algo que nada tem a ver com nossa vida. É por essa razão que o budismo, apesar de ter pregado a Verdade com termos filosófico de nível bastante elevado, não conseguiu aplicá-la na vida prática. A Realidade, contudo, não é mero conceito filosófico. Ela é tudo que existe vedadeiramente.  O que existe é somente a Realidade. Nada existe além dela. A Realidade - isto é, Deus - é tudo. Portanto, se algo existe, isso é Deus, é a Realidade. E a Realidade - Deus - é o nosso Eu Verdadeiro. Este corpo carnal, limitado, cheio de defeitos, destinado a perecer, não é a Realidade. Se ele parece ser, é porque não passa de projeção de nossa mente que não é existência verdadeira. Não devemos confundí-lo com o nosso Eu. O que está sentado aqui é projeção de nossa mente. Nossa Imagem Verdadeira é Realidade eternamente indestrutível. Nosso Eu é um com a Grande Vida que preenche o Universo. (Apontando para si mesmo com o indicador:) Eis a Grande Vida universal! (Apontando para o público:) Os senhores próprios devem conscientizar: "Sou a Grande Vida Universal"! Precisamos conscientizar que somos a Realidade, a Grande Vida universal.
 
Como já disse, é fundamental que o homem desperte para o fato de que, na Imagem Verdadeira, ele é um com a eterna Verdade que preenche o Universo, um com Deus. Por considerar o homem e a Realidade (Deus) como existências isoladas uma da outra é que até uma grande religião acaba se tornando mera filosofia e perde a força para salvar efetivamente as pessoas. O que vivifica realmente o mundo e a vida prática é a conscientização acompanhada de sentimento: "Sou um com a Realidade, um com Deus!". Isso explica por que a Seicho-No-Ie, pregando a mesma Verdade apregoada pelo budismo ou pelo cristianismo, consegue produzir inúmeros milagres. Pregamos a mesma Verdade, não de modo abstrato ou alheio à vida cotidiana, mas de modo que a Verdade se integre ao homem vivo na vida prática, partindo da premissa de que existe unicamente a Realidade. Em outras palavras, fazemos a perfeita união da Verdade com o homem, fazendo-o conscientizar "Sou a própria Verdade, a própria Grande Vida Universal!". Eis o segredo para fazer manifestar uma força efetiva na cura de doenças ou na transformação da vida cotidiana, pregando a mesma Verdade que as religiões tradicionais.
 
Deus - e somente Ele - existe verdadeiramente. Deus é tudo. Existe unicamente a Realidade, a Imagem Verdadeira. No entanto, muitas pessoas pensam que a ilusão existe, e por isso não conseguem manifestar a força da Imagem Verdadeira. Quando se adquire a convicção "a ilusão não existe, somente a Realidade existe, e a Realidade sou eu", manifesta-se uma força extraordinária que atua na vida prática. Viver dessa forma a Verdade no cotidiano é conhecer e viver o Caminho. Não basta só conhecê-lo. É preciso que o Caminho e nossa vida se integrem perfeitamente. Então o Caminho conhecido será automaticamente vivido - isto é, haverá a perfeita união entre o conhecimento e a prática.
 
A sutra diz: "Aquele que conhece a realidade, aquele que vive na Realidade, transcende a desintegração e será eternamente perfeição". Isto quer dizer que a Realidade é a Vida imortal, que jamais se extingue; é a Vida absoluta que existe desde o princípio sem começo até a eternidade sem fim. Obviamente, transcende o nascer e o perecer fenomênicos. É a Grande Vida absoluta, dinâmica, imperecível, eterna, sempre perfeita, que se mantém constantemente em estado impecável. Por isso, na sutra lê-se como segue:
 
"A Vida conhece a vida e não conhece a morte.
Vida é sinônimo de Realidade.
A Realidade não tem princípio nem fim,
não se extingue nem morre;
por isso, a Vida também não tem princípio nem fim,
não morre nem desaparece."
 
A Vida não tem começo nem fim. O que surge num determinado momento deverá perecer algum dia, mas a Vida não desaparece nem perece porque é eterna. A Seicho-No-Ie transcende tudo que é negativo tal como desaparecimento, perecimento ou treva e prega somente o que é positivo, razão pela qual a Verdade manifesta sua força para melhorar a vida na prática. Não estou, com isso, pretendendo depreciar outras religiões. O budismo, por exemplo, é um ótimo ensinamento. Sua doutrina, na essência, é maravilhosa, mas existem diferentes níveis no modo de transmití-la.  Para as pessoas de baixo nível de compreensão, pregam que "Já que o homem nasceu, terá de morrer". Esse tipo de pregação é dirigida às pessoas pouco evoluídas espiritualmente e que confundem a Vida com o corpo carnal, visível aos olhos. É o chamado "budismo do pequeno veículo" e é representado pela sutra Agon.
 
A sutra Kegon, que é mais elevada, prega a indinstição entre a mente, Buda e o mortal. É um ensinamento de nível mediano, segundo o qual o homem se torna Buda quando a mente desperta, ou um mortal, quando a mente se ilude. Tal ensinamento nos leva a concluir que nem Buda nem o mortal são seres constantes, pois são duas formas de manifestação da mente que, por sua vez, não tem uma natureza definida. Segundo esse pensamento, não somos nem Buda nem mortal: seremos Buda, se despertarmos; e seremos um mortal, se cairmos em ilusão. O homem seria então um ser indefinido, vago, sem identidade, que não é nem Buda nem mortal. Com tal pensamento, é impossível manifestar a força para ativar a vida prática. Uma pregação que não esclarece o que é a Imagem Verdadeira do homem não é capaz de vivificar concretamente a vida do ser humano. A Seicho-No-Ie não prega que o homem é um ser ambíguo que não se sabe o que é. Ela afirma categoricamente que o homem é filho de Buda, ou melhor, que a Imagem Verdadeira do homem é o próprio Buda. Se o homem não souber o que ele é, não saberá como viver. Mas, se compreender que ele é originariamente Buda, independentemente de despertar ou não, e que, portanto, jamais cai em ilusão, jorrará vigorosamente de seu interior a força para dinamizar a vida.  O budismo, apesar de sua filosofia profunda, não conseguiu salvar a humanidade porque deixou confusa a ideia do que seja o homem, sem distinguir se ele é Buda ou mortal. A Índia e a China, onde outrora se expandiu grandemente o budismo, decaíram porque se pregou que o homem é um ser indefinido, sem característica própria, que pode se tornar Buda ou mortal conforme sua mente desperte ou se iluda. Quem acredita em tal ensinamento só pode enfraquecer e degenerar.
 
A Seicho-No-Ie afirma direta e categoricamente que o homem, na Imagem Verdadeira, é Buda; que a ilusão não existe; que o homem não é um ser volúvel que se torna ora Buda, ora mortal, segundo a oscilação da mente; que tal mente não é existência verdadeira; que todos somos Budas desde o princípio. Fulminando assim a ilusão e afirmando categoricamente que somos Budas é que a religião se revigora e adquire força para transformar a vida.
 
Adjetvando a Vida (o homem) com palavras obscuras como "inascível e imperecível", não é possível despertar a capacidade latente. Somos Vida eterna e jamais perecemos. Na Seicho-No-Ie destruímos a ilusão com um só golpe de palavra: "A ilusão não existe!" e ostentamos a Vida. Afirmamos categoricamente que somos Vida infinita - isto é, Buda - que vive desde o passado sem começo até o futuro sem fim. Justamente por sermos Buda na Imagem Verdadeira, é que para nós não existe destruição nem ilusão. somente isto é Realidade, e tudo o mais é falsidade. Eliminamos tudo que não é existência verdadeira e afirmamos (apontando para si mesmo) "Sou Buda!". Assim, podemos inclusive conscientizar que dentro de nós existe a força infinita. A ilusão não existe! Sou Buda! O homem não é um ser fraco, atualmente em ilusão, que será Buda às custas de muitas orações. Tal homem jamais existiu. Somos Buda desde o princípio. Trazemos dentro de nós a infinita força búdica. Assim afirma a Seicho-No-Ie. O Buda indistinto da mente e da criatura não existe. Quando eliminamos tal Buda, tal mente e tal criatura e tudo o mais, verificamos que resta algo que não se elimina: é a Realidade, é o Buda eterno, que ao mesmo tempo constitui o nosso Eu verdadeiro.
 
Continuando:
 
"A Vida não está contida na escala do tempo, não está
contida na escala da caducidade;
 
o tempo, pelo contrário, está na palma das mãos da Vida, a qual
cerrada se torna um ponto e, aberta, se torna infinito.

Aquele que acredita ser jovem logo rejuvenescerá, e
aquele que se crê senil logo envelhecerá.

Também o espaço não é coisa que limite a Vida.
Pelo contrário, o espaço nada mais é que uma " forma
de reconhecer" criada pela própria Vida.

A Vida é senhor, o espaço é súdito.
Às corporificações das idéias emitidas pela Vida e
projetadas no espaço dá-se o nome de matéria.

A matéria é originalmente nada e não possui
autonomia nem força.

O que faz parecer que a matéria possua autonomia e
também força para dominar a Vida é a " distorção"
ocorrida na ocasião da passagem da Vida por aquela
"forma de reconhecer".

Vede corretamente a Imagem Verdadeira (Essência) da Vida, sem vos apegar
a essa "distorção".

Aquele que conhece a Imagem Verdadeira da vida transcende a
causalidade e alcança a liberdade harmoniosa da Vida,
que é originalmente sem distorções."
 
 
Aqui se explica o que é o tempo. Como a vida não tem começo nem fim e existe através do tempo infinito, dizemos que ela é eterna. Quando pensamos na Vida em termos de tempo, imaginamos um começo por associação de ideias, mas a Vida não teve começo nem terá fim. Como não há palavras adequadas para explicar algo que existe por tempo infinito, conformamo-nos com o adjetivo eterna. As palavras que usamos são destinadas a expressar os fatos fenomênicos, mas, como não existem outras, somos obrigados a usá-las para explicar a Essência. o que tentamos fazer metaforicamente. Se formos à origem do tempo, encontraremos o ponto-origem, onde já não existe o tempo. Esse ponto é absoluto e infinito e encerra em si todas as coisas, todo o Universo. Quando se fala em ponto, tem-se a impressão de que ele se situa em algum lugar do espaço, mas o ponto de que estou falando não ocupa espaço. Não existe palavras para explicar isso; só posso esperar que os senhores o compreendam através da iluminação. Tudo está contido nesse ponto adimensional, e este, por sua vez, se estende e abrange todos os seres de todo o Universo.
 
Nossa Vida é eterna, não tem começo nem fim, portanto, não morre. Entretanto, pensa-se que, com o tempo, o homem enfraquece, envelhece e morre. Mas o mundo dimensinoado pelo tempo, em que ocorre a morte, não é o mundo verdadeiro; é um mundo resultante da "distorção" que se verifica na ocasião em que a Vida atravessa a "retícula" de tempo e espaço. Segundo a Teoria da Relatividade de Einstein, o tempo é relativo, pois pode parecer longo ou curto. Quando estamos ouvindo uma história interessante ou fazemos algo agradável, sentimos que o tempo tem curta duração. E, quando estamos fazendo algo enfadonhos, sentimos que o tempo se escoa lenta e prolongadamente. Isso mostra que o tempo parece ter longa ou curta duração conforme o nosso estado psicológico. Podemos citar também o exemplo do sonho. Não raro, temos sonhos em que durante dezenas de anos trabalhamos, progredimos, enriquecemos, temos preocupações, tristezas e alegrias. Mas, quando acordamos, percebemos que sonhamos com tudo aquilo em alguns minutos. Em suma, o tempo tem duração longa ou curta segundo a nossa mente. Ele não é algo constante que existe de verdade. Logo, a Vida não está contida no tempo. Pelo contrário, ela é que possui o tempo na palma de sua mão. A Vida transcende o tempo e é eterna. Por isso está escrito: "A Vida não está contida na escala do tempo (...); o tempo, pelo contrário, está na palma das mãos da Vida, a qual cerrada, torna-se um ponto e, aberta, torna-se infinito".
 
O trecho acima ainda fala sobre o espaço: "Também o espaço não é algo que limite a Vida. Pelo contrário, o espaço nada mais é que uma 'forma de reconhecer' criada pela prórpia Vida. A Vida é senhor, o espaço é súdito". Esta é a explicação do espaço dada pela Seicho-No-Ie. Como diz o texto, a Vida é que comanda o espaço. É um erro pensar que a Vida seja dependente do espaço. Não é no espaço preexistente que nasce a Vida. Ao contrário, o espaço é uma "tela" produzida pela Vida. O Eu, que é o ponto central e origem do tempo e do espaço, produz vibração mental e a projeta como se fosse um holofote, e então parece que existe um espaço que se estende infinitamente. Não é que exista primeiramente o espaço para nele surgirem os mais variados seres. O Eu, que é o centro emissor de vibrações mentais, projeta-as diante de si através da lente mental e vê essa projeção como uma dimensão espacial. Isto é o espaço. Este, portanto, é uma dimensão projetada por nós mesmos.
 
Certo dia, li no jornal Yomiuri um artigo do pastor cristão Kiyozo Takemoto, que parece ter experiências de cura de doença pela fé. Entre outras coisa, o artigo dizia: "É natural que as doenças dos órgãos internos sejam curadas pela fé, mas ferimentos externos não se curam pela fé". Quanto a esse ponto, o respeitado pastor me decepcionou, pois demonstra não conhecer a Verdade de que tudo que ocorre no mundo exterior é projeção do mundo interior, isto é, da mente. Ele pensa que está sob o controle da mente apenas a parte interna do corpo e que a parte externa independe da mente. Não compreende que o mundo exterior é projeção da mente. Pensa que o homem é corpo carnal, que a mente está no cérebro e que a fé sentida por essa mente influi apenas na parte interna do corpo carnal. Na verdade, o espaço é constituido de vibrações mentais que se estendem partindo do ponto central chamado Eu. Portanto, somos o centro do espaço, centro do Universo; nós é que manifestamos todas as coisas no espaço ao nosso redor. Ao compreendermos isso, sentimos realmente que somos seres grandiosos.
 
Pode parecer estranho afirmar que cada um de nós é o centro do Universo, pois estaremos reconhecendo vários centros no Universos. Entretanto, isso não é nada estranho porque o Universo, sendo infinito, pode ter infinitos centros. Os senhores devem saber que a elipse, que é limitada, possui inúmeros centros. Então é natural que o Universo, que é infinitamente extenso/grande/vasto, tenha uma infinidade de centros. No infinito Universo (mundo) da Imagem Verdadeira, cada um de nós é o centro. Ao mesmo tempo, na Imagem Verdadeira somos um com a Grande Vida que rege o Universo. A elipse deixará de ser elipse se lhe faltar um dos centros situados no eixo. Da mesma forma, cada um de nós é um centro indispensável ao Universo e, juntamente com a Grande Vida, está regendo o Universo.
 
 
Do livro "A Verdade da Vida, vol. 21", pp. 76-88

quarta-feira, fevereiro 13, 2013

À Imagem de Deus

- Dárcio Dezolt -
 
"E disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança e ele domine sobre tudo". (Gênesis, 1:26)
 
 
Quando alguém começa a estudar o Absoluto,  é comum estranhar o princípio de que o Universo real é Perfeição Absoluta, e que todas as imagens visíveis são  ILUSÃO! Contudo, o princípio parte de Deus, das revelações divinas, de uma fonte outra que descarta inteiramente a limitada mente humana.

Foi sendo disseminada a "crença" de que "a perfeição original" do homem se alterou. Aceitá-la, é o mesmo que desmentir a Deus! Se Deus disse que fôssemos feitos à Sua imagem e semelhança, com capacidade de domínio sobre tudo, como acreditar que esta Obra divina tenha se modificado e,  não somente isto, mas que tenha se modificado para pior?

Como surgem os chamados "milagres"? Pela não aceitação das mudanças visíveis como reais e pela firme convicção de que A PERFEIÇÃO ORIGINAL continua presente e reinando sozinha, aqui e agora! A propósito, é esta a definição de "fé" que a Bíblia nos apresenta: "Ora, a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem." (Hebreus 11;1).

Allen White recomenda o seguinte:
 
 "Em prece, contemple a Verdade de seu próprio Ser, que é a própria Perfeição. Aceite esta Verdade como única realidade de sua Existência. Contemple a Perfeição como a única Presença e Poder. E mais, contemple a Perfeição como a única Manifestação visível."

Que significa estudar o Absoluto? Tomar esta atitude de endossar a Palavra de Deus; de não mais aceitar o testemunho da mente humana! Este radicalismo está expresso nas palavras de Jesus Cristo: "Não podeis servir a dois senhores".

No Evangelho de Tomé, encontrado no Egito em 1945, encontramos as seguintes palavras de Jesus: "Há muitos em volta da cisterna, mas não há nenhum na cisterna".

A humanidade aparenta estar hipnotizada, sem saber de onde veio, onde está e para onde vai. Mostra-se acomodada a esta suposta condição de ignorância. Mas os poucos que se interessaram pelo autoconhecimento, obtido por revelações, acabaram por descobrir reamente a Essência una da Vida; contudo, como reagiu o mundo às verdades reveladas? Ou as ignorou ou ergueu estátuas para cultuar os mensageiros!

A Verdade comum a todas as revelações diz que Deus e homem são um! Esta é a "cisterna". E, como disse Cristo, muitos apenas a ficam rodeando, sem se darem conta de ser vital o radicalismo, em termos de aceitação, reconhecimento e identificação com o revelado.
 
"Não existe um ponto onde Deus começa e o homem termina. Aquilo que é visível, de nós, é Deus. Nós somos Deus tornado visível." Assim explica Joel S. Goldsmith. Jamais houve uma revelação tratando o homem como ser material, em evolução, ou separado de Deus.

Cada um de nós que radicalmente passa a se identificar com esta VIDA ESPIRITUAL UNA E PERFEITA está se contemplando "NA CISTERNA", deixando apenas de rodeá-la, abandonando para sempre o dualismo sem frutos e sem sentido, criação ilusória da suposta "mente carnal".

Jamais um mensageiro da Verdade se colocou como alguém superior ou inferior: a Vida é UNA! Algo acima da percepção humana constitui a real identidade eterna de cada um de nós, o nosso Ser verdadeiro! Este "Algo" não é matéria nem coisa alguma perceptível pela mente humana! Este "Algo" é Deus, a Vida una!  Deus sendo -  em unidade -  todos nós! Este é o Fato! Percebê-lo, espiritualmente, é a parte que cabe a cada um de nós!
 
 



sábado, fevereiro 09, 2013

Matéria: a "sombra" da mente fenomênica (2/2)

Masaharu Taniguchi


O corpo carnal não passa de "sombra" da mente. Isso não é teoria, é fato. O corpo carnal é algo que desaparece com o tempo e pode até já estar abandonado pela substância que o sustenta. É por isso que o budismo prega que todos os fenômenos, inclusive o eu fenomênico, são fugazes. Entretanto, o homem carnal, o eu fenomênico, que é efêmero é o falso homem, e não o homem verdadeiro. Esta compreensão é de importância capital. Vendo apenas o corpo carnal e considerando-o como o homem verdadeiro, é natural que se chegue à conclusão de que o homem é um ser efêmero. O homem carnal é de fato efêmero, pois pode ser que já tenha se extinguido há um mês no mundo mental. Nossos corpos físicos, que estão aqui, podem ser "sombras" da força inercial da vibração mental já extinta.

A Seicho-No-Ie prega que o corpo carnal é inexistente desde o princípio. O corpo carnal (ou matéria) não é algo que um dia irá desaparecer; ele é inexistente desde o princípio! Se fosse algo que existisse e que irá desaparecer, poderíamos dizer que é efêmero. Na verdade, o que pode desaparecer é inexistente desde o princípio; logo, o desaparecimento de algo inexistente não constitui um fato triste. A sutra budista Vimalakirtinirdesa diz que "o corpo carnal surge da ilusão". Isso é correto, pois este corpo não é projeção direta do pensamento da Imagem Verdadeira (Deus), mas do "pensamento ilusório", que distorce e delimita a imagem projetada pela Imagem Verdadeira. E o que é ilusório, isto é, o que não é existência verdadeira, não tem outra alternativa senão desaparecer.

Disse anteriormente que nosso pensamentos são comparáveis às ondas que se formam na superfície do mar. Ondas não existem originariamente; sem vento, elas não se formam. Quando o vento sopra e levanta ondas, estas parecem existências sólidas. Porém, quando tentamos pegá-las, elas se deformam e desaparecem. assim também são os pensamentos, que não podem ser agarrados, por mais que o tentemos. E, quando pensamos que agarramos um, ele não existe mais. Se perseguirmos e tentarmos agarrar o que não é existência verdadeira, é porque os nosso sentidos estão iludidos; porque consideramos existente o que não existe originariamente. Vendo o homem carnal, que é a imagem do homem-Imagem Verdadeira refletida nas "ondas" mentais inconstantes (tal qual a imagem da lua cheia refletida distorcidamente nas ondas do mar), pensamos que essa é a nossa verdadeira imagem. É por isso que nos consideramos seres efêmeros e ficamos pessimistas. Entretanto, nossa Imagem Verdadeira não é o corpo carnal, imperfeito como a lua refletida nas ondas. Nossa Imagem Verdadeira é sempre perfeita, assim como a Lua é sempre redonda, independentemente de sua imagem refletir-se deformada nas ondas ou parecer incompleta nas demais fases que não o plenilúnio. Não é possível encontrar o Eu verdadeiro na imagem refletida (no homem carnal), que muda de aspecto constantemente, assim como é impossível encontrar a Luz redonda no espelho das águas inconstantes. Mesmo que a Luz refletida nas ondas esteja deformada ou fragmentada, a Luz verdadeira é sempre redonda e perfeita. Mesmo que o homem carnal seja imperfeito, o homem verdadeiro é perfeito e indestrutível.

Quando compreendemos isso, não podemos mais dizer que o homem é um ser efêmero. O homem verdadeiro jamais pode ser efêmero. Mas, enquanto considerarmos o corpo como sendo o homem, teremos de nos lamentar, dizendo que a vida é efêmera e que todos os seres vivos devem morrer. Entretanto, o que morre é algo que está morto desde o princípio, é inexistente desde o princípio; é natural que morra, pois é algo que surgiu do nada por meio de pensamentos iludidos. O que perece é inexistente desde o princípio. Nosso corpo carnal é algo que inexiste desde o princípio, e é natural que pereça. O desaparecimento de algo originariamente inexistente não é nem um pouco triste; é fato óbvio; não passa de retorno ao seu "nada" original. Ao saber que o corpo carnal é "inexistente", poderá alguém sentir-se inseguro, mas isso é porque ainda tem apego a algo que é inexistente (corpo carnal). Enquanto pensarmos que o corpo carnal seja o homem, será inevitável nos sentirmos inseguros. Mas, se compreendermos que o homem verdadeiro não é este corpo, mas um ser eterno e indestrutível, não nos sentiremos inseguros nem tristes.

A Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade diz que "A matéria é afinal o 'nada' e nela não existe qualidade inerente". Com as explicações dadas até agora, creio que entenderam que este corpo carnal (material) é projeção da mente, portanto "nada", mas poderão ter a seguinte dúvida: "E essas cadeiras, as roupas que vestimos e as vigas deste templo? Elas existem concretamente, por mais que neguemos a existência da matéria. Será que podemos simplesmente dizer que essas coisas também são meras aparências?". Então pergunto: como surgiram essas vigas? As madeiras foram feitas pela mente das árvores. Em outras palavras, são materializações da mente dar árvores, e se manterão enquanto perdurar a força inercial dessa mente. E com a participação da mente do homem, que fez a planta desta construção e desbastou as madeiras, surgiram essas vigas. Podemos, então, dizer que essas vigas foram feitas pelo trabalho conjunto da mente das árvores e da mente do homem. Enquanto moramos numa casa, cuidamos dela; mas, quando a desocupamos, nossa mente a abandona, e então ela começa a se arruinar rapidamente. As vigas deste templo também estão mantidas pela mente das pessoas que utilizam este imóvel. Por isso, quando desaparecer a mente que conserva o imóvel, as vigas também começarão a se destruir. Uma casa abandonada se arruína mais depressa porque nela não habita uma mente que a queira conservar.

No inverno, usamos o braseiro. Todos no Japão o usam. Mas, no verão, ninguém pensa em usá-lo, e consequentemente ele desaparece de nossa vista. Isto é, quando desaparece a mente que precisa do braseiro, este também desaparece. Os senhores poderão argumentar que o braseiro não deixa de existir, ficando apenas guardado na despensa. Realmente, ele fica na despensa, sem ser destruído, porque sua existência é mantida pela mente (pensamento): "Vou precisar dele quando voltar o frio". No verão, ele está fora do nosso campo visual porque foi afastado pelo pensamento "Agora ele não é necessário porque é tempo de calor" e é mantido na despensa pelo pensamento "Ele será necessário quando chegar o inverno". Se, no entanto, mudar o clima da Terra de tal modo que não faça mais frio, a mente da humanidade não se interessará mais por braseiros. Por conseguinte, não serão mais fabricados, e os atualmente existentes serão descartados e eliminados gradativamente. Eles não desaparecerão de repente. Mesmo após o desaparecimento da mente (pensamento) que criou e mantém os braseiros, estes continuarão a existir por algum tempo, sustentados pela força inercial daquele pensamento. Por isso se diz que a matéria é projeção da mente, é "nada".

Segundo a ciência, a matéria é constituída de elétrons. E que são elétrons? São partículas surgidas do éter (éter seria uma substância hipotética que estaria preenchendo o Universo e seria a responsável pela condução da luz e das ondas eletromagnéticas) e que formam turbilhões. E que é o éter? Os cientistas também não sabem explicá-lo. Uns negam a sua existência. Como o éter é invisível, impalpável, inodoro e inidentificável, podemos dizer que ele é o nada. Mas, como a ciência não pode admitir que os elétrons surgem do nada, a este deram o nome de éter. Se a matéria é formada pela união de elétrons, devemos admitir a existência de uma força capaz de provocar turbilhões a partir do nada e agrupá-los de modo a formar a matéria. O que cria turbilhões a partir do nada é a mente de Deus. Essa mente utiliza o "nada" como matéria-prima para criar um infinidade de formas no Universo. Por isso digo que a matéria é projeção da mente.

O general Hiçamura, que foi diretor do Centro de Pesquisas Científicas do exército japonês, tem um filho chamado Kei-iti. Este veio certo dia à Seicho-No-Ie e relatou um fato interessante. Certa noite, ele sonhou com o velório de uma jovem parente sua. Três dias depois, ela de fato morreu e, quando o jovem foi ao velório, teve uma surpresa: a posição do caixão, a disposição dos móveis e as pessoas presentes eram exatamente iguais às do sonho. Isso quer dizer que, três dias antes, no mundo mental, não só havia ocorrido a morte da moça, como também estava determinado quem iria ao velório e como se disporiam as pessoas e os móveis. Aparentemente, as pessoas foram ao velório por sua livre e espontânea vontade naquele dia, mas, na verdade, isso já estava consumado no mundo mental, isto é, no filme mental.

Frequentemente recebo cartas de adeptos relatando que as coisas desejadas apareceram como que por encanto. Por exemplo, quando desejaram biscoitos ou maçãs, alguém os trouxe inesperadamente. Algumas pessoas poderão achar isso estranho, misterioso ou impossível, mas é um fato normal. Se os fatos do mundo material são projeções de fatos criados no mundo mental, não é nada estranho que maçãs gravadas no filme mental se projetem na tela deste mundo. Para compreender isso, é preciso antes entender que este mundo fenomênico não passa de "sombra da mente".

"Mas a ideia de que tudo é projeção da mente não levaria o homem a desprezar a vida terrena e a se tornar inativo? Acho que não está certo menosprezar assim a realidade material", poderá alguém assim retrucar. Respondo que "compreender que a matéria é nada" não é desprezar o mundo material. Pelo contrário, quanto mais compreendemos que este mundo visível não passa de "imagem" projetada (efeito), e quanto mais corrigirmos o filme mental (a causa) dessa "imagem", mais perfeita se tornará a imagem projetada, refletindo cada vez mais a perfeição da Imagem Verdadeira, conforme desejarmos. Se, ao contrário, pensarmos que este mundo fenomênico é existência verdadeira e nos prendermos a ele, seremos seus prisioneiros e perderemos a liberdade. Por exemplo, enquanto considerarmos essa parede uma existência sólida, inabalável, ela será um obstáculo para nós e não conseguiremos atravessá-la. Da mesma forma, se encararmos todos os fatos como algo inflexível, teremos visão fatalista e pessimista da vida. Se trocarmos esse filme pessimista por um filme otimista, o mundo se modificará de modo favorável a nós, tornando-se um lugar extremamente agradável de viver. Portanto, longe de desprezar o mundo fenomênico, passamos a controlá-lo livremente, conforme nosso gosto, quando assimilamos o princípio que rege este mundo, isto é, a Verdade de que o mundo fenomênico é projeção da mente.
 

Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 21", pp. 65-72

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Matéria: a "sombra" da mente fenomênica (1/2)

Masaharu Taniguchi


"Não tomeis por Realidade
a matéria que percebeis através dos sentidos.
A matéria não é a substância das coisas,
não é Vida,
não é Verdade;
na matéria em si não existe inteligência,
nem existe sensibilidade.
A matéria é afinal o "nada" e nela
não existe qualidade inerente.
O que atribui qualidade à matéria é a mente e,
somente ela."
(Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade)


Este trecho fala da "inexistência da matéria". Ao despertarmos para a inexistência da matéria, isto é, ao compreendermos que a matéria, que parece existente, não é existência verdadeira e não passa de projeção da mente, tornamo-nos livres em todos os sentidos e desaparecem todos os empecilhos. A matéria se torna um empecilho justamente porque pensamos que ela seja uma existência sólida, inflexível. Se compreendermos que a matéria é como a ilusão produzida por um ilusionista e nós próprios nos tornarmos ilusionistas, este mundo tornar-se-á flexível e maleável.

Normalmente, as pessoas consideram existência verdadeira os objetos materiais que percebem através dos sentidos. Por exemplo, vendo uma cadeira ou o seu próprio corpo carnal, pensam que eles existem verdadeiramente, de modo absoluto. Entretanto, elas estão enganadas. A matéria, que é perceptível aos sentidos, não é substância, não é essência, não é a coisa em si. Na matéria - por exemplo, na cadeira em que estou sentado ou nos pilares deste templo - não existe Vida. Na matéria em si não está a Verdade. A matéria em si não possui nem inteligência, nem sentidos, nem consciência. Se não a reconhecermos ela não existirá. Poderá alguém dizer que a matéria existe independentemente de a reconhecermos ou não, e até mesmo em nossa ausência. Mas os espectros podem atravessar paredes e entrar num aposento hermeticamente fechado. O mundo dos espectros é constituído de um outro tipo de vibração mental (frequência diferente), motivo pelo qual eles não reconhecem a matéria; logo, a matéria não existe para eles. É por isso que eles atravessam paredes e penetram num aposento que para nós parece hermeticamente fechado. Esse fato nos ajuda a compreender que a matéria, como diz a sutra sagrada, é "nada"; ela não é uma existência sólida que possua natureza própria.

Ontem, um visitante me pediu para explicar de modo facilmente inteligível a inexistência da matéria, pois ele achava muito difícil de entendê-la. Para explicar que a matéria é mera projeção da mente, disse-lhe: "Parece que a morte ocorre no momento em que o corpo carnal fica inerte, mas, na verdade, a pessoa já está morta uns dias antes, no mundo da mente", e citei três exemplos, dos quais apresento um: Certa noite, quando o couraçado Kawáti navegava pelas costas da província de Aomori, alguns tripulantes que estavam no convés viram uma bola de fogo (*nota: Na mitologia xintoísta japonesa, acredita-se que uma bola de fogo aparece quando morre alguém) aparecer perto de um canhão. Foram até lá, mas não encontraram nada de anormal. No navio não havia nenhum morto nem moribundo. Entretanto, após uns dias, um marinheiro morreu prensado no mesmo canhão, de onde partira a bola de fogo. Isso significa que, no mundo da matéria, o marinheiro morreu no momento em que foi prensado pelo canhão, mas, no mundo da mente, a sua morte havia ocorrido antes, quando apareceu a bola de fogo.

Eu disse "mundo da mente" e, a propósito, peço aos senhores que não o confundam com o mundo da Imagem Verdadeira, que é bem diferente. Neste caso, "mente" significa pensamento. Numa comparação, a mente corresponde às ondas que se formam na superfície do mar, o qual, por sua vez, corresponde à Grande Vida.

A Sutra Sagrada, no capítulo intitulado "Deus", diz: "Deus, ao criar todas as coisas, (...) cria unicamente com a Mente". Nessa citação, "Mente" (com "m" maiúsculo) é a mente-Imagem Verdadeira, é a mente que existe verdadeiramente, é a mente verdadeira, é a Mente de Deus. Portanto, o mundo da Imagem Verdadeira, criado por Deus e constituído pelas ideias de Deus, é um mundo sumamente belo, sublime e harmonioso. Além do mundo da mente e do mundo da Imagem Verdadeira, "existe" um mundo projetado pela mente em ilusão, que é este mundo visível aos olhos carnais. Eu disse que ele "existe", mas não é existência verdadeira, sendo apenas manifestação (aparência). Tudo que ocorre no mundo material é primeiramente formado no mundo mental e depois projetado no mundo visível. Em outras palavras, este mundo fenomênico é projeção imperfeita do mundo da Imagem Verdadeira, porquanto este último é encoberto e distorcido pelos pensamentos errôneos do homem. Referindo-se a isso, o budismo prega que este mundo é produto de ilusão e que, portanto, não passa de ilusão.

Bem, voltando ao caso do marinheiro, devo esclarecer que não foi no mundo da Imagem Verdadeira (mundo da primeira criação, realizada pela Mente e Sabedoria de Deus) que ele morreu prensado pelo canhão, mas no mundo mental (mundo da segunda criação, realizada pela mente do homem) uns dias antes de morrer fisicamente. O mundo da Imagem Verdadeira é de suprema perfeição, e, portanto, nele jamais ocorrem acidentes nem existem homens prensáveis por um canhão. Quero deixar bem claro que aquilo que chamo de "mundo mental" não é o mundo da Imagem Verdadeira.

Tudo que acontece neste mundo visível é manifestação daquilo que já ocorreu no mundo mental. Isto quer dizer que a destruição que ocorre no mundo visível é projeção da destruição que já ocorreu no mundo mental. Alguém poderia indagar: "Então, uma desgraça já consumada no mundo mental manifestar-se-á inevitavelmente neste mundo material? Não haveria alguma maneira de impedi-la?". Há, sim. O fato pode ser corrigido pela ação de pensamentos positivos antes de se concretizar no mundo material. Como exemplo, podemos citar a terapia à distância e a terapia direta, que consistem na transmissão de pensamentos positivos ao paciente a fim de corrigir suas falhas mentais. Não fazemos mentalizações positivas para transformar o corpo carnal, a matéria em si, visível aos olhos. Já que doenças e infelicidades são projeções ou materializações de desajustes mentais, corrigindo-os no plano mental, serão corrigidas automaticamente as consequentes manifestações materiais.

O volume 9 da coleção A Verdade da Vida cita a jovem médium Reine que profetizara a Primeira Guerra Mundial antes que esta se concretizasse no plano material. essa jovem vira, através da clarividência, milhares de soldados sendo conduzidos de trem para o local de batalha, pilhas de cadáveres, milhares de feridos, cidades incendiadas e outras cenas que iriam acontecer. Isso nos faz compreender que a primeira Guerra Mundial era um fato inevitável, pois já havia acontecido no mundo mental antes de se concretizar no mundo das formas. Em uma outra sessão, Reine foi conduzida por um espírito chamado Vetterini a um plano bem elevado do mundo espiritual e lá deparou com uma cena curiosa: inúmeros espíritos elevados emitiam ondas parecidas com faixas reluzentes de pano branco, que eles agitavam incessantemente para enviar suas vibrações à Terra. reine quis saber do que se tratava, e Vetterini explicou que os espíritos elevados se esforçavam ao máximo para minimizar a extensão da tragédia da Grande Guerra que estava prestes a irromper na face da Terra. Isso quer dizer que, antes de se iniciar a guerra na Terra, já estava acontecendo uma "conturbação" no mundo mental. Em outras palavras, já estava rodado o "filme da tragédia" que iria ser projetado na tela terrena. E corrigir esse "filme" era a tarefa daqueles seres espirituais. Algo parecido com faixas reluzentes de pano branco que os espíritos elevados ondeavam eram vibrações de luz enviadas ao mundo mental para neutralizar as vibrações tenebrosas e corrigir o "filme da tragédia".

Esse é um caso de intervenção para atenuar tragédias, mas existem também casos em que os espíritos elevados enviam vibrações mentais de luz para minorar ou eliminar doenças. É um erro pensar que participam do nosso Movimento de Iluminação da Humanidade somente pessoas encarnadas. Dele participam também espíritos elevados que, do mundo espiritual, enviam vibrações mentais de auxílio e proteção. Por exemplo, quando um adepto da Seicho-No-Ie transmite aos semelhantes a Verdade que mal assimilou, muitas vezes ocorre a cura repentina de doença considerada incurável, sem que o enfermo também tenha compreendido bem a Verdade da inexistência da doença. Isso ocorre porque as poderosas vibrações mentais de luz enviadas pelos espíritos elevados destroem as vibrações mentais de ilusão.

Quando ocorre no mundo mental qualquer infelicidade que está para se projetar no mundo material, os espíritos elevados a percebem mais rapidamente do que os encarnados e, havendo na Terra um movimento como o de Iluminação da Humanidade para eliminar infelicidades, eles colaboram com esse movimento, enviando vibrações de luz e atenuando ou eliminando infelicidades. Há, por exemplo, casos de pessoas que, sem aina conhecer a Verdade, saem ilesas de um acidente automobilístico só pelo fato de alguém da família estar participando do movimento da Seicho-No-Ie. Nesse caso, o "filme" do acidente já estava feito no mundo mental, mas a última cena, em que ocorreria o ferimento, foi corrigida pelas vibrações mentais de espíritos elevados.

A filmagem mental de acidentes e a correção de filmes são feitas no mundo mental, e não no mundo da Imagem Verdadeira, pois neste não ocorrem nem fatos trágicos nem a correção desses fatos. Tampouco ocorrem doenças ou vibrações mentais para curá-las, nem vibrações para neutralizar as ondas mentais causadoras de doença. O mundo da Imagem Verdadeira é de tal forma perfeito e impecável. Nós próprios, com nossos pensamentos iludidos é que provocamos e criamos imperfeições no mundo mental e, como projeção disso, surgem neste mundo concreto fatos e situações imperfeitos. Creio que agora ficou claro que o mundo da Imagem Verdadeira é diferente do mundo da mente.

Deus do mundo da Imagem Verdadeira, isto é, Deus verdadeiro, absoluto, que é a Grande Vida universal, pode Se manifestar personificado como um salvador quando surge no mundo mental uma situação caótica, que irá se projetar no mundo material. Explicando melhor: quando por nossa própria conta, com nossas ilusões, criamos no mundo mental (que não é existência verdadeira) infelicidades ou conturbações e estas ameaçam se concretizar neste mundo visível, Deus absoluto, misericordioso, envia do mundo da Imagem Verdadeira vibrações de luz, as quais assumem a forma de divindades tais como Avalokitésvara (Kanzeon Bosatsu), Amida Buda, Krishna, Jesus, etc. Estes são personificações de Deus. Quando Deus assim personificado desencadeia um movimento de salvação da humanidade, participam dele os espíritos elevados e divinos do mundo espiritual, assim como na terra há participação de pessoas espiritualmente elevadas. A Deus absoluto chamamos de "Deus na primeira acepção", e a Deus personificado chamamos de "Deus na segunda acepção" (eles não são captados por médiuns porque não são espíritos); e a um espírito elevado ou divino chamamos de "Deus na terceira acepção". E é um espírito dessa categoria que às vezes se manifesta através de um médium, dizendo inclusive ser Deus absoluto.

Deus absoluto, sendo universal, está presente em toda parte, independentemente de chamarmos por Ele. Entretanto, quando a humanidade deseja ser salva e chama por Deus (ou Buda), Ele Se manifesta personificado como Amida Buda, Avalokitésvara, etc., conforme as circunstâncias, e, diante de Sua luz, as ilusões desaparecem automaticamente, assim como a treva, que não tem existência própria desaparece diante da luz do Sol. Repito que, quando Deus absoluto Se manifesta personificado, extinguem-se automaticamente as ilusões da face da Terra.

 
Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 21", pp. 55-62