"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, maio 31, 2019

"De que adianta se dizer Filho de Deus, e ter de viver no mundo?"


.
Após eu ter dito a uma pessoa que “não existe mundo material nenhum”, uma vez que DEUS É ESPÍRITO - REALIDADE ESPIRITUAL PERFEITA, ETERNA E ONIPRESENTE - E NÃO MATÉRIA, ela me respondeu: “De que adianta viver afirmando isso, se você, do mesmo jeito que os demais, que nada sabem disso, vive do mesmo jeito que eles, tendo de encarar a vida material?”

Explicar a DIFERENÇA requereria explicar toda a Metafísica Absoluta à pessoa; porém, em geral, quando surge indagação dessa natureza, não há, de momento, interesse real da pessoa pela Verdade, e sim interesse em continuar vivendo “materialmente”, ou seja, acreditando ser real a suposta “vida terrena”. 

Em casos assim, é comum eu passar a ela apenas uma ideia central básica, para que a leve como semente! Por exemplo, eu lhe digo: “Se você orar e reconhecer "estar espiritualmente em Deus", o seu dia a dia se desdobrará diferente do que ele seria, caso você, em vez de fazer este reconhecimento, saísse de casa “carnalmente”, preocupado, ansioso, temeroso, acreditando “estar na matéria”. Isto porque o seu dia não existe predeterminado, sendo uma “sombra” da Vida em Deus, sombra que se mostrará estando mais ou menos “distorcida” em função do seu maior ou menor reconhecimento/envolvimento com a Verdade”.

O que a maioria desconhece, é isto: SOMENTE DEUS - A REALIDADE ESPIRITUAL PERFEITA ETERNA E ONIPRESENTE - EXISTE! 

Quando alguém se dedica a reconhecer esta Verdade, a Consciência divina é contemplada, a Sua atividade pura e perfeita atua sobre as falsas “crenças coletivas”, ou sobre a suposta “mente humana”, e, sendo a “crença” alterada, o suposto “dia terreno” igualmente se mostrará alterado, por ser, “este mundo”, uma manifestação ilusória do "estado mental" da pessoa.

Se alguém acreditar ter “CORPO DE LUZ, MANTIDO PERFEITO POR DEUS”, e o seu vizinho, por exemplo, acreditar ter “CORPO MATERIAL PASSÍVEL DE ADOECER”, mesmo que os DOIS sejam vistos por terceiros como “CORPOS CARNAIS”, a probabilidade de o vizinho “se mostrar com corpo doente” será muito maior do que o mesmo acontecer àquele que saiu convicto de “não ser carnal”, mas sim, “Filho espiritual de Deus”. E a razão é a seguinte: Quem emana a “onda da crença coletiva” também a atrai, e quem emana “onda divina”, atrai também ondas semelhantes. Esta é a chamada “Lei da Atração”. 

Portanto, dizer que “tanto faz” alguém acreditar na Verdade ou não acreditar, que do mesmo jeito terá de encarar “vida material”, é desconhecer completamente o processo todo!

A mesma coisa se dá, quanto a alguém que segue um tipo ou outro de doutrina. Cada uma traz em si o seu enfoque; e este, sendo abraçado pelos adeptos, faz com que eles emanem ou irradiem mentalmente suas crenças; e o mundo lhes responderá “na mesma moeda”. 

Jesus sabia disso! Por isso sua pregação partia do Alto e não de baixo! Partia da Verdade de que “somos deuses”, “luz do mundo”, “sal da terra”, e de que “somos um com o Pai como ele”. 

Infelizmente, as pessoas adotaram crenças religiosas autodepreciativas, baseadas no “juízo pela carne”, em que são consideradas como “pecadoras”, “espíritos ignorantes” em evolução, ou “míseras criaturas”; assim, irradiando mentalmente estas limitações e negatividades, vivem recebendo de volta suas próprias semeaduras. E então, ao se depararem com as situações negativas que mentalmente geraram, dão-lhes o nome de “provações de Deus”, que nunca teve nada a ver com aquilo!

“A lei foi dada por Moisés e a graça por Jesus Cristo”, diz a Bíblia. Explica que VOCÊ pode e deve “estar no mundo sem pertencer-lhe”, colocando bem no alto a SUA PRÓPRIA LUZ, E VIVENDO, DE FATO, A VIDA PELA GRAÇA! A VIDA QUE É DEUS RECONHECIDO COMO O CRISTO QUE VOCÊ É! 

CONTEMPLE:

CONTEMPLO A VERDADE DE QUE DEUS É ESPÍRITO, E É TUDO! 

CONTEMPLO A VERDADE DE QUE O CRISTO, O PAI EM MIM, É ESPÍRITO, E É TUDO! 

CONTEMPLO A MENTE DE DEUS COMO MENTE ÚNICA, PERFEITA E MANIFESTA, AQUI E AGORA, COMO A MENTE QUE EU SOU! 

IRRADIO AO UNIVERSO AS ELEVADAS ONDAS ESPIRITUAIS DE MINHA MENTE CRÍSTICA! COMO O UNIVERSO E EU SOMOS UM, IGUALMENTE “RECEBO” DO UNIVERSO UNICAMENTE O QUE VEM DE DEUS!


Divine Man : God Energy

quarta-feira, maio 29, 2019

O “AGORA DIVINO”, RECONHECIDO, ALTERA CADA “MOMENTO PRESENTE”!

- Dárcio Dezolt - 


Quando as mensagens realçam a importância do RECONHECIMENTO de estarmos VIVENDO NO “AGORA ABSOLUTO”,  que é REALIDADE,  sem nos permitirmos iludir pelas aparências, que são todas IRREALIDADES, há quem desconheça que as "imagens ilusórias" são sombras alteráveis, que se mostram "ora melhoradas", "ora pioradas", dependendo de as ORAÇÕES ABSOLUTAS estarem sendo praticadas ou não! Em outras palavras, o “momento presente”, que cada um aparentemente vê como seu dia a dia, NÃO SE PROJETA DE MODO FIXO, tenha a pessoa feito ou não sua orações de reconhecimento do AGORA ABSOLUTO!

“O QUE SE VÊ  PROCEDE DO QUE NÃO SE VÊ”, disse Paulo. Explicava que o cenário visível, para se projetar como "momento presente" de alguém, só lhe é possível como "sombra" da Oniação, ou seja, UNICAMENTE DEUS É REALIDADE ATIVA, enquanto o suposto "mundo fenomênico" não passa de um reflexo finito e alterável da Realidade Divina! Assemelha-se a um "mundo refletido num espelho", em que não haja nada nem ninguém em suas "imagens refletidas"!

“ORAI E VIGIAI SEM CESSAR”, diz a Bíblia. Por que Jesus orava tanto? Para reconhecer "ESTAR EM DEUS", e nunca em "aparências visíveis"; para saber estar sendo o "CRISTO EM ONIAÇÃO DO AGORA", e não estar sendo um "carnal gestado por Maria"; e para reconhecer que "NINGÚEM" existe vivo em supostas "imagens fenomênicas", por serem todas elas puras "miragens", sem história e sem vida, "sombras mortas" com que a "mente carnal" ilude a humanidade, convencendo-a de que o chamado "mundo do pai da mentira" seja algo verdadeiramente existente.

Orar é necessário, porém, o motivo que nos leva às orações e contemplações absolutas é de igual importância! A oração correta nos tira a atenção do "momento presente", rumando-a ao "AGORA PERMANENTE", em que "TUDO ESTÁ FEITO"! Cada reconhecimento desta Verdade revela que "SOMOS UM COM DEUS": ESPÍRITO, AMOR, PERFEIÇÃO E LUZ!

Feitas as preces e contemplações neste ENTENDIMENTO, o suposto “mundo de aparências” não mais será tomado como REALIDADE! E é quando se cumpre o que disse Paulo: "O que passamos a ver,  – como “MOMENTO PRESENTE” – procede do AGORA visto como o AGORA QUE DEUS VÊ". É desse modo que as aparências se ajustam à Realidade Divina, dando-nos a impressão de terem sido "melhoradas"!

Quanto menos orarmos, MENOS VEREMOS AS APARÊNCIAS SEREM “AJUSTADAS”. Por que? PORQUE, SEM A ORAÇÃO, ELAS ESTARÃO SENDO PROJETADAS COM AS INFLUÊNCIAS DUALISTAS DA SUPOSTA “MENTE CARNAL”. 

GRAVE BEM:

O MUNDO DE APARÊNCIAS É IRREALIDADE, QUE SE MOSTRA AJUSTADO À VONTADE DE DEUS, QUANDO NOS IDENTIFICAMOS COM DEUS; E SE MOSTRA DESAJUSTADO, QUANDO NOS DESCUIDAMOS E DEIXAMOS DE RECONHECER QUE VIVEMOS NO AGORA DIVINO.

SE NÃO ORARMOS DEVIDAMENTE, A MENTE CARNAL ENVIARÁ AS SUAS SUGESTÕES PARA NOS ILUDIR COM A MENTIRA DE QUE “SOMOS ALGUÉM DO MUNDO”!

É por esse motivo que, seguidamente, repetimos a revelação de Paulo: “EM DEUS VIVEMOS, NOS MOVEMOS E TEMOS O NOSSO SER” (Atos 17: 28).


segunda-feira, maio 27, 2019

COMENTÁRIOS AO TEXTO: "DE 'MENOS INFINITO' A 'MAIS INFINITO'”

Imagem relacionada
- Dárcio Dezolt - 


Nesta postagem, serão salientados alguns pontos essenciais às “contemplações absolutas”, sugeridos pela analogia do artigo aqui publicado, intitulado: De "Menos Infinito" a "Mais Infinito".

1. Não há a dualidade "reta" e “segmento de reta”. O “segmento” busca apenas representar a RETA ÚNICA, por ser ela impossível de ser mostrada tal como é, numa lousa do mundo.

2. A representação mostra um “segmento de reta” tendo “começo e fim”. Mas a “RETA REAL”, em pauta, sendo infinita, é sem começo e sem fim.

3. A Reta, que é REAL no UNIVERSO REAL e INFINITO, ao ser representada como “segmento finito”, não pode ser considerada como “aparenta” se mostrar numa lousa finita.

4. O professor, ao riscar na lousa a RETA como “segmento”, sabe que a RETA REAL e ÚNICA jamais poderia “estar na lousa”. E, caso alguém julgasse “ver a reta”, olhando para a lousa, estaria somente sendo “iludido” pelo “segmento” riscado pelo professor.

5.   Após a aula, o “segmento” seria “apagado” pela mesma  “mente falsa” que o riscou. E em momento algum a Reta teria passado pelo “tempo”,  e ter tido a aparente “duração temporal da aula”.

6.   A Reta Real e infinita é concepção de Deus, e somente tem existência no Agora Divino, em que tudo é perfeito e permanente.

7.   Caso a reta riscada como “segmento de reta” apresente alguma distorção ou defeito, percebido na lousa, jamais a Reta Real terá exibido qualquer imperfeição.

8.   A Reta Real jamais será “o segmento” que passou a existir quando o professor o riscou. Sempre a RETA esteve, está e estará presente,  mas no Universo tão infinito quanto ela própria.

9.   A Mente Real do professor é a que reconhece a Reta Real e Infinita, enquanto a’ “mente finita e ilusória” dele enxerga o “segmento” que aparentemente  teve começo pelas suas mãos.

10.  Deus é tudo, e Deus é espírito, razão pela qual tanto o professor como seus feitos jamais existiram, como jamais existiram o próprio “segmento de reta”, a lousa e o mundo em que pareceram existir. No caso,  estaria presente unicamente Deus se evidenciando como o Cristo e como a reta infinita levada em consideração.

Estes são os pontos principais a serem “contemplados”, para que “professor e segmento de reta” sejam descartados como “o velho homem e seus feitos”, enquanto o Deus Infinito – e suas Obras Perfeitas e Eternas – seja reconhecido como “o Reino chegado de Deus”, eternamente habitado por todos nós, pelo Cristo que somos, infinito como Deus, sem jamais ter pisado em suposto “mundo do pai da mentira”!


quinta-feira, maio 23, 2019

De "menos infinito" a "Mais Infinito"





- Dárcio Dezolt - 

Numa aula de Matemática, o professor desenhou na lousa um segmento de reta com cerca de um metro de comprimento, dizendo: “Este segmento representa na lousa a reta real, que vem de “menos infinito” e vai a “mais infinito”. Como sabia ele que a reta vinha de “menos infinito” e que ia até “mais infinito? Porque sendo assim considerada nos cálculos matemáticos, os resultados sempre deram certo. Portanto, os “princípios aceitos”, mesmo não podendo ser demonstrados, são empregados dessa forma: como axiomas ou princípios! Acolhidos com “coração de criança” pelos cientistas e matemáticos!

Quando o estudo da Verdade afirma que DEUS É TUDO, que DEUS é INFINITO, e que O HOMEM, SENDO INFINITO, É TUDO AQUILO QUE DEUS É, expressa os FATOS REAIS ESPIRITUAIS como princípios ou axiomas, possíveis de serem comprovados ao serem aceitos e postos na prática!

Os axiomas, assim como a reta declarada pelos matemáticos como “infinita”, sendo representada numa lousa como “segmento de reta”, INSINUA, com sua representação minúscula e finita, a verdade de que “a reta é infinita”, e sem poder caber, na lousa, em sua real natureza. PORTANTO, OLHAR O SEGMENTO DE RETA DE UM METRO, E ACREDITAR ESTAR “VENDO A RETA”, É ILUSÃO!

O matemático, apontando o “segmento riscado na lousa”, diz aos alunos: “Em nossa exposição, vamos empregar a reta que está na lousa!". Só que, para ele, a reta "vinha de MENOS INFINITO" e seguia até "MAIS INFINITO"! Ele bem sabe que A RETA EXISTE INTEIRA E QUE ESTÁ FORA DA LOUSA!

A “lousa” que nos mostra somente ILUSÃO se chama “mente carnal”. Não consegue mostrar nem Quem somos nem onde é que vivemos! Assim como a lousa do matemático não consegue nos mostrar a "reta verdadeira".

Quando Jesus confirmou que somos deuses, que SOMOS A LUZ DO MUNDO, via-nos sem ser com a "mente carnal"! E via-nos em Deus, na Realidade, e não "nascidos na lousa", a que chamou de "mundo do pai da mentira"!

O Matemático pode até "riscar na lousa" o segmento de reta com "começo" e com "fim". Por quê? Por ser mera REPRESENTAÇÃO FINITA, INCOMPLETA E, PORTANTO, ILUSÓRIA da RETA REAL, que é infinita, permanente, sem começo e sem fim!

Quando VOCÊ transpuser esta ANALOGIA para descartar a ILUSÃO e parar de se identificar com um "segmento de reta" – o suposto "corpo carnal" –, e passar a reconhecer que você é a "RETA INFINITA" – O PRÓPRIO DEUS VIVO –, então estará "sendo a Verdade" e não a "ilusão". E estará entendendo o que diz a Metafísica: "As aparências apenas insinuam a presença da Verdade subjacente a elas"!

E então fácil lhe ficará "descartar" os "segmentos de reta", todos limitados e finitos, por agora achar-se identificado com a "RETA INTEIRA E INFINITA", que é DEUS!

Esta é a compreensão DEMONSTRADA POR JESUS, ao declarar: “AQUELE QUE ME VÊ A MIM, VÊ O PAI”!

terça-feira, maio 21, 2019

O ABSOLUTO, VIVENDO, É QUEM VOCÊ AGORA É!

- Dárcio Dezolt


As revelações absolutas, constantes nas Escrituras, além de falarem em DEUS, falam ao mesmo tempo EM VOCÊ! Isto porque DEUS É TUDO, TUDO É DEUS, e a onipresença do Verbo Divino constitui a Identidade Crística Eterna que vive agora como a sua vida!

O suposto “mundo fenomênico”, como disse Buda, é uma ilusão de massa! E, como disse Jesus, é um “MUNDO DO PAI DA MENTIRA”, atuando hipnoticamente como uma  espécie de “véu”, a encobrir e nublar a Realidade Perfeita, que é o Absoluto vivendo!

“Antes que clamem, responderei”, disse Isaías; “Vosso Pai conhece as vossas necessidades antes de Lho pedirdes”, disse Jesus! Esta revelações, que são coincidentes, deixam bem claro que TUDO JÁ ESTÁ CONSUMADO, e, portanto, “ATENDIDO”, desde que a ilusória “mente que clama” desapareça de cena com sua cegueira, mediante nosso RECONHECIMENTO dessa Verdade.

“Antes que esta mente clame”, seus  corretos anseios já estavam todos atendidos! “Antes que esta mente peça”, suas reais necessidades já eram conhecidas e atendidas! Por quê? Porque unicamente o Absoluto Onisciente é realidade autossuprida universalmente e de modo perfeito!

Não existem “carências” nem “pedintes” no Universo do Absoluto! É por esse motivo que os “sinais” ou “milagres” são trazidos à “visibilidade fenomênica”, QUANDO A FÉ É GRANDIOSA!

A “FÉ” É A CERTEZA DAS “COISAS NÃO VISTAS”!

A “Fé” é  grandiosa quando INTUÍMOS a Verdade de que “NO ABSOLUTO VIVEMOS, NOS MOVEMOS E EXISTIMOS”!

Em O Caminho Infinito, Joel Goldsmith diz o seguinte: “Minha UNIÃO CONSCIENTE com Deus UNIFICA-ME COM TODO SER E IDEIA ESPIRITUAIS”. Comenta ele que, se esta frase tivesse sido escrita em sânscrito, com certeza receberia dos leitores a atenção devida, tal a importância de seu conteúdo! De fato, muitos se mostram como “devoradores de livros”, sem VIVER os princípios essenciais expostos neles!

QUEM MEDITA E CONTEMPLA SUA UNIÃO CONSCIENTE COM DEUS ESTÁ RECONHECENDO “SER O ABSOLUTO VIVENDO”, SER UM COM O TODO QUE O ABSOLUTO É! E SEM SER “CARNAL ALGUM” DO ILUSÓRIO “MUNDO DO PAI DA MENTIRA!

Portanto, PONHA EM PRÁTICA esta Verdade:

O ABSOLUTO, VIVENDO, É QUEM EU SOU – EXATAMENTE  AQUI E AGORA!


sexta-feira, maio 17, 2019

A Arte da Meditação - 18 (Final)


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 18 - UM CÍRCULO DE MESSIANISMO 

Nos tempos modernos é razoável esperar que haja muitas pessoas de tal modo dedicadas à via Crística, que suas próprias vidas se desenvolvam num contato espiritual permanente. 

Será concebível um grupo de adeptos ou ardentes aspirantes à Senda Espiritual que, sinceramente, aceitem a hipótese de que “por eles mesmos nada são e que Deus é tudo?” 

Será possível encontrar-se no mundo uma plêiade de indivíduos que tenham alcançado o nível de consciência em que as suas vidas passam a ser vividas pelo Espírito? 

Tal plêiade serviria de padrão para o mundo inteiro. Sempre tem surgido indivíduos que, isoladamente, conseguiram a Graça do Cristo, mas, em nenhum período da história do mundo foi essa conscientização alcançada e mantida por grupos, é que até o presente não foi encontrada nenhuma fórmula efetiva capaz de transmitir a Consciência Crística às multidões. 

Jesus ensinou a verdade a doze discípulos e mais três ou quatro aptos para entendê-la. 

Budha ministrou ensinamento da Verdade a vários adeptos, mas apenas dois O compreenderam. 

E entre os discípulos de Lao-Tse, só um correspondeu. 

Hoje a Sabedoria está alvorecendo na consciência humana. “Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é UM”. Esse preceito de Unidade é o antigo segredo dos místicos revelado através dos grandes faróis espirituais do mundo, nas mais diversas épocas. É isso que nos capacita a compreender a Auto-Realização: Se eu estou no Pai e o Pai está em mim, então tu estás em mim e eu estou em ti; e estamos todos no Pai, unidos em uma só consciência. 

No mundo atual, não obstante as diversas formas de adoração religiosa existentes, os adeptos de qualquer crença devem estar aptos para aderir a essa antiga ciência de Unidade. 

Esse ensinamento é universal e de modo algum interfere, em nossa maneira habitual de adorar a Deus. 

Na realidade, não há separação entre “teu” ensinamento e “meu” ensinamento; o que há é o Espírito de Deus interpenetrando a consciência receptiva. 

O Espírito de Deus opera através de mim para tua libertação e através de ti, para a minha, uma vez que somos um só em Cristo. 

Em matéria de preceitos religiosos o mundo tem avançado, desde os remotos dias de Jesus, Budha, Lao-Tse; porém, a maior parte desses ensinamentos tem constituído apenas mera especulação no reino do intelecto. 

De algum modo, se em qualquer lugar houver um grupo que esteja vivenciando a vida Crística, esta terá de se manifestar. Mesmo sem falar sobre a Verdade, mesmo sem ministrar aulas sobre a verdade, basta viver a Verdade em silêncio e a Presença, o Poder de Deus serão manifestados. 

Enquanto permanecerem em discórdia e desarmonia, deverão resistir à tentação de “afirmar a Verdade”, buscando primeiro atingir o Centro Divino em seu interior onde foi erigido o Cristo e deixá-Lo “endireitar os caminhos”. 

A solução, a resposta para todos os problemas é a realização do Cristo. Ele é a bênção, não eles. Cristo sepultado no túmulo da mente, não aparecerá, não fará milagres, mas o Cristo ressurgido do túmulo através da Meditação e da Comunhão é o verdadeiro milagre. 

Quando a atividade do Cristo se faz presente em nossa consciência, todas as nossas necessidades são supridas, atingindo também aqueles que estiverem receptivos a essa presença. Estes passarão a influenciar outros, e assim sucessivamente poderão circundar o mundo inteiro. 

Toda pessoa que tenha se preparado para o despertamento do Cristo Interno, está apta a tornar-se parte integrante desse círculo de luz. 

Contudo, essa experiência, não é, de imediato acessível a todos, assim como não é possível a alguém avançar no estudo da Engenharia e do Direito sem os processos preliminares. 

Muitos daqueles que se interessam pelas coisas profundas do Espírito gostariam de incluir seus familiares e seus amigos como companheiros de jornada, mas, nem sempre isso é possível. 

Com freqüência, os membros da mesma família ou pessoas estreitamente ligadas por laços de amizade, amor ou outros interesses, são, justamente as que se opõem à Verdade; são o terreno estéril a que o Mestre se refere. 

A ninguém é dado saber ou julgar quem é que está pronto para o desabrochar da alma. 

Trata-se de algo que se processa dentro de cada um. Só mesmo entre ele e Deus. Mas, pouco a pouco, cada joelho deverá dobrar-se, até que finalmente todos participem da herança divina. 

O aperfeiçoamento espiritual sempre se inicia em um indivíduo, começa na consciência de uma pessoa, pode ser na tua, pode ser na minha e tudo depende do grau de conscientização do Cristo. 

O Cristo interno, ativo, realizado em alguém, torna-se uma poderosa força no mundo. A todo momento, é possível que haja alguma pessoa receptiva em qualquer lugar: em um hospital, em um cárcere, em um campo de batalha ou nos meandros da política, clamando: “Ó Deus, ajuda-me!” seja qual for o caso ou a circunstância, no momento em que uma súplica de uma alma receptiva for dirigida a Deus aí estará, em toda plenitude do Cristo Realizado. 

Ninguém pode aprisionar o transbordamento da plenitude do Cristo Realizado, livre do mundo, e ninguém podem avaliar quantas pessoas encontram cura mental, física, moral, financeira, através do simples ato de invocar o Desconhecido, esse Cristo liberto por ti ou por mim num momento de meditação. 

Essa é a razão pela qual sempre peço aos nossos adeptos do Caminho Infinito para que reservem um período de tempo, diariamente, para a meditação. Que esse período de tempo seja dedicado inteiramente a Deus, não para eles, suas famílias, seus negócios ou seus clientes, mas exclusivamente para Deus. 

Em outras palavras: reservemos para Deus um período de meditação no qual O buscamos de mãos limpas: “Pai, nada busco. Venho a Ti com o mesmo espírito com que iria a minha mãe, em condição de agasalhar-me para a comunhão por amor. Tu és o Pai e a Mãe do meu ser, Fonte de minha vida, minha Alma, meu Espírito. Não venho pedir-Te favores, venho a Ti pela alegria da comunhão, para sentir a segurança da Tua Mão na minha, o toque do Teu Dedo no meu ombro, para estar em Tua Presença”. 

A Presença de Deus quando realizada, na consciência de alguém, eleva-o à condição de Salvador do Mundo. Afastem-se da idéia errônea de que apenas um indivíduo pode manifestar o Espírito de Deus na terra. 

Qualquer pessoa está apta a realizar o Espírito de Deus que jaz latente em todos nós. Se este livro puder encaminhar, conduzir alguns para a realização dessa experiência, então, tais realizados se tornarão capazes de auxiliarem outros a encontrar o caminho que conduz a essa experiência. 

O Salvador é o Espírito de Deus, não um homem ou uma mulher, é o Espírito do Senhor que deve ser realizado por mim e por ti, individualmente. 

O máximo que um livro espiritual pode fazer é induzir o estudante à compreensão de que dentro dele está o reino de Deus e inspirar-lhe o desejo de O conquistar. 

O máximo que um mestre espiritual pode fazer é ampliar a consciência daqueles que o procuram de forma que eles consigam atingir a realização do Espírito do Senhor. 

Mas, um mestre, um veterano, no próprio caso de Jesus, o Cristo, não pode fazer isso para o mundo inteiro. Mesmo entre seus discípulos, nem todos foram receptivos; Judas não correspondeu ao Cristo. Somente aqueles que têm fome espiritual poderão ser elevados ao alcance da experiência de Deus através de um mestre espiritual. 

Em todas as épocas, muitos místicos tiveram oportunidade de abrir a consciência de adeptos para a experiência do Espírito do Senhor. 

Em alguns casos, centenas a obtiveram com a ajuda de seus mestres, mas o mundo os persegue em seu tenebroso caminho de destruição de modo que muitos daqueles que alcançaram esse elevado estado de consciência endeusaram tanto seus mestres quanto seus ensinamentos. 

Cada um que pelo esforço empregado conseguiu ser tocado pelo Cristo deve dedicar-se também a engrandecer a consciência de outros, do mesmo modo como a ele foi feito. E assim se torna testemunha da atividade do Cristo através de sua própria consciência, demonstrando ao mundo que, todo aquele que tiver suficiente interesse e devoção, poderá atingir mesma experiência. Onde quer que exista uma consciência realizada em Deus, ali se encontra um instrumento através do qual Deus pode agir para alcançar e tocar outras consciências, iluminando, suprindo e curando. 

Do mesmo modo, quando na meditação estiveres em sintonia com o Infinito Invisível, Cristo utilizará como canal tua consciência, para influenciar as vidas de outros, despertando também suas consciências e melhorando suas condições. 

A atividade do Cristo flui para onde quer que haja uma consciência humana receptiva, pela Graça de Deus. Dias virão em que, no mundo inteiro, haverá um Círculo de Sabedoria Espiritual formado pela Consciência Crística de mestres e adeptos. 

Então, o mundo será elevado, não de um por um, mas aos milhões. E se qualquer um buscar Iluminação será suficiente focalizar sua consciência na de um dos membros do Círculo de Almas Iluminadas. 

Quando a consciência se liberta pela meditação individual, não sofre mais as limitações de tempo e espaço, de modo que todo aquele que no mundo a toque, dela poderá participar. 

“A iluminação dissolve todos os laços materiais e une todos os homens com as cadeias douradas da compreensão espiritual; reconhece a liderança do Cristo, não segue ritual ou regra, mas pratica o Amor Divino, impessoal, universal. Não pratica outra adoração, além da chama interior sempre acesa no relicário do Espírito. Esta união é o estado livre da Fraternidade Espiritual. Somos um universo unido, sem limites físicos, em divino serviço a Deus, sem credos nem rituais, o Caminho sem medo, iluminado pela Graça”.

FIM

segunda-feira, maio 13, 2019

A Arte da Meditação - 17


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

CAPÍTULO 17 - ILUMINAÇÃO, COMUNHÃO, UNIÃO 

A Meditação conduz à iluminação que se torna comunhão e por fim união. 

A iluminação é uma experiência individual que não está relacionada com qualquer rito externo ou forma de adoração. Depende exclusivamente de nossa própria realização. É uma experiência que se processa dentro de nós mesmos, inteiramente à revelia de qualquer outra pessoa. Não pode ser praticada por ninguém, marido ou mulher, filho ou amigo, nem buscada em companhia de outros. 

É necessário isolar-se no íntimo santuário do próprio ser e aí realizar sua experiência de Deus. De certo modo é possível repartir nosso aperfeiçoamento com outros que já sejam iluminados ou estejam no Caminho da Iluminação, mas lembremo-nos sempre de que a experiência de Deus é individual. Se ela vier a nós no meio de uma multidão, mesmo assim, continuará solitária, sem nenhum participante. 

Nenhuma tentativa deve ser feita no sentido de propagar a verdade que foi revelada antes que ela se alicerce na própria consciência. Posteriormente a orientação virá sobre como, quando, e em que circunstâncias deveremos participar a revelação. 

A iluminação é acessível a todo indivíduo sequioso de consegui-la, de acordo com a intensidade desse desejo. 

Porém, enquanto estiver esforçando-se por esse contato com Deus, deve o aspirante manter oculta essa centelha até que ela se torne chama; e após os primeiros vislumbres de iluminação, conservar em segredo para o mundo, no íntimo de si mesmo, o Cristo recém-nascido. 

Não se deve falar Dele, de modo algum, revelá-la ao mundo, pois este, em sua ignorância e insensatez, pode tentar prejudicar destruindo a própria confiança e certeza em Sua Presença, em Seu Poder. 

O mundo procura sempre aniquilar o Cristo. Nas mais remotas escrituras conhecidas do homem, através de todos os tempos, as profecias indicam a vinda do Messias e sua crucificação. 

Há na natureza humana algo que não deseja ser destruído: egoísmo, malvadez, arrogância - e a Presença do Cristo é o único Poder que os destrói. 

Simbolicamente, a manutenção desse segredo se afigura à viagem ao Egito para esconder o Cristo infante. No exato momento em que o mundo percebe em alguém pura devoção ao Cristo, passa a ridicularizá-lo, tentando afastá-lo do porto em que ancorou. 

O anticristo, sugestão de uma entidade à parte de Deus (a mentalidade coletiva da humanidade), procura com a sutileza da serpente, semear dúvida e minar a fé. 

Deve-se, portanto mantê-lo em segredo, até quando a Consciência Crística de tal forma se desenvolver, se fundamentar, se radicar, que se torne a própria atividade da vida humana. Então poderemos enfrentar o mundo e revelá-Lo sem que nos preocupe ou afete qualquer dúvida ou abuso que o mundo lance sobre nós. 

É somente quando nós apresentamos o Cristo ao mundo que corremos o risco de perdê-lo. Quando o Cristo reveste nossa vida, Ele mesmo, silenciosamente, se apresenta ao mundo, tão suave, tão silenciosamente que todos sentirão Sua influência. 

Após os primeiros vislumbres, muitas tentações nos arrastam, mesmo Jesus enfrentou tentação de carência, a tentação da fama e a tentação do poder pessoal. Resistiu a elas e a todas superou. 

Essas mesmas tentações sitiam o ser humano e muitas vezes se multiplicam, tão logo ele consiga, mesmo que seja um grau mínimo de iluminação espiritual. Progredindo na Senda, essas tentações desvanecem, uma por uma, persistindo apenas o egoísmo, a tentação de acreditar que o eu da personalidade (ego) pode ser ou fazer algo. 

Essa também acabará cedendo ao Cristo erigido em nós. Não há limite para a profundidade da Cristificação. 

A iluminação conduz à comunhão, estágio no qual há trocas recíprocas, algo fluindo de Deus para nossa consciência e desta para Deus. É a meditação o caminho do mais intenso grau, jamais experimentado, mas nós não devemos conduzi-la, Deus é que a conduz. Ela não pode ser produzida por esforço algum de nossa parte, não pode ser forçada, a nós cabe pacientemente esperar e sentir o jubiloso e tranqüilo intercâmbio entre o Amor de Deus que nos toca e nosso amor que a Deus retorna. 

Na Comunhão, a atividade de Deus é contínua, sempre presente, eventualmente, é atingido um ponto de transição em que se opera uma transformação radical, já não vivemos nossa própria vida, Cristo vive em nós, e através de nós. Tornamo-nos meros instrumentos dessa divina atividade; já não temos vontade própria, já nada desejamos, vemos quando e para onde fomos enviados, já nada temos de nosso, nem provisões, nem mesmo saúde. 

Deus está vivendo Sua vida como nossa vida. Então, o manto do Espírito nos envolve e se alguém toca nossa consciência, é o Manto do Cristo que ele toca, ainda que seja apenas a fímbria do Manto, a cura e a redenção se manifestam. Envoltos nessa vestimenta, é desnecessário ir a algum lugar para transmitir a mensagem do Cristo ao mundo; o mundo nos buscará onde quer que estejamos, entretanto precisamos estar revestidos da Consciência do Cristo. 

Levar ao máximo, a Comunhão resulta em União com Deus; então, tal estado de consciência é alcançado e se torna possível a qualquer hora do dia ou da noite; recolhermo-nos interiormente e sentirmos a Presença do Senhor. É como se Ele tivesse dizendo: “Caminho a teu lado, mas agora estou dentro de ti”. 

Finalmente, a voz silenciosa: “Até o presente tenho estado dentro de ti, mas agora EU SOU TU, EU penso, falo e ajo como tu. Tua consciência e Minha consciência são Uma e a Mesma, pois agora, há somente MINHA CONSCIÊNCIA”. 

Alcançando esse estado, já não há comunhão, não há mais dois, há somente UM e esse é Deus, expressando-se, revelando-se, realizando. É o casamento místico em cujas núpcias somos testemunhas de nós mesmos, tornamo-nos 

Aquilo que Deus juntou, na União Indissolúvel que existiu desde o princípio: “Eu e o Pai somos Um”. Nessa união mística, todas as barreiras se diluem e mesmo nossas opiniões intelectuais se dissolvem na Sabedoria Universal. 

Há completa rendição do ego ao UM universal. “Tudo que tenho é Vosso, minhas mãos, a totalidade de meu coração, de meu corpo, não necessito de nada nem de ninguém. 

Dentro de mim está tudo o que eu preciso – pão, água e vinho”. Esse é o nível da experiência espiritual. 

No Canto de Salomão, esta experiência é descrita quase como se fora um amor humano, o que absolutamente não é. 

Na comunhão sentimos nosso amor fluindo para Deus e o amor de Deus fluindo em nós, como transborda o amor materno sobre seu amado filho. 

Tudo termina com a união, então, já não existe Eu, há apenas Deus e ao contemplarmos o mundo, vemos somente o que Deus vê, sentimos o que Deus sente, pois não há outra consciência, não há “tu”, não há “eu”, há apenas Deus. 

Esses momentos de União são de valor inestimável, são poucos esses momentos preciosos e revelam o mundo como ele é. Se alguém consegue experimentá-los uma vez, poderá experimentá-los sempre. 

É necessário somente “encontrar o caminho”. Dias virão em que a Terra ficará tão plena da Presença do Senhor que desaparecerá a lembrança desse período de materialidade. 

A iluminação dissolverá toda sombra criada pelo ego-personal, entre o Sol Divino e a luminosidade de Seus raios. Sobrevindo a iluminação, já não mais necessitamos dos objetos do mundo circunjacente, pois tudo e todos se tornam parte de nosso ser. Desaparece para sempre a inquietação porque Deus vive a nossa vida e nos transformamos em simples espectadores, observando Sua realização que se apresenta como nossa experiência. 

No silêncio de nossa consciência é que se expressa o Poder Creador de Deus. 

Tudo o que houver de bom para nós, onde quer que esteja no Universo, se encaminhará para nós. É a bondade de Deus que através de nós flui para o mundo. Já não teremos mais bens pessoais, desvanecendo-se o sentimento de posse, de aquisição e de poder pessoal. Em seu lugar, envolve-nos a Totalidade, a abundância de Deus em Sua Infinita Plenitude. 

A Glória de Deus se revela em nossa vida como nossa vida. Essa Plenitude então se manifesta como harmonia em nosso relacionamento, satisfação nos negócios, resplendor em nosso semblante e vigor em nosso corpo. Todo júbilo que se exterioriza do nosso ser é um testemunho silencioso do poder do EU.


quarta-feira, maio 08, 2019

A Arte da Meditação - 16


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 16 -  MEDITAÇÃO: OS FRUTOS DO ESPÍRITO 

Na vida de todo buscador de Deus, chega o momento em que ele sente a Presença, e de um modo ou de outro adquire a certeza dessa Presença e desse Poder. 

Não podemos prever de que modo essa experiência acontecerá conosco, já que para cada um ela reveste de forma diversa. 

Um fato é indiscutível, quando ela acontece e a Presença do Senhor se realiza “surge a liberdade”, uma imunidade, uma libertação dos pensamentos e coisas deste mundo, de seus temores, dúvidas, cuidados e problemas. 

No momento exato em que o Espírito do Senhor toca uma pessoa, ela se transforma; passa a compreender o profundo significado do “renascimento”, do “nascer de novo”. Ela própria observa grande diferença dentro de si mesma, entre o que “ela é e o que era”. 

Essa transformação pode não ser logo percebida externamente, mas pouco a pouco, evidencia-se. 

Às vezes, logo no início, pode evidenciar-se de forma negativa: a perda precede o ganho. “Aquele que quiser perder sua vida ganhá-la-á”. 

A concepção habitual da vida deve ser sacrificada para que a concepção espiritual se firme. 
Antes que a plena realização dessa nova vida se instale, a ruptura dos antigos modos de viver deve manifestar-se com relação aos mais variados problemas: sociais, econômicos, físicos. Sobrevém impressão de perda, doação, sacrifício de alguma coisa. 

Realmente, isso é verdade; a partir do momento em que o Espírito do Senhor tocou uma pessoa, esta não se impressiona mais com aparências externas, nem se perturba, reconhecendo as facticidades como participantes de uma experiência transitória. 

Os primeiros mártires cristãos que se converteram dos deuses pagãos para o Único Deus, não pensavam mais de acordo com os padrões humanos. A perseguição de que foram vítimas, nada era, comparada com a excelcitude de sua missão espiritual. 

Ao expectador vulgar parece contra-senso, homens dignos serem apedrejados, lançados às feras, queimados em fogueiras. 

Do ponto de vista humano, assim é, mas quando o Espírito do Senhor toca uma pessoa, passa esta a compreender que, em verdade, nada está sendo desperdiçado, perdido ou sacrificado. 

O “martírio” só existe para aqueles que não compreendem. Para os espiritualmente iluminados ele é o cumprimento de sua experiência, de seu destino espiritual e o que eles recebem sobrepuja a perda aparente. Hoje a atitude do homem profano é semelhante à daqueles pagãos de 19 séculos atrás; considera ele, com assombro e desconfiança, aqueles que, deliberadamente, dedicam seu tempo e dinheiro ao aperfeiçoamento de sua natureza espiritual, em vez de correr atrás do prazer, da fama, de fortuna, de bens materiais. 

Tal escolha, aos olhos profanos, se compara ao sacrifício dos mártires cristãos; mas para aquele que vislumbrou a realidade da senda espiritual, sobretudo aquele que teve experiência Crística, sabe que a plenitude interior, o que ele ganhou em qualidade está acima de qualquer perda quantitativa. 

Neste mundo só há montanhas e baixadas. Algumas vezes contemplamos o mundo do alto de uma colina e ele se nos afigura tranqüilo e bom. Há outros dias em que nos encontramos abalados, desencorajados e até desesperados. Esses períodos não têm significado particular, nem real importância, eles fazem parte do ciclo rítmico da vida humana. 

Há sempre um vale entre duas serras; não é possível escalar a montanha anexa sem passar através do vale existente entre elas; as experiências do vale são simples preparação para as experiências do monte. 

Em termos bíblicos “nenhum homem pode ganhar a sua vida sem antes perdê-la”. É no vale que ele lança de si a carga do ego humano, com seus anseios, necessidades e desejos. Assim descarregado, está livre para escalar a montanha mais próxima. 

Prosseguindo a jornada, serão mais longas as experiências na montanha e mais curtas no vale. Isso acontecerá ano após ano, até que seja alcançado um ponto de transição em que as alturas passarão a ser o seu habitat natural. 

Hoje, pode ser esse dia de transição para nós. Daqui a um ano, seremos forçados a admitir a transformação progressiva operada em nossa vida, se decidirmos esquecer “aquelas coisas que ficaram para trás e alcançar as que estão à frente, galardão do chamamento de Deus em Cristo Jesus”. 

Nunca mais nos deixaremos impressionar pela concepção humana da vida. Não mais seremos capazes de amar ou de odiar intensamente como antes. Não mais ficaremos pesarosos ou jubilosos com a mesma intensidade ou emoção humana. 

A profundidade de nossa vida continuará a fornecer luz espiritual cada vez mais resplandecente, mais sábia orientação, de modo que cada dia seja de maior discernimento, de vida mais intensa do que o dia precedente, na atmosfera divina. 

Esse trabalho servirá como alicerce no qual será erigido o templo de nossa experiência individual, o templo que não foi feito por mãos humanas, mas eterno, nos céus. Anos e anos ouvimos falar na beleza do Cristo, do Poder do Cristo, da influência curadora do Cristo – “o Espírito de Deus dentro de nós” e muitos de nós têm sido abençoados através de pessoas que alcançaram o Espírito de Deus. 

Chegou o tempo em que já devemos depender de ensinamentos ou de iluminação de outros; devemos mesmos, adquirir a experiência que nos faculta estar neste mundo sem pertencermos a ele, cruzá-lo ante discórdias e desarmonias, bem como diante de prazeres e desprazeres, mantendo sempre nossa integridade espiritual. 

Abandonamos a antiga concepção de querer fazer algo; saber algo, de compreender algo; adotamos uma atitude de descontração no tocante à responsabilidade pessoal e aí permanecemos tranqüilos, quietos, na compreensão de que “onde está o Espírito do Senhor, está a libertação”. 

Tornamo-nos espectadores, contemplando Deus a operar em Seu universo, reconhecendo o Ser Transcendente na execução do Seu trabalho através de nossa consciência. 

Algumas pessoas chegaram a ter experiência de Deus sem aparentar sinais externos, por ignorarem o que ela representava, viveram apenas com sua lembrança, desconhecendo como foi ela alcançada e, sobretudo como mantê-la. 

Um adepto, porém, que devotou sua vida ao estudo da Sabedoria Espiritual e à prática da meditação, quando acontece a experiência de Deus, ele a recebe sem surpresa, pois compreende seu significado. 

Ainda que ele a aceite, jubilosamente, como evidência da Graça, sabe que foi alcançada após muito esforço. Não vive pois, com a simples lembrança porque sabe que aumentando a receptividade pela meditação constante, a repetição dessa experiência será freqüente, até chegar o tempo em que ela é alcançada pela vontade. 

Essa Presença Espiritual, esse Poder, esse Cristo que executa por nós as funções de nossa vida, é Invisível, mas nem por isso é menos real. Ele se encarrega das funções do nosso corpo, de modo a tornar para nós desnecessário preocuparmo-nos com suas atividades. 

O Cristo interno faz tudo o que nos compete fazer, inclusive ao nosso corpo. Gradualmente, à proporção que o Cristo passa a viver nossa vida, vai se diluindo a concepção de um corpo físico ou de atividades corporais. 

Se fosse necessário cuidar diretamente da circulação do sangue ou da função digestiva, estaríamos vivendo através de meios humanos e não pela palavra que procede da Boca de Deus (Fonte de energia Infinita). 

Não, o funcionamento do corpo sem auxílio de qualquer espécie, sem conhecimento ou interferência direta sobre o aparelho digestivo ou a circulação do sangue, é uma comprovação evidente da atividade do Cristo. 

A saúde é de Deus, assim, não existe “minha saúde”. “tua saúde”. Se aceitares esse conceito literalmente, veremos acontecer milagres. 

Deus não é pessoal, não obstante pode ser saúde e riqueza. Falar de “minha saúde”, “tua saúde”, é admitir que há graus de saúde, boa ou má. No modo espiritual de viver isso não acontece, pois só há uma saúde e essa é Deus. 

Uma vez que aprendemos o sentido de posse pessoal indicado pelas palavras “eu, meu, minha”, teremos encontrado o verdadeiro sentido da vida espiritual, universal, impessoal, harmoniosa. 

Deus expressa Sua harmonia através do nosso ser e essa harmonia pode ser bondade, saúde e nada mais é do que uma atividade, uma Lei de Deus. Reconhecendo-O como a Essência de todo o bem, tornamo-nos instrumentos para a manifestação da concepção universal do bem. 

A saúde não depende da digestão, eliminação ou atividade de qualquer órgão do corpo; é uma qualidade divina, depende de Deus. 

Lembremo-nos disso: o alimento que eu ingiro não tem valor nutritivo, substância ou poder de sustentar ou manter a vida, mas EU, a ALMA, minha consciência, comunica ao alimento a substância vital, seu valor, seu sustento. 

Se nos tornarmos conscientes disso, verificaremos que em nossos corpos os alimentos passarão a exercer efeito diverso daquele que até então produziram. “Ele faz o que foi dado fazer”, em conseqüência, a atividade do corpo é desempenhada por AQUELE que está dentro de nós. 

Por isso não nos preocupemos. Ele executa e aperfeiçoa aquilo que a nós concerne. Contemplemos Deus manifestando-se como nossa saúde, riqueza, força e vida. Assim acontece todas as fases de nossa experiência humana. 

Se adotarmos uma nova concepção a respeito da retitude da vida, se as palavras corretas forem proferidas no devido tempo, se os nossos atos externos corresponderem a uma atitude interna de retidão, teremos uma vivência harmoniosa e então sentiremos que cada fase de nossa experiência é o resultado direto da atividade do Cristo. 

Não precisamos nos preocupar, Ele, o Cristo, faz tudo antes mesmo que tenhamos alguma consciência do que está acontecendo. Ele, o Cristo, é a atividade do corpo, da bolsa, das relações com nossos semelhantes. A Presença vai à nossa frente para endireitar os caminhos tortuosos e preparar um lugar para nós. 

A Presença faz tudo por nós e nesse plano de existência passamos a viver como testemunhas contemplativas. Há inúmeras passagens bíblicas que revelam a importância de confiar no Senhor, de ser um contemplador da vida. Isso não significa sentar-se negligentemente e nada fazer. 

Ao contrário, quanto mais alguém confia no Senhor, tanto mais ele contempla Deus operando nele, através dele e como ele, tanto mais ativo se torna. 

Como contempladores executamos as tarefas que requerem nossa atenção e que estão ao alcance das nossas mãos. 

Se tivermos uma causa a cuidar, cuidemos dela; se nos for entregue a direção de um negócio, dirijamo-lo; se tivermos direitos a reclamar, reclamemos; porém, mergulharemos em nossas atividades com a seguinte atitude: “Confio no Senhor, observo o que o Pai me dá para fazer”. 

Mantemo-nos assim em tal estado de receptividade que, a qualquer momento, estaremos prontos para alterar os planos que propomos executar e seguir o plano divino. 

Há deveres a serem executados, obrigações a serem cumpridas em todos os dias de nossa vida. 

O que nos for dado fazer, deve ser feito. Sendo um “contemplador”, descobriremos que há uma orientação divina, um poder divino que nos guia. Esse é o estado de consciência atingido por Paulo “Não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim”. 

É como se Paulo, o homem, se afastasse para um lado dizendo: “Cristo está em mim, está aqui, está atuando em mim, através de mim, como eu mesmo, ele vive minha vida por mim”. 

Essa é a atitude que mantemos como contemplador, quase como se disséssemos: “Na realidade, não estou vivendo minha vida. Observo o Pai a viver Sua vida através de mim”. 

Esse é o modo ideal de viver a senda espiritual da vida, senda na qual encontramos o mínimo de obstáculos, de dificuldades, de incompreensões. 

Há sempre uma Presença, o Infinito Invisível que vai a nossa frente endireitando os caminhos tortuosos, todas as minúcias de nossas experiências. 

É somente quando “eu penso, eu digo, eu faço coisas” que o resultado pode ser prejudicial. Nossa relutância em aguardar o tempo necessário, longo que seja, para que Ele tome conta de nós é o motivo de nossa frustração. 

Muitos não têm paciência de esperar até o momento em que a decisão se impõe. Insistem em saber a resposta adiantadamente, um dia, uma semana, um mês antes. 

Querem saber o que acontece em todos os lugares, querem saber hoje, o que vai acontecer na próxima semana, no mês próximo, que decisão tomar para o próximo ano, em vez de aguardar o momento em que a decisão é exigida e deixar que “Deus ponha a Palavra em sua boca e lhe revele a atitude a tomar”. Um dia, o maná cai, dia a dia para cada um deles, sabedoria, guia, orientação nos são conferidos. Nem sempre Deus nos adverte uma semana antes, a orientação é recebida quando dela necessitamos. 

Adquirimos o hábito da impaciência e em conseqüência, em vez de esperarmos que se manifeste a decisão de Deus, nós nos intrometemos e temerosos de efeitos possivelmente desafortunados, precipitamo-nos e agimos baseados em nosso melhor julgamento humano. 

No viver espiritual não dependemos da correta avaliação humana das situações. Por melhor que pareça o nosso ponto de vista, desviemo-nos dele e dirijamo-nos ao Pai: “Pai, mostra-nos como proceder, aponta-me o próximo degrau e diz-me como e quando deverei transpô-lo”. 

Com paciência e prática, aperfeiçoamos a consciência contemplativa de confiar no Senhor que nos conduz ao milagre da vida em que não somente descobrimos que há um Deus, como também que Ele se tornou o governante de nossa vida. Temos impedido a atividade de Deus em nossos negócios por não saber esperar, por não sermos contemplativos, por não nos sentarmos serenamente ao lado de nós mesmos, até sentirmos que o Pai está tomando conta de nós. 

Se fizéssemos isso apenas, atestaríamos o milagre da Presença Divina, indo a nossa frente para renovar todas as coisas. Quando “nós” tomamos uma decisão, encontramos, muitas vezes, obstáculos insuperáveis no caminho, mas, quando é Deus que decide, Ele vai adiante de nós e remove todos os obstáculos e providencia tudo o que é necessário para facilitar o empreendimento. Uma pequena prática diária para ser contemplador: “Pai, este é Teu dia, o dia que Tu fizeste. Nele me satisfaço e me rejubilo. Revela-me o trabalho neste dia; aponta-me, não as minhas, mas as Tuas decisões. Que unicamente Tua vontade seja a Razão e o princípio ativo de minha vida”. 

Disponhamo-nos a esperar o preciso momento em que uma decisão deva ser tomada; sejamos pacientes, muito pacientes. Ele virá e, uma vez obtida essa experiência, teremos testemunhado o milagre de observar Deus operando em nossos negócios. 

Quando essa crença se tornar experiência, não mais saberemos o que é ficar sem o governo de Deus, pois teremos descoberto que Deus responde, que Deus se encarrega... 

No salmo 23, lê-se que devemos habitar na mansão do Senhor todos os dias de nossa vida, todos os dias habitarei na Presença da Sabedoria de Deus, por Cristo, impelidos a agir por Ele, jamais tomaremos qualquer decisão sem o concurso da orientação espiritual. 

Muitas pessoas que alcançaram êxito na vida testificam a importância de estabelecer períodos de quietude a fim de obter recursos internos para inspiração e orientação. 

Descobriram que ordenando o trabalho do dia de modo a permitir mais freqüentes períodos de silêncio, longe dos cuidados mundanos, libertam-se de uma sensação opressiva, reabastecendo seus reservatórios íntimos de modo a torná-los dispostos com renovado vigor e interesse. 

Há um limite para o que, no espaço de 24 horas, pode executar o corpo e a mente humana. Porém desconhece limitações aquele que na senda espiritual aprendeu a entregar-se à atividade do Cristo, que não é medida em termos de capacidade humana. Ele opera através de Sua capacidade, sendo nós mesmos meros instrumentos. Nada existe que não possa ser extraído das profundezas de nosso ser, pois Deus é a mente do homem individual. Dispõe cada um de plena capacidade da natureza divina e segundo a tranqüilidade, e serenidade e quietude da mente “o Infinito se expressa”. 

Tanto a mente como o corpo são instrumentos de Deus; exatamente como usamos o braço e a mão para escrever, Deus emprega nossas mentes e corpos para tornar-se visível, tangível na experiência humana. 

Toda inspiração recebida de Deus traz consigo seu cumprimento. Por exemplo, se um inventor compreende que seu trabalho é atividade de Deus, tudo o que for necessário para a concretização da idéia será conseguido, seja propaganda, financiamento, compra ou venda. 

Isso é verdade para toda idéia creada em Deus, a fonte de sua inspiração é a mesma atividade que conduz à plena execução. 

Ninguém pode seguir, por determinado tempo, as instruções sobre meditação expostas neste livro, sem notar uma mudança na sua natureza espiritual. 

Desde o momento em que haja um afastamento dos liames materiais para outra modalidade de vida Invisível, antes desconhecido, é inevitável que essa alteração ocorra. “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, resignação, tolerância, bondade, fé, brandura, modéstia, humildade”. Tal fruto não vem para aquele que ainda não aprendeu a apreciar o Cristo, Sua Presença, Poder e Jurisdição. 

Antes da consagração e devoção em que alguém abandonou tudo pelo Cristo, deve proceder à colheita desse fruto. Mas, quando chegar o tempo, não mais se sentirá só, não mais temerá. 

Poderá caminhar no Vale da Sombra e da Morte e mesmo assim, a Presença estará com ele, repousando no centro do seu ser, ainda que sobre a sua cabeça desabe a tempestade. 

É Deus realizando-se como ser individual, então ele O vê como Ele é e Deus aparece como suprimento, abundância, harmonia, paz, alegria em sua experiência.


segunda-feira, maio 06, 2019

A Arte da Meditação - 15


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)


Capítulo 15 - A BELEZA DA SACRALIDADE 

- “Tributai ao Senhor a glória devida a seu nome. Prostrai-vos ante o Senhor com sagrados ornamentos...” (Salmos 96:8, 9) 

- “Bem vês que o céu é do Senhor teu Deus, o céu dos céus, a Terra e tudo o que nela há”. (Deuteronômio 10: 14) 

- “Cantam os céus a glória de Deus, e proclama o firmamento a obra de Suas mãos”. (Salmos 19:1) 

A Meditação em si mesma não é o fim. O que buscamos é a realização consciente da Presença de Deus. Antes da experiência da plena iluminação pode haver “dois”: Deus e eu. Não desejamos Deus e eu, mas somente Deus. É o passo final da senda espiritual. Deus é desconhecido e incognoscível aos sentidos humanos. 

Um meio de transpor a distância imensa entre materialidade e espiritualidade é afugentar as preocupações e problemas do mundo e concentrar-se na obra de Deus. Em todos os arredores há sempre algum motivo de beleza, um quadro, uma peça escultural, uma planta, um lago, uma montanha ou uma árvore. 

Concentremo-nos em alguns desses objetos na meditação, considerando a idéia de Deus, como o Invisível a expressar-se através da natureza ou da mente de um artista ou artesão. 

A presença e o poder do Invisível é aquilo que, a nós, se apresenta como visível, sendo um inseparável do outro. Mesmo que tenhamos uma compreensão mínima de Deus, esta nos capacita a discernir a presença da vida de Deus, do amor e da alegria presentes no homem e no universo. 

Essa compreensão faz expandir a nossa vida; o nosso amor se torna mais puro, jubiloso, livre, conduzindo-nos a uma dimensão mais elevada da vida. Passamos a viver, não tanto no mundo dos efeitos, mas no mundo da causa, descobrindo que nosso bem reside na Causa de tudo que existe e não no efeito, nas pessoas, coisas ou lugares. 

Quanto mais nos compenetramos dessa Causa-Deus, tanto maior será nosso gozo ante aqueles efeitos. Somente ao penetrar o Reino Invisível, a Quarta dimensão da vida, passamos a perceber a lei do amor em ação, as forças invisíveis da natureza operando para manifestar-se sob a forma de uma planta ou de uma flor. Isso não pode ser captado por intermédio dos sentidos físicos. Com os olhos semicerrados, contemplai a planta: vede seus brotos, suas folhas, flores e frutos. Que extraordinário milagre de atividade invisível transformou em flor uma semente seca, um punhado de terra e uma porção de água. 

A Vida impalpável atuando através da umidade do solo tocou a semente, partiu-a e pequenos brotos se enraizaram. Essa mesma força invisível carreia os elementos da terra, o sustento necessário para que essas raízes se sistematizem e apontem para fora da planta. 

Que maravilha, que assombro, que milagre é esse que se desenrola ante nossos olhos, nunca visto, inexplicável, desconhecido! Somente Deus, o Infinito, o Invisível poderia produzir tal beleza e tal graça. 

Tudo que aparece é forma e atividade Daquilo que é invisível. O visível nada mais é do que a conscientização do que o causou e lhe deu forma, vida e beleza. Já que a forma é inseparável, indissociável de sua Fonte. 

A forma também é eterna. Reconhecer, compreender a Fonte dos símbolos externos da Creação é amá-los e gozá-los mais sutilmente. A atividade da natureza não é algo dissociado da planta; a vida invisível da planta se expressa como forma, cor, graça e beleza. Similarmente, a alma, a mente, a perícia de um artista integra-se em um bloco de pedra ou de mármore para crear trabalho artístico de modo que as qualidades do creador são inseparáveis da figura creada. 

Na mesa à nossa frente encontra-se uma figura de Budha em delicado marfim. Esforçamo-nos por representar o artista sentado ante essa peça, por ele cuidadosamente selecionado, considerando a beleza e a pureza da cor. Podemos imaginar quão amorosamente manuseou ele essa massa inerte dando-lhe forma ainda em sua mente? Podemos ver além do homem e vislumbrar a beleza da Alma, a pureza da Mente, a divina Inteligência que guiou seus dedos hábeis. 

Lembre-vos, ele não esculpia apenas uma imagem de um homem porque Budha significa iluminação, estado de consciência divina que no ocidente chama “Espírito de Deus no homem”, o Cristo ou filho Espiritual. Na mente do artista reside o desejo de levar aos outros sua concepção desse “Espírito de Deus no homem”. 

A compreensão, o enlevo do escultor expressos em seu trabalho desperta em nós interesse pelo assunto porque o artista soube consubstanciar na figura a profundeza de sua arte. 

Assim como o artista se exteriorizou nessa bela figura, a Natureza se manifesta na beleza de uma flor, também devemos nós expressar a Graça daquela Presença Invisível que está sempre fluindo através de toda Creação. 

Nessa forma de meditação, não só nos deleitamos com a beleza dos poentes, das elevadas montanhas, dos céus estrelados, como também iremos além, captando o amor, a perícia, a integridade Invisível manifestando-se como obra de Deus. 

A atividade incessante do amor divino garante a continuidade dessa maravilhosa creação chamada homem e universo. 

A meditação sobre a atividade de Deus, patenteando-nos os fenômenos naturais ou qualquer forma de beleza, habitua-nos a descobrir no homem sua origem divina, pouco nos importando seus fracassos ou êxitos. 

Deus se expressa pela inteligência, vida, amor e alegria. Isso não é facilmente percebido na observação ligeira de uma pessoa, como também não o é pelos sentidos a Causa Invisível de uma planta ou o trabalho do artista. 

Se contemplando o Invisível, através da aparência, pode a Essência ser discernida; à luz dessa percepção todo indivíduo pode ser considerado manifestação do Infinito Ser Divino. 

Então, condenação e crítica transformam-se em intenso amor pelo universo e seu povo, seguido de compaixão por aqueles que desconhecem sua verdadeira identidade, exatamente aqueles que antes considerávamos mulheres e homens maus do mundo. 

Somente conscientizando a natureza de Deus, poderemos compreender a natureza individual. Pensando sobre nós mesmos ou os outros podemos vislumbrar interiormente a atividade de Deus, como Princípio Creador, expressando-se através de cada um. Deus encarnou como mente, alma, substância e vida de nosso ser individual. O verbo se fez carne como “tu” e como “eu”. 

Na meditação devemos sentir Deus como sujeito e objeto e devemos elevar-nos acima da concepção tridimensional da vida, o visível, para a Quarta dimensão – o Invisível. Os que vivem no mundo tridimensional vivem, apenas, no mundo do peso, comprimento e profundidade; em outras palavras, vivem em um mundo de forma, inteiramente separados da essência. 

Na Quarta dimensão, onde Deus é Causa, Substância e Realidade da Vida, todo efeito seja homem ou coisa, se revela como expressão do Ser Infinito. Todo ser individual, toda forma individual, mineral, vegetal ou animal, é Deus Invisível manifestando-se, exprimindo Suas qualidades Infinitas, Seu Sinete, Sua Natureza. Deus aparecendo como Universo e como homem, Imortal, Eterno. Como poderemos separar-nos de Deus? “Tu me vês, tu vês o Pai que me enviou”. Poderá, por acaso, o amor do artista dissociar-se da obra por ele creada? Contemplamos a planta e a força vital divina que a formou, são uma só coisa, inseparável, indivisível. 

No mundo quadrimensional, causa e efeito, sujeito e objeto são um. Gradualmente nos aprofundamos até nos encontrarmos imersos em Deus. Já não pensamos, as idéias estão sendo cristalizadas através de nós, os pensamentos meditados em nossa consciência tornam-se revelações da Alma. 

Então, encontramos Deus manifestando-se, pronunciando a Palavra viva, penetrante, mais poderosa do que uma espada de dois gumes, aquela Palavra de Deus que separa o Mar Vermelho quando é preciso, que produz os milagres de nossa consciência. 

Essa meditação é uma revelação do Infinito Invisível, afirmando-se dentro do nosso próprio ser. 

Meditação é a arte divina que nos ensina a avaliar corretamente o homem, seus feitos e o Universo. Intensifica o esclarecimento das coisas externas, pois a meditação infunde a compreensão do Amor Divino que produziu a forma. Compreendendo a mente, a alma que gerou uma forma que expresse o bem, apreciamos o próprio bem. 

É o que acontece quando conhecemos o autor de um livro, o compositor de uma peça musical. O livro se torna mais desfrutável e a peça mais sugestiva. 

Se pudéssemos tocar “uma gota de Deus” a creação surgiria para nós em toda sua maravilhosa glória. 

A meditação desenvolve o discernimento que nos leva do objeto a seu princípio creador e ante essa nova visão, o mundo se apresenta como ele realmente é. 

Pela meditação uma nova dimensão da vida se manifesta, já não ficamos limitados a tempo e espaço, comprimento, largura, peso e profundidade, pois de modo instantâneo, a mente se eleva da forma tridimensional para a quarta dimensão que é a origem, sua fonte, sua causa. 

Nessa esfera, não dependemos daquilo que aparece, pessoas, lugares ou coisas, não os amamos desmedidamente, não os odiamos, não os tememos. Contemplando-nos através deles, percebemos a todo o momento que sua Fonte é Deus. 

Quando ouvimos as palavras “jamais te abandonarei”, lembremo-nos da pequena figura de marfim. O amor, a perícia, a leveza, a devoção do artista que a produziu, dela não poderão ser removidas; assim sucede conosco. Aquilo que nos formou jamais nos deixará, sua essência é nosso ser. 

A meditação sobre a obra de Deus é um meio de expressar ativamente, as faculdades da alma e de compreender a mais elevada sabedoria. Devemos habituar-nos a contemplar poentes, jardins, flores e qualquer manifestação da beleza, vislumbrando além delas a Fonte, a causa de sua expressão. 

Passaremos a perceber, então, formas permanentes da beleza, formas permanentes de harmonia, ao vislumbrar a perfeita Essência Divina, expressando-se indefinidamente. 

O sentido material vê a forma e a aprecia; o sentido espiritual descobre a substância fundamental e a realidade da forma, perfeita, completa, integral. 

O objetivo de nosso trabalho é elevar-nos àquela concepção da contemplação de Deus em toda sua divina glória, não a glória do homem, mas a glória de Deus como glória de homem, patenteando a perfeição Infinita de Sua obra. 

Galgamos um grau de iluminação em que somos capazes de contemplar o mundo de Deus perfeito, harmonioso, completo – Deus manifestando-se em toda a Sua Glória. 

“O céu proclama a Glória de Deus” e a terra mostra a Sua obra. Então “minha meditação é serena e eu me contento no Senhor”.


quinta-feira, maio 02, 2019

A Arte da Meditação - 14


A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)

Capítulo 14 - O TABERNÁCULO DO SENHOR

- “Como é amável Vossa morada Senhor dos exércitos, suspira e desfalece minha alma pelos átrios do Senhor; Exultem meu coração e minha carne pelo Deus vivo!” (Salmos 84:1-2) 

- “Só uma coisa peço ao Senhor, esta, ardentemente a solicito, morar na casa de Deus todos os dias de minha vida, para fruir as delícias do Senhor e contemplar Seu Templo”. (Salmos 20:4) 

- “Senhor, quem há de morar em vosso tabernáculo, quem há de residir em vossa montanha sagrada? O que tem as mãos inocentes e o coração puro...”. (Salmos 15: 1-2) 

Povos de todas as crenças têm tido seu lugar sagrado de adoração, templo, mesquita ou igreja, onde o devoto possa dirigir-se a seu Deus. 

Dentro do santuário, com estrutura e objetos de devoção próprios para que a alma se volte para Deus. 

Na realidade, porém, o encontro com Deus face a face não depende de adoração em lugar determinado nem de adesão a qualquer cerimonial prescrito. 

Os ritos praticados são apenas símbolos externos de uma busca íntima de Deus e nesse sentido cada símbolo tem profundo significado e elevado alcance. 

Uma ilustração dessa busca de Deus repleta de simbologia é a adoração no tabernáculo do Senhor, minuciosamente descrita no Velho Testamento. 

O Templo hebreu tinha a forma de um paralelogramo de lados norte e sul e extremidades este e oeste. 

Compunham-no três partes: paço, lugar sagrado e santuário. O paço era franqueado a todos para adoração; aí, na parte da entrada se localizava um braseiro ardente, um grande altar bronzeado, em que eram queimadas oferendas voluntariamente trazidas pelo povo. 

Entre o braseiro e a porta de entrada do templo, situava-se um lavatório construído em mármore, onde os sacerdotes lavavam as mãos e pés antes de ofertar os sacrifícios ou de entrar no templo. 

O lugar sagrado era acessível apenas aos sacerdotes. Em uma mesa de madeira localizada na face norte, ficavam expostas doze fatias de pão ázimo divididas em duas pilhas. Esse pão significava abundância de Deus e da Graça e semanalmente era substituído. 

Alguns intérpretes da Bíblia chamavam-lhe “Pão da Presença”, símbolo da Presença de Deus. 

O lado oposto do templo, em sentido transversal à mesa sustinha um candelabro de ouro com três ramos de cada lado de onde pendiam saliências amendoadas que formavam receptáculos para sete lâmpadas, nestes, o óleo queimava constantemente. 

Junto à entrada do sacrário havia um altar dourado de feitio semelhante ao colocado no paço, no qual ardia incenso posto pelo Sumo Sacerdote, pela manhã e à tarde. 

No Tabernáculo, o lugar mais santo era o Sacrário, disposto além do lugar sagrado. 

Nesse recinto eram depositados símbolos do maior significado para o ritual e apenas uma vez por ano, tinham os sacerdotes permissão para atravessar os sagrados limites. Aí repousava a Arca da Aliança, uma caixa de madeira coberta de ouro, onde, segundo a crença, a Presença de Deus podia ser notada; mas apenas “os de mãos limpas e “coração puro” podiam encontrar o Caminho da Presença. 

Agora, através da Meditação, tentamos alcançar o significado espiritual do simbolismo desse templo de adoração. Comecemos pelo paço: no altar bronzeado, onde eram acolhidos todos os que entravam, os adoradores consumavam o sacrifício que consistia em entregar às chamas algum objeto material de valor intrínseco, como prova de sinceridade e vontade de a tudo renunciar na tentativa de alcançar Deus. Tinha o devoto de despojar-se de tudo o que constituísse barreira à sua comunhão com Deus, pronto a lançar no fogo purificador todas as coisas que se tornassem empecilho ao seu progresso. Essa prática simbolizava o sacrifício do senso da personalidade, já que ninguém pode aproximar-se da Presença de Deus, sem antes abandonar sua fé e confiança nas dependências humanas. Muitos de nós nunca entram num templo, igreja ou lugar sagrado, contudo, se verdadeiramente desejamos alcançar Deus, um sacrifício terá de ser feito. 

Qual será ele neste mundo moderno, se estivermos dispostos a alcançar o Sacrário? Qual a barreira que obstrui nosso progresso? Não será a velha prática de adorarmos tantos ídolos esquecendo o primeiro mandamento: “Não adorarás outros deuses ante mim?” Os deuses que adoramos hoje não são imagens esculpidas como outrora. Em seu lugar são idolatradas fama, posição, fortuna. Estamos continuamente à procura de alguém ou de alguma coisa para nossa satisfação e esperamos das pessoas amor e gratidão, ao invés de considerar Deus como Fonte ou mantermo-nos na crença de que nosso suprimento e segurança dependem de empregos, investimentos e contas bancárias. Não podemos nos aproximar da Presença de Deus oprimidos pelo peso de nossas cargas, mesmo que seja o desejo de que Deus interfira em nossos negócios mundanos. Lembrai-vos da Arca da Aliança: Deus está no recesso do Templo e antes de ser atingido, todas as barreiras devem ser removidas. Assim iniciamos a cerimônia do sacrifício, lançando figuradamente ao braseiro todas as nossas dependências humanas. Devemos renunciar nossa concepção material de riqueza e saúde, sem renunciar a elas. Ao contrário, como esses conceitos humanos são relegados a uma completa dependência de Deus, podem eles permanecer em abundância e harmonia crescentes. Portanto compreendamos, não é exigido lançar fora nossas posses pessoais, o que deve ser sacrifício é a crença de que a riqueza material constitui nossa garantia. A menos que essa crença seja rejeitada, não podemos realizar nossa integração em Deus. 

A carência e limitação são experimentadas na proporção em que aceitamos a concepção materialista de que “dinheiro” é sinônimo de fonte de suprimento. 

A recíproca é verdadeira, o abastecimento é feito na fonte, mas a Fonte é a substância de que o dinheiro é formado, que é a consciência da Verdade, a consciência de nossa ligação com Deus. 

Conscientizando a certeza dessa identidade, não sofreremos mais carência ou limitação, pois essa compreensão é a substância produtora de suprimento. 

O mesmo princípio de sabedoria ocorre com a saúde. Comumente a idéia de saúde refere-se a um coração que pulsa novamente, um fígado que segrega a quantidade adequada de bile, pulmões que inalam e exalam ritmicamente, de trato digestivo que assimila e elimina satisfatoriamente e de outros vários órgãos e partes do corpo que executam suas funções naturais. Deve ser abandonado o conceito de que órgãos e funções sadias constituem saúde. Saúde é a concepção de que Deus é a Fonte de toda atividade e substância de toda forma, Deus é a Lei em sua creação e essa sabedoria espiritual manifesta-se como saúde. Os conceitos citados, de riqueza e saúde, são dois entre muitos outros que devem ser eliminados. Comecemos onde, neste momento, nos encontramos em nível de consciência. 

No íntimo de nossas mentes e corações verificamos que abrigamos um conceito de natureza mortal, material, limitada, finita, seja sobre riqueza, saúde, família, amigos, posição social, fama, etc. 

Renunciemos aos conceitos humanos para aceitar em troca uma noção espiritual mais elevada do ser. 

Sacrifiquemos o desprezível para receber o que é divinamente real. Erram o caminho os que buscam Deus no intuito de obter satisfações pessoais. 

Deus só pode ser encontrado após a completa renúncia a todo desejo, exceto o desejo de se entregar ao Seu Amor e a Sua Graça. Nesta meditação iniciamos o sacrifício. Eu renuncio: eu renuncio a todo impedimento, a todo estorvo material e humano, a tudo o que possa se interpor entre mim e Deus. 

Em Tua Presença reside a plenitude da vida. Eu renuncio a todo desejo que acalentei a não ser um: “Tu és tudo que busco”. Deixa-me ficar em Tua Presença. Tua Graça me basta, apenas Tua Graça. Eu renuncio ao desejo de alguém, de lugar, de coisa, de circunstância. Eu renuncio até a minha esperança de um céu. Renuncio a todo desejo de reconhecimento, recompensa, gratidão, amor e compreensão. Estou satisfeito com Tua Graça. Se puderes sentar-se aqui e segurar Tua mão, nada mais reclamaria; jejuaria mesmo o resto dos meus dias. Permite que eu segure Tua Mão e jamais terei fome, jamais terei sede. Deixa-me apenas segurar Tua Mão, permanecer em Tua Presença. Havendo-nos despojado de todas as dependências humanas e materiais, lançando-as no braseiro ardente, estaremos prontos para o próximo passo. 

Á curta distância, para além do braseiro fumegante está o grande receptáculo cheio d’água. É o lavatório em que se realiza o rito da purificação. Este já não é simples operação física como foi o lançamento de nosso sacrifício ao fogo; aí, tem o adorador a oportunidade de purificar-se, tanto externa como internamente. Ninguém precisa ser informado ou informar à própria mente sobre as coisas das quais deveria se purificar, pois cada um conhece o próprio íntimo. 

O sacrifício e a purificação das concepções humanas sobre os valores nos preparam para o ingresso no lugar sagrado. Aí permanecemos frente à mesa do pão, mantido sempre fresco e abundante, não com o propósito de nos banquetear, mas como sinal evidente da onipresença de todos os bens. 

Contemplando essa mesa eleva-se de nós uma confissão silenciosa de que assim como o pão está sempre presente no Sacrário, assim também, neste momento, o pão da vida e tudo que representa plenitude aqui se encontra. E onde é aqui? – Onde eu estou. Exatamente onde eu estou, aí está a Onipresença da substância da vida, a insígnia da vida, a harmonia e o bem, porque tudo isso é dom de Deus. Essa dádiva é onipresente e infinita por constituir essência infinita da Vida. Sacrifício, purificação e contemplação da abundância de bens servem de preliminar para a expansão da consciência. 

A presença permanente da luz espiritual é representada pelo candelabro de sete braços, localizado no lado esquerdo do Sacrário. 

Os sacerdotes do templo usavam 7 lâmpadas porque “sete” exprime totalidade. 

Ante este símbolo de luz espiritual a Luz inextinguível do Cristo começa a interpenetrar a consciência, a invadir nosso ser e gradualmente ou subitamente a consciência desperta para a verdade de que precisamente no lugar onde estamos meditando, está a Onipresença, a totalidade da Sabedoria, da compreensão, da Vida Espiritual. 

À Luz de Deus, a plena iluminação espiritual se completa dentro de nós nesse momento; permanecendo em meditação, diante desse candelabro sete vezes iluminado, sentimos a convicção de nossa integração em Deus, e permitimos que essa Luz flua e se manifeste visivelmente. Passo a passo, caminhamos para o Santuário, para a Presença de Deus; cada ato da consagração nos aproxima do alvo. Algo mais é exigido, uma prova final de devoção. Dirigimo-nos em ação de graças ao sítio de adoração, simbolizado pelo incenso fumegante e aí ofertamos nosso louvor e gratidão a Deus pelas inúmeras bênçãos recebidas. 

Neste lugar sagrado, frente ao Santuário, rememoramos nosso progresso desde a entrada no paço. 

Cada rito de consagração representa um papel peculiar no aperfeiçoamento espiritual: o sacrifício lançado no braseiro ardente, a autopurificação no lavatório, a contemplação nos bens de Deus ante o altar dourado. Executando fielmente cada um desses ritos, encontramo-nos atrás do altar do incenso, ante um véu de neblina que finalmente se rompe revelando o Arco da Aliança. 

Se nossa meditação foi serena, tranqüila elevando-nos à realização de nosso ser divino de modo que nossos olhos se abram para a realidade espiritual, então, contemplamos o grande mistério, a névoa se desvanece, a cortina se descerra e nos encontramos na Presença de Deus que se anuncia e nos lembra: “Estou sempre Contigo. Contigo estava quando iniciaste tua busca, mas a névoa ante teus olhos nublava tua visão e tu não podias ver-Me. Tua consciência se achava adormecida por conceitos materialistas. A Névoa não podia dissipar-se enquanto os motivos que a determinavam não fossem removidos. Então e só então pudesses encontrar-Me, ouvir Minha voz, sentir Minha Presença”. 

Seja qual for o estado de consciência em que se encontre o buscador, sacerdote ou neófito, existe para ele um caminho, um caminho que finalmente o levará à Presença de Deus. Pode esse caminho ser singular ao indivíduo ou se assemelhar a qualquer forma estabelecida de adoração religiosa: jornadear do paço externo até o Santuário no templo hebreu; depositar uma flor aos pés da estátua de Budha; peregrinar à Meca; banhar-se no Ganges sagrado ou ajoelhar-se na Catedral em santa comunhão, beber o vinho simbólico e comer o pão sagrado. Seja qual for a simbologia empregada, será infrutífera enquanto não for discernido o significado da forma. 

A meditação em que nos empenhamos veste o símbolo da Realidade da Vida. O ato de sacrifício, purificação e devoção devem ser executados por todo aspirante, não como cerimonial exigido por regulamento, mas como ditame do coração. Poderemos chegar à Presença de Deus somente quando o coração clamar e a alma O reverenciar. 

Ninguém pode atingi-la a não ser em estado de sacralidade. Outrora, somente os sacerdotes eram considerados dignos de ser admitidos no Santuário; hoje, porém, com nosso esclarecimento, qualquer homem ou mulher que tenha compreensão de sua verdadeira identidade é um sacerdote e poderá encontrar o Caminho do Santuário interior. 

É sacerdote todo aquele que alcança determinado nível de consciência de Deus, tal pessoa serve a Deus e é por Ele mantido. O divino pão da vida o alimenta, tornando-o “Luz do Mundo”, canal através do qual sabedoria, amor, vida e a verdade espiritual fluem para aqueles que ignoram a Fonte de seus bens.