"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, julho 06, 2016

Ensinos do Caminho Infinito - 2/2

 - Joel S. Goldsmith -


ABANDONANDO A ORAÇÃO QUE PEDE A UM DEUS ESPIRITUAL PARA QUE TRANSFORME UM UNIVERSO MATERIAL

Deus é Espírito. E se Deus é o princípio criativo do universo, então este universo é uma criação espiritual e não física ou corpórea. Se isso é verdade, é tolice orar ao espírito de Deus para que faça algo por um universo físico que não tem qualquer existência real.

Estamos sonhando quando oramos a um Deus espiritual para que mude alguma espécie de matéria ou estrutura física. Deus não estará naquele cenário. A oração correta seria: "Desperta tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te aluminará" (Efésios 5:14). Então, tudo o que é necessário para nos despertar do sonho de um universo físico ou mecânico nos despertará, e começaremos a tomar consciência da herança a nós legada como filhos de Deus, fruto do Espírito eterno e imortal.

Necessitamos de mais pessoas a quem possamos recorrer, as quais não tentarão diminuir uma febre, remover um tumor, sanar a paralisia ou deter a insanidade. Pelo contrário, elas compreenderam que Deus é Espírito, que o fruto de Deus é espiritual e que naquilo que foi criado "nada que o contamine, abomine ou seja mentira penetrará" (Apocalipse 21:27).

Os alunos de O Caminho Infinito, não tratam o corpo do ponto de vista orgânico. Este é um universo espiritual, e somente Deus é poder. Seria ateísmo temer qualquer forma de matéria. É aceito que nem tudo é espiritual. Tentar mudar o universo material ou tentar interferir humanamente naquilo que vem ao mundo não nos levará a parte alguma. Não haverá paz permanente ao combater os males do mundo com as armas do mundo. O meio não é "nem por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito"(Zacarias 4:6), "neste encontro não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parado e vede o salvamento que o Senhor vos dará" (II Crônicas 20:17). Nem as armas mentais nem as armas físicas deste mundo constituem poderes. Se fossem ou se não houvesse ninguém para provar que elas não são, o mundo estaria perdido.

Mas de quem é a responsabilidade? Ela não é daqueles que conhecem a verdade e estão despertos para mostrar que os males do mundo não constituem poder? Mas estes males não podem ser detidos, exceto pela compreensão de que aquilo que se declara como grande poder é puro nada e sem poder algum. Nós não podemos esperar para fazer isso, a não ser que estejamos dispostos a nos anularmos no tempo e ficarmos sentados a observar os nossos pecados e as enfermidades -- olhar bem e reconhecer que:

Você não é força: você é o espírito carnal ou o nada; você é o "braço de carne" ou o nada. Você não poderia ter força a menos que ela viesse de Deus, pois não há força, mas Deus. Deus é a vida de todo ser, a imortalidade e a eternidade. Deus é a única lei, o único legislador. Não há lei da matéria; não há lei da enfermidade. Força material não é força: é uma declaração de força. Deus, Espírito, é força; e o Espírito é infinito, toda a força.

A menos que sejamos específicos em nosso conhecimento da verdade, específicos em nossa compreensão de que somos seres em confronto com as sugestões de forças mentais e físicas, que não são forças, elas continuarão a ser forças até que tenhamos a compreensão de suas impotências.

Na maior parte de nosso trabalho, as curas vêm rápidas e alegremente. O princípio envolvido é a compreensão de que 'acreditar que a força material é força, nada é senão ateísmo'. Deus é Espírito e força espiritual é a única força verdadeira. Qualquer outra declaração de força pode ser invertida ou anulada. Testemunhamos isso na cura de cada tipo de problema. As formas de matéria, as formas de corpo físico se transformam onde é necessário e, onde é necessário, novas partes do corpo crescem porque o Espírito é a substância fundamental e a realidade de todo efeito.

Na presença da realização espiritual, a materialidade não é força. Se ela aparece como infecção ou contágio, se aparece como hipnotismo ou o produto do hipnotismo, é o espírito carnal ou o "braço de carne". Portanto, não é nada, pois o Espírito é tudo e o real e o eterno. O Espírito é a lei.

Por causa da ação do Caminho Infinito pelo mundo todo e sobretudo por causa do próprio mundo em seu estado presente, é importante que todo aluno do Caminho Infinito sente-se e comece a fazer alguma ação saudável para provar que o pecado, a enfermidade e a morte não são realidades da vida. Provar que as leis mentais e físicas não são força, tornará possível um trabalho maior de anulação de todas as formas de hipnotismo, que parecem emanar dos indivíduos em altas posições e manter as pessoas na servidão. Devemos anular toda declaração de força mental ou física onde quer que a encontremos. Devemos aceitá-la como um compromisso de que, aonde quer que nossa atenção for atraída, por força física ou mental, nos sentaremos calma e pacificamente e compreenderemos que "nem por força, nem por violência, mas pelo Espírito de Deus", tudo isso se tornará nulo e vazio.

Em qualquer lugar que possamos estar, esse será solo sagrado, o lugar que Deus nos concede para nosso culto. Nosso culto consiste na concepção do Espírito invisível como a lei e a causa de tudo o que existe. Através dessa concepção, sem usarmos de poder mental ou de força física, toda declaração de natureza ateística pode ser descoberta e destruída. Ela é destruída, não pela luta, não pelo conflito, não por pedir a Deus para fazer alguma coisa, mas pela concepção calma, pacífica, suave: "Obrigado, Pai, este é o Seu universo espiritual, completo e total".

Algo mais que possa ser necessário conhecermos será dado de dentro de nós mesmos. Uma vez que alcancemos ou consigamos estar calmos e quietos, teremos apenas que começar o fluxo com alguma dessas verdades que conhecemos. Mas a força real e o tratamento verdadeiro virão de dentro de nós para nós mesmos. O que nos é comunicado de dentro é o Verbo vivo, nítido e poderoso.


A LIBERTAÇÃO DO PODER ESPIRITUAL

No caminho Infinito, deixamos para trás a crença teológica em um Poder divino que faz as coisas por engano ou por mal, um Poder divino que combate o mal, o pecado ou a enfermidade, e aceitamos como verdade o princípio místico de que o Espírito é onisciente, onipotente e onipresente, além do qual não há mais nada. O que temos que demonstrar, portanto, é que na presença da força espiritual não há os poderes do pecado, enfermidade, necessidade, acidente, infelicidade ou qualquer outro tipo de miséria humana. Estas coisas negativas podem existir apenas na ausência da força espiritual.

As trevas só podem existir na ausência da luz. A força espiritual é frequentemente descrita como Luz: a Luz do mundo, a Luz que ilumina o caminho, a Luz que ilumina nossos passos. Em toda literatura mística de qualquer parte, a Luz tem sido o símbolo da presença e da força espiritual. Esta força nunca combate as trevas. A Luz, que é o Cristo, nunca luta contra qualquer forma de discórdia.

Jesus nunca lutou contra o pecado , perdoou-o. Ele nunca combateu a doença, debateu com ela ou contra ela. Disse: "Levanta-te, e toma teu leito, e anda". Só há um registro, na Bíblia, de sua resistência ao mal e que é quando ele expulsou os "cambistas" do templo. Minha crença pessoal é que foi essa a sua maneira de dizer a seus discípulos que nós temos que expulsar de nossa consciência todas as qualidades negativas e destrutivas. A consciência é o templo. As crenças negativas, supersticiosas, más, sensuais ou luxuriosas são os cambistas. Elas representam o sentido materialista que devemos banir de nossa consciência.

Afora o encontro de Jesus com os cambistas, o Mestre ensinou: "Não resistais ao mal". "Mete no seu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão". A Luz do mundo não debate com as trevas, não luta ou tenta de qualquer modo afastar as trevas.

A Luz, sendo a Luz, não pode ser extinta por qualquer tipo de trevas.

"Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade". Não diz: onde há o Espírito do Senhor, "há uma batalha", ou onde o Espírito do Senhor está, "há uma luta contra o pecado". Pelo contrário, onde o Espírito do Senhor está, há paz, há liberdade. "Na tua presença há abundância de alegrias"(Salmos 16:11). Certamente, isso não indica batalhar ou lutar ou qualquer sentido de conquista. Antes, indica que onde Deus é compreendido há paz, porque nada há a combater. A Luz não combate as trevas e na presença dela não há trevas, pecado, enfermidade, morte, necessidade, limitação, relacionamentos humanos infelizes. Se nós aceitamos isso como um princípio, demonstraremos força espiritual, a presença de Deus, e isso é tudo. Mas a elaboração deste princípio, em nossa experiência diária, é um assunto individual. Não há fórmulas, não há possibilidade de formular um meio específico de demonstrar isso.

O Mestre deu-nos o princípio da não-resistência, mas não nos mostrou como é feito. Depois que tivermos o princípio, cabe-nos ver como criá-lo na experiência diária e provar que na presença dessa força espiritual concebida, o poder temporal, quer de natureza material, mental, moral ou financeira, não é uma força. De fato, nem mesmo existe na presença dessa Luz espiritual que somos.


A DESCOBERTA DA NATUREZA DO PODER ESPIRITUAL

Quando nos lembramos de que o princípio do poder espiritual foi dado ao mundo há quase vinte séculos, não podemos ser tão orgulhosos daquilo que foi realizado espiritualmente neste século. Na verdade, muito mais foi demonstrado durante os últimos setenta e cinco anos, do que nos mil e novecentos anos anteriores, e nos dá esperança e coragem de prosseguir e compreender que, mesmo não tendo alcançado plenamente, pelo menos estamos no caminho que leva à realização da natureza do poder espiritual.

Quando individualmente chegarmos a compreender isso, cada um de nós estará fazendo uma avaliação do trabalho de cura de nós mesmos e dos outros. Estaremos levando uma norma de paz, saúde e felicidade para a vida de outros, mas somente na medida que individualmente resolvermos o mistério do poder espiritual. Se um indivíduo compreende a natureza do poder espiritual, pode levar um pouco de harmonia a milhares de outros, mas será apenas um pouco de harmonia. Ninguém pode levar harmonia completa a outro. Isso é algo que cada um de nós deve fazer ao expulsar os cambistas de nossa própria consciência.

Todos nós temos cambistas em nossa consciência, no sentido em que todos nós temos alguma crença arraigada em duas forças: na enfermidade física e na saúde física, na enfermidade moral e na saúde moral, ou na enfermidade financeira e saúde financeira. Esses são os cambistas que expulsamos, não combatendo, "não por força nem por violência", mas pela compreensão. Essa compreensão vem ao nos perguntarmos como podemos levar poder espiritual à nossa experiência, à experiência do mundo, à nossa família, à nossa comunidade, aos nossos negócios ou atividade profissional e ao nosso governo.

A verdadeira pergunta que temos de fazer a nós mesmos é qual a intensidade de nosso desejo de conhecer Deus, de conhecer a força e a presença espirituais. Qual a medida de nossa fome e sede de realização espiritual? Poderíamos formulá-la deste modo: "Que importância tem nosso problema?". Para aqueles que ainda têm um bom comportamento físico e financeiro, a questão de conhecer a Deus pode provavelmente esperar até o próximo ano, o ano seguinte, daqui a cinco anos ou até que comecem a envelhecer. Mas, para aqueles que têm problemas de natureza suficientemente profunda ou séria, agora é a vez de buscar uma compreensão da natureza da força e da presença espiritual.

Quando compreendemos a natureza do Espírito, nós não temos que saber o que fazer com Ele. Não temos, absolutamente nada a fazer com Ele. Ele realiza Seu próprio trabalho. Uma vez que alcançamos a presença de Deus, essa Presença estabelece harmonia. Uma vez que atingimos a compreensão da natureza da força espiritual, somos a Luz e não há trevas a dissipar.

Mas como manifestamos ou expressamos a Luz espiritual e compreendemos a força espiritual? Qual a natureza da Luz espiritual? Qual é a natureza da sabedoria espiritual? Alcançando essa sabedoria, nada mais temos a fazer. Não temos que empregar a sabedoria espiritual quando a possuímos. "Na tua presença, há abundância de alegrias", abundância de Luz e, nessa Luz, não há trevas. Nunca precisamos nos preocupar com a cura das doenças ou como vencer o pecado ou a necessidade. Temos apenas uma preocupação: conhecer a Deus, conhecer a natureza da presença e da força espirituais, transformar esta Luz do mundo em manifestação. Além disso, nada temos a fazer a respeito do pecado, enfermidade, necessidade ou limitação, porque na consciência da força espiritual esses problemas não existem.


ELEVANDO-SE ACIMA NO NÍVEL DO PROBLEMA

Recentemente recebi uma carta contando-me sobre uma parte dos bens imóveis que o proprietário queria vender, explicando-me como esta venda faria feliz e beneficiaria alguém. Imediatamente ocorreu-me que no reino de Deus não há bens imóveis. Não podemos levar um problema de bens imóveis a Deus, porque não há bens imóveis ou problemas de bens imóveis em Deus. Um bem imóvel não pode ser vendido pensando-se nele. Não podemos encontrar o problema no nível do problema. Devemos reconhecer que, se Deus não sabe nada sobre bem imóvel, isso não é da nossa conta. Tudo o que somos obrigados a fazer é conhecer a Deus, trazer à luz a força espiritual em nossa consciência.

Quando as pessoas me escrevem sobre emprego, conscientizo-me de que no reino de Deus não há emprego; não há patrão e não há empregado. Às vezes, de um ponto de vista metafísico, diz-se que Deus é tanto patrão como empregado; mas, em Deus, só há Espírito. O que estão fazendo é tentar remendar nosso conceito de paraíso, e no paraíso não há patrão nem empregados.

"O Meu reino não é deste mundo"(João 18:36). "Meu reino" não inclui bens imóveis ou emprego. "Meu reino" contém a graça de Deus. Então, o que é "Meu reino" que não é deste mundo? Eis uma pergunta a ser respondida no âmago da consciência. Tudo o que sabemos sobre o reino de Deus é que o Novo Testamento diz que ele não é deste mundo. Tudo o que sabemos sobre a paz espiritual é que este mundo não pode oferecê-la. Se pensamos que vamos resolver nosso problema e encontrar paz vendendo os bens imóveis ou conseguindo emprego, tudo o que estamos fazendo é nos perpetuar no sentido humano da vida, ao passo que, se pudermos descobrir dentro de nós mesmos a natureza do poder espiritual, descobriremos o grande segredo da vida.

Sempre houve diferentes formas e diferentes graus de força material no mundo, desde o arco e flecha até a bomba atômica. No século passado, também se levantou a questão da força mental e de como fazer uso dela: como praticá-la para ganhar amigos, influenciar e controlar outras pessoas. Mas em relação à força espiritual, estamos lidando com uma força desconhecida do espírito humano, porque este último não pode compreender ou receber a sabedoria espiritual. O sujeito do poder espiritual é uma quantidade desconhecida para a mente humana. É importante compreender que, em tratando-se da presença espiritual, devemos relaxar na experiência de que "não sou eu quem percebe a Verdade". "O homem natural, o espírito carnal, não está sujeito à lei de Deus, nem, em verdade, pode estar"(I Coríntios, 2:14).

A mente humana não pode conhecer a lei de Deus. Como, então, eu e você havemos de conhecê-la? Primeiro temos que parar de pensar em termos de bens imóveis, empregos, febres ou germes, necessidade ou abundância, enfermidade ou saúde, pureza ou pecado e todas as coisas que dizem respeito a "este mundo" e ao ser humano. Temos que nos voltar para o nosso interior: Qual é a natureza da minha identidade com Cristo? Qual é a natureza do meu Eu criado à imagem e à semelhança do Deus?


A NATUREZA DA INDIVIDUALIDADE ESPIRITUAL

Ninguém duvida por um instante de que alguma parte de nós foi feita à imagem e semelhança de Deus. Alguma parte de nós deve ser divina; alguma parte de nós deve ser a filha espiritual de Deus que recebe as coisas d'Ele e conhece o Pai face a face. Há alguma parte de nós que pode dizer: "E vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim", "eu tenho presença e força espirituais".

A tarefa de cada um de nós é voltar-se para dentro da questão: Qual é a natureza da minha individualidade espiritual? Qual é a natureza da minha filiação, minha filiação espiritual, minha filiação divina? Qual é a natureza do "mim" que Deus criou à Sua própria imagem e semelhança? Qual é a natureza do filho de Deus, a quem o Pai diz: "Filho, tu estás sempre comigo, e todas as coisas minhas são tuas"? (Lucas 15:31). Deus não o diz isso a mim como ser humano, porque na condição de homem eu não tenho todas as graças, oferendas, saúde e harmonia de Deus.

Mas há uma parte de mim que recebe as graças divinas de eternidade a eternidade. O amor de Deus não muda; as dádivas de Deus são eternas. Assim, sondamos profundamente nosso interior para o mistério da vida, e cada um de nós deveria mergulhar dentro de si e perguntar: "Quem sou? O que sou? Quem sou à imagem e semelhança de Deus? O que sou à imagem e semelhança de Deus? O que sou como filho de Deus? No que me concerne o que está recebendo a graça de Deus de eternidade a eternidade, e que nunca esteve e nunca estará sem ela? Que parte de mim é a individualidade espiritual, que é herdeira de Deus, que vive "não por força nem por violência", mas pelo Espírito de Deus que está em mim? Essa é a natureza de nossa busca e o que ela deve ser.

Na presença da soberania com que Deus nos dotou, não há problemas, pecados, necessidade ou doença a superar. "Nem a morte, nem a vida... poderá nos separar do amor de Deus"(Romanos 8: 38-39). Do ponto de vista de nossa condição humana, estamos todos separados do amor de Deus. Então, o que é esta pessoalidade de Cristo em nós que nunca pode ser separada do amor de Deus, do ser infinito de Deus? Vamos começar a descobrir a natureza da pessoalidade de Cristo e da soberania que Deus nos deu no princípio, que nunca foi tirada de nós e que ainda temos em nossa identidade espiritual.

Qualquer que seja a medida da qualidade messiânica que trazemos à luz, torna-se uma lei de restabelecimento para as pessoas que se voltam para nós. Qualquer que seja a medida de autonomia espiritual que podemos alcançar, resolve e dissolve os problemas dessas pessoas. Qualquer que seja a medida da sabedoria ou graça divina que pode ser revelada em nós, torna-se uma lei de harmonia e paz para elas. Na medida da realização da sua qualidade messiânica, elas, por sua vez, se tornam uma lei de harmonia na família e na comunidade. Finalmente, sua influência propaga-se mais longe no mundo na razão da medida de realização da natureza de sua individualidade espiritual, da natureza de sua autonomia espiritual e da natureza da Luz espiritual que são.

Se pudermos trazer à luz alguma medida de realização de nossa natureza cristã, de nossa individualidade cristã, e alguma medida de realização espiritual com a qual fomos dotados no princípio, teremos uma enorme influência em nossa comunidade e no mundo inteiro.

Somos pioneiros na tarefa de levar a natureza do poder espiritual a incidir sobre os eventos humanos. Como alunos do Caminho Infinito, nossa função principal é apreender a natureza do poder espiritual e então levá-lo para efetiva experiência na terra. Quando inicialmente chegamos a um meio de vida espiritual ou metafísico, nosso principal objetivo foi encontrar soluções para nossos próprios problemas. Não há nada de erado nisso. Era assim que tinha de ser, porque ao encontrar um meio de resolver nossos próprios problemas, aprendemos que recebemos suficiente força espiritual para auxiliar os outros a resolver os seus.


A EVIDÊNCIA DO PODER ESPIRITUAL

Ocorre um fato estranho neste estágio de nosso desenvolvimento. Começamos a ver que já não é necessário estar trabalhando em nossos próprios problemas porque, primeiro, temos tão pouco deles e, segundo, nossos problemas têm um modo de desaparecer sem qualquer reflexão pessoal sobre eles; assim, nossa vida finalmente é gasta em função dos outros. Abandonando nossos próprios problemas e devotando-nos aos outros, já não temos problemas e os poucos que aparecem são rapidamente solucionados. Este é um princípio de vida.

Podemos dar um passo além e descobrir que atrás desse princípio há um ainda maior: nossas necessidades são encontradas na proporção de nossas dádivas. Nossas dádivas espirituais constituem a verdadeira substância e atividade de nossas provisões. Quanto mais damos, mais temos; quanto mais exercemos nossa autonomia, mais autonomia temos. Este princípio espiritual age em cada nível de nossa existência.

Entra nisso um princípio ainda maior: quanto mais consciência da dádiva tivermos, menos evidência há do eu. Logo aprendemos também que a eliminação total de nossos problemas vem com a eliminação de nosso pequeno eu, essa individualidade pessoal. Abandonando isso, alcançamos o estado de consciência de nosso verdadeiro Eu.

Se você me pedisse ajuda, eu estaria pensando em termos de presença espiritual, força espiritual, sabedoria divina e vida divina. À minha consciência, chegaria a verdade de que Deus constitui ser individual: Deus constitui seu espírito, sua vida, sua alma; Deus é a lei para o seu ser. Deus é o legislador. Deus é a atividade para sua experiência. E, porque Deus é infinito, nenhuma outra força pode permanecer como "força". Todas as outras forças se dissolvem na luz da Luz.

Pela verdadeira natureza do filho de Deus, deve haver uma ausência de pecado, morte, necessidade e limitação. O filho de Deus ressuscitado é a Luz do mundo. Portanto, se o filho de Deus é concebido aqui e agora, a Luz do mundo é reconhecida aqui e agora. E neste reconhecimento da Luz, os gritos de socorro seriam ouvidos e a liberdade se manifestaria. Mesmo que não tivéssemos dado atenção a nós mesmos em qualquer parte desta oração, meditação ou tratamento, se o Cristo é compreendido, nossos próprios problemas teriam que desaparecer no mesmo instante que os deles, porque incluiríamos ambos naquela Luz. Não poderíamos manifestar a Luz e estarmos nós mesmos separados dela.


A COMPREENSÃO DA PRESENÇA DE DEUS COMO ONIPRESENÇA

Assim como nós reconhecemos a Onipresença, isto é, a presença de toda a sabedoria e conhecimento espiritual, reconhecemos que ela não pode ser confinada em uma sala ou lugar. Nosso Cristo concebido tem um modo de penetrar pelas fendas, entrando pela parede assim como o Mestre. Quando anunciamos a Onipresença, isto é, a sabedoria espiritual infinita, não estamos falando simplesmente sobre a sua ou a minha sabedoria. Estamos falando sobre a Onisciência, toda a Sabedoria, e que teria que ser a sabedoria de todas as pessoas em toda parte de nossa cidade, comunidade, nação e mesmo do mundo.

Quando estamos em oração ou meditação, não estamos sentindo a presença de Deus em nós, mas a Onipresença, toda a Presença, em toda parte igualmente. Desse modo, não podemos perder de vista nossa individualidade pessoal no reconhecimento de nossa Individualidade divina, que é a Individualidade de cada indivíduo. E, assim, podemos trazer a Individualidade divina para perto de nós. Então, em toda parte, há maior evidência de uma Sabedoria divina, um Poder divino, uma Presença divina, mesmo que a maioria das pessoas não saiba por que, como ou para quê.

Há uma razão espiritual para isso, que é importante compreender. Todo mundo na face da terra, sem exceção, está buscando a Deus ou um conhecimento de Deus. Não faz diferença como a pessoa falaria dessa busca, mesmo que ela fosse negativa por afirmar que não existe Deus. Mas isso seria como algumas pessoas que assobiam, quando andam pelo cemitério. Elas assobiam porque estão tentando se convencer de que não há fantasmas. Entretanto, com o assobio, elas estão evidenciando o seu medo ou sua crença neles. Uma razão pela qual os ateístas negam a existência de Deus é que eles acreditam que há um Deus que não querem encarar; sem levar em conta nossos os amigos ateístas por enquanto, se uma pessoa é católica, protestante, judaica, vedantista ou um seguidor de qualquer outra religião, há uma busca, uma ânsia, um impulso interior para conhecer e encontrar Deus. Se não houver nada mais, há a esperança de que Deus possa revelar-Se ou fazer-Se evidente. É esse desejo secreto do coração que torna todo indivíduo receptivo à oração e meditação, onde quer que vá. No íntimo, ele está desejando alguma orientação divina no sentido de saber o que é direito, o que é necessário ou o que há no futuro. Todo mundo deseja ardentemente conhecimento maior do que o seu próprio, sabedoria maior do que sua educação ou experiência têm dado. Enquanto este impulso estiver dentro do indivíduo, ele está orando e, enquanto ele estiver orando, haverá uma resposta à sua súplica.

Nossa oração pela paz é uma súplica de orientação espiritual. Enquanto estivermos conseguindo algo maior do que nós mesmos, receberemos orientação. Mas enquanto estamos recebendo orientação, nossos próprios problemas terão desaparecido porque a natureza deles foi, antes de tudo, uma ilusão. E nossa habilidade para ignorá-los e voltar para a realidade espiritual deu a essa inexistência uma oportunidade para dissolver-se no nada que é. É só enquanto estamos tratando de problemas que os perpetuamos. É este o motivo pelo qual em nosso trabalho nos desviamos do problema, para a realização do estado de consciência espiritual, isto é, a realização interior da identidade, da lei e da vida espirituais. Então, quando abrimos os olhos, o problema foi embora ou está de saída.

Neste estágio de nosso desenvolvimento espiritual, enquanto ainda queremos ver nossos pecados individuais, doenças e necessidades desaparecerem, sabemos, pelo menos, que eles desaparecerão apenas na proporção em que pudermos afastar nossa atenção deles e começarmos a compreender a Onipresença da Graça infinita. Não há uma Graça divina que trabalha para você e para mim. A Graça divina é infinita em sua natureza e age em favor dos filhos de Deus, universalmente. Quando uma pessoa pergunta por que esta Graça sonega alguma coisa dela, é porque não está afinada com ela e não compreende a natureza universal da Graça.


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