DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA
(Joel S. Goldsmith)
- Capítulo 6 -
DESENVOLVENDO UMA CONSCIÊNCIA DE CURA
Lembremo-nos de que o agente de cura não é o tratamento. O agente de cura é a consciência que se manifesta através da realização do tratamento. É a Cristo-consciência do praticista que realiza a cura. Todos possuímos aquela Cristo-consciência como um potencial, mas ela precisa ser desenvolvida, e inicialmente isto pode ser conseguido pelo domínio, em algum grau, do temor à doença ou do temor ou gosto em relação ao pecado. Somente aquela consciência que, em certa medida, tenha abandonado seus ódios e temores pode atuar como agente de cura. As pessoas são atraídas ao curador cuja Cristo-consciência está desenvolvida e por esse motivo tal praticista é bastante atarefado.
Assim, nos estágios preliminares do nosso trabalho, o tratamento é um recurso necessário, ou pelo menos útil, para erguer nossa consciência ao ponto da demonstração. Não estou considerando que o tratamento seja alguma fórmula ou conjunto de palavras especiais; o tratamento é a conscientização, seja qual for a natureza do pedido, de que exatamente ali está presente a totalidade, a harmonia, o domínio, a perfeição do Deus único, e que essa harmonia é portanto universal, impessoal e imparcial.
DEUS, A ÚNICA ATIVIDADE
Se num chamado por ajuda a substância do corpo humano parecer estar envolvida, deveremos ter a visão nítida de que o Espírito, sendo a única substância, deve ser a substância da forma e do corpo; e também o Espírito, sendo onipresente, faz com que a forma perfeita esteja presente, seja qual for a aparência apresentada. O Espírito é onipresente em todas as suas formas e variedades. Os sentidos nos dizem que o poder e a substância estão na forma, mas a iluminação espiritual nos revela que o poder, a substância e a lei estão sempre no Espírito. Suponhamos que o chamado se refira a alguma atividade orgânica deficiente. Os órgãos, o sangue ou outra parte qualquer do corpo parecem estar afetados. O que devemos conscientizar primeiramente é que toda ação é atividade da consciência, o que significa que seria uma impossibilidade haver uma ação boa ou má no corpo, uma vez que sua ação é atividade da consciência, a qual se expressa como ação do corpo. O corpo não possui absolutamente qualquer ação por si mesmo.
Assim, para todo pedido ou crença referente a alguma atividade irregular no corpo, há somente uma resposta: toda ação que há é Deus-ação. A mente, como um instrumento de Deus, é o único elemento agente, é a única ação existente, sendo que o corpo meramente reflete aquela ação. Querer tratar a mão, o braço ou o pé seria o mesmo que tentar dar tratamento às paredes para mudar suas cores, forma ou aspecto. Isto não pode ser feito. Devemos estar cientes de que a mente é o único instrumento de ação, e, portanto, nós nunca tratamos a ação em si mesma. Nosso tratamento é uma conscientização de que toda ação é uma atividade da consciência.
SOMENTE A VIDA UNA
Às vezes os chamados envolvem o temor à morte. Nesses momentos nos voltamos à natureza da vida. O que vem a ser a vida? Há somente uma Vida, e esta Vida é Deus. A Vida que é Deus não pode morrer; nem pode esta Vida que é Deus ter um passamento. Não nos deixemos enganar por expressões do tipo: “Não existe morte; houve apenas o passamento dele.” Deus não é vítima de passamento e Deus é a única vida. Para todos os casos relacionados com o medo da morte existe apenas uma resposta: a Vida não possui oposto, pois a Vida é infinita. A Vida, a Vida que é Deus, é universal; e a vida de todo ser, seja a do homem, a da mulher, a da criança, do animal ou da planta. A Vida sempre é Deus; não existe uma outra vida. Tudo que soubermos sobre a Vida que é Deus é verdade sobre a vida individual que está aparecendo como sendo eu ou você.
ENVELHECIMENTO
O tratamento que aplicamos à idade é a conscientização de que a pessoa é tão jovem ou tão antiga quanto Deus. Mas quão velho isto significa? Ou quão jovem vem a ser isto? No instante em que em que pensarmos em nossa idade, estaremos pensando numa egoidade separada de Deus e dar um tratamento para tal coisa seria tratar uma ilusão. Não devemos fazer isso.
É necessário que conscientizemos que não existe idade ou tempo em nossa experiência; somente que deveríamos ter começado muito mais cedo – pela época em que estávamos sob a crença de ter sete ou oito anos de idade. É uma pena! Depois veio a crença de que tínhamos doze ou treze anos, o que era um pouquinho pior e a seguir houve a crença de termos dezesseis, dezessete ou dezoito, que era ainda pior. Provavelmente a crença de idade mais tentadora é aquele período entre os dezoito e primeiros vinte anos. É o ponto em que sabemos tudo o que há para ser conhecido e ninguém pode nos ensinar nada; tornamo-nos homens e mulheres! Esta é uma crença idade que necessita de um bom tratamento enquanto é tempo. Daí vem aquele período descrito como “mudança de vida”, que é um verdadeiro pesadelo. E, por fim, segue-se o último estágio: a velhice.
O período ideal para o início do tratamento para a idade é quando a pessoa está por volta de sete ou oito anos. Se manejarmos bem naquela idade, provavelmente pelo tempo que tivermos doze ou treze anos o problema da idade estará resolvido, de forma que as demais crenças de idade não mais necessitem de tratamento. No entanto, para a maioria de nós, a crença-idade não foi defrontada aos sete ou oito anos e nem aos doze ou treze e assim precisamos encará-la agora. Este é o momento em que começamos a conscientizar que Deus é a nossa vida individual e que temos a mesma idade de Deus. Com isto aprenderemos que a vida nunca teve um princípio e, portanto, nunca terá um fim.
As crenças pertencentes ao corpo são consideradas de maneira similar. Deus, o Espírito, é a única substância e não há razão nenhuma para que o corpo apresente aos noventa anos menos vitalidade e força do que aos dezenove anos. O corpo não pode ler o calendário; o corpo não conhece, por si, a sua idade. Somente nós é que podemos conhecer o calendário e aceitar a crença de idade, a qual é refletida externamente sobre o corpo.
Por outro lado, se conscientizarmos a nossa verdadeira identidade como sendo Espírito, o corpo passará a ser visto como espiritual e será tão isento de idade como o somos nós próprios. O corpo deveria manifestar sua plenitude em todas as épocas. Nunca deveria apresentar o que conhecemos como infância, juventude, meia-idade ou velhice. Deveria manifestar sempre sua forma total e plena, e realmente seria assim se tivéssemos conhecido a tempo esta verdade. Se soubéssemos precocemente a nossa identidade real como Espírito, teríamos evitado muitas das mudanças ocorridas em nossa estrutura física. Mas ainda não é muito tarde. Agora é o único tempo que existe e já podemos começar neste momento. Assim, daqui a dez anos aparentaremos ser dez anos mais jovens. Mas teremos que conhecer esta verdade conscientemente.
Nunca pense um só instante que por ler livros de metafísica ou assistir a palestras ou aulas de metafísica você estará demonstrando a verdade. Esta verdade terá de ser demonstrada por você individualmente, através de uma consciente atividade de sua própria consciência. Não é algo que lhe possa ser concedido. De nada lhe adiantará declarar: “Oh, Deus é minha vida”, e viver preocupado com tudo. Em absoluto. Requer uma consciente atividade da consciência individual, uma consciente atividade da compreensão até que passe afazer parte de seu ser a ponto de dispensar todo pensamento àquele respeito. Até aquilo se tornar possível, um longo tempo virá em que precisaremos recordar, sempre ao nos levantarmos pela manhã:
“Eu sou a mesma idade que era ontem; eu sou a mesma vida, a mesma mente, o mesmo Espírito, o mesmo corpo. Tudo que é do Pai é meu – isenção de idade e mudanças; tudo que é do Pai em relação à sabedoria, inteligência, orientação – tudo é meu.”
OS NEGÓCIOS COMO ATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA
Há certos períodos em que o mundo vive sob crenças de desemprego e depressão. Novamente devemos conscientizar que Deus é o único ser. Deus não é empregado, exceto que Ele está empregado em ser Deus. Como poderia estar Deus desempregado? Seria o mesmo que Ele ter deixado de ser Deus. Deus, por Suas próprias qualidades, ação, inteligência, e obras atuantes como você e como eu, é o único emprego que há. Deus é o único empregador e Deus é o único empregado, e, além do mais, Deus está sempre empregado em grandes atividades, grandes obras e grandes ideias. Deus não pode ser vítima de condições materiais ou mortais, se Deus aparece como você ou eu; porém, para não sermos afetados por tais condições precisamos conscientizar este tratamento de que sempre e somente Deus está presente.
O mesmo é aplicável aos nossos negócios. Você pensa ser possível livrar-se das ameaças que assolam os negócios, bastando para isso confiar em algum “Deus desconhecido”? Ele não irá operar. O negócio é uma atividade do Espírito, e, como aquele Espírito é o seu Espírito, o negócio é uma atividade do seu Espírito. Portanto, o seu negócio irá refletir a condição de sua consciência nos assuntos de negócio. É preciso conscientizar a cada dia que o negócio é uma atividade de Deus através da mente, e portanto é uma constante atividade de nossa mente. Como atividade da mente, não está sujeito aos caprichos ou mudanças dos homens ou do governo, pois o negócio é espiritual e está sob a jurisdição do Altíssimo. O seu negócio, sendo um negócio de Deus, é governado por Deus.
A mera repetição dessas declarações, afirmações ou negações nada irá realizar para você. Somente quando estas verdades sobre o negócio permearem a sua consciência e você as tiver conscientizado plenamente é que elas se tornarão realidade em sua experiência. De nada irá adiantar apenas fazer as declarações. Conheci muitas pessoas que iam por tudo lado declarando: “Meus negócios vão bem; meus negócios vão bem” enquanto caminhavam rumo à falência. Não são os meus negócios que vão bem. São os negócios que vão bem – os negócios, uma atividade da Consciência, da Sabedoria divina. E, por ser uma atividade de minha mente, isto traz como consequência o sucesso dos meus negócios. Mas somente quando for associado o meu negócio com o negócio de Deus é que ele será individualmente expresso jubilosamente e harmoniosamente.
CONSCIENTIZE A VERDADE
Com referência aos relacionamentos familiares, aplicam-se os mesmos princípios. Nós todos temos observado famílias divididas devido a incompatibilidade, pecado, doença ou outra condição qualquer da experiência humana. Você acha que existe algum Deus misterioso observando os seus relacionamentos familiares? Nunca acredite nisso. Se o seu lar torna-se dividido, se a sua família encontra-se separada, isto significa que você não está conscientemente procurando resolver a situação; você não está conscientemente tratando do problema; você não está conscientemente considerando o assunto da família, marido, esposa e filho, em sua consciência, pedindo ao Pai por luz, por orientação, por ajuda, por sabedoria interior.
Do mesmo modo, nós saímos dirigindo o nosso carro, e às vezes pensamos: “A Consciência é o motorista sentado à direção do meu automóvel, logo tudo estará bem”. Mas, nós nos lembramos de incluir naquilo todo o resto do mundo? Conscientizamos ser Deus a mente/consciência de todo o indivíduo na estrada? Não, pelo contrário, até reclamamos do outro motorista ao mesmo tempo em que afirmamos ser Deus a nossa mente individual. Daí é que surgem os problemas. Nada justifica acreditarmos que possuimos algum tipo de proteção divina que os outros não possuem, por sermos metafísicos. A nossa proteção está em proporção direta à nossa utilização destas leis da verdade, que são trazidas conscientemente à nossa compreensão até que se tornem parte do nosso ser.
Deu pra sentir a necessidade do tratamento? Sem conhecer essa verdade, você não terá nada com que curar porque toda a cura se baseia na consciência da verdade, e antes desta consciência ser obtida é preciso ao menos conhecer a mensagem correta da verdade. Através da vivência com a mensagem da verdade chegará por fim o momento em que sua consciência é preenchida com a verdade. Assim, frente a qualquer chamado, não haverá mais a necessidade de se passar pelo processo de pensar sobre a verdade repetidamente. Surgirá a consciência da Onipresença e bastará simplesmente dizer: “Obrigado, Pai!”. Seria como dizer cento e quarenta e quatro quando alguém disser doze vezes doze. Não hesite em utilizar o tratamento. Não hesite em ponderar as verdades espirituais referentes ao chamado em questão.
Assim, por vários anos que hão de vir, descobrirá que terá um tempo de tratamento verdadeiramente ativo. Porém, nunca deixe que o tratamento se transforme numa rotina – um ritual ou cerimônia. Não permita que ele se torne um hábito. Não deixe que ele se torne um hábito a ponto de passar indolentemente por ele. Nunca faça isto. Um tratamento assim não poderá ajuda-lo, pois passaria a ser somente uma fórmula e atuaria apenas como uma sugestão. Um tratamento deve ser uma compreensão consciente da verdade.
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