"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, julho 11, 2014

Comentando o capítulo 5

- Gustavo -


O ensinamento do Caminho Infinito divide o processo de cura espiritual em duas fases: tratamento e prece. O tratamento é mental, ocorre no âmbito da mente; a prece é consciencial, ocorrendo além e acima do reino da mente. Dessa forma, o tratamento é o passo inicial e serve para conduzir/elevar a consciência do praticista até o ponto onde ocorre a prece. No tratamento o estudante utiliza-se de pensamentos positivos e inspirados a fim de aquietar, purificar e elevar a mente ao estado de consciência que realizará a cura. Isso é necessário porque todo o ser humano, desde o momento em que nasceu (ou pareceu nascer) neste mundo, é constantemente bombardeado pelas mais variadas formas de sugestões mentais que o levam a ter a impressão de que este mundo (e os diversos acontecimentos de natureza dual) realmente existe. Joel Goldsmith explica que o tratamento é indispensável para os que estão no início ou mesmo em estágios mais ou menos adiantados neste caminho. Mas ao tornar-se experiente, o estudante pode dispensar o tratamento, pois, neste caso, terá condições de ingressar diretamente naquilo que Goldsmith chama de "estado de prece" (que é também meditação ou oração). O próprio Goldsmith não tinha a necessidade de efetuar tratamento, devido a sua elevada condição consciencial e constante conexão com o Espírito da Verdade.

A cura verdadeira ocorre a nível espiritual. Enquanto que a cura mental é realizada em nível mais superficial. O indivíduo está realmente curado quando sua consciência deixa de sentir o sentimento de separação de Deus. Todas as doenças e sofrimentos são frutos de um sentido de separação em Deus. Se o homem não estivesse dotado de tal senso de separação, a doença não poderia ter lugar em sua experiência. Goldsmith explica que ao obter uma cura de natureza mental, a pessoa não está inteiramente curada, pois não foi curada a nível espiritual (o sentido de separação de Deus não foi curado), então a doença pode sumir hoje e reaparecer algum tempo depois. 

Passada a etapa do tratamento, o praticante deve buscar adentrar o estado de prece. E Goldsmith diz que a prece não é algo que dizemos a Deus, e sim o que Deus diz a nós. O que Deus tem a dizer sobre nós? Qual é a forma com que Deus nos vê? Ele nos vê como seres que estão separados d'Ele? Ou Ele nos percebe em unidade perfeita com o Ser que Ele é? Deus nos enxerga como seres doentes ou necessitados? Ou Ele nos vê como seres já providos de todas as coisas necessárias à nossa plenitude? O que Deus tem a dizer sobre nós? A oração, meditação ou prece ocorrem quando a "voz" de Deus nos fala enquanto apenas escutamos e acatamos Suas "palavras" como sendo a Verdade. Acerca disso, Goldsmith diz: "Após termos conscientizado ou pronunciado a verdade sobre o problema, é chegado o momento de nos sentarmos e assumirmos uma atitude de escuta. É como se nos colocássemos naquele local da consciência ou da conscientização na expectativa do recebimento de uma resposta, de uma certeza de que tudo está bem e que o problema foi depositado no devido lugar para ser cuidado. Neste ponto, após ter sido dado o tratamento, é que a prece se inicia. No meu modo de entender a prece é a palavra de Deus. A prece não é algo feito por você; a prece é algo de que você toma consciência. A prece é a palavra de Deus que vem a você. É aquela “pequena voz suave” trazendo-lhe uma certeza de harmonia, paz, alegria, poder, domínio, saúde, plenitude e abundância. Após o término do tratamento dado a você ou a outro alguém, sente-se em quietude, abrindo a consciência: “Eis me aqui, Pai”. “Fala, Senhor, teu servo ouve”, e aguarde vir a resposta.". Portanto, a cura somente estará terminada quando o estudante tiver finalmente adentrado o estado de prece, em comunhão com o Espírito, que está além da mente.

Goldsmith também faz uma importante observação, advertindo que pensamentos ou intenções egoístas anulam o processo de cura. A pessoa somente conseguirá curar espiritualmente se o seu amor for genuíno e desinteressado, pois somente o amor verdadeiro sintoniza o homem com Deus, tornando o praticante uma transparência/veículo para a atuação do poder divino. Além disso, o estudante deve estar consciente de que não há nada para ser curado, melhorado ou obtido, pois a Verdade é que todos os seres são manifestações ou expressões do próprio Deus e, por isso, já estão supridos e plenificados de tudo o que lhes for necessário. A cura espiritual deve ser trabalhada a partir do ponto de vista de Deus (visão de Deus acerca do Universo), ao invés de a partir do referencial humano (visão que a mente humana tem do universo).

Eis um fundamento/princípio metafísico que deve ser muito bem gravado: Quando estamos na presença de Deus, somos exatamente o que Deus é. Quando estamos na presença de Deus, temos a experiência de ser o próprio Ser que Deus é. Isso é assim porque Deus nos concede tudo o que tem, estendendo a nós todas as Suas características/qualidades divinas. Se Deus é pleno, somos plenos. Se Deus é vida infinita, amor infinito, sabedoria infinita, etc., também o somos. Nunca pode haver um "ser humano" na presença de Deus. Na presença de Deus só existe Deus. E Deus é onipresente! Esse é o fundamento que o praticante deve ter sempre em mente. Essa é a Verdade. E, se quisermos acessá-la, então deveremos nos colocar de acordo com ela. Fazemos isso procedendo da mesma forma com que Deus procede para conosco. Se Deus é Amor (e nos faz ser Amor), devemos estender para fora (a todos os seres, nossos irmãos) o amor que somos. O amor deve ser estendido, manifestado. É dessa forma que nos colocamos em sintonia com Deus e acessamos a nossa realidade como Amor. A sagrada Escritura bíblica afirma que: "Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama seu irmão, permanece na luz, e nele não há tropeço". (1 João 2; 9-10). Os segredos espirituais aqui ensinados não são revelados aos que não estão de acordo com as verdades divinas. Essa Verdade não pode ser vivenciada pelo homem possuidor de intenções mesquinhas ou egoístas, pois tais características o distanciam da Realidade/Verdade que Deus é. Goldsmith diz:

"Acima de tudo é preciso lembrar-se de que o mínimo desejo de receber benefício pessoal, a presença do menor traço de egoísmo, são fatores que anulam o processo todo. Não há nada que deva ser obtido, e não podemos trabalhar do ponto de vista que admitisse haver. Deus é o infinito ser que revela, desenvolve, manifesta e expressa a Si próprio infinitamente como sendo eu e você. O único objetivo do tratamento e da prece é dar a conscientização da perfeição que já existe. Na Cristo-consciência não pode haver lugar que abrigue qualquer ódio, inveja, ciúme ou malícia. A consciência que retém algum desses traços não é uma consciência curadora. A consciência de um curador deve ser a consciência de um indivíduo que não acolhe nenhum sentimento de ódio, inveja, ciúme ou malícia. A consciência deve ser uma transparência para Deus, e como Deus opera na consciência do amor, quando qualidades opostas são acolhidas não há uma consciência curadora. É preciso desejar ardentemente que a verdade conhecida sobre si mesmo seja universalmente válida. Não é fácil perceber que seria pura perda de tempo haver tratamento ou prece sem esta qualidade de perdão? A consciência precisa ser uma transparência para Deus, isto é, uma transparência de caráter universal, impessoal e imparcial."

Goldsmith diz ainda: "Tudo que nós chegarmos a conscientizar como sendo verdade para nós mesmos, para o nosso ser, deve ser compreendido como sendo também verdade sobre todos os demais. Em outras palavras, não é possível haver uma prece visando que o sol brilhe em nosso jardim somente. Num caso destes, a prece deverá ser apenas para o sol brilhar. Devemos estar desejosos de que ele brilhe tanto em nosso pátio como no de nosso inimigo. Enquanto conservarmos no pensamento algum senso de ódio ou inimizade, o tratamento ou prece será inútil." A Verdade é universal. Não existe mais Verdade ou "Deus" em um ser do que em outro. O Deus que existia (existe!) em Jesus é o mesmo Deus que existe em Buda, em Krishna, e em cada ser existente. Deus é onipresente! A questão consiste em o ser humano despertar para essa verdade. Quando todos os homens despertarem para essa verdade, todos se verão brilhando na mesma Luz Infinita que compõe a totalidade do Universo. Jesus Cristo disse: "Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim." (João 17; 21-23). Por isso Goldsmith afirma que devemos ter a consciência de que "não temos inimigos". A Luz de Deus brilha sobre todos, imparcialmente. Por isso, o ensinamento cristão ensina-nos a "orar por nossos inimigos". Não se trata de orar por inimigos (pois não são realidade), e sim anular a visão errônea da mente humana e reconhecer a realidade de Deus como sendo tudo.

Namastê!

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