No espaço de comentários, o meu amigo Mizi trouxe uma questão muito profunda, completa e reflexiva sobre o amor e a gratidão. Foi uma questão bastante proveitosa porque, nela, foram feitas perguntas diretas, sem rodeios. Enquanto lia, muitas coisas surgiram em minha mente, muitos comentários e forma de explicações; à medida que ia lendo e acompanhando o raciocínio de tais questões, uma compreensão foi se desdobrando dentro de mim e me senti como se estivesse sendo conduzido. E veio a sensação: "escreva isto!". Então escrevi abordando o assunto e, ao terminá-lo, decidi transformar o texto em post. Para isso, na parte das questões, selecionei aquelas em que centrei e desenvolvi a minha abordagem do assunto. Às questões seguem meu comentário. Vamos a eles.
A reflexão
A primeira questão:
"Mesmo os atos apenas concretamente praticados, feitos sem amor, não são dignos de gratidão por parte do "receptor"?? Se por um lado, não houve amor ao "dar", o que impede de haver o amor ao "receber"?? Devemos "receber" com amor aquilo que nos foi dado sem amor?? Se a resposta é sim, então porque as pessoas desconfiam das intenções alheias? Receber é muito mais fácil que doar, pois poderá ser feito sempre com amor. Nesse sentido, qual o fundamento da ingratidão?? Não receber algo que não foi dado com amor é enxergar a mesmeridade do ato em si e coadunar com a ilusão deste mundo. Um iluminado não deveria receber com amor e gratidão tudo quanto lhe oferecerem sem se preocupar se aquilo lhe foi dado com amor ou sem amor?
Nesse sentido, não deveríamos ser todos sempre gratos a tudo, independente da "origem"? O único julgamento de atos que o ser humano deve fazer são os dos próprios atos, aqueles que ele próprio pratica, e não os que os outros praticam. Pois os que ele próprio pratica são doação de seu ser. Convém-lhe vigiar e saber se seus atos são manifestação de amor verdadeiro ou não. No entanto, não lhe convém julgar os atos alheios, posto que não somos doadores de atos alheios. Somos apenas receptores de atos alheios. Receber não exige julgamento ou vigília. Exige tão somente confiança e gratidão. E nessas duas coisas o Amor brilha mais forte e intenso do que em qualquer repúdio justificado por facticidades "deste mundo".
A segunda questão:
"Gratidão é retribuição de um ato ou é manifestação de amor de um ato recebido, mesmo que este tenha sido paticado sem amor?? Essa questão é fundamental, se temos em nossa cabeça que o amor não exige nem precisa de recompensa/retribuição. Quando se doa algo com amor, se doa perfeitamente, completamente, sem ressalvas ou condições. Sem expectativas de recompensas ou retribuições. No entanto, é errado esperar gratidão? Gratidão é retribuição? Quando se espera por gratidão, não se está esperando apenas que o amor seja correspondido na mesma intensidade? Se sim, porque temos medo de desejar gratidão? O desejo pela gratidão viola o amor incondicional? Deus também não gosta que sejamos gratos a Ele? Se sim, Deus ama incondicionalmente. Se não, então gratidão é retribuição. Se sim, gratidão é manifestação natural do amor. Afinal, gratidão é apenas o reconhecimento de que um ato de amor muito grande surgiu, seja ele no ato de dar ou no de receber, ou no de ambos. Mas será mesmo?"
"(...) Tentei meditar sobre isso... Tentei me curar sobre isso... Tentei obter alguma iluminação sobre isso, algum "satori", uma compreensão mística. Qualquer coisa. Mas a resposta vem sempre em enigmas cada vez mais complexos. Ilusão e realidade se misturam cada vez mais num grande turbilhão de sentimentos e emoções, catarses e noites mal dormidas. Com o amanhecer, a única grande certeza permanece: "eu amo". O resto já não tem como ser expressado. As aves cantam, mas não sei como expressar minha gratidão por tão formoso milagre. A brisa suave toca meu rosto passando pela sacada de meu quarto, e não sei como agradecer por tamanho vigor. Qualquer tentativa concreta me parece mera vaidade. Mera tentativa de endeusar criaturas e pessoas que estão sempre ao meu redor e fazem o meu dia ser perfeito, dia após dia.
E no fim do dia, quando chega a noite, vem o arrependimento, primeiro por não saber "como" agradecer à altura por tanto amor que recebo das criatura e/ou pessoas (ainda que seus atos não tenham o Amor como intenção original), segundo por ficar sempre entre o "agradecer" e o "não-agradecer", e terceiro por escolher sempre o "agradecer" e, com isso, parecer que faço tudo isso por vaidade."
A cura para isso?? Tem cura? Está em mim? As pessoas e criaturas nunca saberão o quanto as amo, por mais que eu tente demonstrar. Minha doença espiritual é a eterna sina de não saber "como" amar ou como me expressar.
Oh, céus, mais uma questão surgindo: "existe a forma adequada de amar ou de expressar o amor?" Rsss..."
"Mesmo os atos apenas concretamente praticados, feitos sem amor, não são dignos de gratidão por parte do "receptor"?? Se por um lado, não houve amor ao "dar", o que impede de haver o amor ao "receber"?? Devemos "receber" com amor aquilo que nos foi dado sem amor?? Se a resposta é sim, então porque as pessoas desconfiam das intenções alheias? Receber é muito mais fácil que doar, pois poderá ser feito sempre com amor. Nesse sentido, qual o fundamento da ingratidão?? Não receber algo que não foi dado com amor é enxergar a mesmeridade do ato em si e coadunar com a ilusão deste mundo. Um iluminado não deveria receber com amor e gratidão tudo quanto lhe oferecerem sem se preocupar se aquilo lhe foi dado com amor ou sem amor?
Nesse sentido, não deveríamos ser todos sempre gratos a tudo, independente da "origem"? O único julgamento de atos que o ser humano deve fazer são os dos próprios atos, aqueles que ele próprio pratica, e não os que os outros praticam. Pois os que ele próprio pratica são doação de seu ser. Convém-lhe vigiar e saber se seus atos são manifestação de amor verdadeiro ou não. No entanto, não lhe convém julgar os atos alheios, posto que não somos doadores de atos alheios. Somos apenas receptores de atos alheios. Receber não exige julgamento ou vigília. Exige tão somente confiança e gratidão. E nessas duas coisas o Amor brilha mais forte e intenso do que em qualquer repúdio justificado por facticidades "deste mundo".
A segunda questão:
"Gratidão é retribuição de um ato ou é manifestação de amor de um ato recebido, mesmo que este tenha sido paticado sem amor?? Essa questão é fundamental, se temos em nossa cabeça que o amor não exige nem precisa de recompensa/retribuição. Quando se doa algo com amor, se doa perfeitamente, completamente, sem ressalvas ou condições. Sem expectativas de recompensas ou retribuições. No entanto, é errado esperar gratidão? Gratidão é retribuição? Quando se espera por gratidão, não se está esperando apenas que o amor seja correspondido na mesma intensidade? Se sim, porque temos medo de desejar gratidão? O desejo pela gratidão viola o amor incondicional? Deus também não gosta que sejamos gratos a Ele? Se sim, Deus ama incondicionalmente. Se não, então gratidão é retribuição. Se sim, gratidão é manifestação natural do amor. Afinal, gratidão é apenas o reconhecimento de que um ato de amor muito grande surgiu, seja ele no ato de dar ou no de receber, ou no de ambos. Mas será mesmo?"
"(...) Tentei meditar sobre isso... Tentei me curar sobre isso... Tentei obter alguma iluminação sobre isso, algum "satori", uma compreensão mística. Qualquer coisa. Mas a resposta vem sempre em enigmas cada vez mais complexos. Ilusão e realidade se misturam cada vez mais num grande turbilhão de sentimentos e emoções, catarses e noites mal dormidas. Com o amanhecer, a única grande certeza permanece: "eu amo". O resto já não tem como ser expressado. As aves cantam, mas não sei como expressar minha gratidão por tão formoso milagre. A brisa suave toca meu rosto passando pela sacada de meu quarto, e não sei como agradecer por tamanho vigor. Qualquer tentativa concreta me parece mera vaidade. Mera tentativa de endeusar criaturas e pessoas que estão sempre ao meu redor e fazem o meu dia ser perfeito, dia após dia.
E no fim do dia, quando chega a noite, vem o arrependimento, primeiro por não saber "como" agradecer à altura por tanto amor que recebo das criatura e/ou pessoas (ainda que seus atos não tenham o Amor como intenção original), segundo por ficar sempre entre o "agradecer" e o "não-agradecer", e terceiro por escolher sempre o "agradecer" e, com isso, parecer que faço tudo isso por vaidade."
A cura para isso?? Tem cura? Está em mim? As pessoas e criaturas nunca saberão o quanto as amo, por mais que eu tente demonstrar. Minha doença espiritual é a eterna sina de não saber "como" amar ou como me expressar.
Oh, céus, mais uma questão surgindo: "existe a forma adequada de amar ou de expressar o amor?" Rsss..."
Comentário:
O que o Mizi disse sobre gratidão é muito relevante e também está de acordo com o post do Osho.
Por que ele consegue sentir gratidão até pelos atos que são praticados sem o Amor como intenção original? Por que ele consegue receber com amor tudo, até mesmo as coisas que foram doadas sem amor? E por que ele não consegue nunca desconfiar das intenções alheias? É porque ele vê o mundo com uma outra visão; ele consegue olhar para as pessoas com outro olhar, diferente do usual.
O olhar usual está preenchido de conceitos, de expectativas, de condicionamentos. É como um espelho cheio de pó acumulado em cima: ele perde a capacidade de refletir. E olhares prenchidos de conceitos, expectativas e condicionamentos sempre fazem julgamento - o julgamento é o anuviamento da percepção/reflexão do espelho. O Mizi tem um olhar diferente, e, como eu o conheço pessoalmente, dou o meu testemunho de que é assim que ele é, pois já convivo há bastante tempo e conheço como é o seu modo de agir com as pessoas, com a vida, etc. O olhar simples e diferente que ele tem faz com que ele seja atraído, de modo que isso o torna incapaz de escapar do amor: o amor está em toda parte - mas só para quem tem olhos para ver, só para quem tem essa "outra" visão simples e, em suficiente medida, descondicionada.
Por que ele consegue sentir gratidão até pelos atos que são praticados sem o Amor como intenção original? Por que ele consegue receber com amor tudo, até mesmo as coisas que foram doadas sem amor? E por que ele não consegue nunca desconfiar das intenções alheias? É porque ele vê o mundo com uma outra visão; ele consegue olhar para as pessoas com outro olhar, diferente do usual.
O olhar usual está preenchido de conceitos, de expectativas, de condicionamentos. É como um espelho cheio de pó acumulado em cima: ele perde a capacidade de refletir. E olhares prenchidos de conceitos, expectativas e condicionamentos sempre fazem julgamento - o julgamento é o anuviamento da percepção/reflexão do espelho. O Mizi tem um olhar diferente, e, como eu o conheço pessoalmente, dou o meu testemunho de que é assim que ele é, pois já convivo há bastante tempo e conheço como é o seu modo de agir com as pessoas, com a vida, etc. O olhar simples e diferente que ele tem faz com que ele seja atraído, de modo que isso o torna incapaz de escapar do amor: o amor está em toda parte - mas só para quem tem olhos para ver, só para quem tem essa "outra" visão simples e, em suficiente medida, descondicionada.
Essa "outra visão simples e descondicionada", todo mundo já a possui; ela é o espelho sem o pó acumulado. Todas os seres são espelhos, todas as almas são espelhos. Todos os olhos já possuem a capacidade de refletir de forma simples, pura, límpida, total.
Uma pessoa que age em relação a nós com atos desprovidos de intenções de amor pode ser vista de duas formas: ou pela mente anuviada (acumulada com o pó) ou com a mente límpida (descondicionada de conceitos,qualquer conceito que nos diga que a pessoa tem que retribuir/reagir desta ou daquela forma). Se os olhos estiverem anuviados, você verá a ação do outro de maneira superficial, e essa maneira será sempre ditada com base em seus conceitos/condicionamentos -- e é a partir deles que o seu julgamento vai se formar. Por exemplo: você está andando na rua e vê um vendedor oferecendo-lhe alguma coisa - uma água. Você pode interpretar isso de muitas formas. Se os seus olhos estiverem anuviados, cheios de pó, milhões interpretações poderão surgir em você, dizendo algo sobre aquele vendedor (as interpretações serão fetas com base nos conceitos que estão edificados em você). Você poderá pensar: "este homem não está nem aí pra mim. Ele só quer vender a água para conseguir se sustentar, e esse é o motivo dele estar me oferecendo essa água. O ato dele não tem o amor como intenção original". E isso é um julgamento. Esse tipo de visão surge baseada em certos tipos de pensamentos, conceitos, condicionamentos que a pessoa carrega dentro de si. Se os pensamentos fossem outros, a interpretação também seria diferente - milhões de interpretações são possíveis de aparecerem numa mente que está anuviada por pensamentos, expectativas e condicionamentos. Dessa forma, a pessoa que estiver com os olhos anuviados verá milhões de coisas, milhões de realidades - todas elas ilusórias, porque aquilo que não é ilusão só tem uma única realidade, forma, jeito... é imutável. A visão desprovida de conceitos, condicionamentos, julgamentos, é diferente. Ela só consegue ver uma única coisa. Só há uma única coisa, porque ela está em todas as partes, não há como escapar dela. A forma simples e pura de ver olhará para o vendedor e não verá nenhum “homem vendedor” ali, tudo o que ela verá é que um homem está ali vendendo-lhe água e, naquele momento, isto é tudo. É assim que é. É isso o que está acontecendo/sendo naquele momento. Pronto! Ele se satisfaz com isso.
Essa percepção não julga, não projeta em ninguém conceitos, pensamentos, nem condicionamentos pessoais, e por isso não espera de ninguém que seja feita retribuição de uma ou outra maneira, nem que reaja de certa forma. Ela não espera nada. Ela está simplesmente ali, percebendo o que está acontecendo no momento. Um olhar desses não desconfia das intenções alheias. Ele é capaz de receber tudo sem desconfianças, porque enxerga amor em tudo. Se você retirar a poeira de seus olhos, verá que tudo – até mesmo um ato praticado sem a intenção de amor – está impregnado/repleto de amor. E é essa percepção que o tornará grato por tudo, independentemente do que esteja sendo feito pelo outro, independentemente do que o outro estiver dando a você. Você simplesmente receberá com amor, porque seus olhos estarão percebendo: “até mesmo esta ação deste homem denota amor. Aqui está um homem que está fazendo ‘isto’ e ‘isto’. É assim que é. Neste momento é isto o que está acontecendo”. As intenções do homem não importam – até mesmo elas são expressões de amor --, o que importa é o que você está vendo graças à sua capacidade de ver. O que importa é o que você está vendo, e não o que está “sendo mostrado”. Você não estará olhando para o homem e suas intenções, você estará vendo o amor. Tanto o homem como as intenções são imagens superficiais captados por uma percepção limitada. Se a percepção estiver mais aprofundada ela perceberá como se, sem desaparecer, o homem deixasse de estar ali e, tanto ele como suas intenções, seriam a pequena parte de uma expressão de amor que está em todos os lugares. Mas isso só é possível ser percebido para quem tem olhos para ver.
Essa visão mais espiritual faz surgir um sorriso no coração de quem a tem. A pessoa fica preenchida de contentamento, um sentimento sublime, e uma paz suave também surge no ser. A mera percepção de perceber as coisas como “apenas sendo” traz uma alegria e muda o foco, o nosso referencial, para um outro totalmente diferente de quando víamos o mundo com a poeira acumulada no espelho. A poeira no espelho faz você ter uma visão superficial, distorcida, e o mantém preso à aparência que lhe está sendo mostrada. O espelho sem poeira revela que uma certa "substância" está compondo tudo aquilo que por você estiver sendo captado – pessoas, coisas, acontecimentos. Mas essa substância é tão frágil, tão sutil e tão fugaz, que, na presença de poeira em seus olhos, ela se desfaz, se oculta, imediatamente. E de novo a superfície aparece.
Vamos exercitar de novo a percepção com mais um exemplo: uma pessoa vem e tenta lhe enganar, tenta trapaceá-lo, causar-lhe um prejuízo. Você tem dois modos de olhar para esta situação: um lhe mostrará milhares de interpretações possíveis, que poderão despertar milhares de emoções e milhares de reações em você: tudo dependerá da maneira como sua mente estará vendo, olhando para a situação. A outra maneira de olhar lhe permitirá uma única interpretação possível, que não é uma interpretação, em absoluto: é uma simples e pura percepção. Será apenas o espelho refletindo. Um modo de olhar pode mostrar-lhe milhares de coisas distintas porque, dependendo da posição que a poeira estiver sendo acumulada – dependendo do desenho formado pelo acúmulo de poeira – a imagem será refletida de formas diferentes, nunca de forma total. O espelho límpido, sem o acúmulo de poeira, só tem uma maneira de refletir a imagem: reflete totalmente. A reflexão é simples, pura, virgem, jamais distorcida, total.
Os olhos anuviados lhe mostrarão intenções de trapaça, de prejuízo. Você verá um homem mau ali na sua frente, e sentirá algum tipo de raiva, mágoa ou desprezo por ele. Você estará envolvido com a superficialidade das coisas – nada mais que uma das milhares de interpretações que poderiam emergir em você. Mas os olhos simples lhe mostrarão outra coisa: “aqui está ocorrendo um acontecimento, e isto é o que está acontecendo. É assim que é.”. É algo diferente. É uma visão diferente, um reconhecimento diferente. Essa visão diferente muda totalmente, leitor, o seu referencial como personagem inserido num contexto. Você percebe como se estivesse num filme, e é como se, de repente, você parasse de se identificar com o personagem que está sendo trapaceado, e passasse a ser a “história” que está sendo contada, você passa a apreciar o roteiro do filme. A mente anuviada percebe a si mesma como se estivesse sendo o personagem que está sendo trapaceado, para ela o ser que ela é é somente aquilo. A mente límpida deixa de ver-se como personagem, ou seja, deixa de estar identificada com o personagem da história para identificar-se com o roteiro, com a história. Antes ela estava dentro; então ela se desapega, fica leve, expande-se, deixa de sofrer com acontecimentos fragmentados, e passa para o lado de fora; subitamente ela vê-se do lado de fora: “espere! Eu não sou este personagem que pensava ser. E este homem à minha frente também não é o que ele ou eu pensava que ele fosse. Este homem é o mesmo que eu; ele é a história acontecendo, a história que é contada no roteiro. E tanto o homem que trapaceia quanto o homem que está sendo trapaceado são apenas personagens do roteiro. É uma história bela!”. Olhando de forma geral, toda história é bela. Para um ou outro personagem, no entanto, a história pode parecer ser feia, terrível, porque ele vive apenas parte da história, ele está limitado apenas a um pequeno contexto da história.
Com a mente sem poeira, você é capaz de perceber a história, o roteiro. Tudo é belo, porque você é a história em si. Com a mente coberta de pó, você percebe-se, limitadamente, sendo um personagem, e todos os sofrimentos do personagem serão os seus sofrimentos. Por que é possível ao homem colocar-se numa posição de receber tudo – qualquer que seja a coisa – com sentimento de gratidão? Porque ele adquiriu uma visão que transcende o personagem, uma visão que deixa de viver somente dentro da história e passa para o lado de fora. Lá ela percebe a história em sua totalidade, ela percebe o amor. A história está em todos os lugares, ela está em todas as partes do roteiro, é impossível escapar dela. Ela está acontecendo, a cada minuto. E ela é da forma que é – Essa é a visão que gera a gratidão na alma de cada individualidade existente.
Por isso, do referencial transcendental, podemos dizer isto: tudo é como é! O problema surge quando o ego, o personagem, entra no meio e tenta se fazer o centro da história, quando ele entra e assume que ele é a parte mais importante da história. Você já percebeu? Em muitas coisas da vida, ninguém diz a Deus o que fazer. Ninguém pede para que, de manhã, Deus faça nascer o sol e, à noite, o faça pôr-se. Ninguém pede à Deus para que o capim nasça na terra, para que brotem rosas na roseira, ninguém pede à Deus para que mude a lei da gravitação para esta ou aquela forma. Parece que os homens reconhecem a Deus o direito de governar o Seu mundo assim como Ele o está governando -- assim como o mundo já o é. Mas, quando entra em questão o ego, o homem se dirige a Deus e diz: “Deus, faça desta e daquela forma, por favor!”. Uma reação dessas só provém de um homem que ainda está identificado com o personagem da história. A pessoa que já percebeu, que já compreendeu que está fora da história, e que NUNCA o “ser que ela é” estivera sendo aquele personagem, olha para tudo e percebe: “tudo já é como é, e isso é amor.” Quanto amor! Todos já estão sendo, aqui e agora, assim como são. Todas as pessoas estão impregnadas com a substância do amor desde as células até à medula. O amor é a substância que permeia tudo, que forma tudo, que compõem tudo e todos. Para essas pessoas capazes de ver, ninguém age com más intenções, todos também estão dançando a dança do amor, estão palpitando com a mesma energia que essas pessoas capazes de ver sentem. Eles também estão “chutando” (usando a metáfora do post do Osho)! Todos estão! Todos já são como são. Não há ninguém que não esteja “chutando”, que não esteja sendo a história no roteiro, cumprindo um determinado papel e, assim, contribuindo para a história acontecer. Talvez o homem trapaceiro não esteja percebendo isso – não importa, isso também não significa que ele não esteja chutando. Ele também está cumprindo com a sua parte no papel da existência, e será percebido perfeitamente pela pessoa que tem a mente límpida e clara para ver. O personagem não importa. O que importa é a resposta muito profunda à questão: “Quem sou eu?”. A solução dessa charada trás a felicidade como recompensa, o contentamento, a paz.
Quem ama realmente não se importa com as aparências, apenas segue amando. Ama tanto ao doar quanto no receber. E, aqui, finalizo este texto com um trecho do comentário que o Mizi escreveu:
Uma pessoa que age em relação a nós com atos desprovidos de intenções de amor pode ser vista de duas formas: ou pela mente anuviada (acumulada com o pó) ou com a mente límpida (descondicionada de conceitos,qualquer conceito que nos diga que a pessoa tem que retribuir/reagir desta ou daquela forma). Se os olhos estiverem anuviados, você verá a ação do outro de maneira superficial, e essa maneira será sempre ditada com base em seus conceitos/condicionamentos -- e é a partir deles que o seu julgamento vai se formar. Por exemplo: você está andando na rua e vê um vendedor oferecendo-lhe alguma coisa - uma água. Você pode interpretar isso de muitas formas. Se os seus olhos estiverem anuviados, cheios de pó, milhões interpretações poderão surgir em você, dizendo algo sobre aquele vendedor (as interpretações serão fetas com base nos conceitos que estão edificados em você). Você poderá pensar: "este homem não está nem aí pra mim. Ele só quer vender a água para conseguir se sustentar, e esse é o motivo dele estar me oferecendo essa água. O ato dele não tem o amor como intenção original". E isso é um julgamento. Esse tipo de visão surge baseada em certos tipos de pensamentos, conceitos, condicionamentos que a pessoa carrega dentro de si. Se os pensamentos fossem outros, a interpretação também seria diferente - milhões de interpretações são possíveis de aparecerem numa mente que está anuviada por pensamentos, expectativas e condicionamentos. Dessa forma, a pessoa que estiver com os olhos anuviados verá milhões de coisas, milhões de realidades - todas elas ilusórias, porque aquilo que não é ilusão só tem uma única realidade, forma, jeito... é imutável. A visão desprovida de conceitos, condicionamentos, julgamentos, é diferente. Ela só consegue ver uma única coisa. Só há uma única coisa, porque ela está em todas as partes, não há como escapar dela. A forma simples e pura de ver olhará para o vendedor e não verá nenhum “homem vendedor” ali, tudo o que ela verá é que um homem está ali vendendo-lhe água e, naquele momento, isto é tudo. É assim que é. É isso o que está acontecendo/sendo naquele momento. Pronto! Ele se satisfaz com isso.
Essa percepção não julga, não projeta em ninguém conceitos, pensamentos, nem condicionamentos pessoais, e por isso não espera de ninguém que seja feita retribuição de uma ou outra maneira, nem que reaja de certa forma. Ela não espera nada. Ela está simplesmente ali, percebendo o que está acontecendo no momento. Um olhar desses não desconfia das intenções alheias. Ele é capaz de receber tudo sem desconfianças, porque enxerga amor em tudo. Se você retirar a poeira de seus olhos, verá que tudo – até mesmo um ato praticado sem a intenção de amor – está impregnado/repleto de amor. E é essa percepção que o tornará grato por tudo, independentemente do que esteja sendo feito pelo outro, independentemente do que o outro estiver dando a você. Você simplesmente receberá com amor, porque seus olhos estarão percebendo: “até mesmo esta ação deste homem denota amor. Aqui está um homem que está fazendo ‘isto’ e ‘isto’. É assim que é. Neste momento é isto o que está acontecendo”. As intenções do homem não importam – até mesmo elas são expressões de amor --, o que importa é o que você está vendo graças à sua capacidade de ver. O que importa é o que você está vendo, e não o que está “sendo mostrado”. Você não estará olhando para o homem e suas intenções, você estará vendo o amor. Tanto o homem como as intenções são imagens superficiais captados por uma percepção limitada. Se a percepção estiver mais aprofundada ela perceberá como se, sem desaparecer, o homem deixasse de estar ali e, tanto ele como suas intenções, seriam a pequena parte de uma expressão de amor que está em todos os lugares. Mas isso só é possível ser percebido para quem tem olhos para ver.
Essa visão mais espiritual faz surgir um sorriso no coração de quem a tem. A pessoa fica preenchida de contentamento, um sentimento sublime, e uma paz suave também surge no ser. A mera percepção de perceber as coisas como “apenas sendo” traz uma alegria e muda o foco, o nosso referencial, para um outro totalmente diferente de quando víamos o mundo com a poeira acumulada no espelho. A poeira no espelho faz você ter uma visão superficial, distorcida, e o mantém preso à aparência que lhe está sendo mostrada. O espelho sem poeira revela que uma certa "substância" está compondo tudo aquilo que por você estiver sendo captado – pessoas, coisas, acontecimentos. Mas essa substância é tão frágil, tão sutil e tão fugaz, que, na presença de poeira em seus olhos, ela se desfaz, se oculta, imediatamente. E de novo a superfície aparece.
Vamos exercitar de novo a percepção com mais um exemplo: uma pessoa vem e tenta lhe enganar, tenta trapaceá-lo, causar-lhe um prejuízo. Você tem dois modos de olhar para esta situação: um lhe mostrará milhares de interpretações possíveis, que poderão despertar milhares de emoções e milhares de reações em você: tudo dependerá da maneira como sua mente estará vendo, olhando para a situação. A outra maneira de olhar lhe permitirá uma única interpretação possível, que não é uma interpretação, em absoluto: é uma simples e pura percepção. Será apenas o espelho refletindo. Um modo de olhar pode mostrar-lhe milhares de coisas distintas porque, dependendo da posição que a poeira estiver sendo acumulada – dependendo do desenho formado pelo acúmulo de poeira – a imagem será refletida de formas diferentes, nunca de forma total. O espelho límpido, sem o acúmulo de poeira, só tem uma maneira de refletir a imagem: reflete totalmente. A reflexão é simples, pura, virgem, jamais distorcida, total.
Os olhos anuviados lhe mostrarão intenções de trapaça, de prejuízo. Você verá um homem mau ali na sua frente, e sentirá algum tipo de raiva, mágoa ou desprezo por ele. Você estará envolvido com a superficialidade das coisas – nada mais que uma das milhares de interpretações que poderiam emergir em você. Mas os olhos simples lhe mostrarão outra coisa: “aqui está ocorrendo um acontecimento, e isto é o que está acontecendo. É assim que é.”. É algo diferente. É uma visão diferente, um reconhecimento diferente. Essa visão diferente muda totalmente, leitor, o seu referencial como personagem inserido num contexto. Você percebe como se estivesse num filme, e é como se, de repente, você parasse de se identificar com o personagem que está sendo trapaceado, e passasse a ser a “história” que está sendo contada, você passa a apreciar o roteiro do filme. A mente anuviada percebe a si mesma como se estivesse sendo o personagem que está sendo trapaceado, para ela o ser que ela é é somente aquilo. A mente límpida deixa de ver-se como personagem, ou seja, deixa de estar identificada com o personagem da história para identificar-se com o roteiro, com a história. Antes ela estava dentro; então ela se desapega, fica leve, expande-se, deixa de sofrer com acontecimentos fragmentados, e passa para o lado de fora; subitamente ela vê-se do lado de fora: “espere! Eu não sou este personagem que pensava ser. E este homem à minha frente também não é o que ele ou eu pensava que ele fosse. Este homem é o mesmo que eu; ele é a história acontecendo, a história que é contada no roteiro. E tanto o homem que trapaceia quanto o homem que está sendo trapaceado são apenas personagens do roteiro. É uma história bela!”. Olhando de forma geral, toda história é bela. Para um ou outro personagem, no entanto, a história pode parecer ser feia, terrível, porque ele vive apenas parte da história, ele está limitado apenas a um pequeno contexto da história.
Com a mente sem poeira, você é capaz de perceber a história, o roteiro. Tudo é belo, porque você é a história em si. Com a mente coberta de pó, você percebe-se, limitadamente, sendo um personagem, e todos os sofrimentos do personagem serão os seus sofrimentos. Por que é possível ao homem colocar-se numa posição de receber tudo – qualquer que seja a coisa – com sentimento de gratidão? Porque ele adquiriu uma visão que transcende o personagem, uma visão que deixa de viver somente dentro da história e passa para o lado de fora. Lá ela percebe a história em sua totalidade, ela percebe o amor. A história está em todos os lugares, ela está em todas as partes do roteiro, é impossível escapar dela. Ela está acontecendo, a cada minuto. E ela é da forma que é – Essa é a visão que gera a gratidão na alma de cada individualidade existente.
Por isso, do referencial transcendental, podemos dizer isto: tudo é como é! O problema surge quando o ego, o personagem, entra no meio e tenta se fazer o centro da história, quando ele entra e assume que ele é a parte mais importante da história. Você já percebeu? Em muitas coisas da vida, ninguém diz a Deus o que fazer. Ninguém pede para que, de manhã, Deus faça nascer o sol e, à noite, o faça pôr-se. Ninguém pede à Deus para que o capim nasça na terra, para que brotem rosas na roseira, ninguém pede à Deus para que mude a lei da gravitação para esta ou aquela forma. Parece que os homens reconhecem a Deus o direito de governar o Seu mundo assim como Ele o está governando -- assim como o mundo já o é. Mas, quando entra em questão o ego, o homem se dirige a Deus e diz: “Deus, faça desta e daquela forma, por favor!”. Uma reação dessas só provém de um homem que ainda está identificado com o personagem da história. A pessoa que já percebeu, que já compreendeu que está fora da história, e que NUNCA o “ser que ela é” estivera sendo aquele personagem, olha para tudo e percebe: “tudo já é como é, e isso é amor.” Quanto amor! Todos já estão sendo, aqui e agora, assim como são. Todas as pessoas estão impregnadas com a substância do amor desde as células até à medula. O amor é a substância que permeia tudo, que forma tudo, que compõem tudo e todos. Para essas pessoas capazes de ver, ninguém age com más intenções, todos também estão dançando a dança do amor, estão palpitando com a mesma energia que essas pessoas capazes de ver sentem. Eles também estão “chutando” (usando a metáfora do post do Osho)! Todos estão! Todos já são como são. Não há ninguém que não esteja “chutando”, que não esteja sendo a história no roteiro, cumprindo um determinado papel e, assim, contribuindo para a história acontecer. Talvez o homem trapaceiro não esteja percebendo isso – não importa, isso também não significa que ele não esteja chutando. Ele também está cumprindo com a sua parte no papel da existência, e será percebido perfeitamente pela pessoa que tem a mente límpida e clara para ver. O personagem não importa. O que importa é a resposta muito profunda à questão: “Quem sou eu?”. A solução dessa charada trás a felicidade como recompensa, o contentamento, a paz.
Quem ama realmente não se importa com as aparências, apenas segue amando. Ama tanto ao doar quanto no receber. E, aqui, finalizo este texto com um trecho do comentário que o Mizi escreveu:
“O único julgamento de atos que o ser humano deve fazer são os dos próprios atos, aqueles que ele próprio pratica, e não os que os outros praticam. Pois os que ele próprio pratica são doação de seu ser. Convém-lhe vigiar e saber se seus atos são manifestação de amor verdadeiro ou não. No entanto, não lhe convém julgar os atos alheios, posto que não somos doadores de atos alheios. Somos apenas receptores de atos alheios. Receber não exige julgamento ou vigília. Exige tão somente confiança e gratidão. E nessas duas coisas o Amor brilha mais forte e intenso do que em qualquer repúdio justificado por facticidades "deste mundo".
A todos, um grande abraço.
Gugu.
A todos, um grande abraço.
Gugu.
8 comentários:
"O mundo subatômico responde à nossa observação, mas em geral perdemos a capacidade de atenção a cada seis a dez segundos(...) Portanto, como as coisas muito grandes poderão responder a quem não tem nem mesmo a capacidade de focalizar e se concentrar? Talvez sejamos apenas maus observadores. Talvez não tenhamos dominado a capacidade de observação(...)
Devíamos estar dispostos a reservar uma parte do dia para(...) observar, com pura sinceridade, como construir um novo futuro possível para nós mesmos. Se fizermos isso, se observarmos corretamente, começaremos a ver oportunidades surgindo em nossas vidas."
"Até agora tratamos principalmente do conceito físico do observador. O outro lado do observador é possivelmente a impressão mais íntima que cada um de nós tem de si mesmo. Temos a sensação da existência de "um observador" em algum lugar dentro de nós olhando, observando o tempo todo. Algumas vezes chamamos de "a pequena voz silenciosa", muitas tradiçoes e práticas espirituais utilizaram o termo observador para dar um nome ao ser inefável, ou para designar nossa natureza interior e alterar por meio da observação o eu exterior."
"A prática zen de estar sempre presente em cada momento e não ser varrido pelas atividades externas tb pode ser descrita como permanecer no observador." do livro "Quem somos nós"
Gugu e Mizi, achei interessante abordar essa visão da física quântica em relação ao assunto que estamos debatendo, não sei até que ponto vcs estão interessados nesse assunto científico, mas cada vez que eu me aprofundo nesse tema complicado, mais eu percebo os pontos em comum com a espiritualidade que estamos discutindo, tanto aqui no Templo, qto no Artes e no blog do meu amigo Marcel Cervantes.
Bjs amiguinhos!
Fiat Lux
Reflexões com base nas questões do Mizi:
Quando vivemos no amor verdadeiro, nos ocupamos dele todo o tempo, porque temos a consciência de que não existe nada mais importante do que isto(não existe nada além disso), não há espaço para dúvidas porque o amor preenche todas as lacunas. “Como amar?” você pergunta. “Um gesto de amor e carinho de cada vez”, não existe uma formula para isso, cada ser vivo que cruza nosso caminho deve ser contemplado e amado, e um nunca será amado como o outro, porque o agora é sempre novo e não tem respostas prontas. Não sabemos como agir até agirmos, não sabemos o que dizer até que seja dito. Porque não somos nós que agimos, não somos nós quem dizemos.
Somos tentados a duvidar. Mas qual seria o contrário da dúvida: a certeza ou a entrega?
Quando estamos no centro do amor de Deus percebemos o dizer e o agir das pessoas de uma forma completa. O Meu Eu Superior nunca se engana nem nunca desconfia, porque ele sabe. Quem duvida, desconfia, julga ou se engana está na superficialidade, é o ego. Se você me diz “Eu te amo” eu simplesmente aceito o seu amor, SEI exatamente o que ele significa, e o amo da mesma forma como Deus deve ser amado, porque o meu amor independe do significado do seu. Mas como Gugu sabiamente disse, você já tinha a resposta para essas perguntas. As pessoas desconfiam porque são ignorantes, elas são ingratas porque são ignorantes, porque desconhecem o significado sublime do amor.
“Somos apenas receptores de atos alheios. Receber não exige julgamento ou vigília. Exige tão somente confiança e gratidão. E nessas duas coisas o Amor brilha mais forte e intenso...” lindas e sábias palavras meu amigo Mizi.
“Gratidão é manifestação de amor de um ato recebido, independente de como este tenha sido praticado. O amor não exige nem precisa de recompensa/retribuição.”
Do amor posso dizer que ele flui de dentro pra fora, se ele retornará ou não como gratidão, não nos cabe julgar nem esperar. Aquele que sabe(Deus), não espera nada porque SABE de todas as coisas previamente. Há alguma coisa para se esperar quando você conhece toda a história do inicio ao fim? Por isso creio que Deus não espera que sejamos gratos ou não, porque ele sabe exatamente quando seremos e quando não seremos. Por outro lado, aquele que tem a conscência desperta sente naturalmente gratidão, e não porque Deus espere isso dele,“ Afinal, gratidão é apenas o reconhecimento de que um ato de amor muito grande surgiu, seja ele no ato de dar ou no de receber...”
Se ainda há Ilusão, turbilhão de sentimentos e emoções e noites mal dormidas... talvez ainda não exista amor o bastante. Quando o amor se manifest plenamente não há espaço para mais nada.
“Com o amanhecer, a única grande certeza permanece: "eu amo".”
Quando as aves cantam pra mim canto também para elas. Quando a brisa toca o meu rosto, eu inspiro mais lentamente e deixo que ela me preencha também por dentro. E quando ouvindo os pássaros e sentindo a brisa, em estado de graça SEI que nada mais é necessário, tomado por sublime sentimento de amor eu oro:
“Senhor Deus, criador de todas as coisas, eu sou grato pro existir no centro do seu amor. Sou grato por poder contemplar a sua criação. Que eu possa compartilhar com todos com quem eu cruzar a graça que é viver em tua presença.”
E depois de cantar para os pássaros e convidar a brisa a me conhecer por dentro e por fora e orar a Deus, e compartilhar a graça, sei que as pessoas e criaturas sabem o quanto as amo.
Que possamos amar como só nós sabemos amar em nossas individualidades, que possamos renovar esse amor no agora sempre novo e que possamos conscientizar a unidade do amor em Deus que nos unifica em comunhão.
Obrigado por me amar Mizi, eu tenho certeza do seu amor por mim e sou muito grato por você ter demonstrado esse amor compartilhando todas essas questões maravilhosas comigo e com todos que passam por aqui!
Obrigado e Obrigado!
P.S. Eu canto mesmo para os pássaros... e o mais legal é que eles respondem... e quando isso acontece não tem como duvidar que eles sabem que os amo e sou grato pelo seu canto.
Daniel Borges
Uau... Virou post. Que honra!! Gugu, eu não mereço tanto. Vejo o meu nome sendo citado tantas vezes que até fico envergonhado. Surge até uma pontinha de orgulho e vaidade querendo aparecer... Mas sei que não me convém desenvolver isso na alma. Apenas ignoro tal desejo e deixo-o transcorre como uma porção de areia em uma ampulheta. Bom, mas se a questão é importante para o crescimento espiritual nosso e das outras pessoas que visitam o blog, acredito que valha a pena ter que tomar um pouquinho de destaque.
Mas por favor, não achem que sou tudo isso aí que o Gugu falou, não. Na verdade, no Reino dos Céus sou ainda o menor de todos. E sinceramente, algumas vezes eu até penso se estou mesmo vivendo dentro deste Reino (ou que este Reino esteja vivendo dentro de mim... tanto faz). Talvez Deus não nos deixe ter tanta certeza para não surgir em nós a soberba e a vaidade... quem sabe?? É como já disse uma vez antes: eu costuma saber muitas coisas, mas atualmente não sei nada. Só sei que amo, e deixo o resto rolar. Mas agradeço por tudo, por toda a atenção. Quando eu comentei pela primeira vez, não imaginava nunca que iria gerar tanta repercussão. Mas eu vejo tudo isso com muito bons olhos. Primeiro porque significa que minhas dúvidas e anseios estão sendo compartilhados por outras pessoas... Segundo porque sinto que não sou tão "diferente" assim. Afinal, todos nós acabamos passando por "turbilhões emotivos e noites mal dormidas". Rss...
Daniel, eu sequer conheço seu rosto, sua face. Mas há uma face sua que conheço bem, e é essa face que eu amo. Eu te amo muito sim. E é bom saber que você sabe disso. AH!! Quanto à questão do "turbilhão de pensamentos, sentimentos, emoções, catarse e noites mal dormidas" talvez você tenha entendido errado. Não era falta de Amor. Era falta de saber o que fazer com tanto amor. É como eu disse: às vezes acho que vou explodir! Além disso, "noites mal dormidas" são comuns para mim. Rsss... Tenho o costume de passar algumas noites em claro. Gugu sabe o motivo (aliás, às vezes acho que ele me conhece melhor do que eu mesmo. Rs). É que eu tenho uma leve "insônia" natural. Digo que é natural pq não é patológico. É que simplesmente não sinto tanta vontade de dormir. Para mim 4 a 5 horas de sonos por dia já me fazem muito bem. No entanto, às vezes desmonto e fico o dia inteiro hibernando... hahaha. Mas uma coisa eu preciso tirar o chapéu para você: vc canta com os pássaros... Que lindo!! Que resposta extraordinária. Apesar de inúmeras vezes eu ter pensado em como poderia retribuir tão grande favor, nunca tal idéia simples e profunda tinha me passado pela cabeça. Eu simplesmente ficava observando os passarinhos, embasbacado, sem saber como...
Já com o vento, minha relação já tinha se tornado íntima. Aliás, a sacada é meu lugar preferido da casa. Passo horas lá, sem fazer nada. Apenas "batendo um papo" com o vento. Quando chove, então... hum... o papo com a chuva fica seríssimo (hahaha). Eu tinha uma historinha sobre isso no meu antigo blog, mas receio ter perdido. O servidor do meu blog antigo está fora do ar... =/ Mas a questão é que às vezes sinto que isso é "insuficiente" para expressar minha gratidão, entende? É por isso que tinha minha dúvida: "existe uma forma adequada de se amar?" É uma questão boba, eu sei... Para muitas pessoas sim, pois elas sequer se importam em amar.... Por que se importariam com a forma correta de se amar se sequer se importam em amar? Para algumas pessoas essa questão é simplesmente muito estúpida.
No entanto, ela pode ser um pouquinho inconveniente para aqueles que ainda se esforçam em manter o Dom Supremo brilhando dentro de si.
AH! Fiat, eu já vi esse filme. Foi o Gugu inclusive quem me deu a cópia. Mas eu não sabia que havia um livro. Bom, acredito que de certo modo há muita relação sim entre a física quântica e a religião. Aliás, algumas ciências possuem mais espiritualidade do que imaginamos. Eu noto algumas dessas semelhanças tb na Psicologia, na Psicanálise (apesar de Freud ser ateu... hehe), na linguística, etc... A ciência um dia acaba se dando conta do fenômeno. É questão de tempo.
Bom, a todos o meu mais sincero abraço! Sei que até parece meio desgastada, mas vou dizer "a frase": "amo vocês".
^-^
Até!!!
Mizi
Daniel,
você acredita em destino (no sentido literal da palavra)? Quer dizer, predestinação, que não podemos mudar nada, etc?
Abraços!
Mizi
Mizi meu amado,
Não acredito no destino imutável. Mas acredito que toda mudança acontece primeiro em Deus e só então é manifestada por nós. Não dá pra surpeener Deus. Ele sempre sabe tudo antes que aconteça e nunca espera nada.
Essa é a possibilidade mais provável p mim hoje, mas se você me fizer essa pergunta amanhã, não espere a mesma resposta!(risos)
Bom final de semana!
Daniel Borges
Fiat,
A física quântica é bem complicada, mesmo, e eu me interesso por ela até certo ponto. Particurlamente, eu não tenho muitos problemas com a leitura do livro "Quem somos nós", eu leio como se estivesse lendo um gibi, porque o assunto é quase totalmente voltado para a espiritualidade. A física quântica me interessa até o ponto onde ela fala sobre espiritualidade, o resto, pra mim, é ciência e por isso me desinteresso.
A física quântica está dedicando seus estudos para descobrir - ou ao menos chegar o mais próximo possível - quem é "aquele que observa". Há um observador. Há um ser que está por trás de tudo e que apenas observa. E ele não se envolve com nada do que é observado; talvez não porque ele não queira, mas porque é impossível ele sair de "lá" onde ele está e se envolver com as coisas que se desenrolam no plano da observação. O plano onde as coisas que estão sendo observadas existe é diferente do plano onde existe o observador, há um abismo intransponível entre os dois. A única relação que existe entre esses dois planos é que: o plano onde existe as coisas observadas tem sua existência condicionada à existência ao plano do observador. O que é observado só pode "estar ali" se houver alguém "aqui" para observar. E o "aqui" nunca é o "ali", são sempre lugares diferentes.
O observador observa puramente. Ele ele não é limitado, porque somente coisas observadas podem ter um limite. Aquele que está de fora observando não pode ter um limite, se ele quiser continuar permanecendo sempre quem ele é. Se de repente o observador passasse a ter um limite, ele automaticamente adentraria o plano onde as coisas são observadas. Mas se ele entrar, quem vai estar lá para olhar para tudo o que está no plano onde ocorre a observação? Assim o observador não faz nada; ele apenas está presente. Ele é uma presença, só isso; uma presença na qual nada existe se não estiver diante dele.
Do ponto de vista do observador, tudo apenas "é". Não há rotulações, concordâncias ou discordâncias, ideias pré-concebidas, julgamentos, tudo está simplesmente acontecendo - e ele observa. O observar dele é puro. Ele é o roteiro da história, e não os personagens que acontecem na história. E ele é onipresente na história, existe em cada pedacinho dela.
Como saber exercitar/experimentar esse olhar puro que já está em nós? Realizando em você mesmo: quando você vai às montanhas e ouve o som da cachoeira, você concorda ou discorda dela? Você simplesmente ouve. A questão não é concordar ou discordar, ouvir não é julgar... observar simplesmente não é julgar. Esse é o olhar com que o observador assiste o desenrolar de toda existência.
Por isso é que você pode olhar para uma pessoa que apresenta uma conduta reprovável e, mesmo assim, se maravilhar com ela. Na visão convencional, condicionada, você nunca irá se maravilhar... porque em algum nível, por mínimo que seja, você estará julgando.. há poeira e seus olhos. Quando você estiver diante de casos como esse apenas lembre-se de como você se comporta quando está ouvindo o som da cachoeira. O vento passa pelos pinheiros... ouça. Cada pessoa é um vento passando pelo pinheiro e, o barulho que ela faz, deve ser escutado de ouvidos abertos: pura e simplesmente. Então você percebe: "apenas é!".
Essa expressão, "é como é", parece ser uma expressão idiota e retardada, mas só o é do referencial de quem está com a poeira acumulada nos olhos da mente. Se a mente estiver nítida, límpida como um espelho, essa expressão se mostra cheio de sentido - o sentido de "ser", e ela tem uma beleza.
Aquelas pessoas conduta reprovável podem não saber que são o vento passando pelos pinheiros. Até mesmo em suas ações reprováveis o vento passa explícitamente pelo pinheiro. Apenas fique quieto, em silêncio, e você conseguirá escutar: não a conduta reprovável daquele homem, mas o vento passando pelos pinheiros, e que reveste absolutamente tudo naquele homem - até mesmo a conduta dele. Isso é que significa ser um espelho límpido, que reflete a realidade totalmente, completamente. Esse é o olhar com que o observador estudado pela física quântica observa tudo quanto existe.
Bjos!
Fiat,
A física quântica é bem complicada, mesmo, e eu me interesso por ela até certo ponto. Particurlamente, eu não tenho muitos problemas com a leitura do livro "Quem somos nós", eu leio como se estivesse lendo um gibi, porque o assunto é quase totalmente voltado para a espiritualidade. A física quântica me interessa até o ponto onde ela fala sobre espiritualidade, o resto, pra mim, é ciência e por isso me desinteresso.
A física quântica está dedicando seus estudos para descobrir - ou ao menos chegar o mais próximo possível - quem é "aquele que observa". Há um observador. Há um ser que está por trás de tudo e que apenas observa. E ele não se envolve com nada do que é observado; talvez não porque ele não queira, mas porque é impossível ele sair de "lá" onde ele está e se envolver com as coisas que se desenrolam no plano da observação. O plano onde as coisas que estão sendo observadas existe é diferente do plano onde existe o observador, há um abismo intransponível entre os dois. A única relação que existe entre esses dois planos é que: o plano onde existe as coisas observadas tem sua existência condicionada à existência ao plano do observador. O que é observado só pode "estar ali" se houver alguém "aqui" para observar. E o "aqui" nunca é o "ali", são sempre lugares diferentes.
O observador observa puramente. Ele ele não é limitado, porque somente coisas observadas podem ter um limite. Aquele que está de fora observando não pode ter um limite, se ele quiser continuar permanecendo sempre quem ele é. Se de repente o observador passasse a ter um limite, ele automaticamente adentraria o plano onde as coisas são observadas. Mas se ele entrar, quem vai estar lá para olhar para tudo o que está no plano onde ocorre a observação? Assim o observador não faz nada; ele apenas está presente. Ele é uma presença, só isso; uma presença na qual nada existe se não estiver diante dele.
Do ponto de vista do observador, tudo apenas "é". Não há rotulações, concordâncias ou discordâncias, ideias pré-concebidas, julgamentos, tudo está simplesmente acontecendo - e ele observa. O observar dele é puro. Ele é o roteiro da história, e não os personagens que acontecem na história. E ele é onipresente na história, existe em cada pedacinho dela.
Como saber exercitar/experimentar esse olhar puro que já está em nós? Realizando em você mesmo: quando você vai às montanhas e ouve o som da cachoeira, você concorda ou discorda dela? Você simplesmente ouve. A questão não é concordar ou discordar, ouvir não é julgar... observar simplesmente não é julgar. Esse é o olhar com que o observador assiste o desenrolar de toda existência.
Por isso é que você pode olhar para uma pessoa que apresenta uma conduta reprovável e, mesmo assim, se maravilhar com ela. Na visão convencional, condicionada, você nunca irá se maravilhar... porque em algum nível, por mínimo que seja, você estará julgando.. há poeira e seus olhos. Quando você estiver diante de casos como esse apenas lembre-se de como você se comporta quando está ouvindo o som da cachoeira. O vento passa pelos pinheiros... ouça. Cada pessoa é um vento passando pelo pinheiro e, o barulho que ela faz, deve ser escutado de ouvidos abertos: pura e simplesmente. Então você percebe: "apenas é!".
Essa expressão, "é como é", parece ser uma expressão idiota e retardada, mas só o é do referencial de quem está com a poeira acumulada nos olhos da mente. Se a mente estiver nítida, límpida como um espelho, essa expressão se mostra cheio de sentido - o sentido de "ser", e ela tem uma beleza.
Aquelas pessoas conduta reprovável podem não saber que são o vento passando pelos pinheiros. Até mesmo em suas ações reprováveis o vento passa explícitamente pelo pinheiro. Apenas fique quieto, em silêncio, e você conseguirá escutar: não a conduta reprovável daquele homem, mas o vento passando pelos pinheiros, e que reveste absolutamente tudo naquele homem - até mesmo a conduta dele. Isso é que significa ser um espelho límpido, que reflete a realidade totalmente, completamente. Esse é o olhar com que o observador estudado pela física quântica observa tudo quanto existe.
Bjos!
Daniel e Mizi...
Apenas querendo participar um pouquinho da pergunta sobre a qual vcs estão falando: eu acredito em destino, dependendo da circunstância em que se encontra o estado de consciência de uma pessoa.
Obrigado aos dois pela partcipação. Pelo que vi no que vocês escreveram, acredito que vocês dois são muito parecidos em várias coisas... e possuem tudo para se darem muito bem um com o outro.
Abraços a todos.
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