"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, julho 27, 2008

A Visão Espiritual



A vida de cada ser humano é a Vida de Deus. Essa é uma Lei/Verdade universal, porque tudo o que existe foi criado por Deus. Não existe outra fonte de onde provenha a existência, porque Deus, ao criar tudo, não dispunha de alguma outra fonte de energia que não a si mesmo. Se houvesse, então haveria mais de uma Força, mais de um Deus, e Ele não seria onipotente. Tudo o que existe carrega a Luz de Deus em si.

Se as pessoas procurarem mais atentamente dentro de si, elas poderão encontrar todo amor e sabedoria de que precisam. Já escutamos muitas vezes, em nossa busca pela Verdade, frases como "procure dentro de você e achará o que está buscando", "a resposta para este problema está dentro de você", etc. Isso é verdade, temos todas as coisas que precisamos dentro de nós, porque Deus é Sabedoria, é Amor e Bem; e Ele está dentro de nós. Existe bondade dentro de todas as pessoas, elas já são perfeitas como Deus o é. Ninguém deve pensar, falar ou tratar uma pessoa somente com base nas aparências ruins e imperfeitas que eventualmente estejam manifestadas nela. Quem procede dessa forma, está olhando para a pessoa através dos cinco sentidos fenomênicos, e isso significa julgá-la. A Verdade, o Bem, a Perfeição que existe dentro de cada ser só pode ser vista através do sentido espiritual que existe dentro nós, e que transcende todo campo da vida fenomênica.

Quando olhamos para o próximo com essa visão espiritual, vendo-o como Deus o fez, nós não estaremos julgando, mas sim agindo segundo a justiça de Deus. Isto é importante, lembre-se sempre: o julgar está relacionado com o reconhecimento fenomênico que fazemos das pessoas, ao passo que o "agir segundo a justiça de Deus" é o reconhecimento do ser espiritual, que transcende a todas as imagens captadas pelos cinco sentidos. Alguém te prejudicou de alguma forma, lhe feriu ou magoou e, todas as vezes que você se lembra de tal pessoa, você pensa/a considera como alguém gosta de prejudicar os outros - você a julgou. Tal pessoa pode ter vinte, trinta, quarenta anos, e vir ferindo ao longo de todo o tempo todas as pessoas que encontrou na vida - se você considerá-la como "alguém que gosta de ferir e prejudicar os outros", você a estará julgando. Ela, em Verdade, é um filho de Deus.

Mas, neste ponto do ensinamento, devemos ter cuidado, porque ao ouvir que todas as pessoas já são boas, maravilhosas e perfeitas, muita gente pensa: "então não existe nenhum problema em mim, vou continuar fazendo todas estas ações que sempre fiz" ou então "aquela pessoa que me feriu é boa e perfeita, então não preciso ajudá-la a mudar seu comportamento". Pensar dessa forma está errado, seria tolice uma pessoa que segue este ensinamento agir conforme esse tipo de pensamento; pois, embora aquela pessoa seja filha de Deus, seus atos não foram condizentes com a atitude que deveria ter um filho de Deus. Por isso, seria estupidez ignorar o fato dela lhe ter magoado. Precisamos olhar para o comportamento e as ações praticadas por ela, mas não devemos considerá-la como uma pessoa que magoa e prejudica o próximo.

Assim, chegamos a outro ponto muito importante: olhar/ver é diferente de "considerar". Não podemos ignorar o "ato de prejuízo" que aquela pessoa lhe causou. Devemos olhar para esses atos existentes nela, mas não podemos considerá-la como "alguém que causa prejuízo aos outros". "Olhar a pessoa" é diferente de "considerar a pessoa". Olhe para o mal, para a imperfeição, mas não considere essas coisas como existências verdadeiras. Precisamos saber separar o que a pessoa é realmente daquilo que está manifestado no mundo do fenômeno. É só assim que conseguiremos perceber no outro a Vida de Deus perfeita que habita nele, e é o reconhecimento desta Vida Perfeita no outro que possibilitará sua transformação.

É assim que ocorrem curas espirituais: você tem algum problema, uma pessoa que conhece a Deus intimamente olha para você através do sentido espiritual e o considera perfeito como Deus o fez, e você dirá que foi curado. É assim que seres iluminados como Jesus, Buda, Masaharu Taniguchi e Joel Goldsmith faziam: eles reconheciam o Espírito de Deus presente em cada pessoa. E a cura ocorria. Se Jesus olhasse para um leproso ou paralítico e os considerasse através da mente fenomênica dos cinco sentidos, nem mesmo Ele conseguiria curá-los. Porque a mente humana não pode -- e jamais poderá -- perceber o Espírito de Deus. Jesus usou de outra mente para relizar suas obras: a mente divina. A mente divina é uma mente espiritual (e não mental), e pode realizar qualquer coisa. Jesus jamais julgou qualquer homem que aparecia na sua frente. Ele libertava todos de suas condições porque não via lepra, não via paralisia, não via maldade, doença, morte em ninguém. Ele olhava para aquela cena de "pessoa doente", de um "lázaro morto", mas não os consideravam doentes ou mortos. E todos nós que seguimos este ensinamento espiritual devemos proceder da mesma forma - ver o mal, mas jamais reconhecê-lo.

Assim, não devemos julgar ninguém. O Ensinamento diz que o julgamento é prejudicial para os outros e também para nós mesmos. Repetindo: o julgamento que fazemos do outro não faz mal somente a ele, como também a nós mesmos. Pegou? Não precisa repetir mais não? Ok!... Nós, sempre que julgamos alguém, estamos identificando a pessoa com as coisas ruins que são o objeto do nosso julgamento. Ou seja, estamos fazendo com que nossa mente trabalhe para confinar/prender o outro dentro daquela imagem mental de "pessoa ruim", "pessoa imprestável", "pessoa doente", "pessoa cruel", etc. Todo julgamento causa esse efeito: prender a pessoa ainda mais dentro de uma falsa imagem mental. A pessoa sofre uma violência mental da nossa parte, porque a mente que temos está interligada à mente de todas as pessoas que conhecemos, e isso tem o poder de causar certo grau de impacto na vida de cada uma delas. Quando alguém nos faz mal e, ao invés de simplesmente olhar, o considerarmos "uma pessoa má", estamos reforçando ainda mais a maldade e impedindo a pessoa de se libertar: causamos prejuízo ao outro.

E nós também sofremos as consequências de nossos atos. Jesus diz que seremos medidos com a mesma medida que usarmos para medir. No mesmo instante em que reconhecemos a maldade ou doença em alguém, nós plantamos uma semente de maldade e doença dentro de nossa própria mente. E a mente não foi uma coisa criada para segurar uma certa idéia ou pensamento pra sempre. A função da mente é justamente a de estar sempre divagando de uma idéia para outra, de um pensamento para outro. Todo pensamento ou idéia plantados/colocados dentro da mente deverão sair de lá. A mente deve ser purificada, o que está dentro deve ser jogado para fora. Esse processo, em que a mente joga para fora tudo o que está dentro, constitui a lei cármica. É assim que geramos os nossos carmas - através de pensamentos, palavras e ações. Então todos esses pensamentos, palavras e ações deverão ser "expulsos" do lado de dentro e manifestar do lado de fora. Dessa forma, a mente se limpa, jogando para o lado de fora tudo que estava dentro.

Por isso, se reconhecermos a maldade nas pessoas e as considerarmos como "pessoas más", teremos plantado dentro de nós a semente da maldade. Um dia ela irá germinar e haveremos de passar por alguma situação ruim. Talvez a maldade apareça no outro, ou talvez ela comece a aparecer dentro de nós próprios, mas uma coisa é certa: a maldade haverá de aparecer... porque foi plantada. Tudo o que damos, recebemos. Essa é uma lei válida/presente em todos os níveis da existência: nas dimensões física, mental e espiritual da vida. Reconhecer o mal no outro é "doar o mal ao outro". O verdadeiro ser do homem nada tem a ver com o mal. Por isso, se você der o mal a ele, você irá receber esse mal de volta mais cedo ou mais tarde.

Nós não temos que identificar ninguém com nada. Se o fizermos, estaremos julgando. Qualquer identificação é julgamento. A verdadeira identidade de cada homem é espiritual, é invisível, intangível, infinita e jamais pode ser identificada. Devemos simplesmente olhar, sem considerá-las isto ou aquilo. Dessa forma, estaremos libertando/soltando a pessoa de nossas amarras mentais. E o caminho estará livre para que o sentido da visão espiritual se manifeste. Então o Espírito de Deus se manifesta e opera. Na verdade, Ele estava presente durante todo o tempo, mas havia uma "barreira mental" bloqueando e separando Ele da pessoa necessitada de ajuda, e impedindo-O de operar. O Espírito só pode se manifestar quando a mente se aquieta. A mente deve estar calma e silenciosa como um lago interiamente parado, no qual é possível ver nitidamente todas as coisas que estão acontecendo dentro dele, lá no fundo. Qualquer movimento na superfície do lago interfere nas imagens captadas pela visão espiritual. A mente também: qualquer reconhecimento através dos cinco sentidos mentais é capaz de abalar/distorcer as imagens vistas pela mente espiritual. A mente espiritual é sutil, frágil, sublime e fica encoberta pelas atividades da mente humana. A mente humana tem de ser utilizada o máximo possível para nos colocar em contato com a nossa mente divina.

O pecado não existe. Doença e a morte também não existem. Se somente o Bem é existência verdadeira, é preferível voltar a mente humana para o lado do bem, do amor, da sabedoria, da harmonia, da alegria, da vida, da saúde, e de todas as coisas que representam Deus. E sempre buscar desenvolver o sentido espiritual que existe dentro de nós: este é o caminho deste Ensinamento.

Nenhum comentário: