Masaharu Taniguchi
O “reino de Deus” e o “mundo ainda não manifesto”
Jesus ensinou: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. E completou: “O reino de Deus está dentro de vós”. “Justiça” é “adequação”, isto é, uma situação em que há adequação entre tempo, lugar e pessoa. No Chung-yung (Doutrina do meio, confucionismo) consta: “Diz-se meio quando ainda não se manifestaram as emoções, a alegria ou a ira, a satisfação ou a aflição; e harmonia, quando se manifestarem adequadamente”.
Buscar o reino de Deus é buscar aquilo que ainda não se manifestou, ou melhor, buscar o mundo originário que ainda não se manifestou fenomenicamente. A justiça de Deus é a ordem predeterminada onde há adequação entre tempo, lugar e pessoa, para que se manifeste no mundo fenomênico aquilo que ainda não se manifestou. Quando se apreende o mundo originário e se alcança a sabedoria da ordem predeterminada para concretizá-lo fenomenicamente, essa concretização se dará de forma absolutamente adequada, estando tudo no seu devido lugar e no devido tempo. Destarte, o mundo fenomênico estará naturalmente em ordem e tudo passará a se realizar de modo satisfatório. Referindo-se a isso, Jesus ensinou: “... e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Nesse ponto, há identidade entre o confucionismo e o cristianismo.
É preciso compreender, antes de tudo, o que seja o reino de Deus, o mundo originário, aquilo que ainda não se manifestou. A isso se diz “buscar a primeira justiça”. E tudo o mais que se ramifica do mundo originário faz parte da segunda ou terceira justiça. Ao buscar primeiramente o mundo originário, tudo que daí se deriva se concretizará naturalmente.
Então, onde está esse reino de Deus? Cristo tem nos ensinado que “O reino de Deus está dentro de vós”. Portanto, dentro de você está a sua primeira justiça. Essa primeira justiça que está dentro de você é o seu ideal interior.
O homem deve ser fiel ao seu ideal interior, pois esse ideal é o próprio reino de Deus. E, porventura, você busca a riqueza tendo-a como seu ideal interior? Seria a riqueza um ideal de seu interior? Se, por hipótese, colocarem diante de você um pacote contendo um milhão de ienes, e alguém lhe disser chutando o pacote “Leve-o embora, que isso é seu”, você ficaria com esse dinheiro? Certamente, não iria aceitar essa riqueza oferecida com menosprezo e reagiria firmemente contra esse insulto à sua personalidade. Significa, então, que essa espécie de riqueza não condiz com o seu ideal interior. Você sente que essa riqueza iria macular sua personalidade, isto é, o ideal de belo que existe em seu interior é que a rejeitaria.
Não perca o belo do cotidiano
Tenho observado que, após a Segunda Guerra Mundial, a vida dos japoneses vem perdendo a elegância. O belo, entretanto, faz parte da primeira justiça e é um dos atributos do reino de Deus que existe no interior de todas as pessoas. Após a guerra, a vida dos japoneses vem se vulgarizando e tornando-se cada vez mais decadente, ensejando o aparecimento de apresentadores profissionais insensatos como Toni Tani. Essa tendência deve ser considerada algo realmente preocupante. Penso que essa tendência de alegrar-se com o que é vulgar deriva do fato de considerar equivocadamente que o belo e a elegância sejam atributos da burguesia capitalista, dissonante com a democracia e sem relação alguma com a vida do povo em geral.
Entretanto, não é possível enxergar a realidade dos fatos através dessa visão classista, que é relativista e antagônica. Devemos saber que esse modo classista de ver os fatos leva a conclusões unilaterais e não é o valor absoluto que o belo ocupa na nossa vida.
O belo é um dos três valores essenciais do Mundo da Imagem Verdadeira — a Verdade, o Bem e o Belo. Quando esses valores forem vividamente manifestados no mundo fenomênico, então surgirá, pela primeira vez, a sublimidade do mundo da Imagem Verdadeira, a verdadeira nobreza do homem da Imagem Verdadeira.
Busque aquilo que possui real valor
Se o homem, no seu modo de viver, não buscar a Verdade, o Bem e o Belo, que têm real valor, e perseguir apenas prazeres materiais, andar numa correria louca atrás de valores materiais, sua vida tornar-se-á um campo de batalha dos desejos carnais e de disputa de valores materiais, deixando de lado a primeira justiça, que é essencial, que possui verdadeiro valor.
Ainda que, hipoteticamente, você use uma estratégia trabalhista chamada “greve” e tenha o salário majorado em 20 mil ienes mensais, esse aumento nada acrescenta ao seu valor essencial. Logicamente sua renda aumentou, mas isso não muda o fato de você ter vendido parte da sua própria vida. Por mais caro que ela tenha sido negociada, não deixa de ser vida que foi vendida. A única diferença é que aumentou o preço dessa venda. Se você considera desprezível uma mulher que, por dinheiro, vende o próprio corpo, e a chama de prostituta, então não há como impedir de se chamar de prostituto um homem que, por dinheiro, vende sua força de trabalho. A verdadeira democracia deve ser aquela que reconhece nas pessoas o absoluto direito de inviolabilidade da sua personalidade. Aquele que, apesar disso, vende a própria vida, podemos dizer que é alguém que renunciou a esse direito absoluto, vendendo-o a um negociante.
Seja alguém que oferece a vida por amor
Mesmo que você ofereça ao próximo sua força vital, se não foi por dinheiro, se não ofereceu o corpo em troca de dinheiro, mas para dedicar-se aos outros por amor, se essa doação de vida foi motivada por amor puro de quem deseja vivificar o próximo, então ela não é vida que foi vendida. Ela se torna doação de Vida por amor. Uma vida vendida é vida de escravo, por mais alto que seja o seu preço. Já a vida doada é vida de amor, Vida de Deus; não é vida de escravo vendido, mas sim vida de senhor do próprio destino, que doa a própria vida por iniciativa própria. E, vivendo uma vida assim, você achará bela a própria vida e satisfará o seu ideal estético interior.
(Do livro "A Verdade", vol. 4, pp. 95-99)
Jesus ensinou: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. E completou: “O reino de Deus está dentro de vós”. “Justiça” é “adequação”, isto é, uma situação em que há adequação entre tempo, lugar e pessoa. No Chung-yung (Doutrina do meio, confucionismo) consta: “Diz-se meio quando ainda não se manifestaram as emoções, a alegria ou a ira, a satisfação ou a aflição; e harmonia, quando se manifestarem adequadamente”.
Buscar o reino de Deus é buscar aquilo que ainda não se manifestou, ou melhor, buscar o mundo originário que ainda não se manifestou fenomenicamente. A justiça de Deus é a ordem predeterminada onde há adequação entre tempo, lugar e pessoa, para que se manifeste no mundo fenomênico aquilo que ainda não se manifestou. Quando se apreende o mundo originário e se alcança a sabedoria da ordem predeterminada para concretizá-lo fenomenicamente, essa concretização se dará de forma absolutamente adequada, estando tudo no seu devido lugar e no devido tempo. Destarte, o mundo fenomênico estará naturalmente em ordem e tudo passará a se realizar de modo satisfatório. Referindo-se a isso, Jesus ensinou: “... e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Nesse ponto, há identidade entre o confucionismo e o cristianismo.
É preciso compreender, antes de tudo, o que seja o reino de Deus, o mundo originário, aquilo que ainda não se manifestou. A isso se diz “buscar a primeira justiça”. E tudo o mais que se ramifica do mundo originário faz parte da segunda ou terceira justiça. Ao buscar primeiramente o mundo originário, tudo que daí se deriva se concretizará naturalmente.
Então, onde está esse reino de Deus? Cristo tem nos ensinado que “O reino de Deus está dentro de vós”. Portanto, dentro de você está a sua primeira justiça. Essa primeira justiça que está dentro de você é o seu ideal interior.
O homem deve ser fiel ao seu ideal interior, pois esse ideal é o próprio reino de Deus. E, porventura, você busca a riqueza tendo-a como seu ideal interior? Seria a riqueza um ideal de seu interior? Se, por hipótese, colocarem diante de você um pacote contendo um milhão de ienes, e alguém lhe disser chutando o pacote “Leve-o embora, que isso é seu”, você ficaria com esse dinheiro? Certamente, não iria aceitar essa riqueza oferecida com menosprezo e reagiria firmemente contra esse insulto à sua personalidade. Significa, então, que essa espécie de riqueza não condiz com o seu ideal interior. Você sente que essa riqueza iria macular sua personalidade, isto é, o ideal de belo que existe em seu interior é que a rejeitaria.
Não perca o belo do cotidiano
Tenho observado que, após a Segunda Guerra Mundial, a vida dos japoneses vem perdendo a elegância. O belo, entretanto, faz parte da primeira justiça e é um dos atributos do reino de Deus que existe no interior de todas as pessoas. Após a guerra, a vida dos japoneses vem se vulgarizando e tornando-se cada vez mais decadente, ensejando o aparecimento de apresentadores profissionais insensatos como Toni Tani. Essa tendência deve ser considerada algo realmente preocupante. Penso que essa tendência de alegrar-se com o que é vulgar deriva do fato de considerar equivocadamente que o belo e a elegância sejam atributos da burguesia capitalista, dissonante com a democracia e sem relação alguma com a vida do povo em geral.
Entretanto, não é possível enxergar a realidade dos fatos através dessa visão classista, que é relativista e antagônica. Devemos saber que esse modo classista de ver os fatos leva a conclusões unilaterais e não é o valor absoluto que o belo ocupa na nossa vida.
O belo é um dos três valores essenciais do Mundo da Imagem Verdadeira — a Verdade, o Bem e o Belo. Quando esses valores forem vividamente manifestados no mundo fenomênico, então surgirá, pela primeira vez, a sublimidade do mundo da Imagem Verdadeira, a verdadeira nobreza do homem da Imagem Verdadeira.
Busque aquilo que possui real valor
Se o homem, no seu modo de viver, não buscar a Verdade, o Bem e o Belo, que têm real valor, e perseguir apenas prazeres materiais, andar numa correria louca atrás de valores materiais, sua vida tornar-se-á um campo de batalha dos desejos carnais e de disputa de valores materiais, deixando de lado a primeira justiça, que é essencial, que possui verdadeiro valor.
Ainda que, hipoteticamente, você use uma estratégia trabalhista chamada “greve” e tenha o salário majorado em 20 mil ienes mensais, esse aumento nada acrescenta ao seu valor essencial. Logicamente sua renda aumentou, mas isso não muda o fato de você ter vendido parte da sua própria vida. Por mais caro que ela tenha sido negociada, não deixa de ser vida que foi vendida. A única diferença é que aumentou o preço dessa venda. Se você considera desprezível uma mulher que, por dinheiro, vende o próprio corpo, e a chama de prostituta, então não há como impedir de se chamar de prostituto um homem que, por dinheiro, vende sua força de trabalho. A verdadeira democracia deve ser aquela que reconhece nas pessoas o absoluto direito de inviolabilidade da sua personalidade. Aquele que, apesar disso, vende a própria vida, podemos dizer que é alguém que renunciou a esse direito absoluto, vendendo-o a um negociante.
Seja alguém que oferece a vida por amor
Mesmo que você ofereça ao próximo sua força vital, se não foi por dinheiro, se não ofereceu o corpo em troca de dinheiro, mas para dedicar-se aos outros por amor, se essa doação de vida foi motivada por amor puro de quem deseja vivificar o próximo, então ela não é vida que foi vendida. Ela se torna doação de Vida por amor. Uma vida vendida é vida de escravo, por mais alto que seja o seu preço. Já a vida doada é vida de amor, Vida de Deus; não é vida de escravo vendido, mas sim vida de senhor do próprio destino, que doa a própria vida por iniciativa própria. E, vivendo uma vida assim, você achará bela a própria vida e satisfará o seu ideal estético interior.
(Do livro "A Verdade", vol. 4, pp. 95-99)
Um comentário:
Guguzito!
Impressionante como esse post vem ao encontro das análises que tenho feito sobre minha vida.
Buscar a beleza do cotidiano e fazer as coisas por amor...adorei!
beijocas!
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