"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, novembro 01, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 7/10

- Rav Yehuda Berg - 


PARTE QUATRO: O JOGO, O NOSSO ADVERSÁRIO E A ARTE DA TRANSFORMAÇÃO ESPIRITUAL

O JOGO MAIS ANTIGO

Imagine 22 pessoas reunidas num campo de futebol. Todas são dotadas de um talento atlético extraordinário, no nível de Pelé, Garrincha, Rivelino e Didi. Recebem todo o equipamento necessário para jogar futebol: a bola, chuteiras, uniformes, as traves. Tem até torcida.

Mas suponha que lhes falte um ingrediente vital — as regras do jogo. Essas 22 pessoas nunca ouviram falar de futebol e não têm absolutamente a mínima idéia do que seja. O que aconteceria se fosse dito a todos esses jogadores que jogassem um jogo chamado futebol, e não lhes fosse permitido deixar o campo até serem tão capazes quanto campeões de uma Copa do Mundo?

Imagine o caos! Brigas. Discussões. Frustração. Desistências. Alguns jogadores talvez façam suas próprias regras. Embora dotados com os atributos de craques do futebol, só o que conseguem produzir é um pandemônio.

De acordo com a Cabala, não importa quanto talento possuímos. Sem as regras do jogo, o resultado é o caos. O que nos leva a um jogo bem mais antigo que o futebol, e bem mais misterioso. O livro de regras deste jogo tão desafiante foi registrado num antigo manuscrito cabalístico há cerca de 2.000 anos. O livro se chama o Zohar, e ele contém todos os segredos espirituais que dirigem o Jogo da Vida.

Segundo a sabedoria do Zohar, cada um de nós é um Pelé em potencial no jogo da vida. Cada um de nós nasce neste mundo com um enorme talento. Mas para a maioria de nós, esse talento acaba não sendo aproveitado — porque temos jogado o jogo sem saber como ele deve realmente ser conduzido.

A Cabala definitivamente nos dá regras, mas sem impor constrangimentos para nossa experiência diária do mundo. Em vez disso, ela apresenta um conjunto de leis espirituais universais que nos liberam e nos dão poder, em corpo e em alma. Essas leis são os 14 Princípios Espirituais que estão sendo apresentados ao longo deste livro.

Antes de podermos começar a entender os princípios espirituais da Cabala num nível mais profundo, contudo, temos que superar um obstáculo. Aquelas pessoas talentosas no campo de futebol agora têm um livro de regras, mas suponha que tivessem os olhos vendados antes de entrarem em campo. Apesar de saberem as regras, não podem enxergar. E assim, permanece o caos!

De acordo com a Cabala, cada um de nós vem a este mundo com uma venda nos olhos. Antes de podermos continuar aprendendo as regras do jogo da vida e de podermos verdadeiramente agir a seu respeito, temos que retirar a venda dos olhos e descobrir uma coisa especialmente importante — Quem é o nosso adversário?


CONTRA-INTELIGÊNCIA

Por que a natureza humana parece ser tão orientada em direção a um comportamento autodestrutivo? Por que nos ocupamos de atividades que sabemos serem ruins para nós, mesmo quando não queremos? Por que deixamos de fazer o que é bom para nós em troca

do que é prejudicial? Por que a ambição é mais tentadora e divertida do que a generosidade? Por que é tão fácil ficarmos viciados em todas as coisas prejudiciais? Por que é tão difícil desenvolver bons hábitos?

Raiva, medo, inveja, preguiça — todos os nossos traços de comportamento negativos e destrutivos — são como a força da gravidade. Não importa o quanto nos esforcemos para pular três metros de altura, não conseguimos. A negatividade constantemente nos puxa para baixo, não importa o quanto estejamos comprometidos em nos libertar. Faz parte de nossa natureza.

Mas viemos a este mundo para mudar nossa natureza! Este é o acordo que foi fechado no Mundo Infinito. Nós, o Receptor, não receberíamos mais a plenitude verdadeira e duradoura a não ser que removêssemos o Pão da Vergonha, a não ser que antes transformássemos a nossa natureza reativa em proativa. Mas esta tarefa é extremamente difícil. A bem dizer é quase impossível. Por que a natureza humana tende tanto para o lado negativo?


O ADVERSÁRIO

A mudança verdadeira é tão difícil porque, como em qualquer jogo, enfrentamos um adversário no jogo da Criação, um adversário que tenta constantemente influenciar e controlar o nosso comportamento.

Aprendemos que, devido ao Pão da Vergonha, o Receptor queria merecer a Luz e ser a causa de sua própria plenitude. Uma maneira de obter uma compreensão ainda mais profunda do Pão da Vergonha é considerar qual é o objetivo de um jogo.

Em qualquer competição atlética, o objetivo é vencer. Pode ser um grande time ou mesmo uma pequena equipe da terceira divisão do interior. Se você perguntar a qualquer jogador o que eles estão tentando realizar, ele dirá que é ganhar o jogo. Mas será que o objetivo é esse mesmo?

Suponha que um cabalista evocasse uma fórmula mágica que permitisse ao seu time vencer absolutamente todos os jogos. Não importa o que acontecesse, você ganharia sempre. Jogo após jogo. Uma temporada atrás da outra. O resultado seria sempre predeterminado, e sempre haveria a mesma vitória garantida.

Como seria isto, na verdade? Você rapidamente descobriria que o jogo havia se tornado extremamente chato. O incentivo estaria perdido.

Será, então, que podemos realmente dizer que o objetivo final é ganhar? O que realmente queremos de um jogo é o risco, o desafio, e até mesmo a possibilidade de perder. Mais do que ganhar, é o teste de nossa habilidade que faz tudo valer a pena.

É o conceito de perder que dá definição, existência e sentido ao conceito de vencer. Nós "tínhamos tudo" no Mundo Infinito. Exceto uma coisa: a capacidade de adquirir, de merecer, e de ser a causa da plenitude que a Luz nos concedia. Assim, rejeitamos a Luz para nos tornarmos como a Luz — para nos tornarmos os criadores de nossa própria plenitude.

Queríamos a oportunidade de jogar por nós mesmos o jogo da Criação, de arriscar perder, temporada após temporada, vida após vida, em troca desta chance única de ganhar tudo e trazer o troféu para casa. Só então poderíamos ter a possibilidade de conhecer sentimentos genuínos de realização e felicidade. Só então poderíamos verdadeiramente maximizar o nosso poder de ser proativos. Se não nos testássemos até o nível mais alto possível, a semente proativa divina dentro de nós jamais floresceria completamente.

Como atletas olímpicos espirituais, devemos nos treinar mental e espiritualmente para que a parte divina de nossa natureza possa se desenvolver e se manifestar. Este treinamento satisfaz a nossa necessidade de merecer e de criar a Luz em nossa vida, e erradicar o Pão da Vergonha.


A FIRMA

Um homem constrói a partir do nada uma firma que se torna uma corporação multimilionária. Depois de dirigir a firma durante 25 anos, ele decide se demitir de seu cargo de diretor executivo. Ele passará a ser presidente do conselho, um cargo mais honorário do que prático.

Vendo que sua filha é abençoada com talentos iguais aos seus, o homem outorga a ela a propriedade de 50 por cento do negócio, e também o cargo que lhe pertencia. No entanto, a promoção causa um problema para a jovem. O sangue, o suor e as lágrimas de seu pai — e não o seu próprio — construíram a companhia, e apesar de o pai ter dado a companhia a ela por amor, admiração e respeito, a jovem sente como se tivesse recebido uma esmola.

A filha obviamente adoraria ter a propriedade de metade da empresa e o cargo de diretora executiva, mas, sob as condições corretas. Ela então concebe um plano. A companhia emprega milhares de pessoas e, por isso, na verdade ninguém sabe quem ela é. Ela decide pedir um emprego no setor de estoque. Trabalha duro durante vários meses. Depois de algum tempo, ganha uma promoção. Mais tarde, ganha outra. Continua trabalhando extremamente duro ao longo dos anos, e através de incontáveis horas de esforço, determinação, e com a cabeça para os negócios que herdou, ela aprende todos os aspectos operacionais, à medida que sobe a escada do sucesso. Enfim, ela trilha o seu caminho até o topo da firma e se torna presidente e diretora executiva.

Qual a diferença entre ter herdado a propriedade do negócio e ter subido todos os postos? A diferença é que, na sua própria cabeça, a filha não tinha merecido de fato a propriedade até ter labutado seu próprio caminho até o topo, vindo de baixo.

A filha sabia que uma vez que tivesse alcançado a liderança através de suas próprias ações, poderia desfrutar de tudo que seu pai tinha pretendido para ela. Além disso, só através desse processo o objetivo do pai estaria realizado por completo.

É importante entender que em nenhum momento durante a subida da filha pela escada da corporação o pai poderia ter interferido. Se a sua filha tivesse sentido qualquer dor ou revés, ou mesmo se tivesse sido despedida, o pai teria que se manter fora do caminho e permitir que ela resolvesse as coisas por si própria, não importando o quanto isto pudesse ser doloroso.

Mas o pai tinha confiança em sua filha. Afinal, ele a criou e sabia que ela era abençoada com as mesmas características que ele próprio possuía. Sabia que uma vez que tivesse trilhado seu caminho até o topo pelo próprio mérito, ela chegaria a verdadeiramente conhecer e apreciar o maravilhoso sentimento de realização e plenitude de ser proprietário da companhia.

Nesta história, a filha é uma metáfora para nós — o Receptor — e o pai é uma metáfora para a Luz. O Receptor precisa expressar sua natureza proativa herdada para remover o Pão da Vergonha. Para sermos proativos, temos que primeiro ser reativos. E para sermos reativos, precisamos do desafio. Para fazer com que essa transformação de reativo para proativo seja significativa, válida e completa, precisamos de um adversário poderoso para nos testar.

Quem é o nosso adversário?


BATALHA INTERNA

Há dois mil anos, o Zohar revelou o nosso adversário. O Zohar identificou inclusive as diversas técnicas, armas e estratégias que ele utiliza. Ele é a causa invisível do caos no mundo físico e no espírito humano. É dele a voz que sussurra: "Coma o bolo agora. Recomece a dieta na segunda-feira.” É ele quem estimula sentimentos de desespero, de pessimismo, de medo, de ansiedade, de dúvidas e de incerteza. Ele fomenta também o excesso de confiança, a brutalidade, a ambição, o ciúme, a inveja, a raiva e a vingança. O adversário é a voz que diz: "Vá e faça!" embora nós saibamos que não deveríamos. O adversário é a voz que diz "Não se importe com isto!" embora saibamos que deveríamos nos importar.

E o pior de tudo: Mesmo quando queremos aplicar a Resistência em nossa vida e parar o comportamento reativo, nosso adversário sagazmente nos convence a não fazê-lo.

Por exemplo:

• Você faz uma promessa de começar a comer comidas saudáveis — mas no momento em que vê uma guloseima, o adversário o convence a adiar por mais um dia.

• Você promete passar mais tempo fazendo coisas boas com a sua família — mas alguma coisa o compele a ter uma jornada semanal de 60 horas de trabalho.

• Você está dirigindo e um transeunte precisa de algum tipo de ajuda. Seu pensamento inicial é parar e ajudar — mas o seu adversário o convence de que outra pessoa provavelmente ajudará. Você continua indo apressado para o seu encontro marcado para a hora do almoço, enquanto o adversário passa o resto do dia tecendo racionalizações para a sua falta de generosidade.

• Você se propõe a economizar um pouquinho de dinheiro todo mês e a se fiscalizar para ser mais responsável — mas a cada mês o adversário o convence a gastar tudo futilmente, oferecendo à sua mente justificativas para cada despesa.

• Você entra numa loja de comida natural e gasta um monte de dinheiro em todos os tipos de vitaminas, realmente se comprometendo a fazer um regime diário de nutrientes. Seis meses depois, as garrafas estão cheias até o meio em sua prateleira. No ano seguinte a mesma coisa acontece quando você se vê novamente na loja de comida natural. Desta vez você se promete que vai ser diferente — mas não é.

• Você é convidado para uma importante festividade familiar. Você sabe que a coisa certa a se fazer é estar presente, mas uma voz crepita dentro de você, conjurando uma desculpa esfarrapada. Em vez de ir, você fica em casa e assiste a um vídeo.

• Um amigo próximo confia em você, compartilhando um segredo pessoal. Você promete ao seu amigo (e a si mesmo) não contar para ninguém. Poucos dias depois, o adversário cutuca as palavras para fora da sua boca enquanto você está fofocando com alguma outra pessoa. Você de fato vê a si mesmo dando com a língua nos dentes, apesar de saber, enquanto as palavras escorregam para fora de sua boca, que não devia estar fazendo isto.

• Um amigo querido se muda para uma casa mais bonita que a sua, ou veste uma roupa nova ou tem um carro novo e atraente. Você diz a si mesmo que deve ficar feliz por seu amigo, mas o rosto pavoroso da inveja começa a despontar, e você não consegue controlar o seu ardor dentro de si, ainda que queira. O ressentimento e a felicidade pela outra pessoa lutam pelo controle de suas emoções.


O ADVERSÁRIO

Ao longo da história, religiões, filósofos e poetas deram nomes ao adversário, nomes que incluem Lúcifer, Belzebu, o Capeta, Mr. Hyde, a Má Inclinação, o Lado Escuro, Darth Vader, o Senhor das Trevas, a Besta, e a Bruxa Malvada do Oeste!

Não importa o nome que você escolher, os antigos cabalistas dizem que o adversário é real, muito real. Apesar de você não conseguir ver esse adversário com os seus olhos, ele é tão real quanto os átomos invisíveis no ar e tão ubíquo quanto a força invisível da gravidade. Então, esteja avisado. O adversário está observando você neste exato instante, enquanto você lê estas palavras. Seu verdadeiro nome, conforme é revelado pelos antigos sábios da Cabala, é ____ . Em português, isto se traduz como "o Satan" — pronunciando a letra "n" no final.

O Satan não é o demônio coberto de vermelho com dois chifres que segura um tridente maligno. Essas superstições serviram somente para esconder ainda mais o seu verdadeiro propósito e identidade. Seu nome é um código para o comportamento reativo, movido pelo ego, e ele é o derradeiro mestre da magia. Seu talento para enganar é mais bem resumido com uma frase do filme Os Suspeitos: O maior truque que o diabo já fez foi convencer a humanidade de que na verdade ele não existe!

O Satan nos enganou, nos fazendo acreditar que somos vítimas de forças externas e das ações de outras pessoas. Ele nos convenceu de que o nosso inimigo é alguma outra pessoa, e não a nossa própria natureza reativa. O tempo todo, ele se esconde nas sombras de nossas mentes, se ocultando nos recessos escuros de nosso ser de forma tal que nós nunca saibamos que ele existe. Ele infla os nossos egos, nos fazendo pensar que somos brilhantes e que temos controle de nossas vidas. Todas as dúvidas que você tem sobre a sua existência, são de criação dele.

E o que é mais importante, ele nos cega para a nossa própria natureza divina, de forma que nem mesmo reconhecemos nosso objetivo na vida. Pense nisto. Quantas pessoas você conhece que realmente olham para dentro a cada dia, tentando arrancar pela raiz as suas características reativas negativas? No entanto, este é o verdadeiro objetivo de nossa existência.


ALTERANDO O NOSSO DNA

Quando a força chamada Satan veio à existência, sua aparição acrescentou mais um elemento ao nosso Desejo de Receber. Foi como se o nosso DNA espiritual tivesse sido alterado, com o acréscimo de algumas letras a mais ao genoma humano. Essas letras genéticas adicionais são:

s. o. m. e. n. t. e. p. a. r. a. s. i. m. e. s. m. o.

A humanidade foi imbuída com um Desejo de Receber Somente para Si Mesmo. Este "gene egoísta" adicional vem do Satan. Esta é a única raiz e força motivadora por trás da natureza reativa da humanidade e de nosso comportamento individual impetuoso e irrefletido. É isto que torna tão difícil a transformação de intolerante para tolerante.

O Desejo de Receber simplesmente atrai e puxa energia. O Desejo de Receber pode atrair posses materiais e espirituais para nós mesmos apenas ou para o intuito de também compartilhar com os outros.

O Desejo de Receber Somente para Si Mesmo, entretanto, não deixa nem um bocado e nem uma porção para mais ninguém. Como um buraco negro no espaço, esse desejo consome tudo que está em seus arredores, a tal ponto que nem mesmo a própria Luz espiritual pode escapar do seu poder.


A DIFERENÇA ENTRE DESEJO DE RECEBER E DESEJO DE RECEBER SOMENTE PARA SI MESMO

Desejo de Receber é quando você vê a propriedade espiritual ou física de uma outra pessoa e o desejo pela mesma propriedade é despertado dentro de você. Mas, o Desejo de Receber Somente para Si Mesmo é quando você adquire uma propriedade material, como um carro ou uma nova roupa de um estilista, e ainda assim se sente mal e tem inveja de seu vizinho que comprou a mesma coisa, apesar de que isto não diminui de forma nenhuma a sua própria propriedade. Em outras palavras, ninguém mais deveria ter, só nós mesmos.

O Desejo de Receber Somente para Si Mesmo é manipulado e controlado pelo nosso adversário da seguinte maneira.


CAMPOS DE BATALHA

"Descobrimos que o Universo demonstra evidências de um Poder planejador ou controlador que tem algo em comum com nossas próprias mentes." (- Sir James Jeans, físico)

A batalha contra o nosso adversário vem sendo travada há muito tempo. Contudo, ela ocorre num terreno muito turvo e mal compreendido, que vem a ser a paisagem da mente humana. Mas antes de podermos realmente entender o que isto significa para nós, precisamos compreender o que é a mente, na verdade.

Suponha que um selvagem primitivo se aventure a sair da selva, sem ter nenhum conhecimento do mundo moderno. Ele encontra um rádio transistor tocando música, e olha para ele espantado, achando que a caixa é a fonte da música. Ele abre o rádio, e acidentalmente puxa o transistor, retirando-o. A música pára. Isto o convence de que o rádio é a fonte. Na verdade, ele pensa que matou a pobre criaturinha. Nós, é claro, sabemos que a fonte da música é na verdade alguma estação de rádio que transmite pelas ondas no ar, a uma distância de muitos quilômetros...

A Cabala ensina que os nossos pensamentos não se originam na matéria física do cérebro, assim como a música não se origina no objeto físico de um rádio. Em vez disto, o cérebro é como uma antena, uma estação receptora que capta um sinal e depois o retransmite para a mente consciente.

Durante a década de 1950, o brilhante neurocirurgião Wilder Penfield iniciou uma extensa pesquisa sobre o fenômeno da mente-cérebro. Seu objetivo era explicar como a consciência emergiu da matéria física do cérebro. Depois de 40 anos de estudo profundo, Penfield admitiu que havia fracassado. Em Mistério da Mente (Princeton University Press, 1975), um livro notável que detalha décadas de sua pesquisa, Penfield escreveu: "A mente parece agir independentemente do cérebro da mesma maneira como um programador age independentemente de seu computador, não importando o quanto ele possa depender da ação do computador para determinadas finalidades."

Mas quem — ou o que — é este programador?


GUERRA DE AUDIÊNCIA

De acordo com a Cabala, duas e estações de transmissão cósmicas — a Luz e o Satan — emitem sinais para os nossos cérebros. É uma batalha pela audiência da mente — uma batalha maior e bem mais importante do que as que são travadas pelas principais redes de comunicações!

Se pudéssemos aprender como distinguir quais pensamentos vêm da Luz e quais pensamentos têm origem no Satan, poderíamos recuperar o controle de nossas vidas.

Um bom ponto de partida é o seguinte:

Qualquer pensamento que seja alto e claro e que nos encoraje a reagir a uma situação é o Satan.

Qualquer pensamento que nos diga que nós somos os arquitetos de nosso próprio sucesso e que nós sabemos mais do que os outros, é mais uma vez a voz do Satan. A noção de que os nossos pensamentos são reações químicas no cérebro também é criação de nosso desonesto adversário.

Se um pensamento é dificilmente audível, uma voz fraca que emana dos recessos de nossas mentes, ele é a canção da Luz. Ou se há um súbito clarão de intuição, um impromptu de inspiração, a transmissão está se originando do plano do 99 por cento.

Essas duas freqüências nas ondas aéreas de nossas mentes se expressam da seguinte maneira:

Os pensamentos do Satan se manifestam como nossas mentes racionais e lógicas e como nossos egos.

O sinal da Luz se manifesta como intuição, sonhos e como uma voz fraca e quieta no fundo de nossas mentes.

Geralmente não estamos em contato com a nossa intuição. Como resultado, o Satan domina as ondas aéreas da mente, tocando seguidamente uma determinada música que é sucesso — a música chamada Reação!

O segredo para tomarmos controle de nossas vidas é cortar o sinal do Satan. Quando paramos os nossos impulsos reativos, literalmente desligamos sua transmissão.

Quando temos sucesso nisto, mesmo que por um momento, o sinal da Luz fica livre para preencher aquele espaço. Nossas vidas e nossas decisões passam a ter raiz na sabedoria infinita. Automaticamente, fazemos as escolhas corretas. Os pensamentos certos vêm para nossas mentes. As palavras per feitas são ditas. Emoções proativas aparecem. As melhores idéias imediatamente afloram. De repente enxergamos a sabedoria profunda num argumento oposto colocado por um colega, amigo ou parceiro. Mas para impedir que isto aconteça, o nosso adversário têm à sua disposição algumas estratégias aguçadas e alguns armamentos moderníssimos.


TÁTICA

O único objetivo do Satan é aguçar em nós o Desejo de Receber Somente para Si Mesmo para que nos desconectemos da Luz. Sua tática principal é simplesmente apertar o nosso botão reativo o dia inteiro. Quando esse botão é apertado, somos consumidos por pensamentos negativos, impulsos egoístas e desejos egocêntricos decorrentes do Desejo de Receber Somente para Si Mesmo.

Desta forma, perdemos o contato com a nossa essência, a nossa alma. Mais um pano é colocado em cima da lâmpada. A cortina entre o 1 por cento e o 99 por cento fica mais grossa. Há mais escuridão em nossas vidas. Dessa escuridão emerge o caos.

Mas quando proativamente reconstituímos a Resistência original — executada pelo Receptor no Mundo Infinito — ao nos recusarmos a reagir, puxamos uma alavanca de emergência que cancela o botão reativo que o Satan apertou. Essa alavanca ativa uma válvula interruptora que imediatamente corta as emoções reativas que inundam nossos corpos. Deixamos de ser reativos. Somos proativos. Fizemos contato com as nossas almas. E é neste instante que a Luz do outro lado da cortina ilumina as nossas vidas.


O QUE ESTÁ EM CIMA FICA EM BAIXO, O QUE ESTÁ EM BAIXO FICA EM CIMA

O cabalista Rabi Yehuda Ashlag, o místico do século XX, disse que as pessoas geralmente percebem os eventos como o oposto exato de seu verdadeiro estado de realidade, por causa de sua visão limitada da realidade.

Para ilustrar este ponto, ele ofereceu este experimento mental simples:

Imagine um homem que viveu em total isolamento desde o nascimento. Nunca observou uma criatura viva, seja humana ou animal, em toda a sua vida. Diante dele estão um hipopótamo recém-nascido e um bebê humano recém-nascido. Ele observa os dois. O bebê obviamente não é capaz de cuidar de si mesmo. Não consegue engatinhar, quanto mais andar, e precisa ser carregado de um lugar para o outro. Não é capaz de comunicar claramente as suas necessidades e nem de se alimentar sozinho. O bebê não percebe por completo as suas cercanias. Se irrompesse um fogo perto dele, por exemplo, nem perceberia o perigo. Basicamente, o recém-nascido está desamparado. O bebê hipopótamo, porém, imediatamente percebe o seu ambiente. Sabe fugir do fogo. Consegue se alimentar. Cinco minutos depois do nascimento, o hipopótamo recém- nascido consegue andar e nadar.

A que conclusão o nosso observador isolado chegaria? Provavelmente ele acharia que o hipopótamo é uma criatura mais avançada do que o bebê. Rav Ashlag ensinou que quanto mais avançada é uma criatura no começo do crescimento, menos desenvolvida ela será no final. Inversamente, quanto menos avançada é uma criatura no começo do seu desenvolvimento, mais avançada e evoluída ela será no final.

O mesmo princípio funciona em todas as áreas da vida. Oportunidades que parecem promissoras no início acabam se tornando um desastre, enquanto situações aparentemente sem esperança inesperadamente demonstram ser bênçãos disfarçadas. Julgamos mal as situações porque nos falta a capacidade de perceber tanto os efeitos em curto prazo quanto o resultado a longo alcance. Nós reagimos ao momento.

A Cabala ensina que com enorme freqüência o resultado final de qualquer processo na vida será o oposto exato da primeira impressão. Nosso adversário tenta reverter essa verdade espiritual incitando reações ao momento atual.


A ARMA DO TEMPO

A Cabala define o tempo como a distância entre a causa e o efeito. O tempo é a separação entre a ação e a reação. O tempo é o espaço entre a atividade e a repercussão, e o divisor entre o crime e a conseqüência. Mas o tempo causa destruição em nossas vidas. Ele cria a ilusão de caos quando, na verdade, existe uma ordem oculta. Nossos cinco sentidos nos impedem de ver através da ilusão do tempo.

Para nós, parece que o passado se foi e que o futuro ainda não chegou. No entanto, o passado e o presente estão sempre conosco. Dois mil anos depois de os antigos cabalistas terem revelado este conceito, Einstein fez asserções semelhantes. São unicamente os limites de nossa consciência que nos impedem de perceber o ontem — e o amanhã — neste exato instante!

Mas como o passado, o presente e o futuro podem todos existir ao mesmo tempo? Imagine um prédio de 30 andares. Estamos agora no 15° andar, que representa o momento presente. Os andares de 1 a 14 representam os incrementos de tempo que nos trouxeram até este momento. Os andares de 16 a 30 representam o futuro de nossas vidas. O que nós percebemos atualmente com os nossos cinco sentidos? Somente o 15° andar. Não podemos ver os andares de baixo e nem os andares de cima. Contudo, todos os andares — isto é, o passado, o presente e o futuro — existem como um todo unificado: o prédio de 30 andares inteiro. E se nós formos para fora do edifício e olharmos de longe, poderemos ver todos os 30 andares juntos!

Este é um belo conceito abstrato para manter a mente ocupada, mas qual é a lição para a nossa vida? O que nos importa se o tempo na verdade é unificado? Quem se importa com o fato de que o amanhã está aqui agora? Não podemos ver o amanhã e não podemos perceber o ontem, então que bem nos traz esta informação?

Boas perguntas, e há uma lição a ser aprendida.


TÁTICA DE IMPEDIMENTO

A ilusão do tempo cria uma distância entre a causa e o efeito. Há um espaço entre o comportamento e sua conseqüência. Existe uma separação entre as nossas ações e as suas repercussões. Esta distância impede que percebamos as conexões entre os eventos de nossas vidas. Podemos ter plantado uma semente negativa há 30 anos mas, até ela brotar, esquecemos a semente. Por fim, uma árvore (caos) apareceu "de repente", do nada. Só que nada acontece por acaso. Tudo pode ser seguido até encontrarmos alguma semente plantada em nosso passado. O tempo simplesmente nos faz esquecer a ação causadora original. O caos parece ser repentino porque o tempo separou a causa do efeito.


O TESTE DO TEMPO

Quando nos comportamos proativamente, o Satan usa o tempo contra nós para sabotar nossas realizações. Assim como o caos pode ser postergado, a Luz que nos é devida também pode ser postergada. Se pensamos ter sido proativos, mas ficamos nos perguntando quando receberemos a Luz, nosso adversário venceu mais um round.

Tratava-se apenas de uma tática de atraso enganadora para nos incitar a reagir com dúvida e descrença. Se aplicamos a Resistência em uma situação e o nosso adversário joga um pouco de tempo no processo, a Luz espiritual devida pode não reluzir imediatamente. Considere o atraso como um teste adicional para garantir que nossa resposta proativa foi genuína e profunda. Se nós reagimos ao atraso, perdemos.

Assim sendo, o tempo é também definido como a distância entre boas ações e os seus dividendos. O tempo é o espaço entre a Resistência e a recompensa.


MANIPULANDO O TEMPO

O Satan também usa o tempo de outras maneiras. Entre essas maneiras, incluem-se os conceitos de "ontem", "hoje" e "amanhã.”

• Ontem: Com muita freqüência, nos apegamos ao passado. Somos prisioneiros de sentimentos de remorso, vingança, ressentimento e de outras emoções destrutivas enraizadas em nosso passado. Nós acolhemos esses sentimentos e permitimos que eles atrapalhem nossas vidas no presente.

• Hoje: Muitos de nós acham tentador fugir dos desafios e pressões do momento presente.
Por isso procrastinamos e adiamos as coisas. Criamos falsas esperanças a respeito do futuro e vivemos negando nossa situação atual.

• Amanhã: Somos tomados pela ansiedade sobre como será. Ficamos amedrontados com o futuro desconhecido, apavorados com o amanhã. Não temos certeza de quais decisões devemos tomar ou quais serão os resultados de nossas escolhas. O medo e o temor nos consomem.

Todos esses sentimentos são reações — por termos permitido que o tempo controlasse as nossas vidas.


A ARMA DA COMPLACÊNCIA

Espiritualidade, de acordo com a Cabala, não é escalar uma montanha para comungar com Deus e com a natureza, meditando às margens de um rio cristalino enquanto os pássaros cantam a beleza do mundo. Isto é bom para uma cena poética, mas não é o propósito de nossas vidas. Assim como também não é o propósito de nossas vidas nos afastarmos do mundo físico, nos isolando no topo de uma montanha para contemplar a magnificência da natureza. De acordo com a Cabala, essas não são maneiras efetivas de alcançar crescimento espiritual.

O nosso caminho foi, por assim dizer, um descer da montanha, para penetrar no mundo do caos, das dificuldades, do tumulto e da aflição, com a finalidade de confrontar os gatilhos que acionam reações. Cada gatilho nos dá a oportunidade de transformar o nosso comportamento reativo e de remover o Pão da Vergonha. Transformação. É assim que reconstruímos o quebra-cabeça da Criação. Como diz um antigo provérbio: "Mares serenos não fazem bons marinheiros."

Na verdade, nossos traços positivos não nos fazem ganhar nenhum ponto na vida. Nossas características admiráveis e nossos talentos especiais não servem para nenhum propósito prático no que diz respeito ao estímulo de novos níveis de satisfação e Luz em nossas vidas. Esses traços já se encontram num estado proativo. Pelo contrário, são as nossas características e traços negativos que nos dão a oportunidade de efetuar uma verdadeira transformação de caráter.

Viemos a este mundo para criar mudança positiva dentro de nós mesmos e no universo ao nosso redor. A mudança positiva irá encontrar resistência, conflito e obstáculos. Devemos abraçar essas situações difíceis. Um homem pode viver numa cidade pequena, numa casa modesta com uma cerca de estacas brancas e um belo jardim do qual ele cuida o dia inteiro. É uma vida boa, uma vida tranqüila. Com a idade de 95 anos ele falece pacificamente durante o sono. Superficialmente, parece ser uma existência ideal. Mas será que era esse mesmo o seu objetivo neste planeta? Houve qualquer mudança interna na vida deste homem? Será que ele é um ser espiritual diferente, mais desenvolvido, na idade de 95 anos do que quando tinha 35 ou 65?

Algumas pessoas vivem 70 anos como se fosse um dia. Algumas pessoas vivem um dia como se fossem 70 anos. A cerca de estacas brancas, a aposentadoria precoce, o estilo de vida simples — tudo isto leva à complacência. Podem ser armas do nosso adversário. Nosso adversário irá instilar complacência dentro de nós para nos impedir de fazer mudanças internas. Então, quando é tarde demais, percebemos que a vida foi vazia e sem sentido.

Ainda pior, algumas pessoas vão para seus túmulos sem perceber que sua existência foi vazia. Lembre-se sempre que nossas características positivas não acendem o interruptor de Luz. A Luz só se acende quando identificamos, arrancamos e transformamos as nossas características reativas negativas. É o nível de mudança em nossas naturezas que determina a medida de nossa plenitude.


A ARMA DO ESPAÇO

E o que dizer de todas as pessoas que na verdade parecem ter sucesso com o comportamento reativo, egoísta? Bem, a palavra chave é parecer. Nossas ações em uma área da vida parecem não ter nenhuma relação com as conseqüências em outras áreas. Isto cria uma sensacional ilusão de espaço e de separação, e o Satan toma plena vantagem disto. Se você é um tubarão nos negócios, o Satan tem o poder de redirecionar o caos para a sua vida familiar. Se você engana seu companheiro, o Satan pode dirigir o retorno para os seus negócios.

Durante 99% do tempo, nossas vontades e desejos são implantados pelo Satan. Inversamente, quando a Luz gerada por nosso comportamento proativo nos negócios se materializa em nossa vida pessoal, o Satan nos manterá preocupados com os negócios.

Quando a Luz não se materializa como lucros maiores, assumimos que o nosso comportamento proativo não está funcionando. Não iremos notar que de repente nossos filhos estão sentindo uma ligação espiritual maior conosco. O Satan limita nossa visão e concentra a nossa atenção em situações que alimentam os nossos egos, e deixamos então de apreciar e de receber a riqueza que a vida nos oferece.


A ARMA DO DISFARCE

Uma das armas mais potentes do Satan é a capacidade de nos confundir. Nos sentimos tristes e desorientados, zangados e invejosos, e nunca sabemos quem é o nosso verdadeiro adversário.

Em meio a todas as fusões e aquisições de empresas, tomadas de poder, das grandes negociatas, das construções de riquezas, das promoções, mudanças de emprego, brigas conjugais, divórcios, ações legais, operações de ponte de safena, dos atos de calúnia, das intrigas, más línguas, racionalizações, justificativas, e de colocar a culpa nos outros, nós achamos que os adversários são os nossos vizinhos e amigos, que nos sentimos compelidos a superar com nossos carros, casas, roupas e férias. Ou achamos que o adversário é o nosso competidor nos negócios. Ou a pessoa no emprego que recebe todo o crédito pelo nosso trabalho. Ou talvez o adversário seja todo este mundo podre, todo o sistema corrompido que nos deixou na mão e nos tratou mal. Talvez por isso nossas vidas sejam tão miseráveis.

Mas não é assim. O Satan é um mestre da magia. Um mestre dos disfarces. O Satan projeta a si mesmo nas outras pessoas, de forma que você reconheça todas as suas falhas nos outros e veja o inimigo como a outra pessoa. Na realidade, você está jogando contra o Satan e nem sabe disso. Você chega até mesmo a duvidar da existência dele neste exato instante, enquanto lê um livro de Cabala que o identifica claramente!

Quando alguém lhe traz prejuízo e você reage, você perde. E o que é ainda mais extraordinário, de acordo com a Cabala você mereceu ser prejudicado por aquela pessoa por causa de algum ato negativo que cometeu anteriormente em alguma área de sua vida. É um comportamento proativo de importância crítica lembrar desta difícil verdade da próxima vez que a vida gongar em cima da sua cabeça: Sendo assim, o Sexto Princípio Cabalístico afirma: Nunca — mas nunca mesmo — coloque a culpa em outras pessoas ou em eventos externos.


DESMASCARANDO O NOSSO VERDADEIRO ADVERSÁRIO

Eis aqui uma técnica muito poderosa e prática para ajudá-lo a pôr esta regra em ação. Toda vez que alguém fizer alguma coisa realmente desagradável com você, imagine poder realmente ver o Satan sussurrando no ouvido da pessoa, causando todo o comportamento negativo. Veja a pessoa na sua frente como um fantoche indefeso, sob completa influência do Satan. Reconheça nele o culpado. Imagine-o rindo de vocês dois, enquanto tenta atiçar as chamas de ódio e de conflito entre vocês.

Como você se sente agora? Isto deve ajudar a aliviar as suas emoções reativas em relação a esta pessoa, colocando-o num estado mental melhor para o verdadeiro trabalho espiritual que começa quando você olha para dentro. E então você poderá ver que o Satan estava sussurrando no seu ouvido também. Todos os seus sentimentos negativos estavam sendo provocados por suas sugestões. Ele estava ajudando você a projetar todas as suas características negativas na outra pessoa o tempo todo. O fato é que você só pôde reconhecer e reagir às características negativas dos outros porque também as possui.



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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg

segunda-feira, outubro 29, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 6/10

- Rav Yehuda Berg - 


A TEORIA DA REATIVIDADE

"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo." (- Leo Tolstoi)

"Eu queria mudar o mundo. Mas descobri que a única coisa que alguém pode ter certeza de mudar é a si mesmo." (- Aldous Huxley)

Quando olhamos para o âmbito do 99 por cento, descobrimos quatro atributos chaves que herdamos da Luz e que precisamos expressar em nosso mundo para eliminar o Pão da Vergonha.

São:

1. Ser a Causa
2. Ser Criador
3. Estar no Controle
4. Compartilhar

Em nosso mundo físico, essas quatro qualidades se unem numa única característica. Meu pai, o cabalista Rav Berg, a expressa elegantemente em uma palavra, diretamente relacionada com o comportamento humano: PROATIVO!

Além disso, todas as características do Receptor — isto é, da humanidade — podem ser expressas com uma única palavra: REATIVO!

Reativo significa:

1. Ser o Efeito
2. Ser uma Entidade Criada
3. Ser Controlado por Tudo
4. Receber

Em termos bem simples, a missão do Receptor é se transformar de uma força reativa em uma força proativa. Agora, veja só:

Este é objetivo final da vida;
A razão de nossa existência;
O sentido de nossas vidas;
Este é o caminho de volta para casa;
A rota para a plenitude infinita;
O segredo para eliminar o Pão da Vergonha;
E a verdadeira definição do termo transformação espiritual.

Desvelamos agora o Quarto Princípio da Cabala: O objetivo da vida é a transformação espiritual, passando de reativo para proativo.


ANALISANDO A TEORIA DA REATIVIDADE

Quando reagimos a qualquer situação e eventos externos em nossas vidas, somos meramente um efeito, e não a causa; somos reativos, não proativos.

Se vivemos nossas vidas sem qualquer crescimento pessoal ou mudança de natureza, não criamos novos níveis de existência espiritual para nós mesmos.

Quando permitimos que forças exteriores influenciem nossos sentimentos, positivos ou negativos, abrimos mão do controle.

Quando exibimos comportamento egocêntrico ou autocentrado, não estamos compartilhando, mas, ao contrário, estamos recebendo gratificação para o ego.

Reflita bem sobre isto antes de seguir para o próximo tópico!


UM BIG BANG ESPIRITUAL

Toda vez que reagimos na vida, seja com raiva ou com prazer, a energia que sentimos é uma perigosa conexão direta com o 99 por cento. Esta é a Luz que o Receptor recebia inicialmente no Mundo Infinito. Esta Luz nos dá uma carga de energia. Uma explosão de prazer. Um sentimento de gratificação. No entanto, foi este brilho inicial de Luz que também fez surgir o Pão da Vergonha! O Receptor recusou essa Luz porque ela era recebida deforma reativa.

Toda vez que nos comportamos reativamente, negamos a natureza divina que herdamos. Nossa alma repete então o ato original de Resistência e pára o fluxo de Luz. Uma versão espiritual do Big Bang é mais uma vez executada.

Metaforicamente, mais um pano é lançado sobre a lâmpada. A vida fica mais escura. E é neste ponto que o prazer se esgota. O entusiasmo nos deixa. A carga se vai. É por isso que nos sentimos tão mal depois que reagimos e explodimos com raiva contra nossos esposos. É por isso que caímos depois de experimentar o "alto" das drogas. É por isso que nossa excitação acaba se dissipando depois que compramos um carro novo ou roupas novas. A gratificação ou o prazer que recebemos não foi criado através de nossos próprios esforços proativos. Alguma coisa externa foi responsável por nossa satisfação.

Da mesma forma, se alguém nos faz um elogio e isto nos faz sentir melhor a respeito de nós mesmos, a outra pessoa é a causa, e nós somos apenas o efeito. Nossa felicidade será apenas temporária. Nossa alma é obrigada a reprisar o ato de Resistência e cortar a Luz para evitar o Pão da Vergonha. O resultado final é a escuridão.


UMA ALTERNATIVA ESPIRITUAL

Há uma outra opção disponível para nós, que previne o acontecimento de "big bangs espirituais" em nossa vida. A Cabala chama essa opção de Resistência, termo que significa parar todos os nossos impulsos reativos através de nossas próprias escolhas.

Embora isto possa ser expresso com uma frase curta, colocar a Resistência em prática requer uma força de vontade e um autodomínio quase sobre-humanos.

Em breve, vamos descobrir o porquê do ditado falar é fácil, fazer é que são elas. Tente o seguinte exercício para aprofundar seu entendimento da Resistência e aprender o que realmente significa a transformação.


O JOGO DOS $100.000

Cenário Número Um: Cem mil dólares em notas pequenas estão em cima de uma escrivaninha num escritório. Um homem entra e vê o montante. Ele se certifica de que não tem ninguém olhando, embolsa o dinheiro e foge como um ladrão.

Cenário Número Dois: Um homem entra e vê o dinheiro. Ele começa a tremer, amedrontado até mesmo com a possibilidade de tocar na quantia, quanto mais de roubá-la. Ele foge do prédio como um coelho assustado.

Cenário Número Três: Um homem entra e vê o dinheiro. Ele averigua para ver se não tem ninguém olhando. Ele então embolsa o dinheiro e começa a fugir, mas pára. Sofre por um momento e decide devolver tudo à escrivaninha.

Cenário Número Quatro: Um homem entra e vê o dinheiro. Recolhe o dinheiro e o coloca numa maleta. Tranca a maleta e a entrega para a chefia da segurança. No local, ele deixa uma nota, informando a quem tiver colocado num lugar errado uma larga soma em dinheiro que entre em contato, e ele, então, dirigirá a pessoa às autoridades para que o dinheiro seja devolvido.

Qual cenário revela mais Luz espiritual em nosso mundo? Qual pessoa expressa mais Luz espiritual em sua própria vida? Baseado em tudo o que aprendemos, vamos examinar brevemente cada cenário para descobrir a resposta.

Cenário Número Um: Neste caso o homem é dominado por seu desejo de receber reativo, instintivo, que lhe diz para pegar o dinheiro e fugir. Comportamento reativo não produz Luz alguma.

Cenário Número Dois: Este homem está meramente reagindo ao seu desejo instintivo de ficar amedrontado pelo simples impulso de roubar o dinheiro. Reagir a seus instintos naturais não produz Luz alguma. O homem entra e sai do prédio com a sua natureza inalterada.

Cenário Número Três: O homem inicialmente reage ao seu desejo de roubar o dinheiro. Mas ele então pára sua reação. Ele a fecha, proativamente. Então, indo contra o seu instinto inicial, transforma a sua natureza neste único instante e devolve o dinheiro. Sua transformação de reativo para proativo revela Luz espiritual.

Cenário Número Quatro: Aqui o homem meramente reage ao seu desejo instintivo de fazer a coisa certa. Ele já estava num estado mental proativo com respeito a roubar o dinheiro. Não acontece nenhuma mudança de natureza. Ele continua sendo a mesma pessoa ao longo da situação. Este tipo de comportamento não produz Luz alguma.

O homem honrado deste cenário ainda pode revelar Luz, porém. Depois de devolver o dinheiro, ele não deve reagir a seu ego, que lhe diz que ele é bom e virtuoso. Ele deve resistir ao seu desejo de receber — que, neste caso, significa o seu desejo de receber elogios por sua boa ação. Ele tem que perceber que a grande oportunidade não é o ato físico de devolver o dinheiro; é manter a boa ação em segredo e não louvar a si mesmo.


A LONGA FILA DE SUPERMERCADO DA VIDA

Na próxima vez em que você se encontrar preso em uma longa fila do caixa eletrônico, do engarrafamento ou na caixa de um supermercado, resista ao seu ímpeto de reagir. Não fique frustrado. Não fique impaciente. Não fique zangado. A fila está ali para testá-lo, e para lhe dar a oportunidade de não reagir. Mas se por acaso você reagir, a situação o controla. A situação se torna a causa, e você é o efeito.

Lembre-se sempre que a razão para não reagir à longa fila no supermercado, ao motorista louco que lhe dá uma fechada na estrada, ou ao cunhado que lhe provoca grande irritação, não tem nada a ver com ser educado. Nem tem a ver com moral, ética ou qualquer outro princípio altruístico. Tem a ver com você, como quando se diz, e o que você leva nisto?

Historicamente, a moral nunca levou à paz e à unidade. A moralidade pode ser um conceito nobre, mas jamais mudará a natureza da fera. Nunca o fez, nunca o fará. Somos uma espécie de recebedores, como diz a expressão, e o que eu levo nisto? E tudo bem. Esta foi a intenção do Criador.

Para estarem motivadas a atuar, as pessoas devem receber algo em troca. O propósito da Resistência é conduzir para mais próximo da Luz, a fim de que se possa receber. Então, pare seu desejo reativo de pensar constantemente em si mesmo — não por isto ser moralmente bom, mas porque a transformação serve ao seu próprio interesse.

Cada um de nós tem o poder de trazer plenitude para a própria vida, transformando a sua natureza. Quando um número suficiente de pessoas atingir este nível, o mundo será inundado com uma infusão inimaginável de Luz.


O MOMENTO DA TRANSFORMAÇÃO

Temos duas escolhas na vida:

1. Reagir à situação, caso no qual nossas almas irão por fim resistir à Luz, nos deixando na escuridão do âmbito do 1 por cento.

2. Proativamente, resistir ao nosso desejo de reagir, nos conectando assim com a realidade do 99 por cento.

A opção número dois remove o Pão da Vergonha, abrindo assim caminho para que a Luz preencha as nossas vidas numa circunstância particular. Colocando de outra maneira, no instante em que reagimos à reação, transformamos um aspecto particular de nosso ser — o que vem a ser o objetivo de nossa existência. Automaticamente nos ligamos com o 99 por cento e a medida apropriada de Luz irradia. Por isto, nosso Quinto Princípio Espiritual afirma: No momento de nossa transformação, fazemos contato com o âmbito do 99 por cento!


A FÓRMULA DA TRANSFORMAÇÃO

Transformar a reação em proação funciona da seguinte maneira:

1. Um obstáculo aparece.
2. Perceba que a sua reação — e não o obstáculo — é o verdadeiro inimigo.
3. Feche o seu sistema reativo para permitir que a Luz entre.
4. Expresse sua natureza proativa.

O momento da transformação tem lugar durante os passos três e quatro. É então que você impõe à sua alma a dimensão iluminada da Luz — o âmbito do 99 por cento.


APLICANDO A FÓRMULA DA TRANSFORMAÇÃO

Considere este cenário da vida e observe como funciona a fórmula:

1. Acontece uma situação difícil. Seu amigo explode com você.
2. Sua reação emocional. Você fica abalado, zangado e magoado.
3. Sua reação comportamental. Você grita de volta com seu amigo.


ANALISANDO A FÓRMULA DE TRANSFORMAÇÃO

1. Um obstáculo aparece. Seu melhor amigo explode com você.

2. Perceba que a sua reação é o verdadeiro inimigo. Seus sentimentos de estar abalado, zangado e magoado são o seu verdadeiro inimigo - não o seu amigo.

3. Feche o seu sistema reativo para permitir que a Luz entre. Ponha de lado todas as suas reações emocionais. Ao invés de gritar de volta, deixe que entre tudo. Mesmo que você não tenha culpa, simplesmente deixe o seu amigo descarregar. O que importa não é quem está certo ou errado. O que importa é a sua decisão de não reagir.

4. Expresse a sua natureza proativa. Agora você está em contato com o 99 por cento. As emoções que você irá sentir agora e seu próximo conjunto de ações terão raiz na Luz. Automaticamente, sentimentos e comportamento positivos irão surgir. Você verá uma mudança positiva surpreendente na situação externa que estava confrontando. Seu amigo responderá de uma maneira que você nunca sonhou ser possível. Ou alguma informação iluminadora acerca de seu relacionamento subitamente aparecerá.

Com grande freqüência, nossa atenção fica focada em circunstâncias externas. Alguém de quem gostamos nos magoa. Um negócio não se realiza. Nós discordamos da opinião de outra pessoa. Alguém nos insulta. Um colega recebe a promoção que nós merecíamos. Acontecimentos externos despertam reações dentro de nós o dia inteiro. Ao invés de reagir, aplique a fórmula. Você verá acontecer verdadeiros milagres.


INDO ADIANTE COM A DEFINIÇÃO DE COMPORTAMENTO REATIVO

O comportamento reativo tem por fundamento o Desejo de Receber humano: este é o desejo original que foi criado no Mundo Infinito. O comportamento reativo inclui a ambição, o egoísmo, a auto-indulgência, o ego e coisas desse tipo. O comportamento reativo é qualquer reação que temos a situações externas. Esse comportamento pode incluir a raiva, a inveja, o excesso de confiança, a auto-estima baixa, a vingança e a animosidade. Tome um momento e reflita sobre essas reações. Relembre as vezes em que essas emoções foram provocadas dentro de você. Pense nas situações que fizeram com que esses sentimentos aparecessem.

Na verdade, 99 por cento de nosso comportamento são reativos. Mas este é o plano. Lembre-se, nossa essência é o desejo de receber, de receber satisfação.

Nossa consciência é construída com base em desejos reativos, impulsivos, instintivos. Elevar-se acima dessa consciência constitui a transformação espiritual genuína.

Vamos examinar agora como todos esses conceitos cabalísticos se desenvolvem em nosso mundo real.



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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg

sexta-feira, outubro 26, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 5/10

-Rav Yehuda Berg -

PARTE TRÊS: O QUEBRA-CABEÇA DA CRIAÇÃO E A TEORIA DA REATIVIDADE


O FAZEDOR DE QUEBRA-CABEÇAS

Havia certa vez um bom e velho fazedor de quebra-cabeças que possuía poderes mágicos. Seu maior prazer provinha de criar quebra-cabeças com figuras encantadoras para as crianças que viviam na vizinhança. Esses quebra- cabeças não eram quebra-cabeças comuns. Tinham propriedades mágicas — quando a última peça era encaixada no lugar, raios de luz radiavam das imagens, enchendo as crianças de alegria. Tudo o que elas tinham que fazer era olhar para a figura. Mais nada. Para os pequeninos, era melhor do que comer 10.000 biscoitos de chocolate e beber 10.000 copos de leite.

Um belo dia, o fazedor de quebra-cabeças realmente se superou. Ele pintou a mais encantadora de todas as suas pinturas, usando tintas mágicas salpicadas com poeira estelar e pincéis especiais com cabos envoltos em ouro. O fazedor de quebra-cabeças ficou tão entusiasmado com sua criação que decidiu não picotar a pintura em peças separadas de quebra-cabeças. Ao invés disto, ele queria que as crianças sentissem de imediato a mágica toda.

Assim que terminou de embalar a pintura, um menininho entrou na loja esperando encontrar a última criação do fazedor de quebra-cabeças. Ele então entregou o pacote com entusiasmo. O sorriso brilhante do menino de repente desapareceu. Seu rosto ficou um pouco triste. Claramente, ele estava desapontado com alguma coisa. "O que há de errado?" perguntou o fazedor de quebra-cabeças. O menininho explicou que montar e criar o quebra-cabeça eram metade da diversão! O fazedor de quebra-cabeças imediatamente entendeu. Com o mesmo amor e carinho que investira em criar a imagem original, cortou e desmontou a pintura. Ele então espalhou carinhosamente as peças separadas dentro da caixa. Ele dera às crianças o que elas realmente queriam mais do que qualquer outra coisa — a alegria e a realização de montar o quebra-cabeça mágico desde o início.

Para proporcionar ao Receptor a oportunidade de criar sua própria satisfação, o Mundo Infinito foi desmontado e transformado num quebra-cabeça. Quando foi permitido ao Receptor que voltasse a montar o quebra-cabeça da Criação, nós, o Receptor, nos tornamos co-criadores de nossa própria plenitude e, desta forma, eliminamos o Pão da Vergonha.


UMA CORTINA DE DEZ DIMENSÕES

Para ocultar a Luz flamejante do Mundo Infinito — e para criar o pequeno ponto no qual o nosso universo viria a nascer — uma série de dez cortinas foram erigidas. Cada cortina sucessiva reduzia mais a emanação da Luz, transformando gradualmente o seu brilho, até quase chegar à escuridão.

Essas dez cortinas criaram dez dimensões distintas. Em hebraico, elas são chamadas de Dez Sefirot, ou de Árvore da Vida.




Keter, a dimensão superior, representa o nível mais alto, mais próximo ao Mundo Infinito. Malchut, localizada na base, denota o nível mais baixo, o nosso universo físico.


O PODER DA ESCURIDÃO

Uma vela acesa não emite luz nenhuma se ao fundo estiver um dia de sol brilhante. Mas num estádio de futebol escuro, até mesmo uma única vela é claramente visível. Da mesma forma, o Receptor era incapaz de criar e de compartilhar num âmbito que já irradiava Luz. Era essencial que uma área de escuridão viesse a existir para nos transformar de recebedores passivos em seres que genuinamente fizeram por merecer e criaram a sua Luz e a sua plenitude. Este é o propósito das cortinas.

A única Luz que resta em nosso universo obscurecido é uma "luz piloto" que sustenta a nossa existência. Esta "luz piloto" é a força de vida da humanidade; a força que dá vida a estrelas, que sustenta sóis e coloca tudo em movimento — desde corações batendo, passando por galáxias em redemoinho, até industriosos formigueiros.


DESMONTANDO O QUEBRA-CABEÇA

Um quebra-cabeça só pode ser um quebra-cabeça se existe espaço separando as peças individuais e se existe um tempo dado para remontá-lo. O Mundo Infinito é um âmbito sem tempo e espaço; por isso a Luz tinha que criar esses conceitos. Isto ocorreu automaticamente quando a Luz foi ocultada pelas dez cortinas. Escurecer a Luz significava obscurecer seus verdadeiros atributos: Se existe Luz de um lado da cortina, a escuridão deve se materializar do outro lado quando uma cortina bloqueia a Luz. Da mesma forma, se a ausência de tempo é a realidade de um lado da cortina, a ilusão do tempo é criada do outro lado. Se existe ordem perfeita de um lado da cortina, existe caos na outra dimensão. Se existe totalidade e unidade absoluta em um lado da cortina, há então espaço e as leis da física do outro lado. Se Deus é uma realidade e verdade evidente de um lado da cortina, a ausência de Deus e o ateísmo são a realidade do outro lado. Sendo assim, num certo sentido, os ateus estariam corretos em seu ponto de vista de que não existe nenhum Deus. Entretanto, nosso objetivo singularmente humano neste mundo é transcender o nosso âmbito do 1 por cento e descobrir uma verdade mais elevada, e este é o assunto deste livro. Você começa a perceber a figura? Bem-vindo ao nosso mundo de escuridão!

Mas ganhe coragem, porque, na realidade, a Luz ainda está aqui. Cubra uma lâmpada com muitas camadas de tecido e o quarto acabará ficando escuro. Mas a lâmpada continua brilhando como sempre. A intensidade de luz não mudou. O que mudou foi o tecido que cobriu a luz. A Cabala nos ensina como remover as camadas de tecido, um pano de cada vez — para remontar o quebra-cabeça da Criação e trazer sempre mais Luz para as nossas vidas.


ADÃO E O ÁTOMO: PARCEIROS NA CRIAÇÃO

Num processo cuja descrição está além do escopo deste livro, o Receptor infinito se quebrou em duas forças de energia espiritual distintas: o princípio masculino, chamado Adão, separado do princípio feminino, chamado Eva.

Esses dois segmentos então se despedaçaram em inúmeros pedaços. Esses pedaços são os fragmentos de matéria e energia que perfazem o cosmos, desde átomos até zebras, desde micróbios até músicos. Tudo é parte do Receptor original.

Adão havia se tornado átomo. Ou mais precisamente, Adão se tornara o próton num átomo, enquanto Eva incorporara o elétron. Eles são os princípios de energia masculino e feminino que animam o nosso universo.

As almas de todas as pessoas eram parte da primeira Alma, infinita, primordial, que se despedaçou. Sendo assim, de acordo com a Cabala, tudo no universo está imbuído com a sua própria faísca de Luz, com a sua própria força de vida. Isto por acaso significa que objetos inanimados também têm alma? Uma pedra tem alma? A resposta é sim! A única diferença entre a alma de uma pedra e a alma de um astro de rock é o nível e a intensidade de seu desejo de receber Luz.

Quanto mais Luz uma entidade deseja e recebe, maior é a sua inteligência e o seu autoconhecimento. Um ser humano é mais inteligente e tem mais autoconhecimento do que uma formiga, e uma formiga é mais inteligente e tem mais autoconhecimento do que uma pedra.


TRABALHO DE PARTO

No instante preciso da quebra do Receptor, as Dez Sefirot passaram por uma contração súbita em preparação para o nascimento do nosso universo.

Seis das dez dimensões se enrolaram, tornando-se uma só, e são conhecidas coletivamente como o Mundo Superior.




Esta contração, de acordo com o cabalista do século XII Moisés ben Nachman, é o segredo cabalístico por trás da frase "Seis dias da Criação". Por que, afinal, um Criador todo-poderoso necessitaria de uma quantidade qualquer de tempo para criar um universo? Deus deveria ser capaz de fazer surgir um universo em menos que um nanossegundo!

O cabalista Moisés ben Nachman concordava. Há cerca de 800 anos, ele explicou que os seis dias da Criação não tinham absolutamente nada a ver com o conceito de tempo conforme nós o conhecemos. Trata-se de um código para a união de seis dimensões em uma.

No caso de você não ter contado, ainda restam quatro das dez dimensões. Elas são as precursoras de nosso universo tridimensional, e da quarta dimensão do espaço-tempo.


A CIÊNCIA ALCANÇA A CABALA

Dois mil anos depois de os antigos cabalistas revelarem que a realidade existe em dez dimensões — e que seis destas dimensões estão compactadas em uma — os físicos chegaram às mesmas conclusões. Isto veio a ser chamado de Teoria das Supercordas.

De acordo com esta teoria, nosso universo é formado de laços minúsculos que vibram. Diferentes vibrações criam diferentes partículas de matéria, assim como as vibrações da corda de uma guitarra produzem diferentes notas musicais.

Dr. Michio Kaku é uma autoridade reconhecida internacionalmente em física teórica e um dos principais proponentes da Teoria das Supercordas. Na revista New Scientist, Dr. Kaku escreveu: "O Universo é uma sinfonia de cordas vibrando. E quando cordas se movem num espaço-tempo de dez dimensões, elas distorcem o espaço-tempo ao seu redor precisamente da maneira predita pela relatividade geral. Os físicos resgatam o nosso Universo mais familiar de quatro dimensões assumindo que, durante o Big Bang, seis das dez dimensões se enrolaram (ou "compactaram") e se tornaram uma pequena bola, enquanto as quatro dimensões restantes se expandiram explosivamente, nos dando o Universo que observamos."

Dr. Kaku, discutiu o impacto que esta nova (ou velha) ideia teve sobre a comunidade científica. "Para seus defensores, a teoria de que o Universo originalmente começou com dez dimensões introduz no mundo da física uma área nova e impressionante de matemática, algo de tirar o fôlego," escreveu o Dr. Kaku. "Para os seus críticos, ela margeia a ficção científica.”

Dr. Kaku, que escreveu um livro sobre Supercordas que se tornou um best-seller, intitulado Hiperespaço, ficou surpreso com as semelhanças intrigantes entre a Cabala e a Teoria das Supercordas. "É estranho", ele disse, "como os números mágicos da física e a teoria do campo unificado são encontrados na Cabala!"


UMA CIÊNCIA PRÁTICA

O que significa para nós, num nível prático, toda esta intrigante falação científica? Como os acontecimentos de nossas vidas se relacionam com uma explosão que aconteceu há uns 15 bilhões de anos? Por que deveria nos interessar se o universo tem dez dimensões, ou 50 dimensões, que seja? Muitos rabinos, estudiosos e cientistas reconheceram que existem profundas similaridades entre a Cabala, o Big Bang e a Teoria das Supercordas. Mas, e daí?! Qual a relevância disso para os nossos medos e fobias e para os nossos desejos de plenitude infinita? Qual a conexão com o nosso desejo interminável por felicidade duradoura?

Nisto reside a genialidade do cabalista Rav Ashlag. Ele sintetizou esses conceitos, os trouxe para o nosso mundo, e derramou uma luz profunda sobre sua relevância para a felicidade humana.

Como foi dito anteriormente, aquelas seis dimensões que estão justamente acima de nossa percepção são conhecidas coletivamente como o Mundo Superior. O Mundo Superior é o âmbito do 99 por cento sobre o qual falamos nos capítulos anteriores.

1. É este âmbito de 99 por cento que tocamos durante aqueles raros momentos de claridade, de êxtase, de percepção mística, de consciência expandida, de epifania ou de capacidade de escolher os números premiados da loteria!

2. Quando Michael Jordan enterrou sua última cesta no fim do jogo e de sua carreira, a alegria que ele vivenciou emergiu deste âmbito.

3. Quando seu coração bate como um tambor e a paixão o ataca, no momento em que você vê pela primeira vez a sua alma gêmea, você está tocando no 99 por cento.

4. Quando você está deitado numa praia com o sol se derramando sobre você, sem nenhuma preocupação no mundo, esta serenidade quase sobrenatural flui dos mundos acima.

5. Toda vez que você sentiu prazer, felicidade, tranqüilidade, paz interior, harmonia, e o tipo de confiança de que poderia conquistar qualquer coisa, estava tocando um dos níveis altos das Dez Sefirot.

6. Este é o âmbito sobre o qual Platão escreveu — o mundo eterno de Idéias ou Formas que existe "além" do mundo físico dos cinco sentidos.

Notavelmente, Sir Isaac Newton, o grande cientista que veio a ser visto como a própria personificação do método científico, concordava com esta afirmação. Matt Goldish, em seu livro O Judaísmo na Teologia de Sir Isaac Newton, cita de um dos manuscritos teológicos de Newton: "Platão, ao viajar para o Egito quando os judeus eram numerosos naquele país, aprendeu ali suas opiniões metafísicas sobre os seres superiores e sobre as causas formais de todas as coisas, que nós chamamos de Idéias e que os cabalistas chamam de Sefirot..." (MS. Yahuda, 15. 7, p. 137v)

Quando nos elevamos e compreendemos este mundo mais elevado, trazemos mudança permanente e positiva para nossas vidas. Lembre-se, mova o braço que cria a sombra na parede e a sombra na parede automaticamente responde.

Quantas vezes você se indagou: "Onde está Deus quando eu mais preciso Dele?". Quantas vezes perguntamos a nós mesmos por que é tão difícil se conectar com o Criador? A chave para nos conectarmos com o Criador e termos as nossas preces respondidas é saber como nos conectarmos com o Mundo Superior, conhecido como o âmbito do 99 por cento. Você aprenderá como fazer isto nas explanações a seguir.



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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg

terça-feira, outubro 23, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 4/10



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PARTE DOIS: A CRIAÇÃO, O BIG BANG E A NATUREZA DE DEUS


A CAUSA DE TODAS AS CAUSAS

Por incontáveis séculos, perguntas em torno das origens do cosmos foram contempladas por rabinos, padres, cientistas, xamãs, espiritualistas, filósofos e físicos. Hoje, o establishment científico concorda em larga escala que há cerca de 15 bilhões de anos o universo físico explodiu para a existência no que é chamado agora de Big Bang. Mas a ciência pára por aí, deixando suspensa no vácuo do espaço a pergunta primordial — por que o Big Bang ocorreu, em primeiro lugar? O que o causou? E como o Big Bang se relaciona com a vida na cidade grande hoje? Por que deveríamos nos preocupar com algo que aconteceu há 15 bilhões de anos, quando nem ao menos conseguimos entender o que deu errado nos últimos 15 minutos?

Os antigos cabalistas foram os únicos a ousar responder a essas perguntas essenciais da existência. Eles viajaram a um lugar onde ninguém mais tinha jamais se aventurado — para o misterioso momento antes da Criação do nosso universo!


SABEDORIA COMO LUZ

A sabedoria espiritual e os conceitos que serão revelados nas páginas seguintes são mais antigos do que o próprio tempo. Estes são os segredos de todos os segredos referentes à origem de nossas almas. São os mistérios de todos os mistérios. O benefício que se deriva de aprender sobre nossas origens se estende além de um maior conhecimento intelectual. Existe uma dimensão mística ligada à compreensão da raiz de nossa existência. Há um benefício espiritual que vem de entender estes princípios originais. Esta sabedoria longamente oculta, de acordo com os cabalistas mais instruídos, é também o material e a substância da própria Luz espiritual. Cada nova noção implantada em nossas mentes abre novas trilhas e portais para o 99 por cento, através dos quais a energia positiva preenche o nosso ser. Aprender Cabala liberta um potencial oculto, nos permitindo ver e perceber coisas que nunca vimos antes. As mentes mais brilhantes da história, incluindo Pitágoras, Platão, Sir Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz investigaram a sabedoria oculta da Cabala, e ela os influenciou de forma profunda. Lembre-se, Newton na verdade não inventou a gravidade. Sir Isaac simplesmente descobriu o que já estava Lá. A meta ao estudar Cabala e os mistérios de nossas origens não é apenas ficar mais versado, mas também mais puro, mais iluminado e mais realizado.


RETIRANDO A CORTINA

Hoje, com a aceitação da mecânica quântica, da relatividade e de outras teorias científicas de ponta, parece que finalmente a ciência está alcançando a Cabala. Conforme descobriremos nas páginas seguintes, estes pontos de vista científicos apresentam semelhanças evidentes com as especulações cosmo- lógicas dos antigos cabalistas. Entretanto, permanece uma diferença notável: enquanto a ciência limita suas investigações a como o mundo funciona, a Cabala faz a pergunta final: Por quê?

"Por que o mundo existe da forma que existe? Por que estamos aqui? Por que minha vida é como é?"

Se alguma vez você parou para se fazer estas perguntas quando a vida lhe apresentou desafios difíceis, tem o seu porquê para ler este capítulo.

Vamos agora dar uma espiada por trás da cortina e descobrir o que realmente se encontra do outro lado da realidade.

Pronto para dar uma olhada?

Aqui vai: Antes do planeta Terra...
Antes do universo... Antes do Big Bang...
Antes do próprio tempo...

De volta à causa de todas as causas...


ENERGIA

"Saiba que antes das emanações serem emanadas e do criado ser criado, a Luz exaltada e simples preenchia toda a existência, e não havia nenhum espaço vazio." (- Cabalista R. Isaac Luria, século XVI.)

Antes do início dos tempos, existia uma força infinita de Energia. Essa força atingia até o infinito, preenchendo a eternidade, se expandindo até a infinidade, além de tempo, espaço ou movimento. De acordo com a Cabala, esta Energia sem limites era a única realidade. E a natureza dessa Energia era se expandir, transmitir, compartilhar e dar. A essência e a substância dessa Energia era a satisfação infinita, a alegria sem limites e a iluminação ilimitada.

Tudo o que sempre desejamos, e muito mais, está incluído dentro dela: Plenitude... Paz de Espírito... Contentamento... Amor... Liberdade... Sabedoria... Felicidade!

Tudo de positivo que vai contra a força do caos, tudo o que for a antítese do sofrimento e da dor, qualquer coisa que gere plenitude, prazer e paixão... tudo isto estava incluído dentro dessa força de Energia ilimitada. Na Cabala, esta Energia de dar e de compartilhar que sempre se expande é conhecida como a Primeira Causa.


DOIS PARA O TANGO

O conceito de dar e compartilhar requer o consentimento de duas partes. Afinal, se não há ninguém com quem compartilhar, como pode o compartilhar ocorrer? Se não há ninguém que deseje receber o presente, como o presente pode ser dado?

Imagine uma senhora idosa numa esquina, num cruzamento agitado. Um transeunte tenta ajudá-la a atravessar a rua com segurança. Ela educadamente recusa. Ele tenta de novo. Ela continua recusando, agora um pouco incomodada por sua insistência. Por que ela se sente incomodada? Porque não tem desejo de atravessar a rua. Está simplesmente parada no cruzamento esperando o ônibus.

Embora o nosso transeunte quisesse dar, era impossível dar, porque a senhora idosa não tinha um desejo de receber o que ele estava oferecendo.

É preciso que haja um recipiente, um receptor desejoso, um desejo de tomar posse da oferenda, para que o ato de compartilhar ou de dar ocorra.


O RECEPTOR

Para completar a sua natureza de dar, a força de Energia infinita criou um recipiente — a Cabala o chama de Receptor — para o qual poderia compartilhar a sua essência. Imagine um copo cheio de água. A água dentro do copo corresponde à Energia. O copo corresponde ao Receptor que recebe e contém a Energia. O Receptor, entretanto, não era uma entidade física. Era, na verdade, uma força, uma essência inteligente, não material.

A natureza do Receptor era um Desejo de Receber infinito. Em outras palavras, para todo tipo de satisfação e alegria que a Energia irradiava, havia por parte do Receptor um Desejo de Receber correspondente. Pelo fato de essa Energia incorporar uma variedade infinita de satisfação, o Receptor consistia de infinitos Desejos de Receber. Em termos simples, se desta força de Energia irradiava energia sexual, um desejo voluptuoso por sexo era logo despertado no Receptor. Se fosse incluída uma caixa de chocolates dentro dessa Energia, um gosto pelo doce e um desejo por chocolate eram logo expressos dentro do Receptor.

Sendo que esta Energia é definida como a Primeira Causa, o Receptor é definido de forma adequada como o Primeiro Efeito. Temos agora então uma Energia infinita e um Receptor infinito. Causa e efeito. Dar e receber.


DEUS E A HUMANIDADE

Fechemos a cortina apenas por um instante. A este ponto você provavelmente compreendeu que o Receptor é a nossa raiz, a nossa semente, a nossa origem, a nossa fonte. De fato, todas as almas da humanidade, no passado e no presente, estavam presentes dentro do Receptor.

Ao longo dos tempos, a força de Energia infinita recebeu a denominação de Deus, de Senhor do Universo, de Criador Divino, e muitos outros nomes. Os antigos cabalistas se referiam a esta força de Energia com a palavra em hebraico Or. Em português, Or significa Luz.

Assim como no lado de cá da cortina, a luz do sol instantaneamente se expande e ilumina um quarto escuro, do outro lado da cortina a Luz se expande e ilumina a eternidade.

Assim como um único raio de luz contém todas as cores do arco-íris, a Luz contém todas as cores de plenitude.

Essa Luz que brilha tão claramente por trás da cortina é a fonte e a substância de toda a plenitude que buscamos. Todas as nossas atividades são, na verdade, uma busca pela Luz, que se manifesta numa diversidade de formas: recompensas, relacionamentos, carreiras prósperas, realizações pessoais, vida familiar valiosa, contentamento emocional, segurança financeira, conhecimento e sabedoria, e todos os outros objetivos que aspiramos em busca da felicidade.


A LUZ

A Luz não é Deus, mas uma Energia que vem de Deus. Considere a luz do sol. Os fótons que caem sobre a Terra não são a fonte e a essência do corpo solar ardente que, a partir de uma distância de 91 milhões de milhas, nos dá vida.

Semelhantemente, a Luz não é propriamente o Criador, mas sim Seus atributos positivos e a energia espiritual que irradia de Seu centro. Em termos ainda mais simples, assim como não podemos tocar na fornalha nuclear que é o nosso sol, a mente humana não consegue conceber a totalidade de Deus. Faz pouco sentido, portanto, ponderar sobre as origens da infinidade, quando não somos capazes de verdadeiramente compreender ou contemplar o próprio conceito de infinidade. É suficiente saber que a alegria e a plenitude infinita da Luz preencherão de forma completa e absoluta a todos e quaisquer desejos humanos.


A ESTRUTURA DO RECEPTOR

O Receptor infinito era composto de dois aspectos — uma energia masculina e uma energia feminina, como uma pilha simples que contém pólos positivo e negativo.

A Cabala ensina que essas duas energias do Receptor eram conhecidas pelos nomes em código de Adão e Eva. Adão e Eva não eram apenas duas pessoas no Jardim do Éden. Há cerca de 2.000 anos, o mestre cabalista Rabi Shimon bar Yochai disse que quem aceita a Bíblia literalmente é um idiota. (Não se esqueça, foram dele essas palavras!)

Os cabalistas compreendem que a Bíblia inteira é um código. E como qualquer código complexo, é preciso decifrá-lo e compreendê-lo de forma mais profunda.

De certa forma, é como a música. Imagine tentar ouvir uma música e sentir as emoções do compositor simplesmente olhando para a pauta musical. Não dá certo. É preciso escutar a melodia e ouvir a letra para apreciar completamente a canção.

A Cabala é o instrumento do nosso universo que toca a canção da Criação.

A Bíblia é a pauta musical.

A ciência conta com idéias semelhantes. Um físico nunca iria depender da aparência de uma pedra para apreender a natureza fundamental de sua realidade no nível de átomos, prótons, elétrons e nêutrons. A Bíblia também tem um nível subatômico bem mais abaixo do nível superficial do texto. Na verdade, o principal motivo da hostilidade entre a ciência e a religião, e o motivo pelo qual a religião fracassou em satisfazer os desejos de todos, é que estivemos lendo a Bíblia literalmente. Permanecemos na Idade de Pedra no que diz respeito ao seu nível subatômico. Este nível subatômico se chama Cabala. Dessa forma, aprendemos que o termo em código Adão e Eva na verdade está ligado ao Receptor — que é ele mesmo uma força consciente conhecida como o Desejo de Receber.


UM ATO DE CRIAÇÃO

A criação do Receptor — isto é, do Desejo de Receber — á a única criação verdadeira que jamais aconteceu. Foi só isto. Nenhuma outra entidade foi construída. Nenhum outro mundo foi fabricado a partir do nada. A única coisa que alguma vez veio à existência – ex nihilo – foi o desejo de receber tudo o que a Luz oferecia.

Este ato único de criação ocorreu antes da origem do nosso universo. Dentro deste ato único de criação, entretanto, existem inúmeras fases complexas, que os antigos textos cabalísticos tornaram conhecidas através de discurso, metáfora, parábola, e de outras linguagens ocultas. O estudo dessas fases requer muitos anos, por isso aqui será apresentada uma rendição abreviada.

O compartilhar por parte da Luz de sua essência com o Receptor levou a uma extraordinária unidade. Em termos cabalísticos, essa unidade profunda se chama...


O MUNDO INFINITO

Se pudéssemos de fato perceber o Mundo Infinito espiando por trás da cortina, seria impossível distinguir entre a Luz e o Receptor.

Imagine esculpir um copo num bloco de gelo. Imagine então jogar água dentro desse copo. O copo é o recipiente — o Receptor. A água é o doador — a Luz. A água enche o copo assim como a Luz enche o Receptor.

Em sua essência básica, entretanto, tanto a água quanto o copo são H20. Uma única essência, mas duas formas. Os conceitos de compartilhar e de receber ocorrendo dentro de um único domínio de H20. Uma única realidade, mas duas inteligências.

O Mundo Infinito opera de maneira semelhante. Consiste na perfeição total — a Luz compartilhando completamente com o Receptor. A manifestação última de compartilhar e receber. Unidade. Harmonia. Dar e receber, infinito de plenitude.


A PERGUNTA QUE VALE UM MILHÃO

Então o que aconteceu? O que é esse Mundo Infinito? Como viemos parar aqui, nesta existência tão problemática? Por que estamos presos deste lado da cortina onde tudo é escuro e perigoso?

Se tudo estava unificado e perfeito no Mundo Infinito, por que estamos lendo este livro num mundo que é fragmentado e falho?

Se somos parte do Receptor, por que experimentamos tanta dor?

Onde está a Luz, a alegria infinita e a felicidade permanente?


A NATUREZA DE DEUS

Considere um copo vazio. O que acontece quando você o enche com água quente? O próprio copo se esquenta. Isto é análogo ao que aconteceu no Mundo Infinito. À medida que a Luz enchia o Receptor, os atributos da Luz eram transmitidos. Podemos até dizer que o Receptor herdou a natureza do seu Criador. Essa natureza herdada é o poder de criar plenitude, de dar plenitude, e de desempenhar um papel ativo e causal no processo em andamento da Criação.


O NASCIMENTO DE UM NOVO DESEJO

O Receptor herdou a natureza da Luz e, por conseguinte, um novo desejo surgiu dentro do Receptor. Esse novo desejo era um anseio de expressar aquilo que pode ser chamado de o DNA do Criador. Especificamente, o Receptor queria:

Ser a causa da sua própria felicidade.
Ser o criador de sua própria plenitude.
Compartilhar plenitude.
Controlar os seus próprios assuntos.

A plenitude infinita foi a razão pela qual o Receptor foi criado, em primeiro lugar. No entanto, devido ao fato de que o Receptor não podia expressar os seus "genes do Criador", o Receptor não sentia mais plenitude infinita. Existia um único desejo que permanecia insatisfeito, e isto era um grande problema.

Para descobrir o que acontece nesta próxima fase da criação, fechemos a cortina sobre o âmbito do 99 por cento e voltemos a nossa atenção para um jogo do campeonato infantil de baseball que está acontecendo num campo ensolarado durante uma tarde quente de primavera.


CAMPO DE SONHOS

Bobby tem nove anos de idade. Ele é o lançador do seu time infantil de softball. Se Bobby pudesse ter um único desejo realizado em todo o mundo

hoje, este seria lançar no jogo de tal forma que enchesse os seus pais de orgulho e de alegria! Bobby está tendo a sua oportunidade hoje porque o seu treinador o escolheu para ser o lançador desde o início da partida. O garotinho não desaponta; ele não permite que nenhuma rebatida aconteça e estabelece um recorde para o maior número de eliminações sem que o rebatedor atinja a bola.

Depois da última eliminação, os jogadores do time de Bobby invadem o campo, levantam-no sobre os seus ombros e desfilam com ele ao redor do campo numa celebração frenética. Bobby cruza os olhos com seus pais, que a este ponto estão radiantes de felicidade nas arquibancadas. As emoções sentidas por este garoto de nove anos são indescritíveis.

Depois do jogo, Bobby descobre uma coisa muito chocante. Parece que o seu pai tinha combinado antes com ambos os técnicos e com ambos os times, arranjando o jogo em favor de seu filho. Era o aniversário de Bobby, e o pai queria que seu filho se sentisse ótimo neste dia especial. O jogo todo tinha sido arranjado. Desde o primeiro lançamento até a última eliminação. Os abraços e as comemorações de seus companheiros de time eram uma encenação. Tudo porque o Papai queria que seu filho vivesse esses sentimentos alegres de vitória e de realização.

Como Bobby se sente então? Pense nisto por um instante.


O PÃO DA VERGONHA

Pão da Vergonha é o termo da Cabala para todos os terríveis sentimentos que o pequeno Bobby está sentindo. É uma antiga expressão cabalística que expressa todas as emoções negativas que acompanham um sucesso não merecido. Diz-se de um homem abandonado pela sorte, que se vê obrigado a aceitar a caridade dos outros, que ele está comendo o Pão da Vergonha. Ele possui um desejo profundamente enraizado de ganhar o dinheiro de que precisa para comprar o seu próprio pão. Deseja desesperadamente estar numa situação em que possa alimentar e sustentar a si próprio.


O RECEPTOR TINHA TUDO NO MUNDO INFINITO, EXCETO UMA COISA:

A capacidade de fazer por merecer e de ser a causa de sua própria satisfação! Desta forma, o Pão da Vergonha impedia o Receptor de sentir uma felicidade absoluta. Esta situação certamente não era a intenção ou o pensamento por trás da Criação. Havia somente uma opção: Remover o Pão da Vergonha.

Mas como?


O DILEMA

Enquanto o Receptor não fizesse mais do que simplesmente receber, permaneceria infeliz. Então, o que o Receptor podia fazer para eliminar todos esses sentimentos péssimos conhecidos como Pão da Vergonha? Compartilhar não era uma opção, já que não havia nada com que compartilhar. Havia somente a Luz e o Receptor unificados no Mundo Infinito. Talvez o Receptor pudesse compartilhar com a Luz? Uma idéia louvável, porém a Luz não tinha desejo de receber. A Luz é ela própria uma força infinita de compartilhar Energia.

A Solução: O Receptor parou de receber a Luz.

O Receptor repeliu a Luz, resistiu à Luz, e disse: "Chega! ״

Neste exato momento ocorreu uma explosão espiritual — uma explosão que continua reverberando até hoje. Os cientistas detectaram o eco cósmico desta explosão e o batizaram... de Big Bang!!!


RESISTÊNCIA

Os antigos cabalistas chamaram o ato do Receptor de repelir a Luz de Resistência. Esta palavra irá aparecer novamente, então por favor lembre-se dela. No momento em que o Receptor resistiu a ser preenchido pela Luz, a Luz se retirou e criou um espaço vazio. A Luz se constringiu, criando um ponto único de escuridão dentro do Mundo Infinito. O infinito tinha dado vida ao finito.


O BIG BANG

A ideia de que os antigos cabalistas compreendiam que a explosão de um Big Bang tinha dado início ao nosso universo é no mínimo intrigante.

Esse Bang foi de fato confirmado pelo satélite COBE da NASA há apenas poucos anos. Jornais e noticiários televisivos ao redor do mundo anunciaram a descoberta com grande entusiasmo. O físico de renome mundial Stephen Hawking disse que era a descoberta do século. O astrofísico George Smoot disse que era como "Olhar para Deus". Na verdade, era mais como olhar para o primeiro esforço do Receptor para eliminar o Pão da Vergonha.

A ciência, concentrada no como da realidade física, carece de meios para entender a significância espiritual de por que ocorreu o Big Bang. Ainda assim, é interessante comparar como a antiga Cabala e a física do século XX descrevem o início de nosso universo. As semelhanças são extraordinárias.


CIÊNCIA MODERNA

Há aproximadamente 15 bilhões de anos, antes de o universo vir à existência, não havia nada. Não havia o tempo. Não havia espaço. O universo começou num único ponto. Este ponto era cercado pelo nada. Não tinha largura. Não tinha profundidade. Não tinha comprimento. Este ponto irrompeu numa explosão de força inimaginável, expandindo-se à velocidade da luz como uma bolha. Essa energia por fim se resfriou e se aglutinou, transformando-se em matéria — em estrelas, galáxias e planetas.


CABALA

Dos escritos do cabalista do século XVI, Rabi Isaac Luria: "O universo foi criado do nada a partir de um único ponto de luz. Esse nada é chamado de Mundo Infinito. O Mundo Infinito era preenchido com Luz infinita. A Luz foi então restringida a um único ponto, criando o espaço primordial. Além deste ponto nada é conhecido. Sendo assim, o ponto é chamado de início. Depois da Resistência, o Mundo Infinito emitiu um raio de Luz. Esse raio de Luz então rapidamente se expandiu. Toda a matéria emanou deste ponto."


O NASCIMENTO DE UM UNIVERSO

Ao resistir à Luz, o Receptor deu um pequeno primeiro passo rumo à eliminação do Pão da Vergonha.

Como um pai carinhoso que se afasta e permite que a criança caia para que, assim, ela aprenda a andar, a Luz se retirou no instante em que o Receptor disse: "Agradeço, mas não, obrigado. Eu gostaria de aprender por mim mesmo a criar e a compartilhar um pouco de Luz. "

A Luz deu ao Receptor o tempo e o espaço para que pudesse desenvolver a sua própria natureza divina.

O tempo e espaço dado ao Receptor é o nosso universo físico.





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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg