Osho
A palavra MAYA tem de ser compreendida. Em Inglês, não há palavra equivalente: "ilusão" não está certo. No oriente chamamos de verdade aquilo que é eterno, aquilo que está eternamente lá, que sempre foi, sempre será, e que nunca houve um momento em que não era - a esta eternidade chamamos-a o real, o verdadeiro. Exatamente em oposição a ela está o irreal, o falso: o que nunca foi, nunca será. E entre esses dois está aquilo que denominamos Maya. MAYA significa aquilo que parece ser e que, apesar disso, não é. Maya encontra-se exatamente no meio, no ponto central que está entre o real e o irreal. Ela é uma mentira mas aparece como se fosse verdade. É uma mentira enfeitada, decorada e muito, muito convincente. Quando ela se apresenta, parece ser absurdamente real, e parece absolutamente verdadeira; você sabe disso.
Por exemplo, quando você sonha a noite, você nunca suspeita. Mesmo as pessoas mais céticas não suspeitam. Em um sonho não há ninguém que suspeite. Mesmo os grandes duvidadores que tudo suspeitam e questionam não levantam suspeitas sobre o sonho. Quando o sonho está lá, ele parece ser absolutamente verdadeiro. Mesmo as coisas absurdas que acontecem no sonho também aparentam ser verdadeiras.
Quando o sonho está lá, ele é real. É tão real que até mesmo o absurdo não te faz duvidar. Mas pela manhã, quando você abre os olhos, de repente tudo aquilo revela-se irreal. Agora, de onde surgiu tudo aquilo? - tudo aquilo surgiu a partir de sua inconsciência. Tudo foi a sua projeção. Aquilo tudo não estava fora de você, estava dentro; era tudo o seu próprio jogo. E você estava tão perdido nele, que ele veio a tornar-se extremamente real. De manhã você está acordado, a projeção foi retirada, e você pode claramente ver que tudo era irreal.
Algo não existia. De repente pareceu existir. E novamente deixou de ser. Maya é um "é" que existe entre dois "não é". Como um sonho que não existia ao entardecer do dia, não existia também ao amanhecer do dia, mas que parecia existir durante a noite quando você pegou no sono. Mas, se o sonho era real somente durante a noite, como você pode chamá-lo de real? Assim, no oriente inventou-se um novo termo. Nós o chamamos de MAYA: aquilo que é irreal mas que, todavia, parece ser tão real devido à nossa inconsciência.
Maya é quase como mágica - algo que não é, que absolutamente não existe, e contudo se faz capaz de aparecer como se existisse.
4 comentários:
Muito bom o texto do Osho, como sempre aliás. Mas a pergunta é como sair fora de Maya de vez? Em vez de ficar negando a cada segundo que ela exista. O que vai contra o nosso cérebro, nossos cinco sentidos, o sistema social... Com nossos condicionamentos é muito difícil sair deste dualismo não é mesmo? É muita coisa contra... Não à toa grande parte da humanidade nem suspeita que ela existe. E os que sabem, enfrentam enormes dificuldades para eliminar tais condicionamentos...
Os textos do Osho são quase todos muito bons, principalmente aqueles em que ele explana sobre meditação, percepção...
Lutar contra Maya a fim de sairmos de suas garras é a forma mais segura e absoluta possível de permanecermos presos/vítimas dela. A forma de ir além está na aceitação, no acolhimento de Maya na exata forma como ela é, ou seja, do modo como ela se apresenta. Tudo simplesmente é aceito. É como o guerreiro em busca da luz que, a fim de encarar e vencer todos os seus medos, tem de ver, compreender e acolher/admitir as sombras que existem em seu interior. Na aceitação, ou seja, nessa harmonização com suas próprias sombras, ele percebe que elas começam a desaparecer em meio a uma Luz maior que existe e cerca tudo (inclusive a sombra), e que o guerreiro reconhece ser ele. Mas ele não luta com as suas sombras.
No final, a verdade é o que se revela, e é tudo o que sobra. Ok?
Grande Abraço!
Sr. Amigo Anônimo
Olá gostei muito mas tenho umas perguntas, eu reconheço a minha sombra, que é muito grande, acho até que não sou uma pessoa boa, tento mudar mas sempre meus vícios de atitudes e desejos mundanos me arrastam, e depois eu fico péssimo, me sinto culpado, o que fazer para vencer meu eu inferior, fazer o bem e conseguir viver no mundo?
A primeira cois a fazer é tomar consciência/admitir seus hábitos e comportamentos, e saber que eles são negativos. Consciente disso, esforçar-se para mudar e adquirir hábitos mais saudáveis. Se for necessário, procurar ajuda de profissionais e familiares. Muita gente tem enorme resistência a isso, mas às vezes é justamente isso que pode nos ajudar. E parar de se considerar uma pessoa ruim. Só pelo fato de você reconhecer seus erros e ter vontade de mudar a si mesmo... isso já é uma nobreza em você, é algom bom. Mas entretanto, isso não deve ficar apenas no campo do pensamento, da teoria, das ideias, é necessário colocar em prática ações condizentes com o objetivo que você deseja atingir. Quer vencer seu eu inferior? Comece a praticar ações em dedicação ao bem estar dos outros (amigos, familiares, ou mesmo pessoas desconhecidas). O eu inferior te incita a viver pra procurar somente o bem para si mesmo. Quando você dedicar seu tempo e suas ações em benefício de outras pessoas, o seu eu inferior sentirá como se você estivesse sacrificando seu tempo, suas enegias - sua vida - em prol de seres outros que não você. Para ele isso parecerá ser um desperdício. Mas para seu eu superior será exatamente o contrário... você estará exercitando o eu superior, alimentando-o e pouco a pouco você começará a sentí-lo até chegar o momento em que você terá plena consciência de que na realidade você é o Eu superior, e não o eu inferior. Assim, substitua seus vícios, atitudes e desejos mundanos por atitudes de praticar o bem ao próximo. Isso o levará para longe do eu inferior e, consequentemente, pra perto do eu superior.
Grande Abraço!
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