"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, setembro 16, 2015

A mente e o medo

 - Sri Bhagavan -


Bem, todo ser humano tem uma mente, e essa mente não é nada senão medo. Não é que a mente experimente o medo, a mente em si é medo. A razão é: a mente está lá porque existe o "eu". 

O "eu" na realidade não existe, e tem consciência disto, no fundo ele é consciente disso, que ele realmente não existe, mas ele quer existir. Então ele é como um ladrão dentro de uma casa, que tenta se esconder o tempo todo, para se proteger. O "eu" está tentando se proteger, e isto em si já é medo, porque a qualquer momento o "eu" pode desaparecer. O que é chamado de "eu biológico" está aí por conta da forma como seus sentidos estão sendo coordenados. 

Na realidade, quando você está vendo, você não está ouvindo, quando você ouve, você não vê, quando você cheira, você não experimenta o sentido do toque. Mas tudo isso acontece tão rápido que parece que enquanto você vê, você ouve; parece que enquanto ouve, você pode tocar. Parece ser assim, mas na realidade, não é. Se, por alguma chance, isso for desacelerado você verá: o "eu" se foi. 

Então o "eu" é um pobre impostor, que não está lá. Podemos dizer que ele é mais como alguém que capturou o presidente da Índia, escondeu-o em algum lugar, e se colocou como Abdul Kalam, o presidente. Quanto medo pode trazer para alguém uma situação dessas? As pessoas perceberão seu corte de cabelo, perceberão: "ele não é Abdul Kalam". Elas o verão caminhando por aí, e dirão: "ele não é Abdul Kalam". Ele poderá ser capturado a qualquer momento. Como seria viver uma vida assim? Imagine-se passando por essa situação.

É o mesmo problema do "eu", a qualquer momento ele pode desaparecer, ele precisa continuar lutando pela sua sobrevivência, por isso, ele gostaria de dizer: "Eu sou tão bem qualificado", "Eu sou tão poderoso, sou tão rico", "Essa é 'minha' esposa, esse é 'meu' pai, esse é 'meu' filho"... ele precisa continuar dizendo para si mesmo tudo isso, caso contrário, não estará lá.

Apenas quando o "outro" está lá é que o "eu" também está lá. Mas não há o "outro", não há o "eu", portanto, o coitado tem que ser algo, se prendendo às coisas, e é sempre o medo de que os outros podem descobri-lo, e irem embora; ele poderá perder isso, e quando ele perde algo, ele perde a si mesmo.

Portanto, ele deve estar continuamente com medo. O "eu" apenas se torna a mente, é por isso que eu disse: "a mente em si é medo". Nós não podemos transformar a mente, a mente é imutável, tem sido assim ao longo da história humana. É por isso que nós estamos te dizendo: "não gaste seu tempo tentando transformar a mente", a única coisa possível de se fazer é: você pode se tornar livre da sua mente. Deixe ser, isso é tudo, não gaste seu tempo transformando-a.


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