"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, julho 31, 2010

O Definitivo e o Inexprimível


Osho


"O estado da não-mente é o estado do divino. Deus não é um pensamento mas a experiência de estar sem pensamentos. Ele não é um conteúdo na mente; ele é a explosão quando a mente fica sem conteúdo. Este não é um objeto que você possa ver; é a própria capacidade de ver. Não é o que é visto senão aquele que vê. Ele não é como as nuvens que se jutam no céu, mas o próprio céu quando não há nenhuma nuvem. Ele é esse céu vazio.

Quando a consciência não estiver indo para algum objeto externo, quando não houver nada para ver, nada para pensar, somente vacuidade ao redor, assim você recai em si mesmo. Não há para onde ir - a pessoa relaxa na própria fonte do ser, e essa fonte é Deus.

Seu ser interior é simplesmente o céu interior. O céu é vazio, mas é esse céu vazio que contém todas as coisas, toda a existência, o Sol, a Lua, as estrelas, a Terra, os planetas. É o céu vazio que dá espaço para tudo que é. É esse céu vazio que é a base de tudo que existe. Coisas vêm e vão e o céu permanece o mesmo.

Exatamente da mesma maneira, você tem um céu interior; esse também é vazio. Nuvens vêm e vão, planetas nascem e desaparecem, estrelas surgem e morrem, e o céu interior permanece o mesmo, intocado, imaculado. Chamamos esse céu interior de sakshin, a testemunha – e esse é todo o objetivo da meditação.

Vá para dentro, desfrute o céu interior. Lembre-se, o que quer que você possa ver, você não é isso. Se puder ver pensamentos, então você não é pensamento; se puder ver seus sentimentos, então você não é seus sentimentos; se puder ver seus sonhos, desejos, memórias, imaginações, projeções, então você não é nenhum deles. Prossiga eliminando tudo que você possa ver. Desse modo, um dia, o momento especial chega, o momento mais significante na vida de uma pessoa, quando nada resta para ser rejeitado. Tudo que foi visto desaparece e somente aquele que vê está ali. Este observador é o céu vazio.

Conhecer isso é não ter o que temer, e conhecer isso é estar repleto de amor. Conhecer isso é ser Deus, é ser imortal."

quarta-feira, julho 28, 2010

Explanações sobre a Seicho-no-Ie


Jissô - A realidade absoluta, transcendental, o ser verdadeiro, absoluto, eterno e perfeito, constituído de Idéia de Deus; a Essência do ser.


Pergunta: Por favor, alguém comente esta parte da 'Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade', comparando com o texto da matéria postada.

"Às corporificações das idéias emitidas pela vida e projetadas no espaço dá-se o nome de matéria. A matéria é originariamente nada e não possui autonomia nem força. O que faz parecer que a matéria possua autonomia e também força para dominar a vida, é a distorção ocorrida na ocasião da passagem da vida por 'aquela forma de reconhecer'. Vede corretamente a Imagem Verdadeira da Vida sem vos prender a esta distorção."

Mais adiante a sutra afirma, ainda, que tudo é projeção da mente. Que mente é esta?


Resposta:
O texto da Seicho-No-Ie que foi postado é muito profundo, muito filosófico, vai fundo na Essência. Nele, Masaharu Taniguchi exterioriza toda sua conscientização do mundo verdadeiro, o mundo divino, perfeito, criado por Deus. Esse mundo divino existe e é mais real do que o mundo fenomênico (na verdade, não existe 'mais real', ou algo é real ou não é) que percebemos diante de nós com nossos sentidos mentais da visão, audição, olfato, paladar e tato. Mas o mundo divino não é captado pelos sentidos mentais; ele somente pode ser percebido, experienciado e vivido por um sentido ou uma percepção espiritual.

Compreenda uma coisa antes de tentar entender o assunto explanado no texto: Só existe Deus e o mundo perfeito e maravilhoso criado por Deus. Essa é a realidade. Mas como percebê-la? Compreender neste exato instante que só existe Deus e sua criação, a maioria acha muito difícil. Por isso, iremos no valer do seguinte expediente ou artifício para explanar a Verdade: diremos que existem duas mentes: a mente fenomênica e a Mente real. Somente a Mente real existe. Mas para o fim de obtermos alguma compreensão desta Verdade, consideraremos também a mente fenomênica como algo existente. Ela precisa existir se quisermos justificar ou explicar para nós mesmos o que é este mundo que está diante de nossos olhos físicos. Contudo, para quem não tem a necessidade de querer explicar, para aquele que é capaz de aceitar a Verdade docilmente com o coração inocente de uma criança, é desnecessário colocar a mente fenomênica em questão. Essa é a maneira de proceder dos ensinamentos com aqueles que buscam conhecer o Transcendental.

Assim, vamos entender o seguinte. A mente fenomênica projeta e percebe o mundo por ela projetado. Esta mente fenomênica, para perceber este mundo, precisa estar constituída por limites. Você não poderá ver nenhuma imagem diante de si se não existirem limites dentro dos quais esta imagem esteja aparecendo. O mesmo se dá com a forma: para que a forma exista, é preciso delimitar, restringir o espaço. Imagine um círculo e então visualize o tamanho dele ser aumentado até o infinito. Como está agora esse círculo? De que forma ele ficou? Para que você possa "ver" o círculo você precisa primeiro parar de aumentá-lo, então ele aparece. Se expandí-lo infinitamente, ele se tornará sem forma. Portanto, perceba que a mente fenomênica vê tudo com base em limites. Sem limites ela não existe – simplesmente não consegue -, e só a mente sem limites é que existe.

Pensando desse modo, fica fácil entender que a mente que só vê com base em limites não consegue perceber a existência sem limites, e vice-versa. A existência sem limites é percebida por uma outra Mente.

Agora entraremos na pergunta que foi levantada.

A Sutra diz:

"Às corporificações das idéias emitidas pela vida e projetadas no espaço dá-se o nome de matéria. (...)"

A Sutra diz que "matéria" é corporificação das idéias emitidas pela Vida. Quando a Vida concebe/emite uma idéia e esta se concretiza, chamamos isto de matéria. Veja que, para que essa "idéia emitida pela Vida" surja, é necessário haver um "espaço" (em outras palavras, limites!) onde ela possa aparecer. Qual é a mente que vê a matéria? A fenomênica. A matéria surge no mundo da Mente sem limites e adquire corporificação no mundo da mente de limites. Essa explicação só vale para a mente limitada que quer entender a existência material. No âmbito dessa mente, esta explicação é satisfatória e verdadeira. Os ensinamentos espirituais dizem que "tudo o que existe surge do que não existe". Do ponto de vista fenomênico isso é correto.

"(...) A matéria é originariamente nada e não possui autonomia nem força. (...)"

Mas logo a seguir, a sutra afirma que a matéria é nada, não possuindo existência nem força. Por que ela diz assim? É porque, pouco antes, quando esta parte estava prestes a ser escrita, o autor havia mudado imediatamente o seu referencial de explanação da Verdade. Antes de continuar escrevendo, o referencial foi mudado. Quando o autor explicou que a matéria se projeta no espaço, falou do ponto de vista da mente fenomênica, levando sua existência em consideração. Imediatamente, após isso, ele inverte o referencial, indo para um ponto de vista mais alto – o da Consciência infinita -, e então diz que "A matéria é originariamente nada".

"(...) O que faz parecer que a matéria possua autonomia e também força para dominar a vida, é a distorção ocorrida na ocasião da passagem da vida por 'aquela forma de reconhecer' (...)"

Nada faz parecer que a matéria possui existência ou força para dominar a Vida, exceto a "distorção" a que se refere o texto. A distorção é a mente fenomênica "vendo", é o próprio 'processo de percepção' da mente finita. Essa "distorção" acontece quando a pessoa se deixa levar pelas imagens mostradas pela mente fenomênica. A mente finita mostra uma série de imagens finitas/limitadas e, acreditando na existência delas, pensa e age somente com base nos limites percebidos. Por não acreditar ou não saber da existência de Algo além, age confinadamente, tolhida em todos os sentidos. Quando, para alguém, a matéria possui existência ou força para dominar a Vida, é porque a mente da pessoa foi dominada pela crença ou idéia que diz "somente o mundo material diante de mim existe de verdade", não permitindo que seu Ser vá além dessa crença sugerida pelas imagens mostrada pela mente humana. Portanto, o que faz parecer que a matéria possui força para dominar a Vida é crer/acreditar (essa é a distorção!) que a Vida esteja confinada ao que está sendo visto/experimentado pelos sentidos materiais.

"(...) Vede corretamente a Imagem Verdadeira da Vida sem vos prender a esta distorção."

Essa parte é bastante clara. Clara no sentido de que é fácil compreendermos o que o texto nos orienta a fazer. E, aqui, deixamos de lado o artifício considerar a mente e o mundo fenomênico como existentes. Ver "corretamente a Imagem Verdadeira da Vida" significa transcender, desacreditar, desconsiderar (mesmo que elas estejam se mostrando diante de você!) a existência da mente fenomênica e de todas as imagens mutáveis que ela joga na frente das nossas vistas a todo instante. Ao acreditar na presença ou na existência da matéria, restringimos a Vida, a atuação e o campo de atuação infinito da Vida, aprisionando-os a condições finitas/limitadas. A distorção não existe. É a mente que causa a distorção. Considerar existente o que é inexistente é causar a distorção. Você é capaz de perceber e ver a existência verdadeira quando não presta atenção nem às imagens limitadas, nem aos pensamentos que, graças a essas imagens limitadas, ocorrem em seu cérebro. Ao proceder assim, você aciona a Mente infinita em você. Não é necessário alcançá-la, desenvolvê-la ou despertá-la. Ela já existe em ti. Acredite na existência do mundo perfeito criado por Deus (mundo da Imagem Verdadeira), ele já está aqui. E quanto mais você contemplá-lo e percebê-lo com a Mente infinita, mais ele será evidenciado. Você obterá confirmações e provas da existência deste Mundo de Perfeição na medida em que ele se manifestar no "mundo visto pela mente fenomênica".

Veja o paradoxo disto: para conseguir melhorar e progredir no mundo fenomênico - em qualquer sentido que seja -, você precisa estar disposto a abrir mão, desapegar-se do mundo fenomênico, manifestar e viver a sua liberdade. Viva sua liberdade em você, em seu próprio Ser. Vivendo dessa forma a sua liberdade, o mundo fenomênico torna-se livre, amplo, as coisas acontecem sem embaraço. Elas acontecem como "frutos", como consequências/decorrências, como "coisas vindas por acréscimo", porque o mundo fenomênico-exterior é uma imagem-reflexo do mundo-verdadeiro-interior. Se compreender que sua Vida é intrinsecamente livre e perfeita, ou seja, que a liberdade e a perfeição estão ali pela Graça, pela própria natureza das coisas como elas são, tal liberdade e perfeição serão refletidas também no mundo externo. Mas esteja atento para o fato de que você não conseguirá melhorar o mundo fenomênico se contemplar a Imagem Verdadeira com a intenção de melhorá-lo. Se, com segundas intenções, você se dirigir a Deus na tentativa de corrigir ou melhorar o fenômeno, você estará na verdade acreditando no mundo fenomênico em vez de no mundo da Imagem Verdadeira (se quer melhorá-lo é porque acredita que ele existe). O mundo fenomênico não existe perante o mundo da Imagem Verdadeira, Deus. Não é possível querer/servir "dois senhores" (Deus e o mundo externo) ao mesmo tempo - é um ou outro. Busque Deus tendo como objetivo o próprio Deus (isso é amar a Deus!), não faça isso com segundas intenções (buscar Deus com segundas intenções é querer usar Deus, é não amá-Lo de verdade).

Agora, à luz destas explanações, leia novamente o texto postado, e perceba por que Taniguchi escreve: "Visto pelos olhos da Verdade, todo homem é filho de Deus e está nos braços de Deus desde o princípio; ele é filho de Buda. Todos o são, independemente de se conscientizarem ou não disso". Perceba o ponto diferencial que destaca as duas conscientizações abordadas no texto. Então você conseguirá perceber claramente que:

"Enquanto a pessoa vir como existente o fenômeno, que não é existência verdadeira, terá de lamuriar, dizendo "sou fraco, não sou perfeito", mesmo tendo passado pela experiência de se fundir com o mundo absoluto de Deus. É um erro considerar o fenômeno como realidade. Saibam que realidade é apenas a Imagem Verdadeira, a perfeição proveniente de Deus. Portanto, quando ressaltamos a existência exclusiva da Imagem Verdadeira e negamos a existência do mal, dizendo "Seres fracos não existem! A imperfeição não existe!" - isto é, quando afirmamos apenas a realidade da Imagem Verdadeira, na qual tudo é bem - dominamos até a realidade fenomênica."

Deus é tudo. Somente existe Deus, o Bem, a Harmonia, a Perfeição. Pratique com essa compreensão o Shinsokan, e contemple Deus.


"Olhai para Mim, e sede salvos, vós, todos os povos da terra; porque Eu sou Deus, e não há outro." (Isaías 45:22)



segunda-feira, julho 26, 2010

Doença não existe


Floyd C. Buell



Mary Baker Eddy, quem descobriu e fundou a Ciência Cristã, escreve no seu livro-texto, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O que se chama doença não existe”. Basta que se olhe para o mundo à nossa volta e se vê que este ensinamento contradiz a vivência humana. E, no entanto, a Ciência Cristã ensina que tal afirmação não só tem base bíblica, mas também é um fato científico! Os seguintes versículos da Bíblia (e existem muitos outros semelhantes) foram-me úteis em estabelecer uma base lógica para concluir que a Bíblia ensina a irrealidade da doença:


1. “No princípio criou Deus os céus e a terra… Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. Aqui está afirmado que Deus criou tudo e o fez “muito bom”. Como a doença não é algo bom, e, sim, muito mau, Deus não a criou.

2. “Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada lhe tirar”. Como Deus criou tudo, toda a criação está completa. Portanto, a doença não lhe pode ser acrescentada, nem pode o bem lhe ser tirado.

3. “Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. Deus é responsável por tudo o que realmente existe.

4. Por fim, consideremos esta pergunta feita nas Escrituras: “Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?”. Obviamente não. Portanto, Deus não pode ser a origem de ambos, da saúde e da doença. Logo, a Bíblia ensina que Deus criou tudo bom, inclusive a saúde, e que não criou má saúde nem é responsável por essa condição.


Mas, de que serve esse conhecimento ao doente ou aos que desejam ajudá-lo? O fato de que a criação de Deus é boa, e é a única criação e, que, portanto, não existe doença, pode ser provado cientificamente, quando o paciente ou o praticista da Ciência Cristã ora com compreensão, partindo deste ponto de vista, pois, então, o paciente se restabelece. A Sra. Eddy escreve num de seus outros livros: “Quando vi com a maior clareza e percebi com a maior sensatez que o infinito não reconhece a doença, isso não me afastou de Deus, mas me ligou a Ele de tal maneira que me possibilitou a curar instantaneamente um câncer que já havia carcomido a carne até a veia jugular”.

Se, de acordo com a Escritura, a lógica e a Ciência demonstrável, a doença não existe, e se, como Ciência e Saúde declara: “Não existe doença”, a que conclusão chegamos quanto a toda e qualquer doença? A esta: Do ponto de vista da Mente onisciente, o único ponto de vista real, não há doenças com sintomas diferentes e resultados diversos; não existem doenças — físicas, mentais nem emocionais a serem curadas por vários remédios, sistemas e estratégias materiais; não existem doenças leves nem virulentas, curáveis ou incuráveis, controláveis ou incontroláveis, menos importantes ou fatais. Por certo, se Deus, o bem, é onipresente e criou tudo “muito bom”, não é possível existirem germes de doenças, nem pensamentos, elementos, substâncias, crenças, sistemas ou temores, destrutivos; nem matéria, mente mortal, ou mesmerismo, que produza doença.

A doença não é crônica nem temporária, inevitável ou deformante. Não pode aparecer repentinamente nem se desenvolver sem ser notada. Não pode vir nem ir nem ficar.

Tão doutrinado se acha o público com a crença em doença, que a saúde parece-lhe transitória e a doença inevitável. Mas o homem é espiritual, não físico. Portanto, a saúde é uma qualidade da Alma, Deus, que o homem reflete eternamente, ao passo que a doença não é coisa alguma. A saúde, não a doença, manifesta as qualidades de persistência, tenacidade, desenvolvimento e fortaleza. Ciência e Saúde explica:


“A saúde não é uma condição da matéria, mas da Mente; nem podem os sentidos materiais dar testemunho digno de confiança no tocante à saúde”.


Não existem verdadeiramente doenças de crianças ou de idosos. Não existem males de homem ou de mulher, nem infecciosos ou hereditários; nem dolorosos, debilitadores ou paralisadores. Nem há doenças produzidas pelo uso de drogas lícitas ou ilícitas.

De vez em quando, surge a alegação de que a Ciência Cristã é capaz de curar certas enfermidades, mas que outras precisam ser curadas ou controladas por meio de remédios materiais. Contudo, nenhum paciente está além da ajuda e do amor de Deus, nem existe doença alguma que fuja à Sua capacidade de curar. Não existem pretensões de doenças que só a medicina seja capaz de detectar, curar ou controlar, pois nenhuma doença foge à capacidade curativa do Cristo. Jesus foi capaz de curar pessoas que se achavam enfermas havia muito tempo, aleijados, cegos de nascença e, até mesmo, ressuscitou quem estava morto.

Não existem enfermidades que possam tornar as pessoas fracas ou anormalmente fortes, febris ou frias; nem doenças que as façam morrer. A doença, por nunca haver existido, jamais deixou um resquício sequer em quem quer que seja. Não existe doença com a qual tenhamos de conviver para sempre; nenhuma da qual alguém possa tirar vantagens para atrair as simpatias de outros, a qual lhe dê algo de que se vangloriar ou a que suportar como um santo.

O fato de que não existe doença, nem ferimento, nem mal, nem matéria, precisa ser estabelecido leal, conscienciosa e corajosamente na consciência individual e na vida diária. Cristo Jesus lutou contra as pretensões da matéria e da mente mortal na cruz e estabeleceu, mediante a ressurreição, a verdade de que não há morte. Até que se perceba e se compreenda que a doença é irreal, que é uma ilusão ou crença a ser enfrentada com o poder e a autoridade da Verdade, a doença continuará a ludibriar a humanidade.

Jesus estava cônscio de que não havia motivo para temer a doença, tal como os profetas do Antigo Testamento sabiam que não havia razão para temer os deuses, por não existirem quer a doença quer os muitos deuses. E nós, pela mesma razão, podemos recusar-nos a temer a doença. Mediante a oração e o profundo estudo da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy podemos estabelecer permanentemente no pensamento o verdadeiro sentido da saúde, ou harmonia, o que se evidenciará em boa saúde física.

Se compreendermos que a enfermidade e o sofrimento não são reais, sentiremos este conforto, do qual o Salmista cantou:

“O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga alguma chegará à tua tenda”.

Ciência e Saúde afirma: “A profundidade, a largura, o poder, a majestade e a glória do Amor infinito enchem todo o espaço”. No Amor infinito não pode haver elemento algum do mal. Este Amor divino nunca criou uma doença sequer, nunca criou câncer, asma, tuberculose, enfisema, artrite; nunca fez o ódio ou o medo. Ao contrário, o Amor divino realmente destrói todas as pretensões da doença e do mal, restabelecendo homens e mulheres à saúde e à santidade.

quinta-feira, julho 22, 2010

Tudo é manifestação do Ser supremo

Ramana Maharshi


Devoto: O ensinamento do Bhagavan é o mesmo do que o do Shankara?

Bhagavan: O ensinamento do Bhagavan é uma expressão da própria experiência e realização dele. Os outros acham que ele coincide com o do Sri Shankaracharya.

Devoto: Quando o Upanishads diz que tudo é Brahman, como podemos concordar com Shankara que este mundo é ilusório?

Bhagavan: Shankara disse também que este mundo é Brahman ou o Ser (Self). O que ele se opunha é que se imagine que o Ser está limitado pelos nomes e formas que constituem o mundo. Ele apenas disse que o mundo não tem qualquer realidade aparte de Brahman. Brahman ou o Ser é como uma tela de cinema e o mundo como as imagens nela. Você pode ver a imagem apenas enquanto haja uma tela. Mas quando o próprio observador se torna a tela apenas o Ser permanece. As pessoas têm criticado Shankara por sua filosofia de Maya (ilusão) sem compreenderem seu significado. Ele fez três declarações: que Brahman é real, que o universo é irreal, e que Brahman é o Universo. Ele não para com a segunda. A terceira declaração explica as duas primeiras, que significa que, quando o Universo é percebido aparte de Brahman, aquela percepção é falsa e ilusória. O que isso significa é que os fenômenos são reais quando experimentados como sendo o Ser e ilusórios quando vistos aparte do Ser. Apenas o Ser existe e é real. O mundo, o indivíduo e Deus são, tal como a aparência ilusória da prata na madre-pérola, criações imaginária no Ser. Eles aparecem e desaparecem simultaneamente. Na verdade, o Ser sozinho é o mundo, o "eu" e Deus. Tudo o que existe é apenas uma manifestação do Supremo.

Devoto: O que é a realidade?

Bhagavan: A realidade deve ser sempre real. Ela não tem nomes ou formas, mas é ela que constitui a base das formas e nomes. Ela está dando base a todas as limitações, sendo ela própria ilimitada. Não é limitada de forma nenhuma. Ela dá base às irrealidades, sendo ela própria Real. Ela é aquilo que é. Ela é como é. Transcende o discurso e está além de descrição, tal como presença ou a ausência do Ser.

Devoto: Os budistas negam o mundo enquanto que a filosofia hindu reconhece a sua existência, mas chama-lhe de irreal, não é assim?

Bhagavan: É apenas uma diferença de ponto de vista.

Devoto: Eles dizem que o mundo é criado pela Energia Divina (Shakti). O conhecimento da irrealidade é devido ao véu da ilusão (Maya)?

Bhagavan: Todos admitem a criação pela Energia Divina, mas qual é a natureza dessa energia? Ela deve estar em conformidade com a natureza de sua criação.

Devoto: Existem graus de ilusão?

Bhagavan: A própria Ilusão é ilusória. Ela deve ser vista por alguém fora dela, mas como pode tal observador estar sujeito a ela? Então, como é que ele pode falar sobre os graus dela? Você vê várias cenas passando na tela de um cinema: o fogo parece queimar edifícios até reduzi-los a cinzas; a água parece naufragar navios, mas a tela em que as imagens são projetadas permanece sem ser queimada e seca. Por quê? Porque as imagens são irreais e a tela é real. Do mesmo modo, reflexos passam diante de um espelho, mas esse não é afetado de maneira nenhuma pelo número ou pela qualidade dos reflexos.

Da mesma forma, o mundo é um fenômeno sobre o substrato da Realidade única a qual não é afetada por ele de maneira nenhuma. A Realidade é apenas uma. Falar da ilusão deve-se apenas ao ponto de vista. Mude seu ponto de vista para o do conhecimento, e você perceberá o universo como sendo apenas Brahman. Estando agora imerso no mundo, você o vê como um mundo real; vá além dele e ele irá desaparecer e apenas a Realidade permanecerá. O mundo é percebido como uma aparente realidade objetiva quando a mente está externalizada, abandonando assim a sua identidade com o Ser. Quando o mundo é assim percebido a verdadeira natureza do Ser não é revelada; de maneira inversa, quando o Ser é realizado, o mundo deixa de aparecer como uma realidade objetiva.

É a ilusão que faz a pessoa tomar por inexistente e irreal, aquilo que está sempre presente e que penetra tudo, que é cheio de perfeição e auto-luminoso e que é, de fato, o Ser e o núcleo do próprio Ser da pessoa. Inversamente, é a ilusão que faz a pessoa considerar como real e auto-existente o que é inexistente e irreal, ou seja, a trilogia - o mundo, o ego e Deus. Para aqueles que não realizaram o Ser, bem como para aqueles que realizaram, o mundo é real. Mas, para os primeiros, a verdade é adaptada à forma do mundo, enquanto que para os últimos a Verdade brilha como a Perfeição sem forma e como o substrato do mundo. Esta é a única diferença entre eles.

Devoto: Bhagavan diz que o irreal (mithya, imaginário) e o real (Satyam) significam a mesma coisa, mas eu não entendo muito bem.

Bhagavan: Sim, eu digo isso às vezes. O que você quer dizer por real? O que você chama de real?

Devoto: Segundo o Vedanta, somente aquilo que é permanente e imutável pode ser chamado real. Esse é o significado de realidade.

Bhagavan: Os nomes e formas que constituem o mundo mudam e perecem continuamente e são, portanto, chamados de irreais. É irreal (imaginário) limitar o Ser a esses nomes e formas, e é real considerar a tudo como sendo o Ser. O não-dualista diz que o mundo é irreal, mas também diz, "Tudo isto é Brahman". Então é claro que o que ele condena é, considerar o mundo como objetivamente real por si só, sem considerá-lo como Brahman. Aquele que vê o Ser vê também no mundo apenas o Ser. É irrelevante para o Iluminado se o mundo aparece ou não. Em ambos os casos, a sua atenção está voltada para o Ser. É como as letras e o papel no qual elas são impressas. Você está tão absorto nas letras que você esquece a respeito do papel, mas o Iluminado vê o papel como o substrato, estejam as letras aparecendo nele ou não. O Vedanta não diz que o mundo é irreal. Isso é um equívoco. Se eles dissessem, qual seria o significado do texto Vedântico: "Tudo isto é Brahman?" Eles só querem dizer que o mundo é irreal como mundo, mas real como o Ser. Se você considerar o mundo como não sendo o Ser, ele não é real. Tudo, você chamando-o de ilusão (Maya) ou de Jogo Divino (Leela) ou Energia (Shakti) deve estar dentro do Ser e não aparte dele.

Devoto: Os Vedas contêm considerações conflitantes sobre cosmogonia. O éter é dito ser a primeira criação em um lugar, a energia vital num outro, a água em outro, outra coisa em outra parte dos textos; como pode tudo isso ser reconciliado? Isso não prejudica a credibilidade dos Vedas?

Bhagavan: Diferentes visionários viram diferentes aspectos da verdade em momentos diferentes, cada um destacando algum ponto de vista. Por que você se preocupa com as declarações conflitantes deles? O objetivo essencial dos Vedas é nos ensinar a natureza do Ser imperecível e nos mostrar que somos Aquilo.

Devoto: A esse respeito estou satisfeito.

Bhagavan: Então trate todo o resto como argumentos auxiliares ou como exposições para o ignorante que queira saber a origem das coisas.

Esses trechos lidam com teorias da criação. Elas não são essenciais, pois o verdadeiro objetivo das escrituras não é estabelecer tais teorias. Elas mencionam as teorias casualmente, para que os leitores que desejarem possam ter interesse nelas. A verdade é que o mundo aparece como uma sombra passageira numa enchente de luz. A luz é necessária mesmo para ver a sombra. A sombra não é valiosa o suficiente para ser digna de qualquer estudo especial, de análises ou discussões. O objetivo do livro é lidar com o Ser e o que é dito sobre a criação deve ser omitido no presente momento. O Vedanta diz que o cosmos brota à vista simultaneamente com aquele que o vê, e não há processo detalhado de criação. É semelhante a um sonho, onde aquele que experimenta o sonho surge em simultâneo com o sonho que ele experimenta. No entanto, algumas pessoas apóiam-se tanto no conhecimento objetivo, que elas não estão satisfeitas quando lhe dizem isso. Elas querem saber como de súbito a criação pode ser possível, e argumentam que um efeito deve ser precedido por uma causa. Na verdade eles desejam uma explicação do mundo que vêem acerca de si. Por isso as escrituras tentam satisfazer sua curiosidade através de tais teorias. Este método de lidar com o assunto é chamado de teoria da criação gradual, mas o verdadeiro buscador espiritual pode ficar satisfeito com a criação instantânea.


terça-feira, julho 20, 2010

"Estás livre da tua enfermidade"


Dárcio Dezolt


Uma mulher com aparência de paralítica, por andar encurvada e sem conseguir se endireitar, e isto, havia já dezoito anos, foi chamada por Jesus que, pondo as mãos sobre ela, disse-lhe: “Mulher, estás livre da tua enfermidade” (Lucas 13: 12). Logo ela se endireitou e glorificou a Deus. Nos dezoito anos ela já estava completamente livre! Todo suposto mal é ilusão mental e não condição física! Diante do reconhecimento da Verdade, dita por Jesus, à qual ela deu voz através de sua fé, simplesmente a “ILUSÃO SE DESFEZ”.

Jesus viu o Corpo real da mulher, sem dar atenção alguma ao “conceito de corpo” visto por ela e aceito pela crença coletiva. Por isso, não disse que a curaria, mas que ela “ já estava livre da enfermidade”.

Mary Baker Eddy, antes de fundar a Ciência Cristã, havia sofrido um tombo que a deixou em precárias condições de saúde. Era visitada pelo médico e pelo pastor, pois, o caso era gravíssimo. Abrindo a Bíblia, viu ser a página da cura do paralítico, onde Jesus dizia a ele: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. Instantaneamente ficou livre de todos os sintomas; e quando relatou isto depois ao médico, este lhe afirmou ser aquilo impossível, e ela, de novo, se viu com os antigos sintomas outra vez. Voltou a ler a mesma passagem e os sintomas desapareceram novamente. E foi quando quis saber o princípio causador desta sua assim chamada “milagrosa cura”. De suas orações e pesquisas das curas relatadas na Bíblia, surgiu sua descoberta da Ciência Cristã: Deus é Tudo e o erro, ou crença mortal, é nada.

No prefácio do volume 7 da coleção A VERDADE DA VIDA, da Seicho-no-ie, consta que uma pessoa havia lido a coleção de livros durante seis anos, e compreendido que o homem é originariamente isento de doença. Mas sua doença não sarava e isso lhe causava estranheza, até que, refletindo, percebeu que não havia entendido nada da Verdade, e que somente sabia (intelectualmente) que estava escrito nos livros a Verdade de que o homem é essencialmente isento de doença. O texto diz que ele compreendeu o seguinte: “De nada adianta eu saber que está escrito que a doença não existe; devo compreender, de corpo e alma, a Essência do Homem-Deus, isto é, a Verdade de que eu próprio sou isento de doença”. Compreendendo a inexistência da doença, que passo ele deveria tomar? Lendo novamente o trecho, calaram fundo em seu coração as seguintes palavras: “Se você está doente, levante-se agora mesmo, resolutamente! Acredite firmemente que, na verdade, você é isento de doença! E passe a agir, de fato, como pessoa sadia”.

Escreve o Dr. Taniguchi: “Compreendeu que a convicção deve ser transformada em ação, e que o conhecimento teórico adquire força concreta quando colocado em prática. Imediatamente agiu literalmente como no texto, levantando-se da cama onde estivera estendido durante seis anos e passando a viver como pessoa sadia. Desde então, tem gozado de perfeita saúde, sem contrair um resfriado sequer. Eis um exemplo de que a Verdade é assimilada quando o seu conhecimento se transforma em convicção e depois em prática na vida cotidiana”.

Nem Jesus nem livros curam doenças! Não existe doença! A VERDADE, contida na frase de Jesus, e também no trecho lido no livro, anulou a ILUSÃO! Nada além disso! Seja qual for o aspecto doentio, aquilo jamais será uma condição física a ser curada, mas uma ILUSÃO (sugestão hipnótica) retida na mente. Por isso a Seicho-no-Ie declara que esta Verdade, após se tornar convicção, deve ser posta em prática! A convicção poderá surgir de imediato ou ser paulatina, dependendo da abertura de cada um à Verdade. Enquanto a pessoa se julgar “mortal pecador e doentio”, sofrendo e almejando ser aliviado, não terá captado a base real do ensinamento, ou seja: JÁ SOMOS LIVRES!

Em meu livro “A CURA ESPIRITUAL EM SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS”, eu fiz questão de repetir, na abertura de todos os capítulos, os fundamentos a serem admitidos a priori como VERDADE JÁ MANIFESTADA:



TODO O UNIVERSO JÁ É INFINITAMENTE PERFEITO AGORA. TODOS OS SERES JÁ SÃO INFINITAMENTE PERFEITOS AGORA. TODOS OS ACONTECIMENTOS ESTÃO SE MANIFESTANDO EM HARMONIA PERFEITA AGORA. SÓ EXISTE O UNIVERSO ESPIRITUAL PERFEITO; SÓ EXISTE O AGORA. NADA HÁ PARA SER CORRIGIDO OU MELHORADO.



Pare de lutar com inexistências! Entre em silêncio! Ouça a Voz do CRISTO EM VOCÊ a lhe dizer: “ESTÁS LIVRE DA TUA ENFERMIDADE”; e lembre-se: “ESTÁS!”, e não “ESTARÁS”. TODOS OS SERES JÁ SÃO INFINITAMENTE PERFEITOS AGORA!

domingo, julho 18, 2010

Iluminação: descoberta ou conquista?


Dárcio Dezolt


O acreditar coletivo neste “mundo de aparências” faz a maioria acreditar ser alguém destinado a “receber a iluminação espiritual” em algum momento de sua vida. A Bíblia registra a passagem em que duvidaram de Jesus, por ter ele dito que conhecia Abraão, pois, a presença eterna de Deus, que Jesus via em si e em todos, sequer era cogitada!

Em certa época, quando a Seicho-no-ie programava uma oração coletiva, o local escolhido foi um local montanhoso do Japão. Vendo o seu fundador, Masaharu Taniguchi, se mostrando com aparência frágil e debilitada pela idade, os organizadores foram ter com ele e lhe disseram: “O senhor não tem necessidade de ir conosco, subir por aqueles caminhos todos íngremes, uma vez que daqui mesmo poderá participar igualmente da nossa oração!”. A resposta que obtiveram foi a seguinte: “Os senhores estão me dizendo isso porque não estão me vendo!”.

No capítulo “Juryo”, do Sutra de Lotus, Sakyamuni declara ter alcançado a iluminação em “passado remoto”, e não numa suposta “existência presente” em que, após ter renunciado à vida palacial e ao mundo, teria atingido a suprema iluminação aos trinta anos, na cidade de Gaya e meditando sob a árvore bodhi. Sua declaração é a Verdade absoluta de que “todos somos iluminados desde sempre”, e não a partir de algum suposto “instante” da transitoriedade fenomênica. O desaparecimento da “ilusão” não faz alguém alcançar a iluminação, que sempre É, enquanto a “ilusão” nada é! Até então, o próprio Sakyamuni pregava uma “iluminação” obtida no tempo; porém, acabou por refutar suas próprias palavras, proclamando, de fato, a Verdade: “Já se passaram infindáveis centenas de milhares de naiutas de kalpas desde que na realidade atingi o estado de Buda”. Ao refutar suas palavras anteriores, estava, na verdade, negando por completo a existência do mundo fenomênico! Não existe mundo material! Não existe ser material buscando iluminação! Tudo isso é “ilusão”. Este é o sentido real da refutação de tudo que até então vinha sendo dualisticamente pregado.

E VOCÊ? Está realmente se vendo? Está realmente vendo os demais com quem convive? Está iluminado agora? Ou vive à espera de “alcançar a iluminação”? Faça a si mesmo estas questões; depois, meditando, perceba o fluir espontâneo das respostas dentro de sua própria Consciência.

sexta-feira, julho 16, 2010

Crenças x Leis verdadeiras

Dárcio Dezolt


A imagem visível da existência é ao que Jesus chamou de “este mundo”, para dizer que “não somos deste mundo”. Este desvínculo do mundo do qual “não somos”, para nos compenetrarmos do “Reino em que somos”, é a razão pela qual nos dedicamos à “Prática do Silêncio”. Desejar mudar “este mundo” para melhor é o que está na mente da maioria que acredita ser dele; porém, a Bíblia diz: “Todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo”, isto é, aquele que descobre sua identidade verdadeira já aqui e agora em Deus, não tem mais “este mundo” em sua percepção! Está totalmente tomado pela Realidade espiritual e consciente de sua presença única e exclusivamente nele.

Enquanto “este mundo” aparenta ser real, atuam nele as supostas leis materiais que são, na verdade, crenças coletivas e não leis verdadeiras. As verdadeiras Leis que regem o Universo estão acima deste mundo, pois não agem na “ilusão” e sim na Verdade. As Leis Divinas em ação são a Verdade em Si, e, na “Prática do Silêncio”, conscientemente nos sujeitamos única e exclusivamente a elas. Não tentaremos trazer as Leis de Harmonia a “este mundo”, mas sim “permanecer” acima dele, discernindo espiritualmente a ação perfeita destas Leis divina em todo o Universo, em toda a Existência e em tudo que se relaciona conosco! Esta “comunhão com as Leis da Harmonia” revela nossa UNIDADE com elas. E esta percepção se dá na suavidade e na quietude máximas, sem esforços mentais.

Reconheça:


“Eu Sou todas as Leis da Harmonia Infinita em manifestação!”


A seguir, “solte-se” em VOCÊ MESMO! Esta é a “prática da Verdade”: SER AQUILO QUE JÁ SOMOS.

terça-feira, julho 13, 2010

Aprofundando a consciência de ser filho de Deus

Masaharu Taniguchi


"Visto pelos olhos da Verdade, todo homem é filho de Deus e está nos braços de Deus desde o princípio; ele é filho de Buda. Todos o são, independemente de se conscientizarem ou não disso" - estas são as palavras do sr. Ryocen Tsunajima, citadas em sua obra Jikaku shôki, inserida em Kaikô-loku. Esta conscientização é praticamente igual à proporcionada pela Seicho-No-Ie, de que "o homem é originariamente filho de Deus, filho de Buda, e já está salvo, independentemente de despertar para a Verdade". Então porque a conscientização de que "o homem é filho de Deus" alcançada pelo sr. Ryocen não o curou da enfermidade? E por que na Seicho-No-Ie a mesma conscientizãção - "o homem é filho de Deus" - proporciona a inúmeros adeptos a força para curar a doença? Por que a mesma conscientização beneficia a vida prática de uns e não beneficia a de outros? Creio que não será inútil pesquisar e descobrir a "sutil diferença de conscientização" que provoca tão diferente resultado.

Frequentemente ouço pessoas se queixarem: "Conscientizo que o homem é filho de Deus, mas minha doença não sara". São pessoas que têm a fé semelhante à do senhor Ryocen. Ele escreve em seu livro, Anshin litsumei no nihoomon:

"Para os adeptos da filosofia da resignação, a vida humana é um vazio; a humanidade e o mundo são como sonho ou sombra; apegar-se à sua própria existência é também ilusão. Segundo eles, alcança-se o nirvana somente quando se transcendem todos os fatos e todas as coisas do Universo, compreendendo que eles são vãos. A tranquilidade deles está na morte, no nada, no silencio absoluto, como bem exprime o ditado: 'grande é a morte: os sábios nela repousam e os medíocres nela jazem'. A paz deles não está além do túmulo, mas dentro do próprio túmulo. O objetivo deles não é 'morrer para viver', mas 'morrer para morrer'. O que eles desejam não é a 'vida na morte' mas a 'morte na morte'; é a grande morte, de onde não regressam. Pegam no grande e eterno sono, penetrando no mudo e solitário 'absoluto', que consideram seu túmulo. Nisso está a tranquilidade deles. (...)

Essa 'filosofia da resignação' prega também que devemos romper com a causalidade que rege o nascimento-morte-reencarnação e dormir no nirvana, desfrutando sua deliciosa quietude. Pertencem a essa filosofia uma parte do hinduísmo, a parte principal do pensamento de Sakyamuni e até a filosofia de Schopenhauer.

Agora, vamos analisar os adeptos da 'filosofia otimista'. Para eles, nada é sonho, nada é vão; tudo é manifestação dos atributos de Deus. Na visão deles, todos os seres, fatos e coisas têm, cada qual, seu lugar glorioso e seu valor. A grandeza dos heróis da 'filosofia otimista' está em possuir a verdadeira consciência de que são filhos de Deus. Obviamente, eles também derramam lágrimas e sofrem, pois os sofrimentos e as dores são realidades da vida humana. Eles não os consideram sonhos. Honesta e corajosamente encaram a realidade como tal, sem fugir dela. As lágrimas que eles derramam no espinhoso caminho desta vida são altamente confortantes. As lágrimas dos que possuem fé não são solitárias; pelo contrário, tornam profunda a alegria. Conta-se que, quando um sábio da antiguidade foi morto com um golpe de pedra desferido por um inimigo, seu rosto resplandeceu como o de um anjo. Nesse momento, estou sob uma chuva de projéteis. Será isto um sonho, uma miragem? Não, isto é realidade."

A crença do sr. Ryocen tendia mais para o cristianismo do que para o budismo. Conforme mostra o trecho citado, ele considerava o budismo uma doutrina pessimista que leva o homem a ver tudo como mero sonho e renunciar a tudo, e enaltecia a vida de sofrimento como a dos mártires cristãos: "Eles também derramam lágrimas e sofrem, pois os sofrimentos e as dores são realidades da vida humana. (...) As lágrimas (...) aprofundam a alegria. (...) Quando um sábio da Antiguidade foi morto com uma pedrada desferida por um inimigo, sua face resplandeceu como a de um anjo".

Se ele dizia que tanto as dores como as tristezas são realidade e as lágrimas aprofundam a alegria, e que até simpatizava com a tragédia daquele cuja face resplandeceu como a de um anjo quando foi morto com uma pedrada, é porque ainda possuía a idéia de que supotar tragédias e dores é uma atitude louvável que agrada a Deus. Isso é prova de que ele, mesmo após ter conhecido Deus ainda possuía o sentimento de culto ao sofrimento. E isso constituía a principal causa de não ter se curado de sua doença, mesmo após ter conscintizado que era "filho de Deus, filho de Buda, desde o princípio".

Não obstante, a "consciência de ser filho de Deus" do sr. Ryocen era muito profunda. Ele a adquiriu através de sua própria experiência na qual se manifestou a consciência absoluta (consciência de Deus), experiência essa bem semelhante à que eu tive. Ele disse:

"Eu, que até então estava escrevendo como um ser do mundo concreto, de repente senti-me transformado em Realidade universal; é como se eu tivesse desaparecido e Deus estivesse escrevendo em meu lugar. Estas são as palavras mais exatas para exprimir esta experiência extraordinária e surpreendente. Não conheço outra forma de expressar o que estou sentindo neste momento. Eu vi realmente Deus; encontrei-me realmente com Deus. Não, os termos 'ver' e 'encontrar-se' são muito superficiais para exprimir esta sensação. Na verdade, o que ocorreu foi a fusão entre mim e Deus, fusão esta em que praticamente me dissolvi dentro de Deus. Em outras palavras, identifiquei-me com Deus".

Ele diz também:

"Na experiência em que vi Deus, tive a comprovação de que a relação entre Deus e o homem é a de pai e filho. A consciência de que Deus é o pai do homem - que Jesus Cristo teve e utilizou magistralmente como um gênio extraordinário - essa consciência é a mais verdadeira e a mais solene Realidade objetiva e não pode jamais ser vista como uma forma de expressão poética. Tive a comprovação disso através de minha própria experiência. Na verdade, essa consciência possui um conteúdo tão rico e tão profundo que não pode ser exprimido com palavras humanas e metafóricas. Pelo menos assim senti no momento da experiência. Como não encontro palavras adequadas para exprimir esta consciência incomparável, uso emprestada a expressão 'Pai e filho', que julgo a mais próxima da ideal. Jesus Cristo escolheu muito bem essa expressão, que será usada eternamente. Eu simplesmente repito as palavras de Jesus para expressar a relação entre Deus e o homem, relação exata que existe na mente de quem viu Deus. Oh! como é profunda a sensação de ter visto Deus! Neste momento, sinto-me como que dissolvido dentro de Deus: não sou mais eu quem escreve movendo a caneta, mas o próprio Deus, que Se manifesta dinâmica e majestosamente do âmago do Universo. Um grande e dinâmico Ser espiritual invade toda a minha mente, e eu praticamente deixo de existir. Dissolvo-me neste grandioso Ser espiritual. Em outras palavras, identifico-me com Deus. Alguém poderá indagar se minha individualidade desapareceu no mar de Deus como uma gota. Digo que não, mesmo porque isso não expressa fielmente o meu estado de espírito. De um lado, tenho a sensação de que me dissolvi totalmente no grande mar de Deus, mas, por outro lado, estranhamente, tenho num canto de minha mente a sensação de que estou presenciando Deus diante dos meus olhos. Deus está realisticamente presente e eu estou mergulhado nEle, mas sem perder minha individualidade. Que coisa surpreendente! Esse estado de fusão e identificação é profundo demais, forte demais e verdadeiro demais para ser exprimido com palavras como Pai e Filho".

Em certa noite de novembro de 1904, através dessa experiência em que viu Deus, o sr. Ryocen Tsunajima alcançou a profunda consciência de que está ligado aqui e agora, ao Infinito e à Vida eterna. Desde então, tornou-se capaz de declarar: "Visto pelos olhos da Verdade, todo homem é filho de Deus e está nos braços de Deus desde o princípio; ele é filho de Buda. Todos o são, independentemente de se conscientizarem disso". Já que alcançou a consciência de que "está ligado, aqui e agora, à Vida eterna", ele transcendeu os três mundos (passado, presente e futuro), o que lhe permitiu afirmar:

"Quem toma consciência de estar ligado à Vida eterna transcende as limitações do tempo e vive sempre no eterno presente. Para um desperto, não existe nem o nascer nem o morrer. Ele transcende a relação de causa e efeito dos três mundos. Assim, ele vive hoje, amanhã e milhões de anos. Por que? Porque ele vive em Deus. E quem vive em Deus vive eternamente, vive verdadeiramente. Ele é aquele que se deleita na 'eternidade absoluta' de que falou Chuang-Tzu (sábio chinês do século IV). Ele não está sujeito à correnteza do tempo pertinente a nascer-morrer-reencarnar, nem possui o apego ilusório de ansiar pela encarnação futura. Mesmo que eu continuasse vivendo por milhões de anos através de sucessivas reencarnações, se não tivesse a consciência de viver em Deus, continuaria sem Deus e sem Vida eterna, permaneceria sem despertar e continuaria reencarnando na ilusão, isto é, na treva do nascer-e-morrer. E, mesmo que eu vivesse sentindo anseio pelas encarnações futuras, tal vida nada teria a ver com a minha vida verdadeira. É infeliz aquele que vive no tempo, sem viver em Deus. Isso não é a Vida eterna do Eu verdadeiro".

O sr. Ryocen prega a "vida do Grande Eu, que está ligada à Vida eterna e infinita aqui e agora". Que é o Eu verdadeiro ou o ser verdadeiro de que ele fala? É aquele que está ligado à Vida infinita no ponto chamado "aqui e agora". Esse ponto é a Grande Vida Universal que, sem ter volume algum, está presente em todos os lugares, é a Grande Vida Universal que, sem ter duração, abrange todos os tempo. Nesse ponto absoluto, Deus é Eu, e Eu sou Deus; Deus é tudo, e Eu sou tudo. Se "Deus é tudo, e Eu sou tudo", nada pode existir além de Deus, além do Bem, além daquilo que seja sumamente belo e sublime. Se o sr. Ryocen tivesse realmente conscientizado que nada existe além de Deus e do Bem, teria compreendido que a doença não existe, e, consequentemente, teria se curado. Faltou um passo para transpor a barreira que o separava da grande Verdade pregada pela Seicho-No-Ie. E qual seria esse passo? Naquela noite de novembro de 1904, ele conscientizou que estava ligado à Vida eterna, mas, quando saiu do êxtase e olhou para o mundo fenomênico-material, viu-o como existência verdadeira. Foi aí que sua conscientização sofreu uma queda. Por ter visto o mundo material como existente, a matéria se tornou para ele uma barreira, o que o impediu de dar um passo para alcançar a conscientização proporcionada pela Seicho-No-Ie.

O sr. Ryocen, após conscientizar que estava ligado a Deus, conscientizou também que "tudo que existe é bom", exatamente como prega a Seicho-No-Ie. Entretanto, ele usava a expressão Tudo que existe em sentido muito diferente daquele em que tal expressão é usada na Seicho-No-Ie. Nela, negamos totalmente o fenômeno dizendo "o fenômeno não existe", e, somente então, dizemos que "tudo o que existe é bom", vendo apenas a existência verdadeira. O sr. Ryocen, no entanto, não conseguia negar o fenômeno, a matéria; ele tachava de "filosofia da resignação" aquela que nega a matéria; afirmava que "tudo que existe é bom", vendo a matéria, o fenômeno, a doença, o sofrimento e as tragédias como realidade, e considerava herói quem aceitava tudo isso como realidade.

Por exemplo, ele sofria dos pulmões. E qual foi sua atitude em relação à sua doença? Apesar de compreender que "tudo o que existe é bom" no mundo criado por Deus, não foi capaz de afirmar que não existe algo indesejável, desagradável, mau como a doença. Apesar de conscientizar que "existe somente Deus", não compreendeu a inexistência do fenômeno, da matéria; por isso, ele considerou o fenômeno e a matéria como integrantes de Deus que, para ele, engloba tudo. Em outras palavras, quando disse que "tudo o que existe é bom", estava incluindo a doença entre "tudo o que existe". Para ele a doença em si não era inexistente nem era um bem, mas, considerando-a dentro de um contexto todo, admitiu que "também a doença existe como um bem". Comparemos a doença a uma mancha feia de tinta marrom. Essa mancha em si não é bela, mas, quando ela serve para ressaltar a beleza de um quadro, ela passa a ser bela. É dessa forma que o sr. Ryocen via sua doença. Quanto mais sua doença fosse dolorosa, mais servia para resaltar o bem e a beleza do quadro geral de sua vida. Essa era sua visão de vida. É por isso que "as lágrimas tornam profunda a alegria" e "seu rosto resplandece quando é morto por uma pedrada inimiga". Ele próprio, explicando sua afirmação de que "tudo que existe é bom", diz o seguinte em sua obra Nyose Gashô:

"Dizem que tudo que existe é bom. Mas não me deixem tropeçar nessa frase. Como costume dizer, essa expressão deve ser usada quando um fato é considerado dentro de um conjunto, isto é, dentro do panorama único do mundo de Deus, onde todos os fatos e todas as coisas formam um todo harmônico. Quando se sobe o pico do absoluto e de lá do alto se olha para as ondas de diferentes tamanhos, vê-se que tudo é belo e bom. (...) Todas as coisas são realmente boas no estado em que se encontram".

Explicando melhor, o sr. Ryocen quis dizer que a "o ponto marrom" (correspondente ao sofrimento), na sua relação com as demais "tintas" colocadas na tela da Imagem Verdadeira (Jisso ou Realidade divina), quando visto do plano de Deus que transcende o tempo e o espaço, constitui um belo absoluto, um bem absoluto. Ele não nega a existência da doença, da infelicidade; apenas as sublima e diz que são belas somente quando vistas do céu do bem e do belo absolutos. Isso quer dizer que, para quem vive a vida prática com os pés no chão, o pico do absoluto é infinitamente alto, e o caminho para atingí-lo é extremamente difícil. Ele mesmo lamenta em Nyose Gashô, dizendo: "Diante dessa realidade, ninguém pode negá-la. Refletindo bem, vejo que sou fraco e não sou perfeito; preciso ser forte, preciso ser perfeito". Ele diz "diante da realidade", mas que é essa "realidade"? Ela não passa de fenômeno, não passa de algo que não existe verdadeiramente. Enquanto a pessoa vir como existente o fenômeno, que não é existência verdadeira, terá de lamuriar, dizendo "sou fraco, não sou perfeito", mesmo tendo passado pela experiência de se fundir com o mundo absoluto de Deus. É um erro considerar o fenômeno como realidade. Saibam que realidade é apenas a Imagem Verdadeira, a perfeição proveniente de Deus. Portanto, quando ressaltamos a existência exclusiva da Imagem Verdadeira e negamos a existência do mal, dizendo "Seres fracos não existem! A imperfeição não existe!" - isto é, quando afirmamos apenas a realidade da Imagem Verdadeira, na qual tudo é bem - dominamos até a realidade fenomênica e então não precisamos lamentar dizendo "sou fraco, não sou perfeito", como fazem os dominados pela realidade fenomênica.

Como vemos, a Seicho-No-Ie afirma unicamente o bem da Imagem Verdadeira e nega totalmente as infelicidades, que pertencem ao mundo fenomênico, dizendo "O fenômeno não existe". Esta é a razão por que consegue um grande poder para dominar o mundo concreto. Se pensarmos que "o fenômeno existe", estaremos reconhecendo que o fenômeno possui força, e consequentemente não poderemos dominá-lo. Certos religiosos e filósofos fazem a seguinte crítica à Seicho-No-Ie: "o fenômeno existe como fenômeno; admitir apenas o mundo substancial (o mundo da existência verdadeira, o mundo da Imagem Verdadeira) e querer aplicar no mundo fenomênico a idéia de perfeição do mundo substancial é confundir os dois mundos". Mas a Seicho-No-Ie não confunde o mundo substancial com o mundo fenomênico, pois não reconhece a existência deste último. Faz confusão só quem reconhece a existência do mundo fenomênico. Como nós conscientizamos que "o mundo fenomênico não existe" e como não é possível confundir algo inexistente com algo existente, afirmamos apenas e sempre a perfeição do mundo substancial. Consequentemente, essa perfeição se projeta no mundo fenomênico, tornando possível a eliminação das infelicidades. Certas religiões contrapõem o mundo fenomênico ao mundo substancial, dizendo que dizendo que "o fenômeno existe como fenômeno", e outras pensam que "o mundo fenomênico é projeção do próprio mundo da Imagem Verdadeira e portanto eles são um mundo só, sendo que o segundo faz parte do primeiro". As religiões que não conseguem se libertar dessas idéias tradicionais não conseguem jamais dominar a vida prática. Se a Seicho-No-Ie manifesta uma força extraordinária para dominar a vida prática, é porque rompe com o mundo fenomênico, afirmando alta e claramente que o fenômeno não existe e que existe unicamente a Imagem Verdadeira.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 27", pgs. 109 à 119)


quarta-feira, julho 07, 2010

Explanações sobre o Caminho Infinito




Pergunta: Alguém poderia tecer considerações sobre este trecho de um dos textos de Joel Goldsmith?

"(...) O Salvador, ou Cristo, está em nossa própria consciência. A mente que estava em Cristo Jesus, está na nossa mente. Quando jesus nos disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou" e "Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos", ele não estava se referindo a sua condição humana, porque esta não estava lá antes de Abraão e não está aqui hoje. Mas sabia que o Eu do qual falava, o Eu que é o Cristo, estava na consciência humana antes de Abraão e está na nossa consciência neste instante."

"(...) Assim, a própria qualidade que chamamos Jesus, que é a presença do Cristo - o Cristo que cura e salva - é a qualidade de nossa consciência neste momento e está operando enquanto estamos acordados ou dormindo. O Cristo é realmente a influência que cura. É o que em língua aramaica se conhecia como como Messias, o que os gregos conheciam como Salvador e o que conhecemos como o Cristo. O Cristo não é um homem de dois mil anos atrás, mas uma qualidade de nossa própria consciência neste mesmo momento. Por isso, cada personagem da Bíblia está representado em nossa consciência como alguma qualidade ou atividade."


Resposta:

Esse texto do Joel Goldsmith é "não-mental" e, por isso, profundamente espiritual. Para dizer essas palavras, Goldsmith estava inteiramente consciente da irrealidade da matéria, do mundo fenomênico, ou seja, "deste mundo". Uma coisa é pregar a Verdade levando-se em consideração a existência do fenômeno, e outra coisa é quando a pessoa prega a Verdade desconsiderando o fenômeno por completo. É dependendo do nível de compreensão do ouvinte que a Verdade é pregada. A uma pessoa que não consegue compreender a inexistência "deste mundo" podemos falar sobre a verdade dizendo: "a busca espiritual do homem tem por meta abandonar este mundo fenomênico e conseguir entrar no Reino de Deus". Aqui, o que está sendo dito a ela não é de todo falso. O instrutor, no intento de ajudar a pessoa que ouve, envolve-se um pouco com conceitos ilusórios para conseguir transmitir alguma compreensão da Verdade. Mas tal afirmação em si é incompleta, é não-totalmente verdadeira. Se, por outro lado, o instrutor se depara com alguém que já tem algum level de compreensão da inexistência "deste mundo", ele não precisará abordar a Verdade a partir da ilusão. A este outro alguém, ele poderá dizer: "Só existe o Reino de Deus, e o que é ilusão não existe. Dessa forma, é impossível alguém desfazer-se 'deste mundo', deixá-lo para trás, e entrar no Reino de Deus, porque você não pode desfazer-se de algo que não existe. O ensinamento que ensina abandonar a ilusão é falso." Procure perceber essas duas formas pelas quais a Verdade pode ser abordada. A segunda forma é dita a partir de um nível mais elevado de Consciência, sendo mais profunda e mais direta do que a primeira - ela vai diretamente ao cerne, ao que realmente importa.

É aqui que entram todas estas frases de Goldsmith que você postou. Portanto, será difícil compreender o sentido destas frases se a pessoa tentar fazer isto partindo do ponto de vista de que "este mundo" ou de que o "homem carnal" sejam coisas que existam de verdade.

"O Salvador, ou Cristo, está em nossa própria consciência. A mente que estava em Cristo Jesus, está na nossa mente."

Aqui, Goldsmith está dizendo que a mente humana não existe. Não há em absoluto diferença alguma entre "mente humana" e "mente divina", "homem" e "Deus", "ilusão" e "Verdade" porque "mente humana", "homem" e "ilusão" não existem. Não estão aqui para lutar ou disputar terreno com a mente divina, Deus, a Verdade. Mas a mente humana olha para todas as coisas e faz todas essas separações, ou seja, ela enxerga tudo dessas maneiras. Entretanto, mesmo que ela continue enxergando, devemos aprender a discernir que o que a mente humana enxerga é NADA. Mesmo após alcançar a comprensão espiritual de que "este mundo" é ilusão, ele continuará sendo visto pela mente humana como sempre foi. Quando Goldsmith despertou para a Verdade, o mundo não sumiu diante das vistas dele. A ilusão continuou lá e ele, fenomenicamente, via o mundo igualzinho todas as pessoas viam. Mas algo mudou: ficou absolutamente claro para ele que aquele "mundo" que ele estava presenciando diante de seus olhos (fenomênicos) era ilusão. Embora o mundo humano parecesse estar lá, ele não estava. Goldsmith não lutava com o mundo da ilusão para que ela sumisse. Apenas a compreensão de que "este mundo não existe" e de que "o Meu Reino não é deste mundo" lhe bastava. Com essa compreensão, ele conseguia fazer tudo o que fez: curava, ajudava e trazia harmonia à vida de milhares de pessoas que o procuravam. Mas a ilusão não sumiu. E não irá sumir, porque quem vê a ilusão é a própria ilusão, a mente mortal, que não existe.

Portanto, nesse trecho Goldsmith está dizendo: "a nossa própria Consciência já é Deus. Nossa própria mente já é a mente divina".

"Quando jesus nos disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou" e "Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos", ele não estava se referindo a sua condição humana, porque esta não estava lá antes de Abraão e não está aqui hoje. Mas sabia que o Eu do qual falava, o Eu que é o Cristo, estava na consciência humana antes de Abraão e está na nossa consciência neste instante."

É isto o que ele está dizendo: Jesus não estava se referindo a sua condição humana, porque esta simplesmente não é existência verdadeira. A "condição humana" de Jesus foi algo que surgiu, aconteceu e desapareceu, ou seja, foi um fenômeno transitório. A Verdade não é transitória ou temporal, ela é imutável e eterna. Nada que seja fenomênico ou material estava lá "antes que Abraão fosse". Apenas nossa identidade verdadeira estava, e está também aqui, bem agora. Se acreditarmos nos pensamentos e nas aparências que a mente humana está constantemente mostrando, jamais conseguiremos compreender a irrealidade "deste mundo". O Mundo de Deus é um mundo invisível à mente humana. Ou seja, a mente humana sempre vê o mundo ilusório (e este continuará sendo visto até que a humanidade deixe de alimentar sua existência com crenças errôneas). A Verdade será compreendida e vista quandos soubermos que ilusão é ilusão. E soubermos disso mesmo diante da ilusão!

"Assim, a própria qualidade que chamamos Jesus, que é a presença do Cristo - o Cristo que cura e salva - é a qualidade de nossa consciência neste momento e está operando enquanto estamos acordados ou dormindo. O Cristo é realmente a influência que cura. É o que em língua aramaica se conhecia como como Messias, o que os gregos conheciam como Salvador e o que conhecemos como o Cristo. O Cristo não é um homem de dois mil anos atrás, mas uma qualidade de nossa própria consciência neste mesmo momento. Por isso, cada personagem da Bíblia está representado em nossa consciência como alguma qualidade ou atividade."

Essa parte é clara por si mesma. Não há muito o que falar. Deus não é algo externo ao nosso ser, é a nossa própria Consciência. Friso novamente que o Cristo não é algo evidenciado ou visto pela mente humana ou mortal. A mente ilusória só vê ilusão e continuará vendo até que esta seja desfeita pela inversão da emissão de pensamentos da mente coletiva. Portanto, não se preocupe em querer extrair a Verdade a partir das imagens deste mundo ilusório - isso é algo impossível. A Verdade é compreendida no plano interno, invisível, da intuição. Internamente fica muito seguro, claro e discernível que, embora as aparências do falso mundo nos estejam sendo sugeridas/mostradas, elas não existem. Embora pareçam estar lá, não estão.

Os personagens bíblicos, assim como todos os grandes personagens e mestres que existiram neste mundo, são melhor aproveitados quando os encaramos como simbologias, representações da Verdade, e buscamos essa Verdade em nós mesmos. Adorar, elevar ou idolatrar demasiadamente alguém cria a falsa imagem de separação e transfere toda "autoridade" autêntica e verdadeira do EU que somos para o personagem externo. Goldsmith está dizendo que Cristo não é o personagem Jesus. Jesus, em si, é humano, ao passo que Cristo é o Ser divino que ele soube realizar em si. Ninguém é pai de ninguém, ninguém é mais elevado que ninguém, ninguém é mestre de ninguém. "Há apenas um que é bom, e este é o Pai no céu".

Mesmo quando encontramos um instrutor maravilhoso como Joel Goldsmith, não devemos conferir-lhe uma autoridade "externa" de mestre iluminado e identificar-nos como sendo seres em ilusão. Esse relacionamento mestre-e-discípulo deve ser transcendido. Considerar alguém como seu mestre é o mesmo que identificar o Cristo como sendo apenas o personagem Jesus. Há Um só que é o nosso mestre: Deus, que está dentro de nós, sendo a nossa Consciência. Está dentro e não fora. 'Dentro' significa exatamente aqui onde estamos, significa exatamente assim como já é. Não é necessário sair do lugar onde estamos para ir em busca de algum suposto lugar onde pensamos ser o 'dentro'. Querer 'ir pra dentro' é ir pra fora. Em qualquer lugar que seja, não adianta procurar. Fique onde você está. Deus está presente em nós, aparecendo como nós, exatamente no ponto onde estamos agora. Deus é a nossa Consciência, e é o nosso verdadeiro e único mestre. Todos os grandes personagens da humanidade devem servir somente de inspiração para que nós achemos em nós Aquilo que eles encontraram dentro deles. Goldsmith diz: "cada personagem bíblico está representado em nossa consciência como alguma qualidade ou atividade.". Eles estão representando a nossa Consciência. Apenas representando. Aquilo que está sendo representado (a Consciência) é o que tem valor real. Por isso, a Consciência que somos - isto é, Deus - é o fator mais importante. Não olhe demasiadamente para os grandes personagens da Bíblia, da história, ou mesmo para os mestres iluminados. Eles devem desempenhar apenas o seu devido papel com relação a nós. Assim, não devemos nos apegar em demasia a eles. Que os personagens importantes como Jesus, Buda, Krishna ou Goldsmith, e todos os demais que conseguiram realizar em si mesmos a Presença de Deus, possam servir para nós como símbolos, exemplos ou ícones de inspiração, a fim de que encontremos e realizemos o Cristo da forma como eles o fizeram. Deus é onipresente, pode ser encontrado e está igualmente presente em nós como está em cada um deles.


domingo, julho 04, 2010

Você não é nem a mente, nem o corpo


Nisargadatta Maharaj


Pergunta: Se eu sou livre, porque estou em um corpo?

Maharaj: Você não está no corpo, o corpo está em você! A mente está em você. Acontecem a você. Existem porque os acha interessantes. A sua própria natureza tem a capacidade infinita de desfrutar. Está cheia de animação e afeto. Ela derrama seu brilho em tudo o que entra no seu foco de consciência, e não exclui nada. Não conhece nem o mal nem a feiúra; ela espera, confia, ama. Você não sabe quanto perde por não conhecer seu próprio ser real. Você não é nem o corpo nem a mente, nem o combustível nem o fogo. Eles aparecem e desaparecem segundo suas próprias leis.

Você ama o próprio ser, isso que você é, e tudo o que faz o faz pela sua própria felicidade. O seu impulso básico é encontrá-lo, conhecê-lo, apreciá-lo. Você ama a si mesmo desde tempo imemorial, mas nunca sabiamente. Use o corpo e a mente sabiamente ao serviço do ser, isso é tudo. Seja fiel a seu próprio ser e o ame absolutamente. Não finja amar os demais como a si mesmo. A menos que os compreenda como um consigo mesmo, não poderá amá-los. Não finja ser o que não é, não recuse ser o que você é. O amor aos demais é o resultado do autoconhecimento, não sua causa. Nenhuma virtude é genuína sem a autorrealização. Quando souber, sem qualquer dúvida, que a mesma vida flui através de tudo o que existe, e que você é esta vida, você amará tudo, natural e espontaneamente. Quando compreender a profundidade e a plenitude do amor a si mesmo, saberá que cada ser vivo e o universo inteiro estão incluídos em seu afeto. Mas, quando você olhar para qualquer coisa como separada de você, não poderá amá-la porque a teme. A alienação causa o medo e o medo aumenta a alienação. É um círculo vicioso. Apenas a autorrealização poderá rompê-lo. Busque-a resolutamente.


(Do livro: "Eu Sou Aquilo - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj", Editora Advaita)

sexta-feira, julho 02, 2010

Paralisia ou hipnotismo?

Dárcio Dezolt


A paralisia curada por Jesus, com as palavras “Levanta-te, toma teu leito e anda”, ditas ao paralítico, representa todo tipo de limitação à qual se sujeita a humanidade. Seja paralisia nos negócios, em órgãos internos, em alegria, em satisfação, seja qual for a imagem de limitação que alguém abrace como realidade, ela é curada da mesma forma, ou seja, com a pessoa obedecendo à Voz do CRISTO em SI MESMA! Se Jesus tivesse dito a uma cadeira para que ela usasse suas pernas e andasse, aquilo teria acontecido? Não. Pois não existiria o Cristo na cadeira, assim como existia o Cristo presente, no lugar da ilusão, e SENDO o suposto paralítico!

Dois erros frequentes, na prática da Verdade, são os seguintes: 1) a pessoa que se vê em limitação luta com ela em seu nível supostamente material, isto é, se o caso for de paralisia, ela ficará forçando a perna para andar, sempre com a atenção voltada a ela. Entretanto, perna não anda! Quem já viu cadáver andar? Matéria não pensa e matéria não anda! Enquanto isso não for entendido, a pessoa ficará presa à ilusão! 2) a pessoa aplica um princípio e espera ver “cura instantânea”; está, de fato, presa ao suposto problema, e não ao princípio; assim, ela quer “ver” resultados imediatos! E, sem perceber, se conserva presa à ilusão e não à Verdade!

O problema, seja qual for, precisa ser encarado a partir do ponto de vista da VERDADE, e nunca da ILUSÃO! Isto requer atitude radical, do tipo: “Essa ilusão pode mostrar sua cara falsa o quanto quiser, e sob o aspecto que quiser, pois, para mim, ela é NADA!” E isto fazendo a identificação radical com o “MIM” que é Deus! Não existe “outro MIM”, senão DEUS, que é TUDO! Portanto, como para “MIM” nada há “ao lado de MIM”, esta identificação plena não levará em conta as aparências de limitações materiais ou mentais! As supostas limitações estão na mente humana e não na matéria! Tirando sua atenção dessa mente ilusória, pela total identificação com a “MENTE DE CRISTO”, veja-se pleno e sem problemas, e procure agir proporcionalmente à sua aceitação interna da Verdade! Não avalie resultados! Avalie sua permanência nos princípios! Não pense em “cura instantânea”, mas sim em DEUS sendo VOCÊ PERFEITO! A ILUSÃO É NADA! Uma “resistência aparente”, sem poder algum! Mas, se você ficar dando poder a ela, achando que “ela deveria sumir na hora”, que estaria “resistindo à Verdade”, etc, a TOTALIDADE DE DEUS ficará em segundo plano!

Lembre-se: nunca a limitação é realidade física, mas tão somente uma imagem hipnótica na suposta mente humana! Não lute com inexistências! Reconheça unicamente a MENTE QUE NUNCA PODE SER HIPNOTIZADA, A MENTE DE CRISTO, SENDO A SUA! E, não se prenda a resultados da aparência, mas sim ao seu EU DIVINO JÁ LIVRE. O “paralítico”, da Bíblia, nunca estivera impossibilitado de andar! Estava sob o hipnotismo coletivo! Não houve cura em suas pernas, mas tão somente o sumiço da imagem hipnótica de sua mente! E isto por ação do CRISTO que já estava nele, e que foi ouvido e obedecido!

Você é Espírito! Nunca esteve encarnado nem sujeito a limitações físicas! Lide com o hipnotismo, expulsando a crença coletiva de aceitação e se identifique plenamente com Deus, que é quem VOCÊ É, “desde antes que Abraão existisse”, ou seja, desde SEMPRE!

Deus é o responsável por sua perfeição

Dárcio Dezolt


“Contemplar a Verdade” não é forçar a mente para criar a perfeição, uma vez que a Perfeição Onipresente é Fato espiritual permanente. Como a mente humana não capta a Realidade, que é a Perfeição incólume, dedicamo-nos a “contemplar o que É”, para deixarmos a mente sintônica com a Perfeição. Seja qual for a aparência de imperfeição, ela é falsa! Não existe! Tampouco existe Mente verdadeira sustentando imagens hipnóticas! Assim, “contemplar a Perfeição” é ver Deus como Presença única e responsável, também único, por SE MANTER PERFEITO.

Em todo ponto do Universo, Deus É! Em todo ponto do Universo, a Perfeição é Deus responsável por Si mesmo! Em todo ponto do Universo, Deus é o responsável pela sua Automanutenção perfeita! Desse modo, você, ao “contemplar a Perfeição”, seja referente a algo ligado especificamente a você, ou que esteja relacionado com outra pessoa ou situação, deve já partir dessa Verdade: A PERFEIÇÃO É! DEUS É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA! Desse modo, você anulará a ilusão de acreditar que as meditações são feitas para que um “estudante da Verdade” demonstre “sua compreensão” para curar. DEUS É TUDO! A PERFEIÇÃO É TUDO QUE É! Entre em silêncio, confirme mentalmente esta Verdade, e, imediatamente, “contemple Deus sendo o RESPONSÁVEL ÚNICO pela Perfeição onipresente, incólume, imutável e permanente!