"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, junho 30, 2010

Não existe nenhuma lei de doença


Joel S. Goldsmith


Anos atrás, um médico veio a mim com uma doença supostamente incurável. Pois bem, não se pode explicar muito bem a um médico o não-ser da doença, ou sua natureza irreal, porque ele devotou sua vida a tentar curar a doença. Não obstante, pude dizer a ele: “Não há qualquer lei em apoio desta doença. Se houvesse uma lei, você não poderia curá-la, porque não se pode infringir uma lei. Não se pode infringir a lei “duas vezes dois igual a quatro”; não se pode infringir a lei de que H2O é água; não se pode infringir algo que seja regulado por uma lei. E, portanto, se uma doença tiver uma lei em apoio dela, ela será uma doença eterna, pois seria perpetuada por sua lei.

“Se houvesse uma lei regendo a doença, essa lei não teria vindo de Deus? Pois não é Deus o único que pode outorgar leis? Se houvesse uma lei de Deus governando a doença, quem poderia detê-la? Ou será que a doença só pode ser curada porque não existe nenhuma lei de Deus a apoiá-la?”.

E, como esse médico, em sua própria mente, foi capaz de aceitar a verdade de que "se há algo que tenha uma lei a apoiá-lo, isso tem imortalidade", ele teve uma cura maravilhosa.

Se você conseguir apanhar o sentido do princípio de que a doença não tem nenhuma lei, ela será derrotada pelo próprio fato de você ter-lhe reconhecido o não-ser. Se você conseguir apreender, e realmente compreender esta verdade, a aparência se dissolverá. Se você conseguir reconhecer a verdade de que Deus não é responsável pela doença e pela morte, você as destruirá. É esta a Verdade que o liberta.

domingo, junho 27, 2010

"EU SOU A VIDEIRA" (FIM)


Joel S. Goldsmith



No capítulo 15° de João, lemos:

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo o ramo que em mim näo der fruto, ele o cortará; e todo o que der fruto, ele o limpará, para que dê ainda mais. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, como eu em vós; como o ramo de si mesmo näo pode dar fruto, se näo estiver na videira, assim também vós, se näo estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém näo estiver em mim, será lançado fora, como o ramo, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isto, para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.”

Volvamos, agora, ao primeiro versículo: “Eu sou a videira VERDADEIRA, meu Pai é o agricultor” e “vós sois os ramos”. Em sua mente, visualize um tronco de árvore do qual crescem muitos ramos. Remova, agora, o tronco. Tudo o que você deixou são muitos ramos soltos e pendentes no espaço, desligados uns dos outros e de qualquer coisa, cada um com a necessidade de se manter no ar. Isto, naturalmente, é impossível e em pouco tempo cada um destes galhos terá consumido a pouca vida que estava em si e caído.

Agora, restauremos o tronco da árvore e notemos o que aconteceu aos ramos. Encontramo-los todos ligados à árvore, que está ENRAIZADA e FUNDADA NA TERRA, retirando para si umidade, substâncias minerais, luz solar e tudo o mais que é necessário para crescimento e desenvolvimento e fluí-los aos ramos.

“Eu (cristo) sou a videira verdadeira, e meu Pai é o Agricultor”. O Cristo é a videira (ou o tronco) e NÓS somos os ramos. Cada individuo parece ser um ramo sozinho, desligado, separado e à parte de qualquer outro galho, e cada um provavelmente está imaginando como pode progredir sozinho. De onde ele consegue sua vida, sabedoria e suprimento? O que o sustém? Cada um está avançando, lutando e se empenhando para conseguir, com seus próprios esforços, felicidade e salvação, como se essa luta pudesse manter e suprir-lhe a vida. E aqui as Escrituras claramente afirmam que NÓS SOMOS RAMOS LIGADOS À VIDEIRA. O Cristo é aquela videira. Portanto, apesar de invisível à percepção humana, cada galho é ligado a outro, porque somos ligados à videira. Chamamos Cristo a isso, o Espírito Invisível de Deus, ou o Filho Invisível de Deus, e cada um de nos é ligado ao outro devido a esta videira central ou tronco. Compreendemos, agora, que somos menos dependentes de nosso PRÓPRIO poder, força e sabedoria porque somos ligados a esta videira central.

Por causa desta videira, não há necessidade de vivermos afastados uns dos outros, ou de lutarmos uns contra os outros. ESTAMOS UNIDOS NA VIDEIRA; SOMOS UM EM CRISTO!

Somos um em Cristo, mas demos um passo avante e aprendamos que MEU PAI É O AGRICULTOR. Deus, a Verdade universal, a Vida universal, a Mente divina e o Amor infinito, é o Agricultor, ou o equivalente da terra na qual a árvore é enraizada e fundada. Somos ramos ligados invisivelmente à videira, que, por sua vez, é uma com Deus. “Eu e meu Pai somos um”"o Pai está em mim, e eu nEle”. Portanto, este CRISTO INVISÍVEL, o tronco invisível da árvore ou da videira enraizada e alicerçada em Deus, RECEBE TODO O BEM PARA SI E O LANÇA PARA NÓS. Não percebe você que nosso suprimento não depende de nós, assim como o suprimento do ramo não depende si mesmo? O ramo é dependente somente do seu CONTATO com a videira, e do contato da videira com o solo, com o Agricultor, ou com o Pai.

Em nossa experiência, este princípio funciona desta maneira: como um estudante, você é um ramo, e quando você vai a um instrutor ou a um praticista, ele pode temporariamente ser a videira, quando ele sabe que, de si mesmo ele não é nada, senão uma videira. Deus, o Pai em nós, é o Agricultor, e o instrutor é um com o agricultor. Em unicidade com Deus (o agricultor), toda a verdade, força curadora e supridora FLUI DO PAI, ATRAVÉS DELE, PARA VOCÊ.

Foi com esta compreensão que o Mestre pôde alimentar e curar as multidões e, através dessa mesma compreensão, qualquer mestre ou curador pode ser o canal através do qual Deus flui para você. Isso depende de você? Não. Depende do curador ou do mestre? Não. Depende da GRAÇA DE DEUS FLUINDO ATRAVÉS DA VIDEIRA PARA OS RAMOS, e durante o tempo em que a videira permanece enraizada e alicerçada em Deus, nessa medida Ele fluirá através da videira para você.

Lembre-se de que nem sempre você precisará que um instrutor ou praticista seja sua videira. Este é somente um relacionamento temporário. O Mestre disse a seus discípulos: “… se eu não for embora, o Consolador não vira a vós…” Em outras palavras, DEPOIS que esta verdade tenha sido demonstrada pelo contato com um instrutor ou um praticista e depois que você tenha ganho sabedoria na compreensão de que a cura não veio DELE, mas simplesmente ATRAVÉS dele, do Pai interno, você está pronto para o próximo passo.

É, então, que você compreenderá o Cristo Invisível, a videira, não é necessariamente uma pessoa, nem mesmo um Jesus, mas o Cristo é a verdadeira parte invisível em MIM. Portanto, eu, como ramo, estou ligado a esta parte invisível em MIM, a qual, por sua vez, está enraizada e alicerçada em Deus. ELE é o Filho de Deus em mim. Portanto, o Cristo está no Pai, e o Pai está em mim. Essa compreensão é a Verdade curadora.

Nesse ponto você pode perguntar-se se há qualquer coisa que vossa possa fazer ou não, que possa impedir esse fluxo do Bem. Sim, há uma coisa: você pode ESQUECER que há uma videira invisível à qual está unido. Você pode ESQUECER que o Pai é o Agricultor, e que todo o bem de Deus está fluindo. Pode começar a acreditar que eu seja separado e à parte de você ou vice-versa, e que se você tirar alguma coisa de mim será beneficiado. “Eu sou a videira, vós sois os ramos; aquele que permanece em mim, e Eu nele, esse produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis”. A MENOS QUE VOCÊ RECONHEÇA SUA UNICIDADE CONSCIENTE COM A VIDA INVISÍVEL, O FILHO DE DEUS EM VOCÊ, VOCÊ NADA PODE FAZER. Você será eliminado e será um ramo consumindo seus poucos velhos 70 anos de vida e, finalmente, secará e cairá. Você será eliminado, não por Deus, mas porque “vós não permanecestes em MIM e nem deixastes MINHA palavra permanecer em vós”.

No momento em que você se colocar à parte como um ramo e ESQUECER sua união com o Cristo Invisível, justamente porque não pode ver, ouvir, experimentar, tocar ou cheirá-LO e, portanto, decidir que você não O tem – “Ó, vós de pouca fé” – você será eliminado. Lembre-se sempre: mesmo em suas dificuldades mais lúgubres, em suas piores doenças, ou em seu mais terrível pecado, QUE VOCÊ ESTÁ AINDA UNIDO A ESTA VINHA INVISÍVEL, E QUE ELA POR SUA VEZ, ESTÁ ENRAIZADA E ALICERÇADA NO TODO DO PAI, O TODO DO AGRICULTOR. A própria natureza de Deus não lhe permite reter o fluxo que dEle passa da Videira e desta a você. “Se permanecerdes em mim, e minha palavra permanecer em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido”. Mas isso não significa que você deve pedir no sentido material: “Dai-me um lar mais lindo e um carro melhor”. Não, não, não. Você deve simplesmente pedir a continuação da Graça Infinita. PEDIR PARA A CONTÍNUA REALIZAÇÃO DA ONIPRESENÇA.

“Pedis e não recebeis, porque pedis mal…” Deus é Espírito e ao Espírito não se pedem coisas materiais, mas é justamente isso que fazemos, quando oramos por COISAS. E, depois, surpreendermos-nos por não as haver recebido. É, então, que alguém poderia dizer: “Bem, você não vai à igreja muito frequentemente, não é muito bondoso ou indulgente, retarda seus afazeres, portanto, você não é muito merecedor”.

DEUS É O PAI INFINITO. Pense até que ponto você é pai ou mãe e, então pense em Deus como Pai INFINITO. Deus é Pai Infinito, sem fazer distinção de pessoas, e através da videira invisível está continuamente nos provendo tudo o que é necessário para o nosso desenvolvimento. “Nisto é glorificado meu Pai: em que produzais muito fruto…” Entende você o sentido disso? Seu Pai é glorificado SOMENTE na proporção em que você produz muitos frutos e frutos ricos. Seu Pai não é glorificado pela avareza, ou pelo fato de você ir a um mercado procurar a carne e os produtos mais baratos. Seu Pai não é glorificado quando você tem que se acostumar com um automóvel de terceira-mão. Não, não, não, isso não glorifica o Pai.

O Pai não pede que você tenha alguma coisa no campo material, MAS O QUE VOCÊ TEM DE BOM NÃO É SENÃO A EVIDÊNCIA DA GLÓRIA DO PAI E NÃO DA SUA. Se você tem um bom lar ou boa renda e começa a acreditar que os conseguiu devido à "SUA" compreensão ou "SUA" bondade pessoal, não fique surpreso se ficar privado deles. Isso porque você estaria glorificando suas PRÓPRIAS qualidades, sua PRÓPRIA natureza e caráter, e essas você não possui. “Por que me chamas bom? Ninguém é bom a não ser Deus”, e quando você compreender que “A GLÓRIA DE DEUS ESTÁ SE MANIFESTANDO ATRAVÉS DESTE BEM QUE VEIO A MIM”, você pode esperar ainda maiores frutos PORQUE VOCÊ RECONHECEU A FONTE. "Olhai para Mim, e sede salvos", "Reconhecei-O em todos os vossos caminhos e Ele vos dará abundante e ilimitado bem”. “Se observardes os meus mandamentos, permanecereis em meu amor”.

O Mestre nos deu somente dois mandamentos: um, é amar a Deus (reconhecê-Lo como a Grande Vida, a fonte de tudo, a origem de tudo, porquanto a Ele pertence todo o poder e, portanto, a glória, de eternidade à eternidade), e o outro, amar ao próximo como a nós mesmos. Portanto, COMO pode você amar a Deus, a não ser na compreensão de Deus como Amor? Como pode você amar a Deus se acredita que Ele está retendo algum bem ou o está punindo, ou fazendo alguma coisa que você não faria a seus filhos? Você só pode amar e honrar a Deus se puder vê-lO como VIDA GLORIOSA E INFINITA – VIDA LIVRE, DESIMPEDIDA E NÃO AFETADA PELA VIRTUDE OU TRANSGRESSÃO DOS HOMENS. Amar a Deus e a seu próximo como a si mesmo é visualizar aquela árvore e lembrar que cada ramo é seu próximo e que seu próximo está recebendo seu bem ATRAVÉS DO MESMO CRISTO INVISÍVEL DO PAI, O AGRICULTOR.

Pode ser ocasionalmente necessário, mesmo enquanto formula esta oração para seu próximo, que você temporariamente lhe empreste ou dê alguns dos bens materiais para ajudá-lo no decurso de uma etapa cruciante de falta ou limitação, mas você nunca terá de incumbir-se ou sustentar continuamente o pobre merecedor, PORQUE NÃO HAVERÁ POBRE MERECEDOR SE VOCÊ AMAR SEU PRÓXIMO COMO A SI MESMO. Toda vez que você vê um indivíduo em alguma forma de pecado, doença ou mesmo morte, apenas visualize rapidamente a nossa árvore e silenciosamente “Agradeça a Deus por aquele tronco”.

Aquele tronco unifica-nos e possibilita que cada um de nós se alimente da única Fonte Infinita, e não um do outro. É, então, que você está amando a Deus no mais alto grau e a seu próximo como a si mesmo, porque você está conhecendo a mesma VERDADE acerca de seu próximo como de si mesmo.

Nestas passagens de João, percebemos a verdadeira visão de Deus, o Infinito Invisível, como a fonte de todo bem, o qual não pode, de forma alguma, reter nenhum bem. O bem está sempre se exteriorizando individualmente no que chamamos o Filho de Deus, o Cristo, que é a sua parte invisível, e através desse Eu invisível, ao corpo físico, à mente e Alma e Espírito do ser individual, PARA MANIFESTAR A GLÓRIA DE DEUS. Somos prevenidos, que o ramo NÃO PODE DAR FRUTOS DE SI MESMO. Portanto, não pode haver bondade pessoal, saúde ou fartura pessoais. O ramo deve extraí-los ATRAVÉS da videira de Deus.

“Todo ramo que em mim não der fruto será arrancado”. Isto poderá levar-nos a crer que depois de tudo, Deus provavelmente pune um pouco, mas isso não é verdade. SE VOCÊ NÃO PERMANECE NESTA VERDADE, se você não mantém sua consciente unicidade como Cristo EM SI, e ATRAVÉS DELE sua unicidade com o Pai, você será eliminado. Será você mesmo quem se separa da graça de Deus e será, portanto, eliminado, destruído, queimado e definhará. PERMANECER NESTA verdade é viver, mover-se e ter seu SER nesta conscientização de sua unicidade com o Cristo, e da unicidade do Cristo com o Pai.

Isto, naturalmente, não significa que estamos unidos a pessoas, mas unidos ao Invisível, de maneira que mesmo estando no meio do oceano, ou em um deserto, seríamos capazes de dizer: Ah, mas eu AINDA sou um ramo da videira, e a videira AINDA está ligada ao agricultor (Deus) e, portanto, o lugar em que me encontro é SOLO Santo. Toda vez que tivermos pensamentos de desespero, estaremos admitindo que somos um ramo separado da videira e esta do Agricultor: que não podemos alcançar, nem a um, nem a outro, ainda que durante todo o tempo Ele esteja aqui mesmo onde estamos. ELE está em VOCÊ e ELE está unido à ONIPRESENÇA!

“Vou preparar um lugar para vós… para que onde eu esteja, vós também possais estar”. Você pode perguntar-se: "onde está o Eu Sou?". Toda vez que você disser “EU SOU”, isto é, "onde EU SOU", esse "onde EU SOU" é onde VOCÊ ESTÁ. Onde você estiver, há a videira, Pai e o Agricultor – o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Você deve sempre lembrar que o Agricultor, Deus, não dá e não nega - MAS CONTINUAMENTE É. A videira em você, o Cristo, não o está julgando, mas está aqui para abençoar e perdoar, suprir e amar. Qual era a Missão do Mestre? “Ir mostrar a João novamente aquelas coisas que vós ouvis e vedes: o cego recupera a visão, o coxo anda, os leprosos são limpos e o surdo ouve, os mortos são ressuscitados e aos pobres é pregado o Evangelho.” O Cristo está ali para amparar, suprir, sustentar, aliviar, curar, perdoar e regenerar. Está aqui para fazer ressurgir da sepultura E REALIZAR a ASCENSÃO.

Não há palavra, em toda a mensagem e missão do Mestre, que dê qualquer motivo à autocondenação. “Nem eu te condeno: vai e não peques mais”. Se você volver ao velho estado material de consciência e não permanecer na palavra, será punido muitas vezes. Toda vez que você se esquecer de que é um ramo unido à videira invisível, a qual, por sua vez, está ligada ao agricultor (o Pai interno), estará cometendo pecado. Você poderá ser pródigo doze vezes, se o desejar, mas VOCÊ pagará a penalidade.

Se você voltar à crença de um indivíduo separado e à parte de Deus – um ramo pendente no espaço – atrairá para si carência e limitação de suprimento, de saúde, de força e de eternidade, mas “se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e vos será concedido”. “Nisto é meu Pai glorificado, que deis muito fruto: e assim sereis meus discípulos”.
FIM


sexta-feira, junho 25, 2010

"EU SOU A VIDEIRA" - 1/2

Joel S. Goldsmith


Há muitos séculos, sob a influência de nossas crenças teológicas, vimos aprendendo que a bondade de Deus para conosco depende de sermos dignos e merecedores. Se pecamos ou somos maus, Ele nos nega o Seu bem. Por isso, já de início desejo esclarecer aos que estão na Senda Espiritual que DEUS É AMOR; DEUS É LEI; DEUS É PRINCÍPIO; DEUS É INTELIGÊNCIA DIVINA E DEUS É VIDA ETERNA.

Se a VIDA dependesse de nossa virtude; se nossa maldade pudesse nela interferir; se qualquer outra coisa pudesse afetar seu fluxo harmonioso – como se explicaria o ensinamento bíblico de que a vida é eterna e imortal? Acaso o referido ensinamento diz que a vida é imortal apenas "QUANDO" ou "COMO" ou "SE" você faz certas coisas? Não! Isso faria com que a vida imortal dependesse de você, ou de mim, e não é assim! A vida imortal depende apenas de Deus. Não há nada que possamos fazer para conquistá-la ou para que Deus no-la negue. Não podemos rogar que Deus nos dê vida e nem há pecado que impeça a imortalidade e a eternidade da vida.

DEUS É AMOR. O que, então, podemos você ou eu fazer para mudar a natureza amorosa de Deus? Poderíamos mudar nosso amor pelos filhos se eles nos fizessem algo desagradável? Claro que não. Se humanamente somos capazes de amar nossos filhos, mesmo quando não merecem, QUANTO MAIS AMOR o Pai celestial está emanando constantemente para nós!

Pode você aceitar a verdade que DEUS É AMOR, não apenas quando você é digno e merecedor, mas também quando se comporta de certa maneira? Pode admitir que DEUS É AMOR e que Sua chuva cai igualmente sobre justos e injustos? O Mestre Jesus Cristo negou alguma vez o bem ou a cura a alguém pelo fato de ser um pecador? Perguntou ele em alguma ocasião às multidões, se eram bons ou se dissipavam ou economizavam o seu dinheiro? Ao ressuscitar o filho da viúva, teria ele perguntado se o moço tinha sido moral ou imoral, honesto ou desonesto? Ou simplesmente o ressuscitou, destruindo assim a crença do mundo na morte? Todos conhecemos a resposta. Em nenhuma ocasião de seu ministério Jesus recusou cura, suprimento, perdão, reforma ou restauração a alguém, por temporária crença no mal.

O princípio é este: uma vez que DEUS É AMOR, nosso bem deve ser infinito, sem nenhum "SE" ou "MAS", porque a Graça de Deus não depende de algo que você ou eu façamos ou deixemos de fazer. A Graça de Deus não pode ser retida. Embora possamos ligar ou desligar a eletricidade, abrir ou fechar a torneira, não podemos abrir ou fechar o fluxo de Deus. DEUS É, e DEUS É AMOR em toda plenitude!

Consideremos a seguir que DEUS É VIDA. Isto não significa que Deus seja vida somente nas idades de 6 ou 16 anos. DEUS É VIDA. Então por que não é também aos 60, 90 e aos 120 anos? O motivo é que as palavras “eu”, "me" e “você” entram em cena e dizemos: MINHA vida ou SUA vida, e imediatamente pensamos na data de uma certidão de nascimento. Se Deus é Vida, que importa a data de nascimento? Deus é a ÚNICA vida e ela é infinita. É culpa de Deus se mudamos ou envelhecemos ou ficamos doentes, fracos e decrépitos? A vida de Deus é infinita, eterna e imortal e assim sendo é a única vida na qual podemos esquecer as idades SUA e MINHA.

Da mesma maneira, DEUS É AMOR. Esqueçamos, pois as condutas sua e minha. Alguns de nós podemos estar bastante mal hoje, outros melhores, alguns piores. Talvez alguns de nós estávamos melhores no ano passado do que neste, mas o amor de Deus a Seus filhos não mudou e nem o Seu poder cessou. O braço direito de Deus é poderoso. A mão de Deus não se omitiu. DEUS É PODER, mas sendo bom – DEUS É A FORÇA DO BEM. Pode, então, negar ajuda, suprimento ou paz a alguém? Não, mas você e eu podemos provocar impedimento ao pronunciarmos as palavras "eu", "me" e "você". “Eu” posso não ser merecedor, não estar preparado ou não ter suficiente compreensão, mas o amor de Deus não depende de meu entendimento.

Assim que você começar o tratamento de cura, os primeiros chamados serão para o que o mundo chama de “menos importância” e, em pouco tempo, você poderá concluir: “Oh, tenho alguma compreensão”, ou “estou conseguindo resultados através do meu entendimento”. Se você o fizer, nunca se tornará um curador ou instrutor eficiente, porque JAMAIS curará através de SEU entendimento. Deus proíbe que SUA presença e poder dependam da "sua" compreensão.

A cura é uma atividade do Cristo. Decorre da compreensão de Deus. Vimos dizendo MINHA vida, MINHA saúde, MEU suprimento, MEU valor, MEU entendimento, sem considerar que deve ser a COMPREENSÃO DE DEUS. O Mestre deixou isso bem claro, quando disse que “de SI MESMO nada podia fazer, mas que era o Pai nele quem agia”. Portanto, é a COMPREENSÃO DO PAI. Do momento em que abrimos nossa consciência ao fluxo de Deus e cessamos todo este contra-senso acerca de NOSSO entendimento e de NOSSO bom ou mau comportamento, podemos estar seguros de que o fluxo de Deus apagará e purificará qualquer erro ou intento que tenhamos em mente hoje; dissipará toda punição a erro passado. Devemos chegar à compreensão de que não é o nosso entendimento que faz isso, mas o de Deus. DEVEMOS abandonar as velhas ideias e crenças judaicas de um Deus de castigo e recompensa. DEUS É AMOR. DEUS É VIDA.

Cada um de nós ainda conserva, dos tempos de infância, alguma ideia de Deus ditada pelos ensinamentos ortodoxos e teológicos, de que não podemos ganhar o favor de Deus por certos atos de omissão ou comissão. Muitos ainda crêem que o favor de Deus pode ser obtido por algumas formas de oração, adoração ou abstenção. Isto não é verdade. Podemos ter certeza de que DEUS NÃO É INFLUENCIADO PELO HOMEM, isto é, Deus não é influenciado por você ou eu individualmente. DEUS É LUZ, e se caminharmos com Ele, estaremos na luz. A chuva de Deus cai e se a queremos, devemos caminhar na chuva. DEUS É, e DEUS É AMOR. Deus está derramando SUA INFINITA GRAÇA e não a estamos aceitando devido ao uso de tais palavras como "eu", "me" e "meu".

Devemos deixar esta crença de que participamos na obtenção do amor, da graça e da doação de Deus, e lembrar que nossa única participação é aceitar essa evidência, abrindo nossa consciência para receber a divina Graça.

Os escritos de “O Caminho Infinito” contêm centenas de verdades que se resumem em uma apenas: A NATUREZA DE DEUS. Medite sobre: Que é Deus? Qual a natureza de Deus? Qual é o caráter de Deus? Quais são as qualidades de Deus? Qual é o verdadeiro Deus? Não o Deus que nos ensinaram a adorar quando crianças, ou que adoramos ignorantemente agora. Tente esvaziar os vasos já muito cheios, porque não podem ser enchidos com o novo vinho. Desfaça-se de suas velhas crenças e esteja desejoso de começar tudo de novo, ainda que você tenha 70 anos, admitindo que se você conhecesse melhor a Deus, você estaria demonstrando bem mais a graça divina. Esqueça tudo que você tenha pensado ou lhe tenham ensinado acerca de Deus e, mais uma vez, comece com esta pergunta: “Que é Deus?”. Do momento em que você começa a compreender que DEUS É AMOR, saberá que aquele amor está fluindo irrestrito, ilimitado e livre, porque a natureza de Deus é Infinita.

Seria impossível a Deus estender-nos somente umas parcela de amor, dar-nos 90% de saúde e prover-nos com 60, 70 ou 80 anos de vida. É verdade que estamos DEMONSTRANDO apenas uma parcela de amor e de suprimento ou somente 60, 70 ou 80 anos de vida e vigor. Pode perfeitamente ser verdade que não haja muito amor fluindo em e através de nós, mas isso nada tem a ver com Deus. Tem a ver com alguma crença falsa de que NÓS, de alguma maneira, se pudéssemos encontrar uma fórmula mágica, faríamos fluir o bem de Deus, ou poderíamos de algum modo impedir o bem de Deus. Não é um tanto absurdo acreditar que podemos viver somente 60, 70 ou 80 anos em boa saúde e vigor, quando a única vida que temos é Deus, e a vida de Deus é Infinita, e não depende do que possamos fazer a respeito dela? A vida é dependente da habilidade de Deus em manter Sua própria vida imortal, eterna e indefinidamente.

Não é estranho que muitos tenham tão pouco conforto na vida, quando o Mestre nos disse que a VERDADE É O CONSOLADOR? Ele não disse que nos mandaria limitada quantidade de conforto, mas sim o CONSOLADOR, O ÚNICO, A PLENITUDE DO CONSOLADOR. No entanto, durante todo esse tempo, estivemos satisfeitos com uma pequena porção por termos acreditado que fosse tudo o que tínhamos merecido.

Ao fazer o seu testamento, você não determinará o que cada um de seus filhos merece, nem dirá: “Este um tem sido razoavelmente bom, assim deixar-lhe-emos uma boa quantia. Este outro não foi nada bom, nada receberá, mas este terceiro tem sido muito bom, assim deixar-lhe-emos uma grande soma”. Não, você dirá: “temos três filhos e dividiremos igualmente entre eles”. QUANTO MAIS GENEROSO É NOSSO PAI CELESTIAL E QUANTO MENOS QUE NÓS ELE JULGA! Deus não se apoia em julgamento ou condenação para com nossos pecados, porque o único motivo de nossos pecados, fatos e erros – é a ignorância.

Somos responsáveis por nossa ignorância? Não. Desde a infância ouvimos nossos pais e outras influências. Por um sentimento de obediência, lealdade e temor, ACEITAMOS ESTAS FALSAS CRENÇAS, mas não somos castigados por elas.

A Escola da Vida está aberta a qualquer um de nós em qualquer ocasião que desejarmos começar. POR NOSSA ILUMINAÇÃO ENCONTRAREMOS A LIBERDADE. É somente na ignorância que encontramos discórdia, limitação, pecado doença e morte. Em nossa ILUMINAÇÂO encontramos abundância infinita, liberdade, imortalidade e eternidade. Assim, a despeito de qual seja sua idade, lembre-se de que só há um assunto no qual você necessita ser esclarecido: QUAL A NATUREZA DE DEUS?

“Deus é luz e nEle não há treva alguma”. Pode você ver Deus como o GRANDE AMOR DO UNIVERSO, no qual não há ódio, inveja, ciúme, malícia, vingança ou mesmo lembrança do passado? Pode você ver Deus como VIDA IMORTAL E INFINITA? Se assim for, você pode trazer harmonia ao seu corpo e vida durante a noite. Somente a crença de que aquilo que você está fazendo, ou deixando de fazer, é que causa doença ou pecado na carne. É apenas a crença de que o erro está em você, E NÃO ESTÁ. Assim, procure lembrar-se desta verdade. O HOMEM JAMAIS PODE INFLUENCIAR DEUS. Deus é todo-bondade e a Graça de Deus perdura para sempre.

Elimine o uso de “eu”, “me”, “meu”, e centralize por inteiro o seu pensamento na palavra DEUS. Não pense mais acerca de “o que sou eu em conexão com Deus”. Faça-se estas perguntas: está Deus retendo algum bem? Pode Deus negá-lo? Há alguma razão para Deus negar? Tem Deus o poder de suprimir Sua própria benevolência, amor, proteção e diligência? Não há ninguém nesta terra suficientemente grande para influenciar Deus a fazer mais do que Ele próprio está fazendo, e nem pecado tão grande para impedir-Lhe ser Deus.
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quarta-feira, junho 23, 2010

A Vida que flui eternamente


Masaharu Taniguchi


SERÁ INFERIOR A RELIGIÃO QUE CURA DOENTES?

Quando uma religião começa a curar doentes, certas pessoas passam a desprezá-la, chamando-a de "religião dada às curas". Tais pessoas alegam que a função da religião é salvar a alma e que a cura do corpo carnal nada tem a ver com a salvação da alma. Entretanto, quem merece desprezo é justamente esse espírito de desprezo, pois a verdadeira salvação da alma deve resultar na salvação do corpo. Salvar a alma significa libertá-la dos sofrimentos cármicos, sendo que a doença é uma das manifestações do carma negativo e não é existência verdadeira. Por isso, quando se elimina o carma, as doenças e os sofrimentos desaparecem imediatamente ou em breve, da mesma forma como as imagens da tela de cinema desaparecem quando se interrompe a projeção do filme. Se não fosse assim, o ensinamento budista de que "este corpo é como uma miragem: ele surge da ilusão" seria uma teoria vazia.

Emerson pregou em sua obra The Law of Spirit que "o homem possui natureza divina e, pela sua utilização, pode transformar o mundo", mas essa afirmação não passava de simples teoria enquanto ele permanecia ocioso e recolhido no interior como "santo de Concord". Se o dr. Quimby não tivesse popularizado o New Thought, curando inúmeros doentes, ou se Henry Ford não tivesse aplicado, com sucesso, o New Thought na administração de empresa, provando que é possível modificar o mundo concreto pelo poder da mente, o espiritualismo panteísta de Emerson seria uma teoria vazia, uma mentira.

Também o "mundo paradisíaco" - para onde o homem vai após a morte carnal, segundo o budismo - já que é o mundo onde se manifesta a vontade de Buda (em outras palavras, o mundo onde se projeta a mente), seria uma mentira se não fosse possível demonstrar que o mundo concreto se transforma segundo a mente, e por conseguinte a seita Jôdo (incluindo a seita Shin) estaria em risco de desmoronar.

Os sacerdotes da seita Shin hostilizaram a Seicho-No-Ie, temendo perder adeptos para nós. Entretanto, a Seicho-No-Ie, demonstrando que o mundo concreto pode ser transformado pela mente, está provocando indiretamente a existência do "paraíso" pregado por budistas, o "paraíso do oeste". Portanto, a Seicho-No-Ie está desempenhando o papel de advogado de defesa das seitas Jôdo e Shin. Mais que isso, completou-as e provou que elas são corretas.


TODAS AS RELIGIÕES CONSTITUEM UMA SÓ CORRENTE DE VIDA

A Seicho-No-Ie é exatamente igual ao New Thought. Ela abarca a essência de tantas religiões que certas pessoas a chamam maldosamente de "supermercado de religiões". Abarca inclusive a essência extraída do New Thought e está divulgando-o como movimento de iluminação da vida humana. Exceto os que são contra o nosso movimento, todos são nossos aliados. Todo aquele que prega a Verdade é Seicho-No-Ie. Embora todos os pensadores do New Thought preguem que "o mundo concreto pode ser dominado pela mente", o conteúdo dessa pregação difere de um para o outro. O dr. Quimby, por exemplo, diz: "O que domina o mundo concreto (inclusive a doença) não é a nossa mente, mas a mente de Deus, da qual a nossa mente é simples canal condutor". Esta colocação é semelhante à doutrina da Seita Shin, segundo a qual "o homem é salvo não pela própria força, mas pela força de Buda". Já Henry Wood diz o seguinte: "A mente do homem e a mente do Ser Absoluto são da mesma natureza; logo, se o homem desenvolver o poder de sua mente, poderá dominar o mundo concreto. A mente é o maior criador". E esta afirmação se identifica com outra facção do budismo, que prega a salvação pelo esforço do próprio homem.

Quanto a Trine, ele é excelente no tocante à explicação de sua filosofia espiritualista, razão pela qual citei alguns trechos dele em meus livros. Entretanto, infelizmente, às vezes ele cai no dualismo. Por isso corrigi seus textos quando os citei na coleção A Verdade da Vida. Esse dualismo transparece até em seu livro The power that wins (A força que vence) , no qual ele recomenda auxílios materiais, dizendo que um pouco de suco de laranja antes de dormir é bom para a saúde. No prefácio de outro livro, ele deixa patente seu dualismo: "Nós vivemos em dois reinos: um é o reino da mente e do espírito, e outro é o universo do corpo carnal e da matéria". Num outro trecho, cai em "trinismo", dizendo: "já que o homem é um ser constituído de três partes, que são o corpo, a mente e o espírito, respeitamos cada uma dessas partes, mas devemos espiritualizar o corpo e a mente, infundindo neles o espírito". Para ele, "a matéria não é inexistente, a mente também não é inexistente, elas existem, mas basta espiritualizá-las, extraindo a espiritualidade interior do ser". Existe uma pequena diferença entre este pensamento e o da Seicho-No-Ie, segundo a qual "a matéria não existe, a mente não existe; o que existe é unicamente a Imagem Verdadeira". Parece uma diferença insignificante, mas, devido à idéia de que "a matéria também existe", os livros de Trine, embora consigam empolgar o leitor, não têm força para causar transformação na mente de quem o lê, a ponto de se curar de doença. Não há registro de que alguém tenha se curado pela leitura dos livros dele. Para chegar a curar doenças, é preciso fazer com que o leitor compreenda a inexistência da matéria e da mente, como fazem a Christian Science (Ciência Cristã) e a Seicho-No-Ie.

Já em Fenwicke Holmes, não se nota a idéia de existência da matéria. O único defeito são alguns vestígios de dualismo tais como "treva sagrada" ou "luz pálida". Em minha autobiografia, inserida no volume 20 desta coleção, resumi o pensamento de Holmes como segue:

"Segundo a filosofia de Holmes, Deus é o Criador de todas as coisas, mas Ele não cria infortúnios para nós, arbitráriamente. Ele cria e dá a todos nós, sem discriminação, tudo o que nossas próprias mentes concebem - seja doença ou saúde, seja pobreza ou riqueza, seja adversidade ou facilidade, seja infortúnio ou felicidade. Ele cria tudo isso, usando como molde os nossos próprios pensamentos. Com isso, Ele assegura a liberdade do homem e prova que, sendo amorfo, é capaz de assumir ou criar infinitas formas seundo a mente das pessoas (...)". Holmes não considera a ilusão como criadora do mundo fenomênico, mas sim como molde de criação apresentado pelo homem ao Criador, para que Este, com sua capacidade de assumir livremente infinitas formas, crie o mundo fenomênico, tendo essa ilusão como molde.

Para quem deseja saber mais detalhes sobre o assunto, sugiro a leitura do 20º volume. Gostaria que o leitor prestasse atenção na parte final da citação que grafei em negrito. Para Holmes, foi Deus quem criou o mundo fenomênico. Foi o homem quem apresentou o "molde" de criação a Deus, mas foi Este Quem criou o mundo fenomênico conforme esse molde. Logo, Deus seria o criador do mal, das doenças e das infelicidades. Segundo o pensamento de Holmes, é Deus quem crua as doenças conforme o "molde mental" apresentado pelo homem, mas também é Ele Quem cria as doenças.

Como podemos ver, o New Thought parece uma corrente homogênea formada de vários pensadores que seguem a mesma linha, mas eles divergem em pontos fundamentais. Para apreendemos a essência do New Thought, precisamos peneirar os pensamentos de seus líderes e eliminar as impurezas. E, como eles se baseiam na bíblia, precisamos peneirar todas as outras religiões não-cristãs, se quisermos extrair a essência comum de todas as religiões. Assim procedendo, estaremos extraindo o "ouro puro" que se chama Vida que flui eternamente.

Entre aqueles que se curaram pela leitura desta obra A Verdade da Vida, pode ser que ainda exista quem pense que "foi Deus Quem curou", mas está enganado. A Verdade é que a pessoa, lendo este livro, abre os olhos da mente e descobre sua Imagem Verdadeira (Jisso), que era saudável desde o princípio. O que parecia doente era apenas uma falsa imagem do homem. Se a doença existisse verdadeiramente e a cura dependesse de Deus, então a eventual persistência da doença seria a vontade de Deus, pois Este, sendo onipotente, poderia curá-la se quisesse. Nesse caso, deveríamos considerar a doença como uma "advertência de Deus", como dizia outrora a seita Hitonomiti.

Mas esse não é o pensamento da Seicho-No-Ie. A filosofia da "advertência de Deus" contém a idéia de que "o Universo fenomênico é uma existência verdadeira" e de que o próprio Deus encerre dentro de Si alguma espécie de treva que poderíamos chamar de "treva sagrada". O sr. Hyakuzô Kurata, apesar de ter alcançado o estado espiritual de total entrega à Grande Fonte do Universo (Deus), disse que não consegue ir além da idéia de que a Grande Fonte do Universo contém a "treva sagrada". Com isso, ele demonstrou que está no mesmo nível de Holmes e da Hitonomiti (Maiores detalhes no 39º volume, 3º capítulo). Se ele simpatizou com a seita Tenri, deve ser porque compartilha a teoria budista da formação do Universo pela Verdade Absoluta segundo as oportunidades", a qual admite a existência da "treva sagrada" na Grande Fonte do Universo. A conclusão sobre isso fica a critério do leitor.

O que pretendo dizer é que transcendi a "teoria da formação do Universo pela Verdade Absoluta", a "advertência de Deus", a "cura de doença por Deus", a "criação de doença por Deus", a "treva sagrada", a "luz pálida" etc. e alcancei o mundo onde não existe nem doença, nem infelicidade, nem "treva sagrada", nem "luz pálida". Não vou agora comentar em detalhes, porque discorri sobre isso no 20º volume, sob o título de "Negação do corpo carnal e da matéria", do qual transcrevo uma parte: "Finalmente encontrei Deus e também o meu Eu verdadeiro. Compreendi que o meu Eu verdadeiro era a própria Vida Eterna, que transcende não só o mundo fenomênico, que é projeção da mente, como também a mente que o projeta". Dessa forma, finalmente toquei a Vida que flui eternamente. Eu me encontrei no mundo em que não existe doença.

No budismo existe uma polêmica quanto à origem do Universo: se é a Verdade absoluta ou se é a consciência alaya (a mente que originou, sustenta e contém o Universo). E é dito que "num pensamento estão contidos dez mundos, e dentro de uma mente existem três mil mundos". A questão é saber se esse "pensamento" e essa "mente" se referem à mente da Verdade absoluta ou à consciência alaya. E isso está ligado às seguintes questões:

1 - Será que Buda também está sujeito à ilusão?
2 - Será que o mortal em ilusão pode se tornar Buda?
3 - Buda jamais caiu em ilusão?

Quanto ao primeiro item, eu o neguei totalmente. Quanto ao segundo item, admiti a existência aparente do "mortal em ilusão" como buda fenomênico. Quanto ao terceiro item, admiti-o plenamente. Afirmei categoricamente que "a criatura humana é originariamente Buda, e Buda jamais caiu em ilusão!". Compreendi que todo homem é Buda e jamais caiu em ilusão, e que o eu perceptível aos cinco sentidos, que parece sujeito à ilusão, não existe!

Suponho que este foi o estado espiritual de Sakyamuni quando alcançou o despertar, compreendendo que "Os seres animados e inanimados, todos são Budas. Os montes, os rios, as ervas, as árvores, a terra, tudo é Buda". E quando, com essa nova visão, com os olhos espirituais despertos, fui ler o Kojiki (livro básico do xintoísmo), as sutras budistas, a Bíblia e livros das demais religiões, descobri, sob a luz de uma força totalmente nova, a Verdade única que constitui a essência comum de todas as religiões. Todas as religiões, exceto as impurezas nelas contidas , eram manifestações da única "Vida que flui eternamente"! Não deveriam as religiões se darem as mãos por essa Vida que flui eternamente dentro delas? O que salva o homem não são os rituais religiosos, mas essa "Vida que flui eternamente". Oh, Vida, Vida! Impelido pela Vida é que comecei a escrever as obras Seicho-No-Ie e A Verdade da Vida. O seu verdadeiro autor é, portanto, a "Vida que flui eternamente". E foi ela quem iniciou o movimento da Seicho-No-Ie.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 27; pgs. 157 à 164)


domingo, junho 20, 2010

MISTICISMO - (Fim)


Joel S. Goldsmith


Poder Espiritual nos Assuntos do Mundo

Quando Deus se torna uma realidade e nos tornamos conscientemente um com Ele, Ele guia cada pessoa de nossa experiência; Ele nos supre; Ele atrai para nós tudo aquilo de que precisamos no mundo - amizades certas, relações familiares certas, suprimento certo, atividade certa, livros certos, associações certas, tudo quanto é necessário para avançar nosso bem-estar cultural e espiritual e nos prover com maior oportunidade para sermos úteis ao mundo. Tenho um profunda convicção de que, pela primeira vez na história do mundo, o poder espiritual vai desempenhar um papel importante nos assuntos humanos.

Até o momento, Deus realmente tomou parte na história do homem ou existe qualquer evidência de que Deus Se preocupou com os problemas do homem? Se Deus tivesse tomado parte na história do homem, eu não acredito que o mundo teria passado por milhares e milhares de anos de guerras, furacões, terremotos, fomes e epidemias. Se Deus estivesse presente nos assuntos humanos, tais coisas não poderiam ter acontecido. Então, onde é que Deus tem estado durante todos esses anos?

A verdade é que Deus sempre está presente na consciência daqueles que estão conscientes de Sua presença. Mas quantas pessoas tiveram essa consciência? Os poucos que viveram em mosteiros, os poucos que viveram em ashrans, os poucos discípulos espirituais do mundo, os poucos que tentaram fundar organizações religiosas falharam. Eles coheciam Deus e tinham tido a bênção da presença de Deus e do poder de Deus em sua experiência individual.

Essa bêncção, entretanto, não desceu até o nível das massas. De fato, a verdade espiritual nunca foi dada ao mundo em geral até os três últimos quartéis do século. Antes dessa época, todo o conhecimento religioso do mundo era zelosamente guardado pelos filósofos, padres e rabinos. Tudo o que o povo - as massas - alguma vez receberam foram formas, cerimônias, rituais e credos. Será que os mestres hindus alguma vez ensinaram os que estavam abaixo do nível do brâmane espiritual? Exceto durante um breve período na Europa - o período dos místicos ocientais, durante uns poucos séculos, mais ou menos entre 1200 e 1700 - as massas receberam alguma vez ensinamentos sobre a verdade espiritual? Quantas pessoas Jesus foi capaz de alcançar? No máximo umas poucas centenas, praticamente nada em comparação com a população do mundo. Quando é que a consciência espiritual alguma vez alcançou a consciência da massa humana?

Mas ocorreu uma mudança nos anos em que a Ciência Cristã, a Unidade, o Novo Pensamento começaram a ser transmitidos ao mundo. As pessoas foram encorajadas a meditar, a refletir, a estudar diariamente lições espirituais, a ir à igreja na quarta-feira ou no domingo, e depois ir à igreja em outras ocasiões para servir em grupos de trabalho, ou para serviços religiosos cotidianos da tarde. Durante muitos anos, através da Ciência Cristã, Unidade e Novo Pensamento, a verdade espiritual foi transmitida às pessoas, a um grande número delas, a qualquer um que a aceitasse.

Tudo isso atuou como um fermento, de modo que as pessoas que nem ao menos conhecem o significado da palavra "metafísica" usam a expressão "passagem", em lugar de morte. Muitas pessoas que não conhecem o significado da palavra "metafísica" admitem que existe um poder espiritual, ou que as doenças têm sido curadas e o suprimento tem sido recebido através de meios espirituais. Os médicos admitem a eficácia da cura espiritual, porque viram casos e casos curados nos hospitais. Na verdade, os clínicos médicos psicossomáticos colheram experiências dos primitivos ensinamentos metafísicos, e alguns deles agora acreditam numa forma já ultrapassada da metafísica, que ensina que há cura mental para a doença física.

A verdade é que não há doença no reino de Deus. Você não pode ter Deus e doença ao mesmo tempo. Existe um único poder, e esse é Deus. Qualquer outra coisa é crença ou ilusão. Mas, no início, apesar de o ensinamento de uma causa mental para uma doença física ser errônea, isso significava um passo à frente no que eu vinha fazendo antes. Foi empregada a terminologia da religião, e Deus foi levado para as artes da cura.

Tudo isso teve um efeito importante: levou as pessoas ao assunto de Deus em qualquer dia da semana que não fosse no domingo, e levou-as ao lugar onde fizeram de Deus uma parte de sua experiência cotidiana como um meio de vencer os seus problemas. Não faz diferença o quanto rudimentar tenha sido o começo; houve resultados satisfatórios e bons efeitos. Isso espalhou a palavra de que o mundo de Deus não é apenas uma experiência domingueira, ou uma experiência apenas para o ministro, para o padre ou para o rabino, mas que Deus é uma experiência para você e para mim, e que podemos alcançar a união consciente com Deus ainda que não sejamos ministros, padres ou rabinos.

Se você não fez parte dessa revolução religiosa, ou se você pelo menos não a observou de perto, não pode compreender as mudanças que ocorreram quando Deus foi elevado à consciência do homem da rua. Provavelmente, este foi um dos maiores eventos já ocorridos na história do mundo. E agora, faz setenta e cinco anos que isso tem sido disseminado e até mesmo em pequenas bibliotecas metafísicas, em centros de verdade ou em salas de estudo da Ciência Cristã, provavelmente duzentas ou trezentas pessoas vão diariamente meditar, estudar e procurar conhecer mais sobre Deus. Pense nos muitos lares que estão sendo afetados pelo trabalho que é feito nos centros de Unidade, nos centrod do Novo Pensamento, nos centros independentes, nas Igrejas e Salas de Estudo da Ciência Cristã. Procure multiplicar isso pelo mundo todo.

Como é que o efeito de milhões de exemplares vendidos de In tune with the infinite ("Em Sintonia com o Inifnito"), de Ralph Waldo Trine, pode ser avaliado? Você sabe o que poderia significar para dois milhões de pessoas ter pensado a respeito de Deus antes desta era?

Com esta percepção de Deus na consciência humana - e lembre-se de que um pequeno grão de Deus pode fazer milagres - pense como essa consciência de Deus deve estar fermentando o pensamento, influenciando nossos dirigentes públicos e nossas relações internacionais! Se ainda não houve qualquer influência significante, haverá, em grau sempre crescente. A consciência de Deus neste mundo algum dia dominará e controlará a consciência toda do mundo - político, economico, social e religioso. Isso acontecerá porque, pela primeira vez, as massas estão aprendendo a levar Deus à sua experiência, não apenas sete dias por semana, mas estão aprendendo a "orar sem cessar". Estão aprendendo a levar Deus à sua consciência, mesmo quando se sentam para um simples desjejum ou almoço.

O pensamento do mundo está sendo fermentado; o pensamento do mundo está sendo alcançado com essa consciência de Deus. Não faz diferença qual dos movimentos metafísicos você citar. Cada um deles está levando a palavra, Deus, a expressão consciência de Deus e a idéia de Deus imanente na experiência individual do mundo. Por isso, cada qual está agindo como uma bênção; cada qual é uma luz para o mundo.

Chegará o dia em que cada prático metafísico deverá estar tão imbuido do Cristo que ele poderá curar e, depois se você for a um prático do Novo Pensamento, da Unidade e da Ciência Cristã, você alcançará a cura.

Sejamos honestos a este respeito: o ensino em si nada tem a ver com a cura. O ensino só serve para abrir sua consciência à receptividade do Cristo; e essa receptividade do Cristo é o que faz a cura. Todos os livros - milhares e milhares - não curarão uma simples dor de cabeça, mesmo que você pudesse memorizar todos eles. Somente o Cristo cura. Há, na Bíblia, verdade suficiente para abrir a consciência para o Cristo mesmo que não houvesse um único livro metafísico na Terra. Há verdade suficiente em qualquer livro metafísico honesto para abrir a consciência para o Cristo. Por pouca que seja a verdade existente em alguns deles, ainda há o suficiente - verdade suficiente para levá-lo ao Cristo, e essa é a influência fermentadora, não a palavra escrita.

A cura será ocasionada somente quando o Cristo é introduzido na consciência. Você pode ir a qualquer pessoa que cure em qualquer dos movimentos metafísicos, e se você encontrar uma que esteja imbuída do espírito da verdade e do Cristo, ela será capaz de efetuar uma cura para você, ainda que ela seja parte de um movimento em que o ensino não ocorra num nível muito espiritual. Dia virá em que cada prático, não importando o seu antecedente metafísico, estará tão imbuído do Cristo que, quando houver um chamado, o Cristo deve responder e ocasionar a cura.

Deveria haver lugares - e existem alguns - que abrissem suas portas às pessoas de todas as igrejas, ou que não tenham igreja, a todas as organizações ou a nenhuma organização, possibilitando que as pessoas se encontrem no nível comum da Cristandade, não estar muito preocupadas acerca do ensinamento particular que está sendo seguido, porque repetidamente nos dizem que "a letra mata e o espírito vivifica" (II Coríntios 3:6). Não estou muito preocupado com os livros que as pessoas lêem, mas estou preocupado com as pessoas que os lêem. Estou preocupado quanto ao fato de elas encontrarem ou não nesses livros alguma medida do Cristo, o suficiente para lhes dar o desejo de vivê-Lo e levarem o pensamento de Deus à sua experiência humana.

Lembre-se de que foi prometido que, se houvesse dez homens justos na cidade, esta seria salva. Há uma profunda lei espiritual amparando esta declaração. Se existirem algumas dezenas de pessoas justas, de pessoas conscientes de Deus, de pessoas contagiadas por Deus, talvez elas salvem a cidade, a nação ou o mundo. Isso poderia muito bem acontecer, sem dúvida. Pode ser que o pensamento justo de apenas alguns, no plano interior, toque e alcance a consciência do mundo.

Conhecemos civilizações que foram eliminadas, civilizações que eram tão adiantadas quanto a nossa e algumas que eram ainda mais adiantadas. Em nossa complacência, provavelmente pensamos que temos o maior grau de civilização já alcançado pelo homem. Na verdade, talvez sejamos a maior geração de cientistas, engenheiros mecânicos e fazedores de "bugigangas", mas não somos a maior geração, a mais civilizada. Essa honra foi reservada a outras civilizações, e elas foram eliminadas. Também não houve Deus que impedisse esse holocausto. E nunca haverá até que Deus se torne o nível da consciência individual e da massa. Então Deus trabalhará em nossos assuntos humanos. Você precisa reconhecer a validade desta declaração, porque, assim como Deus não trabalhou muito em nossos assuntos humanos até que você conseguisse um lampejo do Cristo e, a partir de então, Deus passou a governar todos os seus assuntos humanos, da mesma forma, Deus não trabalhará nos assuntos humanos enquanto Ele não se tornar a consciência real de milhares e milhares de pessoas. Então você verá essa mesma consciência de Deus influenciando assuntos materiais e internacionais.

A força do Cristo é tão imensa que, quando se torna viva, Ela vem com um propósito universal, não apenas com a finalidade de resolver alguns de nossos problemas pessoas humanos. O Cristo é um bem universal, não um bem pessoal. Qualquer verdade individual é também uma verdade universal. Por isso, cada vez que há uma demonstração individual da presença do Cristo, há uma demonstração universal. Ele apenas precisa ser reconhecido numa escala mais ampla para ser atuante nos assuntod do mundo.

Provavelmente, é por isso que a Bíblia diz que se houver dez homens justos - não apenas um ou dois, mas dez - se houver dez homens com espiritualidade suficiente, fermentando a consciência, eles influenciarão os outros. Isso não significa que há necessidade de números: significa que pessoas suficientes precisam estar dispostas a passar à influência do domínio espiritual, porque não podemos, com toda nossa espiritualidade, levar nem mesmo os membros de nossa família para o ceú, se eles não quiserem ir. É preciso, numa consciência permeável, um fermento, de modo que pessoas suficientes terão realmente o desejo de abandonar sua dependência em relação aos meios humanos.


A Batalha não é Sua

"Não resista ao mal". Não importando o nome ou a natureza de seu problema particular, pare de combater o erro tanto quanto possível; procure não combatê-lo demasiado arduamente. Convença-se de que a batalha não é sua; depois, sossegue e veja a salvação do Senhor. Você não precisa batalhar: tudo o que você tem a fazer é reconhecer que tudo o que está acontecendo é para a glória de Deus. Veja se você não pode ficar mais tranquilo acerca deste trabalho de cura e agir como se estivesse realmente convencido de que o mal não é um grande poder.

Suponhamos agora mesmo que você teve o poder pessoal de ser capaz de curar uma doença. Isso não o assustaria? Deveria assustá-lo! Deveria! Mas você não tem tal poder. O Cristo, o Invisível Infinito, é a única agência de cura que existe no mundo. Ele dissipa a ilusão dos sentidos e isso é tudo quanto é necessário.

O grande segredo é: "Eu não posso, de mim mesmo, fazer coisa alguma" (João 5:30)... "E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim." (Gálatas 2:20). O grande segredo não é quanto poder pessoal você pode desenvolver como pessoa que cura, mas o quanto você se torna um bom veículo para o Cristo, o quão clara é a sua transparência, que grau de consciência de Cristo você desenvolve. Em outras palavras, qual é o grau de amor ao erro, ou de ódio ao erro, ou de temor ao erro que está dentro ou fora de sua consciência? Quanto você teme realmente o erro? Quanto você realmente ama o erro? Quanto você odeia o erro? Isso determina o quanto você é transparente para o Cristo. Não se trata de quanto poder você tem, mas de quão esclarecido você esteja sobre a grande verdade de que Deus é amor e de que Deus não faz acepção às pessoas. N'Ele não há pecado nem doença, e vivemos, nos movimentamos e temos o nosso ser na consciência do Cristo.

Para todos vocês que estão ativamente empenhados no trabalho de cura, quando surge um chamado, vejam até que ponto podem parar de estabelecer uma resistência ou negação, apressando-se com um: "Isso não é verdade! Isso não é verdade!" Vejam se podem deixar de fazer isso e acreditar que não se trata de verdade. Se vocês realmente acreditam que não se tratam de uma verdade, não precisam dizê-lo ou declará-lo: Vocês podem contentar-se em sorrir, porque são capazes de ver de outra maneira.

Algumas vezes vocês terão de manter isto durante muito tempo. A tenacidade do erro é tão forte nos pensamentos de certas pessoas que é necessário persistir nesta prática. Ainda não chegamos ao ponto onde possamos saber, com alguma certeza, por que uma pessoa pode ser curada num minuto e por que a cura leva dois ou três anos para a outra. Talvez alguns julguem, como eu, que isso tem a ver com a preexistência; tem a ver com o ciclo de vida do indivíduo antes que ele fizesse seu aparecimento no plano desta Terra. Eu, pessoalmente, creio nisso. Acredito que, se a vida é eterna, sempre temos vivido, e desde que sempre temos vivido, devemos ter vivido dentro ou fora de algum determinado estado de consciência, motivo pelo qual algumas pessoas são muito mais desenvolvida que outras.

Por exemplo, você - que alcançou pelo menos um estado suficientemente alto de consciência para estar lendo e estudando a verdade - suponha que neste momento estivesse passando (morrendo). Você não teria de vivenciar todas as coisas pelas quais passou antes de ter vindo para esta dimensão espiritual. Muito provavelmente, você começaria no plano seguinte ao que você está neste minuto como uma Alma espiritualmente desenvolvida - em alguns casos, até bem mais adiante, porque muitas vezes o ato da transição é liberador.

Mas nosso interesse particular neste momento não é especular os motivos pelos quais uma pessoa é curada rapidamente, não acontecendo o mesmo com uma outra. Nosso problema particular é o desenvolvimento de uma certa medida da consciência do Cristo - esse Amor universal divino, esse sentido de perdão e gratidão - o desenvolvimento de nossa consciência até o ponto em que não tememos, não odiamos, nem amamos o erro.

Não se esqueça de que o mandamento do Mestre foi: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo"(Mateus 22:39). Este não foi somente um mandamento para amar a Deus, mas para amar o próximo, para amar o próximo como você mesmo. Algumas vezes alguns de nós se tornam tão absolutos acerca de nosso amor por Deus que nos esquecemos do próximo. Mas não podemos fazer isso neste trabalho. Queremos a plena medida do Cristo; e, por isso, devemos não só amar a Deus com todo o nosso coração, como também precisamos amar o próximo; e esse amor precisa ser mostrado em compaixão, paciência, justiça, bondade, clemência e júbilo - uma disposição para partilhar todo o bem que Deus nos deu.

Acima de tudo, precisamos abandonar nossa crença egoísta de que temos poderes pessoais como práticos. Nossas curas estarão na proporção em que compreendermos que todo o poder nos é dado através de Deus, através do Cristo que nos fortalece. E essa é a única Fonte de nosso poder.

Esta mesma idéia de que não há poder pessoal é da máxima importância para uma vida espiritual ou mística, na qual não há dependência de pessoa, lugar ou coisa, e não há confiança em contatos humanos - apenas dependência e confiança no plano interior, em nosso contato interior com Deus.

Se existe algum método de demonstração, é por meio deste contato com o Pai interior. Conquista a compreensão consciente da presença e do poder de Deus dentro do seu próprio ser. Não importando o nome e a natureza do problema ou necessidade, não procure resolvê-lo no nível do problema. Não tente resolver suprimento como suprimento; não tente resolver relacionamentos de família como relacionamentos de família. Descarte todo o pensamento dessas coisas. Caminhe para o seu íntimo, até encontrar realmente aquele lugar no interior do seu ser que lhe dá a resposta de Deus. Então seus problemas serão resolvidos. À medida que você tocar o Cristo dentro do seu próprio ser, você tocará a nascente de vida mais abundante.


"União consciente com Deus! Esta constitui a união consciente com todo ser espiritual e com toda idéia espiritual."


sexta-feira, junho 18, 2010

MISTICISMO - 03


Joel S. Goldsmith


A SENDA MÍSTICA EXIGE O SACRIFÍCIO DO "EU"

Existem exigências espirituais para cada um de nós. Por exemplo, há uma exigência espiritual que me obriga a viver de modo a apresentar uma consciência limpa e clara para o mundo, sem interesse próprio ou fraude, sem qualquer coisa que separe essa mensagem de sua Fonte. Deus é tanto o criador como o mestre desta mensagem, e todos aqueles a quem Ele a confiou têm a obrigação e a responsabilidade de apresentar essa mensagem em sua pureza e totalidade.

É necessário um pensamento claro e uma vida limpa para ser o tipo certo de mestre: isso exige honestidade de propósitos; exige dedicação; exige mais do que um mero conhecimento intelectual da verdade. É verdade que a letra dessa mensagem já foi impressa em muitos livros e, portanto, qualquer pessoa pode tentar ensiná-la. Mas duvido muito que qualquer estudante se beneficie com tal ensino, salvo se por trás disso haja uma integridasde espiritual. Por si próprias, as palavras não elevam a consciência de ninguém. Por si próprias, as palavras não transmitirão o espírito da verdade. As páginas não passarão de mais letras impressas para as bibliotecas do mundo.

É preciso a consciência de um indivíduo inspirado, ardendo de amor por Deus, para comunicar a verdade espiritual. O ensino espiritual não só exige um mestre dedicado, mas também, discípulos, pessoas que estejam dispostas a sacrificar tempo, dinheiro ou prazer em busca da verdade, pessoas que estejam ávidas para se sentarem aos pés do Mestre.

E o que é o Mestre? O Mestre não é nenhum homem! O Mestre é essa mensagem divina, essa verdade. Eis aí o mestre! E sentar-se a Seus pés significa realmente purificar a consciência de toda vontade própria, de todo desejo pessoal, deixando realmente tudo o que é seu no altar desta Verdade: "Tudo o que tenho de natureza material - tudo isso em conjunto - não vale sequer uma gota de verdade espiritual." Nesse estado de consciência purificada, você conseguirá receber, assimilar e responder à verdade do ser.

Quantas vezes Jesus nos disse que precisamos deixar tudo pelo Cristo? Quantas vezes ele apontou a infinidade de desculpas dadas: uma pessoa tem de enterrar um sogro; outra tem de se casar; e outra tem de tirar o jumento que caiu numa valeta. Quantos foram convidados para a festa - e não puderam ir? Tantas outras coisas a fazer! Tantas outras obrigações! Mas receber a Luz divina significa oferecer a si próprio no altar da verdade espiritual. Significa sacrificar todo o sentido do eu - todo o sentido egoísta ou desejo de ganho pessoal.

Na verdade, não há necessidade de lutar pelo ganho pessoal porque a verdade espiritual abençoa a um e a todos do mesmo modo. Quanto mais você dá, mais você tem. E assim é, quer no momento a pessoa esteja ensinando e comunicando a verdade espiritual, quer seja temporariamente o discípulo; quanto mais ela der, tanto mais receberá. Eu nunca pronunciei ou escrevi uma palavra que não me elevasse, porque o que falo ou escrevo não vem do meu intelecto humano. Não é alguma coisa que eu tenha feito. É uma comunicação que me vem no momento em que falo e tem tanto significado para mim quanto para os que me ouvem, talvez mais, porque posso apreciá-la melhor, conhecendo as profundezas de onde vem. Eu conheço as noites de vigília e a dor muitas vezes necessária para expor a verdade profunda.


PROVAÇÕES NA SENDA ESPIRITUAL

Preciso dizer-lhes isto também: a trilha espiritual não é de rosas sem espinhos. Quando você decide fazer a transição para a vida mística, verá que é necessário abandonar muitos de seus conceitos anteriores de corpo, negócios e prazer. Você encontrará novas experiências à sua espera, e, nesse período de transição, nem tudo é harmonia, "porque estreita é a porta, e apertado é o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem" (Mateus 7:14). Essa vida não é fácil em seus primeiros estágios. De fato, aprender estas lições pode ser muito doloroso porque muitas delas só chegam através de um profundo sofrimento. É estranho, mas sem esse sofrimento talvez não as aprendamos, porque quando tudo está bem e estamos em paz com o mundo, não fazemos realmente o esforço nem realmente tentamos nos aprofundar dentro de nós mesmos.

Frequentemente, seguimos pensando como tudo está indo bem - mas, de fato, não há progresso. É a oportunidade de nossas provações e atribulações que nos forçam para cima, e muitas vezes a pessoa que sofreu mais é a que mais consegue - não porque isso seja necessário, ou que haja algum Deus que o decrete, mas por causa da inércia, por causa do nosso desejo de continuarmos ao longo do caminho que estamos seguindo, porque gostamos de saber que cada dia será seguido por um outro dia sem dor, sem carências e sem limitações.

Tenho lido as vidas de muitos que foram longe na trilha espiritual e até agora não encontrei ninguém que não tinha tido o seu Gethsêmane. Essas grandes verdades não são de fácil consecução. Se as provações não chegam sob uma forma, chegam sob outra. Jesus enfrentou provações, muitas delas, conquanto seja verdade que não temos de passar por acusações e suportar a condenação pública, teremos de vivenciar um pouco de luta pessoal. Pode ser dentro de nossa família. Pode ser dentro de nossa comunidade. Em algum lugar, de algum modo, se temos de sondar as profundezas da sabedoria espiritual, cada um de nós deve passar por um período de transição.

Uma das maiores provações pode acontecer quando você pára de depender das pessoas ou quando cessa de enviar contas a seus pacientes e decide que vai depender unicamente do Cristo. Esse primeiro mês em que está ocorrendo esse ajuste e você não pode pedir dinheiro a ninguém, nem pode mandar uma conta, é um período em que você algumas vezes treme um pouco e pondera se essa dependência do Cristo irá funcionar. Depois, quando você chega àquele grande estágio de cura em que não precisa de usar palavras ou pensamentos no tratamento, nunca duvide de que você teve uma provação, um "Rio Jordão" a cruzar. Primeiro vem a tentação: "Acho que não estou fazendo justiça a meus pacientes; acho que não estou trabalhando bastante arduamente"; e depois vem a segunda tentação, após terem ocorrido algumas bonitas curas, depois de os pacientes terem sido muito generosos, e você sente: "Não posso receber este dinheiro; eu realmente não trabalhei para isto; não fiz o suficiente para ganhar isto".

Existe toda espécie de provações que chegam com esta vida. Quando você alcança o estágio em que sua resposta a um pedido de ajuda é tão simples como: "Eu realmente acredito que Deus é a vida de todo o ser; e, portanto, qualquer aparência de erro não pode ser, nem mais nem menos, do que alucinação, uma tentação que me vem para me fazer crer num 'eu' à parte de Deus. Eu me recuso a acreditar nisso" - e fico satisfeito por deixar que esse seja o tratamento; depois, quando você se lembra das primeiras formas de tratamento que usou, surge um período de hesitação e de dúvida. Esse período de transição não é fácil. Chega uma ocasião em que os membros de sua família começam a dizer que você deve ter ficado louco, e os membros de sua igreja lhe dizem: "Bem, você agora com certeza saiu dos eixos".

De um modo ou de outro as provações chegam até nós através de nós mesmos, através de nossa família ou de nossos pacientes. Pode até surgir uma ocasisão de problemas sérios de saúde e suprimento - nossos ou de nossos pacientes - mas temos de aprender a permanecer firmes, temos de aprender a fazer vigília com eles. Também temos de aprender a nos afastar por "quarenta dias", ainda que não sejam realmente quarenta dias, mas em sentido figurado. É nos afastarmos para dentro do "armário", em nosso esconderijo, e apenas orar até cansar o nosso velho coração: "Afasta de mim este cálice - todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres".

Todas estas coisas nos vêm neste caminho - estreito e apertado. À medida que você abandona a sua confiança em todos os meios humanos de salvação, à medida que você escolhe este caminho, você verá como ele é estreito e apertado. Você verá como são poucos os que o percorrem e, durante algum tempo, parecerá que você está afastado de seus amigos; parecerá que ninguém no mundo o entende e que você jamais encontrará alguém que o entenda. Eu sei, porque durante muitos anos não só tive a oportunidade de falar desta maneira em público como também não tive sequer a oportunidade de falar destas coisas em particular. Tive de ficar quieto, porque no momento em que eu tentasse expressar quaisquer destas idéias, as pessoas entenderiam mal.

Se nossa confiança está no plano interior, se sua confiança está em seu contato com Deus, e você julga que não depende de meios humanos para demonstrar o seu bem, surge uma ocasisão em que você tem de permanecer quieta e secretamente dentro de seu próprio ser. Você tem de resolver isso sem falar a esse respeito ao mundo exterior. Tem de prová-lo e, depois de ter feito isso, a evidência é tão grande que você não precisa mais contar, exceto quando estiver ensinando. Você nunca terá de contar a ninguém que encontrou "a pérola de grande valor". Em primeiro lugar, se você contasse, isso seria quase que a prova positiva de que não a tinha encontrado. Não é necessário falar disso, porque toda a sua vida, toda a sua atitude, todo o seu ser são evidências suficientes. Tudo indica que você a encontrou, e então o mundo a quer - ou quer pelo menos os seus frutos.

Surge um outro período difícil, quando você realmente acredita que o mundo reconheceu que você encontrou a "pérola", e ele a quer e você deseja expô-la. Depois que você faz isso durante diversos anos - anos de profundo sofrimento - você descobre que o mundo não a queria, absolutamente: apenas queria os frutos que viu você desfrutar. Eis porque, quando alguém vem até você, alegando que quer essa verdade, você se movimenta com calma - você nem sempre tem a certeza de que a pessoa está sendo verdadeiramente sincera. Talvez ela queira apenas os efeitos ou os resultados. Você logo descobre o que é e qual é o propósito real dela porque, se ela realmente o quiser, haverá indicações de que todas as outras coisa foram postas de lado e por suas ações ela prova que nada é tão importante quanto a verdade. Então você ouvirá: "Bem, quinta-feira à noite não pode ser, mas eu virei na terça-feira de tarde. Se você não puder me ver, então eu não posso vê-lo!"

Quando um discípulo quer realmente a verdade, ele virá à meia-noite ou a qualquer hora do dia ou da noite, bastando que você o diga. Você sabe que Brow Landone mantinha o horário do consultório durante a noite toda? Quando você marcava uma entrevista, tinha de perguntar se era antes ou depois do meio-dia. Tive entrevistas com ele que duraram até as seis.

Quando você se torna atuante neste trabalho, constata que não há isso de manter o horário do consultório. Antes ou depois do meio dia não significa absolutamente nada para você, exceto para manter o registro certo, e a devoção e a dedicação dos que vão até você, podem, num certo sentido, ser medidas por seu interesse quanto ao fato de a entrevista com você ser antes ou depois do meio-dia, na terça, na sexta ou no domingo; porque se essas pessoas estão preocupadas com essas trivialidades, então seus corações estão longe - e este caminho não visa aos corações, almas e mente que não estejam em Deus.

Se há uma idéia em sua mente de que a verdade é algo que possa ser usado, que é algo para obter ganho pessoal, para obter felicidade ou saúde pessoal, nem comece o seu estudo porque você encontrará só desapontamentos e corações dilacerados. Há uma infinidade de métodos metafísicos que podem ser usados com a finalidade de proporcionar felicidade pessoal ou ganhos pessoais temporários. Mas o Caminho Infinito não pode ser usado para tais propósitos: o Caminho Infinito pode proporcionar somente imortalidade e eternidade e todo o bem que Deus conhece. Mas isso em um nível completamente diferente do que o do bem humano, assim como a liberdade espiritual não deve ser confundida com liberdade humana.

A liberdade espiritual, a paz que ultrapassa o entendimento, não depende de nada no mundo exterior. Depende do seu relacionamento com o Cristo, com Deus. Quando isso se torna real, quando Ele se incorpora em você, quando Ele o inflama e essa vida se torna seu tudo em tudo, você se vê vivendo em dois mundos: o mundo interior, que é o importante, e o mundo exterior, com sua cota de satisfações, que não deve ser tomado muito a sério e não deve tomar muito tempo e esforço porque a impaciência para voltar ao Centro é muito grande.
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quarta-feira, junho 16, 2010

MISTICISMO - 02


Joel S. Goldsmith



SUA CONSCIÊNCIA COMUNICADA COMO VERDADE

O que a pessoa que realmente está procurando a Verdade quer é a mais alta comunicação que existe para o seu particular estado de consciência, a comunicação que atenderá às suas necessidades particulares. Cada um de nós pode usar um caminho diferente para chegar a essa meta; porém, para a maioria dos que buscam, as blibliotecas públicas com seus milhares de livros oferecem a maneira mais fácil, mais rápida e mais acessível de investigar abordagens diferentes da verdade.

Mas você poderia ler todos esses livros e, com excessão de apenas um, não encontrar o que está procurando, e todo esse tempo gasto em leitura poderia ser um tempo desperdiçado. E seria tão difícil dirigir-se ao centro do seu próprio ser e lá compreender que Deus e Verdade são sinônimos; e já que você é um com Deus, você é um com a Verdade e, portanto, toda a Verdade do Universo está ao seu alcance agora -- não ao seu alcance amanhã, mas agora -- ao seu alcance exatamente aqui onde você está. Não existe ocasião, lugar ou espaço que possa separar você da Verdade, de toda a Verdade do Universo, porque você não pode ser separado de Deus.

À medida que você medita dessa maneira, dia após dia, você será levado ao único livro que realmente abriria as comportas para você. A partir desse momento, você seria levado de livro para livro, de mestre para mestre, mas somente para aqueles que estivessem de acordo com a sua consciência ou para aqueles que atendessem à sua necessidade particular. Não é necessário ler todos os livros do mundo para encontrar a verdade de que você necessita. Você pode ser levado aos autores e professores e às Escrituras que estejam em harmonia com o seu estado de consciência particular.

Algumas vezes, eu gostaria que os mestres espirituais do mundo Ocidental pudessem seguir a prática dos swamis (mestres espirituais) hindus, cujos discípulos chegam a viver com eles durante três anos. Então, às três horas da manhã, se o swami sente o clarão do Espírito, ele manda chamá-los para virem imediatamente. Quando se encontram, o swami fala e fala -- talvez até as cinco horas -- e depois eles voltam para a cama. Se, às sete horas, o swami sente que está pronto para falar outra vez, lá vêm os discípulos novamente. Eles nunca sabem a que horas do dia ou da noite serão convocados à presença do mestre para ouvir as pérolas da sabedoria divina que fluem de Deus através dele.

Existem momentos na experiência de cada mestre espiritual em que a verdadeira sabedoria se revela. Foi em um desses momentos, quando eu parecia estar em sintonia com o Espírito, que esta lição de misticismo me foi revelada: desde que eu seja conscientemente um com Deus, eu tenho de ser conscientemente um com a consciência individual de cada pessoa. Com certeza, todos aqueles que são parte da minha consciência têm de estar recebendo a mesma mensagem que eu. À medida que esta mensagem se revela através de mim, continuamente, eu anseio ser capaz de partilhá-la com meus discípulos no mundo todo, e essa revelação foi tão poderosa que eu não teria me surpreendido se alguns deles tivessem escrito comunicando que receberam a mesma mensagem ao mesmo tempo.

Aqueles de nós que seguem a trilha mística aprenderão, por fim, que não é realmente necessário usar palavras para revelar a sabedoria espiritual. Todos nós podemos receber as mensagens e comunicações necessárias à nossa compreensão da Sabedoria divina interior, porque elas não dependem do contato humano.


UNIÃO CONSCIENTE COM DEUS É UNIÃO COM TODO SER E IDÉIA ESPIRITUAIS

Este é o milagre do misticismo. A sua união consciente com Deus torna tudo disponível neste mundo no momento em que você sente a necessidade. E ninguém pode afastar isso de você de modo algum -- ninguém. Mas isto só é verdade se você estiver seguindo a trilha espiritual. Unidade consciente com Deus é misticismo. A união consciente com Deus constitui sua unidade com todo ser espiritual e com cada idéia espiritual.

Por exemplo, o dinheiro é apenas um conceito humano, mas é um conceito humano de uma idéia divina, representando amor, gratidão, partilha, cooperação; é uma idéia espiritual que não pode vir a você porque ela já é uma idéia incorporada e uma atividade da sua consciência. Quando você se sente pressionado pelo dinheiro, uma das razões disso é que você o está procurando em alguma fonte fora de você, quando durante o tempo todo ele está oculto dentro da sua consciência. Ele já está dentro de você, mas você o está procurando em uma pessoa, lugar ou coisa.

Nas muitas histórias contadas sobre a procura do Santo Graal, aquela taça de ouro onde se supõe que Jesus tenha bebido no ato da Crucificação, os que o foram procurar sempre voltaram para casa empobrecidos e doentes, caindo de cansaço e de desânimo à sua própria porta. Em cada versão é contada a estória da pessoa que dá toda a sua vida e fortuna para a busca no mundo exterior, apenas para descobrir, em seu retorno ao lar, o tesouro procurado há tanto tempo: ela o encontra em seu jardim, talvez pendurado no ramo de uma árvore; ela estende a mão em sua própria mesa, e ele aparece.

A história do Santo Graal simboliza o tesouro oculto dentro da nossa própria consciência, dentro do nosso próprio ser, em virtude da nossa união com Deus. Esta é apenas uma outra maneira de declarar: Minha união com Deus constitui minha união com todo ser espiritual e com toda idéia ou coisa espiritual. Para mim isso representa uma das mais altas declarações da verdade espiritual. Isso está em meus escritos exatamente nessa linguagem simples, tão simples e direta que algumas pessoas não a reconhecem como "a pérola de grande valor".

Esta declaração: "Minha união com Deus constitui minha união com todo ser espiritual e com toda idéia ou coisa espirituais", está colocada como uma das mais altas declarações da verdade, declaração que o levará para mais perto do Céu na Terra do que qualquer outra.


A COMPREENSÃO NO PLANO INTERIOR APARECE COMO SATISFAÇÃO NO PLANO EXTERIOR

A mais alta declaração mística da verdade que conheço é: "O meu reino não é deste mundo" (João 18:36). Duvido que Jesus alguma vez tenha dito qualquer outra coisa de natureza mais mística do que isso. Ele pôde dizer mais tarde: "Eu venci o mundo" por sua compreensão de que "O meu reino não é deste mundo". Essa declaração nos liberta imediatamente do desejo de pessoa, lugares, coisas, circunstâncias ou condições. Ela nos torna livres do mundo de efeitos e nos possibilita viver em união consciente com a Causa, com Deus.

Se fôssemos demonstrar efeitos aos milhões, ainda estaríamos lidando com algo que poderia tornar-se pó em nossas mãos. Mas uma vez que consigamos a união consciente com a Causa, ou com Deus, então não temos mais interesses pelas coisas deste mundo, exceto desfrutá-las quando chegam. Então, ainda estamos no mundo mas não pertencemos mais a ele. Eu mesmo encontro prazer em muitas das coisas bonitas e desfrutáveis deste mundo, mas já não existe mais um apego exagerado por elas.

Não existe isso de tempo ou lugar onde teríamos menos do que a plenitude do reino, se uma vez conseguíssemos a consciência de que "Meu reino não é deste mundo". Mas precisamos estar sempre alerta para não ficarmos vinculados às coisas do mundo. Não se preocupe com "este mundo" -- este é o caminho místico. Não se preocupe com a carne -- este é o caminho do Espírito. Não se preocupe demais com a solução de qualquer problema -- o problema é apenas temporário.

Preocupe-se com o plano interior do ser. É no plano interior que fazemos contato com Deus. No plano exterior, contemplamos o resultado do trabalho feito no plano interior. Naturalmente, é possível que uma pessoa faça seu contato com Deus no plano interior, como o fazem muitos ascetas, muitos que se retiram do mundo e vivem em mosteiros e conventos; é possível fazer esse contato no plano interior, descartando de modo absoluto todo o mundo exterior e tendo uma vida interior feliz. Mas para a maioria de nós do Mundo Ocidental isso não parece muito natural ou certo, exceto para os poucos que conseguem alcançar esse plano interior e que podem fazer mais pela humanidade dessa maneira do que sendo parte do mundo.

Entretanto, para a maioria de nós, o que aprendemos no plano interior pode revelar-se a maior bênção para os que estão no mundo exterior. Por isso, enquanto não vem o chamado para deixar o mundo, devemos viver nele. Devemos partilhar com os que vivem neste mundo todas as profundidades que estão sendo sondadas em nossa vida interior.

É no plano interior, isto é, dentro do nosso próprio ser, que tocamos Deus, que tocamos a identidade espiritual de tudo o que aparece como pessoa, lugar ou coisa. Tocar a Realidade no seu íntimo faz com que ela se manifeste para nós no exterior -- como família, amigos, discípulos, atividades, ou até mesmo como livros para ler. É estranho que cada vez que toco uma nova nota íntima, alguém me dá um livro ou me recomenda um que me leva mais um passo adiante ou confirma algum ponto que já descobri no plano interior. Além disso, cada vez que alcanço um novo sentido interno, ele aparece exatamente como um novo amigo, um novo auxiliar ou uma nova atividade.

Não importando a atividade particular que você possa estar empenhado, entre em contato com Deus em seu interior e confie que esse contato lhe trará tudo o que é necessário para o seu desabrochar. Isso pode não acontecer no dia que você espera. Na verdade, isso pode ter de percorrer todo um longo caminho. Dê-lhe uma oportunidade de chegar até você. Além do mais, a pessoa necessária para a solução do seu problema pode não estar exatamente no momento preciso numa posição favorável para se tornar parte da demonstração.

Não estabeleça limites de tempo para essa demonstração. Encontre o reino de Deus dentro de seu próprio ser, faça contato e compreenda que agora você está dependendo de sua expressão interior para a sua demonstração exterior. Em primeiro lugar, você precisa fazer isso no plano interior e, depois, o plano exterior se encarregará do resto.

Continuo repetindo que a vida mística é aquela em que você é completamente independente de pessoas, de coisas ou de atividades no nível humano. Não obstante, é uma vida em que você nunca está separado de pessoas, de lugares, de coisas ou atividades, mas onde toda a solução é consumada dentro do seu próprio ser, através do seu contato com Deus e, depois, tornada visível como se houvesse uma mão invisível manipulando todas as cordas.

Os discípulos do Caminho Infinito não são apenas metafísicos que tenham encontrado alguma verdade que, como acreditam, lhes permite induzir a Deus -- controlar Deus -- a fazer o que desejam, nem mesmo encontrar algum meio secreto de obter de Deus o que não se pode ser conseguido de qualquer outra maneira. Eles não estão despendendo seu tempo fazendo afirmações ou negações, mas vivendo na compreensão consciente de Deus, tornando Deus uma parte tão consciente de sua vida como o fez Jesus, desde que o possam.

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segunda-feira, junho 14, 2010

MISTICISMO - 01


Joel S. Goldsmith


O verdadeiro significado de misticismo é qualquer religião ou filosofia que ensine a união com Deus. O misticismo revela a possibilidade de receber comunicação ou orientação diretamente de Deus, de comungar com Deus, de estar consciente dessa união com Deus e de receber o bem de Deus sem qualquer intermediário. Por isso, o ensinamento do Caminho Infinito é místico porque, acima de tudo, seu propósito é realizar a união com Deus.

Uma das mais elevadas declarações místicas de que tenho algum conhecimento, uma que lhe proporciona a chave para o céu, uma chave para a harmonia da mente, do corpo e dos negócios, da saúde e da riqueza e de todas as outras coisas é a seguinte: sua união com Deus constitui sua união com todos os seres e coisas espirituais.

Você encontrará isso em meus escritos, mas também constatará que isso não foi levado muito a sério pela maioria dos que os que o leram. Excetuando alguns casos, essa afirmação não foi reconhecida como uma das sabedorias supremas do mundo, possivelmente porque, em primeiro lugar, não está declarada em linguagem críptica, mas em linguagem simples; e, em segundo lugar, porque a maioria das pessoas não adquiriu o hábito de analisar declarações.


NOSSA UNIÃO COM DEUS APARECE COMO FORMA

Minha união com Deus constitui minha união com todos os seres e coisas espirituais. Pegando o exemplo do telefone: você não consegue nenhuma ligação por telefone, em lugar algum do mundo, sem primeiramente passar pela central telefônica; porém, uma vez que você tenha tido contato com essa central, poderá se comunicar com qualquer lugar na face do globo que tenha um telefone. Assim, se você entra em contato com Deus, se tem uma compreensão consciente de Deus, se conscientemente se tornou um com Deus, então automática e instantâneamente você é um com o universo inteiro do ser e da idéia espirituais.

Tudo o que você vê, ouve, prova, toca ou cheira é apenas um conceito finito de uma idéia divina. Por exemplo, um automóvel é um veículo para transporte que você desgasta ou se tornará obsoleto e haverá necessidade de um outro investimento para substituí-lo. Mas, por trás da idéia ou do objeto "automóvel", está a idéia divina de transporte e o transporte é realmente uma atividade espiritual; é uma atividade da mente que se comunica como idéia para o ser individual. Por isso, se você uma vez entra em contato com Deus, ou com o Espírito, entra em contato com a lei espiritual de transporte; e se sua necessidade de um automóvel for real, você ficará surpreso com a rapidez com que o conseguirá. Um lugar em um avião, uma passagem marítima ou qualquer outra coisa relacionada com transporte estaria imediatamente ao seu alcance por causa de sua unidade com a Fonte infinita de todo o bem.

Isso não significa que qualquer pessoa deva tentar demonstrar um automóvel. Mas, suponhamos que eu esteja em São Francisco e que meu lar seja em Los Angeles e que, no sentido humano, preciso encurtar esta distância de aproximadamente seiscentos quilômetros. Preciso de transporte e, aparentemente, não há solução imediata para o problema. Então eu me sento e compreendo minha união com Deus. Compreendo minha união em maneiras tão diferentes quanto possa: talvez pense na onda que é uma coisa só com o oceano, ou no raio de sol que é uma coisa só com o Sol, ou no 'eu' que é uma coisa só com Deus. De qualquer maneira que possa, eu me relaciono com Deus até que, finalmente, chegue à compreensão:


"Tudo o que o Pai tem é meu porque nós somos um. Não existe separação entre Deus e o homem; Deus e o homem são um. E eu e o Pai somos um; tudo o que o Pai tem está justamente aqui onde estou."


Se posso conseguir esta compreensão, se posso obter esse sentimento interior de paz que nós chamamos de "estalo", bem depressa constato que meu transporte para Los Angeles aparece. Pode ser um convite para viajar com alguém; pode ser uma passagem de estrada de ferro; pode ser alguém de lá mandando me buscar. Isso poderia aparecer de qualquer maneira, mas em nenhuma ocasião eu teria de pensar a respeito de transporte: eu teria apensas de pensar em minha união com Deus e a respeito da disponibilidade imediata de Deus em todas as formas.

Coisa parecida pode acontecer se houver a necessidade de um lar, quer você esteja em sua comunidade ou em outra qualquer. Uma vez mais, você não usa esta verdade para demonstrar uma casa ou um lugar onde viver; mas se essa verdade não traz, ou não puder trazer satisfação e harmonia, não seria a verdade de ser, porque Jesus disse: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" -- Eu vim para que vocês possam ser satisfeitos. Certamente um lar e uma companhia fazer parte de sua satisfação.

Tendo chegado a um lugar onde você sabe que tem necessidade de um lar, esqueça o lar, volte-se para dentro de si mesmo e compreenda Deus. Compreenda que o único lar que existe está na sua própria consciência; compreenda que você vive, se movimenta e tem o seu ser em Deus, na Consciência verdadeira. A Consciência verdadeira está onipresente como o seu próprio ser. Quando você compreende a verdadeira natureza do lar, natureza que abrange todas as qualidades espirituais de Deus, tais como proteção, amor, júbilo, beleza, coperação, segurança e providência, seu lar aparece. A união consciente com Deus é que fará a manifestação desse lar -- sem que seja preciso sair de você mesmo.

Lembre-se sempre de que a base do nosso trabalho é: "Mas buscai primeiro o reino de Deus". Uma das maneiras de buscar primeiro o reino de Deus é essa compreensão da união, porque quando você demonstrou sua consciência da união com Deus, todas as coisas lhe são dadas por acréscimo. Logo, a união com Deus constitui a união com cada ser e idéia espiritual.

Pode acontecer que seja necessário que alguma pessoa ocasione o ajuste feliz dos seus afazeres -- o corretor imobiliário certo, o banqueiro certo, o conselheiro de investimento certo ou o professor de metafísica certo. O certo não deve ser contatado por simplesmente se desejar o certo, mas compreendendo sua união consciente com Deus.


sábado, junho 12, 2010

O recebimento da Verdade e o surgimento da Seicho-No-Ie (Fim)

Masaharu Taniguchi


(...) Quando terminei de escrever esses versos e levantei os olhos, percebi que o chefe estava me observando. Levei um susto e voltei a me concentrar no trabalho que me havia sido atribuído: a tradução de um livro técnico.

Contudo, permanecia em mim o pensamento expresso no último verso da aludida poesia. Não achava que a minha missão fosse a de permanecer, até o fim, na vida rotineira de um simples assalariado. Sentia que um dia conseguiria tornar-me um pregador da salvação da humanidade com a atitude mental natural e simples como o florescer dos lírios do campo, e vivia acalentando esse ideal. Inevitavelmente, esse ideial conflitava com a vida oprimida de assalariado, e eu frequentemente sentia vontade de fugir daquele ambiente de serviço.

Esse desejo de fuga me impedia não só de conviver harmoniosamente com meus colegas de trabalho, como também de desempenhar bem as minhas funções. Cometia erros apesar de prestar muita atenção no que fazia. Era muito estranho, mas o fato é que, quando fazia revisão tipográfica dos textos impressos, acabava deixando escapar erros apesar do máximo cuidado com que executava esse serviço; e, quando fazia tradução, às vezes errava no decimal, transformando, por exemplo, 300 em 3000. Erros como esses eram fatais em se tratando de manual de instruções de um aparelho. Eu tinha o cuidado de conferir com o original os trechos em que apareciam números, mas, mesmo assim, deixava escapar alguns erros. Não conseguia compreender como isso acontecia. Às vezes um número saía errado apesar de eu ter confrontado duas vezes com o original.

Fiquei tão transtornado com tudo isso que, mesmo fora do expediente de trabalho, estando em casa ou andando pela rua, as letras e os números dos artigos para revisão tipográfica não me saíam da cabeça. Comecei a duvidar de minhas faculdades visuais. Pensei que talvez estivesse ficando com os nervos abalados e tivesse uma espécie de alucinação ao ler números. Cheguei até a pensar que talvez Deus estivesse provocando isso em mim para mudar o rumo de miha vida, já que, continuando naquele estado, acabaria ficando impossibilitado de permanecer no emprego, quer eu quisesse, quer não.

No dia em que havia cometido erros no escritório, eu chegava em casa particularmente mal-humorado. Durante o jantar, esgotava a paciência de minha esposa, queixando-me do trabalho e dizendo que queria demitir-me da firma. Como era natural, sempre que eu começava a me queixar, minha esposa ficava aborrecida. Assim, o ambiente na hora do jantar ficava pesado e desagradável. Frequentemente, eu ficava com problemas gastrintestinais e isso aumentava ainda mais a minha irritação.

Eu já havia percebido que a causa fundamental daquela situação estava no meu desejo latente de fugir daquele trabalho que não me agradava. A prova disso era que minha angústia se aplacava e minha condição física começava a melhorar quando eu refletia que a maioria das pessoas não tem a sorte de se dedicar à profissão de que gosta realmente, e pensava, com serenidade e resignação: "Devo aceitar com boa vontade os mesmos sofrimentos da maioria das pessoas, pois assim é possível que o sofrimento acabe se revertendo em alegria". Porém, mesmo tendo percebido a verdadeira causa da situação em que me encontrava, eu não conseguia superar definitivamente o meu desejo de fuga, e continuava a cometer frequentes erros no trabalho de revisão.

Dentro de mim, ocorria uma batalha entre o pensamento de resignar-me à vida que estava levando e o anseio de sair daquela vida rotineira e lançar-me logo ao movimento em prol da salvação da humanidade. Frequentemente, o chefe da seção retinha os funcionários após o expediente e passava algum tempo contando histórias bobas ou piadas obscenas. Eu não queria desperdiçar meu tempo ouvindo essas tolices. Muitas vezes, havia pessoas doentes esperando-me em minha casa para receber orientação. Em vez de desperdiçar meu tempo ouvindo histórias bobas e piadas obscenas do chefe, eu queria ir logo para casa e ajudar aquelas pessoas. Por isso, eu sempre pedia licença e ia embora. Creio que isso irritava o chefe, pois, no dia seguinte, se constatasse algum erro no meu trabalho, ele me repreendia mais asperamente do que o usual.

O conflito de minha mente deve ter refletido na condição física de minha filha, pois, no final daquele ano, ela ficou muito doente. Tinha dor de garganta e febre muito alta. Não dei muita importância al fato, dizendo para mim mesmo: "A doença não tem existência real. Não passa de aspecto manifestado como reflexo da distorção da mente. Portanto, acaba desaparecendo naturalmente". Mas, mesmo decorrido alguns dias, minha filha continuava com febre alta, estava com o rosto inchado devido à inflamação das amígdalas e das parótidas, e dormia profundamente como se estivesse em coma. A febre passava dos 40 graus.

- Não precisamos tomar alguma providência? - perguntou minha esposa.
- Não há necessidade disso. A doença não tem existência real - disse eu.
- Mas nossa filha está mesmo doente, como estamos vendo.
- Isso não passa de reflexo da distorção da mente. Se quiser, tome as providências necessárias. Mas a doença extingue-se por si mesma quando desaparece naturalmente a distoção da mente.

Ante a minha aparente indiferença, minha esposa foi comprar uma cataplasma e aplicou-a no peito e no pescoço da criança. Eu continuava certo de que a cura ocorreria naturalmente.

Passaram-se mais alguns dias e chegou o sábado, sem que minha filha apresentasse sinais de melhora. Nesse dia, resolvi visitar o mestre Baiken Imai, que há cerca de dois meses vinha sofrendo com o agravamento de uma doença gástrica crônica. Devido à sobrecarga de serviço (eu trabalhava até na hora do almoço), ficara muito tempo sem poder visitá-lo. Somente quatro dias atrás tive a oportunidade de visitá-lo, aproveitando a hora do almoço. Naquele dia, fiz-lhe a mentalização para cura colocando as mãos sobre o seu abdômen, e o mestre ficara muito contente, dizendo que a dor havia desaparecido. No sábado, após o encerramento do expediente ao meio-dia, resolvi tornar a visitar o mestre Imai e fazer-lhe mais uma vez a mentalização para cura. Assim, pouco depois do meio-dia, tomei um trem elétrico, com destino à província de Hyogo, onde o mestre morava na época. Durante o trajeto refleti: "Por que será que deixo minha própria filha entregue ao tratamento material, dizendo à minha esposa que tomasse as medidas que julgar necessárias, e empenho-me em ministrar cura espiritual somente aos outros? Isso não está certo. Como pude ser tão indiferente com minha própria filha?". Meu coração se encheu de amor por minha filha e desejei, sinceramente, curá-la. De mãos postas, fiz mentalização para cura, durante algum tempo. Como era sábado, demorei-me bastante na casa do mestre Imai e voltei para casa no final da tarde. Assim que cheguei, minha esposa me disse:

- Aconteceu uma coisa estranha, esta tarde. Logo depois do almoço, quando estava colocando uma nova cataplasma no peito da Emiko, senti-me tomada por uma força estranha, e comecei a entoar freneticamente algo parecido com sutra budista ou oração xintoísta, colocando as mãos no peito e na garganta da Emiko. Não sei quanto tempo fiquei assim. Quando percebi, Emiko estava dormindo tranquila e profundamente, e a cataplasma que eu havia colocado em seu peito estava completamente ressecada. A febre havia cedido. Olhei para o relógio e vi que já eram três horas da tarde.

Fato surpreendente: a hora em que minha esposa ficara em estado de transe coincidia com a hora em que eu dirigira a mentalização de cura para minha filha, durante a viagem de trem. Foi assim que constatei, por minha própria experiência, que as mentalizações dirigidas a alguém são captadas também a distância. Arrependi-me de ter deixado minha esposa recorrer a tratamentos materiais como a aplicação de cataplasma, na tentativa de curar nossa filha, quando eu próprio podia tê-la curado com a mentalização. Pedi à minha esposa que retirasse imediatamente a cataplasma, e vi que a inflamação das amígdalas havia cedido completamente.

Isso aconteceu pouco antes de eu publicar o meu primeiro número da revista Seicho-No-Ie, e num dos números apresentei o caso acima citado, relatando: "Recentemente, aconteceu tal fato". Porém, dois anos depois, quando inseri o mesmo caso no livro A Verdade da Vida, esqueci-me de citar a data do ocorrido e repeti "Recentemente...". Devido a isso, muitos leitores pensam que, ainda hoje, que o fato ocorreu recentemente e indagam: "Professor, por que o senhor, pregando a inexistência da doença, aplicou cataplasma na sua filha?". Então, para evitar esse equívoco, passei a citar claramente a data do ocorrido.

O caso retrocitado levou-me à seguinte conclusão: como eu ainda tinha resquícios de ilusão na mente apesar de ter conhecido a Verdade e, deixando-me levar pela angústia devido ao descontentamento no local de trabalho, acabara provocando doença em minha filha como reflexo dessa atitude mental negativa, Deus conduziu as coisas de modo a fazer-me comprovar, por mim mesmo, o poder da mente. Primeiramente, Ele deixou que eu recorresse a tratamentos materiais para tentar curar minha filha, e depois deu-me a oportunidade de refletir melhor e fazer a mentalização para cura. Em outras palavras, Ele deu-me a oportunidade de ministrar, na mesma pessoa e na mesma doença, tanto o tratamento material como o tratamento pelo poder da mente, para que eu pudesse descobrir, pessoalmente, qual dos dois tem maior poder de cura. Aquela foi a última vez em que, na minha casa, se recorreu a tratamentos materiais contra doença. Contudo, isso não significa que a Seicho-No-Ie afirme ser absolutamente desnecessário o emprego de meios materiais para combater doenças. Somente a Vida possui a verdadeira força curativa, mas quem ainda não conseguiu descobrir em si mesmo a força curativa da Vida pode recorrer a tratamentos materiais. Isso é comparável ao fato de que, na falta de luz elétrica, podemos recorrer à luz de vela.

Levando em conta o caso acima narrado e diversos outros acontecimentos, pode-se dizer que o final daquele ano (1929) foi o encerramento da minha "antiga vida". Uma parente que morava em Osaka, viera nos visitar e, como ela manifestou o desejo de comprar novelos de lã, saímos todos juntos para fazer compras na cidade de Kobe. Quando voltamos, tivemos uma surpresa desagradável: um ladrão havia entrado em casa arrombando a porta e tinha levado praticamente tudo o que havia no guarda-roupa. Foi o segundo roubo que sofremos, depois do grande terremoto.

Sofrer um roubo, para muitas pessoas, é um indicente que, apesar de muito desagradável, não tem nenhum significado especial. Mas os dois roubos que sofri tiveram grande significado para mim, pelo seguinte motivo: eu havia decidido que passaria a publicar uma revista com mensagens da salvação da humanidade tendo como base o meu próprio despertar, quando minha economias atingissem um montante que me permitisse arcar com as despesas de publicação. Mas tanto o primeiro como o segundo roubo ocorreram quando eu mal tinha conseguido juntar dinheiro para as necessidades imediatas, como roupas e calçados. Então pensei: "Se as coisas continuarem assim, não sei quando etarei em condições de realizar aquilo que julgo ser minha missão. Talvez eu acaba morrendo sem poder cumprir minha missão na Terra". Nesse instante ouvi uma voz soar dentro da minha cabeça: - O momento é agora! - A voz, vindo de algum lugar desconhecido, prosseguiu:

- Comece agora mesmo a sua missão! Não há outro momento além do agora! No agora existe o infinito, existe a fonte inesgotável. Você pensa em iniciar o movimento de iluminação da humanidade quando tiver juntado algum dinheiro e quando dispuser de tempo e condição física para levar avante essa obra. Pois está errado! Este mundo é projeção da mente. No momento em que você tomar consciência da força infinita que existe dentro de si, passará a manifestar essa força. Você, na sua Imagem Verdadeira, é um ser divino e eterno, fotado de força infinita.

Contestei mentalmente:

- Mas isso só diz respeito à Imagem Verdadeira. No aspecto fenomênico não passo de um ser sem força e sem recursos.
- Já disse que você é dotado de força e de recursos.
- Quanto à Imagem Verdadeira, sim. Mas o meu eu fenomênico...
- O fenômeno não existe. Não se atenha àquilo que não existe. O que não existe simplesmente não existe. Saiba que existe unicamente a Imagem Verdadeira! Você é a Imagem Verdadeira, é Buda, é Cristo, é o infinito, a provisão inesgotável.

Aquela voz soava dentro de minha cabeça como uma rajada de granizos. Senti entorpecimento em todo o corpo. Ressurgiu em mim, com força poderosa, a conscientização de que no agora está a eternidade, e que desde o princípio sou um ser búdico, um ser divino, dotado de força infinita e sabedoria infinita.

Apesar de ter, anteriormente, recebido de Deus a revelação de que "o corpo carnal, a matéria, enfim, todas as coisas fenomênicas são originariamente inexistentes, e unicamente a Imagem Verdadeira é existência verdadeira", até aquele momento eu ainda não havia conseguido transcender o aspecto fenomênico: via meu corpo carnal e acreditava que esse homem carnal fosse eu; via minha figura esquálida e achava que eu fosse um homem fraco e doentio; via a pequena quantia que havia em minha carteira e julgava-me pobre. Mas estava equivocado. Compreendi que, na verdade, sou um ser cuja Vida é extensão da Grande Vida que preenche o Universo infinito. Compreendi que sou beneficiário da riqueza infinita que existe no Universo, sob as mais variadas formas - tais como fortunas pessoais de meus semelhantes, jazidas de minérios, etc. -, riqueza esta que circula livremente e flui para mim na quantidade necessária, no momento adequado. Esse meu despertar está ssim registrado no diário que escrevi na época:

Diante de Deus, o caminho abre-se por si mesmo. Todos se curvam perante Ele; até mesmo o terreno montanhoso torna-se plano - assim é a grande liberdade de Deus. Nós, que somos filhos de Deus e que herdamos os atributos do Pai, também devemos revelar a mesma liberdade. Alcançar o estado de grande liberdade é manifestar nosso amor ao Deus-Pai.

Deus não aceita como oferenda dos homens o sofrimento deles proveniente da perda de grande liberdade. Deus, sendo nosso Pai, alegra-Se quando alcançamos o estado de grande liberdade e manifestamos assim nossa semelhança com Ele.

Dores, desgraças, enfermidades, etc. não são coisas inevitáveis. Se deixarmos de nos ater ao mundo fenomênico e passarmos a observá-lo do alto do mundo da Imagem Verdadeira, constataremos que não só as dores, desgraças, enfermidades, etc., como também o próprio espírito, que procura evoluir e progredir lutando contra as dificuldades aparentemente inevitáveis, não são existências verdadeiras. Tanto este mundo como o mundo espiritual são manifestações fenomênicas, ou seja, são mundos onde tudo é projeção da mente. Portanto, mudando nossa mente, muda também nossa situação neste mundo ou no mundo espiritual. Os carmas são como meros rastros. Por isso, o homem verdadeiro não se deixa tolher pelos carmas, que não passam de seus rastros. Rastros são marcas deixadas por quem não está mais ali. Assim sendo, aquele que está manifestado como um ser preso aos "rastros" (carmas) não é o homem verdadeiro, mas sim a sombra do homem.

A partir desse momento, fiquei livre de todas as preocupações e aflições. Resolvi publicar sem demora o primeiro número da revista Seicho-No-Ie e comecei imediatamente a redigir as matérias. Apesar de ter ficado mais pobre do que antes devido ao roubo de que fora vítima, mudei-me para uma casa maior. Pude tomar essa decisão porque conscientizei-me de que, embora fosse pobre sob o aspecto fenomênico, na verdade era dono de riqueza ilimitada.

Com a publicação da revista Seicho-No-Ie, começaram a ocorrer fenômenos curiosos. Passaram a chegar cartas de agradecimento de pessoas que haviam se curado milagrosamente de doenças graves, pela simples leitura da aludida revista, e esta, já no quinto ou no sexto número, passou a ser considerada uma publicação sagrada. Mas, pensando bem, já que as pessoas se curavam só de ouvir de mim a Verdade para a qual eu havia despertado, era natural que os doentes se curassem lendo a revista que contém a mesma Verdade.

Decorrido um ano e meio, aumentaram os pedidos de pessoas que queriam adquirir todos os exemplares já publicados, desde o primeiro número. Mas eu não podia atender a esses pedidos, pois praticamente todos os exemplares publicados no primeiro ano estavam esgotados. Então, muitos pediram a reimpressão de todos os números do primeiro ano. Mas, como as matrizes não haviam sido convservadas, teria de ser feita a recomposição das mesmas. Já que era necessário fazer a recomposição, achei que seria melhor reunir de forma organizada, num só livro, os principais artigos de todos os números do primeiro ano, de modo que os leitores pudessem assimilar mais facilmente a Verdade, e com esse intuito passei a colocar em ordem as matérias.

Apos cerca de meio ano, gasto em trabalho de organização das matérias e na impressão, finalmente foi publicado o primeiro livro A Verdade da Vida encapado em couro. Com o lançamento desse livro, de conteúdo bem organizado, aumentou muito o número de cartas de agradecimento dos leitores que me informavam ter-se curado da doença pela leitura do aludido livro, certamente porque através dele a Verdade era mais facilmente assimilada do que pelos exemplares separados da revista Seicho-No-Ie. Eu, pessoalmente, não sei se a Seicho-No-Ie é, ou não, uma religião. Mas, como passaram a se suceder fatos milagrosos, em que as pessoas ficavam curadas de doenças graves ou libertavam-se das dificuldades e dos sofrimentos desta vida pela simples leitura de revistas e livros da Seicho-No-Ie, os que acreditavam que somente as religiões relizam milagres passaram a considerar a Seicho-No-Ie uma religião. Até mesmo os que eram contra a Seicho-No-Ie passaram a respeitá-la a seu modo, considerando-a "uma nova espécie de religião". Nem Sakyamuni nem Jesus Cristo pregaram a Verdade com o inuito de fundar uma religião. Como a revista por mim publicada (cujos artigos eu escrevia nas horas vagas) passou a operar milagres um atrás do outro, as pessoas começaram a dizer que a Seicho-No-Ie é uma religião.

Como já disse, eu não tive a intenção de fundar uma religião, mas posso afirmar o seguinte: se uma doutrina for capaz de provar concretamente a Verdade que ela prega, operando muitos milagres inexplicáveis do ponto de vista científico ou exercendo uma força positiva na vida das pessoas, e por isso as atrai naturalmente, então essa doutrina constitui uma religião viva e, portanto, verdadeira. Mesmo que não se faça nada para divulgá-la, tal doutrina faz com que as pessoas venham espontaneamente em torno dela, do mesmo modo que uma árvore generosa, que dá lindas flores e deliciosos frutos, atrai para si muita gente, embora continue sempre silenciosa, e assim acaba se formando, naturalmente, um caminho que conduz até ela.

(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 20", pgs. 177 à 190)