"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, dezembro 29, 2006

A verdadeira busca pela verdade: O cessar da busca.


A verdade está sempre aqui. Ela está diante de seus olhos, mas você não é capaz de vê-la porque você a procura. E ela está onde quer que seja. Quando você procura vê-la, o seu próprio ato de olhar está dentro dela; quando você come, você o faz nela; a verdade está presente no seu ato de comer, respirar, olhar, sentir, escutar... você não pode escapar dela. Quando você está procurando pela verdade, a verdade se faz presente em você e também na sua busca. Assim, acontece um fenômeno no mínimo muito interessante: é a verdade que faz da busca uma procura pela própria verdade. A verdade está procurando por ela mesma e, aonde for que ela vá, ela se leva consigo.

Aquele que busca é a o objeto tão desejado de ser encontrado. Mas... como a busca pode existir, quando o sujeito e o objeto da busca são um só? Eis aí um paradoxo. E paradoxos não são passíveis de serem resolvidos. Quando você entra na dimensão de um paradoxo, você não consegue resolvê-lo do lado de dentro, ele é um absurdo! Ele é contraditório, um fenômeno maluco, aos olhos da mente humana. Então é necessário você transcendê-lo; somente quando você passa do lado de dentro para o lado de fora é que você passa a ter condições de olhar claramente para um paradoxo e ver sua resposta. A busca, portanto, é um paradoxo. E, enquanto você estiver nela, você não conseguirá encontrar suas respostas. Enquanto você seguir buscando a verdade, o objeto e o sujeito estão separados, quando na realidade eles são a mesma e única coisa. Assim, a busca tem sentido enquanto você assumir que a verdade é algo que está em algum outro lugar, diferente de onde você está, e que você tem de encontrá-la. Essa é uma falsa busca.

No entanto, quando sua atenção se volta para o fato de que o sujeito e o objeto da busca são um só, quando você assume que você é a verdade que você tanto quer achar, e quando você segue sua busca mantendo isso em sua consciência, então você começa a adentrar a verdadeira busca. Você começa a sair de dentro do paradoxo que é a falsa busca, e passa para o lado de fora dela... onde você poderá começar a buscar verdadeiramente.
Tendo esta nova visão em mente, você não encontrará sentido em continuar buscando como antes. Agora a sua ansiedade começa a diminuir gradualmente, a sua angústia irá, aos poucos deixando de existir. E, em contra-partida, um relaxamento começa a surgir; você deixa de levar a sua busca tão a sério; você conseguirá penetrar em um estado de maior calma, paciência; toda a tensão começa a ir embora.
E quanto menos preocupado você se permitir ser, melhor será seu desempenho. A preocupação e a pressa são barreiras que lhe afastam de encontrar-se consigo mesmo. Cabe, aqui, um ditado oriental que diz “se você quer para agora, então espere!” – e esse ditado é cheio de sabedoria.
Enquanto você procurar, não lhe será permitido encontrar. Enquanto você esperar a chegada da auto-realização, ela não virá. E todas as vezes que você começa a atuar em termos de futuro, você se manterá afastado de seu objetivo. Você diz: “estou esperando acontecer o meu encontro comigo mesmo, espero pela hora em que eu conhecerei o meu eu interior, o meu eu mais profundo”, e sempre que você estiver mantendo tal esperança, seu eu interior se mantém longe de você. A esperança pode existir e ser algo positivo para várias coisas na vida. Mas em se tratando da busca espiritual, ela é um empecilho. Mais do que isso, ela é uma doença, ela é um vírus. E enquanto o vírus se fizer presente, a saúde não pode ser restabelecida. Vírus e doença são formas de vida afins. Se você quiser ter saúde, elimine o vírus. Se você quiser encontrar sua iluminação, elimine suas esperanças. Elas não combinam; elas não tem nada a ver uma com a outra. E, da mesma forma que o futuro, o passado também é um vírus. E o momento presente é a panacéia, a cura de todos os males.

A busca deve ser destituída de esperanças. E todas as coisas que você faz, todos os esforços que você empreende, são em prol de um objetivo a ser alcançado. Ter esperanças e objetivos ocorrem conjuntamente, um segue ao outro como uma sombra. E a esperança não pode ser separada de seu objetivo. Quando você se envolve com um, você também relaciona com o outro. Você não deve ter metas. A meta mostra que você ainda está esperando pelo futuro.
Há tantas formas de se ter uma meta, que todas elas podem passar por você sem serem notadas. Você olha para o que está escrito em alguma escritura e se enche de esperança, porque você começa a desejar todas as coisas bonitas e promissoras que estão reveladas nela. Você descobriu que encontrar Deus é possível, e agora você passa a desejar a encontrar Deus... e você começa a buscá-lo. E o mesmo vale para pensamentos, filosofias, crenças, religiões... Essas esperanças lhe dão algo a que se agarrar. E deixá-las de lado é algo muito árduo de ser feito. Uma pessoa pode ficar muito zangada se alguém conseguir retirar todas as metas dela. As pessoas são tão viciadas em suas esperanças, que quando elas conhecem alguém em especial, como um mestre ou um guru, elas começam a ter esperanças através dele. Elas começam a dizer: “Este homem fará algo por mim. E agora que eu já encontrei alguém iluminado, não há mais necessidade de ter medo, porque mais cedo ou mais tarde eu vou me tornar iluminado.”. Esqueça! Ninguém pode fazer nada por você. Um mestre ou um guru iluminado podem fazer tanto por você, quanto uma pessoa que ainda não se tornou iluminada. A questão toda depende de você. Você é a sua resposta; a chave é você. VOCÊ é a única coisa que jamais se perdeu. E tudo o mais, além de você, teve de vir e ir... mas você permaneceu.

E a iluminação não é uma esperança. Ela não é um desejo e não está no futuro. Se você começa a viver este exato momento, você estará iluminado. Mas enquanto você estiver alimentando suas esperanças, você estará dizendo: “Amanhã!”. Então como queira... mas esse amanhã nunca irá acontecer. É agora ou nunca!
Então, ilumine-se agora! E você pode se iluminar porque você está... simplesmente iludido: simplesmente pensando que não é. O tempo não pode ser perdido. Isso pode ser feito imediatamente, porque não há necessidade de nenhuma preparação. Se houver preparação, então haverá uma meta a ser atingida.

E não pergunte como. No momento em que você pergunta como, você começa a ter esperanças. Não pergunte como e não diga: “sim, eu me tornarei”. Não é isso o que os ensinamentos dizem. O que eles dizem é que você já é iluminado. Eis tudo. Você aceita que você já é iluminado, nesse exato momento? Se você aceita, então toda sua busca cessa automaticamente; e você passa a estar satisfeito consigo mesmo da maneira como você se encontra... da maneira como você é. Então, tudo o que lhe acontece, você sente como se estivesse sendo dado de graça a você; você nunca pediu por nada, você nunca esperava nada, e é exatamente por isso que o que quer que lhe aconteça é algo belo e precioso. E a vida passa a ter uma qualidade muito mais profunda, e muito mais bonita. Você olha para ela com outros olhos... e você estará satisfeito com tudo.(...)


Quando você está em busca da verdade, você não deve preocupar-se com ela. A verdade é descompromissada com tudo. Seu único interesse é servir a tudo e a todos. Mas ela não espera nada em troca. Ela não pede para você se preocupar com ela. Ela estará sempre lá, não há nenhuma necessidade da sua parte. Ela pode vir até você, desde que você não esteja intencionado. Se você criar pretensões, a verdade foge de você, pois ela é muito frágil, pura... ela também é tímida.

Um dos maiores segredos da vida, é que a vida é uma dádiva. Ela lhe foi dada, você não a mereceu. A vida não é um direito seu. Você não pode merecê-la de maneira alguma, e não pode forçar a existência a torná-lo feliz e satisfeito. Esse esforço é do ego. Esse esforço cria infelicidade. Na própria busca por felicidade, você cria infelicidade para si. Mas quando você não busca, a felicidade vem atrás de você. Quando você esquece a felicidade, de repente se torna feliz. Quando você esquece o contentamento, de repente lá está ele. Sempre esteve perto de você, mas você não estava lá. Você estava pensando: “Em algum lugar no futuro tenho que alcançar um alvo, conquistar a felicidade, praticar o contentamento.”. Você estava no futuro, e a felicidade estava bem aqui ao seu redor.

Sim, a verdade é ociosa. Ela está sempre passando o tempo por aqui. E você foi buscar tão longe... volte para casa. E apenas seja! Não se incomode com a felicidade. A vida está aqui como uma dádiva; e a felicidade também vai estar aqui como uma dádiva.

Quando você procura demais, acaba se fechando; a própria tensão da procura e da busca o fecha. Quando você deseja demais, o próprio desejo se torna um estado tão tenso, que a felicidade não consegue penetrar você. A felicidade penetra você do mesmo modo que o sono: quando você desliga, quando você se entrega, quando você simplesmente espera sem expectativas, eles vêm.
Na verdade, dizer que eles vêm não é certo: eles já estão lá! Num ato de entrega, você os vê e sente, porque está relaxado. No relaxamento você se torna muito sensível. Quando você está relaxado, numa entrega total, não fazendo nada, não indo a lugar algum, não pensando em meta alguma, em alvo algum, então a felicidade aparece. E assim também o é com a verdade.

Você não deve fazer coisa alguma para ser feliz. Na verdade, você já fez coisa demais para se tornar infeliz. Se quiser ser infeliz, faça muito. Se quiser ser feliz, deixe que as coisas aconteçam. Tudo sem tensão, não ir a lugar algum, nem ao menos a idéia de ir a algum lugar... Estar somente aqui e agora – de repente tudo começa a acontecer. Descanse, relaxe e desligue-se.

Assim, se você criar expectativas, se você tiver pretensões, se você manifestar qualquer intenção que seja com relação a verdade, ela não vem até você. Qualquer coisa que você faça, é como atirar uma pedra num lago tranqüilo, calmo e silencioso: enquanto você nada fazia, havia uma bela imagem da lua refletida na superfície do lago. E no momento em que você começou a atirar pedras no lago, a imagem ficou distorcida, ficou destroçada e o lago começou a refletir uma imagem feia.

E você é um lago. E a verdade e a felicidade estão refletindo em você a todo instante. Basta você ficar sereno e silencioso... e uma linda imagem da felicidade e da verdade estarão refletindo no seu ser. Agite-se, e a felicidade torna-se infelicidade... e a verdade é distorcida. A verdade sempre está lá.

Assim, você não precisa buscar pela verdade; você não tem de tentar se tornar verdadeiro. Se você tenta se tornar, é porque você admite que ainda não é. Sempre que você busca a verdade, é porque você gostaria de se tornar verdadeiro. Então você pode ler avidamente um livro, praticar com empenho um ensinamento, ou você pode ir a algum mestre espiritual... mas intrinsecamente você terá admitido para si mesmo que você não é verdadeiro e, em qualquer tentativa que você faça, a expressão que você exterioriza é: “Eu gostaria de me tornar verdadeiro.”

E você não pode gostar ou não gostar. Não é uma questão de escolha sua. A verdade é! Se você gosta disso ou não é irrelevante. Você pode escolher mentiras, mas você não pode escolher uma verdade: a verdade está aí! Alguns mestres espirituais como Krishnamurti, Osho e outros, insistem na consciência sem escolha. Você não pode escolher a verdade. Ela já está aí, e não tem nada a ver com a sua escolha, goste você ou não.

E no momento em que você abandona a sua escolha, a verdade está lá. É devido às suas escolhas que você não pode ver a verdade. As suas escolhas funcionam como uma tela, como um filtro, diante de teus olhos, impedindo-os de ter uma visão clara da verdade. A sua atitude de gostar ou não gostar não é o problema. Pelo gostar ou não de algo, você não pode enxergar aquilo que existe.

Você diz: “Eu gostaria de me tornar verdadeiro”...
É dessa forma que você permanece não-verdadeiro. Você é verdadeiro! Abandone o gostar e o não gostar! Existir é verdadeiro, é ser real. Você está aqui, vivo, respirando... como pode você ser irreal? Escolha, goste, desgoste e você se perde. Aí você diz: “Eu gostaria de me tornar verdadeiro...” – então, em nome da verdade você também irá se tornar não-verdadeiro. Desejar se tornar verdadeiro é o caminho para se tornar não-verdadeiro... eis o paradoxo. Abandone esse desejo; não tente tornar-se algo. “Tornar-se” é tornar-se não-verdadeiro; e ser é ser a verdade. Eis tudo.

E veja a diferença: tornar-se está no futuro, existe uma meta. E ser é aqui e agora, já é o fato. Então, quem quer que você seja, seja apenas isso, não tente tornar-se algo a mais. O que quer, quem quer que você seja é belo. É mais do que suficiente; seja apenas isso. Pare de tornar-se e seja. Pare de tornar-se... pare com a sua busca.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Perceber e Aceitar a Sua Natureza


A natureza do homem é a essência. É isso o que o homem tem de real em si: a sua natureza, sua essência. E a verdade já está inserida, está implícita na palavra "natureza". A verdade jamais pode advir de algo que não seja natural. Tudo o que é verdadeiro é natural.

Você não pode conhecer sua natureza. Ela é o desconhecido, é o misterioso. Nenhum esforço que você faça, por maior que seja, poderá revelar sua natureza interior. Você pode ser o homem mais notável da face da Terra, pode ser o homem capaz de realizar os maiores feitos do mundo, e mesmo assim você não será capaz de conhecer sua essência.

O conhecimento de sua natureza só pode se dar de forma direta e imediata. Então a mente não participa desse processo; ela fica de fora; a mente tem de ser posta de lado. E quando a mente entra em cena, ela começa a filtrar as coisas; tudo o que você vê é filtrado, todas as palavras que você escuta são filtradas pela sua mente, a mente filtra tudo. A mente é um filtro; você não consegue utilizar sua mente sem fazer interpretações, rotulações, julgamentos... Então, você não consegue ver as coisas acontecendo, pois o que quer que venha a surgir para você, estará maculado com conteúdos e valores assimilados pela sua mente.

Neste exato momento, muitas coisas estão acontecendo para você. Elas estão despidas, estão nascendo pela primeira vez. O que quer que esteja acontecendo agora é algo novo, é algo inédito. Isto nunca nasceu antes, em toda a história deste mundo. Tudo o que nasce agora, nasce como quando você nasceu pela primeira vez: nu, despido, puro. E olhar para estes acontecimentos com a mente, é tirar toda a pureza dos acontecimentos; a mente torna velho para você tudo o que está acontecendo no momento presente; você segue interpretando o presente em termos de passado. É por isto que tantos mestres espirituais insistem: “ponha sua mente de lado”; é impossível olhar para os fatos com a mente sem interpretá-los. Você deve, portanto, tornar-se senhor da sua mente e usá-la apenas nos momentos necessários. E quando você consegue olhar para os fatos da vida sem deixar a mente interferir, tudo é belo, tudo é extraordinário, tudo é valioso e único. Até mesmo os fatos que você julgava serem triviais tornam-se importantes; você pode reconhecer o valor de tudo. O que, antes, eram grandes coisas e pequenas coisas pra você, passam a ter a mesma importância, porque você descobre/percebe que elas não podem ser comparadas. Você vê que fazer comparações não tem o menor sentido. Pequeno e grande eram interpretações que sua mente fazia. Tudo é novo, tudo é único... e tudo possui sua respectiva importância. Cada coisa na existência ocupa o seu devido lugar e nada é em vão.

E lembre-se: A verdade nunca se torna uma memória. Mesmo quando você a conhece, ela nunca se torna uma memória. A verdade é tão vasta, que ela não pode ser contida na memória. Quando você atua pela memória, então você não vê o que é real naquele momento; você segue interpretando aquilo que você já havia visto antes. Você segue interpretando o presente em termos de passado; você segue impondo algo que não existe... e você segue não vendo as coisas que existem naquele momento. A memória tem de ser colocada de lado. A memória é algo bom, use-a, mas a verdade jamais foi conhecida através da memória.
Assim, a verdade será sempre desconhecida. Mesmo que neste momento você a veja, você não será capaz de reconhecê-la quando você a vir no próximo instante. Quando você a conhece, ela é nova. E sempre que ela voltar a acontecer, você a conhecerá novamente, e ela será outra vez nova. Ela nunca é velha; ela é sempre nova, ela é sempre fresca. E esta é uma de suas qualidades: a de que ela nunca tornar-se-á velha. Você nunca poderá saber dela de ante-mão; só é possível percebê-la no momento presente. Para você a verdade sempre é conhecida no momento presente; e para sua mente ela é sempre desconhecida.

Esse deve ser o olhar do iluminado: saber olhar para tudo, como se estivessem acontecendo pela primeira vez. Tudo é sempre uma novidade; você se surpreende com a vida a cada segundo que passa, pois nada do que acabou de lhe acontecer havia acontecido antes para você. Você poderia assistir o mesmo filme duas vezes, e ao assisti-lo pela segunda você desfrutaria dele como se o estivesse vendo pela primeira vez. Você poderá rir das mesmas piadas, se surpreender com as mesmas cenas. O olhar do iluminado é saber ver, por vários ângulos, a mesma e única coisa. Você olha para uma flor hoje, a aprecia e desfruta de sua beleza. Amanhã você olha para a mesma flor, mas você percebe que está olhando para algo inteiramente novo. Você não tem a obrigação de enxergar as mesmas coisas na flor, sempre e sempre.

E para isto, você deve viver mergulhado no desconhecido. Você tem de saber estar familiarizado com o misterioso, com a única coisa que você jamais conseguirá desvendar. E já que é impossível decifrar sua natureza interior, a solução do problema está em aceitá-la como sendo incognoscível. Essa é a única solução. É quase como um problema matemático que não apresenta nenhuma solução possível; então você o resolve colocando aquele símbolo do “E” ao contrário. Ora, quando um problema não tem solução, então solucionado ele está! Mas você precisa aprender a chegar na conclusão de que não há nenhuma solução possível para o problema. Somente então ele pode ser resolvido.

Assim, mesmo depois de ter atingido a iluminação, você não será capaz de saber, nem de dizer, se chegou completamente ou se chegou em parte. Você nunca irá saber. Um sentimento acompanhará você sempre, um sentimento de que você nunca sabe de nada. É como se você estivesse nascendo para a vida -- e você estará! --, a cada instante: tudo é sempre novo, tudo brota diretamente do desconhecido. Sócrates proferiu esta frase: “Só sei que nada sei”. Eis aí o significado dela. A verdade não pode ser conhecida. A natureza do homem não pode ser conhecida.

E o homem está constantemente lutando contra a sua natureza; ele não a aceita. Ela não é algo contra o qual se deva lutar. Fazer isso é tolice; é inútil porque ela não pode ser conhecida. Tentar conhecer sua natureza é lutar contra ela. E é isso o que o homem vem fazendo. Ele está tentando compreender sua natureza com sua mente; ele está tentando saber dela. Ele quer tornar a verdade um objeto de seu conhecimento. E isso não é possível; você não pode desdobrar a única verdade existente em duas verdades, do contrário ela perde seu sentido. Depois de desdobrada em duas, apenas uma delas é que será a verdade e a outra não será. A verdade só pode ser uma. Não é possível que haja duas. Depois que sua mente divide a Realidade em duas partes, então qual delas será a verdadeira? Será o sujeito que analisa o objeto, ou o objeto analisado pelo sujeito? Se isto acontecer, você cai dentro de um dilema: "Onde está a verdade? Ela está aqui comigo, ou está lá com o objeto que eu estou observando?". É por isso que você não pode observar, não pode conhecer, não pode saber o que a verdade é. Porque, se você pudesse observar a verdade, então ela estaria lá e você estaria aqui. E o homem, como um sujeito observador, jamais poderia admitir-se como sendo algo não-verdadeiro. Se aquilo que está lá é a verdade, o que é você então? Você consegue conceber para si mesmo que você é uma mentira? A resposta é que não; ninguém o faz. Assim, dividir a Verdade em duas e querer que o sujeito e o objeto sejam ambos verdades, é querer demais. Isso vai contra a natureza da Verdade, pois ela só pode ser uma.

O processo de "conhecer algo" significa que o conhecimento não existia anteriormente e que, de repente, passou a existir. Quando você conhece algo, o objeto que se tornou conhecido por você não é eterno. Isso também indica que nem mesmo o seu conhecimento é eterno: eles surgiram, ambos, ao mesmo tempo. E é por isso que a verdade não pode ser conhecida, ela é eterna; você nunca deixou de sabê-la; você sempre soube dela. Como você pode, então, vir a conhecê-la? Não, você não pode.

É como quando você já conhece o que é o céu, e de repente você começa a dizer "eu quero conhecer o que é o céu". É uma grande idiotice. Você não pode conhecer o céu duas vezes; apenas uma única vez já basta. Depois de conhecido uma vez, você pode empreender todos os esforços no sentido de conhecê-lo novamente, mas eles serão em vão. O céu só pode ser conhecido uma vez, e isto já foi feito. Aquilo que já está consumado, está consumado... e não há mais nada que você possa fazer.

O mesmo se aplica quanto a você conhecer a sua Natureza, mas aqui há uma pequena peculiaridade: você sempre soube dela. A diferença da sua natureza para o céu, é que o céu pode ser conhecido uma única vez. Mas, sua natureza não pode ser conhecida sequer, pela primeira vez. E veja: tentar conhecer sua natureza pela primeira vez é como tentar conhecer o céu pela segunda. Você não poderá conhecê-la de novo, por mais que tente. Você já conhece o que é a Verdade.

Assim, todo esforço é inútil. Isto é muito importante e tem de ser compreendido: a Verdade não pode ser conhecida, ela tem de ser aceita. Isso precisa ficar muito bem claro na sua mente; essa compreensão precisa entrar e ficar impressa em você, de tal forma, que você desista de tentar conhecê-la... de forma que você aceite que a verdade é incompreensível. Somente depois disso é que você tornar-se-á apto para aceitar e perceber que você já a conhece.

Sim, você já conhece essa verdade. Mas você a conhece pelo seu não-conhecer. A sua aceitação de que a verdade não pode ser conhecida de forma alguma traz consigo uma compreensão muito sutil. A sua aceitação de que esse problema não tem solução traz a solução do problema. É esta aceitação que te mostra que você sempre soube de sua natureza – apenas não estava consciente dela --, mas agora você se lembrou. O segredo é você se familiarizar, estar imerso, mergulhado, e aprender a se manter consciente desse seu não-saber, que você sempre soube.
E, mais uma vez, aceitar é a solução... Namastê!

sábado, novembro 11, 2006

SIMPLICIDADE 02 - Diálogo Zen

Agora, um diálogo entre um mestre iluminado e um discípulo buscador da Verdade. Ele é bem extenso. Leia-o inteiro: Não abandone a leitura até terminar. Somente assim, você poderá entendê-lo da maneira correta: Não com sua mente ou sua lógica, mas com sua percepção. Atente-se para perceber a simplicidade da existência, que está inserida nesse bate-papo.
Medite sobre esse diálogo:



-Mestre: Responda... por que você existe?
-Discípulo: Bem... Eu estou aqui, agora, não é? Ou, pelo menos, penso que estou. O fato é que eu não posso ignorar isso.

-Mestre: E por que você está aqui agora?
-Discípulo: Porque eu posso me perceber aqui, oras!

-Mestre: A questão é "por que?"... Você existe porque pode se perceber, ou pode se perceber porque existe? (...) Não entre em ciclos viciosos e dê uma resposta coerente. A questão persiste: Por que você existe?
-Discípulo: Porque EU SOU!

-Mestre: Você continua dando voltas, em ciclos. E não responde a pergunta. Você existe porque é, ou é porque existe?
-Discípulo: Então, se for assim,não há resposta para isso, mestre. Não há um porquê... há um fato não-motivado.

-Mestre: Não é só porque você não sabe a resposta que ela não exista! E te garanto que você não é o único que procura a resposta. Pense além... você consegue. Pense além... é uma pergunta simples. Perguntas simples possuem respostas simples. Se você pensar logicamente, você só irá entrar em ciclos e ficará dando voltas sem sair do lugar: "o corpo esquenta porque as moléculas se agitam.... as moléculas se agitam porque o corpo esquenta...." Bah!
-Discípulo: Mas essa pergunta pode ser pensada? Acho que a resposta só pode vir se você sentí-la.

-Mestre: O método é seu... contanto que você encontre a resposta. Se vai pensar ou sentir, isso é critério seu.
-Discípulo: Obrigado por este koan!

-Mestre: O que é koan?
-Discípulo: Koan, no zen, são perguntas passadas àqueles que buscam despertar... perguntas que só podem ser respondidas se você pensar além. Há uma famosa pergunta do ganso: "há um ganso preso dentro de uma garrafa. Como vc poderá tirá-lo de lá sem matá-lo e sem quebrar a garrafa?"

-Mestre: Hmmmm... e qual é a resposta para esta pergunta? fiquei curioso...
-Discípulo: a resposta clássica para aquele koan, a primeira que foi dada pelo discípulo que conseguiu respondê-la, foi: "mestre, o ganso está fora!!!!"

-Mestre: Mas será que ele respondeu?
-Discípulo: Dizem que essa resposta foi proveniente de ele ter pensado além...

-Mestre: E o que o mestre disse?
-Discípulo: Não sei, a história só vai até aí.

-Mestre: E você responderia o quê?
-Discípulo: Não sei... prefiro tentar responder o seu koan. Me sinto mais a vontade com ele: "você existe porque pode se perceber, ou pode se perceber porque existe?"

-Mestre: Esse não foi meu koan... esse foi o SEU! Isso não é um koan... é uma tautologia, uma artimanha sem resposta criada pela sua mente lógica. Veja bem o que você me respodeu quando eu lhe perguntei.... eu havia lhe perguntado outra coisa!
-Discípulo: A pergunta do ganso, se analisada do ponto de vista da mente, também é uma tautologia.

-Mestre: Não. A do ganso é bem objetiva... assim como aquela que eu te fiz e você não respondeu. Repito: "Por que você está aqui agora"?... a questão é:"por que?"
-Discípulo: Eu não respondi, porque ainda não fui capaz de pensar além. (Se é que esses tipos de pensamentos podem ser percebidos...)

-Mestre: E será que você seria capaz de perceber se eu te desse a resposta?
-Discípulo: Você não pode me dar a resposta!

-Mestre: Sim, eu posso. Mas se você vai aceitá-la ou não, já é outra história.
-Discípulo: Mestre, para você que já está aí do outro lado da margem, pode parecer muito fácil. Você já chegou; você já compreende e é evidente demais para você. Mas pra mim, isso é uma grande dificuldade. Então, por que eu existo? Vou lhe dar uma resposta, e a resposta é: "Eu aceito que eu existo!".

-Mestre: Eu não perguntei se você aceitava, ou não. Eu perguntei POR QUE? preste atenção... a pergunta já contém a resposta.
-Discípulo: ... ... ...

-Mestre: Insisto...a dificuldade está na sua cabeça. A pergunta é simples, e a resposta também. Vou dar uma dica: olhe para você mesmo, procure os seus erros, procure o que tem de ser mudado... você vai descobrir a resposta. Eu tenho fé nisso.
-Discípulo: MU!

-Mestre: Aí!! Eu sabia que você conseguiria!
-Discípulo: Não sei o que eu consegui... eu ainda não percebi nada.

-Mestre: Eu também não percebi nada... deve ser porque você não respondeu certo. Definitivamente, "MU" não é a resposta.
-Discípulo: Eu apenas desisti da resposta. O vácuo, por acaso, pode ser percebido? O NADA... quando você tenta estender a mão até ele, ele é como uma miragem: vai se afastando conforme você vai se aproximando. Como eu poderia percebê-lo, então?

-Mestre: O vácuo? E por que não poderia? Se não pudesse, como você se perceberia sendo o NADA? Você não me disse que tens certeza da existência porque você a percebe?
-Discípulo: Continuemos!! Quero muito encontrar essa resposta!!... Por que eu existo? Você disse que a resposta está na própria pergunta.

-Mestre: Fácil, não? Apenas 4 palavras contém a pergunta.
-Discípulo: Minha mente está interferindo muito na resposta! Ela está pensando em mil coisas... e eu continuo aqui, observando ela.

-Mestre: Esqueça todas essas coisas que você já sabe... vamos lá: se você tivesse acabado de nascer, e lhe fizessem essa pergunta, o que você responderia? Pense com a inocência de uma criança!
-Discípulo: Minha mente gostou disso que você acabou de dizer. (...) Hmmmm... vamos tomar sorvete?

-Mestre: Vamos! Amanhã. Agora está chovendo. Uma curiosidade: você não acredita em reencarnação, acredita?
-Discípulo: Acredito, sim!

-Mestre: acredita? E pra você, o que justifica a reencarnação?
-Discípulo: A persistência dos desejos, quando se morre... às vezes alguém morre com vários desejos... Então, o corpo fica pra trás. Mas você, que é uma energia cármica, continua a existir e carrega os desejos que não conseguiu realizar com você. Vai renascer, portanto, até que você consiga dominar a natureza dos desejos.

-Mestre: É isso o que pensas? Ou você leu isso em algum livro sobre budismo? Me parece muito com o conceito de carma... mas vamos lá: eu não perguntei o que é carma.
-Discípulo: Sem contar que essa Terra aqui tem muitas lições para nos ensinar. Emoções, sensações....

-Mestre: Opa!!! pára!!
-Discípulo: hmmmm?

-Mestre: Isso que você falou por último tem algo a ver.... você está quase lá.
-Discípulo: Sim... sensações e emoções.

-Mestre: Isso não! Aquilo que você falou antes.
-Discípulo: Você vai renascer até dominar a natureza dos desejos.

-Mestre: Nada disso!... Era pra você perceber as coisas simples da vida. Olha isso que você disse: "Sem contar que essa Terra aqui tem muitas lições para nos ensinar"... Você falou essa frase e não deu impotância à ela.
-Discípulo: Isso é o que o meu pai diz. Mas essa frase ficou muito vaga.

-Mestre: Pense como criança. O que uma criança recém-nascida sabe fazer?
-Discípulo: Ela só sabe existtir!! Aliás, nem isso ela sabe. Ela existe não porque ela quer... mas porque existe.

-Mestre: Ahh!! Desisto. Você insiste em julgar: "ela só sabe existir".... até as suas próprias palavras você julga.
-Discípulo: (!) ... ok. Pergunte de novo!! Por favor!

-Mestre: Eu sei que o mundo é uma merda... mas por que o mundo existe, então? Por que eu existo pra você? Porque você existe pra mim? Por que o mundo existe pra você? E por aí vai... (...) Eu só perguntei da reencarnação pra obter isso de você: "Sem contar... que essa Terra aqui tem muitas lições para nos ensinar.". Eu não queria saber sobre a sua teoria de carma, que deve ter lido em algum livro budista.
-Discípulo: Mas essa frase também foi um julgamento, não foi?

-Mestre: Não, não foi. Isso foi uma conjectura... é diferente.
-Discípulo: O que é uma conjectura?

-Mestre: É uma afirmação categórica. Ela tende a ser neutra e não migra para pólos de julgamento. Quando eu digo que está chovendo, isso é uma conjectura minha. Eu só digo, porque percebo a chuva caindo lá fora. Eu não julguei se a chuva é boa ou ruim, se ela é necessária ou fútil... enfim.
-Discípulo: Certo... Então, quem sou eu? Qual seria a sua resposta?

-Mestre: Você é sempre você. Mas a profundidade do seu EU, você só vai descobrir quando entender porque esse EU existe.
-Discípulo: Hmmmmm.... e quem é você?

-Mestre: eu sou EU.
-Discípulo: A resposta está bem na frente da minha cara, né!

-Mestre: Se você é você, e eu sou eu...então somos EU's iguais... suponho. É isso que você pensa?
-Discípulo: sim, sim!

-Mestre: (!) Nhaaa... Esqueça... você não vai saber tão cedo.
-Discípulo: Hahaha... me desculpe, mas eu não aceito isso. Isso que acaba de dizer me soou como uma bambuzada na minha cabeça. Fique com ela pra você. E eu saberei, sim!!!

-Mestre: Então faça por onde. E se soou como bambuzada, foi porque você quis.
-Discípulo: Juro que estou fazendo tudo que posso.

-Mestre: Você insiste em encontrar a resposta naquilo que você acumulou de conhecimento.
-Discípulo: Certo.

-Mestre: Como criancinhas.... lembre. Buda não criou doutrina; as pessoas que o estudaram criaram uma doutrina. O verdadeiro Budismo nasceu com Buda e morreu com Buda. Não se prenda a doutrinas. Pense...como criancinhas.
-Discípulo: (...) O bom dessas suas provocações é que elas me fazem ficar cada vez mais atento para alguma coisa que eu não consigo pensar.

-Mestre: Juro que eu não queria te provocar. Só queria que você entendesse uma coisa muito importante para que você pudesse seguir seu caminho, mas acho que falhei.
-Discípulo: Mas olha só... suas provocações me fazem ficar alerta para alguma coisa que eu não consigo pensar. Então, nenhuma resposta vem pra mim... somente um silêncio seria a resposta. Assim, eu teria de agir sem pensar.

-Mestre: Então aja! responda! tente! Tente!! ao menos uma vez!!!
-Discípulo: Sim! eu preciso tentar isso. Pergunte-me de novo!

-Mestre: Vamos começar do começo (como já dizia o sábio matemático)!
-Discípulo: Manda bala!

-Mestre: Você acredita em reencarnação?
-Discípulo: ahhhhhh!! baaaaa ahhhhhhhh!!! ugghhhhhh!!!

-Mestre: O que???? Como?? acredita, ou não?
-Discípulo: Estou inquieto.

-Mestre: O que que você está pensando? Você não tem certeza se acredita ou não? Você tem dúvida de sua própria fé? Eu não acredito nisso....... Oh God!
-Discípulo: Não quero pensar!! Eu quero agir!... (mas isso foi um pensamento)... Ah! então foda-se tudo!

-Mestre: Vamos lá, novamente... vou facilitar!
Você acredita em reencarnação? ( ) sim ( ) não. Marque apenas uma,ok?
-Discípulo: (...) ... Sim!

-Mestre: Aeeeeeeeewwwww!!! Viu... foi fácil. E veja que não estou te julgando, e nem me posicionando quanto a tua fé. Se você acredita, então ela existe pra você, e pronto! ok? próxima pergunta... Pra você, o que justifica a reencarnação?
-Discípulo: as lições.

-Mestre: Use as frases de seu pai. Eu preferi... hehehehe.
-Discípulo: Ok! Nascemos nesse planeta porque temos muitas coisas para aprender aqui. E uma vida só não é o suficiente para aprender tudo o que ele tem a oferecer...

-Mestre: A palavra "nascer", pra você, é consectária da palavra "existir"? ( ) sim ( ) Não
-Discípulo: não.

-Mestre: Por que?
-Discípulo: Hmmm... consectária quer dizer que é a mesma coisa?

-Mestre: Não. Consectária, eu quis usar no sentido de consequência. Ahh...eu só quis perguntar: "você nasce porque existe?" (Só que eu tenho certeza que você vai se perder nessa pergunta..)
-Discípulo: Ah tá... então a resposta é "sim". Pra você nascer, você tem que existir antes. (...) Eu me perdi?

-Mestre: Não, não... felizmente.
-Discípulo: Oba! Então, próxima pergunta!

-Mestre: Você respondeu que o que justifica a reencarnação são as coisas que tem de fazer quando nasce... ("nascemos nesse planeta porque temos muitas coisas para aprender aqui")... Então, por que você nasce nesse planeta?
-Discípulo: Você já existe! (mas é vazio)... então você nasce para poder aprender a se preencher com as coisas do mundo. Isso cria um contraste que precisa ser percebido.

-Mestre: Preste atenção! A sua resposta estava em cima da pergunta. Pare de pensar e me responda.
-Discípulo: Você queria que eu repetisse a mesma coisa que eu disse antes?

-Mestre: Sim. Por acaso a sua resposta mudou?
-Discípulo: Então tá...nascemos aqui porque temos muitas lições a aprender. (A minha resposta não mudou em nada. Eu apenas disse ela de uma forma diferente.)

-Mestre: Mas eu perguntei VOCÊ... VOCÊ!! Responda na primeira pessoa.... você não colabora comigo. Vamos lá: Por que você nasce?
-Discípulo: Minha resposta não mudou, porque eu não mudei. Hahahaha.... nasço, logo existo!

-Mestre: Meu Deus!!! ok. Vou te dar a resposta. (Até você consegue me confundir)....
Por que você nasce? (perguntei)..... Porque tenho muitas coisas a aprender(você respondeu). Concorda que você me respondeu isso?
-Discípulo: Sim, foi isso o que eu respondi.

-Mestre: Affff! Eu mudo a forma da pergunta e você me responde outra coisa... que complexo! Até parece que eu perguntei outra coisa, hahahaha!! Pois bem, a próxima: Antes de você nascer, você não precisava aprender nada?
-Discípulo: Eu sabia algumas coisas.

-Mestre: Então por que você nasceu?
-Discípulo: Pra mim aprender mais.

-Mestre: Então, antes de nascer, você não sabia tudo?
-Discípulo: Eu não. Se eu soubesse, eu não precisaria estar aqui.

-Mestre: E antes de você nascer, o que você era?
-Discípulo: Uma outra pessoa, em algum outro lugar.

-Mestre: Uma pessoa não é um ser humano "nascido" com vida?
-Discípulo: Eu não quero discutir Direito Privado!

-Mestre: Hey... apenas responda. CONFIE EM MIM! ( ) sim ( ) não.
-Discípulo: Sim... pessoa é ser humano com vida.

-Mestre: Você era pessoa antes de nascer?
-Discípulo: Não.

-Mestre: Yeah! Então, o que você era antes de nascer?
-Discípulo: Eu era um nascituro(feto)!! hahahaha... com expectativas de direito.

-Mestre: E antes de ser um nascituro, o que era você? (esperma não vale!)
-Discípulo: ok. Antes de ser nascituro....eu não me lembro.

-Mestre: Ok. Você disse que acredita em reencarnação. Entre o fim de sua vida passada e o nascimento de sua vida atual, o que era você?
-Discípulo:Apenas uma presença escura e silenciosa prevalece, quando eu volto minha atenção para essa sua pergunta.

-Mestre: Sim. O que você chama essa presença? É você?
-Discípulo: creio ser isso, a presença.

-Mestre: A presença é VOCÊ, ou seja, sua existência incondicional, seu EU imortal?( )sim ( ) não.
-Discípulo:Eu devo ser essa presença da qual eu não me lembro. (...) Sim!

-Mestre: Então... antes de nascer, você era você... essa EXISTÊNCIA... e que nasceu porque não sabia de tudo (pois, caso contrário, não teria nascido; pois vc me disse que nasce porque tem muito o que aprender)...ok? Então, você era você antes de nascer... mas não deixou de ser você após ter nascido, de forma que você não morre quando seu corpo morre.
-Discípulo: Sim. Eu sempre soube disso.

-Mestre: Agora, a pergunta final: Então... Por que você existe?
-Discípulo: (...)

-Mestre: Ajudinha!! ( ) pra nascer ( ) pra não nascer ... Marque apenas uma, ok?
-Discípulo: ok. (...)

-Mestre: Você tá pensando né...
-Discípulo: Estou reavaliando a sua pergunta.

-Mestre: Eu sei... você pensa. (...) Seja ao menos coerente com tudo o que você já respondeu até agora. Não é possível que você vai negar tudo o que você disse!...
-Discípulo: Pra nascer!

-Mestre: Ufaaaaaa! E você nasce por que?
-Discípulo: Porque eu já existia!

-Mestre: Não se canse... repita sem medo a resposta anterior... não tenha medo, confie em mim! Você nasce por que? Você reencarna por que?
-Discípulo: Pra aprender muitas coisas.

-Mestre: Se você existe pra aprender muitas coisas... logo... você EXISTE para aprender muitas coisas. Ufaaaaaa........ Por que você existe?
-Discípulo: Pra aprender muitas coisas.

-Mestre: Aeeeeewwww!! E isso é o que? Um propósito, um motivo ou um desmotivo?
-Discípulo: Um propósito.

-Mestre: Isso garoto! então, você existe porque você tem um propósito. (ainda que estejamos falando apenas do propósito de aprender.)
-Discípulo: Sim, eu existo.

-Mestre: E por que você existe? (lembra do raciocínio que você veio construindo até aqui, por meio das respostas!)
-Discípulo: Eu existo porque eu tenho um propósito.

-Mestre: Aeeeewwww!! E por que as coisas existem? há algo que exista em vão?
-Discípulo: Não.

-Mestre: Se fosse em vão, então, por que você existiria?
-Discípulo: Eu não existiria.

-Mestre: Você tem propósitos!! Você não é um propósito.... senão você não precisaria nascer, óbvio.
-Discípulo: (!) .... Isso!

-Mestre: Você não precisa de algo que já é. Logo, você não é um propósito. Ao contrário: você existe porque TEM propósitos.... e não porque é um.
-Discípulo: Hmmmm, mestre, acho que estou começando a entender. Continue com as perguntas, por favor!

-Mestre: Você já respondeu a pergunta que, supostamente, não tinha resposta no ínício de nossa conversa hoje a noite. Você progrediu. Foi árduo, mas progrediu.
-Discípulo: Não, não foi. Eu não tive que fazer esforço algum para compreender isso. Ao contrário, eu deveria ter me desfeito de meu esforço o quanto antes. Mas foi só agora que eu consegui fazer isso.

-Mestre: Quando eu perguntei por que você existia, você me respondeu que existia porque podia se perceber. Veja como a sua resposta parece tola, diante disso que você acaba de concluir.
-Discípulo: "Eu existo porque posso me perceber" x "Eu existo por que tenho um propósito".... hmmmmmmm.

-Mestre: Isso. A primeira leva a uma tautologia...
-Discípulo: A segunda me deixa mais envolvido comigo mesmo!

-Mestre: Compare as duas. "Eu existo porque me percebo, ou me percebo porque existo?".... Percebe a tautologia que você superou?
-Discípulo: Agora eu percebo.

-Mestre: Você existe porque você tem um propósito... assim como tudo o que existe possui um propósito. Nada existe em vão. Deus é sábio em tudo o que faz!
-Discípulo: E mesmo que a mente julgue que os propósitos não sejam grande coisa, ainda sim são propósitos.

-Mestre: Sim. Então não julguemos. A mente tem o seu valor e isso basta.
-Discípulo: ok!

-Mestre: Quando as coisas perdem o propósito, o que acontece? Quando um lápis já não pode ser usado?
-Discípulo: Eu não posso escrever.

-Mestre: Quando uma flor já não dá mais frutos? O que acontece?
-Discípulo: Eu não posso comê-los, nem apreciá-la.

-Mestre: Sim... isso porque eles acabam. Quando as coisas cumprem seu propósito, elas acabam. Tudo acaba!... Tudo existe porque tem um propósito, e quando o cumpre, acaba. Nada é eterno.
-Discípulo: E o discípulo aqui? E depois que o discípulo cumprir o seu propósito... ficarei bem?

-Mestre: Eis a verdade que você buscava. Quando você deixar de ter propósitos, você irá parar de nascer, ou renascer... enfim, você irá apenas existir. Entrará no estado de existência não-motivada.
-Discípulo: Esse estado de existência não-motivada... isso é o nirvana?

-Mestre: Eu prefiro chamar de céu, paraíso... o estado original. Fomos todos criados nús. Mas o homem quis ter propósito. O homem quis comer do fruto proibido do conhecimento... e por isso saiu do paraíso.
-Discípulo: E porque o nirvana, um estado de existência não-motivada, seria mais importante do que essa existência motivada?

-Mestre: Quando você entra no nirvana, você pára de sofrer. Tudo o que existe sofre: sofremos ao nascer, sofremos ao viver, sofremos ao morrer... Ser iluminado não significa ter alcançado o nirvana, o céu, ou seja lá como você o chame.Ser iluminado é compreender isso. Se você compreendeu isso hoje, então eu posso dizer que você é iluminado. Que importância tem isso? Bom... eu não sei. Mas quando você atribui importâncias, você julga...e cria propósitos e sofrimentos e... e.... apenas aceite.
-Discípulo: Estou entendendo. E vou tentar carregar isso dentro de mim, daqui pra frente. Aliás, eu vou carregar isso comigo.

-Mestre: Então não lamente mais nada... celebre as coisas. Agora, parece que você já entendeu. Seu interior está curado. Agora falta colocar isso pra fora... que tal? Ajudar o próximo, sem perder a humildade... o que acha?
-Discípulo: Claro!

-Mestre: Que tal cumprir o seu propósito? O motivo de sua existência?
-Discípulo: Quando eu começar a fazer isso... o propósito tomará forma... e começará a se cumprir... até que eu... enfim. Acho que entendi.

-Mestre: Que bom amigo! Você se iluminou!
-Discípulo: Hahahaahaha... não, não pode ser só isso! (...) Sério? A iluminação é isso? Só isso? Mas eu esperava tanto...

-Mestre: Você está não no fim, mas no começo de uma jornada que só começa, realmente, agora! Finalmente, você conseguiu achar o que tanto buscava.E isso só te deu mais responsabilidades. Antes não tivesse achado, não é?
-Discípulo: É verdade. Eu sinto isso.

-Mestre: Não se frustre, aceite... é assim. Você não é a Luz; você não é Deus, apenas parte dEle... apenas parte do Todo.
-Discípulo: Bom... eu aceito o que está aqui pra mim agora. Mas esse "eu esperava tanto" foi um propósito... que já se cumpriu. Agora o propósito que está se manifestando é uma frustração.

-Mestre: Aceite-a!
-Discípulo: É que eu me sinto diferente... mas não é nada de mais.

-Mestre: Sim... é algo bom. Apenas não é o que você esperava.
-Discípulo: E o nirvana... o nirvana é aquilo que está fora dos propósitos.

-Mestre: Vida é sofrimento... sofrimento está fora do nirvana. Você não está querendo alcançar o nirvana em vida, está? Ficou louco? enfim... acho que agora você já sabe tudo isso.
-Discípulo: Sim... Então soframos todos nossos propósitos, certo!? E deixemos o nirvana quietinho lá onde ele está.

-Mestre: Sim.
-Discípulo: Ok. Vou desfrutar de minha frustração, quanto à iluminação, então. Vou saboreá-la... até que ela cumpra o seu propósito e vá embora.


-Mestre: Sim... ria bastante e desfrute de sua ingenuidade. É assim que é. Parece que essa noite foi a noite da frustração... hahaha! Agora sim, dê bambuzadas em sua cabeça... não pelo que você pensa agora, mas pelo que você já pensou.
-Discípulo: Muito obrigado!

-Mestre: Sim. A noite é avançada e já está quase amanhecendo... Vamos dormir.

SIMPLICIDADE 01


A linguagem da Vida é a simplicidade. Essa palavra é muito, mas MUITO importante para a obter a compreensão acerca da Existência, acerca de quem você é. A Vida é muito simples; ela existe por si mesma. Mas a mente dos homens está sempre querendo complicá-la: quanto mais complicada ela for, então mais interessante ela também será. É assim que a mente humana pensa. E quanto mais você souber à respeito dessas complicações, mais você se sentirá importante... se sentirá alguém que sabe das coisas, dos mistérios "difíceis de serem entendidos". E mais estará iludido. Dessa forma, o homem está sempre distorcendo Aquilo que a Vida É, para ver aquilo que a Vida não é: Ilusão.

A Existência é tão simples, que você ficaria com medo de olhar para ela. Você não conseguiria acreditar que basta apenas olhar para ela, da maneira como ela é agora. Você prefere buscar as respostas em algum outro lugar: Elas não podem estar aqui de graça... as coisas não podem ser assim tão fáceis!! Isso não pode ser possível. (...) E isso é o que acontece com todos. Então, você tenta olhar para a Vida de todas as formas possíveis, pensando daqui e dali, e procurando as respostas e o sentido da Vida. Você nunca vai achar.

A Vida é simplicidade. Ela é despida; está nua e está dançando a sua volta. E, ao olhar para ela, você a veste com seus pensamentos, suas idéias, suas intenções e pretensões. Se você puder tirar a roupagem dos seus olhos, você conseguirá vê-La. Não é preciso nada, apenas olhar despreocupadamente para ela. E todo problema é que, ao tentar olhar para a Existência dessa forma, a sua mente começa dizer a você: "Ei! porque você está parando de procurar? Não há nada ali. Continue tentando encontrar! Não relaxe! Você não vai encontrar nada parando de procurar". E a armadilha é essa. Você precisa estar confiante, do contrário você não conseguirá relaxar e olhar para a Vida com olhos puros. Você se sentirá inseguro quanto a continuar o aprofundamento de não procurar nada. Por isso, você precisa desenvolver uma confiança que lhe permita ir avançando cada vez mais. Eu lhes asseguro: olhem com simplicidade para a Vida. Confiem e não tenham medo de ver as coisas com a qualidade simples.

Se você meditar à respeito disso, chegará a conclusão de que o homem tem medo de olhar para a Vida da maneira como Ela é agora: essa simples Presença que Ela é. Ele tem de buscar o sentido das coisas. Admitir que o sentido de tudo já está presente é demais para ele. Porque... se o sentido já estiver presente, então o que será daquele homem, dali em diante? O que ele fará? Ele não poderá mais continuar buscando. Terá de fazer outra coisa, que ele ainda não sabe o que será. Assim, a atividade de estar procurando o sentido das coisas é o que entretém o homem e o faz sentir-se seguro. Mas ela jamais pode cessar, porque, se assim o for, então toda segurança que o homem construiu em sua mente irá desabar.

Por isso o porquê da Existência é tão difícil de ser compreendido. Ele é tão simples, tão fácil, que a mente perde TODA compreensão ao tentar tornar as coisas complexas. A vida é totalmente simples: torne-a complexa, pelo mínimo que seja, e você não conseguirá mais vê-la: você terá vestido ela com uma roupagem.

Olhe para Ela! Você perceberá que não encontrará nada ali! E, de fato, não encontrará mesmo. Por isso o medo virá. Mas, quanto mais você puder se aprofundar na simplicidade das coisas, mais as coisas começarão a acontecer por si mesmas... e você já não necessitará mais procurar por nada. Tudo estará achado para você; o sentido da vida ficará evidente, claro, límpido. Estará tudo ali, despido. Não busque o sentido!!!!

Quando você olhar e começar a perceber que as coisas estão simples demais e que não encontrará nada, esse é o momento: confie nisso! Nada de ruim irá lhe acontecer. Sua mente lhe tentará a não entrar ali. É somente com confiança que você poderá avançar. Repito: confie!! E vá em frente.


Leia este texto:

“Aniruddha fez uma pergunta dizendo que quando ele veio até aqui, imaginava–me uma pessoa erudita, especial, extraordinária. Agora ele diz: 'Vivendo aqui com você durante muitos dias, vejo-o como um homem, como um outro homem qualquer. Então por que tanto estardalhaço?'

Eu não tenho nenhuma obrigação de preencher suas exigências. Sou apenas o que sou, totalmente comum. A realidade é comum. Sou apenas o que sou, totalmente comum. A realidade é comum. A rosa é uma rosa, a rocha é uma rocha, o rio é um rio. A realidade é absolutamente comum.

Então qual é a diferença entre você e eu? A diferença é a seguinte: eu celebro minha mediocridade, você não celebra.

Esta é a diferença.

Eu dou as boas - vindas a ela, sinto-me completamente feliz com ela; você não. Eu sou um ser, você é um tornar-se.

Eis a diferença.

Não que eu seja especial e você seja comum - isso é inteiramente absurdo: se eu fosse especial, então todo mundo seria especial;se você fosse comum, então todo mundo seria comum.

Pertencemos à mesma realidade.

Eu sou totalmente comum.
Mas a diferença é que eu celebro isso...

Não tenho rancor, não tenho nenhuma queixa, não estou tentando tornar-me alguém que não sou.Aceitei-me inteiramente – não desejo mudar nem mesmo uma única coisa.

Neste relaxamento, nesta aceitação,
a celebração começou a acontecer em mim.”

(OSHO, O Segredo dos Segredos ,Vol. I)


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*Para entender melhor essa mensagem, leia o diálogo disponível no próximo post! Ele poderá lhe ser de grande ajuda.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Viva com qualidade

Gurjieff, um famoso pensador russo, através de seus conhecimentos obtidos por meio de seus estudos experiências, ao longo de muitos anos, traçou 20 regras que podem melhorar a qualidade de vida interna de uma pessoa. Basta, no mínimo, que dez delas consigam ser assimiladas para que se possa, seguramente, passar a levar uma vida mais serena, tranquila, confiante, sem medo, anseios, nem preocupações. Experimente assimilar alguns deste conhecimentos e comece a comprovar sua eficácia:

1- Faça pausas de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.

2- Aprenda a dizer NÃO sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer AGRADAR a todos é um desgaste enorme.

3- Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.

4- Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam seus quadros mentais, você se exaure.

5- Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem sua atuação, a não ser você mesmo.

6- Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos.

7- Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.

8- Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.

9- Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.

10- Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.

11- Família não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.

12- Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trava do movimento e da busca.

13- É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de 100 quilômetros. Não adianta estar mais longe.

14- Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.

15- Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.

16- Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo...para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.

17- A rigidez é boa na pedra, não no ser humano. A ele cabe firmeza.

18- Uma hora de intenso prazer, substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.

19- Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.

20- Entenda de uma vez por todas, definitivamente e consultivamente: você é o que você faz.

quinta-feira, setembro 07, 2006

O AGORA...

O AGORA é tudo o que existe... nada há além dele. Por alguns instantes, pare e tente perceber a sua vida AGORA. No entanto, antes de fazer isso, é preciso que você compreenda alguns pontos. A sua VIDA é diferente da sua situação de vida; isso precisa ser muito bem compreendido, se você quiser ter um bom aproveitamento espiritual.
A sua VIDA é o AGORA; e a sua situação de vida é aquilo que o AGORA comporta dentro de si, a cada instante.

Pode acontecer de haver pessoas tentando aprimorar sua busca espiritual e elas estarem prestando atenção na situação de vida delas, ao invés perceberem a VIDA delas. A situação de vida não é importante para o desenvolvimento da espiritualidade.... Perceber a VIDA é tudo o que precisa ser feito. Somente assim você poderá vir a saber QUEM VOCÊ É. Por isso, quando quer que você esteja meditando, permaneça sempre alerta para estar prestando atenção em sua VIDA.

Quando você parar para perceber sua VIDA, perceba apenas aquilo que há. Perceba ISSO que não pode ser expressado pelas palavras, mas que pode ser percebido como uma PRESENÇA VIVA. Esse é o seu AGORA; é isso que sua VIDA é. Prestar atenção na sua situação de vida seria: perceber que a saúde não está indo bem... que você está atolado de dívidas... que os relacionamentos não estão indo bem... que as coisas para você estão difíceis... tudo isso são circunstâncias que estão contidas dentro do seu AGORA. O seu agora está carregando/comportando todas essas circunstâncias dentro de si.

Mas as circunstâncias apresentadas pelo AGORA também podem ser muito agradáveis: ter muito dinheiro no banco... conseguir estar sempre realizando os seus desejos (ou uma bo parcela deles) ... ter um relacionamento bom com a família, com a namorada... ter uma linda namorada... Enfim, são circunstâncias positivas que o AGORA também carrega dentro de si. Seja lá qual for a sua situação de vida, não preste atenção nela. NÃO DÊ ATENÇÃO À ELA!!! Se você considera que essas circuntâncias -- boas ou ruins --, se você tem a impressão de que essa circunstâncias são a sua VIDA, nesse momento.... então, você não está no caminho certo; você está apegado. O auto-conhecimento está ao alcance de todos. Porém, ele parece ser difícil porque em ambos os casos, com situações de vida boas ou ruins, há apego.

Alguém passou grande parte da sua vida estudando para ser um juiz e alcançou o sucesso. De repente ele vira para si mesmo e diz: "Eu sou um juiz."... Ele começa a achar que ele é um juiz; ele passa a se identificar com uma situação de vida que está contida dentro de sua VIDA.

Alguém se tornou um grande empresário de sucesso... e se, de repente, chegar alguém dizendo que ele não é um empresário de sucesso, ele ficará ofendido. Afinal... ele gastou anos e anos da vida dele se dedicando ao mundo empresarial... tudo o que ele sabe fazer é ser um grande executivo. Ele pensará: "Eu?? não sou um grande executivo?? Então, de que valeu toda a minha vida até hoje?? Se eu não sou um empresário de sucesso, então quem/o que eu sou??". Enfim... ele se torna apegado com a situação de vida. Não que isso seja algo ruim, mas no que tange ao propósito espiritual... a sua situação de vida não é importante. Você não é o que a sua situação de vida parece mostrar o que você é. A sua situação de vida -- seja ela qual for -- não pode dizer absolutamente NADA a seu respeito.

E, da mesma forma que alguém em boas condições se torna apegado, as pessoas que se encontram em más situações de vida também se tornam escravas das condições ruins que elas estão passando... e consequentemente têm a impressão de que tais circuntâncias ruins são a VIDA delas. Elas pensam: "eu sou um azarado... nunca consegui realizar meus sonhos" (mas até mesmo sonhos realizados são situações de vida... nada mais além disso.)... também pensam "estou desempregado"..... "eu sou uma pessoa feia"..... "não consigo fazer ninguém gostar de mim".... "sou uma pessoa infeliz". Tudo -- tudo isso -- que elas julgam como sendo a VIDA delas, não passam de situações de vida. Julgar a situação de vida como sendo a sua VIDA... é estar apegado. E o caminho é o desapego. Desapegar significa que você aceita a sua VIDA da maneira que ela se apresentar para você, naquele seu momento do AGORA.

Preste atenção nisso: desapegar não significa admitir que você é infeliz, triste, azarado, feio, bobo, pobre... porque se você admitir isso em sua VIDA, então você ainda estará apegado à sua situação de VIDA. Se essas coisas ruins estiverem acontecendo para você, apenas permita que elas estejam ali. Logo, logo elas irão embora. Na verdade, se elas continuam sempre presentes para você, é porque você segura tais situações dentro da sua mente ao admitir: "sou infeliz, triste, azarado, feio, bobo, pobre". No desapego, você não admite a existência de tais coisas ruins... mas também não foge delas. Não corra atrás delas, nem fuja delas -- seja imparcial e perceba a sua VIDA... que está por detrás de todas as situações. Se as circunstâncias para você se apresentarem como sendo uma situação de vida ruim, pare de dar importância à essas situações. Não dê atenção à elas. É a sua atenção que mantém essas circuntâncias ruins presentes para você. Assim que você parar de dar atenção à elas, elas começarão a se dissolver aos poucos e gradualmente irão desaparecer. O desapego deve ser total -- a tal ponto que, mesmo se essas situações ruins não quiserem ir embora, você não se senta incomodado com elas. Tal desapego deve ser manifestado, também, nas boas situações. Para o meditador a situação de vida não é a questão... assim, ele nem se incomoda com elas.

A VIDA é como uma caixinha... ela é como um recipiente; e a situação de vida é o que está dentro do recipiente.... é o conteúdo. Pare de dar importância ao conteúdo e se envolva com a VIDA.

À medida que você for observando e explorando essa VIDA cada vez mais, muitos mistérios acerca da EXISTÊNCIA serão relevados para você. É somente por meio da observação dessa CONSCIÊNCIA que não pode ser expressada pelas palavras que você poderá atingir o auto-conhecimento.

Pronto! Agora você já está pronto para parar e perceber o que a sua VIDA é. Você verá que ela não é algo que possa ser nominado... mas que há "ALGUMA COISA" que está PRESENTE e VIVA, neste momento para você. Essa "ALGUMA COISA" é o que você é. Ela é a VERDADE à respeito de você.

Apenas permita que a VIDA lhe carregue para onde quer que ela vá. Confie em Deus que é a própria VIDA em si, e deixe-se ser levado. Quando você confia na VIDA e vai com ela aonde quer que ela vá, você e a VIDA se tornam UM. Ela é como um rio: quando você se deixa ser carregado pelo rio -- quando você se torna um com ele -- tudo fica bem. O rio jamais será capaz de machucar ou prejudicar a ele mesmo. É impossível. Se você quiser ficar cansado, esgotado.... se você quiser criar miséria para si, então seja contra o rio e nade contra ele. Faça isso, e você estará acabado: o rio nunca se cansa; ele sempre irá vencer. Mas se você se tornar um com ele... se você fluir com ele... nenhum mal poderá acontecer para você. Assim é com a VIDA. Deus é a própria VIDA. Assim, não há motivos para não deixar-se ser levado pela própria VIDA, ou melhor: pelo próprio DEUS. Confie nEle, entregue-se a Ele... e você sempre vai estar no caminho certo. E o caminho certo é: estar onde a VIDA DE DEUS quiser que você esteja. Aceite!

sexta-feira, agosto 18, 2006

Você, a Mente e o Ego.

*Observação: A palavra "mente" pode ser entendida como ego ou pode ter a significação de capacidade cerebral do homem. E, nesse discurso, sempre que falar em "mente" estarei falando do ego do ser humano. É somente o ego que pode sumir, desaparecer da existência. A mente -- como sendo um instrumento -- continua a existir independentemente do ego estar, ou não, aqui. A questão é: É você quem usa sua mente, ou é o seu ego que, através de você, controla a sua mente?

Assim, comecemos...

Você não é seu pensamento. Você não é quem você pensa que é. Todo pensamento é MOVIMENTO e faz parte da mente. Pensamento significa avaliação, julgamento, interpretação de todas as coisas ao seu redor... inclusive de você mesmo. Sua mente está em constante movimento -- sempre pensando. Essa é a maneira que ela tem de se sentir segura com relação ao mundo e a você mesmo. Ela confere uma entidade a tudo e todos... e sente que sabe alguma coisa. Isso é o que se chama de apego. A mente está sempre rotulando todas as coisas com que ela se depara. Ela olha para aquele objeto que se apresenta como uma "mesa" e lhe confere o nome "mesa". Ou então ela se depara com aquela cor que se manifesta como "azul" e lhe confere o nome "azul". Parece estranho falar da mesa e do azul dessa maneira, porque do ponto de vista da Realidade eles não têm nenhum nome. Não há um nome que possa ser dado a eles, porque eles são o que eles simplesmente são. E não há nada mais que possa ser dito a respeito deles.

O ponto essencial a ser entendido, aqui, é: tente compreender como seria aquele objeto ou aquela cor, antes da mente rotulá-los como sendo uma "mesa" ou "azul". Antes que a mente possa dar um nome a esses fenômenos, antes que a mente possa interpretar esses fenômenos como sendo "mesa" e "azul" -- antes que ela faça todas essas rotulações -- o que é isso que se apresenta para VOCÊ? Apenas olhe para esses fenômenos, impedindo sua mente de participar nessa observação. Assim, o que é esse objeto e essa cor que se apresenta para você? Como é possível nominá-los?? Você verá que é impossível. Não PENSE sobre isso... COMPREENDA!!! Olhar para o mundo dessa forma é o que se chama "Olhar Puro".

Sempre que você observa o mundo com esses olhos, você percebe que é impossível a mesa ser uma "mesa" e também é impossível a cor azul ser "azul". E, é somente assim que você pode realmente perceber a mesa e pode realmente conhecer a cor azul. Fora disso, tudo o mais é interpretação feita pela mente; tudo é uma tremenda hipnose.

Olhar dessa forma para o mundo é não deixar que a mente agarre e prenda a realidade dentro dela. E quando a mente tenta prender a realidade em si, ela cai na própria armadilha e cria uma prisão para ela mesma.(...) É como uma mão tentando agarrar e prender a água de um rio dentro dela. A mão pode até ter a impressão de que ela está segurando a água. Mas aquela água que ela está tentando pegar já foi embora há muito tempo; e uma nova água está presente ali, naquele momento. Você jamais pode pisar no mesmo rio duas vezes... porque ele é um fluxo. Aquela mão... ela poderia estar livre e solta para fazer qualquer coisa que lhe desse vontade; mas ao invés disso ela permanece presa por si mesma. Ela mesma faz um tremendo esforço para se manter fechada; e toda a prisão que ela criou para ela é mantida com aquele esforço. Se ela relaxasse, ela estaria livre para brincar com a água... e ela estaria em muito maior contato com a água se ela se soltasse nela -- ela teria mais água do que jamais pensou ser possível. A mão não perbece que não é preciso prender a água...porque ela tem medo de que a água possa ir embora se ela se abrir, se ela se soltar e relaxar.

E com a realidade é a mesma coisa. A realidade é ainda mais fluída do que a água... coisas acontecem... pessoas acontecem... fatos acontecem... e sua mente está lá, tentando fazer caber todas as coisas dentro dela com um esforço imensurável e doentio. Você olha para um rio e sua mente pensa "isso é um rio", e ela mantém sempre a mesma imagem daquele rio. Só que no instante em que a mente pensa "isso é um rio", aquele rio já passou... e um outro rio -- que não tem absolutamente NADA a ver com o rio do momento anterior -- passa a estar presente. A mente aprisiona o rio que existiu naquele instante dentro dela para sempre... e depois pensa que ela sabe o que é o rio. O verdadeiro rio jamais pode ser aprisionado... mas pode ser observado, pode ser admirado; você pode desfrutar dele. Só que a realidade não pode ser cabida dentro dos conceitos da mente, porque quando a mente pensa... tudo já mudou. Muitas coisas sofreram transformações... nasceram.. morreram... tudo mudou no momento em que a mente estava transformando o rio num conceito ou numa imagem.

Não há nenhuma diferença entre uma fotografia tirada de um rio e uma imagem de um rio gravada na mente. Quando você olha para a fotografia, você pode perceber facilmente que o rio não é aquilo que está nela. Porém é difícil ter essa percepção com as imagens... os conceitos... e interpretações que a sua mente tem daquele rio. Se você quiser saber realmente o que é o rio... torne-se puro.

Perceber a vida sem deixar que a mente interfira ... parece assustador, não? Quando alguém, pela primeira vez, olha com pureza para a vida, a mente se sente imensamente apavorada -- porque ela começa a sumir -- e começa a reagir de todas as formas possíveis. A mente tem medo da morte; ela também pode morrer e sabe disso. Assim, sua mente precisa impedir que você a faça desaparecer... e ela vai lutar com todas as forças.

Dentro do AGORA a mente não pode sobreviver, porque o AGORA não pode caber dentro da mente.

Quando a mente tenta entender uma situação que está acontecendo AGORA, aquele "agora" ficou para trás e já não é mais AGORA. Um outro AGORA passa a estar presente. Por isso, sempre que você trouxer sua atenção para o AGORA, a mente começa a perder suas forças... e vai desaparecendo gradualmente. Por isso ela vai lutar contra você arduamente, utilizando vários artifícios para tirar sua atenção do AGORA e mantê-la em alguma situação do passado ou do futuro. A mente jamais consegue acompanhar o AGORA. Somente você pode fazer isso.

A diferença pode ser de décimos ou milésimos de segundo... Ela pode estar envolvida com algo que está a poucos milésimos de segundos antes ou depois do agora... mas isso já é o bastante para manter o ego vivo.

A mente é como a tela de uma pintura tentando fazer caber em si a moldura do quadro... ou até mesmo o quadro inteiro. Ela não consegue admitir que haja algo maior do que ela; ela quer ser tudo; ela quer entender tudo... ela precisa estar segura de que ela tem o controle de tudo. Desse modo, ela sente que sua existência está protegida e a salvo. É impossível a moldura caber dentro da imagem. A imagem, ao contrário, estará sempre dentro da moldura. A mente também existe sempre dentro do AGORA... mas como é impossível ela entendê-lo... ela está sempre tentando escapar dele.

Há uma forte tendência de pensar que todas as coisas que acontecem estão conectadas umas com as outras. Na verdade, mesmo que pareça existir causas e consequencias... o momento de agora não possui nenhum vínculo com o passado; nenhuma conexão. Ele é totalmente livre e não depende de nada que tenha acontecido antes. Todo momento presente é por si mesmo... é único, totalmente desprendido e solto de qualquer acontecimento. É a mente que fica tentando entender o momento presente -- o porquê de ele está ali... porque que ele é daquela maneira.... -- através de julgamentos e comparações com o que aconteceu no passado.

A Vida é totalmente desconexa; você não precisa ficar tentando entendê-la, do contrário você a perde.

A vida é sempre Aqui e Agora. É somente Aqui e Agora que você pode receber a salvação de Deus. Somente Aqui e Agora você pode ser um Iluminado. É somente Aqui e Agora que a Verdade, a Realidade existe. Assim, ponha a mente de lado... entregue-se e veja o que acontece.

domingo, julho 16, 2006

A Taça do Mundo é Nossa!!!




Há milênios que a raça humana se dedica às "taças do mundo", quese totalmente alheia ao "Tesouro Escondido no Campo", como se referiu Cristo ao Reino divino numa de suas parábolas. Para o mundo,sempre há uma "taça a ser conquistada": um emprego, uma pessoa, uma condição! Que simboliza uma "Copa do Mundo"? A idolatria! O culto à matéria e às suas supostas realizações! Países inteiros se programando! Deixando de lado, como resto, tudo o que possa atrapalhar uma participação efetiva na "conquista". Poucas vezes se pôde notar tanto empenho para que " horários fiquem reservados e disponíveis" para as "grandes partidas", onde "heróis" representam o patriotismo e os anseios populares de suas nações.

Taças do Mundo: sempre a raça se mostrou estando atrás de alguma! De que não é capaz um simples efeito hipnótico!



Quando esta mesma dedicação ou interesse se voltarem para a Verdade, para Deus e Seu Reino, sempre revelado como já estando presente; quando a idolatria fútil for substituída com idêntico ardor pela "adoração ao Pai em Espírito e Verdade", quando o chamado "patriotismo" for substituído pelo Universalismo, graças à percepção de que "nossa Pátria" é o UNIVERSO TODO SEM FRONTEIRAS, as "taças" ficarão todas relegadas a milésimo plano, e seremos realmente vencedores! Vencedores sem derrotados!

O erro não está em se ver ou deixar de ver jogos; nem está em se admirar ou deixar de admirar algum belíssimo "por do sol": o erro é sempre o básico: o interesse maior voltado para este ilusório mundo temporal e destituído de Deus! Uma ILUSÃO sem tamanho! Não foi à toa que Cristo disse: "O Reino é semelhante a um tesouro escondido no campo; quando alguém o encontra, vai, VENDE TUDO O QUE TEM, e compra aquele terreno." Mas, enquanto este "tesouro" não for buscado e descoberto interiormente pela raça toda, ela continuará externamente cantando e gritando pelas ruas de sua imaginação:
"A TAÇA DO MUNDO É NOSSA!"

*Nota: Esse texto é de autoria de Dárcio Dezolt

domingo, maio 07, 2006

DEUS...

O homem tem uma necessidade profunda de buscar um ser supremo; um ser que está acima de tudo; que criou todas as coisas. Em suma, o Ser que criou toda vida. Com isso, ele se sente mais seguro. Ele sente que está protegido contra infortúnios, entidades maléficas e, principalmente, se sente protegido do acontecimento mais temível para ele: a morte. A morte é o maior medo do homem, porque ele não sabe o que acontecerá com ele depois que ela vier a ocorrer. A morte é um evento certo, e o homem tem certeza de que um dia ela vai chegar, e isso aumenta ainda mais a necessidade dele de tentar evitá-la: acreditando em Deus. Não que Ele não exista. Sim, ele existe! Mas... será que realmente o homem precisa ir até Deus, com a intenção "Por favor, Deus, me proteja da morte!" ? O homem diz (não necessáriamente com palavras, diz com sua atitude): " Me guarde da morte, porque eu não tenho certeza do que acontece depois dela, e não sei o que será de mim." É desse jeito que ele se porta quando vai até Deus. No fundo, o homem está apenas sendo egoísta, tentando garantir que um ou mais interesses seu seja realizado. É diferente de quando você vai com amor até Deus: você vai incondicionalmente. É um achegamento a Deus totalmente desinteressado... e você não tem nada a que pedir; somente a agradecer.

Na verdade, quando você procura Deus com segundas intenções, sejam elas quais forem, o seu próprio interesse, o seu próprio egoísmo é uma barreira para você se achegar verdadeiramente a Ele. Deus não tem um ego. Não é ego. Deus nunca age em interesse próprio; Ele não precisa, pois pode ter tudo... Ele faz parte de tudo. Deus é um profundo amor... incondicional. Ele doa, sem interesses. Ele dá sem se preocupar se será retribuído. Ele serve a toda existência, com as mais variadas formas de vidas possíveis. Deus é infinito, imensurável. E Ele tem tanto... Assim, porque ele se preocuparia em receber? A lei do "dar e receber" é uma verdadeira extensão da natureza de Deus (e é por isso ela é uma das leis que regem o universo). Ele está constantemente doando, nos enchendo de graças, nos suprindo com sua infinita e poderosa presença. E Ele nunca pediu nada em troca, nem impôs a ninguém alguma condição para que Ele continuasse nos sustentando, nos abençoando com todos os tipos de graças e com sua infinita criatividade. Deus é o mais puro amor existente.

Por isso, se você tenta se achegar a Deus com a finalidade de garantir seus interesses - que estão por trás de tudo -, você mesmo criará a barreira que impede sua sintonização com Ele. O Estado interior que propicia o seu encontro com O Criador é um profundo sentimento de gratidão. É um ir até Deus com essa atitude interna: "Deus! Muito Obrigado por tudo o que o Senhor me propiciou! O Senhor me deu tanto... Eu tenho tanto, que só tenho o desejo de sentir gratidão a Ti. O que posso fazer para expressar tamanho amor Vosso, que sinto dentro de mim e em todas as demais coisas existentes?"... Quando você vai até Deus sem interesse algum, quando você vai com amor, com sentimento verdadeiro de dar incondicionalmente, você consegue sentir a presença de Deus; Você inevitavelmente capta Suas vibrações.

Deus é a fonte de onde o homem surgiu. Assim, mesmo que ele nunca tenha visto Deus, ele consegue reconhecê-lO, imediatamente, quando entra em sua presença. É uma presença muito familiar... daí o porque de todo homem ter a necessidade de querer estar sempre perto de seu Criador, do Criador da vida. É ali que ele se sente em casa... e é com Deus o verdadeiro lugar de todo ser humano. Por comparação: um animal nasceu a pouco tempo e por isso ele ainda não conheceu o que é a água - ele sequer sabe o que é isso. Mas, uma hora, ele inevitavelmente sentirá sede. Mesmo ele nunca tenha visto a água, se ele tem sede, ele pode ter a certeza de que a água existe. E na hora em que ele se deparar com ela, ele saberá que aquela é a coisa que matará a sua sede... E assim também é com o homem e Deus.

E quando você entra ne presença de Deus, você fatalmente reconhece que Ele é Sagrado, Supremo, Infinito... Ele é a Vida que permeia todo o Universo. Também é a Lei que permeia o Universo. Ele é a Verdade... é Luz, Sabedoria, Amor Absoluto. Você imediatamente reconhece que Deus é a Grande Vida. E que nada há além Dele. Deus cobre toda a realidade e, de tudo aquilo que há, nada há que não tenha sido criado por Deus. Ele é a sua casa, a sua morada. E sem ele você se sente perdido. Não há para onde correr dele, porque, aonde quer que você vá, Deus está lá. Deus atua por trás de todas as as pessoas e coisas existentes. Se essa parte de Deus que atua por trás de você se ausentar, se ela sumir, você simplesmente desaparece junto com ela. É essa parte de Deus que sustenta a sua existência; É Ele que sustenta toda a Existência.

Então, por que ter medo da morte? A pessoa que realmente compreende a natureza de Deus, automaticamente já sabe, também, que a morte não precisa ser temida. Você não precisa ir até Deus pedindo nada porque Ele já sabe de todas as suas necessidades. Ele está constantemente lhe dando tudo; doando para você com o Infinito Amor que Ele mesmo É.

E quando você alcança esse estado da verdadeira sintonização com Deus, você sabe que você está e sempre estará seguro... porque agora você está, como diz a Bíblia, "abrigado debaixo de Tuas asas". Você se encontra num sentimento profundo de gratidão; sente uma paz que está além da compreensão, uma liberdade ilimitada, uma segurança inabalável; você tem tanto, mas tanto... Isso que é a salvação de Deus. Quem consegue alcançar essa compreensão - que não decorre do intelecto, mas de algo que está além dele - se torna um iluminado (nas palavras de Buda) ou alcança a salvação (nas palavras de Cristo).

Na verdade todas as pessoas já estão salvas. Ou, como Buda disse: todas as pessoas já são iluminadas. Deus já dispôs Sua Salvação a todos os seres existentes. Tudo está disponível. Tudo o que o homem necessita fazer é se esforçar para alcançar essa compreensão e despertar para a Verdade.

Deus é o Amor incondicional. Por isso, se há alguém que acredita que Deus impõe condições para salvar o homem, esse alguém está duvidando do Amor de Deus. A salvação de Deus já foi dada a todas as pessoas. E ela está disponível agora. Ela não está relacionada com o futuro; ela não está no futuro, porque o futuro nunca chega. Tudo o que existe verdadeiramente é o agora. Passado e futuro são ilusões; ambos não existem. Se você escolher um deles para eliminar - ou o passado, ou o futuro - se você eliminar um deles, o outro cairá por contra própria. O passado não pode existir sem o futuro e vice-versa. Mas o presente é a realidade... ele não tem nenhum opositor. Assim como Deus, o tempo presente simplesmente É. Assim, aonde mais você poderá encontrar Deus e Sua salvação?

Quando você alcança a salvação, você entra no reino do céus. Quando você alcança o estado de iluminação, você entra no reino de Buda... Aqui, somente as palavras diferem... mas ambas as palavras - de Cristo e de Buda - apontam para a mesma verdade; para a mesma realidade. A salvação não é um evento que acontecerá com as pessoas. Ela é um estado de consciência alcançado pelo homem, uma vez que ele se sintonize com Deus; uma vez que ele volte para sua casa. Aqueles que conseguiram isso, alcançaram uma compreensão que não pode ser concebida pela mente e nem pelo intelecto; mas que só pode ser percebida através da experiência de estar em íntima comunhão com Deus, de estar sintonizado com Deus; de estar verdadeiramente ligado a Ele. É uma experiência muito subjetiva. E ninguém pode alcançá-la para você. É por isso que se diz que todo caminho espiritual é um caminho solitário. Somente você pode percorrê-lo. O que os outros podem fazer, no máximo, é apontar a direção. Mas conseguir alcançá-lo, só depende de você. Sua salvação só depende de você. Nem mesmo de Deus ela depende, porque ele já a tornou disponível para todas as pessoas. Assim, você é o único responsável.

Todas as religiões declaram ter a posse da Verdade. Todas elas alegam que, se você quiser chegar até Deus, você deve seguir "aquele" ensinamento específico; e isso é um erro. Porque Deus é a mais absoluta liberdade existente, ele é a própria liberdade, e jamais pode ser apriosionado por algum conceito, doutrina, religião, ensinamento, ou seja lá o que for. Ele não pode ser aprisionado por nada que esteja dentro de sua própria criação... ele transcende/está além de tudo. Como pode o quadro estar contido na figura que ele comporta? Isso jamais acontece. A moldura jamais poderá estar dentro da pintura do quadro; é a moldura que comporta a pintura e não o contrário. Por isso, tudo o que está dentro da criação de Deus - incluindo o homem e qualquer religião - não consegue ter a posse exclusiva de sua verdade. Ao contrário, todas as religiões podem expressar, na essência, a mesma realidade: a única realidade existente. Jesus e Buda caminharam na Terra em épocas diferentes, e seus ensinamentos são convergentes. Apenas as palavras mudam; o contexto permanece o mesmo. Ambos levaram uma vida em circunstâncias muito diferente do outro. Assim, a forma externa das religiões decorrente deles diferem. Mas siga os dois caminhos, que você verá que eles levam ao mesmo destino, ambos se encontram num único ponto: Deus. Para perceber isso, você deve se atentar para a essência, e não a forma externa dos ensinamentos.

Buda não foi um homem que nasceu, viveu e morreu. Buda é um estado de consciência desperta. O nome verdadeiro de Buda era Sidarta Gautama - esse sim nasceu e morreu. Ao longo da história, muitos homens se tornaram budas, como Sakyamuni. Qualquer homem pode se tornar um Buda, desde que alcance aquele estado de consciência - um estado de profunda unidade com toda a Vida existente, um estado de profunda conexão com Deus.
Cristo também nunca nasceu, viveu e morreu, porque Cristo é esse mesmo estado de conciência. Jesus e Gautama Sidarta se tornaram Cristo e Buda, respectivamente, quando eles despertaram para a mesma verdade. Buda nunca morreu; ele É. Cristo nunca morreu; ele É.
E o que aconteceu a Jesus e Gautama pode acontecer, também, com qualquer pessoa. Todos são filhos de Deus. Jesus se proclamou o Filho Unigênito de Deus porque ele foi o primeiro a despertar para essa verdade. Eis o porquê dEle dizer que veio como homem a este mundo para provar a todos os demais que eles poderiam fazer alcançar e fazer tudo o que ele fez/alcançou.
Ele realmente é o Filho Unigênito de Deus. E toda humanidade também é filha de Deus.

Assim como Jesus transcendeu o pecado, o homem também pode tranceder o pecado. Assim, como Buda trancendeu o carma, o homem também pode transcender o carma. É o mesmo ensinamento. Palavras diferentes... Aquele que conhecer e despertar para a verdade de Cristo e Buda, será libertado.

domingo, abril 09, 2006

Busca Espiritual...



A primeira coisa que deve ser compreendida por aqueles que buscam a espiritualidade é: se você tentar conquistar ou possuir a verdade, você falhará. Buscar a espiritualidade significa tentar alcançar alguma coisa a mais. E todo mundo sempre está em busca de alguma coisa a mais.
O que significa "buscar"?
Por que as pessoas estão "buscando"?
Você só pode buscar algo quando você está num estado de não satisfação. Você sente que alguma coisa está faltando, então você entra na busca, na esperança de poder satisfazer seus desejos e anseios. Você só pode buscar se você tiver desejos e anseios, do contrário a busca não tem sentido algum. Mas todo mundo está sempre buscando algo a mais. O ser humano está sempre buscando... Ele busca e, por mais anseios e desejos que ele consiga realizar, ele nunca está satisfeito; está sempre querendo mais... Ninguém está satisfeito, porque a verdadeira meta nunca foi alcançada. Você segue vários caminhos, passa por experiências diferentes, consegue muitas coisas ... mas um vazio ainda continua a existir dentro de você. E a meta é preencher esse vazio. E, uma vez que ele desapareça, a busca cessa, simultaneamente. Todo mundo sente a necessidade de preencher um espaço desconhecido dentro de si; eis o por quê da busca.
O ser humano precisa buscar; ele necessita disso. Ele não sabe o que perseguir para fazer preencher esse vazio interno. É aí que a espiritualidade entra. Ela não é algo como um objeto ou uma meta relacionada com o mundo das coisas. E é por isso que ela é algo a mais... por isso que ela é considerada mais importante; é por isso que todo mundo necessita de um suprimento espiritual: porque ninguém consegue nada apenas perseguindo a matéria, por mais que se tenha êxito.
Mas é preciso buscar corretamente. "Buscar", apenas, não é o suficiente. E isso é uma coisa muito sutil.
Qualquer busca que você faça "lá fora" será falha; você não conseguirá atingir seu objetivo. O lugar certo para se buscar é do lado de dentro. Você não é um mero corpo feito de carne e ossos, não é matéria, não é algo que nasce, vive e morre. O seu corpo morrerá um dia, porque ele nasceu. Pela lei, tudo o que nasce tem de morrer. A morte é oposição do nascimento. Vida e morte não estão relacionados, porque a morte está relacionada com o nascimento. A vida não tem opositores. Morte e nascimento existem; cima e baixo existem; bem e mau existem... mas a vida é simplesmente o que ela é. Logo, você não pode deixar de estar sempre vivo. Você continuará vivo mesmo depois de seu corpo ter morrido.
Você - o seu ser - não tem nada a ver com o mundo das coisas. Se você procurar atingir o seu objetivo ali, será inútil... o vazio não será preenchido; você apenas tampará a superfície, mas o buraco continuará lá. Tudo o que você terá é uma "aparência". O seu vazio é algo que não pertence à matéria... é algo mais profundo, sublime.
Siga o caminho interior. Primeiramente você necessitará buscá-lo. Seja lá o que for que você estiver buscando será útil, porque esse primeiro caminho o levará até a segunda etapa, que é a mais importante. O importante é conseguir chegar nela. Mas, para isso, aquilo em que você põe toda a sua busca não importa. Apenas continue buscando... e buscando... e buscando... Leia livros, ou vá a alguma igreja, ou vá a algum mestre, ou persista numa determinada prática... mas continue buscando. E uma hora você cairá dentro da segunda etapa: você terá cessado a sua busca. Quando você chega aqui, você percebe que a busca só era importante até você perceber/compreender (por sua própria experiência) que a busca não era necessária... nunca foi necessária.
O primeiro caminho não é o importante, porque uma hora você terá que desistir dele... ele nunca vai conseguir satisfazer você. Assim, uma hora você terá de cansar. E estará tão cansado que você haverá desistido. Mas isso só acontece depois que você buscou com todas as suas forças, de todo o seu coração. Aí você se entrega. E quando você faz isso toda busca cessa. Automaticamente, você passa do lado de fora para o lado de dentro... e você encontra exatamente aquilo que você sempre esteve procurando. Você estará totalmente preenchido, num verdadeiro encontro consigo mesmo.
Você estará num estado de tanta graça, que tudo o mais no mundo parecerá sem importância para você. Tudo o que brotará de ti é um imenso estado de gratidão, sem desejar mais nada. Nesse estado, ter ou não ter algo que você queria antes não faz a menor diferença. Você não desejará mais nada e, por incrível que pareça, paradoxalmente, tudo aquilo que você desejava começa a vir até você sem que haja esforço algum de sua parte. Todas as situações, coisas e pessoas... tudo dá certo para você. Isso é muito misterioso.
Assim, a primeira etapa do caminho não é ruim. Ela lhe conduzirá a um entendimento muito importante. Ou, se você for capaz de compreender exatamente a segunda etapa do caminho, você dará um grande salto e já começará no lugar correto.
Quando você compreende isso, fica mais fácil "buscar corretamente" e abandonar a busca.
Quando se trata da verdade, todo caminho é paradoxal. Tem de ser assim, do contrário, não seria a verdade.

"Então me invocareis e passareis a orar a mim e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de TODO O VOSSO CORAÇÃO. Serei achado de vós, diz o Senhor, e FAREI MUDAR A VOSSA SORTE." (Jr 29.11-14)

"Buscai primeiro o reino de Deus, e as outras coisas vos serão acrescentadas" (Mt. 6:33)