"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, maio 13, 2007

O MANÁ ESCONDIDO (Joel S. Goldsmith)

Joel S. Goldsmith


Nova dimensão nos pertence: não mais buscamos o mundo, mas habitamos o centro de nosso próprio ser, onde contemplamos a glória de Deus e aguardamos que o mundo venha a nós.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido.”(Apocalipse 2:17)

“Quem tem ouvidos”—aquele que tem ouvidos espirituais, que consegue ouvir o inaudível — permita-lhe que ouça. Permita-lhe ouvir o que diz o Espírito, não o que eu digo, não o que diz o livro, não o que você gostaria de dizer, mas o que diz o Espírito: “Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido”.

Toda a mensagem de O CAMINHO INFINITO se resume na expressão “maná escondido”. Maná escondido! Como isto é parecido com a frase de Jesus: “A minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá” – não saúde física ou riqueza material, um lar, um automóvel, não algo dado pelo mundo, mas a Minha paz! A Minha paz é algo que o mundo não reconheceria, mesmo estando cara a cara com ela; tampouco a perceberia, mesmo estando a experienciá-la. Minha paz! A paz que é sentida não por estar o corpo saudável, ou a carteira cheia de dinheiro; não por estar o lar feliz, próspero e jubiloso. Não, não, não! A Minha paz é uma paz sentida interiormente, alheia às condições externas, mas que acaba fazendo com que todas estas últimas se alterem.

Eis o mistério escondido. A paz, aquela que o mundo lhe dá, chega a você pelas circunstâncias e condições externas. Se dispuser de mais saúde ou riqueza, de uma casa mais ampla, de férias prolongadas, isso tudo poderá lhe sugerir um estado de paz que será temporário. O bem vindo de fora, e que hoje você desfruta, talvez amanhã venha a ser-lhe tomado. Mas a Minha paz é diferente. A Minha paz é uma atividade de recebimento e de fluxo que se dá em seu próprio âmago; assim, jamais depende de algo: é autogerada e autossustida. A Minha paz aflora de um manancial oculto internamente, trazendo com ela o bem que jamais o abandonará.

Em outras palavras, a paz conscientizada interiormente sempre estabelecerá a harmonia de seu mundo exterior. Este é o “maná escondido”; este é o alimento citado por Cristo, quando disse: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis”. Este é o alimento oculto, o alimento espiritual. Quando ele disse: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”, referia-se àquele pão espiritual, àquela substância e suprimento espirituais—não a alimentos ou circunstâncias exteriores.

O mundo está em busca de paz, harmonia, integridade e satisfação: mas, está buscando onde julga ser capaz de conseguir, ou seja, externamente, no mundo lá fora. Existe a possibilidade de se desfrutar paz, prosperidade e satisfação vindas de fora, enquanto durar aquela condição específica; entretanto, a satisfação obtida externamente geralmente é perdida, e a pessoa acaba quase sempre indo à cata de “brinquedos novos”.

A vida se transforma totalmente, tão logo você assimile firmemente a grandiosa Verdade de que “a palavra que sai da boca de Deus” é a substância da vida, e passar a compreender o sentido profundo das seguintes passagens da Bíblia:


- "Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis." (João 4:32)

- "Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva." (João 4:10.14.)

- "Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido." (Apocalipse 2:17.)


Tão logo passe a observar que o que é exterior e palpável é mero produto do que é invisível, você deixará de avaliar seu suprimento em função de quantas maçãs, pêssegos ou moedas é possuidor, mas sim em função de quantos contatos com Deus foram feitos.

Todo bem que porventura lhe surgir na vida será conseqüência da atividade da Verdade em sua consciência. Em outras palavras, se a sua consciência de amanhã for idêntica à de hoje, não fique na expectativa de que surgirão amanhã frutos diferentes daqueles que você possui hoje. Para o amanhã lhe trazer uma condição renovada é preciso que hoje, em sua consciência, alguma atividade diferente esteja acontecendo. Se pretende colher frutos espirituais em sua vida, terá de “deixar suas redes”, eliminando de si mesmo quaisquer galhos que o estejam prendendo àqueles já mortos. Você não entrará na presença de Deus levando junto os seus fardos. Não irá a Ele levando algum desejo de que Deus faça, seja, ou consiga alguma coisa para você... mas terá de purificar todos os seus anseios humanos, pela conscientização da Graça divina. Deverá abrir mão do passado e do futuro; deverá abandonar todo o desejo por alguma pessoa, lugar, coisa, circunstância ou condição, abandonar inclusive a espera pelo paraíso.

A presença de Deus está em seu interior, e precisa ser percebida conscientemente; mas, esta conscientização somente se realizará para aquele que estiver buscando Deus com este objetivo exclusivo e único: a busca de Deus em Si. Todo aquele que vinha buscando a Deus e perdeu o rumo, perdeu-o por ter buscado a Deus por algum outro motivo: por uma cura, por suprimento, por um lar, por felicidade, ou por outra coisa qualquer. Deus não pode ser alcançado dessa maneira. Deus pode ser alcançado somente de um modo: pela completa renúncia a tudo, excetuando o desejo único de se abrir à “Graça que é a sua suficiência”. Pense no que representa ter a Graça divina. Pense no que representa ter a paz do Cristo, a Minha paz que o Cristo lhe pode dar; não a paz do mundo, não a saúde ou o dinheiro, não a posição, lugar ou poder: unicamente a paz espiritual. Pense no significado de você somente desejar a Minha paz, a paz do Cristo, sem o mínimo pensamento sobre o que ela irá fazer ou conseguir para você!

Isto somente lhe ocorrerá à medida que conscientizar esta paz no interior de sua própria consciência. Abra mão de tudo, dizendo: “Não quero viver de pão, somente, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Assim, logo em seguida ocorrerá o “milagre”.

Ao se despojar das dependências materiais e humanas, palavras como “você”, “ele” ou “ela” tenderão a diminuir e quase sumir de seu vocabulário. Não ficará pensando mais com tanta freqüência sobre um “você”, um “ele” ou “ela” de quem, até então, vinha esperando tanto. A cada necessidade que surgir em sua vida, seu primeiro pensamento será voltar-se ao Cristo. Do Cristo, e através do Cristo, todo bem lhe haverá de chegar: não por algum “você”, “ele” ou “ela”, mas única e exclusivamente pelo Cristo.

É bem verdade que o Cristo aparecerá na forma de algum veículo humano. Talvez ocorra de seu bem lhe chegar através de mim, ou de meu bem me chegar através de você; entretanto, nem ele virá de você para mim, nem ele irá de mim para você. Jamais eu iria esperá-lo de você, nem você esperá-lo de mim. Eu contaria somente com o Cristo de meu próprio ser, e este Cristo apareceria como você. Por sua vez, também você iria esperar a mensagem da Verdade somente do Cristo de seu próprio ser, que poderia, hoje, estar-lhe vindo pela minha pessoa, e, amanhã, por alguma outra; mas, nesta ou naquela condição, continuaria sempre sendo o Cristo de seu próprio ser, revelando-Se a você.

Quanto menos personalizar seu bem e os canais pelos quais ele lhe chega, permitindo o aparecimento do Cristo na forma que se lhe fizer necessária a cada momento, mais comprovará esse mecanismo em sua vida. Tão logo passar a conscientizar o Cristo como a origem e a fonte de seu bem, contemplando-O continuamente, assim Ele Se manifestará.

Talvez, em algum momento, você fosse levado a pensar: “Será que mereço este bem? Serei digno dele? Terei a compreensão necessária para recebê-lo? Terei tempo necessário para estudar, ler e orar o necessário para obtê-lo?” Gostaria que soubesse o seguinte: o seu bem não depende de coisa alguma que você pudesse estar a fazer: ele é a pura atividade do Cristo em sua consciência, ao qual você se mantém aberto.

Nada pode paralisar a mão de Deus, nem mesmo seus supostos pecados de omissão ou comissão. Nada que faça ou que tenha deixado de fazer irá barrar o fluir divino. Este fluxo independe da quantidade de leitura espiritual que tenha feito, de idas à igreja, ou de estudo e meditação. Estes são apenas fatores auxiliares na abertura de sua consciência. E este é o único objetivo de todos eles. Deus não está jamais esperando sentado, até você se tornar bondoso ou espiritualizado, ou até terminar de ler centenas de páginas sobre a Verdade, ou meditar por determinado número de horas.

O Cristo é a realidade de seu ser agora. Ele está à espera, mas é você que deverá deixá-Lo entrar: primeiramente, exterminando a crença de que Ele seja algo externo ao seu ser; em segundo lugar, permitindo o Seu fluir, através da sua conscientização de sua onipresença.

Se você acreditar, por um segundo que seja, que seu bem depende de algo que possa humanamente fazer ou deixar de fazer, estará se excluindo do fluxo divino. Deus em Si está fluindo infinitamente, e a única barreira à totalidade de Sua expressão é proporcional à sua crença de que o bem divino é dependente daquilo que você faz ou deixa de fazer. Qualquer que seja a atividade espiritual de que faça parte, saiba que o objetivo dela não é o de receber o bem de Deus, mas o de ensiná-lo como abrir sua consciência ao Seu influxo.

Jamais creia que possa provocar ou impedir o fluir divino. Ele já está pleno e completo no interior de seu próprio ser, aguardando seu reconhecimento de sua plenitude no Cristo. Embora escarlates possam ser seus pecados, você é alvo como a neve. Apenas não recaia, não volte a pecar: não retorne à crença de um senso separatista de Deus, Não volte a buscar seu bem no exterior, pois, uma vez aprendido que o reino de Deus está em seu interior, e que deve permitir seu fluir de dentro para fora, se retornar à tentativa de novamente buscá-lo no exterior, isto lhe causará uma sensação de separatividade mais profunda ainda, nunca antes sentida. Não faça isso! Não retroceda! “Vai-te, e não peques mais.” Não retroceda para não se prejudicar, caso alguém não esteja agindo conforme sua expectativa, isto é, perdoando-o, dando-lhe cooperação ou reconhecendo as suas virtudes. Não retroceda àquilo! Solte-o! Conceda-lhe perdão! Deixe-o ir! Você está a sós com seu Deus. Você está a sós em seu Ser-divino.

Há períodos em que você se vê diante de alguma aparência de conflito, desarmonia, dor, escassez ou limitação: em tais casos, costuma ser tentado a fazer esforços mentais, empenhando-se em vigorosas mentalizações, afirmações e negações, na esperança de achar harmonia e paz. Inverta agora esse mecanismo! Sempre que surgir alguma aparência de discórdia, relaxe. Não faça o mínimo esforço mental! Lembre-se: o seu bem não lhe virá “pela força ou pelo poder, mas pelo suave Espírito”. O seu bem não lhe virá pelas suas lutas e esforços mentais, mas sim das profundezas do seu ser, na quietude, no silêncio e na confiança.

Você não tentará obter uma cura. Irá aquietar-se e deixar que venha a “pequenina voz suave”. Deixará que o Espírito desça sobre você. Fique descansado, exatamente agora, em meio a qualquer doença, carência, discórdia ou desarmonia que porventura o estiver perturbando. Repouse! Relaxe!

“Minha Graça é a tua suficiência... Eu nunca o deixarei nem o abandonarei.” Para que lutar como se necessitasse de se agarrar a Mim? Como se tivesse de buscar-Me? Ou de procurar-Me? Eu estou em seu próprio íntimo, “mais próximo que seu fôlego, mais perto que suas mãos e pés.”

Se você sabe dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais Eu, seu Pai celestial, não saberei fazê-lo? Não se esforce para consegui-las. Eu as darei a você.Eu lhe darei água. Não desça balde em poços à procura dela. Eu lhe darei água. Quanto a você, fique quieto, deixe que Eu o alimente... deixe que Eu sacie sua sede. Deixe que Eu, em seu âmago, seja a influência curadora. O Cristo curador.

Não tente fazer de sua mente ou pensamentos o Cristo curador. “Os meus pensamentos não são os teus pensamentos, nem os meus caminhos são os teus caminhos.” Por que não abre mão de seus pensamentos nem deixa de lado os seus caminhos? Deixe que os Meus pensamentos assumam o comando. Permaneça repousado dando ouvidos a Mim. – a pequenina Voz suave do centro de seu ser. Eu nunca o deixarei nem o abandonarei. Mesmo “no vale da sombra da morte”, Eu ali estarei. Você jamais conhecerá a morte; jamais morrerá. Por quê? Porque Eu lhe darei água viva que salta para a Vida eterna.

Assim, se permanecer ouvindo a Minha Voz suave, se em Meus braços eternos relaxar, se em Mim repousar, se deixar que Eu o alimente, mantenha e sustente cada palavra que de Minha boca proceder, jamais você morrerá.

Eu nunca conheci um justo a mendigar pão. Que é um justo? Aquele que repousa em unidade comigo. Relaxe, pois, na contemplação do Meu amor, de Minha presença. O Meu espírito está junto a você; a Minha presença segue à sua frente.

“Na casa do Pai há muitas moradas; vou preparar-vos lugar.” Por certo que vou. Sendo assim, deixe de se preocupar. Pare, pare, pare de temer; pare de duvidar. Pare de tanto insistir com declarações, afirmações e negações. Deixe ir tudo! Repouse em Mim, repouse em Meus braços. Eu, seu Pai celestial, sei que necessita destas coisas, e é do Meu agrado a você concedê-las—não querendo que você se esforce por elas; não querendo que dê “tratamentos espirituais” para consegui-las; mas, é do Meu agrado a você concedê-las, pela Graça. Não pela força, não pelo poder, mas por Meu Espírito. Tudo lhe é possível realizar através de Mim, o Cristo de seu próprio ser.

Deixe que o Cristo seja o canal pelo qual você é alimentado, vestido, abrigado, confortado, protegido, curado, sustentado e mantido. Sempre que surgir em seu horizonte alguma aparência de discórdia, relaxe mais, repouse mais, permaneça ainda mais em paz, certo da presença divina em seu interior. Confie em seu Eu, confie no Cristo do centro de seu próprio ser.

Creia na existência de uma Presença cuja função única é abençoá-lo, bendizê-lo e ser instrumento da Graça de Deus. Confie nEla. “Não deposite sua confiança em príncipes”—creia somente em Deus. Não viva mais de pão, ao menos não somente de pão, mas de toda palavra, de cada promessa bíblica, que deverá ser cumprida em você. “Para onde tu fores, irei também eu” ... Eu darei ao vencedor o maná escondido.”

Este “maná” está escondido dentro de você. O mundo não consegue vê-lo; o senso comum não consegue conhecê-lo; os seres humanos não conseguem compreendê-lo. Ele está escondido do mundo. Escondido onde? Nas profundezas de seu próprio ser!


Retire sua atenção de homens e mulheres do mundo. Retire sua fé e dependência a pessoas do mundo, das circunstâncias e condições do mundo; e, em sua lembrança, fique somente com este conhecimento: profundamente, em seu interior, existe alimento que o mundo desconhece; há mananciais de água e maná escondidos, tudo já incorporado interiormente ao seu próprio ser.