"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, novembro 30, 2008

Quem sou eu?

Ramana Maharshi

"Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.
Eu posso ver e sentir meu corpo,
E o que pode ser visto e sentido não é o verdadeiro Vidente.
Meu corpo pode estar cansado ou excitado,
Doente ou saudável, pesado ou leve,
mas isso nada tem a ver com meu Eu interior.
Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.

Eu tenho desejos, mas eu não sou meus desejos, eu posso conhecer meus desejos,
e o que pode ser conhecido não é o verdadeiro Conhecedor
Desejos vêm e vão, flutuando através de minha percepção,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho desejos, mas não sou desejos.

Eu tenho emoções, mas eu não sou minas emoções.
Eu posso sentir minhas emoções,
e o que pode ser sentido não é o verdadeiro Senciente.
As emoções passam através de mim,
mas elas não afetam meu Eu interior.
Eu tenho emoções, mas eu não sou emoções.

Eu tenho pensamentos, mas eu não sou meus pensamentos.
Eu posso conhecer e intuir meus pensamentos,
E o que pode ser conhecido não é o verdadeiro Conhecedor.
Pensamentos vêm a mim e pensamentos me deixam,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho pensamentos, mas não sou meus pensamentos.

Eu sou o que permanece, um centro puro de percepção,
uma testemunha impassível de todos esses
pensamentos, emoções, sentimentos e desejos."

quarta-feira, novembro 26, 2008

O sentido universal da palavra "Mim"

Dárcio Dezolt


“Aquele que, com firme fé, me cultua assim como me apreende em seu coração, sob a forma em que me pode apreender, este me é querido e santo. Mas, quem me compreende como o Eterno, o Anônimo, o Imanifesto, o Inconcebível, o Supremo, não limitado por forma alguma, o Infinito; quem me cultua deste modo, e, contudo, enxerga a minha presença em todos os seres e, praticando o bem, vive jubilosamente, esse acabará por se unir a MIM. Entretanto, árduo é este caminho para os que procuram encontrar o Imanifesto por meio de um amor afetivo; difícil é esse caminho para os que ainda vivem em corpo carnal. Mas, quem de coração puro se voltar a MIM e fizer em meu espírito tudo quanto faz; quem renunciar a si mesmo e, dia e noite, firmado em mim, me servir, esse será salvo por MIM do tempestuoso mar da existência desse inconstante mundo do nascer e do morrer, porque buscou refúgio em MIM.”

A quem são atribuídas as palavras acima? A Jesus Cristo? Não! São idênticas às dele! Por quê? Porque a Verdade é UNIVERSAL, eterna e atemporal. Todo Mestre, quando fala “EU SOU” ou “MIM”, sabe estar falando do UNO: DEUS, a Presença Infinita nele! As palavras acima foram ditas por Krishna, há mais de sete mil anos, e ficaram imortalizadas no livro BHAGAVAD GITA. Este livro era o livro sagrado de Gandhi.

Também em Isaías, 55:03, há o registro: “Inclinai os vossos ouvidos e “vinde a MIM”; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um concerto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências de Davi”.

A compreensão da "universalidade da Verdade", bem como da natureza impessoal das palavras “Eu Sou” e “Mim” constitui a base do “despertar espiritual”. Cada suposto “ser humano”, deixando de se indentificar com a “ilusão” do ego, para se entregar à Força Una que constitui a Essência de todos os seres, acaba por se descobrir “formando” e “sendo formado” pelo VERBO! Krishna, Buda, Jesus, Paulo, todos os iluminados, falam da “renúncia ao ego” como pré-requisito para esta percepção da nossa Identidade gloriosa!

Os ensinamentos são idênticos, em sua Essência! “Vir a MIM” é a Salvação! Que significado tem este chamado? Somos chamados, não a alguma pessoa de nome Krishna, Buda ou Jesus, mas ao “Eu Sou”, ao UNO! À Identidade pronta e perfeita, à própria Presença de Deus em nós, ao Cristo que constitui nossa real e eterna identidade.

Quanto antes você se desvincular dessa “crença” em eu-humano e em “salvadores pessoais”, para “vir a MIM”, mais rápido perceberá a veracidade das Revelações! E, saberá o motivo que levou Jesus a confirmar: “Sois deuses”. O UNO está expresso como TUDO e como TODOS! Quem estiver se dedicando a VÊ-LO desta forma, estará seguindo os ensinamentos iluminados! Por outro lado, se estiver vendo a si mesmo, e a todos os demais, como meros seres humanos, imperfeitos, em evolução, bons ou maus, ou seja, se estiver “julgando segundo as aparências”, estará apenas atuando como “mais um iludido”. Não terá conhecido Verdade alguma! Nem estará seguindo ensinamento iluminado algum!

O desconhecimento do sentido universal da palavra “mim” é a causa de tanta separatividade vista em nosso mundo religioso! “Ninguém vem ao Pai senão por MIM”, disse Jesus. Disse uma Verdade impessoal absoluta! Quem poderá ir ao UNICO, ao EU SOU INFINITO, a não ser por “MIM”? Pelo próprio Cristo que cada um é?

“Não terás outros deuses diante de MIM” (Êxodo 20:03)

“Cristo é tudo em todos”, diz Paulo em Colossenses 3-11. Por que esta revelação? Para que todos RENASÇAM como ele, e possam também repetir: “Já não sou eu quem vive, o Cristo vive em MIM” (Gálatas 2; 20). E em I João 5-10, lemos que “quem crê no Filho de Deus, EM SI MESMO tem o testemunho”.

ENTRE EM SILÊNCIO E CONTEMPLE ESTAS VERDADES:

“Eu venho ao Pai através de MIM, do Cristo que EU SOU! Eu e o Pai somos UM.”

Perceba, em VOCÊ MESMO, o testemunho desta Verdade.


segunda-feira, novembro 24, 2008

Renascimento espiritual

Dárcio Dezolt

A base do Renascimento espiritual está em entendermos que a Mente divina não pode estar coexistindo com a chamada mente humana. “Temos a Mente de Cristo”, afirma o apóstolo Paulo, para nos impulsionar diretamente e sem rodeios no sentido da Iluminação.

Para tanto, a “Prática do Silêncio” é de vital importância! Com ela, as revelações iluminadoras podem ser comprovadas dentro de nós, em nossa própria Consciência divina. É quando nos abrimos “à descida do Espírito Santo”.

Todo o processo se dá dentro de nós, numa atitude interna de comunhão plena com o Infinito onipresente, o Espírito divino, que ajudamos a formar com a participação de nossa individualidade, tal como uma gota de água forma o oceano. O Universo é um Corpo único, perfeito sempre, e imutável. “Tudo está feito”, revela o livro do Apocalipse.

Em nosso estudo, passamos a dar atenção ao Poder de Deus, desconsiderando por completo os chamados “poderes humanos”. Isto porque desprezamos, de início, a dualidade “Mente divina e mente humana”. Já havíamos dito anteriormente: não são mentes que coexistem, pois somente Deus é Mente real ou verdadeira.

No livro 2 Crônicas 20, há uma passagem que bem ilustra este princípio da ação única ser a de Deus. O rei Josafá e seu país estavam sendo ameaçados de ataque por vários exércitos. Josafá disse ao povo que todos deveriam se volver a Deus em busca de proteção. Jaaziel, alguém do grupo, acabou por receber de Deus, através de um anjo, a seguinte mensagem:

“Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus… Neste encontro não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados, e vede o salvamento que o Senhor vos dará, ó Judá e Jerusalém. Não temais nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor é convosco.”

Conta a Bíblia que Josafá se manteve confiante com esta mensagem divina. Quando ele e seu povo chegaram ao campo de batalha, já não havia mais lá nenhum inimigo.

Que significa esta passagem? O anjo e sua mensagem simbolizam a Ação inspiradora da Mente divina, ordenando o silenciar completo da mente humana. Como foi a proteção de Deus? Aqui está o segredo! A anulação da mente humana anula os quadros ilusórios, de bem ou de mal, que ela nos mostra como sendo um “mundo”. Assim como os inimigos de um sonho desaparecem com o despertar do sonhador, os problemas deste mundo também desaparecem pelo Renascimento espiritual, ou seja, pela percepção de que não temos “mente humana”, mas que somos Mente divina!

Não existe evolução! Este processo de melhoria paulatina do ser humano é outro engodo forjado pela ilusória “mente carnal”. A cada reconhecimento radical que formos fazendo desta Verdade, estaremos nos identificando com Deus e com o “TUDO ESTÁ FEITO”, ou seja, com o Universo perfeito, iluminado e imutável da Realidade divina. E, mais importante ainda, estaremos nos identificando com a nossa real identidade eterna, que jamais nasce, envelhece ou morre. O Renascimento espiritual é, em última análise, “vencer o mundo”, vê-lo pelo que ele de fato é: simples MIRAGEM! Pura ILUSÃO!

O Budismo também traz esta revelação da natureza ilusória deste “mundo material”. Sakyamuni, após ter tido esta revelação, pregou a Verdade durante 45 anos de sua vida. Ensinou o enfoque absoluto de que “nada é o que parece ser”, o que, na linguagem de Cristo, corresponde ao “tendes olhos, mas não vedes”.

Conta-se que seus discípulos diretos, diante da impressionante revelação de que “este mundo” é maya, uma ilusão da mente humana, acabaram por deixá-lo. Também Cristo, quando disse que “o reino não seria deste mundo”, foi abandonado por muitos de seus seguidores. Por absurdo que possa parecer, a verdade é que “este mundo” é ilusório! Paulo encontrou a mesma dificuldade em pregar a Verdade absoluta, chegando a dizer que “as coisas de Deus são loucuras para os homens”.

Quando nos detemos nas Revelações, endossamos fatos espirituais eternos! “Tudo está feito!” O tempo não existe! A ciência atual também vem descobrindo este fato espiritual da inexistência do tempo.

Estes pontos revelados precisam ficar muito bem estabelecidos dentro de nós, para que, durante as contemplações da Realidade, ou “Prática do Silêncio”, possamos, de fato, reconhecer o real como real e o nada como o nada.

Fechemos os olhos! Aceitemos que inexiste o tempo! E que “tudo está feito”. Contemplemos, com o “olho espiritual”, a Realidade harmônica onipresente! Consideremos o fato de que somos a Mente idêntica à de Buda, Cristo, Isaías, Moisés, e a de todos os iluminados! A Mente Divina é ÚNICA! Ela discerne espiritualmente as coisas verdadeiras, perfeitas e eternas! Deixemos de aceitar as imagens “deste mundo” como sendo reais! Não são! Não passam de puras miragens! Eis a natureza de todas elas, tanto das boas quanto das más! Lembremo-nos de Josafá! Ouviu que “a peleja era de Deus”, confiou, aquietou-se, e seus inimigos sumiram! Vale comentar aqui o seguinte: o sentido dessa passagem é o de que Deus é a ÚNICA Presença e o ÚNICO Poder! Deixar com Deus a “peleja” não significa que Ele lutará contra o mal por nós! DEUS É TUDO! O sentido, portanto, é o de não mostrarmos “resistência” aos quadros “deste mundo”, considerando-os ilusórios e sem presença ou poder, assim como lidaríamos com uma miragem de lago no deserto. Assim, a “peleja” será de Deus, ou seja, “aguardaremos a Salvação vinda do Senhor”, o que, de fato, significa que a Verdade da Sua Totalidade foi por nós reconhecida!

Do exposto, podemos concluir que este estudo é fácil e sem esforço, mas requer dedicação constante! ´Trata-se do “orai e vigiai sem cessar”, registrado na Bíblia.

Nosso ponto de partida: Deus é Tudo! Nosso ponto de chegada: Deus é Tudo! “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim”…"Tudo está feito"! Com a “mente humana”, este Renascimento não se daria nunca! Ela é ilusória! Assim, assumindo que “somos a Consciência iluminada”, considerando que as aparências “deste mundo” são simples miragens, poderemos “aguardar o salvamento”, ou seja, a “descida do Espírito Santo”, a percepção da Realidade perfeita, infinita, atemporal e onipresente! E única!

Esta dedicação constante à “Prática do Silêncio” nos fará permanecer no “caminho estreito” da invisibilidade, porque, como disse Cristo, “é espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela”.

“ENTRAI PELA PORTA ESTREITA!”
(Mateus 7:13)

sábado, novembro 22, 2008

Perdoe

UNIDADE

"O ESPÍRITO DE CRISTO, EM MIM, INDUZ-ME A COMPREENDER
E PERDOAR, LIVRE E COMPLETAMENTE"


Hoje me detenho nas palavras de Jesus na cruz: "Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem". Tomo-as para inspirar minha prece de hoje; para cultivar uma mente compreensiva; um coração amoroso e perdoador. Se não começo agora, com os pequenos desentendimentos e antipatias de cada dia, como chegarei a essa grandiosa atitude nas provas maiores?

Em primeiro lugar, o Espírito de Cristo, em mim, nem chega a ofender-se e, por isso, não tem o que perdoar. Ele compreende a condição humana atual de ignorância e condicionamentos, de crenças equivocadas, etc., e nos aceita como somos, estimulando-nos à libertação desse estado, com Seu amor e sabedoria. Se Lhe buscamos a sintonia em preces, poderemos superar a tendência ao ressentimento e visão errada das coisas, de nossa parte humana.

De hoje em diante, proclamo minha herança divina e permito que a minha natureza crística derrame em mim a compreensão e ânimo perdoador! Ela pode investir-me, aos poucos, em minha real natureza, amorosa e serena, que suscita a concórdia.

quinta-feira, novembro 20, 2008

O preço da glória

Lílian DeWaters


Abra agora o seu coração à Luz do Eterno – em vez de trabalhar para aperfeiçoar uma mentalidade individual, que, finalmente, terá de ser consumida pelo alvo fogo da Iluminação espiritual.

O Coração sempre simbolizou o Centro do Ser. Lao-Tsé, filósofo chinês de grande Luz, aponta com aptidão a IDENTIFICAÇÃO VERDADEIRA, no seguinte versículo de O Livro da Vida:

"É desnecessário correr externamente
Para melhor observar,
Ou olhar de uma janela. Melhor é permanecer
No Centro de seu ser, pois, quanto mais o abandona, menos você aprende.
Busque o Coração e observe,
Sábio é quem assume:
O Caminho da realização é ser."


Bem-aventurados são aqueles que voluntaria e jubilosamente abandonam os caminhos mentais científicos para buscarem a Deus unicamente com seus Corações.

“Vós me buscareis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.”Jeremias 29: 13.

Podemos aprender Realidades espirituais e receber Luz divina, ou com AQUELES que receberam Conhecimento através de Iluminação Divina, ou através de direta Iluminação, ou seja, por Auto-Revelação.

A Auto-Revelação estará presente, e permanecerá conosco, quando A aceitarmos como nossa única Luz e Caminho. Suponhamos que alguém anseie por se livrar da dor: como irá proceder? Deixando-a de lado; nada fazendo com ela. Voltando-se a Deus, ao Eu de seu próprio ser, à Mente e à sua própria Existência; voltando-se ao Ser em que inexiste qualquer dor, deixando que a atenção seja completamente absorvida por seu Eu Puro e Sagrado. Desse modo, a dor desaparecerá, tão certamente quanto se torna impossível haver treva na presença da luz.

Suponha ser seu desejo o de se livrar de um sofrimento. Identifique-se como o Eu que é agora Perfeição – o Eu que é Integralidade e Harmonia perenes – assim como o sol é sempre a luz do mundo inteiro.

O EU É NOSSO CORPO. Aceitando prontamente este Eu Perfeito, num amor e devoção todo-absorventes – não haverá nenhuma sensação de sofrimento ou aflição. Você estará no lugar em que se cumpre a promessa: “Nada vos fará dano”. Lucas 10; 19.

Questões relativas à cura, demonstração, ou tratamento, perdurarão euquanto permanecer a idéia de que exista um pensador individual separado. Tal pensador individual irá persistir, inclusive com a sensação de discórdia, limitação e desarmonia, até que finde esta FALSA IDENTIFICAÇÃO. De nenhum outro modo Deus Se tornará uma Presença vital e vibrante em nossas vidas.

Em primeiro lugar, abstraia-se das aparências. Não se esforce para curá-las, dominá-las ou destruí-las, tampouco se esforce para delas discordar silenciosamente. Os esforços do “eu pessoal” são cegueira e restrição.

Dirija o Coração, a Alma e a Existência rumo à aceitação da VERDADE EM SI, no Reino do Real. Faça, assim, sua identificação unicamente com o Real.

Como um indivíduo, ou uma expressão, ninguém pode conhecer Liberdade, Paz, Perfeição, Integralidade. Uma coisa, apenas, é de valor, uma coisa superior a ganhar o mundo inteiro: ENTRAR NA REALIDADE IDENTIFICADO COMO O PRÓPRIO EU.

Pai, obrigado. Rejubilo-me em ver que o Infinito me inclui; que o Infinito é a TOTALIDADE de mim; que EU SOU O INFINITO.

Esta percepção, longe de ser presunção, é Suave e Poderosa. O que parecia ser pessoal é descoberto imerso no UNO. É este o PREÇO DA GLÓRIA, exigido de todos nós.

Abra o Coração e a Alma agora para a Luz do Eterno. Varra toda intenção de criar, e você mesmo, um paraíso; somente falha e fracasso estariam à sua espera.

“Vede, irmãos, que não haja em algum de vós um coração corrompido pela incredulidade, que o aparte do Deus vivo.” Hebreus 3.12.

"Para os puros, todas as coisas são puras; para os impuros e infiéis, nada é puro, mas estão contaminados o seu espírito e a sua consciência. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras.” Tito 1, 15,16.


Em nossa experiência em Revelação Divina, perdemos consciência de corpo e mente pessoais. Temos Êxtase, Bênção, Paz e Glória desconhecidos e indescritíveis àqueles que lhes estão dessintonizados. Esta Realização do Eu Real é Liberdade espontânea, possível agora a todos os que se dispuserem a pagar O PREÇO DA GLÓRIA.

Acima e além do físico, está o mental. Acima e além do mental, está o Divino e Espiritual. Identifique-se agora como o Eu Real! Conheça-se!

O Caminho é UM. Nós somos o Caminho. Debruce seu Coração na Realidade!

Enquanto alguém se identificar como CONSCIÊNCIA PESSOAL, não chegará ao ultimato das coisas! Citemos, de “A Conquista da Ilusão”:

Somente a Intuição serve de meio para conhecimento, a Intuição sendo encarada como a experiência da Realidade em nosso Ser. Somente quando abandonamos as armadilhas do mundo da relatividade, podemos penetrar no mundo do Real, e, então, experienciar a Realidade, que não dá respostas a errôneas indagações, mas que as deixa de lado, dando-nos uma percepção da Verdade viva, na luz em que as próprias perguntas se tornam absurdas. Busquemos pela Realidade, que sozinha satisfaz.

Abrindo mão dos caminhos materiais, e dos caminhos mentais, naturalmente chegamos à experiência do que é Real e Eterno. Fique, agora, desejoso de pagar o PREÇO DA GLÓRIA.

domingo, novembro 16, 2008

O último inimigo

Joel S. Goldsmith


Todos demonstram interesse pelo assunto da imortalidade - imortalidade aqui e agora, neste corpo, e não imortalidade a ser alcançada após a morte. É neste próprio corpo que podemos experienciar a imortalidade, neste próprio corpo que ora utilizamos como instrumento. Não iremos perder nosso corpo, mas perderemos o conceito falso que dele fazíamos, pela conscientização de sua natureza verdadeira.

Com a perda das noções errôneas de doença, acidente e velhice, e com a conscientização do corpo perfeito, não ocorre a perda do corpo; ocorre, simplesmente, a perda do falso conceito do corpo. Em nossa meditação diária, vamos assim conscientizar a imortalidade, aqui e agora - a imortalidade deste corpo e deste universo -, para que possamos descartar todas as crenças falsas que o mundo retém em relação ao corpo e ao universo.

"Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte". Para muitos, isto pode parecer bastante desencorajador. Mas, de uma coisa podemos ter certeza: seja ou não este, o último inimigo a ser aniquilado, ele não será vencido enquanto nós não começarmos a vencê-lo, enquanto nós não tomarmos alguma atitude quanto a ele. Passar de ano em ano somente repetindo: "Bem , a morte será o último inimigo a ser vencido", não irá fazer com que ela seja adiada. Se desejarmos adiar a morte, e finalmente vencê-la, teremos de começar agora mesmo.

Que é a morte? A morte parece ser uma parada momentânea da consciência. Porém, a consciência não pode permanecer ou estar em estado inconsciente. De fato, a consciência jamais pode se tornar inconsciente. O que chamamos de morte não passa de um lapso aparente de profunda inconsciência, do qual nos tornamos conscientes novamente, de modo similar ao que ocorre quando dormimos.


O Corpo Expressa a
Atividade Da Consciência


O passo inicial para vencermos a morte está na conscientização de que o corpo não possui qualquer inteligência pela qual possa viver ou morrer. O corpo não tem inteligência para apanhar um resfriado, e para conseguirmos um resfriado para ele, teremos de permitir a atividade da mente carnal aceitando as crenças do pensamento humano; e teremos de agir de igual forma, para contrairmos para o corpo qualquer outro tipo de doença. A doença humana nunca é contraída pelo corpo nem através dele. O corpo não possui inteligência: ele não pode se mover; é inerte; e, como uma sombra, reflete o nosso próprio estado de consciência. Toda doença, portanto, que aparenta ser do corpo, é contraída através da atividade da mente humana, pela sua aceitação das crenças universais. O primeiro ponto, nesse caso, para que a morte seja vencida, está em se superar a crença de que o corpo possui, de si próprio, capacidade de viver ou morrer, e conscientizar que o corpo tem somente a capacidade de refletir ou expressar a atividade de nosso próprio estado de consciência.

Quando nós aceitamos, na consciência, o pensamento ou crença de morte, é que o corpo sucumbe a ela. Tem sido dito, várias e várias vezes, tanto por metafísicos como por médicos, que as pessoas morrem somente quando dão o seu consentimento. De uma maneira ou outra, isso é verdadeiro. Consciente ou inconscientemente, é dado o consentimento para que ocorra a morte. Se você compreender este ponto de modo suficientemente claro, não apenas poderá adiar, e provavelmente dominar a morte, mas ainda ficará de posse de uma verdade que lhe possibilitará dar atendimento aos chamados referentes a doenças e senilidade.

O fato de um indivíduo, no caminho espiritual, experienciar a morte ou "passagem", não significa, necessariamente, que ele tenha morrido. Por favor, lembrem-se do seguinte: o que estou lhes dizendo não é produto de minhas suposições, nem algo que tenha lido em algum livro; tudo que tenho dito vem de experiência real em revelações interiores.


Progresso ou Retrocesso

Quando as pessoas na corrida normal da vida morrem, ocorre apenas momentâneo lapso de consciência, do qual elas despertam praticamente nesse mesmo grau de mortalidade ou sentido material. Não se tornam mais avançadas ou mais espiritualizadas por causa da "passagem"; sua materialidade não se converte em espiritualidade. Talvez possam se livrar de uma dor imediata, ou de uma doença imediata, mas tal libertação se assemelha à trazida pela medicina. A ajuda médica poderia livrá-las da dor ou da doença, mas nunca as faria avançar espiritualmente. Do mesmo modo, mesmo que o fenômeno da morte possa aliviá-las de alguma doença ou calamidade, isso não alterará o nível de consciência delas; e irão permanecer no mesmo nível material ou mortal, e com a mesma oportunidade de, em dado momento, avançar no caminho espiritual ou retroceder. A escolha é delas, tanto aqui como no depois. Isso tudo, naturalmente, se aplica àqueles que no nível comum da existência humana morrem por acidente, doença ou pela comumente chamada "morte natural"

Os que deixam este plano de existência enquanto estão nas baixas esferas da vida, ou seja, como um alcoólatra, um viciado em drogas, um criminoso ou qualquer outro estado grosseiro da materialidade, irão permanecer no mesmo nível após a sua "passagem". A materialidade deles se tornará ainda mais densa, embora em alguma época, despertando para a verdadeira identidade, possam mudar o curso e iniciar a ascensão espiritual.

O estudante de religião ou metafísica, que experiencia a morte ou "passagem" quando em ascensão espiritual, enquanto se eleva em sua trajetória, não somente desperta bem avançado no caminho, mas, em muitos casos, se for ampla a sua proximidade com relação à verdade espiritual, sua "transição" poderá significar uma libertação completa da experiência física ou mortal. É esta a libertação contida na mente dos seguidores de certas religiões ocidentais que, ao lado de seus ensinamentos sobre a reencarnação, fazem referência ao estado que almejam atingir para se livrarem de voltar à terra. Em outras palavras, alguns indivíduos atingem tal nível de consciência espiritual, que têm pleno conhecimento de sua verdadeira identidade, e de que o chamado corpo físico não constitui o ser e não possui inteligência por si mesmo, mas é um veículo ou instrumento pelo qual eles aparecem como forma. A estes, a experiência da "passagem" pode encerrar o envolvimento com a consciência de sentido mortal ou material, fazendo com que eles passem à plenitude do viver espiritual.


Vencendo o Mundo

Temos a oportunidade de dominar a morte por completo, no sentido de permanecermos aqui na terra em nossa forma presente e nas contínuas e progressivas aparências que esta forma venha a assumir. Não sei se isso vem sendo feito ou não, mas há esta oportunidade. Contudo, o ponto importante não é este. Se iremos aqui permanecer por duzentos ou por dois mil anos, não tem maior importância do que se viajarmos para Nova York, para a Califórnia ou Europa. Não tem importância alguma o lugar em que iremos viver. O importante é como vivemos e porque vivemos. O ponto importante é em que nível de consciência estamos vivendo. Estamos vivendo de forma tal que, seja qual for o local ou plano de existência, dominamos os obstáculos da mortalidade e da materialidade?

Uma das últimas declarações de Jesus foi a seguinte: "Eu venci o mundo". Mas era ainda Jesus que estava dizendo aquilo, enquanto estava no mesmo corpo. "Eu venci o mundo". Também nós "vencemos o mundo", à medida de nossa conscientização:

"Este corpo não é um poder sobre mim. Eu sou a vida, a mente, a inteligência e o poder que governam este corpo. Não eu, um ser humano, mas Eu, a divina consciência do Ser, dirijo este corpo, este negócio, este lar, este ensinamento e este algo mais dentro da faixa da minha consciência."

O grau de nossa conscientização de que esta Consciência nos governa é o grau com que "vencemos o mundo". E poderemos caminhar sobre as águas, caminhar entre os micróbios, caminhar entre campos de batalha ou catástrofes, sem que nenhuma dessas condições tenha grande efeito ou poder sobre nós, pois, dentro de cada um de nós, estou Eu, e Eu sou o poder que rege toda a nossa experiência. Onde quer que estejamos, seja qual for a condição ao nosso redor, iremos nos achar diariamente alimentados, vestidos e abrigados. Se preciso for, encontraremos o maná caindo do céu; se preciso for, acharemos ouro na boca de um peixe; se preciso for, veremos pães e peixes serem multiplicados. De uma forma ou outra, seremos supridos diariamente com tudo o que se fizer necessário, seja na forma de pessoa, lugar, coisa, circunstância ou condição. Mas esta nossa experiência ocorrerá somente quando vencermos o mundo.

O processo para vencer o mundo tem início com a nossa compreensão da unidade, da nossa união com Deus, com a nossa conscientização de que "eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma", tudo que está fluindo através de mim é a vida, a saúde e a plenitude, que Deus é.

"Isto disse o Senhor: Não se glorie o sábio no seu saber, nem se glorie a fonte na sua força, nem se glorie o rico nas suas riquezas; porém, aquele que se gloria, glorie-se em Me conhecer, e em saber que Eu sou o Senhor que exerce a misericórdia, a egoidade e a justiça sobre a terra". (MALAQUIAS 9: 23,24)

No momento em que começamos a perceber que tudo que temos é do Pai, que é universal, impessoal, imparcial e, portanto, que não temos direitos nem patentes, estaremos abrindo nossa consciência ao fluxo; e, é quando aquele governo se responsabiliza por nosso corpo, nossos negócios, nosso lar, onde quer que estejamos.


Ressurreição e Ascensão

Na consciência de Deus não existe morte. Deus não pode morrer. Deus é vida eterna e a Consciência infinita não pode morrer ou ficar inconsciente. Deus, a divina Consciência, está sempre Se expandindo, Se revelando, manifestando e expressando ininterruptamente a Si mesmo como consciência individual. Deus é a sua consciência individual e esta consciência não pode morrer. Se Deus pudesse morrer, ou ficar inconsciente, então, e somente então, poderia você morrer. Como Deus é a vida individual, poderia esta vida morrer? Poderia esta vida, que aparece como sua forma ou corpo, desaparecer da terra? Não; pode somente sair do campo de visão da mortalidade, através do processo da "Ascensão".

Quando nós, por nós mesmos, elevamos a nossa consciência acima da crença de que a vida está no corpo, e que o corpo controla a vida, experienciamos a ressurreição; obtemos a convicção de Jesus, ao dizer: "Derrubai este templo, e em três dias o levantarei" (corpo). Quando estamos imbuídos da compreensão de que a divina Consciência, que é a consciência individual, governa e controla nosso corpo, e quando percebemos individualmente a verdade de que a nossa própria consciência é o poder da ressurreição, de reconstrução, temos a nossa experiência da ressurreição. E então, virá a ascensão.

A ascensão vem da conscientização de que Deus está revelando a Si próprio como o nosso ser individual, e como o Espírito deve aparecer ou Se manifestar como forma, então este corpo é tão espiritual, imortal e eterno quanto a Espírito-substância com que é formado. Com a luz dessa conscientização, virá a nossa ascensão.

Existe um significado espiritual trazido a nós pelo nascimento, crucifixão e ascensão do Mestre: se existe uma progressiva expansão da consciência, até que o nascimento e a crucifixão se cumpram em nós e tenhamos atingido a ascensão, não mais no corpo, mas como uma lei sobre o corpo, nunca mais teremos de retornar àquelas experiências. A ascensão é o estado de consciência que sabe que o corpo não controla a vida, mas que a vida, sim, controla o corpo. O Mestre provou ter atingido este estado de consciência quando, referindo-se à sua vida, disse: "Eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la", e disse também: "Derrubai este templo (corpo), e em três dias o levantarei"; ou, em outras palavras, "Eu, Consciência, controlo este corpo". A Consciência controla o corpo pelo deixar que a Consciência do 'Eu Sou' forme, de Si mesma, as maravilhas e belezas que nós denominamos aqui e agora.

quinta-feira, novembro 13, 2008

O Evangelho de João, capítulo 17


Jesus ora a Deus por si mesmo e por seus discípulos:


1. Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti;

2. Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.

3. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

4. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.

5. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.

6. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra.

7. Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti;

8. Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste.

9. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.

10. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado.

11. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.

12. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.

13. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.

14. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.

15. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.

16. Não são do mundo, como eu do mundo não sou.

17. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.

18. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

19. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.

20. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim;

21. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

22. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.

23. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.

24. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.

25. Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim.

26. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.

quarta-feira, novembro 12, 2008

O amor não busca o próprio interesse


O amor não anseia por retorno ou recompensa; assim, se algo que porventura você faça contiver qualquer desejo de recompensa, reconhecimento, gratidão, aquilo se torna um trato, nunca amor.

Quando duas pessoas dizem se amar e assumem atitude do tipo: “Você fará isto, enquanto eu farei aquilo”, saibamos que isso não é amor. É um acordo. Amor é o que uma pessoa sente e executa sem o mínimo sinal de expectativa ou desejo de recompensa.

A melhor forma de ilustrar isso está em pensar no que fazemos por nossos filhos. Certamente não teríamos a intenção de fazer algo por eles na esperança de receber gratidão. Não. Faríamos por aquilo ser nossa função como pais.

Se você conseguir expandir a mesma atitude com relação a todos, poderá eliminar de seus relacionamentos humanos todo tipo de discórdia. Os conflitos não surgem exatamente por você aguardar algum retorno decorrente do que tenha feito? Ficando nessa expectativa, estará violando a lei espiritual.

Tudo que deve lhe chegar na vida, deve provir de Deus e não de homens — tudo. Deve ser, para você, privilégio e alegria fazer todo o trabalho que lhe for dado com o máximo de sua capacidade, não por recompensa, reconhecimento, gratidão, mas porque ele deve ser feito, e a única forma de você se realizar será fazendo-o dando o máximo de si.

Sua recompensa, sua compensação e a harmonia de sua vida devem vir de Deus, não de homens. Assim, se alguém retiver gratidão, reconhecimento ou recompensa, estará prejudicando a si mesmo, e não a você. A gratidão é um dos maiores atributos do amor, e uma pessoa que não estiver repleta de gratidão estará vazia de amor, que, na verdade, significa estar vazia de Deus. Uma pessoa que não é grata, que não colabora, que não compartilha nada, nunca está prejudicando a outra pessoa. Estará prejudicando somente a si própria.

No meu entender, tudo que fazemos deve ser feito pela realização de Deus como nosso próprio ser. Um funcionário que se dirigir ao local de trabalho, esquecido de patrão, esquecido do valor do salário, executando tudo com o máximo de sua habilidade, logo estará sendo considerado indispensável, e terá sua recompensa. Se ela não lhe chegar naquele emprego, virá em algum outro, porque caso o empregador atual não esteja apto para a notar este seu talento e bom desempenho, outro surgirá para fazê-lo, e acabará por contratá-lo. O ponto principal é que ninguém deve, jamais, trabalhar meramente com a expectativa de ser recompensado, pois sua recompensa poderá vir de outra direção.

O mesmo é válido nos lares: ninguém deve fazer as coisas somente por reconhecimento ou gratidão, mas por aquilo ser o que lhe cabe fazer, e deverá ser feito ao máximo de sua capacidade, na certeza de que a recompensa e reconhecimento vêm de Deus e não de homens.

Relacionamentos harmoniosos podem ser mantidos somente nessa base. Se você investir em cada relacionamento o que lhe é devido, a harmonia é obrigada a vir acrescentada.

sábado, novembro 08, 2008

O propósito de passar pela dualidade (fim)


A experiência humana é tão variada quanto intensa. Quando você vive uma vida humana, está temporariamente imerso em um irresistível campo de sensações físicas, pensamentos e sentimentos. Devido à dualidade inerente a este campo, há grande contraste e intensidade em suas experiências – muito maiores do que quando você está nos planos astrais, como vocês o chamam. (Estes são os planos nos quais vocês entram depois que morrem e onde permanecem entre uma e outra vida). Deve ser difícil para você imaginar isto, mas muitas entidades do plano astral adorariam estar no seu lugar. Elas adorariam ser um humano, ganhar experiência humana. A experiência humana possui um tipo de realidade cujo valor é inestimável para elas. Embora elas possam criar incontáveis realidades com o poder da sua imaginação, isto lhes dá menos satisfação que a criação de uma realidade “real” na Terra.

Na Terra, o processo de criação freqüentemente é uma luta. Você geralmente encontra muita resistência para realizar os seus sonhos. O tipo de criação mental no mundo astral é muito mais fácil. Não existe um intervalo de tempo entre pensar em algo e a criação real disso. Além disso, você pode criar qualquer realidade que quiser ou na qual puder pensar. Não há limites. No momento em que você imagina um lindo jardim, ele já está aí para que você entre nele.

Fazer nascer uma idéia na Terra e torná-la realidade no mundo material é um grande esforço. Exige uma forte intenção, perseverança, clareza mental e um coração confiante. Na Terra, você tem que lidar com a lentidão e a obstinação do mundo material. Você tem que lidar com seus próprios impulsos contraditórios, com as dúvidas, o desespero, a falta de conhecimento, a perda da confiança, etc. O processo de criação pode ser obstruído ou até falhar por causa de qualquer um destes elementos. No entanto, são estes problemas potenciais, e até mesmo os fracassos, que fazem com que a experiência de vida terrestre seja tão valiosa. Neste processo, os desafios que você encontra são seus maiores mestres. Eles dão à sua experiência terrestre uma dimensão tal, que a faz muito mais profunda e ampla que o fácil processo de criação nos planos astrais. Esta facilidade gera falta de motivação. As entidades astrais, que ainda não experimentaram vidas sobre a Terra, sabem e entendem isto.

Muitas vezes você se desanima, se desespera, devido à natureza não condescendente da sua realidade. Muito freqüentemente, a realidade não corresponde aos seus desejos e esperanças. Muito freqüentemente, seus propósitos criativos parecem acabar em dor e desilusão. Entretanto, você vai encontrar a chave para a paz e a felicidade em algum ponto do seu caminho. Você a encontrará dentro do seu próprio coração. E quando isso acontecer, a alegria que lhe advirá não será comparável a nada do que é criado nos planos astrais. Será o nascimento da sua maestria, da sua divindade.

O êxtase que você experimentará, quando sua divindade despertar, lhe proporcionará o poder de curar a si mesmo. Este amor divino vai ajudá-lo a se recuperar das dores profundas que você sofreu, ao longo das suas vidas na Terra. Depois disto, você será capaz de ajudar a curar outros que passaram pelas mesmas provas e dificuldades. Você reconhecerá a dor deles – você poderá vê-la nos olhos deles. E será capaz de guiá-los em seu caminho para a divindade.

Não subestimem o significado de suas vidas na Terra. Vocês pertencem à parte mais criativa, avançada e corajosa de Deus (Tudo o Que É). Vocês são exploradores do desconhecido e criadores do novo. Suas explorações através do reino da dualidade têm servido a um propósito que está além da sua imaginação. É difícil explicar-lhes o profundo significado de suas jornadas, mas podemos lhes dizer que vocês criaram um novo tipo de consciência, uma consciência que não existia anteriormente. Esta consciência foi manifestada por Cristo quando esteve na Terra. Esta consciência, que chamaremos Crística, resulta de uma alquimia espiritual. Alquimia física é a arte de transformar chumbo em ouro. Alquimia espiritual é a arte de transformar energia escura na “terceira energia”, o ouro espiritual presente na energia Crística.

Por favor, reparem que não estamos dizendo que o propósito é transformar escuridão em luz, ou mal em bem. Escuridão e luz, mal e bem são opostos naturais; um existe graças ao outro. A verdadeira alquimia espiritual introduz uma “terceira energia”, um tipo de consciência que abrange ambas as polaridades através das energias de amor e compreensão. O verdadeiro propósito da sua jornada não é fazer com que a Luz conquiste a Escuridão, mas ir além destes opostos e criar um novo tipo de consciência, que possa manter a unidade, tanto diante da luz como diante da escuridão.

Explicaremos este ponto bastante difícil por meio de uma metáfora.

Imaginem que vocês são mergulhadores em busca de uma pérola nas profundezas do mar. Vocês mergulham repetidas vezes no oceano, em busca dessa pérola única, da qual todo mundo fala, mas que nunca ninguém realmente viu. Há rumores de que mesmo Deus, o Mergulhador Principal, nunca tocou tal pérola.

Mergulhar no oceano é perigoso, uma vez que vocês podem perder-se ou afundar tanto, que não consigam mais respirar. Ainda assim, vocês persistem e continuam mergulhando neste oceano, porque estão determinados e inspirados. Vocês estão loucos? Não, vocês são exploradores do novo.

O segredo é o seguinte: no processo de procurar a pérola, vocês estão criando-a. A pérola é o ouro espiritual da consciência Crística. A pérola são vocês, transformados pela experiência da dualidade.

O que temos aqui é um verdadeiro paradoxo: ao explorar o Novo, vocês estão criando-o. Vocês se tornaram a pérola da criação de Deus.

Deus não tinha outro jeito de fazer isto, porque o que vocês deveriam encontrar ainda não existia: tinha que ser criado por vocês. Por que estaria Deus tão interessado em criar algo novo? Permitam-nos expor isto da maneira mais simples possível.

Primeiro, Deus era inteiramente BOM. Havia bondade em todo lugar e em toda a volta. Na realidade, como não havia nada além disso, as coisas eram meio estáticas. Sua criação carecia de vivacidade, carecia da possibilidade de crescimento e expansão. Poder-se-ia dizer que estava emperrada.

Para criar mudança, para criar uma oportunidade de movimento e expansão, Deus teve que introduzir um Elemento em sua criação que fosse diferente da Bondade que permeava tudo. Isto foi muito difícil para Deus, pois como você pode criar algo que não é você? Como pode a Bondade criar Maldade? Não pode. Então, Deus teve que usar um truque, por assim dizer. Este truque se chama IGNORÂNCIA.

A ignorância é o elemento que se opõe à Bondade. Ela cria a ilusão de se estar fora da Bondade, de se estar separado de Deus. “Não saber quem você é” é o incentivo por trás da mudança, crescimento e expansão em seu universo. A ignorância gera o medo; o medo gera a necessidade de controlar; a necessidade de controlar gera a luta pelo poder: E, assim, vocês têm todas as condições para que o “Mal” prospere. E está montado o cenário para a batalha entre o Bem e o Mal.

Deus precisou da dinâmica dos opostos para “desemperrar” sua criação. Para vocês, pode ser muito difícil compreender isto, diante de todo o sofrimento causado pela ignorância e pelo medo, mas Deus deu grande valor a estas energias, pois elas Lhe proporcionaram um modo de ir além de Si Mesmo.

Deus pediu a vocês, que pertencem à parte mais criativa, avançada e corajosa Dele Mesmo, que tomassem o véu da Ignorância. Com o objetivo de experimentarem a dinâmica dos opostos da maneira mais completa possível, vocês foram temporariamente mergulhados no esquecimento da sua verdadeira natureza. Vocês consentiram em dar este salto para a ignorância, mas este fato também foi coberto pelo véu do esquecimento. Por isso agora vocês freqüentemente amaldiçoam Deus por estarem nessa situação de sofrimento e ignorância – e nós os entendemos. No entanto, em essência, vocês são Deus, Deus é vocês.

Apesar de todos os problemas e pesares, no âmago de vocês ainda existe um sentimento de maravilha e entusiasmo por viverem na dualidade, por experienciarem e criarem o Novo. Isto é o entusiasmo original de Deus, a razão pela que Ele/Ela começou esta viagem através de vocês em primeiro lugar.

Quando vocês começaram sua jornada, enfrentaram o Mal (medo, ignorância) com apenas uma vaga lembrança do Bem (Lar) em suas mentes. Começaram a batalhar contra o medo e a ignorância, enquanto tinham saudades do Lar. Entretanto, vocês não retornarão ao Lar, no sentido de retornar a um estado no seu passado, pois a criação modificou-se por causa de suas jornadas.

O final de sua jornada será quando vocês tiverem se tornando maior do que o bem e o mal, a luz e a escuridão. Vocês terão criado uma terceira energia, a energia Crística, que abrange e transcende ambas. Vocês terão expandido a criação de Deus. Serão a Nova Criação de Deus. Deus terá ido além de Si Mesmo, quando a consciência Crística tiver nascido completamente sobre a Terra.

A consciência Crística não existia antes da “experiência humana”. A consciência Crística é a consciência daquele que viveu a multifacetada experiência da dualidade, chegou ao fim dela, e emergiu “do outro lado”.

Ele terá se desapegado da dualidade. Ele terá reconhecido e abraçado sua própria divindade. Ele terá se tornado um com seu Ser divino. Mas seu Ser divino será diferente de antes; será mais profundo e mais rico do que a consciência da qual ele nasceu. Ou poderíamos dizer: Deus terá enriquecido a SI MESMO, ao viajar através da experiência da dualidade.

Esta história está simplificada e distorcida, como tudo que falamos é distorcido pela ilusão do tempo e da separação. Estas ilusões serviram a um valioso propósito, mas chegou o tempo de superá-las. Por favor, tentem sentir a energia por trás das nossas palavras, histórias e metáforas.


COMO SUPERAR A DUALIDADE

Seu ciclo terrestre de vidas finaliza quando o Jogo da dualidade já não tem mais poder sobre vocês. É essencial para o Jogo da dualidade, que vocês se identifiquem com uma posição particular no campo das polaridades. Por exemplo, vocês se identificam com a condição de pobre ou rico, famoso ou humilde, marido ou esposa, herói ou vilão. Na realidade, não importa muito que parte vocês estão jogando. Enquanto vocês se sentirem um com o ator da cena, a dualidade ainda tem um forte domínio sobre vocês.

Isto não está errado, é claro. Num certo sentido, a intenção era que fosse assim mesmo. Vocês deviam se esquecer do seu verdadeiro ser. Para experimentarem todos os aspectos da dualidade, vocês deviam reduzir sua consciência a um papel particular no Drama da vida na Terra.

E vocês jogaram bem. Ficaram tão envolvidos com seus papéis, que esqueceram completamente da intenção e propósito de passarem por este ciclo de vidas para começar. Vocês se esqueceram tão completamente de si mesmos, que passaram a encarar os jogos e dramas da dualidade como a única realidade existente. No final, isso os tornou muito solitários e cheios de medo. O que não é de se surpreender, já que o próprio jogo da dualidade baseia-se nos elementos da ignorância e do medo.


CARACTERÍSTICAS DO JOGO DA DUALIDADE

1) Sua vida emocional é essencialmente instável.

Não existe uma âncora emocional, já que vocês estão sempre no lado de “cima” ou de “baixo” de um determinado humor. Estão zangados ou indulgentes, intolerantes ou generosos, deprimidos ou entusiasmados, felizes ou tristes. Suas emoções flutuam permanentemente entre os extremos. Vocês parecem ter somente um limitado controle sobre estas flutuações.

2) Vocês estão intensamente envolvidos com o mundo exterior.

É muito importante para vocês como as outras pessoas os julgam. Sua auto-estima depende do que o mundo exterior (sociedade ou entes queridos) pensa a respeito de quem vocês são. Vocês estão tentando viver de acordo com os padrões de certo ou errado do mundo exterior. Vocês estão se esforçando ao máximo.

3) Vocês têm uma forte opinião sobre o que é bom e o que é ruim.

Ser julgador lhes dá um sentimento de segurança. A vida fica muito bem organizada, quando se dividem as ações, pensamentos ou pessoas em certo ou errado.

O que todas estas características têm em comum é que, em tudo que vocês fazem ou sentem, vocês não estão realmente presentes. Sua consciência permanece nas camadas externas do seu ser, onde ela é dirigida por padrões de pensamento e comportamento orientados pelo medo.

Deixem-nos dar um exemplo outra vez. Se você está acostumado a ser gentil e agradável o tempo todo, você está exibindo um padrão de comportamento que não brota do seu ser interior. Na realidade, você está suprimindo sinais da sua parte mais interna. Está tentando viver de acordo com as expectativas de outros, a fim de não perder o seu amor, admiração ou cuidado. Você está reagindo a partir do medo. Está limitando a sua própria expressão. No entanto, aquela parte de você que não está sendo expressada viverá uma vida própria, escondida, criando insatisfação e cansaço em seu ser. Poderá haver raiva e irritação presentes na alegria, das quais ninguém estará consciente, nem sequer você!

O modo de sair deste estado de auto-negação é fazer contato com as partes suprimidas e escondidas dentro de você. Não é difícil entrar em contato com essas suas partes, pois isso não requer habilidades nem conhecimentos específicos. Não transforme o “ir para dentro de si” num processo difícil, que outros tenham que ensinar-lhe ou fazer por você. Você pode fazê-lo sozinho e encontrará sua própria forma de fazer isso. Motivação e intenção são muito mais importantes do que “habilidades” e “métodos”. Se você realmente tiver a intenção de conhecer a si mesmo, se estiver decidido a ir fundo dentro de si mesmo e mudar as emoções e pensamentos de medo que bloqueiam seu caminho para uma vida plena e feliz, você o conseguirá, seja qual for o método usado.

Tendo dito isto, gostaríamos de oferecer-lhe uma simples visualização simbólica que pode ajudá-lo a conseguir entrar em contato com suas emoções:

Relaxe os músculos dos seus ombros e pescoço, durante alguns minutos.

Sente-se ereto e apóie seus pés firmemente no chão. Respire profundamente.

Imagine-se caminhando por uma estrada rural, sob um céu azul e completamente limpo. Você ouve os sons da natureza, trazendo-os para dentro de si, e sente o vento nos seus cabelos. Você está livre e feliz.

De repente, você vê que, lá adiante, várias crianças vêm correndo pela estrada em sua direção. Elas estão chegando mais perto de você. Como o seu coração reage a esta visão?

Agora as crianças estão na sua frente. Quantas são? Como são essas crianças? São meninos, meninas, ou ambos?

Você diz olá a todos eles. Diga-lhes como você está feliz de encontrá-los.

E então, você faz contato com uma dessas crianças em particular. Ela está olhando-o nos olhos. Ela tem uma mensagem para você. A mensagem está escrita nos olhos dessa criança. Você pode lê-la? O que ela quer dizer a você? Ela está lhe trazendo uma energia que você necessita neste momento.

De um nome à energia que esta criança interior veio trazer-lhe e não a julgue. Simplesmente agradeça-lhe e então libere a imagem.

Sinta a terra firmemente sob seus pés outra vez e respire profundamente por um instante.

Você acaba de se conectar com uma parte escondida de você mesmo.

Você pode retornar a esta cena todas as vezes que quiser e, talvez, falar com as outras crianças também.

Ao ir para dentro de si e estabelecer contato com as partes escondidas e suprimidas de si mesmo, você está se tornando mais presente. Sua consciência está se elevando acima dos padrões de pensamento e comportamento motivados pelo medo, nos quais você confiou durante tanto tempo. Ela está assumindo a responsabilidade por si mesma, cuidando das mágoas, irritações e feridas internas, como um pai cuida dos seus filhos.

Seu ciclo de vidas na Terra chega ao fim, quando sua consciência é capaz de sustentar todas as experiências da dualidade em suas mãos, enquanto você permanece centrado e completamente presente. Enquanto você se identifica mais com um aspecto da dualidade que com outro (com luz como oposto à escuridão, com rico como oposto a pobre, etc., etc.), sua consciência está em uma gangorra. O carma nada mais é que o harmonizador natural da gangorra na qual se encontra sua consciência. Você libera suas amarras do ciclo cármico, quando sua consciência encontra seu ponto de ancoragem no centro imóvel da gangorra. Este centro é o ponto de saída do ciclo cármico. Os sentimentos predominantes neste centro são tranqüilidade, compaixão e total alegria. Os filósofos gregos tiveram premonições deste estado ao qual chamaram “ataraxia”: imperturbabilidade.

Julgamento e medo são as energias que mais o tiram deste centro. À medida que você libera mais e mais estas energias, torna-se mais sereno e aberto por dentro. Realmente entra em outro mundo, em outro plano de consciência. E isto se manifesta em seu mundo externo.


CARACTERÍSTICAS DA LIBERAÇÃO DA DUALIDADE

1) Escutar a linguagem da alma, que fala através das emoções.

2) Atuar apoiando-se nesta linguagem e criar as mudanças que a alma deseja realizar.

3) Valorizar o tempo em que estão completamente sozinhos, já que só em silencio é possível ouvir os sussurros da alma.

4) Questionar a autoridade dos “padrões de pensamento” ou “regras de comportamento” que bloqueiam a livre expressão da verdadeira inspiração e aspiração.

Liberar-se da dualidade leva tempo. Desembaraçar-se de todas as camadas de escuridão (inconsciência) é um processo gradual. Porém, uma vez empreendido este caminho, o caminho para o Eu interior, você se distancia lentamente do jogo da dualidade. Quando provar o verdadeiro significado da “ataraxia”, terá chegado ao ponto decisivo. Quando sentir o silêncio, pleno de alegria por simplesmente estar consigo mesmo, saberá que isto é o que você esteve buscando por tanto tempo. Você irá para dentro de si mesmo, mais e mais vezes, para experimentar esta paz interior. Você não fugirá dos prazeres mundanos, mas terá encontrado uma âncora de divindade dentro de si mesmo, e experimentará o mundo e todas suas belezas a partir desse estado de felicidade.

A felicidade nunca está nas coisas materiais. Ela reside, sim, no modo como você as experimenta. Quando há paz e alegria em seu coração, as coisas e pessoas que você encontra lhe dão paz e alegria.


quarta-feira, novembro 05, 2008

O propósito de passar pela dualidade (1)


As almas nasceram muito antes que surgissem a Terra e a humanidade. As almas nascem por levas. Em certo sentido, as almas são eternas, sem começo e sem fim. Mas, em outro sentido, elas nascem num determinado ponto. É neste ponto que suas consciências alcançam um sentido de individualidade própria. Antes desse ponto, elas já existem, como uma possibilidade. Ainda não há consciência de “eu” e “outro”.

A consciência do “eu’ aparece quando, de algum modo, é feita uma linha de demarcação entre grupos de energias. Precisamos recorrer às metáforas para poder explicar isto.

Pensem no oceano, por um momento, e imaginem que ele é um enorme campo de energias fluindo: correntes que se juntam e se separam constantemente. Imaginem que uma consciência difusa permeia todo o oceano. Chamem-na de espírito do oceano, se quiserem. Depois de algum tempo, concentrações de consciência emergem em certos lugares do oceano. A consciência aqui é mais focalizada, menos difusa do que no seu entorno direto. Por todo o oceano, há uma diferenciação progressiva que leva ao desenvolvimento de formas transparentes dentro do oceano. Essas formas, que são pontos focalizados de consciência, movem-se independentemente do seu entorno. Experimentam a si mesmas como formas diferentes do oceano (espírito). O que ocorre aqui é o nascimento de um sentido rudimentar de “eu” ou auto-consciência.

Por que os pontos focalizados de consciência apareceram em algumas partes do oceano e não em outras? Isto é muito difícil de se explicar. No entanto, vocês podem sentir que há algo muito natural neste processo? Se atirarem sementes sobre num campo de terra, vocês notarão que as pequenas plantas que brotarem crescerão cada uma no seu próprio tempo e ritmo. Uma não crescerá tanto ou tão facilmente quanto a outra. Algumas nem sequer crescerão. Há diferenciação através do campo. Por quê? A energia do oceano (o espírito do oceano) intuitivamente procura a melhor expressão possível para todas as suas múltiplas correntes ou camadas de consciência.

Durante a formação de pontos individuais de consciência no oceano, há um poder externo que trabalha sobre o oceano – ou assim parece. Esse é o poder da divina inspiração, que pode ser concebido como o aspecto masculino Daquele que criou vocês. Enquanto o oceano representa o lado feminino, receptivo, o aspecto masculino pode ser visualizado como raios de luz derramando-se no oceano, que intensificam o processo de diferenciação e a separação em massas individuais de consciência. Eles são como os raios de sol que aquecem a sementeira.

O oceano e os raios de luz juntos formam uma entidade ou ser que pode ser chamado de arcanjo. É uma energia arquetípica que integra ambos os aspectos masculino e feminino em si mesma, e é uma energia angélica que se manifesta ou se expressa para vocês.

Depois que a alma nasce como uma unidade individual de consciência, lentamente abandona o estado de unidade oceânica que foi seu lar durante muito tempo. Ela se torna cada vez mais consciente de estar separada e independente.

Com essa conscientização, aparece, pela primeira vez em seu ser, uma sensação de perda ou carência. Quando ela se lança no seu caminho de exploração como uma entidade individual, ela carrega consigo um certa saudade da totalidade, um desejo de pertencer a algo maior do que ela mesma. Bem no fundo, ela conserva a lembrança de um estado de consciência onde tudo é um, onde não existe “eu” e “outro”. Isto é o que ela considera o “lar”: um estado de unidade extasiante, um lugar de completa segurança e fluidez.

Com esta lembrança “no fundo da mente”, ela começa sua viagem através da realidade, através de incontáveis campos de experiência e exploração interna. A nova alma é levada pela curiosidade e tem uma grande necessidade de experiência. Esse é o elemento que não existia no estado oceânico de unidade. Agora a alma pode explorar livremente tudo o que deseja. É livre para procurar a totalidade de todas as maneiras possíveis.

Dentro do universo, há incontáveis planos de realidade para serem explorados. A Terra é apenas um deles, e um que surgiu relativamente tarde, falando numa escala cósmica. Os planos da realidade, ou dimensões, sempre se originam de necessidades interiores ou desejos. Como todas as criações, são as manifestações de visões internas e ponderações.

Quando as unidades individuais de consciência nascem, elas são um pouco parecidas com simples células físicas, no que diz respeito à estrutura e possibilidade. Do mesmo modo que as células têm uma estrutura relativamente simples, os movimentos internos de uma consciência recém-nascida são transparentes. Ainda não se estabeleceu muita diferenciação. Há um mundo de possibilidades a seus pés (tanto física como espiritualmente). O desenvolvimento de uma forma recém-nascida de consciência para um tipo de consciência introspectiva e capaz de observar e reagir a seu meio ambiente pode ser grosseiramente comparado ao desenvolvimento de um organismo unicelular para um organismo vivo complexo, que interage com seu meio ambiente de múltiplas maneiras.

Aqui nós estamos comparando o desenvolvimento da consciência das almas com o desenvolvimento biológico da vida, não apenas como uma metáfora. De fato, o desenvolvimento biológico da vida, como aconteceu na Terra, deveria ser visto como baseado numa necessidade espiritual de exploração e experiência por parte das almas terrestres. Esta necessidade ou desejo de exploração provocou o surgimento de uma rica variedade de formas de vida na Terra. Como dissemos, a criação é sempre o resultado de um movimento interno da consciência. Embora a teoria da evolução, como é atualmente aceita pela sua ciência, descreva até certo ponto corretamente o desenvolvimento das formas de vida no seu planeta, escapa-lhe completamente o impulso interno, o motivo “oculto” por trás desse processo profundamente criativo. A proliferação de formas de vida na Terra deveu-se a movimentos internos no nível da alma. Como sempre, o espírito precede e cria a matéria.

No início, as almas terrestres encarnaram nas formas físicas que melhor se adaptavam ao seu sentido ainda rudimentar de ser: organismos unicelulares. Depois de um período em que ganharam experiência e integraram-na à sua consciência, surgiu a necessidade de meios mais complexos de expressão física. Assim, formas de vida mais complexas foram impulsionadas a existir. A consciência criou formas físicas em resposta às necessidades e desejos internos das almas terrestres, cuja consciência coletiva habitava a Terra no princípio.

A formação de novas espécies e a encarnação de almas terrestres em membros individuais daquelas espécies representa um grande experimento de vida e consciência. Embora a evolução seja dirigida pela consciência (e não por acidente e incidente), ela não segue uma linha predeterminada de desenvolvimento. Isso porque a consciência é livre e imprevisível.

As almas terrestres experimentaram todos os tipos de forma animal de vida. Habitaram vários tipos de corpos físicos no reino animal, mas nem todas experimentaram a mesma linha de desenvolvimento.

O caminho de desenvolvimento da alma é muito mais fantástico e aventuroso do que vocês supõem. Não há leis acima ou fora de vocês. Vocês são a lei para vocês. Então, se por exemplo vocês decidem experimentar a vida do ponto de vista de um macaco, vocês podem, em algum momento, encontrar-se vivendo num corpo de macaco, desde o nascimento ou como um visitante temporário. A alma, especialmente a alma jovem, implora por experiência e por expressão. Essa ânsia por explorar é responsável pela diversidade de formas de vida que floresceram na Terra.

Se observarmos o desenvolvimento da consciência da alma, depois que ela nasce como uma unidade individual, veremos que ela passa aproximadamente por três estágios internos. Estes estágios existem independente do plano particular de realidade (planeta, dimensão, sistema estelar) que a consciência escolhe para habitar ou experienciar.

1) O estágio da inocência (“paraíso”)
2) O estágio do ego (“pecado”)
3) O estágio da “segunda inocência” (“iluminação”)


Estes estágios poderiam ser comparados metaforicamente com infância, maturidade e velhice.

Depois que as almas nascem como unidades individuais de consciência, elas deixam o estado oceânico de unidade, do qual elas se lembram como ditoso e completamente seguro. Então, elas partem para explorar a realidade de uma maneira completamente nova. Lentamente elas se tornam mais conscientes de si mesmas e de como são únicas em comparação com seus companheiros de viagem. Neste estágio, elas são muito receptivas e sensíveis, como uma criança pequena que observa o mundo com os olhos bem abertos, expressando curiosidade e inocência.

Este estágio pode ser chamado de paradisíaco, já que a experiência de unidade e segurança ainda está fresca na memória das almas recém-nascidas. Elas ainda estão perto do lar; ainda não questionam o seu direito de ser quem são.

Conforme a viagem continua, a lembrança do lar vai se desvanecendo, enquanto as almas mergulham em tipos diferentes de experiência. No começo, tudo é novo, e tudo é absorvido sem julgamento no estágio da infância.

Um novo estágio se estabelece, quando a jovem alma começa a experienciar a si mesma como o ponto focal de seu mundo. É então que ela realmente começa a se dar conta de que existe algo como “eu” e “outro”. Ela começa a perceber como pode influenciar seu meio ambiente ao agir sobre ele. A própria idéia de fazer algo que surge da sua própria consciência é nova. Antes, havia uma aceitação mais ou menos passiva de tudo o que fluía. Agora, há dentro da alma uma noção crescente do seu poder de exercer influência naquilo que ela vivencia. Este é o começo do estágio do ego. O ego originalmente representa a habilidade de usar sua vontade para afetar o meio externo. Por favor, notem que a função original do ego é simplesmente capacitar a alma a experienciar a si própria totalmente como uma entidade separada. Isto é um desenvolvimento natural e positivo dentro da evolução da alma. O ego não é “mau” em si mesmo. Entretanto, ele tende a ser expansivo ou agressivo. Quando a alma nova descobre sua capacidade de influenciar seu meio ambiente, ela se apaixona pelo ego. Bem no fundo, ainda existe uma dolorosa lembrança na alma, agora amadurecida, que lhe recorda o lar, que lhe recorda o paraíso perdido. O ego parece ter uma resposta para esta dor, para esta saudade. Parece que ele dá à alma a capacidade de controlar ativamente a realidade. Ele intoxica a alma ainda jovem com a ilusão do poder.

Se alguma vez houve uma queda da graça ou uma queda do paraíso, isso aconteceu quando a jovem consciência da alma se encantou com as possibilidades do ego, com a promessa de poder. No entanto, o verdadeiro propósito do nascimento da consciência como alma individual é explorar, experimentar tudo o que há, tanto o paraíso como o inferno, tanto a inocência como o “pecado”. Portanto, a queda do paraíso não foi um “erro”. Não existe culpa ligada a isto, a menos que vocês assim acreditem. Ninguém os culpa, além de vocês mesmos.

Quando a alma jovem amadurece, ela muda para uma forma “auto-centrada” de observar e experienciar as coisas. A ilusão do poder realça a separação entre as almas, em lugar de conectá-las. Por causa disso, a solidão e um sentido de alienação se estabelecem dentro da alma. Embora não seja realmente consciente disso, a alma torna-se uma lutadora, uma batalhadora pelo poder. O poder parece ser a única coisa que acalma a mente – por um tempo.

O poder é a energia que mais se opõe à unidade. Ao exercerem poder, vocês isolam-se do “outro”. Ao lutarem pelo poder, vocês distanciam-se mais ainda do lar (a consciência da unidade). O fato de o poder afastá-los do lar, ao invés de aproximá-los, foi ocultado de vocês por muito tempo, já que o poder está fortemente ligado à ilusão. O poder pode facilmente ocultar sua verdadeira face de uma alma ingênua e inexperiente. O poder cria a ilusão de abundância, de realização, de reconhecimento e até mesmo de amor. O estágio do ego é uma exploração sem restrições da área do poder, isto é, de ganhar, perder, lutar, dominar, manipular, de ser o agressor e ser a vítima.

No nível interno, a alma se dilacera durante esta etapa. O estágio do ego está vinculado a um ataque à integridade da alma. Por integridade, queremos dizer a unidade natural e a totalidade da alma. Ao passar para a consciência baseada no ego, a alma entra num estado de esquizofrenia. Ela perde a sua inocência. Por um lado, ela batalha e conquista, por outro, ela percebe que é errado causar danos ou destruir outros seres vivos. Não é tão errado, de acordo com algumas leis ou julgamentos objetivos, mas a alma percebe, subconscientemente, que está fazendo algo que se opõe à sua própria natureza divina. Criar e dar vida fazem parte da natureza da sua própria essência divina. Quando a alma age a partir de um desejo de poder pessoal, bem no fundo de si surge um sentimento de culpa. Aqui também não há julgamento externo sobre a alma que se diz culpada. A própria alma percebe que está perdendo sua inocência e pureza. Enquanto por fora ela persegue o poder, um sentimento crescente de indignidade vai comendo-a por dentro.

O estágio da consciência baseada no ego é uma etapa natural na jornada da alma. Na realidade, ela envolve a exploração completa de um dos aspectos de ser da alma: a vontade. Sua vontade constitui a ponte entre o mundo interno e o mundo externo. A vontade é essa parte de vocês que focaliza a energia da sua alma no mundo material. A vontade pode ser inspirada pelo desejo de poder ou pelo desejo de unidade. Isto depende do estado da sua percepção interior. Quando uma alma chega no final do estágio do ego, a vontade se torna, cada vez mais, uma extensão do coração. O ego ou a vontade pessoal não são destruídos, mas fluem de acordo com a sabedoria e a inspiração do coração. Neste ponto, o ego aceita o coração como seu guia espiritual. A integridade natural da alma se restabelece. E, nesse processo, é atingido o estágio da "segunda inocência".

As vidas terrestres que você vivencia fazem parte de um ciclo maior da sua alma. Este ciclo foi estabelecido para lhe permitir experimentar completamente a dualidade. Dentro deste ciclo, você experimentou como é ser homem, ser mulher, ser saudável, ser doente, ser rico ou pobre, ser “bom” e “mau”. Em algumas vidas, você esteve intensamente envolvido com o mundo material, sendo, por exemplo, um fazendeiro, um trabalhador braçal ou um artesão. E houve outras vidas mais espiritualmente orientadas, onde você levou dentro de si uma forte conscientização da sua origem espiritual. Nessas vidas, muitas vezes você foi atraído pelos chamados da religião. Também houve vidas nas quais você explorou o domínio mundano do poder, da política, etc.. E pode ter havido vidas dedicadas à sua expressão artística.

Viver na Terra lhe dá uma oportunidade de experimentar inteiramente como é ser um humano. Agora, você poderia perguntar: o que há de tão especial em ser um humano? Por que eu quereria experienciar isso?
Continua...


sábado, novembro 01, 2008

A salvação do homem

Masaharu Taniguchi

Existiu, no Século XVI, um eminente sacerdote budista de nome Mussô. Disse ele, certa vez: “Na verdade, não há nações no apogeu da glória, nem nações em ruína”, o que significa: “Sejam quais forem as situações manifestadas aos olhos carnais, elas não pasam de aspectos fenomênicos, isto é, não passam de ‘sombras’ projetadas pela mente humana. Portanto nem o esplendor e nem a ruína das nações tem uma existência real”. A essência dessas palavras é a mesma contida na afirmação que fazemos na Seicho-No-Ie: “O fenômeno não é realidade. As infelicidades, as doenças, etc., são apenas fenômenos e por isso não são realidade, não passam de manifestações de carmas acumulados na mente do homem”. Como vemos, a essência do Zen-budismo é a mesma dos ensinamentos da Seicho-No-Ie.

Também o mestre Hakuin, outro sacerdote budista de grande renome, disse: “Em seu estado original, todo homem é Buda, do mesmo modo que o gelo, originariamente é água”. O significado dessas palavras é o mesmo, basicamente, daquele contido na afirmação da Seicho-No-Ie: “Não há ninguém essencialmente mau”. Em sua essência, todas as pessoas são boas, pois são Filhos de Deus. Tanto faz dizermos que “o homem é Buda” ou que é “Filho de Deus”. O importante é compreendermos que originariamente todo homem é bom, e não há um só que seja “essencialmente mau”.

Ainda que até este momento você tivesse cometido mil pecados, a verdade é que todos esses pecados “não têm existência real”, pois Deus não criou pecados nem pecadores. Isso não passa de “sombras” projetadas pela mente humana, comparáveis às imagens projetadas numa tela cinematográfica. E por que se projetam essas “sombras” na tela da vida? Porque o homem – desconhecendo sua própria perfeição original – mantém em sua mente a idéia de que “o pecado existe, e todos os homens são pecadores”, e esta idéia é projetada no mundo das formas, pois este mundo é um espécie de “tela de três dimensões”. E o homem, vendo essas “sombras” projetadas, torna a fixar em sua mente a idéia do pecado e do pecador, formando desta forma um círculo vicioso de projeções dos carmas negativos. Porém, a partir do momento em que compreendermos que “na verdade não existem nem pecados nem pecadores, existem unicamente Deus e filhos de Deus”, conseguiremos alcançar um mundo de total liberdade, transcendendo as imperfeições manifestadas no plano fenomênico.

Cristo disse: “... e a Verdade vos tornará livres” (João 8:32). E também: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). “Verdade” é aquilo que existe realmente; não o aspecto manifestado provisoriamente, mas o Aspecto Verdadeiro (Jisso). A maioria das pessoas, erroneamente, julga existência verdadeira aquilo que está manifestado provisoriamente. Existe somente aquilo que existe de verdade, e as demais coisas, que não são existências verdadeiras, não existem. Aquilo que é existência falsa não pode ser considerado existência. O fenômeno é uma coisa manifestada, e por isso não podemos dizer que ele existe. Isso é comparável ao fato de que as cenas de uma peça teatral, ou de um filme, por mais autênticas que possam parecer, nunca são cenas reais. Por exemplo: mesmo que um ator “mate” cem pessoas no palco, isso é apenas encenação; na verdade ele não matou nem sequer uma pessoa. Pode-se constatar isso facilmente, olhando-se os camarins dos artistas. O mesmo acontece em relação ao cinema: por mais autênticas que possam parecer as cenas de uma batalha sangrenta, em que morrem milhares de pessoas, essas cenas não são reais. Não passam de cenas criadas pela mente dos que produziram o filme, e captadas pela mente dos espectadores. Podemos, pois, dizer que elas são apenas “imagens” projetadas pela mente, e que não existem de verdade.

Na Sutra do Lótus, do Budismo, encontramos este trecho: “Todos os fenômenos são o mesmo que nada”. Realmente, fenômenos são apenas fenômenos, e não são substanciais. O aspecto fenomênico deste mundo não é seu verdadeiro aspecto. O que há realmente é o “mundo pleno de luz, criado por Deus”. E todos os seus habitantes são perfeitos e vivem em harmonia, pois são filhos de Deus. Eis o Jisso deste mundo e das pessoas que habitam nele.

Ouçam todos aqueles que choram sofrendo de doenças e infelicidades! Levantem os olhos e fitem a luz do Jisso. Por mais reais que possam parecer as doenças, as infelicidades e as tragédias “manifestadas” em suas vidas, creiam que elas não têm “existência real”, pois são apenas fenômenos. É essencial que todos nós contemplemos constantemente essa verdade.

Na palestra anterior, contei o caso de uma criança que parou de “molhar a cama” a partir da noite em que sua mãe sentou à sua cabeceira logo após ele ter pegado no sono, sussurrando-lhe, durante cerca de dez minutos, as palavras: “você é um menino bom e carinhoso”. Como podemos ver por este exemplo, a manifestação dos aspectos imperfeitos do homem cessa quando é gravada no seu subconsciente a Verdade que diz: “O homem, sendo filho de Deus, é bom, é generoso, é perfeito”. Comumente, os pais cujo filho tem o vício de “molhar a cama” tentam curá-lo através de repreensões severas, dizendo constantemente: “Você já é muito crescido para fazer xixi na cama. Não tem vergonha?! Precisa dar um jeito de parar com esse hábito feio, ouviu?”. Mas, quanto mais os pais ralham, mais profundamente fica gravada na mente da criança a idéia de “molhar a cama”, de modo que ela não consegue deixar esse vício.

Talvez vocês pensem que estou dando exagerada importância a um caso insignificante como a cura do vício de “molhar a cama”. Quero que compreendam que citei este caso apenas como um pequeno exemplo de como podemos melhorar as pessoas através da mentalização/contemplação de palavras positivas. Da mesma forma que uma simples experiência de laboratório pode comprovar uma grande verdade científica, também um caso aparentemente sem importância pode mostrar-nos a Verdade e tornar-se base para a compreensão de como poderemos melhorar realmente a humanidade.

Se, apesar do surgimento de tantas religiões, a humanidade ainda não alcançou grande progresso espiritual, é porque a maioria dos pregadores vem dirigindo aos devotos palavras negativas: “Os homens são maus! Os homens são pecadores! É preciso que se arrependam. É preciso que se penitenciem, que tentem ser bons. Senão, o inferno os espera!”. Podemos dizer que esses pregadores estão agindo exatamente como os pais que vivem repreendendo o filho, tentando curá-lo do vício de “molhar a cama”. Gravando na mente da humanidade a idéia de que “todos os homens são pecadores”, estão impedindo-a de melhorar – embora a intenção seja justamente o contrário.

Eu costumo ouvir com atenção as palestras radiofônicas dos pregadores de diversas seitas religiosas, e tenho notado que quase todos dizem: “O homem é pecador”. Outro dia, ouvi um pregador afirmar: “Todo homem é pecador, não apenas por seus pequenos pecados individuais, mas porque ele já nasce pecador devido ao pecado original, comum a toda a humanidade”. Mesmo sabendo que fazem tais pregações com nobre objetivo de salvar a humanidade, eu não posso deixar de pensar quão prejudicial é gravar na mente dos homens a idéia de que “todos são pecadores”. Não posso deixar de sentir um grande pesar, sempre que ouço tais afirmações partindo dos que se dizem cristãos. Ao analisarmos profundamente os textos da Bíblia, compreendemos que Cristo sabia que as doenças e infelicidades dos homens eram manifestações da autopunição oriunda da “idéia de pecado” e o conseqüente desejo de “autopunição”. Certa vez ele disse a um paralítico: “São-te perdoados os teus pecados... Levanta-te e anda”. No mesmo instante, desapareceu da mente do paralítico a “idéia de autopunição” e ele levantou e começou a andar.

“São-te perdoados os teus pecados” – essas palavras Jesus não disse apenas aos enfermos. Disse constantemente a toda a humanidade. No entanto, muitos dos que se dizem seguidores de Cristo vivem pregando que “a humanidade é cheia de pecados”, “todos os homens são pecadores”, etc. Parecem não compreender a essência dos ensinamentos de Cristo. Ao contrário de algumas seitas que de Cristianismo só tem o nome, a Seicho-No-Ie, apesar de não ser conhecida como religião cristã, compreende a essência dos ensinamentos de Cristo, pondo-a em prática. Aliás, a Seicho-No-Ie aplica à vida prática não apenas a essência do Cristianismo, mas também a do Budismo, pois ela se baseia na verdade de que a essência de todas as religiões é uma só. Não mandamos as pessoas entrarem num “cercado” chamado Seicho-No-Ie, pois acreditamos que a verdadeira religião é aquela que liberta realmente o homem. Por isso, lamentamos saber que existem religiosos como um certo sacerdote budista que fez a seguinte “advertência”: “Se vocês entrarem na Seicho-No-Ie, cairão no inferno”. Certamente, ele agiu assim porque receava não poder manter seu próprio templo se não mantivesse os seus fiéis. Sacerdotes como este revelam a pequenez de sua própria fé, pois, ao fazerem tais “advertências”, praticamente afirmam ser tão fraco o poder de Buda, de forma que não é capaz de salvar as pessoas que, na opinião deles, “estão em mau caminho”. O grande mestre Shiran disse, na sua obra TAN-NI-SHO: “Não deveis temer o mal, pois não existe mal algum que tenha poder de impedir a vontade de Buda”. E disse também: “Por maiores que sejam os pecados que tenham cometido, o homem certamente entrará no Paraíso se acreditar em Buda e tomar consciência de sua unidade com Ele”. Como vemos, o verdadeiro Buda é capaz de salvar até os homens que tenham cometido as piores ações. Se é assim, o ato de ler livros da Seicho-No-Ie, o que não constitui mal algum, não será, de modo algum, empecilho para o poder de salvação de Buda.

A razão fundamental por que todo homem tem a possibilidade de ser salvo é que cada um traz dentro de si a Vida de Deus ou Natureza Divina. O mestre Shinran disse: “A verdadeira fé é a manifestação da natureza búdica que existe no homem”. Daí podemos concluir, naturalmente, que “a fé nasce no coração do homem porque este traz consigo o Deus interior”. A verdadeira fé baseia-se na consciência que o homem possa ter desse Deus interior e no seu sentimento de reverência. Reverenciar quer dizer: “contemplar a perfeição do Jisso do homem, e dirigir a esse Jisso os nossos louvores, o nosso amor e respeito”, e não simplesmente tomarmos a posição de prece, fechando os olhos e unindo as palmas das mãos. Essa postura deve ser a manifestação natural de amor, gratidão e respeito pelo Jisso. O essencial é a atitude mental: contemplar e reverenciar o Jisso perfeito de todas as pessoas.

“Todas as pessoas são filhos de Deus. Portanto, não existe uma pessoa sequer que seja má, pecadora, perversa”. Devemos dirigir essas palavras não apenas aos ouvidos da criança prestes a adormecer, mas também à mente de toda a humanidade. Devemos fazer a humanidade despertar para a Verdade contemplando fortemente: “Despertem todos os homens da face da Terra! Despertem para a Verdade de que todos são filhos de Deus, seres bons e generosos. Não há ninguém que deseje eliminar o próximo”. Quando despertar para essa Verdade, a humanidade melhorará, desaparecerão as doenças, a miséria e as guerras. Se a humanidade não tem melhorado, apesar do seu veemente desejo de concretizar a paz e a felicidade, é porque ainda não eliminou de seu subconsciente a idéia errônea de que “o homem é pecador, e por isso tenta melhorar mas não consegue livrar-se dos pecados”. Essa idéia provoca o desejo de autopunição que leva a humanidade a torturar a si mesma, desencadeando guerras, criando infelicidades, favorecendo o aparecimento de doenças... Com certeza a humanidade melhorará se a fizermos conscientizar-se de que “todos os homens são perfeitos, pois são filhos de Deus. Na realidade não existe sequer um pecador”. Também no tocante à educação das crianças, essa conscientização é essencial. Enquanto os pais, professores e educadores persistirem em apontar os pontos negativos das crianças, será impossível obter bons resultados. Por mais imperfeito que seja o aspecto fenomênico de uma criança, devemos crer que o seu Jisso é perfeito e orientá-la de modo que ela própria compreenda. Assim ela passará a manifestar a perfeição do Jisso e tornar-se-á um ser maravilhoso.