"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, dezembro 30, 2015

Os 3 passos para a Prosperidade

- Sri Bhagavan - 
(Ensinamento da Oneness)


Eis os três passos para que você possa obter a prosperidade:

1º - Ficar claro, absolutamente claro do porquê você quer dinheiro. Quer dinheiro para atender suas necessidades ou preencher a falta de significância, ou para ajudar outras pessoas. É preciso ficar muito claro sobre isso.

2º - Desenvolver CONSCIÊNCIA DE PROSPERIDADE, isto é, você precisa se tornar consciente de tudo o que você tem. Por exemplo se você é um mendigo, você precisa ficar consciente do seu pote de pedir moedas e olhar para o pote com o pensamento de que isso é um presente. Tudo precisa ser visto como um presente: seus pais, sua esposa, seu marido, seus filhos, seu trabalho, sua casa... tudo precisa ser conscientemente visto como um presente. Não foque nas coisas que você não tem, mas foque nas coisas que você tem.

3º - Você deve continuamente rever sua vida e aprender a ver todas as coisas negativas como positivas: ver a positividade nas coisas. É possível ver todas as coisas na luz da positividade. Se você conseguir fazer isso, o desejo de prosperidade irá facilmente ser preenchido. Você vai conseguir as conexões, os contatos, as oportunidades. Eles estão em todos os lugares. Oportunidades para fazer dinheiro estão em todo lugar. Mas o problema é que você não vê isso. Mas se você puder mudar sua percepção em termos de obter CONSCIÊNCIA DE PROSPERIDADE (vendo todas as coisas positivamente e ficando bem claro do porquê você quer dinheiro), você vai poder ver as OPORTUNIDADES, e elas virão para você. Todas as coisas: as CONEXÕES, os CONTATOS, as INOVAÇÕES... Tudo virá e você logo terá dinheiro suficiente como você desejava. É possível alcançar a prosperidade. Em nossa opinião é coisa mais fácil de alcançar.


segunda-feira, dezembro 28, 2015

Amor e Suprimento Espiritual

- Joel S. Goldsmith -


"Eu e o Pai somos um". Na percepção desse relacionamento, deixo o Infinito Invisível trazer-me dos céus, das nuvens, do ar, da terra, de toda parte do universo, tudo o que for necessário ao meu desenvolvimento. Mas, este não seria o "seu" suprimento, ou o "meu", pois isto denotaria limitação. O simples uso de "seu" e "meu" encerraria uma limitação. Podemos usar a palavra "meu" de início; mas, pela expansão da consciência, perceberemos que a Verdade, por ser universal, faz com que a Autocompleteza seja válida igualmente para todos os homens.

Quando falamos do sol ou da lua, não dizemos "meu" sol ou "minha" lua, "seu" sol ou "sua" lua. Falamos do sol como luz universal a brilhar para o santo ou pecador, para o branco ou negro, oriental ou ocidental, judeu ou gentio. Por fim, passamos a encarar o suprimento sob este enfoque, sem o rotularmos de "meu" ou "seu", pois, se o considerarmos como pessoal, estaremos tornando-o finito, transformando-o em conceito material, em vez de entendê-lo como verdade espiritual. Se quisermos falar verdadeiramente sobre suprimento, deveremos abandonar todo e qualquer senso pessoal de posse; deveremos eliminar todo conceito de limitação, deixando de alegar que isto ou aquilo seja "meu" ou "seu".

"Do Senhor é a terra, e tudo que ela encerra"..."Filho, tu estás sempre comigo, e tudo que é meu é teu". Não devo ser egoísta ao extremo de acreditar que estas palavras sejam dirigidas apenas a Joel. Devo entender que estão endereçadas aos filhos de Deus. Se personalizá-las de algum modo, acreditando que Deus as está dirigindo somente a mim, que estarei fazendo de você? E, se excluísse um de vocês, mesmo o maior pecador, estaria excluindo a mim próprio, pois existe somente o infinito Eu divino, sendo este EU Automantido, além de englobar a totalidade da Existência. O conceito material de suprimento o personaliza! Ao falarmos em suprimento como "seu" ou "meu", ele estará sendo visto como limitado; porém, ao pensarmos na totalidade do suprimento como pertencente o Pai, ele será infinito!

Porque há tantas pessoas limitadas? A resposta é única: o mundo retém um conceito pessoal de suprimento. Enquanto esta ideia perdurar, haverá limitação. De fato, inexiste carência e inexiste abundância. Existe somente esta ou aquela pessoa experienciando individualmente a carência ou a abundância.

Suprimento é espiritual; portanto, é infinito! Se nos abrirmos à Graça de Deus, todo suprimento necessário nos será acrescentado. Mesmo quem não tiver sido ensinado a viver espiritualmente, se abrir a consciência para expressar o amor humano, deixando a concha em que vinha vivendo, terá abundância, desde que parta para a doação, aprendendo a compartilhar, a servir e a ser mais amigos. Nunca duvide do seguinte: quem está sem receber o suprimento está, de algum modo, barrando-o ele próprio. E esta ação difere de pessoa para pessoa.

Certas pessoas adoram se vangloriar, o que é tremendo contra-senso! Outras jamais entenderam o sentido real da gratidão, desconhecendo o que é dar, compartilhar, amar. Não falo de doação feita a filhos e familiares, mas da doação impessoal. Tais pessoas estão barrando o fluxo do suprimento, pois, embora ele esteja encostado rente à porta, é incapacitado de ultrapassá-la, a não ser que a pessoa abra a própria consciência. De uma maneira ou de outra, aqueles que estão carentes de suprimento, eles próprios se colocaram nessa condição, por terem fechado a porta à consciência infinita. Esta atitude não é tomada premeditadamente, mas sempre ignorantemente.

Muitos casos chegaram ao meu conhecimento de pessoas que concluíram serem elas próprias que estavam barrando seu suprimento por jamais darem ou compartilharem coisa alguma; assim, passaram a praticar o dízimo e mudaram completamente de situação, mesmo sem terem atingido o nível mais elevado de realização espiritual, mas apenas à nível de ajudar e dividir com o próximo. Não existe uma forma única de se experienciar abundância: há provisão em todo nível de consciência. A demonstração máxima, entretanto, é a conscientização da presença de Deus. Isto é que atende a todas as tuas necessidades.

No nível místico de consciência, jamais devemos permitir que a mente se prenda ao suprimento como sendo ele algo a ser buscado, conquistado ou merecido. Suprimento é a conscientização de que o Eu, em vosso interior, "veio para que tivéssemos vida, e vida em abundância".

Começaram a notar a diferença entre os dois mundos? O mundo exterior, em que parece que vivemos em coisas que são externas, e o mundo interior, em que mesmo as coisas que parecem vir de fora são, realmente, expressadas pelo Espírito que está dentro de nós? Permaneçamos na Verdade de que a nossa vida invisível é que nos atrai do exterior o que for necessário à nossa experiência individual.

Seja qual for o segmento da vida que estivermos considerando, jamais deveremos esquecer o grande princípio da IMPERSONALIZAÇÃO. Não é certo que cada confusão em que temos entrado se foi causada por termos personalizando Deus ou o erro? Agora, deveremos dar outro passo e impersonalizar o suprimento, de tal forma que desapareça a ideia de "meu" ou "seu" suprimento: existe a Autocompleteza, Autodesdobramento, Autocorporificação da totalidade.

Na percepção de nosso relacionamento de unicidade, são encontradas completeza e totalidade. Esta unicidade com o Pai é minha plenitude, minha completeza, mas não implica que seja algum "meu" separado do "seu". Você possui a mesma plenitude, a mesma completeza, a mesma perfeição. Apenas terá de despertar para ela, e assim faremos em proporção à nossa capacidade de impersonalizar Deus, impersonalizar o erro, impersonalizar o suprimento e impersonalizar o amor.

A forma única de impersonalizarmos o amor e expressarmos divino amor está em sabermos que não temos poder nem para dar nem para reter qualquer coisa. Podemos meramente ser instrumentos pelos quais a coisa acontece. Apesar de tudo que conhecemos, humanamente seremos tentados a dar ou a deixar de dar amor em função de preferências pessoais. A dar mais "aqui" do que "ali". Tudo isso torna-se barreira à demonstração da real harmonia em nossas vidas. Cada um precisa reservar um período ao dia para ser uma transparência à ação do Espírito, para que Ele possa abençoar nosso lar, negócio, nação, sem qualquer influência de preferência pessoal.

Humanamente, talvez sintamos mais afeição por uns do que por outros. Mas são os outros os responsáveis pela diferenciação. Eu não poderia dar mais afeição humana àqueles não a dão nem a compartilham, pois seriam eles que estariam deixando de chamá-la para si. Quem expressa afeição em grau máximo é o que a recebe em maior medida. Sob o ponto de vista humano, a verdade é esta e tenho que admiti-lo.

Este fato, entretanto, não me impede de, ao menos uma vez ao dia, buscar minha quietude interna para perceber que não posso dar amor a alguém ou represá-lo. Estarei sendo a transparência pela qual a Graça de Deus envolve todas as pessoas de todos os lugares. A receptividade delas lhes trará a vida abundante, e a falta dessa receptividade as excluirá. Serei responsável somente por "deixar a Luz brilhar". Abrir a porta da consciência para recebê-la será função de cada um.

Nossa maior contribuição ao mundo está não em prestarmos serviços pessoais a familiares. Nosso maior valor é a medida com que nos sentamos, em quietude, para sermos uma clara transparência para o Amor de Deus fluir em nosso ambiente, negócio e nação. Isto é impersonalizar o amor, e é esse tipo de amor impessoal que atende às necessidades individuais e coletivas.

Em alguns níveis de vida humana, uma pessoa deverá ser humanamente mais amorosa, caridosa, benevolente, pois será este seu único acesso à paz e à harmonia. À medida que der, receberá. Aquilo que semear, ceifará -- não, porém, em nível espiritual, onde a experiência máxima é amor divino, e este ninguém é capaz de dar ou de reter. Antes, é Algo que flui através de nós, e atua fora do nível humano.

O Suprimento é infinito; porém, é preciso haver receptividade. Qualquer um diria: "Ora, eu receberei todo suprimento que você me der". Mas não é assim que a coisa funciona! Podemos ter todo suprimento que dermos. Mas a barreira encontra-se aqui: o não desejo de doação. Eis a causa da carência ou da limitação.

O povo faminto do mundo é culpado pela falta de alimento? Não, não mais que nós mesmos, quando desconhecíamos esta verdade, ou quando nos culpávamos por não estar desfrutando de maior harmonia. Os que sofrem carência estão barrando o suprimento com a ignorância espiritual. Alguns se permitiram se tornar desamorosos; e, onde inexiste amor, inexiste abundância. Permitiram-se parar de desenvolver, separados e apartados de seus irmãos humanos. Criaram uma mentalidade de "receber" e não de "dar", inclusive o de receber em troca de nada! Esse tipo de ignorância, porém, não é falha deles. Estão hipnotizados! E este hipnotismo durará até que haja um despertar interior que os direcione a algo superior ao sentido material, rompendo de vez com esse hipnotismo universal.

Adquira o hábito de, diariamente, sentar-se quietamente, sem dar amor humano a ninguém, e, por outro lado, sem conservar qualquer emoção negativa como ódio, inveja, ciúme, malícia, vingança ou indiferença. Abandone tudo isso, inclusive o desejo de amar alguém. Sente-se quietamente, por um momento, e deixe que o Espírito de Deus, o Amor divino, flua através da sua consciência para a seu lar, família, vizinhos, cidade, estado, comunidade, nação e, finalmente, o mundo.

"Tua Graça é a suficiência deste mundo. Deixo Tua Graça estar sobre o mundo e ser realizada em toda consciência humana. Deixo Tua Graça ser estabelecida assim na terra como o é no céu".

Depois, permaneça silencioso por alguns momentos, enquanto há o fluxo do Espírito. Você não terá dado amor algum; não terá retido amor algum; não terá sido desamoroso: terá simplesmente permanecido quieto, permitindo à "suave e pequenina Voz" ser ouvida por toda consciência humana a Ela receptiva.


sábado, dezembro 26, 2015

Natal

- Joel S. Goldsmith -


Uma mensagem de Natal deve ser uma mensagem de paz, em que nossos pensamentos se voltam do conceito de paz que o mundo busca, para a realização da verdadeira paz, “a Minha paz”, que vem assim que os homens se encontram prontos a recebê-la.

O mundo busca uma paz que jamais pode ser encontrada enquanto o senso de paz estiver baseado na cessação de guerra. Esta paz, ainda quando esteja realizada, é temporária, pois está baseada somente em conferências e relacionamentos entre homens e nações. A verdadeira paz é consumada, exclusivamente, quando nos despimos da armadura da carne, no momento em que deixamos de erguer a espada em defesa dos temores e ódios do mundo e cessamos de guerrear com as condições terrenas.

A paz duradoura reina somente quando os relacionamentos entre os homens estão alicerçados na conexão de cada um com Deus. A paz é realizada quando nos encontramos unidos com nossos companheiros através da experiência da vivência de Deus. A paz é alcançada quando contemplamos antes o Filho de Deus governando nossa vida e, em seguida, também a de nosso irmão.

O mundo está procurando a paz “lá fora”, mas ela deve ser encontrada dentro do nosso próprio ser individual, na medida em que hospedamos o Príncipe da Paz. Portanto, deixemos de procurar a paz que “o mundo está buscando” e empenhemo-nos em encontrar “A paz de Deus que ultrapassa todo entendimento humano”. “A Minha Paz vos deixo, a Minha Paz vos dou: não como o mundo vos dá. Que não se turvem vossos corações e nem se receiem”. (Ler Isaías 42: 1-9, em seguida, Isaías 61-62: 1-4 e 62: 12).

As advertências e as promessas do Velho Testamento são muitas vezes mal interpretadas como se fossem dirigidas a algum homem em particular ou a uma determinada raça. Os amigos Hebreus consideravam-se filhos de Deus distintos e favorecidos por Ele; tal má interpretação levou à adoração de certas pessoas chamadas de salvadores, como se fossem, por si mesmas, o Cristo. Isto gerou o sectarismo em determinadas religiões, com limitadas diferenças e inimizades.

Deus não ungiu especificamente um homem ou um povo: Deus tem ungido o Seu Bem-amado, o Cristo. O Cristo é uma entidade espiritual, um impulso espiritual – Um espírito que está no homem. É Ele que, em nós, é abençoado, ungido e sustentado pelo Pai.

Ocasionalmente, este divino Impulso Espiritual - o Cristo -, se manifesta de uma forma mais pronunciada num indivíduo aqui, noutro acolá; porém, Ele existe na consciência de cada um na face do globo terrestre. Chega um período específico na vida de cada indivíduo no qual ele recebe a anunciação espiritual, e então o Cristo é concebido, nutrido e desenvolvido. Num dia de Natal, o Cristo nasce; em outras palavras, a presença do Cristo é realizada dentro do nosso ser.

O nascimento de Cristo não ocorre cronologicamente no dia 25 de dezembro nem em lugares de terras santas, mas ocorre, sim, na consciência elevada do indivíduo. Este estado de consciência elevado é a Cidade Santa – a cidade cuja busca foi esquecida, o lugar de nascimento e o lugar onde habita o Cristo. Onde quer que o Espírito de Deus apareça na consciência humana, todas as bênçãos e profecias em relação aos ricos frutos do Cristo se evidenciam.

Na luz do Cristo o cenário humano se revela como algo fantástico. É somente depois da realização do Cristo em consciência que o sentido profundo da verdadeira humildade é compreendido. Antes desse acontecimento, sempre haverá um sentido pessoal do ego; mas, com o nascimento do Cristo, todo sentido de exibição pessoal, todo desejo de algo ou de alguém e toda a espécie de ambição humana são perdidos. A partir desse ponto de transição em consciência, onde havia necessidades, desejos pessoais ou uma vida incompleta, passa-se a não mais ter uma vida própria para ser plenificada com seus apegos e suas necessidades de êxitos e sucessos. Neste estado de consciência não existe nem mais um senso de necessidade de Deus, porque há a realização de se contemplar Deus agindo através de si. Esta atividade nunca é para benefício pessoal, mas se torna uma bênção para aqueles que ainda não experienciaram a concepção e o nascimento de Cristo dentro do seu próprio ser e, portanto, não realizaram a natureza universal de Cristo.

Elias revelou a natureza do Cristo como sendo a “pequenina e silenciosa voz” que está dentro e ao alcance de cada indivíduo que se torna receptivo a ouvir; Daniel revelou o Cristo como uma “pedra cortada da montanha sem mãos”. Nas palavras de Isaías (42; 2-4): “Não chamará, não se exaltará, nem fará ouvir sua voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade, produzirá o juízo”. Quando Cristo Jesus falava daqueles que “tinham olhos, mas não viam”, referia-se a uma capacidade interna que contempla aquilo que jamais os olhos humanos seriam capazes de captar.

A natureza do Cristo é uma atividade espiritual, totalmente sem cumprimento físico, e mesmo assim suficiente para destruir os quatro reinos temporais. As palavras e os pensamentos de Elias, de Daniel, Isaías e outros grandes personagens bíblicos transitam no meu ser e se unem na revelação de uma Essência espiritual única, de uma Presença e de um Poder. Mesclados com estes pensamentos estão também os das crianças que vêm ao mundo com deficiências. Estas crianças, com seus clamores, indagam: “por que isto?, por que eu?, por que comigo?”, e suas vozes penetram a consciência da Terra, e esta não tem resposta aos seus problemas e às suas necessidades de cura. Um clamor semelhante se faz dos povos do mundo inteiro, ansiosos por uma cessação de guerras e esperançosos de uma paz mundial, e a Terra também não tem resposta para eles.

Mas há uma resposta! A resposta é o Cristo! Cristo é a influência espiritual dentro de você, de mim e de todas as almas e corações abertos para a anunciação, para a experiência da concepção e nascimento do Cristo. O Espírito do Senhor Deus Todo-poderoso está sobre o Cristo do seu ser individual e esta suave Presença é manifestada, não pela força e nem pelo poder, mas sim pela unção do próprio Espírito.

É este Cristo a resposta à paz mundial, assim como também é a resposta a todos aqueles pequeninos que clamam por suas heranças divinas de saúde, harmonia e plenitude.

A maior missão do Cristo é curar o mundo, portanto, se torna necessário, para aqueles que sentiram o toque do Cristo para servir, abrir caminho para a atividade do Cristo, que é permear a consciência humana com o conhecimento e o amor do Cristo. A prece é o canal ativo em nossa consciência, que traz a Presença e o Poder de Deus aos afazeres humanos.

Eventualmente você poderá receber pedidos para uma ajuda específica; e, para estar preparado, é preciso aprender a manter a comunhão com o Príncipe da Paz, com nenhum outro propósito a não ser o da própria comunhão com Ele. Você deve reservar períodos todos os dias para a meditação e nesses momentos se isentar de qualquer preocupação com os problemas relacionados com sua própria vida. Sua única razão para meditar deve ser experienciar em consciência a comunhão com Deus.

Nesta comunhão, a atividade de Cristo em você se torna o agente curador por todos aqueles que lhe solicitem ajuda.

Pensem acerca da consciência curadora que pode ser implementada no mundo, quando cada estudante da verdade se conscientizar, em primeiro lugar, que “o único filho bem-amado, que está no âmago do Pai”, é o Cristo do seu ser individual.

Tudo que o Pai tem, está derramado sobre esta Centelha divina, vital, eterna e imortal, e o lugar onde Ele habita é dentro de você, em sua consciência!

Lembre-se sempre de que “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles”.

A atividade amorosa do Cristo, em você, é suficiente para derrubar os reinos temporais. Mas, uma coisa é exigida: cada Cristo deve ter o seu Jesus. A criança espiritual deve ter o Seu representante na Terra, e Ela deve ser liberada ao mundo através da conscientização daquelas pessoas que chegaram a realizar o Cristo em si mesmas.

É nossa função recolhermo-nos, diariamente, sem nunca falhar, com o propósito de receber o Príncipe da Paz e, dessa forma, criar-Lhe a possibilidade de atuar em nossos negócios e relacionamentos humanos.

Não é necessário dirigi-Lo ou esclarecê-Lo; a nossa parte consiste em esperar, silenciosamente, sem esforço e sem poder, e deixá-Lo ocupar nossa consciência! Você pode vislumbrar o que acontece quando o Cristo realmente realizado começa a tocar a consciência de todas as pessoas na Terra, removendo delas as causas e os efeitos do erro humano? O Cristo, ao nos tocar a consciência, liberta-nos dos ódios e dos medos do mundo, abençoando assim inúmeras pessoas.

A prece feita dessa forma nos abre à visitação e à comunhão com o Príncipe da Paz, fazendo de nossa consciência a Cidade Santa, onde o Cristo habita, e através da qual Ele acha o caminho de entrada em todas as consciências humanas.

Enquanto a videira recebe a sua substância pelo Pai, cada galho está sendo alimentado. O Santo de Israel, o Espírito de Deus no homem, o Cristo, está sempre presente, porém, disponível somente na medida em que nos abrimos para recebê-Lo, deixando-O em nós habitar. Nosso único propósito, ao entrarmos em comunhão com o Cristo, é o de Lhe propiciar uma entrada ao mundo, para que possam ser demolidas as crenças humanas cristalizadas e ser estabelecido o Reino de Deus sobre a Terra.

Saibamos que não nos cabe um trabalho pessoal, temos somente que nos aquietar e “deixar fluir”. No verdadeiro sentido da humildade, não há um “eu” dirigindo esta atividade; ao contrario, há um sentimento profundo de paz e quietude, onde nos tornamos exclusivamente desejosos de deixar o Cristo se encarregar dos negócios do Pai.

Nunca você ou eu poderemos nos ocupar dos negócios do Pai – somente o Cristo pode executar as funções de Deus sobre a Terra, estabelecendo Seu reino nos corações de todos aqueles que são receptivos e responsivos à Sua presença curadora.

E assim, no dia de Natal, façamos votos de boa sorte ao Príncipe da Paz em Sua jornada de amor nas consciências humanas, de modo que cada indivíduo que tenha seu pensamento e mente, Espírito e Alma, abertos à concepção e nascimento de Cristo, possa conhecer essa Presença amorosa capaz de lançar a paz na Terra e a boa vontade entre os homens.


quinta-feira, dezembro 24, 2015

Uma reflexão sobre o Natal


- Núcleo -


Em 25 de dezembro se comemora em todo o mundo o nascimento de Jesus.

Mas, então, surge uma questão... Qual Jesus?

- Aquele de quem disseram: "Ainda não tens cinquenta anos e dizes que viu nosso pai Abraão?", ou aquele que disse: "Antes que Abraão existisse Eu Sou"? [Jo 8:58]

- Aquele que disse: "Eu Sou o pão que desceu do céu"? Ou aquele de quem disseram: "Este não é Jesus, o filho de José? Nós conhecemos o pai e a mãe dele. Então, como é que ele diz que desceu do céu?" [Jo 6:41]

Não há dúvida de que no natal se comemora o nascimento de Jesus, por sua condição de Filho de Deus, que fez muitas declarações que estavam acima da compreensão da maioria daqueles de seu tempo.

Ainda hoje é assim!

Muitos ainda seguem o Jesus, Filho de José... embora ele mesmo tenha declarado que, em verdade, Ele é aquele que desceu do céu!  

Muitos ainda seguem o Jesus, que não chegou a ter cinquenta anos... embora ele mesmo tenha revelado ser aquele a quem Deus amou antes que houvesse mundo. [Jo 17:24].

Vejamos o testemunho de João Batista, um profeta que sabia interpretar os sinais do céu, e que conheceu pessoalmente a Jesus: "Vi o Espírito descer do céu como uma pomba e parar sobre ele. Eu não sabia quem ele era, mas Deus, que me mandou batizar com água, me disse: 'Você vai ver o Espírito descer e parar sobre um homem. Esse é quem batiza com o Espírito Santo.' E eu de fato vi isso e por esta razão tenho declarado que ele é o Filho de Deus." [Jo 1:32]

Agora que identificamos a qual Jesus estamos nos referindo – o Filho de Deus, em quem Deus Se compraz –, vejamos o que o próprio Jesus disse sobre o "nascimento", já que no natal é comemorado o Seu nascimento...   

Jesus disse a Nicodemos: "A pessoa nasce fisicamente de pais humanos, mas nasce espiritualmente do Espírito de Deus." E completou: "Por isso não se admirem de Eu dizer que todos vocês precisam nascer de novo."  [Jo 3:6-7]

Eis aqui o núcleo dessa reflexão sobre o natal: Identificamos o "Jesus" e também o "nascimento" ao qual estamos nos referindo!

Estamos nos referindo ao Jesus eterno, atemporal, o Filho de Deus que nos advertiu que todos nós temos que "nascer espiritualmente"!

Esse nascimento espiritual nos fará cogitar das coisas de Deus, porque, como está escrito na Bíblia, em Romanos 8:5, "os que vivem como a natureza humana têm as suas mentes controladas por ela. Mas os que vivem como o Espírito de Deus têm suas mentes controladas pelo Espírito. Ter a mente controlada pela natureza humana produz morte; mas ter a mente controlada pelo Espírito produz vida e paz".

Então esse é o verdadeiro "natal" que devemos comemorar: O do "nascimento" do Espírito de Deus em nós, que nos faz pender para as coisas de Deus, que nos dá Vida e Paz! O "nascimento" que nos leva a viver em Unidade com o Filho de Deus, que assim orou a Deus: "Eu estou neles, e tu estás em mim, para que eles sejam completamente unidos, a fim de que o mundo creia que me enviaste e que os amas como também me ama." [Jo 17:23]     

Notem que revelação: "... e que os amas como também me ama."

Assim, por essa oração percebemos que "viver em Unidade com o Filho de Deus" nos torna conscientes do Amor de Deus por nós!  

Enfim, a "reflexão sobre o natal" nos levou a essa mensagem do eterno Amor de Deus por nós, através da oração de Seu Filho amado, que é Aquele que verdadeiramente "desceu do céu e fez nascer em nós o Espírito de Deus", e por isso comemoramos!

Com essa mensagem de Amor universal, desejo a todos um Feliz Natal!


domingo, dezembro 20, 2015

sexta-feira, dezembro 18, 2015

A essência búdica de todos os seres

- Núcleo - 


O mestre zen budista Hakuin ensinou que:

“Na essência todas as pessoas são seres búdicos. 
Assim como não pode existir gelo sem água, também não pode existir Buda sem a humanidade. 
Quem compreende essa verdade alcança o tesouro infinito. 
Quando vivo a Forma que transcende a forma fenomênica, posso ir e voltar sem sair do lugar. 
Quando vivo com o Pensamento que transcende o pensamento fenomênico, canto e danço segundo a voz da Verdade. 
No amplo céu do meu mundo Mental livre de qualquer empecilho, brilha a luz da sabedoria búdica. 
Alcanço o estado de total serenidade, transcendendo as angústias e os sofrimentos mundanais. 
Por isso, aqui mesmo é o paraíso búdico; e assim mesmo, nesta forma física, sou um ser búdico."


Seguem-se os comentários ao texto. [Os comentários aparecem entre colchetes]

“Na essência todas as pessoas são seres búdicos [todas as pessoas são seres conscienciais, porque vivemos na Consciência do Ser, que é o Princípio Divino]. 

Assim como não pode existir gelo sem água, também não pode existir Buda sem a humanidade [todo personagem pressupõe um Ator. Assim, o personagem gelo, é a forma assumida pelo Ator água. Água é a essência do Gelo. A água pode se manifestar na forma de gelo. Assim como gelo evidencia a existência da água, todo personagem evidencia a existência do Ator]. Quem compreende essa verdade alcança o tesouro infinito. 

Quando vivo a Forma que transcende a forma fenomênica, posso ir e voltar sem sair do lugar [Forma fenomênica é a forma do personagem, ao passo que 'Forma que transcende a forma fenomênica' é a Forma do Ator, do Ser consciencial, que é a essência, portanto, sem forma definida como é a forma fenomênica. Por isso, estando consciente de que vivo na Consciência do Ser, no Princípio divino, posso ir e voltar sem sair do lugar].

Quando vivo com o Pensamento que transcende o pensamento fenomênico, canto e danço segundo a voz da Verdade [Pensamento que transcende o pensamento fenomênico são os pensamentos de Deus, como revelado na Bíblia em Isaias 55: 8-9, onde está escrito: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Por isso, estando consciente do Pensamento que transcende o pensamento fenomênico, canto e danço segundo a voz da Verdade, que é Deus]. 

No amplo céu do meu mundo Mental livre de qualquer empecilho, brilha a luz da sabedoria búdica. [O mundo Mental que é livre de qualquer empecilho é chamado no Núcleo de mundo da Consciência ou Mente com “m” maiúsculo, no qual brilha a luz da sabedoria búdica ou divina]. 

Alcanço o estado de total serenidade, transcendendo as angústias e os sofrimentos mundanais [As angústias e os sofrimentos mundanais estão no âmbito da mente do personagem. Na Consciência do Ser elas inexistem, por isso na Consciência alcanço o estado de total serenidade]. 

Por isso, aqui mesmo é o paraíso búdico; e assim mesmo, nesta forma física, sou um ser búdico [Pelo fato de Realidade e Representação coexistirem no Princípio Divino, assim mesmo, nesta forma física, ou seja, assim mesmo na forma de personagem, sou consciente de que sou o Ator divino, sou consciente de que sou um ser búdico, um ser consciencial” e sou consciente de que aqui mesmo é o Princípio Divino, aqui mesmo é o paraíso búdico].


quarta-feira, dezembro 16, 2015

Algumas verdades sobre Quem somos

- Swami Vivekananda -


"O que chamamos Deus é, verdadeiramente, o Ser, do qual nos havemos separado e a quem adoramos como se estivesse fora de nós; porém, Ele é nosso real Ser, para sempre, o único Deus.

O mundo existe para mim, não eu para o mundo. Bem e mal são nossos servos e não nós servos deles. A natureza do bruto é permanecer onde está. É da natureza do homem buscar o bem e evitar o mal; é da natureza Divina não procurar nenhum dos dois, mas apenas ser eternamente venturoso. Sejamos Divinos! Torne seu coração como um oceano; vá além de todas as ninharias do mundo.

Todo o firmamento é a bandeja votiva de Deus, na qual o sol e a lua ardem como lâmpadas. Que outro templo é necessário? Todas as nossas vidas nos pertencem, como páginas a um livro; porém, somos a Testemunha que não se modifica, sobre a qual as impressões se gravam – como a impressão do círculo, que se forma diante de nosso olhar, ao agitarmos rapidamente um tição de fogo no ar.

Todo o livro está em nós mesmos.

“Insensato, não podes ouvir? Em teu próprio coração, dia e noite, está sendo tocada aquela Eterna Canção: Sat-chit-ananda, Soham, Soham – Existência, Conhecimento, Paz Perfeita, Eu Sou Isto, Eu Sou Isto!

A Luz Divina interior se encontra obscurecida na maioria das pessoas. É como uma lâmpada em um barril de ferro: nenhum brilho o pode atravessar. Aos poucos, pela prática da pureza e do não-egoísmo, podemos tornar o ambiente obscuro cada vez menos denso, até que, afinal, se torne transparente como um vidro.

O bem está próximo da Verdade, mas ainda não é a Verdade. Depois de aprendermos a não ser perturbados pelo mal, temos de aprender a não nos alegrarmos com o bem. Devemos descobrir que estamos além do bem e do mal; devemos estudar o modo como se ajustam e compreender que ambos são necessários.

Quando a mente está tranquila, nem bem nem mal podem afetá-la. Seja perfeitamente livre; assim, nenhum deles lhe poderá molestar, e então desfrutará de liberdade e santa alegria. O mal é a cadeia de ferro e o bem a cadeia de ouro. Ambos são cadeias. Seja livre e saiba, de uma vez por todas, que não há cadeias para você. Coloque a cadeia de ouro afim de soltar a de ferro; então, lance fora as duas. O espinho do mal está em nossa carne; apanhe outro espinho do mesmo arbusto para extrair o primeiro, e então, jogue fora ambos e seja livre.

No mundo, tome sempre a posição de quem dá. Dê tudo sem esperar qualquer retorno. Dê amor, dê ajuda, preste serviços, ofereça cada pequena coisa que possa, mas mantenha de fora a ideia de traficar. Não coloque condições e nenhuma lhe será imposta. Deixe-nos oferecer de nossa própria generosidade, tal como Deus nos dá. O Senhor é o único que dá; todos os outros são apenas comerciantes. Consiga Seu talão de cheques e será aceito em toda parte.

Deus é a inexplicável e inexprimível essência do amor, a ser conhecida e jamais definida. Em nossas misérias e lutas, o mundo nos parece um lugar terrível. Porém, do mesmo modo que observamos dois cãozinhos brincando e mordendo e sabemos que aquilo, definitivamente, não nos concerne, por compreender que é apenas um jogo e mesmo uma rápida mordida não os poderá machucar, assim todas as nossas lutas são somente uma brincadeira aos olhos de Deus. Este mundo é apenas para brincar e Deus se diverte com isto. Nada nele pode tornar Deus raivoso.

Veja o oceano e não a onda; não diferencie a formiga do anjo. Cada minhoca é irmã do Nazareno. Como pode dizer que um é maior e o outro é menor? Cada qual é grande em seu próprio lugar.

Estamos no sol e nas estrelas tanto quanto aqui. O Espírito está além de espaço e tempo, existe em toda parte. Toda boca que louva a Deus é minha boca, cada olho que vê é meu olho. Não nos achamos confinados a nenhum lugar. Não somos o corpo; o universo é nosso corpo. Somos magos agitando varinhas mágicas e criando cenas diante de nossos olhos à vontade.

Somos como aranhas em uma grande teia, correndo pelas várias bordas segundo desejarmos. A aranha está, agora, somente consciente do local em que se acha; mas, a seu tempo, ficará consciente também de toda teia. Nós, do mesmo modo, só estamos conscientes de nossa existência, no local onde se encontra o corpo; podemos usar unicamente um cérebro. Porém, ao alcançarmos supra-consciência, ficaremos conhecendo tudo, e poderemos usar todos os cérebros. Neste mesmo instante, é possível dar um impulso à consciência e ela irá além e atuará em nível supra-consciente.

Estamos nos empenhando em ser e nada mais; não deve restar nenhum “eu”... apenas, puro cristal a refletir tudo, mas ele mesmo sempre igual. Quando este estado for alcançado não haverá mais afazeres; o corpo se torna um mero mecanismo, puro, sem necessidade de cuidados; não pode mais tornar-se impuro. Saiba que você é o Infinito, então o medo desaparecerá."


segunda-feira, dezembro 14, 2015

O tempo, o espaço e a Eternidade

- Osho - 


Pergunta: "Você fala do equilíbrio, do ponto de encontro, a fusão dos opostos, mas parece ser um ponto invisível no tempo. Então, como pode ser conhecido pelo eu, o que é o tempo?"

Osho: Você é tempo e intemporalidade ao mesmo tempo, do contrário, não poderia alcançar o equilíbrio. Mas só conheceu parte do seu ser, somente a parte do tempo. Se conhecer todo seu ser, conhecerá também sua parte atemporal. Para o todo não existe tempo. É um conceito relativo, só existe para aqueles que não estão completos, inteiros. Isso é importante que se entenda, é um ponto delicado e muito complicado. O tempo é um dos problemas mais difíceis.

Santo Agostinho disse: "Sei o que é tempo quando não me perguntam, mas quando alguém me pergunta, já não sei."  Todo mundo sabe o que é o tempo se ninguém pergunta, mas se alguém insiste para que você o defina, para que explique o que é o tempo, você fica perdido. Você o tem aproveitado, você o tem vivido a cada momento, e tem também um sentimento sutil sobre ele, sobre o que o tempo é; porém, quando se quer explicá-lo em palavras, se sente perdido.

O tempo é um dos problemas mais complicados. Tente compreender. O tempo - e isso é o que primeiro tens que compreender - não é nada absoluto. Para o universo inteiro não existe tempo. O universo não se move de um ponto do tempo a outro, porque ambos estão nele. Tudo está contido nele, passado, presente e futuro. Se o futuro já não estiver contido no universo, como irá existir alguma vez o futuro? O todo não pode mover-se no tempo, porque também contém o tempo, o tempo é parte da existência. Por isso, dizemos que o todo vive na eternidade: eternidade significa intemporalidade, e nela não há tempo. O passado, o futuro, o presente: a intemporalidade contém a todos.

O tempo existe para nós, porque vivemos como partes; o espaço existe para nós, porque vivemos como partes, são fenômenos relativos. Para o todo, o espaço não existe, porque está contido no todo, Não se pode ir a lugar algum, porque não há outro "lugar" para se ir. Todo o espaço está no todo. Onde se pode ir então? Existe aqui e agora, sempre existe aqui e agora, nunca foi diferente disso. E você é isso. Se você vive uma vida dividida, se vive uma vida superficial, se vive meio dormindo, quase dormindo, então vives no tempo. Mas se você vive uma vida completamente desperta, já vive na eternidade, na intemporalidade, se converteu no todo. Agora, não existe tempo para você.

O místico alemão Meister Eckhart, estava em seu leito de morte. Um discípulo, um homem curioso, um estudante de filosofia, lhe perguntou: - "Mestre, sei que estás morrendo, mas gostaria que respondesse uma pergunta antes de abandonar o corpo, se não ela me perseguirá por toda minha vida". Eckhart abriu os olhos e disse: - "Qual é a pergunta?". O homem disse: - "Quando se morre, se vai para onde?"

Eckhart disse: "Não há necessidade de ir a lugar algum".

Não sei se esta resposta satisfez ao discípulo, mas Eckhart lhe deu uma bela resposta. Requer uma profunda compreensão para responder a esta pergunta. Eckhart disse: Não há necessidade de se ir a lugar algum. Isto significa que agora estás em todas as partes. Onde está a necessidade de se ir a algum lugar?

Ao Buda fizeram a mesma pergunta, várias vezes. - "Quando um Buda morre, para onde ele vai?". Buda sorria e não dizia nada. No seu último momento, a pergunta foi novamente formulada, e Buda disse: - "Traga uma pequena vela. Acenda-a. Tragam ela para perto de mim". Quando a vela estava acesa perto dele, de repente ele a soprou e a vela simplesmente apagou. Buda então perguntou: - "Para onde foi a luz da vela? Se tornou um com o todo. Agora não existe mais como uma chama individual, a individualidade foi abandonada."

Por isso a palavra Nirvana se tornou tão importante na terminologia budista. Significa extinção de uma chama, total extinção de uma chama. Permanece, porque tudo permanece, mas não se pode mais encontrá-la. Onde se encontra a chama que já não é? Se perde a individualidade, se perde a forma. 

Onde encontrá-la? Podemos dizer que ela já não existe? Existe, pois como pode algo que existiu deixar de existir? Ela apenas desapareceu, então, tornou-se uma com a não-forma; se tornou uma com o todo, então, ainda existe. Agora, existe como o todo.

Você tem duas possibilidades. Pode viver no tempo - e então vives com a mente. A mente é o tempo, mas a mente divide a vida em passado, presente e futuro. A mente é o fator divisor, é o grande analista, um grande dissecador. É o que disseca tudo.

Pode também viver a vida diretamente, pode viver a vida de forma imediata, sem mente. Pode por a mente de lado e assim viver a vida sem tempo, eternamente, e não há passado nem futuro, só presente, presente e presente.

Sempre estás aí. O passado é o momento presente que já não pode ver e o futuro é o momento presente que ainda não podes ver. O passado é o momento presente que já está além de ti, além da sua percepção; e o futuro é o momento presente que ainda não entrou nos limites da sua percepção.

Pense em um pequeno exemplo: Você está esperando alguém embaixo de uma árvore muito alta. Podes ver o caminho, mas há limitações, podes ver uns duzentos metros de um lado, duzentos metros de outro lado, e logo o caminho desaparece. Mas há outro homem que está sentado no alto da árvore. Ele pode ver muito mais longe. Ele pode ver um quilômetro em uma direção e um quilômetro na outra.

Você está esperando seu amigo e o amigo aparece para o homem sentado no topo da árvore, mas não para você que está sentado embaixo da árvore. No momento em que seu amigo aparece no caminho, ele se torna presente para o homem que está no topo da árvore, mas para você ainda é um futuro, porque ele ainda não apareceu para você. A não ser que ele entre nos seus limites de percepção, não é presente para você. É futuro. Assim, passado, futuro e presente são relativos. Depende da altura e de onde estás.

Em uma meditação profunda, a mente já não está se intrometendo. Segue funcionando a princípio, mas pouco a pouco, quando não a escuta, para de falar. Quando vê que você não está interessado em nada que ela diga, quando ela vê que você não lhe dá atenção, ela então para. Quando a mente silencia, você passa a viver a vida diretamente. Neste ponto não existe mais meditador, nem nada que o defina; a percepção é clara, pura, e estás na eternidade."


sábado, dezembro 12, 2015

Tempo, espaço, e vidas passadas

- Sri Bhagavan -


Pergunta: Bhagavan, se "tempo e espaço" são ilusões, como essa verdade se relaciona com "experiências de vidas passadas"? Será que as vidas passadas realmente aconteceram no passado?

Bhagavan: Quando atingimos estados místicos elevados, podemos ver claramente como o tempo e o espaço são ilusões. Quando dizemos "vidas passadas" isso não significa que elas aconteceram no passado. É possível percebermos as "vidas passadas" acontecendo exatamente agora, neste instante. Mas para perceber isso, é necessário ser um grande místico. 

É realmente incrível. Nós podemos nos perceber vivendo muitas vidas ao mesmo tempo. Não apenas em diferentes reinos de existência, mas vivendo aqui mesmo neste planeta. Não é que você seja apenas um simples corpo. Você pode se experienciar vivendo em muitos corpos ao mesmo tempo. Um de seus corpos pode estar vivendo na Alemanha, outro poderia estar vivendo nos Estados Unidos, outro na África, outro na Índia - tudo ao mesmo tempo. É muito difícil compreender isso intelectualmente. Mas, misticamente, podemos perceber isso com muita clareza. 

Mas não é apenas isso. Também é possível nos percebermos existindo em vários reinos simultaneamente. Existem aproximadamente 21 reinos. Aquele que despertou em todos os reinos, na Índia é chamado um Paramahansa. Paramahansa significa "aquele que despertou em todos os reinos". A nossa realidade é muito diferente daquilo que pensamos que ela é. Nós somos seres grandes e vastos, e não o pequeno ser que você pensa que é. Mas à medida que você trilhar o caminho, todas essas coisas se tornarão muito claras para você. Com isso tudo ocorrerá uma grande transformação.


quinta-feira, dezembro 10, 2015

Corpo físico, mente, Vida

- Masaharu Taniguchi -


O que é Vida, essa força misteriosa que nos anima? Suponhamos que alguém nos diga: "Mostre-me a Vida, apresente-a diante de mim, pois quero examiná-la". Claro que não podemos mostrar-lhe a Vida, pois ela é invisível. Sabemos que a Vida existe, mas não podemos apontá-la e dizer: Eis aqui a Vida. Podemos mostrar o corpo vivo, mas o corpo em si não é a própria Vida. Suponhamos que se corte um pedaço do corpo e se procure a Vida na carne ainda fresca e palpitante. Estaria ali a Vida? Não. Não se pode encontrar a Vida numa parte do corpo, separado do resto, seja ela um braço, uma perna ou o tronco. Então, a Vida estaria no cérebro, que comanda os movimentos do corpo? Se retirar o cérebro e o examinar, constatar-se-á que também ali não se encontra a Vida. Conclui-se, pois, que a Vida é invisível.

O corpo carnal não é a própria Vida. Então, o que é o corpo carnal? É a manifestação da Vida – não manifestação direta, e sim indireta. Pode-se argumentar que o coração é que mantém vivo os seres, pulsando e bombeando o sangue. Mas o coração está apenas cumprindo sua função de fazer circular o sangue. Ele não é a Vida em si. Pode-se argumentar, também, que os pulmões é que mantêm vivos os seres, enviando oxigênio ao organismo. Mas também os pulmões estão apenas cumprindo sua função de absorver o oxigênio do ar e expelir o gás carbônico resultante das queimas orgânicas. Essa função, em si, não é a Vida. Tanto o coração como os pulmões e demais órgãos do corpo não passam de manifestações a Vida. A Vida é invisível aos olhos físicos. Sabemos que a Vida existe, mas não podemos vê-la. O fato de a Vida não ser visível apesar de existir e manter o corpo animado leva-nos à compreensão de que a Vida transcende a matéria e o espaço tridimensional, e que ela constitui nossa Essência, ou seja, nosso "Eu verdadeiro". Pensávamos que nosso "eu" fosse o corpo carnal. Mas o corpo carnal é expressão do "Eu verdadeiro" que transcende a matéria e o espaço. 

Já que o corpo carnal não é o "Eu verdadeiro", e sim expressão deste, podemos compará-lo a uma obra de arte. Quando o artista pinta um quadro, ele está expressando sua Vida num espaço bidimensional, que é a tela. Embora a Vida tenha infinitas dimensões, neste caso ela se manifesta na tela, que é uma superfície plana. E as pessoas, apreciando o quadro do artista, elogiam-no, comentando que é uma obra transbordante de Vida. De fato, ao ver uma verdadeira obra de arte, sentimos que dela emana a Vida do artista. Contudo, isso não significa que a Vida dele esteja presente nesse espaço bidimensional, que é a tela. O que se vê nela é apenas a expressão da Vida do artista. Por isso, mesmo que seguremos esse quadro, não teremos em nossas mãos a Vida em si. Expressão da Vida não é a Vida em si. Todas as formas manifestadas neste mundo são expressões – no espaço de dimensões limitadas – da Vida em si, que tem infinitas dimensões. Portanto, ao apontar algo manifestado no espaço tridimensional e dizer "eis aqui a Vida", a pessoa estará apontando indiretamente para a Vida em si, invisível aos olhos físicos. A Vida em si possui "conteúdo" transcendental, que os olhos físicos não conseguem captar.

Como a Vida é invisível, pode-se pensar que ela nada tem a ver com a forma. Porém, isso não é verdade. Se a Vida não abrangesse dentro de si elementos que constituem formas, não poderia expressar-se por meio delas. Ao pintar um quadro, o artista faz surgir uma forma sobre a tela. Essa forma já estava, por assim dizer, "dentro da Vida do pintor". A Vida, produzindo vibrações, forma dentro de si uma imagem e o artista pinta essa imagem sobre a tela. Portanto, a imagem pintada, visível aos olhos físicos, é reflexo da imagem mental, que é invisível. 

Se a imagem visível tem forma, é porque a Vida que a projetou no mundo fenomênico traz, dentro de si, "elementos que constituem formas". Os elementos são contidos na Vida e na mente invisíveis, porque pertencem a uma dimensão mais elevada do que este mundo, mas isso não significa que eles não tenham formas. Não seria possível desenhar um círculo se essa forma não fosse delineada primeiro na mente. Se a forma não existisse na mente, não poderia ser representada na tela; assim como não seria possível desenhar um triângulo se, antes, a forma desse triângulo não fosse delineada na mente. Dentro da mente estão abrangidos o círculo, o triângulo, o quadrado, enfim, uma quantidade infinita de formas, e por isso somos capazes de expressar as mais variadas formas. Não podemos ver a mente, justamente porque ela abrange uma infinidade de formas ao mesmo tempo: o círculo, o triângulo, o quadrado, a esfera, o plano. etc. Nosso sentido de visão só consegue captar as faces que se apresentam nos planos frontal e lateral. Quanto à face que se projeta no terceiro plano (profundidade), o sentido de visão não consegue captá-la; assim, só podemos ter ideia dela, observando as faces projetadas nos planos visíveis. Nossos olhos não conseguem ver o lado oculto do objeto tridimensional. Mas a mente tem dentro de si infinitas formas, embora não projete todas elas no mesmo plano. 

O que faz a mente conceber as mais variadas formas é a Vida. Assim como a mente, a Vida – que transcende os planos e abrange uma infinidade de formas –, não é captada pelo sentido da visão. Se queremos desenhar uma figura (um círculo, por exemplo), a Vida faz com que surja na mente essa forma. Dizemos, portanto, que "tudo que se delineia na mente é produto das ondas de pensamentos (ideias) geradas pela Vida". Todas as coisas/ideias estão abrangidas na Vida, antes de serem concebidas pela mente. A Vida é como um manancial inesgotável de riquezas – traz tudo dentro de si. Escolhido algo entre seu conteúdo infinito, formam-se ondas de pensamento. Quando pensamos em algum objeto, delineamos na mente a sua forma. Porém, antes de serem delineadas na mente, todas as formas estão abrangidas pela Vida: o triângulo, o quadrado, o pentágono, o hexágono, figuras planas, figuras tridimensionais, linhas retas, linhas curvas, etc., etc. A Vida é capaz de criar toda e qualquer forma, e no entanto ela própria não tem forma.

No budismo diz-se que "a Vida não tem forma e, ao mesmo tempo, possui infinitas formas". Tudo que tem uma forma definida é limitado por essa forma; por exemplo, o que tem forma triangular não pode tomar a forma quadrada. Porém, o que não tem forma pode apresentar uma infinidade de formas. A Vida, justamente por não ter forma, traz dentro de si infinitas formas (o triângulo, o quadrado, o pentágono, o hexágono, etc.). Esse é o verdadeiro aspecto da Vida.

Por abranger dentro de si infinitas formas, a Vida é totalmente livre. Conforme disse antes, tudo que tem uma forma definida é limitada, não tem liberdade de se manifestar sob outras formas. Um objeto cuja forma definida é quadrada não pode assumir a forma triangular, nem qualquer outra forma. Não podendo assumir nenhuma outra forma, não é livre. Nosso corpo carnal tem uma forma definida, e é limitado pelo tempo e espaço; portanto, não tem liberdade. Todas as coisas assumem uma forma definida e mensurável quando se manifesta neste mundo regido pelo tempo e espaço. Assim, embora a nossa natureza original seja a Vida infinitamente livre, quando nos manifestamos neste mundo, autolimitamo-nos e assumimos uma forma definida. Em outras palavras, apesar de sermos originalmente ilimitados, tornamo-nos limitados porque restringimos a nós mesmos. Podemos fazer a seguinte comparação: mesmo que uma garrafa esteja repleta de água, verterá apenas uma pequena quantidade de água se a saída (gargalo) for estreita e limitada. Assim também é o ser humano. Na verdade, somos ilimitados, mas neste mundo somos sujeitos a restrições impostas pelo tempo e espaço e, por conseguinte, pelo nosso corpo carnal que, por pertencer ao mundo regido pelo tempo e espaço, tem uma forma definida. O corpo carnal, por ter uma forma definida, não pode assumir outras formas, nem mudar de tamanho. Uma pessoa com cerca de 1,60 m de altura e 55 kg não pode transformar-se num gigante, e vice-versa. Por termos nos autolimitado e manifestado sob uma forma definida, perdemos a liberdade e a versatilidade. Porém, a Vida que constitui nossa Essência é infinitamente livre e versátil. Portanto, nosso "Eu verdadeiro" abrange dentro de si infinitas formas.

Abranger simultaneamente infinita variedade de formas – assim é a verdadeira natureza da Vida, assim é o "Eu verdadeiro". A Vida, embora abranja uma infinita variedade de formas, manifesta-se neste mundo limitando-se a si mesma, sob uma forma definida. Assim, nascemos com o corpo carnal, que tolhe a nossa liberdade original. É por isso que o ser humano odeia o seu próprio corpo. À primeira vista, parece que todas as pessoas gostam de seu próprio corpo, mas na verdade é o contrário. Alguns se apegam a seu corpo de tal modo, que vivem buscando prazeres para satisfazê-lo. Mas, no íntimo, mesmo essas pessoas odeiam seu próprio corpo. Embora pareçam amá-lo, proporcionando-lhe prazeres, na verdade estão destruindo-o pouco a pouco. Uns se deleitam com finas bebidas e iguarias; outros, buscam o prazer do fumo; e outros ainda, entregam-se à libertinagem. Tais pessoas estão, na verdade, "dilapidando" o próprio corpo. À primeira vista, a busca dos prazeres carnais parece ser a manifestação de amor ao próprio corpo; mas, na verdade, não o é. No fundo, o ser humano odeia o próprio corpo porque este o priva da liberdade total. Esse ódio se revela claramente nos atos de autoflagelação praticados por ascetas, que buscam o aprimoramento espiritual. A prática do jejum do asceta En-no-Gyoja, do profeta João Batista, e outros, são exemplos de autoflagelação.

A autoflagelação parte do pressuposto de que para libertar a alma é preciso submeter o corpo ao sofrimento; é um ato que traduz o desejo de voltar ao estado de total liberdade inerente à Vida. Isto é, pela tortura do corpo, busca-se destruir a barreira que impõe limitação, para que a Vida volte ao estado original de plena liberdade. Assim, flagelando o próprio corpo, os ascetas sentem o prazer de liberdade da alma. Efetuar jejum prolongado, tomar banho de água gelada, produzir ferimento no próprio corpo, enfim, qualquer que seja o método de autoflagelação, quanto mais o corpo sofre, maior é o prazer espiritual do asceta, pois experimenta a sensação de vitória. Segundo certos registros, alguns ascetas do bramanismo praticam métodos de autoflagelação muito dolorosos, tais como usar em torno da cintura nua um cinto com a superfície interna cheias de pontas de arame. Cada vez que o asceta se curva ou se alonga, as pontas de arame ferem-lhe a pele, causando-lhe muita dor. Mas, embora o corpo sofra, a alma experimenta o prazer da vitória. Quanto maior o sofrimento físico, maior é a sensação de liberdade da alma. Esse é o fundamento das práticas ascetas.

Não somente os ascetas, mas inúmeras outras pessoas buscam essa libertação. Citemos, como exemplo, os espectadores de shows, cinema, teatro, etc. Eles desejam expressar livremente a infinita variedade de aspectos que têm dentro de si, mas devido às limitações do corpo não podem exprimir tudo. Existem restrições de cunho social e moral, bem como restrições de tempo e espaço. Por isso, buscam a compensação, que consiste em assistir à atuação dos artistas no palco e sentir como se eles próprios estivessem vivenciando as experiências vividas pelos personagens da peça. Assim, em muitos casos, quando os personagens da peça choram, os espectadores também choram. Os espectadores se identificam com os personagens e através deles procuram liberar, pelo menos um pouco, as infinitas formas abrangidas na Vida.

Como afirmei há pouco, a arte nos faz liberar, pelo menos um pouco, as infinitas formas que trazemos dentro de nós. Por isso, a arte alegra a alma, proporcionando-lhe a sensação de libertação. Contudo, como a Essência da Vida do ser humano abrange infinita variedade de aspectos, não é possível manifestar plenamente toda a liberdade que lhe é inerente mesmo que tentemos expressá-la no universo da arte. Enquanto tiver corpo carnal, o ser humano não consegue, de modo algum, manifestar plenamente a sua natureza infinita. Por essa razão, em seu subconsciente, o ser humano odeia o próprio corpo; considera-o um inimigo que tolhe sua liberdade e, portanto, secretamente deseja fazer o possível para provocar-lhe sofrimento, fazê-lo adoecer e abreviar-lhe a existência. Assim, o subconsciente leva avante, em surdina, o "plano de aniquilar o corpo"; e é por isso que neste mundo não cessam as doenças, o sofrimento e as desgraças. Por mais que a medicina descubra novos medicamentos ou desenvolva novos métodos de tratamento, as doenças não param de surgir, porque o subconsciente da humanidade, por considerar o corpo carnal como o inimigo que tolhe a liberdade inata do ser humano e desejar fazê-lo sofrer, age no sentido de criar mais doenças. Por considerar o corpo carnal responsável pelos pecados, o subconsciente da humanidade odeia-o e deseja destruí-lo; em outras palavras, procura negar o corpo carnal. Por isso, Jesus Cristo deixou-se crucificar; o apóstolo João disse: "a carne para nada aproveita", o apóstolo Paulo ensinou: "... se viverdes segundo a carne, morrereis"; e São Francisco de Assis, orou para que seu corpo "passasse pelas mesmas dores que Jesus Cristo padeceu" e recebeu os estigmas.

E a Seicho-No-Ie, de que modo "aniquila" o corpo carnal? Declarando categoricamente que "o corpo carnal não existe de verdade". Assim sentenciamos, porque sabemos que o corpo carnal tolhe nossa Vida enquanto pensarmos que ele existe. Acreditar que o corpo carnal existe é admitir sua importância. Podemos fazer a seguinte comparação: Se um homem briga com a esposa, é porque reconhece a presença dela e o poder que ela exerce sobre ele. Com a senhora do vizinho, ele não teria motivo para brigar, porque é indiferente à presença dela. Justamente por passar despercebida, não ocorre desentendimento, e a vizinha leva uma vida livre e descontraída. Do mesmo modo, o corpo carnal também se descontrai e se torna vigoroso quando o ignoramos, acreditando firmemente que ele "não existe de verdade". Quem faz o corpo carnal sofrer, ainda não compreendeu que, na verdade, "o corpo carnal não existe". É por isso que odeia o próprio corpo e, no intuito de torturá-lo e destruí-lo, faz surgir doenças, infortúnios e desgraças. As pessoas comuns, embora odeiem o próprio corpo, não são capazes de se deixar pregar na cruz e morrer com o corpo atravessado pelas lanças, como Jesus Cristo. Por isso, tentam destruir o próprio corpo, por meio de doenças crônicas. Pode-se dizer que elas crucificam o corpo carnal, fazendo-o sofrer de doenças crônicas do aparelho digestivo, das vias respiratórias, da cabeça, etc.

É muito frequente ocorrer a cura da doença pela leitura do livro A Verdade da Vida. Isto porque ele expõe com clareza a Verdade de que "o corpo carnal é inexistente". À medida que a pessoa prossegue a leitura desse livro, seu subconsciente vai se libertando do apego ao corpo, e ela deixa de ter preocupações referentes a ele, tal como alguém que nem se dá conta da presença da vizinha. Então o corpo se descontrai e se torna mais vigoroso. Se o corpo carnal fosse existência verdadeira, seria realmente um obstáculo a tolher a alma; assim, para libertarmos a alma, precisaríamos fazer o corpo sofrer, ferindo-o ou submetendo-o à doença pulmonar, doença gástrica, doença renal, etc. Porém, o corpo carnal não é existência verdadeira e, quando compreendemos isso, percebemos que não há necessidade de fazê-lo sofrer. A partir do momento em que conseguimos a negação total do nosso próprio corpo pela compreensão do ensinamento "o corpo carnal não é existência verdadeira", preconizado pela filosofia da Verdade da Vida, desaparece do nosso subconsciente a ideia de que é preciso torturar o corpo para purificar a alma. Desaparecendo tal ideia, o subconsciente não cria doenças. Portanto, ao apreendermos a Imagem Verdadeira da Vida e compreendermos que "o corpo carnal não é existência verdadeira", a doença se extingue. 

Mas, mesmo após compreendermos que "o corpo carnal não existe", o corpo carnal continua visível. Perguntamos, então: o que é, afinal, o ser humano que parece ser mero corpo carnal? Na verdade, o corpo material, é produto da ilusão. O "Eu verdadeiro" do ser humano é Vida infinitamente livre. Devemos despertar para o fato de que somos seres espirituais, perfeitos, desde o princípio. Então, o "eu material" dá lugar ao "eu espiritual", e manifesta-se a nossa natureza original sem pecado algum. Manifestando-se a perfeição original, é impossível ocorrer doenças.

A maioria das pessoas confunde o "eu carnal" com o "eu espiritual". Por isso, quando sofre uma agressão física, a pessoa fica furiosa com o agressor e diz: "Aquele canalha me agrediu". Como as pessoas pensam que seu "Eu verdadeiro" é o corpo carnal, é inevitável ficarem zangadas quando sofrem agressão física. Porém, o corpo carnal não é o "Eu verdadeiro" do ser humano, e sim uma imagem projetada pela mente. O corpo carnal não é o "eu espiritual" em si, criado por Deus; na verdade não passa de uma sombra projetada no mundo fenomênico, por meio de "vibrações mentais". Na Seicho-No-Ie diz-se: "mudança radical da consciência da natureza de si mesmo" ou "transformação completa da visão de si mesmo", referindo-se à conscientização de que o "Eu verdadeiro" não é o corpo carnal – que não passa de mera "sombra" projetada pela mente –, mas sim um "ser espiritual", a vida infinita que habita o corpo carnal, vivificando-o. Eu diria que essa "mudança da consciência" corresponde ao arrependimento e conversão, na linguagem do cristianismo. Conversão é a mudança total da consciência da natureza de si próprio, em que a pessoa compreende que seu "Eu verdadeiro" não é o corpo carnal – como ela acreditava – mas sim um ser espiritual, e se conscientiza de que, embora esteja manifestada como corpo carnal, na verdade, é um ser eterno e infinitamente livre.


Do livro "A Verdade da Vida, vol. 33", pp. 141-152

terça-feira, dezembro 08, 2015

Entre a Sabedoria e o Amor

- Nisargadatta Maharaj -


"Descubro que de alguma forma, ao mudar o foco da atenção, 
eu me torno a própria coisa que estou observando 
e experimento o tipo de consciência que ela possui, 
torno-me a testemunha interior daquilo. 
Eu chamo essa capacidade de adentrar 
outros pontos focais de consciência de amor. 
Você pode dar o nome que quiser para isso. 

O amor diz: eu sou tudo, 
a sabedoria diz : eu sou nada. 
Entre esses dois minha vida flui. 

Uma vez que em qualquer ponto do tempo e do espaço 
posso ser tanto o sujeito quanto o objeto da experiência, 
eu expresso isso dizendo que sou ao mesmo tempo 
ambos, nenhum deles e também além dos dois."


domingo, dezembro 06, 2015

Despertar e viver na Presença

- Sri Bhagavan - 


Pergunta: Amado Bhagavan, eu não entendo exatamente qual é a diferença entre "viver no estado de Presença" e "estar completamente desperto". É possível experienciar um sem o outro? Qual é a diferença entre os estados: viver constantemente na Presença mas não estar desperto (1), ou tornar-se desperto mas não viver constantemente na Presença (2)? Ou será que quando nos tornamos despertos, a Unidade e a Presença ocorrem mais rapidamente? Minha gratidão a você.

Bhagavan: "Primeiro o que acontece é que você se torna desperto e se torna vazio. Uma vez que você está vazio, somente então é que a Presença pode assumir o controle do seu ser. Estar vazio é uma coisa. Ser tomado pela Presença é uma outra coisa. Você pode estar vazio, mas você pode não estar vivendo em estado de amor ou alegria. Quando você está vazio e a Presença assume o comando, aí sim haverá amor e alegria, amor incondicional e alegria incondicional. Depois disso a Presença o leva para estados mais altos de consciência. Você se move em estados mais elevados e, eventualmente, descobre que a Presença é Deus. Posteriormente, você se move para estados de consciência ainda maiores, e você descobre que você é Deus. A descoberta última revelará que você e a Presença são um.

Aceitação, a ausência de conflito, amor, alegria, compaixão - tudo isso são qualidades da Presença. Quando você começa a receber a Presença, você também terá estas qualidades. Elas não são suas qualidades. São qualidades da Presença. Mas o que você deve fazer é que você deve Ancorar a Presença. Você pode usar a visão, som, cheiro ou o toque para Ancorar a Presença. Como freqüentemente usamos uma Âncora, você pode se mover também frequentemente, para a Presença.

Uma vez que a Presença se tornou bastante forte, então você deve pedir a Presença: "por favor pare/detenha a minha mente". Quando você continuar fazendo isso a sua mente irá parar. Com o tempo a mente vai parar com frequência muito maior. E, finalmente, ela irá parar por longos períodos de tempo. Depois disso tudo acabou. Você se torna desperto.

Posteriormente, você se torna UM com a Presença. Isso é Realização em Deus. Mas tudo acontece automaticamente. Tudo o que você deve ter é a Presença. Depois de conseguir isso, você vai saber como obtê-la com mais freqüência."


sexta-feira, dezembro 04, 2015

O "Princípio Divino" e a criação do Céu e da Terra

- Núcleo - 


Há uma mensagem divina, uma revelação, sobre nossa verdadeira origem e real identidade que tem sido transmitida à humanidade através das religiões, que são os meios, as linguagens através das quais Deus expressa a verdade eterna.

A finalidade de todas as religiões é nos proporcionar a revelação divina sobre nossa origem e real identidade, e nos conscientizar do infinito potencial de realização que reside em nós, e que emerge ao colocarmos em prática o que as mensagens divina nos revelam.

Em suas respectivas linguagens, os ensinamentos espirituais revelam aquilo que está contido no primeiro versículo do primeiro capítulo do livro Gênesis onde está escrito: "No princípio Deus criou os céus e a terra."

Embora a palavra "princípio" possa ser interpretada como "início dos tempos", a mensagem divina é sempre atemporal e sendo assim a palavra princípio expressa o "Princípio Divino" (anterior à própria existência do tempo), e que é a dimensão ONDE foram criados céu e terra.

Enfim, esse texto bíblico expressa que "No Princípio Divino Deus criou o céu, ou seja, a Realidade Suprema; e a terra, ou seja, a Representação Divina". 

Princípio Divino é assim o próprio Ser Real; é a Consciência Divina, é a Essência Divina, é o Amor Divino. O texto bíblico está revelando que Deus criou Realidade e Representação em Si mesmo, em sua própria Consciência; e que estamos vivendo em Deus!

A citada passagem bíblica expressa dois momentos: 

O primeiro expõe a criação do Céu, a Suprema Realidade, a criação de todos os Seres divinos, de todos os Filho de Deus, criados à Imagem e Semelhança de Deus, todos com Sua Consciência e Percepção! Aqui os seres divinos estão conscientes de que tudo e todos são expressões conscientes do próprio Deus Único. Nesse momento, surge seres divinos como Deus Sumiyoshi, como Cristo, Como Buda.

O segundo momento expõe a criação da terra, a Representação Divina. Aqui aqueles seres divinos (Sumiyoshi, Cristo, Buda) assumem a identidade de seus personagens e assim representam divinamente. Tão divina, tão perfeita é a representação que quase todos os seres divinos assumem papeis de personagens que só voltam a assumir a consciência de Quem realmente são após passarem na representação pela experiência de iluminação.

Esse é o caso de Buda, que na representação como o personagem Sidartha só teve a PERCEPÇÃO de QUEM ele VERDADEIRAMENTE era após a sua "iluminação".

É o caso também de Deus Sumiyoshi, que na representação como o personagem Masaharu Taniguchi só teve a PERCEPÇÃO de QUEM ele VERDADEIRAMENTE era após o seu "despertar".

Tudo isso evidencia que os personagens da Representação são na Realidade o próprio Deus, estejam representando papeis de personagens que já tiveram a experiência de iluminação ou não! Isto também revela que SOMOS O SER REAL, SOMOS O ATOR, independentemente de estarmos representando PAPEIS de  personagens conscientes deste fato ou não. Contudo, os personagens que quiserem permanecer inconscientes deste fato não realizarão plenamente o infinito potencial que é próprio da condição daqueles que já estão conscientes de que são seres divinos ou "Filhos de Deus".

Em síntese, para representarem de forma divina, com perfeição absoluta, na Representação os Atores assumem completamente a identidade de seus personagens. O que os faz assumir essa identidade é a máscara que colocam em si mesmos, através da qual passam a ver o mundo, a Representação Divina, como algo com incrível realismo. A máscara que vela o Ator é a "mente", a mente do seu próprio personagem; é essa máscara que gera a personalidade, a identidade dos personagens, a persona. Através dessa máscara os personagens não se veem como Filhos de Deus, criados à sua Imagem e Semelhança, eles se veem como criados da própria substância da terra.

Observo ainda que a Representação Divina é necessária porque há experiências maravilhosas, como o perdão, que não é possível de serem vivenciadas na Realidade, pois no Céu não há ofensa que dê ensejo ao perdão! Aqui está a essência do livro "A Alminha e o Perdão", na qual os Filhos de Deus, querendo proporcionar a experiência de perdoar à Alminha, adentram à Representação e assumem a identidade de alguns personagens que irão ofender a Alminha até que ela finalmente perceba Quem ela realmente É, e perceba Quem eles realmente São, para que ela finalmente possa ter a experiência de perdoar.

Basicamente a essência de todas as mensagens é a de que na Realidade somos todos Filhos de Deus.

Mas há um detalhe essencial que é este: Na Representação, em algum momento algum dos personagens percebe o que está acontecendo... Ou este personagem entra na Representação já sem máscara, ou durante a Representação ele retira a sua máscara e percebe Quem ele É e Quem todos somos!

Um exemplo de personagem que entrou na Representação sem máscara é Krishna.
Um exemplo de personagem que retirou sua máscara durante a Representação é Sakyamuni.

O fato é que: os Mestres são os divinos personagens que estão na Representação conscientes de Quem São e de Quem todos somos. Eles estão conscientes de que, mesmo estando na Representação atuando como personagens, nós estamos todos vivendo no Principio Divino, em Deus! E que por trás das máscaras de nossos personagens, na Realidade somos todos Atores, somos todos Filhos de Deus vivendo no Céu!      

Assim a presente mensagem diz: PERCEBA sua origem, natureza e filiação divinas; DESFRUTE essa percepção, essa consciência de sua condição; e COMPARTILHE seu potencial infinito, ilumine o mundo!

Para ser QUEM VOCÊ É, AJA COMO QUEM VOCÊ É! Você É o que Deus É. Deus é AMOR; assim, aja com amor! Paute suas ações a partir do Amor de Deus em você, não paute suas ações a partir do temor que há em seu personagem. PERCEBA QUEM FAZ!  

Que a vontade de Deus seja feita na Terra ATRAVÉS DE VOCÊ, por ser QUEM É, assim como Deus faz no céu, por ser QUEM É.

Namastê!


quarta-feira, dezembro 02, 2015

A relação entre Céu e Terra

- Núcleo - 

Divinos personagens, 

Masaharu Taniguchi disse: 

"É lamentável que haja muitas pessoas que não conhecem a Verdade de que o homem é Deus. A Seicho-No-Ie surgiu neste mundo para transmitir esta Verdade suprema a todas as pessoas. É um equívoco pensar que o homem se torna arrogante  se compreender que ele é Deus. É um erro pensar que o homem perde a humildade quando compreende que sua essência é Deus. Quem faz tal suposição é aquele que jamais teve a experiência de despertar para a Verdade de que ele é Deus.

A pessoa que compreendeu que é Deus torna-se verdadeiramente humilde. Se Jesus conseguiu lavar os pés de seus discípulos, é porque havia compreendido que ele é Deus. A verdadeira humildade vem da convicção de ser Deus. Mesmo que uma pessoa pareça humilde, se não se conscientiza de Deus em seu interior (Natureza Verdadeira), está apenas se humilhando. Não confundam o humilhar-se com a humildade. A verdadeira humildade consiste em reconhecer sem resistência alguma a Verdade: "Sou filho de Deus originado de Deus e, por conseguinte, sou nada mais nada menos do que o próprio Deus". Quem reconhece esta Verdade é uma pessoa realmente humilde e dócil. É arrogante aquele que se rebela contra essa Verdade. Todas as arrogâncias e teimosias resultam da arrogância básica de não reconhecer a Verdade: 'Eu sou Deus'.

Os que têm ponto de vista diferente não têm como compreender a Verdade. Há quem pense que as grandes obras humanas são obras de espíritos que influenciam os encarnados e que o homem é mero fantoche dos espíritos, mas isso é uma heresia. Ensinamento correto é aquele que ensina que no interior (na natureza divina) do homem existe algo mais grandioso do que as sugestões  de espíritos-guias. O homem não é corpo carnal nem fantoche. O homem é Espírito, é Deus, é autônomo. Se os espíritos-guias podem pregar ensinamentos grandiosos e realizar obras grandiosas por serem espíritos, o próprio homem também pode, obviamente, pregar grandes ensinamentos e realizar grandes obras porque ele também é Espírito. Entretanto, há variação na qualidade de seus ensinamentos e obras porque há diferença de conscientização da infinitude do seu interior, tanto nos espíritos desencarnados como nos encarnados.

Sakyamuni não é, absolutamente, fantoche dos espíritos. Cristo também não é, absolutamente, fantoche dos espíritos. Ambos se aprofundaram na conscientização da infinitude de seu interior e finalmente atingiram, respectivamente, a natureza búdica e a natureza divina, razão pela qual inúmeros espíritos do mundo espiritual vieram servir a esses dois divinos. São dignos de pena os que veem apenas os espíritos vinculados a Sakyamuni e a Jesus, e não veem a natureza búdica que Sakyamuni conscientizou e a natureza divina que Jesus conscientizou. Ensinamentos de nível atingível por espíritos, o próprio homem é capaz de pregá-los. Portanto, se alguém diz que os ensinamentos de Sakyamuni e de Jesus não são ensinamentos deles próprios, mas de espíritos-guias deles, está sendo contraditório.

Homens, conscientizem-se da dignidade de si próprios. Conscientizar-se dela significa retomar a dignidade do próprio homem. A Seicho-No-Ie é o farol que surgiu para retomar a dignidade do homem."
   
Considerem também o seguinte: 

As pessoas tendem a acreditar que quando se desperta para a Verdade o mundo fenomênico se revela como mera inexistência, um nada sem qualquer importância, e que passamos a viver unicamente no paraíso.

Esta é uma afirmação que nega a revelação contida na Bíblia de que Deus criou o céu e a terra!

Esta afirmação parte da premissa de que, como está escrito, tudo o que Deus criou Ele viu que era muito bom!

O fato é que está escrito que Deus criou tanto o céu quanto a terra! Está escrito também que Ele criou isso no Princípio. Está escrito ainda que Ele viu as duas criações como “muito boas”.

Por isso alguns ensinamentos espirituais afirmam que Deus criou apenas a Realidade Divina, criou apenas o céu, o paraíso, e que Ele não criou a terra, ou seja, não criou a Representação...

Contudo, o que está escrito na Bíblia no sentido de que no Princípio Deus criou o céu e a terra é uma PERCEPÇÃO. Foi uma PERCEPÇÃO que algum divino personagem teve e a expressou no Livro Sagrado.

Mas aqui há um detalhe extremamente sutil, sem o que parece mesmo ser verdade que Deus criou apenas o céu, a Realidade, o paraíso, e que não criou a terra, a Representação. O detalhe é: a Representação enquanto Representação é perfeita. Porém, o conteúdo da Representação pode estar refletindo perfeitamente a Realidade ou não! Isto significa que aquilo que está sendo manifestado na Representação pode ser real ou não. O bem é real tanto na Realidade Suprema quanto na Representação Divina! É o que Masaharu Taniguchi chama de fenômeno autêntico, no sentido de que não há distorção na projeção do aspecto real para o fenômeno.

O que pode causar essa distorção é a lente através da qual a Representação está sendo vista... Assim sendo, quando olhamos para a Representação com pensamentos elevados o que vemos é claramente uma obra de Deus, uma Representação Divina, algo que manifesta plenamente a Vida de Deus!  

Porém quando olhamos para a Representação com pensamentos baixos o que vemos é o mal, o que nos levará a acreditar convictamente que Deus não criou a Representação, que nela há total ausência de Deus e que não há relação alguma entre Realidade e Representação!

Porém o próprio Jesus ressaltou que a PERCEPÇÃO revela a relação entre o céu e a terra, entre a Realidade Suprema e a Representação Divina! Assim, merece destaque a seguinte passagem relativa a Jesus, que chamava seu próprio personagem de “Filho do Homem”:  Chegando Jesus à região de Cesareia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: "Quem os outros dizem que o Filho do homem é?"

Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas".

"E vocês?", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou?"

Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".

Respondeu Jesus: "Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não foi revelado a você por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus.

E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la.

Eu darei a você as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus'.

Então advertiu a seus discípulos que não contassem a ninguém que ele era o Cristo." (Mateus 16:13-20)

Nesta passagem Jesus passa a chamar Simão, o filho de Jonas, de Pedro, cujo significado é Petrus, ou seja, firme como pedra ou rocha. Com isso Jesus quis enfatizar que a PERCEPÇÃO que Simão acaba de manifestar sobre Quem Ele, Jesus É, é uma percepção “pétrea”, ou seja, é fundada na pedra da Verdade, que é sólida e imutável. Mas é preciso notar que ele não está enfatizando quem ele é, que é o Cristo, tanto que no final ele “advertiu a seus discípulos que não contassem a ninguém que ele era o Cristo”. O que Jesus faz aqui é revelar que a PERCEPÇÃO que Simão manifestou não veio da mente de Simão, ressaltando que “não veio de carne e sangue”, não veio da “terra”, não veio da Representação, mas que veio do Pai que está no céu, ou seja, veio dAquele que está na Realidade!

Jesus revela ainda que “sobre esta pedra [sobre esta PERCEPÇÃO pétrea] edificarei a minha igreja e as portas do Hades não poderão vencê-la."

O termo "igreja" aqui tem o significado de Eclésia, Assembléia ou Comunidade. Ele revela que sobre esta PERCEPÇÃO ele edificará sua “Eclésia”, a Comunidade dos que PERCEBEM.

E também importante é o fato de Jesus revelar que aos membros dessa Igreja formada pelos que PERCEBEM ele dará as “as chaves do reino dos céus”!

É preciso notar que aqui Jesus está novamente enfatizando que há uma relação entre céu e terra e que é a PERCEPÇÃO do Pai quem revela essa ligação entre céu e terra. Ou seja, é a PERCEPÇÃO de Deus expressa em Simão que o faz perceber que Jesus é o Cristo.  

Enfim, PERCEBER QUEM PERCEBE em nós é “a chave do reino dos céus”!