"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, outubro 29, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 6/10

- Rav Yehuda Berg - 


A TEORIA DA REATIVIDADE

"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo." (- Leo Tolstoi)

"Eu queria mudar o mundo. Mas descobri que a única coisa que alguém pode ter certeza de mudar é a si mesmo." (- Aldous Huxley)

Quando olhamos para o âmbito do 99 por cento, descobrimos quatro atributos chaves que herdamos da Luz e que precisamos expressar em nosso mundo para eliminar o Pão da Vergonha.

São:

1. Ser a Causa
2. Ser Criador
3. Estar no Controle
4. Compartilhar

Em nosso mundo físico, essas quatro qualidades se unem numa única característica. Meu pai, o cabalista Rav Berg, a expressa elegantemente em uma palavra, diretamente relacionada com o comportamento humano: PROATIVO!

Além disso, todas as características do Receptor — isto é, da humanidade — podem ser expressas com uma única palavra: REATIVO!

Reativo significa:

1. Ser o Efeito
2. Ser uma Entidade Criada
3. Ser Controlado por Tudo
4. Receber

Em termos bem simples, a missão do Receptor é se transformar de uma força reativa em uma força proativa. Agora, veja só:

Este é objetivo final da vida;
A razão de nossa existência;
O sentido de nossas vidas;
Este é o caminho de volta para casa;
A rota para a plenitude infinita;
O segredo para eliminar o Pão da Vergonha;
E a verdadeira definição do termo transformação espiritual.

Desvelamos agora o Quarto Princípio da Cabala: O objetivo da vida é a transformação espiritual, passando de reativo para proativo.


ANALISANDO A TEORIA DA REATIVIDADE

Quando reagimos a qualquer situação e eventos externos em nossas vidas, somos meramente um efeito, e não a causa; somos reativos, não proativos.

Se vivemos nossas vidas sem qualquer crescimento pessoal ou mudança de natureza, não criamos novos níveis de existência espiritual para nós mesmos.

Quando permitimos que forças exteriores influenciem nossos sentimentos, positivos ou negativos, abrimos mão do controle.

Quando exibimos comportamento egocêntrico ou autocentrado, não estamos compartilhando, mas, ao contrário, estamos recebendo gratificação para o ego.

Reflita bem sobre isto antes de seguir para o próximo tópico!


UM BIG BANG ESPIRITUAL

Toda vez que reagimos na vida, seja com raiva ou com prazer, a energia que sentimos é uma perigosa conexão direta com o 99 por cento. Esta é a Luz que o Receptor recebia inicialmente no Mundo Infinito. Esta Luz nos dá uma carga de energia. Uma explosão de prazer. Um sentimento de gratificação. No entanto, foi este brilho inicial de Luz que também fez surgir o Pão da Vergonha! O Receptor recusou essa Luz porque ela era recebida deforma reativa.

Toda vez que nos comportamos reativamente, negamos a natureza divina que herdamos. Nossa alma repete então o ato original de Resistência e pára o fluxo de Luz. Uma versão espiritual do Big Bang é mais uma vez executada.

Metaforicamente, mais um pano é lançado sobre a lâmpada. A vida fica mais escura. E é neste ponto que o prazer se esgota. O entusiasmo nos deixa. A carga se vai. É por isso que nos sentimos tão mal depois que reagimos e explodimos com raiva contra nossos esposos. É por isso que caímos depois de experimentar o "alto" das drogas. É por isso que nossa excitação acaba se dissipando depois que compramos um carro novo ou roupas novas. A gratificação ou o prazer que recebemos não foi criado através de nossos próprios esforços proativos. Alguma coisa externa foi responsável por nossa satisfação.

Da mesma forma, se alguém nos faz um elogio e isto nos faz sentir melhor a respeito de nós mesmos, a outra pessoa é a causa, e nós somos apenas o efeito. Nossa felicidade será apenas temporária. Nossa alma é obrigada a reprisar o ato de Resistência e cortar a Luz para evitar o Pão da Vergonha. O resultado final é a escuridão.


UMA ALTERNATIVA ESPIRITUAL

Há uma outra opção disponível para nós, que previne o acontecimento de "big bangs espirituais" em nossa vida. A Cabala chama essa opção de Resistência, termo que significa parar todos os nossos impulsos reativos através de nossas próprias escolhas.

Embora isto possa ser expresso com uma frase curta, colocar a Resistência em prática requer uma força de vontade e um autodomínio quase sobre-humanos.

Em breve, vamos descobrir o porquê do ditado falar é fácil, fazer é que são elas. Tente o seguinte exercício para aprofundar seu entendimento da Resistência e aprender o que realmente significa a transformação.


O JOGO DOS $100.000

Cenário Número Um: Cem mil dólares em notas pequenas estão em cima de uma escrivaninha num escritório. Um homem entra e vê o montante. Ele se certifica de que não tem ninguém olhando, embolsa o dinheiro e foge como um ladrão.

Cenário Número Dois: Um homem entra e vê o dinheiro. Ele começa a tremer, amedrontado até mesmo com a possibilidade de tocar na quantia, quanto mais de roubá-la. Ele foge do prédio como um coelho assustado.

Cenário Número Três: Um homem entra e vê o dinheiro. Ele averigua para ver se não tem ninguém olhando. Ele então embolsa o dinheiro e começa a fugir, mas pára. Sofre por um momento e decide devolver tudo à escrivaninha.

Cenário Número Quatro: Um homem entra e vê o dinheiro. Recolhe o dinheiro e o coloca numa maleta. Tranca a maleta e a entrega para a chefia da segurança. No local, ele deixa uma nota, informando a quem tiver colocado num lugar errado uma larga soma em dinheiro que entre em contato, e ele, então, dirigirá a pessoa às autoridades para que o dinheiro seja devolvido.

Qual cenário revela mais Luz espiritual em nosso mundo? Qual pessoa expressa mais Luz espiritual em sua própria vida? Baseado em tudo o que aprendemos, vamos examinar brevemente cada cenário para descobrir a resposta.

Cenário Número Um: Neste caso o homem é dominado por seu desejo de receber reativo, instintivo, que lhe diz para pegar o dinheiro e fugir. Comportamento reativo não produz Luz alguma.

Cenário Número Dois: Este homem está meramente reagindo ao seu desejo instintivo de ficar amedrontado pelo simples impulso de roubar o dinheiro. Reagir a seus instintos naturais não produz Luz alguma. O homem entra e sai do prédio com a sua natureza inalterada.

Cenário Número Três: O homem inicialmente reage ao seu desejo de roubar o dinheiro. Mas ele então pára sua reação. Ele a fecha, proativamente. Então, indo contra o seu instinto inicial, transforma a sua natureza neste único instante e devolve o dinheiro. Sua transformação de reativo para proativo revela Luz espiritual.

Cenário Número Quatro: Aqui o homem meramente reage ao seu desejo instintivo de fazer a coisa certa. Ele já estava num estado mental proativo com respeito a roubar o dinheiro. Não acontece nenhuma mudança de natureza. Ele continua sendo a mesma pessoa ao longo da situação. Este tipo de comportamento não produz Luz alguma.

O homem honrado deste cenário ainda pode revelar Luz, porém. Depois de devolver o dinheiro, ele não deve reagir a seu ego, que lhe diz que ele é bom e virtuoso. Ele deve resistir ao seu desejo de receber — que, neste caso, significa o seu desejo de receber elogios por sua boa ação. Ele tem que perceber que a grande oportunidade não é o ato físico de devolver o dinheiro; é manter a boa ação em segredo e não louvar a si mesmo.


A LONGA FILA DE SUPERMERCADO DA VIDA

Na próxima vez em que você se encontrar preso em uma longa fila do caixa eletrônico, do engarrafamento ou na caixa de um supermercado, resista ao seu ímpeto de reagir. Não fique frustrado. Não fique impaciente. Não fique zangado. A fila está ali para testá-lo, e para lhe dar a oportunidade de não reagir. Mas se por acaso você reagir, a situação o controla. A situação se torna a causa, e você é o efeito.

Lembre-se sempre que a razão para não reagir à longa fila no supermercado, ao motorista louco que lhe dá uma fechada na estrada, ou ao cunhado que lhe provoca grande irritação, não tem nada a ver com ser educado. Nem tem a ver com moral, ética ou qualquer outro princípio altruístico. Tem a ver com você, como quando se diz, e o que você leva nisto?

Historicamente, a moral nunca levou à paz e à unidade. A moralidade pode ser um conceito nobre, mas jamais mudará a natureza da fera. Nunca o fez, nunca o fará. Somos uma espécie de recebedores, como diz a expressão, e o que eu levo nisto? E tudo bem. Esta foi a intenção do Criador.

Para estarem motivadas a atuar, as pessoas devem receber algo em troca. O propósito da Resistência é conduzir para mais próximo da Luz, a fim de que se possa receber. Então, pare seu desejo reativo de pensar constantemente em si mesmo — não por isto ser moralmente bom, mas porque a transformação serve ao seu próprio interesse.

Cada um de nós tem o poder de trazer plenitude para a própria vida, transformando a sua natureza. Quando um número suficiente de pessoas atingir este nível, o mundo será inundado com uma infusão inimaginável de Luz.


O MOMENTO DA TRANSFORMAÇÃO

Temos duas escolhas na vida:

1. Reagir à situação, caso no qual nossas almas irão por fim resistir à Luz, nos deixando na escuridão do âmbito do 1 por cento.

2. Proativamente, resistir ao nosso desejo de reagir, nos conectando assim com a realidade do 99 por cento.

A opção número dois remove o Pão da Vergonha, abrindo assim caminho para que a Luz preencha as nossas vidas numa circunstância particular. Colocando de outra maneira, no instante em que reagimos à reação, transformamos um aspecto particular de nosso ser — o que vem a ser o objetivo de nossa existência. Automaticamente nos ligamos com o 99 por cento e a medida apropriada de Luz irradia. Por isto, nosso Quinto Princípio Espiritual afirma: No momento de nossa transformação, fazemos contato com o âmbito do 99 por cento!


A FÓRMULA DA TRANSFORMAÇÃO

Transformar a reação em proação funciona da seguinte maneira:

1. Um obstáculo aparece.
2. Perceba que a sua reação — e não o obstáculo — é o verdadeiro inimigo.
3. Feche o seu sistema reativo para permitir que a Luz entre.
4. Expresse sua natureza proativa.

O momento da transformação tem lugar durante os passos três e quatro. É então que você impõe à sua alma a dimensão iluminada da Luz — o âmbito do 99 por cento.


APLICANDO A FÓRMULA DA TRANSFORMAÇÃO

Considere este cenário da vida e observe como funciona a fórmula:

1. Acontece uma situação difícil. Seu amigo explode com você.
2. Sua reação emocional. Você fica abalado, zangado e magoado.
3. Sua reação comportamental. Você grita de volta com seu amigo.


ANALISANDO A FÓRMULA DE TRANSFORMAÇÃO

1. Um obstáculo aparece. Seu melhor amigo explode com você.

2. Perceba que a sua reação é o verdadeiro inimigo. Seus sentimentos de estar abalado, zangado e magoado são o seu verdadeiro inimigo - não o seu amigo.

3. Feche o seu sistema reativo para permitir que a Luz entre. Ponha de lado todas as suas reações emocionais. Ao invés de gritar de volta, deixe que entre tudo. Mesmo que você não tenha culpa, simplesmente deixe o seu amigo descarregar. O que importa não é quem está certo ou errado. O que importa é a sua decisão de não reagir.

4. Expresse a sua natureza proativa. Agora você está em contato com o 99 por cento. As emoções que você irá sentir agora e seu próximo conjunto de ações terão raiz na Luz. Automaticamente, sentimentos e comportamento positivos irão surgir. Você verá uma mudança positiva surpreendente na situação externa que estava confrontando. Seu amigo responderá de uma maneira que você nunca sonhou ser possível. Ou alguma informação iluminadora acerca de seu relacionamento subitamente aparecerá.

Com grande freqüência, nossa atenção fica focada em circunstâncias externas. Alguém de quem gostamos nos magoa. Um negócio não se realiza. Nós discordamos da opinião de outra pessoa. Alguém nos insulta. Um colega recebe a promoção que nós merecíamos. Acontecimentos externos despertam reações dentro de nós o dia inteiro. Ao invés de reagir, aplique a fórmula. Você verá acontecer verdadeiros milagres.


INDO ADIANTE COM A DEFINIÇÃO DE COMPORTAMENTO REATIVO

O comportamento reativo tem por fundamento o Desejo de Receber humano: este é o desejo original que foi criado no Mundo Infinito. O comportamento reativo inclui a ambição, o egoísmo, a auto-indulgência, o ego e coisas desse tipo. O comportamento reativo é qualquer reação que temos a situações externas. Esse comportamento pode incluir a raiva, a inveja, o excesso de confiança, a auto-estima baixa, a vingança e a animosidade. Tome um momento e reflita sobre essas reações. Relembre as vezes em que essas emoções foram provocadas dentro de você. Pense nas situações que fizeram com que esses sentimentos aparecessem.

Na verdade, 99 por cento de nosso comportamento são reativos. Mas este é o plano. Lembre-se, nossa essência é o desejo de receber, de receber satisfação.

Nossa consciência é construída com base em desejos reativos, impulsivos, instintivos. Elevar-se acima dessa consciência constitui a transformação espiritual genuína.

Vamos examinar agora como todos esses conceitos cabalísticos se desenvolvem em nosso mundo real.



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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg

sexta-feira, outubro 26, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 5/10

-Rav Yehuda Berg -

PARTE TRÊS: O QUEBRA-CABEÇA DA CRIAÇÃO E A TEORIA DA REATIVIDADE


O FAZEDOR DE QUEBRA-CABEÇAS

Havia certa vez um bom e velho fazedor de quebra-cabeças que possuía poderes mágicos. Seu maior prazer provinha de criar quebra-cabeças com figuras encantadoras para as crianças que viviam na vizinhança. Esses quebra- cabeças não eram quebra-cabeças comuns. Tinham propriedades mágicas — quando a última peça era encaixada no lugar, raios de luz radiavam das imagens, enchendo as crianças de alegria. Tudo o que elas tinham que fazer era olhar para a figura. Mais nada. Para os pequeninos, era melhor do que comer 10.000 biscoitos de chocolate e beber 10.000 copos de leite.

Um belo dia, o fazedor de quebra-cabeças realmente se superou. Ele pintou a mais encantadora de todas as suas pinturas, usando tintas mágicas salpicadas com poeira estelar e pincéis especiais com cabos envoltos em ouro. O fazedor de quebra-cabeças ficou tão entusiasmado com sua criação que decidiu não picotar a pintura em peças separadas de quebra-cabeças. Ao invés disto, ele queria que as crianças sentissem de imediato a mágica toda.

Assim que terminou de embalar a pintura, um menininho entrou na loja esperando encontrar a última criação do fazedor de quebra-cabeças. Ele então entregou o pacote com entusiasmo. O sorriso brilhante do menino de repente desapareceu. Seu rosto ficou um pouco triste. Claramente, ele estava desapontado com alguma coisa. "O que há de errado?" perguntou o fazedor de quebra-cabeças. O menininho explicou que montar e criar o quebra-cabeça eram metade da diversão! O fazedor de quebra-cabeças imediatamente entendeu. Com o mesmo amor e carinho que investira em criar a imagem original, cortou e desmontou a pintura. Ele então espalhou carinhosamente as peças separadas dentro da caixa. Ele dera às crianças o que elas realmente queriam mais do que qualquer outra coisa — a alegria e a realização de montar o quebra-cabeça mágico desde o início.

Para proporcionar ao Receptor a oportunidade de criar sua própria satisfação, o Mundo Infinito foi desmontado e transformado num quebra-cabeça. Quando foi permitido ao Receptor que voltasse a montar o quebra-cabeça da Criação, nós, o Receptor, nos tornamos co-criadores de nossa própria plenitude e, desta forma, eliminamos o Pão da Vergonha.


UMA CORTINA DE DEZ DIMENSÕES

Para ocultar a Luz flamejante do Mundo Infinito — e para criar o pequeno ponto no qual o nosso universo viria a nascer — uma série de dez cortinas foram erigidas. Cada cortina sucessiva reduzia mais a emanação da Luz, transformando gradualmente o seu brilho, até quase chegar à escuridão.

Essas dez cortinas criaram dez dimensões distintas. Em hebraico, elas são chamadas de Dez Sefirot, ou de Árvore da Vida.




Keter, a dimensão superior, representa o nível mais alto, mais próximo ao Mundo Infinito. Malchut, localizada na base, denota o nível mais baixo, o nosso universo físico.


O PODER DA ESCURIDÃO

Uma vela acesa não emite luz nenhuma se ao fundo estiver um dia de sol brilhante. Mas num estádio de futebol escuro, até mesmo uma única vela é claramente visível. Da mesma forma, o Receptor era incapaz de criar e de compartilhar num âmbito que já irradiava Luz. Era essencial que uma área de escuridão viesse a existir para nos transformar de recebedores passivos em seres que genuinamente fizeram por merecer e criaram a sua Luz e a sua plenitude. Este é o propósito das cortinas.

A única Luz que resta em nosso universo obscurecido é uma "luz piloto" que sustenta a nossa existência. Esta "luz piloto" é a força de vida da humanidade; a força que dá vida a estrelas, que sustenta sóis e coloca tudo em movimento — desde corações batendo, passando por galáxias em redemoinho, até industriosos formigueiros.


DESMONTANDO O QUEBRA-CABEÇA

Um quebra-cabeça só pode ser um quebra-cabeça se existe espaço separando as peças individuais e se existe um tempo dado para remontá-lo. O Mundo Infinito é um âmbito sem tempo e espaço; por isso a Luz tinha que criar esses conceitos. Isto ocorreu automaticamente quando a Luz foi ocultada pelas dez cortinas. Escurecer a Luz significava obscurecer seus verdadeiros atributos: Se existe Luz de um lado da cortina, a escuridão deve se materializar do outro lado quando uma cortina bloqueia a Luz. Da mesma forma, se a ausência de tempo é a realidade de um lado da cortina, a ilusão do tempo é criada do outro lado. Se existe ordem perfeita de um lado da cortina, existe caos na outra dimensão. Se existe totalidade e unidade absoluta em um lado da cortina, há então espaço e as leis da física do outro lado. Se Deus é uma realidade e verdade evidente de um lado da cortina, a ausência de Deus e o ateísmo são a realidade do outro lado. Sendo assim, num certo sentido, os ateus estariam corretos em seu ponto de vista de que não existe nenhum Deus. Entretanto, nosso objetivo singularmente humano neste mundo é transcender o nosso âmbito do 1 por cento e descobrir uma verdade mais elevada, e este é o assunto deste livro. Você começa a perceber a figura? Bem-vindo ao nosso mundo de escuridão!

Mas ganhe coragem, porque, na realidade, a Luz ainda está aqui. Cubra uma lâmpada com muitas camadas de tecido e o quarto acabará ficando escuro. Mas a lâmpada continua brilhando como sempre. A intensidade de luz não mudou. O que mudou foi o tecido que cobriu a luz. A Cabala nos ensina como remover as camadas de tecido, um pano de cada vez — para remontar o quebra-cabeça da Criação e trazer sempre mais Luz para as nossas vidas.


ADÃO E O ÁTOMO: PARCEIROS NA CRIAÇÃO

Num processo cuja descrição está além do escopo deste livro, o Receptor infinito se quebrou em duas forças de energia espiritual distintas: o princípio masculino, chamado Adão, separado do princípio feminino, chamado Eva.

Esses dois segmentos então se despedaçaram em inúmeros pedaços. Esses pedaços são os fragmentos de matéria e energia que perfazem o cosmos, desde átomos até zebras, desde micróbios até músicos. Tudo é parte do Receptor original.

Adão havia se tornado átomo. Ou mais precisamente, Adão se tornara o próton num átomo, enquanto Eva incorporara o elétron. Eles são os princípios de energia masculino e feminino que animam o nosso universo.

As almas de todas as pessoas eram parte da primeira Alma, infinita, primordial, que se despedaçou. Sendo assim, de acordo com a Cabala, tudo no universo está imbuído com a sua própria faísca de Luz, com a sua própria força de vida. Isto por acaso significa que objetos inanimados também têm alma? Uma pedra tem alma? A resposta é sim! A única diferença entre a alma de uma pedra e a alma de um astro de rock é o nível e a intensidade de seu desejo de receber Luz.

Quanto mais Luz uma entidade deseja e recebe, maior é a sua inteligência e o seu autoconhecimento. Um ser humano é mais inteligente e tem mais autoconhecimento do que uma formiga, e uma formiga é mais inteligente e tem mais autoconhecimento do que uma pedra.


TRABALHO DE PARTO

No instante preciso da quebra do Receptor, as Dez Sefirot passaram por uma contração súbita em preparação para o nascimento do nosso universo.

Seis das dez dimensões se enrolaram, tornando-se uma só, e são conhecidas coletivamente como o Mundo Superior.




Esta contração, de acordo com o cabalista do século XII Moisés ben Nachman, é o segredo cabalístico por trás da frase "Seis dias da Criação". Por que, afinal, um Criador todo-poderoso necessitaria de uma quantidade qualquer de tempo para criar um universo? Deus deveria ser capaz de fazer surgir um universo em menos que um nanossegundo!

O cabalista Moisés ben Nachman concordava. Há cerca de 800 anos, ele explicou que os seis dias da Criação não tinham absolutamente nada a ver com o conceito de tempo conforme nós o conhecemos. Trata-se de um código para a união de seis dimensões em uma.

No caso de você não ter contado, ainda restam quatro das dez dimensões. Elas são as precursoras de nosso universo tridimensional, e da quarta dimensão do espaço-tempo.


A CIÊNCIA ALCANÇA A CABALA

Dois mil anos depois de os antigos cabalistas revelarem que a realidade existe em dez dimensões — e que seis destas dimensões estão compactadas em uma — os físicos chegaram às mesmas conclusões. Isto veio a ser chamado de Teoria das Supercordas.

De acordo com esta teoria, nosso universo é formado de laços minúsculos que vibram. Diferentes vibrações criam diferentes partículas de matéria, assim como as vibrações da corda de uma guitarra produzem diferentes notas musicais.

Dr. Michio Kaku é uma autoridade reconhecida internacionalmente em física teórica e um dos principais proponentes da Teoria das Supercordas. Na revista New Scientist, Dr. Kaku escreveu: "O Universo é uma sinfonia de cordas vibrando. E quando cordas se movem num espaço-tempo de dez dimensões, elas distorcem o espaço-tempo ao seu redor precisamente da maneira predita pela relatividade geral. Os físicos resgatam o nosso Universo mais familiar de quatro dimensões assumindo que, durante o Big Bang, seis das dez dimensões se enrolaram (ou "compactaram") e se tornaram uma pequena bola, enquanto as quatro dimensões restantes se expandiram explosivamente, nos dando o Universo que observamos."

Dr. Kaku, discutiu o impacto que esta nova (ou velha) ideia teve sobre a comunidade científica. "Para seus defensores, a teoria de que o Universo originalmente começou com dez dimensões introduz no mundo da física uma área nova e impressionante de matemática, algo de tirar o fôlego," escreveu o Dr. Kaku. "Para os seus críticos, ela margeia a ficção científica.”

Dr. Kaku, que escreveu um livro sobre Supercordas que se tornou um best-seller, intitulado Hiperespaço, ficou surpreso com as semelhanças intrigantes entre a Cabala e a Teoria das Supercordas. "É estranho", ele disse, "como os números mágicos da física e a teoria do campo unificado são encontrados na Cabala!"


UMA CIÊNCIA PRÁTICA

O que significa para nós, num nível prático, toda esta intrigante falação científica? Como os acontecimentos de nossas vidas se relacionam com uma explosão que aconteceu há uns 15 bilhões de anos? Por que deveria nos interessar se o universo tem dez dimensões, ou 50 dimensões, que seja? Muitos rabinos, estudiosos e cientistas reconheceram que existem profundas similaridades entre a Cabala, o Big Bang e a Teoria das Supercordas. Mas, e daí?! Qual a relevância disso para os nossos medos e fobias e para os nossos desejos de plenitude infinita? Qual a conexão com o nosso desejo interminável por felicidade duradoura?

Nisto reside a genialidade do cabalista Rav Ashlag. Ele sintetizou esses conceitos, os trouxe para o nosso mundo, e derramou uma luz profunda sobre sua relevância para a felicidade humana.

Como foi dito anteriormente, aquelas seis dimensões que estão justamente acima de nossa percepção são conhecidas coletivamente como o Mundo Superior. O Mundo Superior é o âmbito do 99 por cento sobre o qual falamos nos capítulos anteriores.

1. É este âmbito de 99 por cento que tocamos durante aqueles raros momentos de claridade, de êxtase, de percepção mística, de consciência expandida, de epifania ou de capacidade de escolher os números premiados da loteria!

2. Quando Michael Jordan enterrou sua última cesta no fim do jogo e de sua carreira, a alegria que ele vivenciou emergiu deste âmbito.

3. Quando seu coração bate como um tambor e a paixão o ataca, no momento em que você vê pela primeira vez a sua alma gêmea, você está tocando no 99 por cento.

4. Quando você está deitado numa praia com o sol se derramando sobre você, sem nenhuma preocupação no mundo, esta serenidade quase sobrenatural flui dos mundos acima.

5. Toda vez que você sentiu prazer, felicidade, tranqüilidade, paz interior, harmonia, e o tipo de confiança de que poderia conquistar qualquer coisa, estava tocando um dos níveis altos das Dez Sefirot.

6. Este é o âmbito sobre o qual Platão escreveu — o mundo eterno de Idéias ou Formas que existe "além" do mundo físico dos cinco sentidos.

Notavelmente, Sir Isaac Newton, o grande cientista que veio a ser visto como a própria personificação do método científico, concordava com esta afirmação. Matt Goldish, em seu livro O Judaísmo na Teologia de Sir Isaac Newton, cita de um dos manuscritos teológicos de Newton: "Platão, ao viajar para o Egito quando os judeus eram numerosos naquele país, aprendeu ali suas opiniões metafísicas sobre os seres superiores e sobre as causas formais de todas as coisas, que nós chamamos de Idéias e que os cabalistas chamam de Sefirot..." (MS. Yahuda, 15. 7, p. 137v)

Quando nos elevamos e compreendemos este mundo mais elevado, trazemos mudança permanente e positiva para nossas vidas. Lembre-se, mova o braço que cria a sombra na parede e a sombra na parede automaticamente responde.

Quantas vezes você se indagou: "Onde está Deus quando eu mais preciso Dele?". Quantas vezes perguntamos a nós mesmos por que é tão difícil se conectar com o Criador? A chave para nos conectarmos com o Criador e termos as nossas preces respondidas é saber como nos conectarmos com o Mundo Superior, conhecido como o âmbito do 99 por cento. Você aprenderá como fazer isto nas explanações a seguir.



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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg

terça-feira, outubro 23, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 4/10



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PARTE DOIS: A CRIAÇÃO, O BIG BANG E A NATUREZA DE DEUS


A CAUSA DE TODAS AS CAUSAS

Por incontáveis séculos, perguntas em torno das origens do cosmos foram contempladas por rabinos, padres, cientistas, xamãs, espiritualistas, filósofos e físicos. Hoje, o establishment científico concorda em larga escala que há cerca de 15 bilhões de anos o universo físico explodiu para a existência no que é chamado agora de Big Bang. Mas a ciência pára por aí, deixando suspensa no vácuo do espaço a pergunta primordial — por que o Big Bang ocorreu, em primeiro lugar? O que o causou? E como o Big Bang se relaciona com a vida na cidade grande hoje? Por que deveríamos nos preocupar com algo que aconteceu há 15 bilhões de anos, quando nem ao menos conseguimos entender o que deu errado nos últimos 15 minutos?

Os antigos cabalistas foram os únicos a ousar responder a essas perguntas essenciais da existência. Eles viajaram a um lugar onde ninguém mais tinha jamais se aventurado — para o misterioso momento antes da Criação do nosso universo!


SABEDORIA COMO LUZ

A sabedoria espiritual e os conceitos que serão revelados nas páginas seguintes são mais antigos do que o próprio tempo. Estes são os segredos de todos os segredos referentes à origem de nossas almas. São os mistérios de todos os mistérios. O benefício que se deriva de aprender sobre nossas origens se estende além de um maior conhecimento intelectual. Existe uma dimensão mística ligada à compreensão da raiz de nossa existência. Há um benefício espiritual que vem de entender estes princípios originais. Esta sabedoria longamente oculta, de acordo com os cabalistas mais instruídos, é também o material e a substância da própria Luz espiritual. Cada nova noção implantada em nossas mentes abre novas trilhas e portais para o 99 por cento, através dos quais a energia positiva preenche o nosso ser. Aprender Cabala liberta um potencial oculto, nos permitindo ver e perceber coisas que nunca vimos antes. As mentes mais brilhantes da história, incluindo Pitágoras, Platão, Sir Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz investigaram a sabedoria oculta da Cabala, e ela os influenciou de forma profunda. Lembre-se, Newton na verdade não inventou a gravidade. Sir Isaac simplesmente descobriu o que já estava Lá. A meta ao estudar Cabala e os mistérios de nossas origens não é apenas ficar mais versado, mas também mais puro, mais iluminado e mais realizado.


RETIRANDO A CORTINA

Hoje, com a aceitação da mecânica quântica, da relatividade e de outras teorias científicas de ponta, parece que finalmente a ciência está alcançando a Cabala. Conforme descobriremos nas páginas seguintes, estes pontos de vista científicos apresentam semelhanças evidentes com as especulações cosmo- lógicas dos antigos cabalistas. Entretanto, permanece uma diferença notável: enquanto a ciência limita suas investigações a como o mundo funciona, a Cabala faz a pergunta final: Por quê?

"Por que o mundo existe da forma que existe? Por que estamos aqui? Por que minha vida é como é?"

Se alguma vez você parou para se fazer estas perguntas quando a vida lhe apresentou desafios difíceis, tem o seu porquê para ler este capítulo.

Vamos agora dar uma espiada por trás da cortina e descobrir o que realmente se encontra do outro lado da realidade.

Pronto para dar uma olhada?

Aqui vai: Antes do planeta Terra...
Antes do universo... Antes do Big Bang...
Antes do próprio tempo...

De volta à causa de todas as causas...


ENERGIA

"Saiba que antes das emanações serem emanadas e do criado ser criado, a Luz exaltada e simples preenchia toda a existência, e não havia nenhum espaço vazio." (- Cabalista R. Isaac Luria, século XVI.)

Antes do início dos tempos, existia uma força infinita de Energia. Essa força atingia até o infinito, preenchendo a eternidade, se expandindo até a infinidade, além de tempo, espaço ou movimento. De acordo com a Cabala, esta Energia sem limites era a única realidade. E a natureza dessa Energia era se expandir, transmitir, compartilhar e dar. A essência e a substância dessa Energia era a satisfação infinita, a alegria sem limites e a iluminação ilimitada.

Tudo o que sempre desejamos, e muito mais, está incluído dentro dela: Plenitude... Paz de Espírito... Contentamento... Amor... Liberdade... Sabedoria... Felicidade!

Tudo de positivo que vai contra a força do caos, tudo o que for a antítese do sofrimento e da dor, qualquer coisa que gere plenitude, prazer e paixão... tudo isto estava incluído dentro dessa força de Energia ilimitada. Na Cabala, esta Energia de dar e de compartilhar que sempre se expande é conhecida como a Primeira Causa.


DOIS PARA O TANGO

O conceito de dar e compartilhar requer o consentimento de duas partes. Afinal, se não há ninguém com quem compartilhar, como pode o compartilhar ocorrer? Se não há ninguém que deseje receber o presente, como o presente pode ser dado?

Imagine uma senhora idosa numa esquina, num cruzamento agitado. Um transeunte tenta ajudá-la a atravessar a rua com segurança. Ela educadamente recusa. Ele tenta de novo. Ela continua recusando, agora um pouco incomodada por sua insistência. Por que ela se sente incomodada? Porque não tem desejo de atravessar a rua. Está simplesmente parada no cruzamento esperando o ônibus.

Embora o nosso transeunte quisesse dar, era impossível dar, porque a senhora idosa não tinha um desejo de receber o que ele estava oferecendo.

É preciso que haja um recipiente, um receptor desejoso, um desejo de tomar posse da oferenda, para que o ato de compartilhar ou de dar ocorra.


O RECEPTOR

Para completar a sua natureza de dar, a força de Energia infinita criou um recipiente — a Cabala o chama de Receptor — para o qual poderia compartilhar a sua essência. Imagine um copo cheio de água. A água dentro do copo corresponde à Energia. O copo corresponde ao Receptor que recebe e contém a Energia. O Receptor, entretanto, não era uma entidade física. Era, na verdade, uma força, uma essência inteligente, não material.

A natureza do Receptor era um Desejo de Receber infinito. Em outras palavras, para todo tipo de satisfação e alegria que a Energia irradiava, havia por parte do Receptor um Desejo de Receber correspondente. Pelo fato de essa Energia incorporar uma variedade infinita de satisfação, o Receptor consistia de infinitos Desejos de Receber. Em termos simples, se desta força de Energia irradiava energia sexual, um desejo voluptuoso por sexo era logo despertado no Receptor. Se fosse incluída uma caixa de chocolates dentro dessa Energia, um gosto pelo doce e um desejo por chocolate eram logo expressos dentro do Receptor.

Sendo que esta Energia é definida como a Primeira Causa, o Receptor é definido de forma adequada como o Primeiro Efeito. Temos agora então uma Energia infinita e um Receptor infinito. Causa e efeito. Dar e receber.


DEUS E A HUMANIDADE

Fechemos a cortina apenas por um instante. A este ponto você provavelmente compreendeu que o Receptor é a nossa raiz, a nossa semente, a nossa origem, a nossa fonte. De fato, todas as almas da humanidade, no passado e no presente, estavam presentes dentro do Receptor.

Ao longo dos tempos, a força de Energia infinita recebeu a denominação de Deus, de Senhor do Universo, de Criador Divino, e muitos outros nomes. Os antigos cabalistas se referiam a esta força de Energia com a palavra em hebraico Or. Em português, Or significa Luz.

Assim como no lado de cá da cortina, a luz do sol instantaneamente se expande e ilumina um quarto escuro, do outro lado da cortina a Luz se expande e ilumina a eternidade.

Assim como um único raio de luz contém todas as cores do arco-íris, a Luz contém todas as cores de plenitude.

Essa Luz que brilha tão claramente por trás da cortina é a fonte e a substância de toda a plenitude que buscamos. Todas as nossas atividades são, na verdade, uma busca pela Luz, que se manifesta numa diversidade de formas: recompensas, relacionamentos, carreiras prósperas, realizações pessoais, vida familiar valiosa, contentamento emocional, segurança financeira, conhecimento e sabedoria, e todos os outros objetivos que aspiramos em busca da felicidade.


A LUZ

A Luz não é Deus, mas uma Energia que vem de Deus. Considere a luz do sol. Os fótons que caem sobre a Terra não são a fonte e a essência do corpo solar ardente que, a partir de uma distância de 91 milhões de milhas, nos dá vida.

Semelhantemente, a Luz não é propriamente o Criador, mas sim Seus atributos positivos e a energia espiritual que irradia de Seu centro. Em termos ainda mais simples, assim como não podemos tocar na fornalha nuclear que é o nosso sol, a mente humana não consegue conceber a totalidade de Deus. Faz pouco sentido, portanto, ponderar sobre as origens da infinidade, quando não somos capazes de verdadeiramente compreender ou contemplar o próprio conceito de infinidade. É suficiente saber que a alegria e a plenitude infinita da Luz preencherão de forma completa e absoluta a todos e quaisquer desejos humanos.


A ESTRUTURA DO RECEPTOR

O Receptor infinito era composto de dois aspectos — uma energia masculina e uma energia feminina, como uma pilha simples que contém pólos positivo e negativo.

A Cabala ensina que essas duas energias do Receptor eram conhecidas pelos nomes em código de Adão e Eva. Adão e Eva não eram apenas duas pessoas no Jardim do Éden. Há cerca de 2.000 anos, o mestre cabalista Rabi Shimon bar Yochai disse que quem aceita a Bíblia literalmente é um idiota. (Não se esqueça, foram dele essas palavras!)

Os cabalistas compreendem que a Bíblia inteira é um código. E como qualquer código complexo, é preciso decifrá-lo e compreendê-lo de forma mais profunda.

De certa forma, é como a música. Imagine tentar ouvir uma música e sentir as emoções do compositor simplesmente olhando para a pauta musical. Não dá certo. É preciso escutar a melodia e ouvir a letra para apreciar completamente a canção.

A Cabala é o instrumento do nosso universo que toca a canção da Criação.

A Bíblia é a pauta musical.

A ciência conta com idéias semelhantes. Um físico nunca iria depender da aparência de uma pedra para apreender a natureza fundamental de sua realidade no nível de átomos, prótons, elétrons e nêutrons. A Bíblia também tem um nível subatômico bem mais abaixo do nível superficial do texto. Na verdade, o principal motivo da hostilidade entre a ciência e a religião, e o motivo pelo qual a religião fracassou em satisfazer os desejos de todos, é que estivemos lendo a Bíblia literalmente. Permanecemos na Idade de Pedra no que diz respeito ao seu nível subatômico. Este nível subatômico se chama Cabala. Dessa forma, aprendemos que o termo em código Adão e Eva na verdade está ligado ao Receptor — que é ele mesmo uma força consciente conhecida como o Desejo de Receber.


UM ATO DE CRIAÇÃO

A criação do Receptor — isto é, do Desejo de Receber — á a única criação verdadeira que jamais aconteceu. Foi só isto. Nenhuma outra entidade foi construída. Nenhum outro mundo foi fabricado a partir do nada. A única coisa que alguma vez veio à existência – ex nihilo – foi o desejo de receber tudo o que a Luz oferecia.

Este ato único de criação ocorreu antes da origem do nosso universo. Dentro deste ato único de criação, entretanto, existem inúmeras fases complexas, que os antigos textos cabalísticos tornaram conhecidas através de discurso, metáfora, parábola, e de outras linguagens ocultas. O estudo dessas fases requer muitos anos, por isso aqui será apresentada uma rendição abreviada.

O compartilhar por parte da Luz de sua essência com o Receptor levou a uma extraordinária unidade. Em termos cabalísticos, essa unidade profunda se chama...


O MUNDO INFINITO

Se pudéssemos de fato perceber o Mundo Infinito espiando por trás da cortina, seria impossível distinguir entre a Luz e o Receptor.

Imagine esculpir um copo num bloco de gelo. Imagine então jogar água dentro desse copo. O copo é o recipiente — o Receptor. A água é o doador — a Luz. A água enche o copo assim como a Luz enche o Receptor.

Em sua essência básica, entretanto, tanto a água quanto o copo são H20. Uma única essência, mas duas formas. Os conceitos de compartilhar e de receber ocorrendo dentro de um único domínio de H20. Uma única realidade, mas duas inteligências.

O Mundo Infinito opera de maneira semelhante. Consiste na perfeição total — a Luz compartilhando completamente com o Receptor. A manifestação última de compartilhar e receber. Unidade. Harmonia. Dar e receber, infinito de plenitude.


A PERGUNTA QUE VALE UM MILHÃO

Então o que aconteceu? O que é esse Mundo Infinito? Como viemos parar aqui, nesta existência tão problemática? Por que estamos presos deste lado da cortina onde tudo é escuro e perigoso?

Se tudo estava unificado e perfeito no Mundo Infinito, por que estamos lendo este livro num mundo que é fragmentado e falho?

Se somos parte do Receptor, por que experimentamos tanta dor?

Onde está a Luz, a alegria infinita e a felicidade permanente?


A NATUREZA DE DEUS

Considere um copo vazio. O que acontece quando você o enche com água quente? O próprio copo se esquenta. Isto é análogo ao que aconteceu no Mundo Infinito. À medida que a Luz enchia o Receptor, os atributos da Luz eram transmitidos. Podemos até dizer que o Receptor herdou a natureza do seu Criador. Essa natureza herdada é o poder de criar plenitude, de dar plenitude, e de desempenhar um papel ativo e causal no processo em andamento da Criação.


O NASCIMENTO DE UM NOVO DESEJO

O Receptor herdou a natureza da Luz e, por conseguinte, um novo desejo surgiu dentro do Receptor. Esse novo desejo era um anseio de expressar aquilo que pode ser chamado de o DNA do Criador. Especificamente, o Receptor queria:

Ser a causa da sua própria felicidade.
Ser o criador de sua própria plenitude.
Compartilhar plenitude.
Controlar os seus próprios assuntos.

A plenitude infinita foi a razão pela qual o Receptor foi criado, em primeiro lugar. No entanto, devido ao fato de que o Receptor não podia expressar os seus "genes do Criador", o Receptor não sentia mais plenitude infinita. Existia um único desejo que permanecia insatisfeito, e isto era um grande problema.

Para descobrir o que acontece nesta próxima fase da criação, fechemos a cortina sobre o âmbito do 99 por cento e voltemos a nossa atenção para um jogo do campeonato infantil de baseball que está acontecendo num campo ensolarado durante uma tarde quente de primavera.


CAMPO DE SONHOS

Bobby tem nove anos de idade. Ele é o lançador do seu time infantil de softball. Se Bobby pudesse ter um único desejo realizado em todo o mundo

hoje, este seria lançar no jogo de tal forma que enchesse os seus pais de orgulho e de alegria! Bobby está tendo a sua oportunidade hoje porque o seu treinador o escolheu para ser o lançador desde o início da partida. O garotinho não desaponta; ele não permite que nenhuma rebatida aconteça e estabelece um recorde para o maior número de eliminações sem que o rebatedor atinja a bola.

Depois da última eliminação, os jogadores do time de Bobby invadem o campo, levantam-no sobre os seus ombros e desfilam com ele ao redor do campo numa celebração frenética. Bobby cruza os olhos com seus pais, que a este ponto estão radiantes de felicidade nas arquibancadas. As emoções sentidas por este garoto de nove anos são indescritíveis.

Depois do jogo, Bobby descobre uma coisa muito chocante. Parece que o seu pai tinha combinado antes com ambos os técnicos e com ambos os times, arranjando o jogo em favor de seu filho. Era o aniversário de Bobby, e o pai queria que seu filho se sentisse ótimo neste dia especial. O jogo todo tinha sido arranjado. Desde o primeiro lançamento até a última eliminação. Os abraços e as comemorações de seus companheiros de time eram uma encenação. Tudo porque o Papai queria que seu filho vivesse esses sentimentos alegres de vitória e de realização.

Como Bobby se sente então? Pense nisto por um instante.


O PÃO DA VERGONHA

Pão da Vergonha é o termo da Cabala para todos os terríveis sentimentos que o pequeno Bobby está sentindo. É uma antiga expressão cabalística que expressa todas as emoções negativas que acompanham um sucesso não merecido. Diz-se de um homem abandonado pela sorte, que se vê obrigado a aceitar a caridade dos outros, que ele está comendo o Pão da Vergonha. Ele possui um desejo profundamente enraizado de ganhar o dinheiro de que precisa para comprar o seu próprio pão. Deseja desesperadamente estar numa situação em que possa alimentar e sustentar a si próprio.


O RECEPTOR TINHA TUDO NO MUNDO INFINITO, EXCETO UMA COISA:

A capacidade de fazer por merecer e de ser a causa de sua própria satisfação! Desta forma, o Pão da Vergonha impedia o Receptor de sentir uma felicidade absoluta. Esta situação certamente não era a intenção ou o pensamento por trás da Criação. Havia somente uma opção: Remover o Pão da Vergonha.

Mas como?


O DILEMA

Enquanto o Receptor não fizesse mais do que simplesmente receber, permaneceria infeliz. Então, o que o Receptor podia fazer para eliminar todos esses sentimentos péssimos conhecidos como Pão da Vergonha? Compartilhar não era uma opção, já que não havia nada com que compartilhar. Havia somente a Luz e o Receptor unificados no Mundo Infinito. Talvez o Receptor pudesse compartilhar com a Luz? Uma idéia louvável, porém a Luz não tinha desejo de receber. A Luz é ela própria uma força infinita de compartilhar Energia.

A Solução: O Receptor parou de receber a Luz.

O Receptor repeliu a Luz, resistiu à Luz, e disse: "Chega! ״

Neste exato momento ocorreu uma explosão espiritual — uma explosão que continua reverberando até hoje. Os cientistas detectaram o eco cósmico desta explosão e o batizaram... de Big Bang!!!


RESISTÊNCIA

Os antigos cabalistas chamaram o ato do Receptor de repelir a Luz de Resistência. Esta palavra irá aparecer novamente, então por favor lembre-se dela. No momento em que o Receptor resistiu a ser preenchido pela Luz, a Luz se retirou e criou um espaço vazio. A Luz se constringiu, criando um ponto único de escuridão dentro do Mundo Infinito. O infinito tinha dado vida ao finito.


O BIG BANG

A ideia de que os antigos cabalistas compreendiam que a explosão de um Big Bang tinha dado início ao nosso universo é no mínimo intrigante.

Esse Bang foi de fato confirmado pelo satélite COBE da NASA há apenas poucos anos. Jornais e noticiários televisivos ao redor do mundo anunciaram a descoberta com grande entusiasmo. O físico de renome mundial Stephen Hawking disse que era a descoberta do século. O astrofísico George Smoot disse que era como "Olhar para Deus". Na verdade, era mais como olhar para o primeiro esforço do Receptor para eliminar o Pão da Vergonha.

A ciência, concentrada no como da realidade física, carece de meios para entender a significância espiritual de por que ocorreu o Big Bang. Ainda assim, é interessante comparar como a antiga Cabala e a física do século XX descrevem o início de nosso universo. As semelhanças são extraordinárias.


CIÊNCIA MODERNA

Há aproximadamente 15 bilhões de anos, antes de o universo vir à existência, não havia nada. Não havia o tempo. Não havia espaço. O universo começou num único ponto. Este ponto era cercado pelo nada. Não tinha largura. Não tinha profundidade. Não tinha comprimento. Este ponto irrompeu numa explosão de força inimaginável, expandindo-se à velocidade da luz como uma bolha. Essa energia por fim se resfriou e se aglutinou, transformando-se em matéria — em estrelas, galáxias e planetas.


CABALA

Dos escritos do cabalista do século XVI, Rabi Isaac Luria: "O universo foi criado do nada a partir de um único ponto de luz. Esse nada é chamado de Mundo Infinito. O Mundo Infinito era preenchido com Luz infinita. A Luz foi então restringida a um único ponto, criando o espaço primordial. Além deste ponto nada é conhecido. Sendo assim, o ponto é chamado de início. Depois da Resistência, o Mundo Infinito emitiu um raio de Luz. Esse raio de Luz então rapidamente se expandiu. Toda a matéria emanou deste ponto."


O NASCIMENTO DE UM UNIVERSO

Ao resistir à Luz, o Receptor deu um pequeno primeiro passo rumo à eliminação do Pão da Vergonha.

Como um pai carinhoso que se afasta e permite que a criança caia para que, assim, ela aprenda a andar, a Luz se retirou no instante em que o Receptor disse: "Agradeço, mas não, obrigado. Eu gostaria de aprender por mim mesmo a criar e a compartilhar um pouco de Luz. "

A Luz deu ao Receptor o tempo e o espaço para que pudesse desenvolver a sua própria natureza divina.

O tempo e espaço dado ao Receptor é o nosso universo físico.





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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg

sexta-feira, outubro 19, 2018

O Poder e a Sabedoria da Cabala - 3/10

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- Rav Yehuda Berg - 


PARTE UM: QUEM SOMOS NÓS?


COMPOSIÇÃO DA HUMANIDADE

Quem somos nós? Qual é a nossa composição básica? Qual é a nossa substância, a nossa essência, o centro de nosso ser? Qual é o elemento essencial de que somos feitos? Alguma vez você parou e contemplou esta questão? A Cabala nos define com uma palavra simples: DESEJO!


DESEJO EM MOVIMENTO

Quando a Cabala usa a palavra desejo para nos definir, não se trata de uma metáfora. O desejo é realmente a nossa qualidade essencial. O desejo é aquilo de que somos feitos. É a nossa essência. O desejo é o que nos move. É o que mexe conosco. Somos todos desejos ambulantes, constantemente buscando preencher nossos próprios anseios. Seu coração bate, seu sangue circula, seu corpo se move somente porque existe um desejo que busca ser preenchido. O cabalista Rav Ashlag escreveu uma vez que o ser humano não moveria um único dedo se não fosse por algum desejo interno.


DESEJO E DIVERSIDADE

No fundo, nossos desejos humanos individuais nos fornecem nossas diferentes identidades: Algumas pessoas desejam satisfação sexual. Algumas desejam satisfação intelectual. Algumas querem satisfação religiosa. Outras buscam o tipo material. Alguns desejam a fama. Outros buscam a iluminação. Alguns buscam viagens e aventuras. Outros buscam a solidão. De acordo com a Cabala, o desejo humano opera em três níveis:

NÍVEL UM

Estes desejos têm raiz no desejo animal. As necessidades, os quereres e os comportamentos aprendidos pela pessoa existem unicamente para gratificar esses impulsos primais. Pessoas no Nível Um podem fazer uso do pensamento racional, como o fazem todos os seres humanos, mas com o propósito de servir ao seu desejo animal. "Um servo nunca é mais do que o seu mestre", afirma o cabalista Rav Ashlag.

NÍVEL DOIS

Estes desejos são dirigidos a preencher impulsos que não são encontrados no reino animal, como honra, poder, prestígio e domínio sobre outras pessoas. As necessidades, e conseqüentemente, os pensamentos e ações dessas pessoas são dirigidos unicamente para a gratificação máxima desses desejos.

NÍVEL TRÊS

Há ainda outros desejos que são dirigidos principalmente para assuntos racionais. São orientados para gratificar ao máximo um desejo impulsionado intelectualmente.

"Estes três tipos de desejo״, afirma Rav Ashlag, "são encontrados em todos os membros da espécie humana; no entanto, estão combinados em cada indivíduo em proporções diferentes, e é isto que determina a diferença que existe entre um homem e outro."


UM RECIPIENTE

Na linguagem da Cabala, faz-se referência ao desejo como sendo um Recipiente. Um Recipiente é como um copo vazio que procura se encher. Diferentemente de um copo físico, entretanto, o Recipiente de nossos desejos não é formado por nada material. Por exemplo, você se lembra da vez em que comeu churrasco até praticamente explodir os botões de sua camisa? Você não aguentaria comer nem mais um pedaço. Mas então o carrinho das sobremesas passou pela sua mesa e você viu uma bandeja de doces deliciosos. Apesar de seu estômago estar cheio, seu novo desejo por algo doce conseguiu criar um pequeno lugar. Um espaço foi criado miraculosamente, e você deu um jeito de devorar uma torta Floresta Negra. Não há limite para o nosso desejo. E não existe nenhuma atividade neste mundo que não esteja baseada em algum anseio interno, grande ou pequeno, que deseje ser preenchido. É como se não tivéssemos livre arbítrio quanto a isto. Vivemos a vida no piloto automático, movidos pela constante necessidade de nutrir todos os desejos que ardem em nossos corações.


O OBJETIVO DE NOSSO DESEJO

O objetivo primário de nosso desejo é a felicidade ininterrupta. De fato, desejar felicidade contínua é a ligação que unifica toda a humanidade. Você não precisa convencer um criminoso, um advogado, um operário de construção, um chefe executivo de uma companhia, uma pessoa má, uma pessoa bondosa, um ateu, uma pessoa religiosa, uma pessoa influente ou uma pessoa pobre a querer felicidade. Esta é a nossa própria essência. Um cientista pode desejar verdade e compreensão. Possivelmente um político deseja ter influência e uma posição na comunidade. Uma criança geralmente quer brincadeiras e prazer. Um comediante pode desejar gargalhadas, amor e aceitação. O chefe executivo de uma companhia geralmente almeja realização financeira e poder. Um trabalhador de fábrica provavelmente quer férias e paz de espírito. Talvez um acadêmico deseje conhecimento e aclamação. Na verdade, todos esses objetos de nossos desejos são de fato apenas diferentes pacotes de plenitude. Esses diferentes recipientes de contentamento são o que nos põe em movimento e o que molda nossas vidas.

A Cabala resume todos estes diferentes pacotes de plenitude com uma palavra... LUZ.


LUZ

O termo Luz é meramente uma palavra em código, uma metáfora criada pelos antigos cabalistas para exprimir o amplo espectro de plenitude pelo qual os seres humanos anseiam. Você alguma vez olhou para um raio de sol depois de uma chuva fresca num dia quente de verão? Quando o raio de luz do sol se encontra com uma gota de água no ar, a luz se refrata nas sete cores do arco-íris. Assim como este único raio de sol inclui todas as cores do espectro, a palavra Luz sugere todas as "cores" de alegria que as pessoas buscam em suas vidas.

Mas a Luz não é definida unicamente como felicidade e alegria. Cabalisticamente, a Luz denota felicidade ininterrupta, alegria constante. Esta é a diferença entre prazer e plenitude. Na verdade não queremos realmente as alturas de um prazer momentâneo. Nossos desejos mais profundos não se limitam a quinze minutos de fama. Ou a uma descarga temporária ao fechar um negócio. Ou à elevação de curto prazo que provém das drogas. Ou o alívio temporário proveniente de um analgésico. Não queremos ser amados por nossos pares por um período apenas limitado de tempo. Não queremos ser saudáveis somente durante metade de nossas vidas. Não queremos ter relações sexuais apaixonadas com nossos parceiros só durante os dois primeiros meses de um relacionamento. Queremos que nossos desejos sejam constantemente preenchidos. Esta plenitude constante é definida como a Luz.

A Luz inclui também a força que chamamos de intuição. O elo que sustenta uma relação e que a mantém forte. A magia que atrai as pessoas certas e as oportunidades certas para nossas vidas. A energia que cura um corte no braço. A força que ativa os nossos sistemas imunológicos. O espírito interno que desperta a esperança dentro de nós. O combustível que gera nossa automotivação. A felicidade permanente e o fluxo constante de entusiasmo por viver. Tudo isto, e muito mais, é o que a Cabala define como Luz.


A RAIZ DE NOSSA INFELICIDADE

O fato de nossos desejos não serem constantemente infundidos de Luz é a base de nossa infelicidade e ansiedade. Se há alegria em uma área de nossas vidas durante cinco anos, isto significa que só havia Luz suficiente no "tanque" para durar por estes cinco anos. Ficarmos sem Luz — ou melhor, nos desconectarmos da Luz — é o que nos tornou infelizes. Quanto mais Luz temos em nossas vidas, mais os nossos desejos permanecem preenchidos e mais felizes nós somos. Existe também um medo profundamente assentado e persistente de que nossa felicidade venha a terminar, por fim. Quando nos encontramos num raro estado de contentamento e serenidade, temos uma tendência negativa a acreditar que isto é bom demais para ser verdade. Preocupamo-nos com o amanhã. E no momento em que estas dúvidas penetram, no instante em que começamos a nos preocupar com quanto tempo isto irá durar, simplesmente ficamos sem Luz. Perdemos a conexão. A Luz é também definida, portanto, como o conforto, a segurança e a paz de espírito de saber que a felicidade ainda estará conosco amanhã. Quando temos confiança na Luz, não existe medo, ansiedade ou insegurança quanto ao futuro.


DESEJO ÚLTIMO

Os cabalistas nos dizem que o desejo último do ser humano é o desejo pela Luz. E os cabalistas nos dizem ainda que esta Luz está em toda parte. É a substância mais comum do nosso universo. Ela preenche o cosmos e satura a nossa realidade. Esta Luz é infinita, ilimitada, estando sempre pronta para preencher mais do que podemos imaginar. O que forçosamente nos leva a esta pergunta:

"Se a essência das pessoas é o desejo, e se o universo está coberto de Luz, o que se interpõe no caminho de nossa felicidade permanente?"

RESPOSTA: UMA CORTINA


DOIS LADOS DA CORTINA: O 1 POR CENTO E O 99 POR CENTO

De acordo com a Cabala, há de fato uma cortina que divide a nossa realidade em dois âmbitos, que a Cabala identifica como o 1 por cento e o 99 por cento. O âmbito do um por cento contém o nosso mundo físico. Mas esta é apenas uma fração minúscula de toda a criação. É apenas o que percebemos com os nossos cinco sentidos, aquilo que podemos cheirar, saborear, tocar, ver e ouvir. No outro lado da cortina está o 99 por cento, que contém a parte maior da realidade.

No âmbito do 1 por cento, a vida tem um irritante hábito de nos pegar fora de guarda. Somos afligidos com algo chamado de Síndrome do De Repente:

De repente, apareceu um problema nos negócios.
Ele teve um ataque cardíaco repentino!
Repentinamente, ele a abandonou.
De repente, ficamos sem dinheiro.
Houve um problema repentino no relacionamento.
Ele caiu morto de repente.
O acordo repentinamente não se realizou.
Ela mudou de ideia de repente.
De repente os médicos encontraram uma protuberância.
O acidente aconteceu tão de repente.
Os bons tempos acabaram repentinamente.
De repente, o carro apareceu do nada.
Estávamos tão felizes e então, de repente...

Mas será que existe mesmo esse "de repente"? A Cabala diz que não. Absolutamente não! Existe sempre uma causa oculta, invisível, que precedeu a qualquer acontecimento "repentino". Alguma vez você acordou de manhã e de repente encontrou uma mangueira plenamente crescida em seu quintal? É claro que não. Em algum momento do passado uma semente foi plantada com cuidado. Quando um problema desagradável repentinamente aparece e interrompe o fluxo de felicidade que preenchia um desejo particular seu, segundo a Cabala, não se trata simplesmente de um evento aleatório, caótico. Existe uma causa mais profunda. Em algum lugar do passado, uma semente foi plantada.


TEORIA DO CAOS

A Síndrome do De Repente se origina de nossa incapacidade de vermos através das ilusões de nossa vida no âmbito do 1 por cento. Não conseguimos ver além da confusão imediata, para poder compreender a figura mais ampla. Não conseguimos ver o outro lado da cortina onde se encontra a realidade maior. Os meteorologistas enfrentaram este mesmo problema ao tentarem fazer a previsão do tempo. Tempestades e outras flutuações nas condições atmosféricas ocorriam sem aviso. Eles concluíram que o tempo era uma sequência caótica, não-linear e aleatória de eventos. Estudos científicos adicionais revelaram uma ordem misteriosa oculta dentro do caos. A ciência chama esse fenômeno de Efeito Borboleta.


O EFEITO BORBOLETA

Incrível como possa parecer, a minúscula turbulência criada por uma borboleta agitando suas asas em Tóquio pode no fim das contas se amplificar e se tornar um tornado no Kansas. Uma pessoa que bate a porta do carro em Iowa pode assim influenciar o tempo no Brasil. Tudo está conectado num nível mais profundo da realidade. O tempo apenas parece ser aleatório para os meteorologistas porque eles são incapazes de perceber e de medir todos os milhões de influências que contribuíram para a formação de um dia de tempestade — como portas batendo e borboletas agitando as asas. A Cabala revelou este conceito há séculos. Nossas vidas, não importa o quanto possam parecer caóticas, contêm uma ordem oculta.

O problema é que uma cortina limita a nossa capacidade de localizar todas essas pequenas borboletas soprando os ventos do caos para nossas vidas pessoais. Mesmo assim, todas as tempestades e tornados que nos chicoteiam, ao longo de nossa existência, têm suas próprias causas invisíveis que estão escondidas por trás da cortina. Observamos efeitos, mas não o nível de causa da realidade. Somos cegos para os 99 por cento restantes. De modo que, aqui estamos, em contato com uma porção microscópica da realidade, conforme vasculhamos desesperadamente em busca da satisfação de nossos desejos mais profundos. Alguns se voltam para a ciência, alguns para a religião tradicional, alguns para as drogas. Outros perseguem riqueza e poder. Mas o vazio interior permanece. Sentimo-nos insignificantes, desamparados e sem controle, famintos por sustento espiritual e por mudança positiva. Permaneceremos prisioneiros deste âmbito do 1 por cento e perderemos os 99 por cento da realidade? Estaremos fadados ao caos e às trevas? Será que a cortina deverá permanecer fechada para sempre?

De jeito nenhum.


O MUNDO DO 99 POR CENTO

Um físico tinha uma ferradura pendurada na porta de seu laboratório. Seus colegas ficaram surpresos e perguntaram se ele acreditava que ela traria sorte para suas experiências. Ele respondeu: "Não, eu não acredito em superstições. Mas me disseram que funciona mesmo se você não acredita.׳׳ (- De A Random Walk in Science, de R. L. Weber)

A realidade familiar é o mundo do 1 por cento em que vivemos; existe, porém, um outro lado desta cortina — o 99 por cento — e ele é muito mais importante, em última instância. De acordo com a Cabala, o âmbito do 99 por cento é a fonte de toda a plenitude duradoura. Todo conhecimento, sabedoria e alegria habitam este âmbito. Este é o domínio que os cabalistas chamam de Luz. Sempre que sentimos alegria, fizemos contato com este plano através de alguma ação que se passou no âmbito do 1 por cento. Pode ter vindo da experiência de um abraço de seu filho ou de você ter acabado de fechar um acordo importante nos negócios. De onde quer que tenha vindo, a alegria que você sente flui do 99 por cento.


NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL

Antes de Thomas Edison, a civilização vivia bem no escuro, em comparação com o mundo do néon de hoje, aceso durante 24 horas com seu brilho fluorescente e com o arder do halogênio. Será que Edison realmente inventou algo novo quando produziu a primeira lâmpada? Ou será que a informação sobre como construir uma lâmpada já existia?

Em outras palavras, se alguém tivesse a mesma informação e os mesmos materiais para construir a lâmpada 100 anos antes de Edison, será que a luz não podia ter sido acesa bem antes?

Será que Albert Einstein realmente descobriu algo novo com a sua Teoria da Relatividade, ou será que ela sempre esteve presente?

Será que Isaac Newton inventou a gravidade quando descobriu as suas propriedades, ou será que a gravidade sempre existiu?

Edison, Einstein e Newton meramente revelaram algo que já existia. Então onde estava escondida toda esta informação antes dessas grandes mentes terem retirado a sua cobertura?

A resposta, de acordo com a Cabala, é: no mundo do 99 por cento.


SINFONIA ETERNA

Mozart dizia ser capaz de conceber em sua mente sinfonias inteiras antes de escrever uma única nota. Quando experimentava mentalmente uma hora de música numa mera fração de segundo, Mozart sentia que estava acessando uma outra realidade. Transcendia as leis de tempo e espaço e penetrava numa dimensão espiritual. Da mesma forma, grandes mentes científicas do passado acreditavam que o insight espiritual desempenhara um papel em suas realizações. Hoje, os cientistas estão começando a reconhecer que a dimensão espiritual pode ser uma fonte de grande discernimento e inspiração.

Considere o caso do químico russo Dmitry Mendeleyev, que teve um sonho incomum em 1869. Disse Mendeleyev: "Vi num sonho uma tabela em que todos os elementos caíam no lugar conforme era exigido. Ao despertar, imediatamente a escrevi num pedaço de papel."

O sonho de Mendeleyev resultou na Tabela Periódica de Elementos que todos nós aprendemos nas aulas de química do colégio.

A insulina, usada para tratar diabetes, foi descoberta pelo médico canadense Sir Frederick Banting. Banting teve um sonho que sugeria um método para extrair a substância de um pâncreas não humano. Banting ganhou o Prêmio Nobel e acabou sendo nomeado cavalheiro por suas descobertas.

O inventor americano Elias Howe sonhou estar sendo perseguido por canibais com lanças. Enquanto os nativos sacudiam suas armas, ele percebeu que em todas as setas havia pequenos buracos. As lanças também balançavam para cima e para baixo. Depois deste sonho, Howe finalmente conseguiu completar sua invenção da máquina de costura automática. Ele entendeu que tinha que mudar o buraco da agulha para a parte de baixo da agulha ao invés de colocá- lo no topo.

O renomado cientista Niels Bohr afirmou que sonhara estar sentado em cima do sol, com todos os planetas zunindo ao redor em cordas pequeninas. Depois disso, Bohr desenvolveu o modelo do átomo.

Robert Lou is Stevenson relatou que o assunto de sua história clássica, Dr. Jekyll e Mr. Hyde, originou-se em um sonho, e o mesmo se deu com boa parte de sua melhor obra.

Em seu livro, Sombras da Mente, o eminente físico Roger Penrose escreveu: "De acordo com Platão, conceitos matemáticos e verdades matemáticas habitam um mundo real próprio, que é eterno e sem localização física. O mundo de Platão é um mundo ideal de formas perfeitas, diferente do mundo físico, mas em termos do qual o mundo físico deve ser compreendido."


O MOMENTO DA CONEXÃO

Platão chamava a conexão com o 99 por cento de ״divina loucura״.

O conhecido filósofo Nicolas de Cusa a chamava de ״revelação divina״ ou de docta ignorantia.

Mozart a descrevia como ״um ataque״.

O filósofo E. Husserl a chamava de ״intuição pura״ e de ״intuição״.

Nossas mães a chamavam de ״uma intuição de mãe״. Sua Tia Rose a denominava de seu ״sexto sentido״.

Negociantes bem-sucedidos a chamam de ״instinto básico״.


UM BREVE RESUMO DO 1 POR CENTO

A realidade do 1 por cento é o mundo de nossos cinco sentidos. É um âmbito de caos no qual:

Reagimos a acontecimentos externos.
A plenitude é temporária e fugaz.
Efeitos, sintomas e reações nos preocupam.
Somos vítimas, que aparentemente sofremos por causa das ações de outras pessoas e de circunstâncias externas.
Não parece haver esperança de produzir mudança positiva e permanente porque qualquer mudança que ocorre é temporária, e, assim sendo, ilusória.
A maior parte de nossos desejos permanece insatisfeito.

A Lei de Murphy governa o âmbito do 1 por cento. Tudo o que puder dar errado dará errado. Mesmo quando as coisas vão bem, sabemos que elas irão mudar, pois vivemos num eterno ciclo de altos e baixos.


UM BREVE RESUMO DO 99 POR CENTO

A realidade do 99 por cento encontra-se além da percepção humana. É:

Um mundo de ordem e perfeição absoluta e de Luz espiritual.
Um âmbito de ação, ao invés de reação a acontecimentos externos.
A fonte, a semente e a origem oculta do mundo físico.
Um mundo de plenitude total, de conhecimento infinito e de alegria eterna.
Uma dimensão na qual podemos iniciar mudança positiva e duradoura, mudança permanente que se manifesta também em nosso mundo do 1 por cento.

Não há vestígio da Lei de Murphy no âmbito do 99 por cento!

Isto nos conduz ao Segundo Princípio Cabalístico: Existem Duas Realidades Básicas: Nosso Mundo do Um Por cento da Escuridão e o Âmbito do Noventa e Nove Por cento da Luz!


O PROBLEMA

Existe um obstáculo importuno — é a nossa incapacidade de controlar os momentos de conexão com o âmbito do 99 por cento. O acesso a esta dimensão de Luz é, na melhor das hipóteses, acidental e fortuito. O cabalista Rav Berg descreve a realidade do 99 por cento como algo que está dançando na fronteira da consciência, como um sonho encantador que não se consegue rememorar exatamente. Momentos antes de acordar, existe um instante crucial em que somente um fio solto conecta o sonhador ao sonho. Quanto mais forte o sonhador puxa a fibra delicada, mais rapidamente o tecido do sonho se desfaz e desaparece. Por mais que ele ou ela tente reconectar o fio, o sonho se apaga e o sonhador deve se resignar a uma realidade desperta imensamente inferior àquela do sonho.

Imagine se pudéssemos acessar esse âmbito à vontade! Ganharíamos a capacidade de controlar todos os acontecimentos de nossas vidas. Em vez de lidar com sintomas e com efeitos, descobriríamos as forças ocultas que estão por trás das circunstâncias caóticas e dos eventos enlouquecedores que "de repente״ terminam com a nossa felicidade, deixando insatisfeitos os nossos desejos mais profundos.

Pense nisto desta forma. Alterando um galho de uma árvore, você altera o galho. Modifique uma folha, e você muda a folha. Entretanto, se você manipula a informação genética dentro da semente, pode afetar a árvore inteira — galhos, folhas, frutas, a coisa toda.

O âmbito do 99 por cento é o nível de DNA da realidade: a semente. A raiz. A causa de todas as causas.


PERSEGUINDO NOSSAS PRÓPRIAS SOMBRAS

Considere a seguinte analogia: sua sombra na calçada representa uma versão severamente limitada do seu eu verdadeiro. Sua sombra não reflete a pele, o cabelo, o sangue, os ossos, as emoções, a imaginação, os sentimentos ou os desejos que o definem como um indivíduo. Ela é meramente um reflexo bidimensional da sua realidade tridimensional. Neste exemplo, a sombra corresponde ao mundo do 1 por cento. Seu eu verdadeiro corresponde à dimensão que se encontra além dos cinco sentidos — isto é, o 99 por cento. Você conseguiria mover o braço de alguém simplesmente empurrando sua sombra na parede? Não. Você precisa tocar na fonte, no próprio braço, no 99 por cento. Você tem que ir para uma dimensão mais alta para efetuar mudança: mova o próprio braço, e a sombra automaticamente responde!

Fomos condicionados a focar a nossa consciência no plano de 1 por cento da existência, o que é semelhante a perseguirmos as nossas próprias sombras. A Cabala diz que não dará certo. É um exercício de futilidade.

Aqui está uma experiência que você pode tentar em casa, que exemplificará o ponto. Pegue um pedaço de papel e um lápis, e escreva suas cinco primeiras respostas para a seguinte pergunta: "O que um ser humano realmente deseja da vida?"


A LISTA DOS DEZ MAIS

Quando esta pergunta foi feita a dezenas de milhares de pessoas que estavam aprendendo Cabala ao longo dos anos, estes foram os itens que apareceram com maior freqüência:

Plenitude Pessoal
Paz de Espírito
Alívio do Medo e da Ansiedade
Segurança Financeira
Satisfação
Amor
Liberdade
Controle
Sabedoria
Felicidade
Saúde

O mais provável é que a sua lista tenha algo em comum com esta lista dos dez mais. Note que nenhum destes itens pode ser medido ou pode ser pesado em uma balança, nem pode ser segurado em suas mãos. Não podemos localizar fisicamente nenhum destes itens num mapa nem podemos chegar a eles definindo geograficamente as suas coordenadas. Curiosamente, nenhuma das coisas que mais queremos receber da vida é de natureza física. Não há nada em nossa lista que seja encontrado no âmbito material do 1 por cento. Tudo aquilo que desejamos verdadeiramente é de uma natureza etérea, encontrada unicamente na realidade do 99 por cento.

Assim, nosso Terceiro Princípio Espiritual, declara: Tudo o que um ser humano realmente deseja da vida é Luz espiritual!

E então, o que fazemos ao longo de nossas vidas? Perseguimos posses físicas, em nossa busca pela felicidade. Para ver como este princípio opera, vamos olhar para algo que pode parecer ser um recurso bastante tangível: dinheiro. Dinheiro, duro e frio. Considere um indivíduo que possui um valor líquido de $20 milhões e que perde $15 milhões da noite para o dia numa queda da bolsa de valores. Compare isto com uma pessoa com um valor líquido de $20.000 que subitamente ganha $80.000 por causa de uma ação que simplesmente disparou. Qual dos dois vai dormir com uma maior paz de espírito financeira e com um senso de segurança mais forte? Aquele que ainda tem $5 milhões, ou o que tem apenas uma pequena fração dessa quantia?

De acordo com a Cabala, objetos materiais não são o que realmente estamos buscando na vida. O que estamos realmente buscando é a energia espiritual que preenche o mundo do 99 por cento.


A RAZÃO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

Encontramo-nos infelizes, insatisfeitos, descontentes, tristes, deprimidos, miseráveis ou nervosos quando nossos desejos parecem ser ignorados pelo universo. Geralmente é alguma forma de caos que precipita os nossos anseios não preenchidos. Problemas de saúde. Adversidade financeira. Problemas no casamento. Pressões sociais. Toda esta desordem acontece quando nos desconectamos, consciente ou inconscientemente, do âmbito do 99 por cento.

Quando, no entanto, aprendemos como nos conectar com esse âmbito, podemos controlar os acontecimentos em nossas vidas. Podemos prevenir e erradicar o caos que causa a nossa infelicidade. Podemos acender a Luz e subjugar a escuridão.

O contato com o âmbito do 99 por cento é a chave secreta para a plenitude na vida. Mas isto não é fácil de fazer. É por causa disso que os antigos mestres espirituais da Cabala nos deram ferramentas e métodos para alcançarmos além de nossas vidas de todos os dias. Nas páginas seguintes, vamos explorar e explicar essas ferramentas em grande detalhe.


VOCÊ SE PERGUNTA...

Por que existe caos, sofrimento, dor e doença se há um outro mundo de ordem e de felicidade?
Por que existem, para começo de conversa, esses dois âmbitos do 1 por cento e do 99 por cento?
Quem construiu a realidade desta maneira? E por que motivo?
Por que outros sistemas espirituais nos ensinam sabedoria, mas assim mesmo a vida nunca muda realmente?
Por que os nossos desejos e a plenitude que buscamos estão separados por algum tipo de cortina invisível?
Como nós inadvertidamente nos desconectamos do âmbito do 99 por cento?
De onde brotam os nossos desejos?
Para que eles têm que existir?
E finalmente: quem pendurou a cortina?


O SABOR DO TEMPO

Um índio de uma tribo da Amazônia não irá acordar amanhã de manhã com um súbito desejo de um capuccino duplo ou de um Big Mac. Os desejos não aparecem por vontade própria; o sabor precisa ter sido sentido antes. Você não pode ter um desejo de assistir novamente a O Poderoso Chefão, pela enésima vez, se nunca antes conheceu ou teve a experiência de ver o filme. Um viciado em heroína fará praticamente qualquer coisa para conseguir mais uma dose. Um alcoólatra dificilmente irá parar quando o anseio por bebida aparecer. A base para esses impulsos incessantes é que a experiência das drogas ou do álcool já está no sangue. Além disso, as pessoas que têm vícios sabem que esse ímpeto pode ser preenchido, que o "alto" pode ser revivido.

Não é interessante que, desde a aurora da humanidade, as pessoas tenham sido inexoráveis em sua busca pela felicidade eterna? Não importa quantas guerras, doenças, fomes, depressões e desastres naturais nos abatam, acabamos sempre nos recompondo, determinados em nossa busca por conforto duradouro, alegria interminável e prazer permanente. É razoável supor que devemos ter experimentado este âmbito do 99 por cento antes. Em algum lugar, nos recessos de nossas almas, sabemos que é possível nos conectarmos com essa realidade de forma contínua. Não é simplesmente uma busca cega e sem sentido.


MEMÓRIAS

De acordo com a Cabala, a própria matéria de que o corpo humano é composto — os átomos em nosso sangue, os elétrons que estimulam os impulsos em nossos cérebros, os produtos químicos que formam os nossos tecidos e os nossos ossos — têm raízes que se estendem até bem antes da origem do nosso universo físico. Os muitos desejos, ímpetos, impulsos e anseios que penetram as nossas mentes existiam desde antes da alvorada do tempo. Quaisquer desejos que estejam rodopiando em seu coração neste exato momento são na verdade memórias que se remoem em sua alma, lembranças impregnadas no âmago de seu ser.

A busca da felicidade não está somente inscrita na Constituição como um direito inalienável da cidadania dos EUA; está presente também no projeto de nosso universo. É o direito de nascença herdado pela humanidade.

Lembre-se: uma velha mangueira não brotou acidentalmente na frente de seu quintal, vinda de lugar nenhum. Havia uma semente oculta. De forma semelhante, há uma semente para os nossos desejos e para a plenitude que buscamos tão desesperadamente. Identificaremos agora essa antiga semente, e descobriremos o propósito último de nosso aparecimento "repentino" nos quintais deste mundo.



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*Fonte: https://pt.scribd.com/doc/39897856/O-Poder-Da-Cabala-Tecnologia-Para-a-Alma-Yehuda-Berg