"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, novembro 29, 2010

Oração Absoluta


Dárcio Dezolt


Em última análise, toda oração objetiva dar fim à dualidade ilusória, que admite a Mente de Deus ao lado de “mente humana”. Os estudos revelam que “as coisas vistas pela mente humana são todas ilusórias”, e, também, que esta própria mente humana não existe! O processo ilusório é hipnótico, fazendo alguém se mostrar envolvido com a “mente que não existe” e também com todas as ficções que ela lhe apresenta. As formas de orações existem sob os mais diversos graus de percepção. Há o tipo de oração em que a pessoa aceita ter a mente humana, e entra em silêncio para esta mente receber inspiração, paz, boas ideias, etc. Há o tipo de oração em que a pessoa louva a Deus, repete mantras, e busca, desta forma, “entrar” em sintonia com Deus. São inúmeras as formas de oração, e cada uma cumpre certo objetivo com o seu valor e com seu grau de profundidade.

Quando estudamos a Verdade absoluta, objetivamos, também, fazer uma “oração absoluta”
. Esta consiste em discernirmos, sem esforço algum, que “não existe ninguém orando”, mas existe somente O UNO SENDO! Nesta “oração absoluta”, não são usadas palavras nem pensamentos, pois, seriam a “mente humana em ação”, o que, no caso, seria pura ilusão. A “oração absoluta” é aquela em que a pessoa inicia a “Prática do Silêncio” já percebendo que inexiste “outro eu”, chamado humano, para contatar Deus ou para poder meditar e se ver “um com Ele”. É uma percepção direta e imediata de que “DEUS É; logo, EU SOU!”. Quanto menos permanecer a crença de que “há alguém orando”, pela percepção suave, direta e clara de que, “Como Deus É, Eu SOU”, mais a Verdade absoluta estará sendo discernida. Isto porque não existe mente humana meditando e não existe Mente divina meditando! Estas aceitações são dualistas! Podem ser úteis em alguns casos; porém, a real percepção da Verdade está em simplesmente percebermos “DEUS SENDO A MENTE QUE É”, o que, em cada ser individual, é “DEUS SENDO A MENTE QUE “EU SOU”. Esta é a “oração absoluta”, que, entendida, será vista como “oração sem ninguém orando”.

Há vezes em que a pessoa não se sente praticando diretamente a esta “oração absoluta”. Mesmo que ela já o tenha conseguido em outras ocasiões, numa outra, um suposto envolvimento com o ilusório “mundo de aparências” poderá atrapalhá-la, por prender-lhe a atenção aos problemas e situações do mundo. E, é quando a Ciência Mental precisa ser aplicada momentaneamente, até que ela sinta a “sugestão hipnótica” ceder e ir se reduzindo ao “nada” que sempre foi. As afirmações de que “Deus é Tudo” e de que “ilusão é nada”, ou a contemplação de Verdades contidas numa citação bíblica vinda à lembrança, por exemplo, serão válidas e muito úteis, quando esta necessidade for sentida. Mas que esta fase, nas orações, sejam vistas apenas como “preliminares”, como “ajuda inicial” para que a “oração absoluta” seja praticada, ou seja, para que nas “contemplações”, estejamos realmente conscientes de que “não há ninguém orando”, mas sim, um Infinito SENDO, e, que , como “DEUS É, EU SOU!”.

sábado, novembro 27, 2010

Explanações sobre a Seicho-No-Ie

Pergunta: Por que a Seicho-no-Ie considera que todo sofrimento e doença são oriundos de um pecado? Quer dizer, ela considera que todo sofrimento e doença são oriundos do pecado? Na minha opinião, não acho que todo sofrimento ou doença seja necessariamente um mal, uma imperfeição... ou oriunda de um pecado. Prova disso é que os homens mais santos ou iluminados que já viveram nesta Terra foram os que mais sofreram ou mais compadeceram de doenças, e nem por isso foram pecadores. Mas é só o que acho... Não estou querendo colocar em relatividade a natureza do pecado. Estou somente querendo analisar a natureza do sofrimento, da doença, das coisas tidas como "imperfeitas". Será que são mesmo, em todos os tipos de manifestações, sempre imperfeitas? Sei lá... talvez não. Talvez faça parte daquilo que Deus criou e viu que era "muito bom". Talvez faça parte de um equilíbrio necessário à existência. Há inúmeros tipos de doenças, inúmeras formas de sofrimentos - todas com um determinado tipo de propósito. "Tratar como existente aquilo que é inexistente" é ilusão. Mas... Tratar como inexistente aquilo que é existe também não seria ilusão? Por favor, com todo o respeito a doutrina, gostaria de saber a opinião a esse respeito.


RESPOSTA: Há duas formas de responder sua pegunta sobre o pecado e sobre o que a SNI considera a respeito dele. A resposta definitiva, categórica e suprema da SNI quanto ao pecado é que ele não existe. Não existe, e não há mais o que se falar sobre isso. Ponto. É uma resposta absoluta. Porém, como entender realmente a realidade dessa afirmação assim, logo de início? Pra muita gente é difícil. Então a doutrina da SNI desdobra-se e começa a relativizar a explicação; ela cria respostas apenas para poder aquietar a mente que se recusa a acreditar. Na verdade, ao fazer isso a SNI mente. Todos os mestres, quando abordam a Verdade de um ponto de vista relativo, só o fazem para poder acalmar a mente, torná-la inteiramente quieta, como um lago parado; e quando assim a mente estiver acalmada, ela se torna transparente para aquilo que existe nas profundezas - então você consegue ver. Essa é a única utilidade de conversas que abordam a Verdade de modo relativo. Mas tais explições não são realmente necessárias. Os mestres que tentam transmitir a Verdade relativizando o absoluto (percebe o absurdo disso?) só o fazem por amor. Eles fazem por amor ao próximo e, principalmente, por terem seus corações ardendo de amor pela Verdade. Então, mesmo sabendo que é impossível, eles tentam. Eles mentem para nós, mas o fazem somente por amor. Antes de tudo, precisamos perceber que todas as mensagens escritas ou faladas sobre a Verdade são mentiras. Não podemos acreditar nelas literalmente. Elas não são o alvo, elas são as setas - a seta nunca é o alvo, ela apenas o indica. No Zen há um conto no qual o mestre, na tentativa de mostrar a Verdade ao seu discípulo, aponta um dedo para a lua, mas o discípulo insiste em ficar olhando para o dedo do mestre, ao invés de voltar o seu olhar para a lua real. Com as mensagens que ouvimos e lemos, ocorre a mesma situação. Quando você olhar para a lua, já não estará vendo mais o dedo, mas somente a lua. A lua não é o dedo. A Verdade não é o que está escrito aqui e nem em lugar algum. O dedo que aponta para a lua é a mentira (é a explicação relativa), a lua é a Verdade, a lua em si mesma é absoluta. Mas o que fazer para mostrar a lua para alguém sem ter algo com que indicá-la? Ninguém consegue simplesmente apontar para a lua a alguém sem usar nada. E tampouco ninguém consegue usar a lua para mostrar a lua. A pessoa que quer ver a lua terá que fazer isso por conta própria, por meio de uma abordagem e uma relação pessoal - ela terá que olhar diretamente. Assim, o "dedo que aponta" é um desvio. Agarramo-nos a ele porque pensamos que encontramos um atalho a fim de que finalmente poderemos compreender, mas fixar o olhar no dedo que aponta significa sair da trilha. Então, como indicar a Verdade sem mentir? Não dá. Por isso, precisamos aprender a não ficarmos agarrado às palavras. Esse é o primeiro ponto importante para se estar consciente a respeito.

A SNI diz que o pecado e o sofrimento não existem. Contudo, há muitas pessoas que julgam estar em pecado. Então a SNI começa a fugir de sua Verdade absoluta para tentar alcançar as pessoas que ainda estão demasiadamente condicionadas para perceberem/entenderem o Jisso. Ela começa a desdobrar sua doutrina, relativizando seus ensinamentos, dizendo que o pecado nada mais é que um estado no qual o homem está separado de Deus, no qual Deus e o homem não são um. Quando o homem considera-se assim, ele está em pecado. E como consequência dessa crença, ele sofre, adoece e morre. Na verdade, tudo isso não passa de crença. Então o correto seria dizer que, quando o homem está quedado no pecado, ele PENSA que sofre, que adoece, e que morre. Na verdade nada disso acontece com ele. No Jisso, na Imagem Verdadeira do homem, o homem É - nunca nasceu, portanto nunca vai morrer. A SNI diz que a pessoa que realiza esta compreensão dentro de si - de que o homem é perfeito, harmonioso, imortal, búdico -, começa a ter essa compreensão projetada para fora, no mundo fenomênico tridimensional. O mundo fenomênico não está situado no "interior" do homem. Mas ele é "sombra" do mundo interior (mente) do homem. Quando se muda a mente (o que equivale a dizer "quando o homem muda a si mesmo profundamente"), o mundo que se passa ao redor começa a mudar. "Quando eu me movo, o mundo se move" e "se oro, o mundo me responde" - essas são duas máximas da Seicho-no-Ie.

Portanto, seria válido dizer que uma doença é consequência do estado de pecado. A Seicho-no-Ie acolhe a questão que você levantou, de que "Há inúmeros tipos de doenças e inúmeras formas de sofrimentos - todos com um determinado tipo de propósito", mas o acolhimento da Seicho-No-Ie quanto a este ponto ocorre somente no âmbito relativo do Ensinamento. A esse respeito ela diz o seguinte: todas as manifestações desarmoniosas - como o pecado, o sofrimento, a doença, a limitação -, ocorrem como lições para o aprimoramento espiritual da própria pessoa. Existiu na Índia um bodhisattva chamado Avalokistesvara (ou Kanzeon Bosatsu). Esse bodhisattva, quando atingiu a iluminação espiritual, fez com a Divindade um voto/pacto no qual, dali em diante, sua existência seria devotada à salvação de cada ser que existississe ou passasse por esta existência humana/fenomênica. Kanzeon Bosatsu dispôs do seu ser para que a Divindade fizesse dele um meio/um intrumento mediante o qual Deus pudesse manifestar a Sua misericórdia e alcançar a alma de cada ser que chamasse por seu nome. Na Sutra do Lótus (sutra budista compilada dos ensinamentos do Buda Sakyamuni), está escrito que Kanzeon Bosatsu possui uma força sobrenatural infinita, que salva as pessoas na vida cotidiana. Assim, consoante esta doutrina budista, a Seicho-No-Ie explica que toda desarmonia que surge neste mundo é manifestação de Kanzeon Bosatsu para propiciar a homem a oportunidade de melhorar/progredir espiritualmente.

Por exemplo, se no seu trabalho você tem um chefe que te persegue ou repreende além do que você acha que deveria, ou se na sua vida você encontra uma alguém que não gosta de você e faz coisas para te prejudicar, aquele chefe ou aquela pessoa são Kanzeon Bosatsu aparecendo, para que você possa aproveitar a situação para tornar-se uma pessoa mais dócil, manso - uma pessoa melhor. Aquelas pessoas são instrumentos mediante os quais Kanzeon Bosatsu está aparecendo para lhe conceder a opotunidade de aprender a perdoar, a amar e a agradecer aquela pessoa do fundo do coração. Você aprende certas lições espirituais e, assim, lapida o seu espírito, elevando o seu ser cada vez mais alto rumo ao amor, à sabedoria, à iluminação - rumo a Deus. Assim, todas as dificuldades que surgem no mundo são manifestações da divindade 'Kanzeon Bosatsu', inclusive sofrimentos e doenças. Eles estão ali para lhe ensinar alguma coisa importante, e quando você tiver assimilado e passado totalmente pela lição, essas manifestações deixam de ter qualquer propósito; então tanto aquele chefe como aquela pessoa a quem você perdoou passam a gostar de você (ou então são afastados de sua realidade - a própria vida cuida de afastá-los), e a doença e os sofrimentos desaparecem.

Essas explicações só sevem no campo da relatividade dos ensinamentos. E em seu ensinamento relativo, a Seicho-No-Ie explica assim. Mas o ensinamento relativo é menos importante. Ele é apenas para enquanto as pessoas não conseguem entender e penetrar na Verdade Absoluta do Jisso. No campo Absoluto, o pecado não existe, somente Deus existe - e este é o supremo ensinamento. Dessa forma, à luz do Absoluto, todos os expedientes relativos perdem seu propósito, simplesmente porque o pecado não existe, e não há que se falar nisso. Se o pecado, que é causa, não existe, a doença não existirá como consequência desse pecado. É preciso compreender o Absoluto e manter a mente fixada nele. O mundo dos fenômenos é repleto de distrações, é gravitacional, se você não estiver atento, ele te "puxa pra baixo". Mas, no momento que você tiver o seu primeiro contato com o Absoluto, não restará em você a mínima dúvida de que o mundo fenomênico, apesar de parecer existir, é inexistente. Você compreenderá que a matéria existe do jeito que a conhecemos devido a força ilusória de maya, que faz com que o Espírito Absoluto/Infinito pareça finito e divisível. Quando compreender isso, então todo o cuidado que precisará tomar, daí pra frente, é ficar apenas observando e reconhecendo as obras de maya atuando e fazendo uma ilusão parecer real... reconhecerá que se trata de um mistério. E, como já não estará mais identificado com o exterior, e sim com sua compreensão interior, a sua vida passará a ser regida pelas leis interiores, pelas leis do Espírito, e não mais pelas leis exteriores do mundo. Então, a doença se cura, o sofrimento acaba, a paz além do entendimento surge, e a presença de Deus se revela presente e viva em cada ponto de Sua criação.

O texto a seguir exemplifica o que tentei dizer acima. Fala sobre a saúde e a relação que ela possui com a compreensão da Verdade Absoluta de que "Deus é tudo". Segue:

"O homem é Deus e a vida do homem é a vida de Deus - esta é a filosofia básica dos ensinamentos da Seicho-No-Ie. Deus é saúde absoluta, e assim, dizemos que o homem deveria ser absolutamente saudável. Esta saúde absoluta fica impressa em nossa mente quando conscientizamos que o homem, em sua Imagem Verdadeira é sempre saudável, e que unicamente a Imagem Verdadeira constitui a totalidade da existência do homem. O que fica impresso na mente, inevitavelmente será impresso em todas as células do corpo. Isto porque as células do corpo são entidades com consciência. Por essa razão, imprimir a ideia de saúde absoluta na mente levará à manifestação da saúde absoluta no corpo inteiro. Como podemos atingir a conscientização da saúde absoluta e permitir que esta consciência de saúde se desenvolva? Da seguinte forma: (1) pensar na Imagem Verdadeira da Vida, que é Deus; (2) pensar unicamente na Imagem Verdadeira original, e (3) saber que a Imagem Verdadeira original é a totalidade de tudo que existe. Quando seguimos estas três condições, nossos pensamentos retratam a Imagem Verdadeira sem distorção, ficando preenchidos com a Verdade a ponto de refletirem somente a Verdade. Como os pensamentos possuem uma certa inércia, eles irão se aprofundar cada vez mais pela repetição. Se persistirmos em pensar em termos de Imagem Verdadeira, cada vez mais iremos nos aproximar da Verdade, e cada vez mais iremos conscientizar com maior clareza e profundidade as coisas como elas realmente são no Mundo da Verdade. Ao nos conscientizarmos mais profundamente das condições perfeitas da Imagem Verdadeira da Existência, começaremos a manifestar condições mais perfeitas em nossa vida fenomênica. Nossa saúde física irá melhorar. Tanto o corpo como a mente aumentam de poder. Para sermos saudáveis, precisamos cultivar pensamentos de saúde, pois a mente não pode ficar estacionária: se não avançar, ela irá se retrair. Se a mente não se ocupar com pensamentos elevados, terá pensamentos de natureza inferior, e gradativamente iremos perdendo o terreno já ganho. Quando a mente se eleva e adquire mais maturidade, não apenas conservamos as boas coisas conquistadas, como ainda passamos a adquirir novas coisas ainda melhores do que as do passado. Portanto, se desejarmos o crescimento abundante de nossas vidas, precisamos nos aprofundar diariamente em nossa compreensão da Verdade. Quando nos conscientizarmos da Verdade de nossa vida, ou seja, quando fortalecermos a convicção da perfeita saúde pertencente à nossa Imagem Verdadeira, teremos a melhoria de nossa saúde física proporcionalmente a esse crescimento de conscientização da Verdade. Precisamos conscientizar que unicamente nossa Imagem Verdadeira é real. A melhor maneira de abrirmos o portal de nossa própria imagem do “Eu”, é nos sentarmos quietamente e meditarmos sobre a Verdade." (Masaharu Taniguchi)

Não acreditem apenas nestas palavras. Olhem para a lua!









quarta-feira, novembro 24, 2010

Atenha-se a isso!




Os primeiros alunos de Mary Baker Eddy descobriram que o ensino se referia a muito mais do que apenas lidar com males físicos, pois seus fundamentos sempre foram espirituais, cristãos. Observe que a primeira pergunta no manuscrito que ela começou a utilizar por volta de 1870, não foi sobre o tratamento da doença, mas “O que é Deus?”

Gustavus A. Walther, um aluno de Mary Baker Eddy do curso da Faculdade de setembro 1888, lembrou (talvez um tanto arduamente) o chamado para “provar do cálice” que ela dirigiu a ele. Ele narra:

“Ao final do nosso curso, cada um de nós tinha de se levantar quando éramos chamados pelo nosso nome e responder à pergunta que ela faria, em frente de toda a classe. Então, ao chegar minha vez, ela apontou o dedo para mim e disse: ‘Você pode ficar doente, já esteve doente e está doente agora’? A pergunta foi de tal forma incisiva que eu não consegui responder de imediato, portanto, ela bateu o pé no chão e disse: ‘Responda-me’!

Finalmente consegui responder e disse: ‘De acordo com a Ciência Cristã, jamais posso estar doente, nunca estive doente nem estou doente agora, mas, de acordo com o senso mortal, eu poderia estar doente, ter ficado doente e ainda estar um pouco doente’. Então, ela bateu o pé novamente no chão e disse: ‘Para que você veio aqui’?

Respondi: ‘Para aprender mais sobre a Ciência Cristã’. De novo ela bateu o pé no chão e disse: ‘Por que não faz isso’? Em seguida, ela apontou o dedo novamente para mim e disse: ‘Quero que me responda’! E a seguir repetiu a pergunta: ‘Você pode ficar doente, já esteve doente ou está doente agora’?

Então, uma luz se acendeu em minha mente e eu disse: “De acordo com a verdade, eu nunca posso estar doente e eu nunca estive doente e não estou doente agora”.

Ela esperou um momento para ver se eu diria algo mais, penso eu, mas eu não disse. Então, ela respondeu: “Atenha-se a isso”! e lágrimas rolaram em sua face em regozijo por ter ela alcançado seu propósito.”
(Gustavus A. Walther, arquivo de Reminiscências, The Mary Baker Eddy Collection, Biblioteca Mary Baker Eddy).

Um mês depois, ao responder a uma pergunta em 'The Christian Science Journal', Mary Baker Eddy falou sobre seus alunos e seu conselho ainda soa verdadeiro: “Aos meus alunos foram ensinados o Princípio divino e as regras da Ciência da cura pela Mente. Daí em diante o que eles necessitam é estudar profundamente as Escrituras e ‘Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras’. Vigiar e orar, ser honestos, sinceros, amorosos e verdadeiros, tudo isso é indispensável para a demonstração da verdade que lhes foi ensinada”.



segunda-feira, novembro 22, 2010

O mal não existe


Vivian May Williams


PERGUNTA: Como você pode afirmar que o mal não existe, se o vemos evidenciado em tudo que nos rodeia?


RESPOSTA:
Dizer que o mal existe como um poder é negar a Deus como sendo o poder único. Para que algo pudesse ter poder sobre o homem, ele teria de preceder o homem. O mal não tinha poder ou existência aparente, até que o homem, ele próprio, aceitasse a crença em um poder oposto a Deus. Portanto, o mal não é um poder, sendo meramente uma crença falsa, retida pelo homem em sua própria imaginação. E uma vez seja o próprio homem o responsável pela falsa crença no mal, pode ele se livrar deste suposto poder simplesmente por se recusar a acreditar nele. Trate o poder do mal tal como você o faria com qualquer outro problema, rejeitando-o como mentira cada vez que ele lhe vier à mente. Se você se recusar a acreditar que o mal tenha um poder além daquele que você lhe atribui, por nele acreditar, logo se verá livre das várias formas sob as quais o suposto “poder maligno” aparenta manifestar-se. Você irá se livrar do medo da doença, da carência, de desarmonias de toda espécie, tais como pecado, velhice e morte, apenas para citar algumas das suas assim chamadas evidências. Para se livrar da base da mentira, chamada “mal”, terá que se livrar da preocupação mental que faz com que você viva a negar e se esforçar para superar algo destituído de qualquer existência. Você não compreenderá que Deus é o único poder e única presença, enquanto se mantiver acreditando num outro poder que se oponha a Deus. Além disso, você não conseguirá negar a existência do mal simplesmente por afirmar não acreditar nele. Há tempos que vemos estudantes da Verdade declarando que “o mal não existe”, mas sem saber o porquê daquilo estar sendo dito. Você próprio terá de compreender a "totalidade de Deus" e a “nulidade do mal”, sozinho e por você mesmo, e não apenas levar em consideração o fato de alguém ter-lhe feito tais afirmações. É o que você realiza em sua própria consciência que se torna manifesto como suas demonstrações. Pare de acreditar no mal, e sua aparência de existência cessará, pois Deus é TUDO.


"E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas." (I João 1:5)

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"Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar." (Hc 1:13)

sexta-feira, novembro 19, 2010

Há somente Deus

Joel S. Goldsmith


Quando alguém nos solicita ajuda, não devemos reter a noção de um paciente ou de um praticista contatando Deus. Há somente Deus, e a cura decorre desta realização. Não há paciente e não há praticista: há apenas Deus; há o único “Eu”, uma Consciência, uma Alma, um Espírito.

Nossos problemas surgem quando declaramos a Verdade e tentamos, de alguma forma, interferir. E é quando perdemos a demonstração, pois aquilo não pode ser feito. O que é mortal constitui a “ilusão”, constitui aquilo que não tem existência. Como seria possível vincular uma Verdade espiritual com algo que não existe? Isto é impossível! Não tente fazê-lo! Como um ser humano, você não pode realizar uma cura espiritual. A substância do trabalho de cura é a realização de que não há existência humana, mas que há apenas Deus, o único Ser Infinito.

Se, após termos conhecido esta Verdade, imaginarmos: “Bem, por que o paciente não está reagindo?” - saiba que “nós não temos um paciente!” Se estamos com o pensamento de que temos um paciente, não temos o direito de ser praticistas, pois não estaremos munidos da compreensão de que existe um único “Eu”.


Todos os povos na Sua presença são como se não existissem, e Ele os considera como um nada, uma coisa que não existe.” (Isaías 40:17)


quarta-feira, novembro 17, 2010

Explanações sobre o Caminho Infinito

PERGUNTA: "Esta verdade não serve para tornar sadias as pessoas doentes, nem ricas as pessoas pobres, mas para despertar as pessoas, mesmos as saudáveis e ricas, para uma confiança no poder espiritual, na segurança espiritual e na liberdade espiritual, que não dependem do sucesso da pesquisa médica, nem de qualquer ideologia política, nem do sistema econômico sob o qual estamos vivendo. Essa é a espécie de liberdade que Jesus procurou dar aos hebreus, em contraposição à liberdade da servidão física, que Moisés havia proporcionado ao seu povo. Todos ainda permanecem sob a lei de Moisés, porém no sentido de que eles estão agarrados à segurança econômica e política, e na medida em que ainda NÃO tenham encontrado a segurança espiritual que os manteriam seguros, sem se importar sob qual forma de governo ou onde estejam vivendo." (Joel Goldsmith)

Um ser cristão prescinde, então, de pertencer a uma igreja ou compor qualquer coletividade porque é algo essencialmente pessoal, individual. A única orientação a ser buscada é a Presença interior, e o único Caminho a seguir é aquele desprovido de maldade, ódio ou medo. Mas por mais estranho que pareça, o que se nota na maioria das pessoas ditas cristã, é que elas seguem com mais zelo o Velho Testamento e simplesmente desconhecem o Novo Testamento! Dizem-se cristãos mas não seguem o Cristo!





RESPOSTA:

Esse texto de Goldsmith fala sobre liberdade espiritual. A base do ensinamento do Caminho Infinito é a negação da existência e da presença da matéria, do fenômeno, o mundo tridimensional visível, "deste mundo". Goldsmith diz que "este mundo" é apenas aparência, uma imagem na mente humana. E quando a mente humana acredita nas imagens com que se depara, ela confere força ou poder a essas imagens, então elas passam a parecer serem incrivelmente verdadeiras - mas só para a mente que confere poder às miragens. Quem aprende a não deixar sua mente se levar/se impressionar pelas imagens que constantemente parecem existir, é aquele que entendeu que "o Meu reino não é deste mundo".

Goldsmith enfatiza muito a Verdade, tentando expressá-la como sendo o Único poder. Não um poder sobre algo ou alguém, nem sobre alguma coisa. É um poder que não possui adversários contra quem lutar. A Verdade do Caminho Infinito é uma Verdade que não serve para tornar as pessoas doentes em sadias, nem transformar pessoas pobres em ricas. Por que? Porque se assim fosse, a Verdade teria algo a combater: a doença, a pobreza. O propósito do ensinamento é fazer o homem perceber que nada disto é real - nem a doença, nem a pobreza, ou mesmo a saúde e a riqueza. As verdadeiras saúde e riqueza não estão no mundo, não estão no corpo material. Mesmo que um corpo físico seja saudável e dotado de grande constituição física, essa saúde não é a saúde verdadeira. A Verdadeira saúde é espiritual, existe no Espírito, em Deus. A mente que compreende isso, despertou para a Verdade.

A saúde não é uma condição da matéria, mas da Mente divina e infinita. Nem podem os sentidos materiais dar testemunho digno de confiança no tocante à saúde. A mente que reconhece a Verdade não é nossa mente humana, é a Mente de Cristo - a Mente a que Paulo se refere, em 2º Coríntios, como sendo a que já possuímos. Como reconhecer e constatar essa Mente em nós? Isso só pode ser feito à medida que conseguirmos nos desprender de nossa mente humana. Feito isto, a Mente de Cristo ocupará o lugar/foco antes ocupado pela mente.

Como podemos confiar no poder espiritual, em Deus, se não tivermos em nós firmemente estabelecido a compreensão do que é Deus? Antes de tentarmos entender todo o ensinamento do Caminho Infinito, temos que compreender o que é Deus. Quem é Deus? Nem adianta trabalhar com os príncipios ensinados, tentando aplicá-los, se não soubermos quem Deus é realmente. A compreensão de quem é Deus é que permitirá termos confiança no poder espiritual. Sem isso é impossível conseguir essa confiança.

Primeiro temos que entender (compreender realmente) que Deus é Bem, é Amor, é Perfeição. Deus nunca criou maldades, nem sofrimentos ou infelicidades. Se pudermos entender profundamente isso, então poderemos olhar para todas as imagens feias "deste mundo" e compreender: "Deus não as criou. Se Ele não as criou, elas não existem, porque Deus é o único Criador. Elas não estão presentes - mesmo que pareçam estar diante de mim. A Verdade é que elas nunca apareceram". É só isso que tem que ser entendido/visto. Essa Verdade é vista interiormente, não é vista com nossos olhos ou intelecto mortais. Deus é o único Criador, e tudo o que Ele criou, viu que era bom. Se você puder abrir seu coração pra essa Verdade, descartará automaticamente qualquer imagem ou 'aparente criação' em contrário. Você é perfeito agora, porque Deus te fez assim. Você consegue imaginar Deus como sendo tamanho Amor e Perfeição, tamanho Bem, a ponto de Ele o criar Perfeito e de um modo que você jamais pudesse se tornar imperfeito ou doente? Consegue confiar que Deus fez tudo perfeito, não só no início da Criação, mas que também Ele jamais se descuidou de Suas criações para que elas em dado momento se tornassem imperfeitas ou doentes? Afinal, se Ele tivesse criado tudo perfeito e dado brechas, abrindo possibilidades para que no decorrer do tempo suas obras se tornassem imperfeitas, Deus não seria perfeito. Mas Ele é. Consegue compreender e aceitar que Deus seja Bem, Amor e Perfeição a este ponto? Se puder, então pode seguir em frente nos ensinos do Caminho Infinito.

Mas se não puder, então é melhor parar de tentar entender o ensinamento todo e se concentrar nessa parte, até conseguir desenvolvê-la perfeitamente em você. Se não conseguimos compreender Deus como sendo essa Divindade Perfeita, é porque nossa mente está acreditando demais no mundo fenomênico. Temos que trabalhar e resolver isso.

Conta-se que Buda, quando foi além dos limites dos muros de seu palácio para o mundo, tomou conhecimento de que no mundo existiam coisas como a doença, o sofrimento, a morte, e imediatamente, chocado, rejeitou o mundo dizendo: "Isso não pode ser Verdade. Se este mundo for Verdade, então Deus não existe. Porque Deus jamais criaria coisas terríveis por que passam os homens num mundo como este. Este mundo não é criação de Deus, ele é uma ilusão". Buda rejeitou tudo. Por causa disso, o Budismo é tido como uma religião ateísta, uma fé que não acredita na existência de Deus. Mas não é isso. Buda não estava negando a existência de Deus. Ele estava negando que Deus tivesse alguma coisa a ver com o mundo fenomênico. Se ele admitisse o mundo fenomênico, teria de negar a existência de Deus - porque a própria palavra "Deus" não é só sinônimo de "criador". A palara "Deus" possui implicações bem mais profundas. "Deus" só pode ser bondoso, amoroso, harmonioso, perfeito. Se existir um ser superpoderoso, capaz de criar universos, mundos e seres, mas não se constituir de Amor, Bem e Perfeição infinitos, esse ser é apenas uma entidade superpoderosa, mas não é Deus. Para ser Deus, tem de ser Perfeito em todos os detalhes. Por isso Buda negou que Deus tivesse alguma relação com este mundo fenomênico cheio de imperfeições. Admitiu Deus como existência verdadeira e chamou este mundo de 'maya', ilusão. É o mesmo que Goldsmith quando diz: "este mundo não é Real", "o Meu reino não é deste mundo". O Verdadeiro mundo, a Criação de Deus, é invisível à mente que enxerga o cenário material. Só pode ser visto pela mente infinita, pela Mente de Cristo. Mas para poder ver, você precisa primeiro saber que Ele existe. Acreditando nele, você poderá começar a caminhar rumo a ele.

Você não é capaz de ir a algum lugar sem acreditar que ele existe. Se você toma a iniciativa de viajar é porque sabe que o lugar pra onde você vai já está lá. Se você não proceder assim com os ensinamentos do Caminho Infinito, o resultado será o mesmo. Primeiro você tem que saber que Deus é Bem, Amor e Perfeição Infinitos. Depois tem de acreditar que "Meu Reino" já existe. Se não contiver em ti essa convicção, não poderá chegar a lugar algum. Portanto, o primeiro passo é compreender Quem é realmente Deus, qual é a verdadeira natureza de Deus. É com base nessa convicção que você estará apto (terá poder) para enfrentar as ilusões "deste mundo" que nos aparecem como se fossem genuinamente reais. Melhor dizendo: você não as enfrentará. A própria compreensão de que só existe Deus e a criação perfeita deixará claro que nunca houve o que combater e derrotar. Essa visão retira das aparências todo poder que foi dado a elas - elas deixarão de parecer realidades. Goldsmith diz: "Todo poder está em Deus", não em aparências. Essa compreensão desfaz as aparências. Você nunca luta contra algo, nunca tenta alcançar nada, porque não é preciso. Deus é perfeito, não é? Então jamais Deus abriu, em sua Criação, margens/brechas/possibilidades para que você em dado momento perdesse a sua condição de perfeição. Se pensarmos que isso ocorreu, então nosso entendimento de Deus ainda não é o suficiente. Sempre fomos perfeitos. Nunca mudamos. Temos tudo, somos livres. Tudo graças à Perfeição e ao Amor do Pai. Nada disso é devido a nós, os méritos não são nossos. É tudo por causa d'Ele. Graças a Ele temos tudo, temos saúde, paz, harmonia, sabedoria, amor... essa tem que ser a compreensão. E aparência alguma deve nos abalar - é ilusão, exatamente como Buda disse. A Compreensão de Deus desfaz a ilusão, porque dela retira o poder que a ela antes havia sido dado. Então vivemos em Deus, e vivenciamos a presença do Cristo. Viver em Deus é viver a vida Cristã. "Em Deus vivemos, existimos e temos o nosso ser" (Atos 17:28)

- Obs:
O conteúdo deste post também vale para quem segue os ensinamentos da Seicho-No-Ie (não é à toa que Masaharu Taniguchi começa explanando "o que é Deus" logo no início da Sutra) e da Ciência Cristã, pois todos eles partem do mesma Verdade: somente Deus, a Realidade Perfeita e Divina, existe realmente, e o mundo material é uma inexistência, um "nada", o qual é visto/percebido apenas e tão-somente por um mesmerismo, uma ilusão.


sábado, novembro 13, 2010

Doravante não reconheceremos o homem segundo a carne

Joel S. Goldsmith


A pergunta pode surgir em sua mente: "Como posso parar de pensar/acreditar no bem e no mal?"

Permita-me dar-lhe um exemplo que poderá ajudá-lo a esclarecer esse ponto. Olhe para a sua mão e pergunte a você mesmo: "Isto é uma mão boa ou uma mão ruim?" E, se você relembrar das vivências adquiridas de há muito, terá de admitir que sua mão não é nem boa nem má: é apenas uma mão, um pedaço de carne com estrutura de osso. Não tem o poder de agir por si só; não pode afagar e não pode esmurrar; não pode dar e não pode segurar. Mas VOCÊ pode movê-la; pode usá-la como um instrumento para dar ou para segurar. Você pode fazer tais coisas, mas a mão não pode. A mão é só um intrumento para o seu uso. Pode ser usada para vários propósitos: pode dar com benevolência e generosidade ou pode roubar desavergonhadamente, mas não pode fazer por si mesma sequer uma única coisa. Há alguma coisa que move a mão. Uma vez que é você que governa a sua mão, pode fazê-lo para o bem ou para o mal; e não apenas a mão, mas o corpo todo, ora para o bem, ora para o mal.

Contudo,quando tiver transcendido a mente e os pensamentos, então a mente e o corpo serão controlados pelo Eu que é Deus, e isso produzirá uma mente, um corpo e uma vivência diária que não é nem boa nem má, mas espiritual. Novamente, o segredo está em adquirir uma mente não condicionada, pela qual a Alma funcione como vida e experiência. No exato momento em que aceita que essa mão por si só não pode fazer nada, que é governada pelo Eu, desse momento em diante ela se torna um intrumento de Deus, trazendo consigo apenas o poder da bênção; você e eu não mais governamos a mão pelo nosso humano ser: agora Eu Sou, e Eu é Deus.

Volte agora a considerar a mão e tome seu corpo todo dentro de sua mente, e perceba esta mesma verdade: você não tem um corpo bom ou ruim, jovem ou velho. O seu corpo é apenas carne e osso. De si mesmo não tem inteligência; nada sabe sobre saúde ou doença; nada sabe sobre o tempo e o calendário. Infelizmente o eu humano sabe, e por causa disso o corpo muda. O corpo nada sabe sobre as estações do ano, se é inverno ou verão, tempo bom ou ruim, mas de novo infelizmente nós sabemos, e por causa disso o corpo reflete qualquer coisa que aceitamos em nossas mentes.

É a mente que se torna o caminho pelo qual o corpo apanha as crenças do mundo. É pois a mente que determina se o corpo é bom ou mau, jovem ou velho, sadio ou doente; mas quandõ já não temos corpo bom ou mau, jovem ou velho, sadio ou doente, a partir desse momento, o Eu, que é a presença de Deus, se superpõe e começa a manifestar as suas condições no corpo. Quando começamos a descobrir que o nosso corpo é o templo de Deus e o colocamos à disposição de Deus para que o use como quiser, então o corpo se torna um instrumento de Deus, para o Eu central do nosso ser.

Cabe-nos dar o primeiro passo, e isso é feito pelo conhecimento do fato de não haver bem ou mal no corpo, de que o corpo como tal não tem qualidades por si mesmo: ele apenas expressa aquilo que lhe é imposto. Essa inversão, ou mudança de atitude em relação ao corpo e às condições que lhes são impostas, começa com a seguinte descoberta consciente: "Não há bem ou mal no meu corpo; não há nele velhice ou juventude, vigor ou fraqueza. Meu corpo é apenas um instrumento do Eu, o Deus em mim, que é o princípio criador e conservador do meu ser." Pense por alguns instantes no problema vital que incomoda você - seu mesmo, de seus filhos ou de seus netos. Assim que estiver pensando nele, pergunte a si mesmo: "Tais condições são boas ou más? Quem disse isso? Quem decretou que são boas ou más?" E pergunte-se então: "Teria Deus criado o mal?" Creio que saberá melhor perguntando do que afirmando. Se Deus criou a eternidade e a imortalidade, se não há n'Ele "mancha ou mentira", certamente não foi Ele quem criou o mal. Mas, se Deus não criou o mal, quem o criou? Alguém, ou você mesmo, teria concebido a crença no bem e no mal? De onde ela veio? Você pode não saber a resposta para tais perguntas agora, mas, se você trabalhar com o princípios aqui discutidos, a resposta para isso, assim como para muitas outras perguntas, lhe será revelada. Neste momento, contudo, por que não aceitar a premissa de que não há, na realidade, nem bem nem mal?

Quando você atingir o ponto de onde se pode compreender que toda condição humana, de qualquer nome ou natureza, existe apenas como "uma crença dentro da mente humana", crença essa que resultou na expulsão do homem do Jardim do Éden, e quando no mais profundo do seu coração ficar convencido de que, por ser Deus infinito, não há n'Ele pares de opostos, poderá afirmar com o Mestre: "Eu venci o mundo". E estará de volta ao Reino dos Céus, onde ninguém sabe o que é saúde, pois não sabe o que é doença; lá não se conhecer dor e portanto ninguém sabe o que é a não-dor; ninguém conhece riqueza ou pobreza; e, se alguém não sabe o que é alguma coisa, como pode conhecer o seu oposto? Não há nada com que se possa fazer comparações: há apenas Deus, só o Ser espiritual, a perfeição.

Quando abordamos, um trabalho de cura, não devemos ter na mente a idéia de um mal a ser removido ou superado; contudo, por restar muito de humano na maioria de nós, reconheceremos que o que está à nossa frente é aparência do mal em forma de pecado, doença, morte, perda ou limitações, e enquanto nos defrontarmos com essas aparências não poderemos ser radicais e, como uma ostra, ignorá-las repetindo sempre: "Deus é tudo, não há erros". Isso é loucura, e não é prático. Nós não devemos fazer isso; devemos deixar que Deus diga isso para nós; e quando ouvirmos a "pequena voz silenciosa", ou percebermos que se agia dentro de nós, saberemos com certeza que qualquer aparência de pecado, doença, morte, peda ou limitação à nossa frente desvanecerá. Não pense porém que você, humanamente, possa algum dia ser tão sábio para realizar isso.

Por sabermos as palavras e podermos dizer silenciosa ou audivelmente "não há nem bem nem mal", não pense que tal repetição vá fazer milagres na sua vida, pois não os fará.

Você tem de vivenciar essa verdade até que transborde de você; tem de prová-la mais e mais dentro de você mesmo. E, mais ainda, não se esqueça que se for tentado a dizer isso para quem quer que seja, antes que se torne tão evidente, transbordante, como se o mundo visse iss em você, perderá o que recebeu, e, o que é pior, poderá perder até a possibilidade de demonstrar isso neste encarnação. Ninguém pode desperdiçar a palavra de Deus, ninguém pode dela se gabar, jogar com ela, e pensar que possa conservá-la consigo.

Você pode apenas provar esse princípio na medida em que o abraçar fortemente dentro de você, mantendo-o sagrado, mantendo-o secreto, mas usando-o. Use-o a qualquer hora, com qualquer parcela de erro com que se deparar, nos jornais, na rádio, na sua família, na rua. Em qualquer momento e lugar em que se defrontar com o erro, volte-se para dentro e pergunte-se: "Poderá isso me fazer acreditar no bem e no mal? Poderá fazer-me aceitar dois poderes?" Se puder fazer isso, abster-se de aceitar ou julgar pelas aparências, não será tentado a sanar alguma coisa ou alguém, mas ficará dentro de si mesmo e fará o julgamento correto, estando dentro do Jardim do Éden, que representa o seu domínio espiritual, o seu estado de harmonia divina.

O reto julgar sabe que "no princípio era Deus. Deus criou tudo o que foi feito; e Deus olhou para aquilo que tinha feito e achou muito bom". Será você capaz de ser fiél a essa verdade? Se as feias aparências mostram sua cabeça, será você capaz de superar a tentação de ser por elas enganado? Será você capaz de declarar e saber dentro de você mesmo: "Eu aceito somente Deus como a verdadeira substância de toda a Vida. Não posso ser induzido a aceitar bem e mal, pois há só o Espírito; há apenas uma Vida"?

A cura espiritual não pode acontecer no plano humano. Ela só pode acontecer quando você tiver parado de pensar nas pessoas, nas doenças, nas condições, nas crenças e nas pretensões e tiver voltado para o Éden, onde só há Deus, o Espírito, a Totalidade e Perfeição. Ninguém pode mesmo ser um curador espiritual, que trabalhe a partir do efeitos ou que ore a partir da tentativa de corrigir algo do mundo de Adão, pois, se isso viesse a ocorrer, ele só teria trocado um sonho desagradável por outro sonho agradável. Se conseguisse melhorar o quadro humano, teria só uma boa materialidade ao invés de uma materialidade ruim. Não estaria por isso mais próximo do reino de Deus.

Certa vez eu estava sentado numa sala com uma pessoa que estava, em todos os sentidos, muito próxima da morte, e sentia o mesmo desconforto que qualquer um sentiria em tais circunstâncias; percebera eu que não havia nada que pudesse fazer para evitar o passamento. Eu não tinha dons ou palavras milagrosas que pudessem impedir o que parecia inevitável. Teria de vir algo das profundezas internas, ou iríamos ter um funeral.

Tudo o que pude fazer foi me voltar para dentro, para a "pequena voz silenciosa" e esperar, esperar, e por vezes suplicar e pedir. Finalmente veio algo, e as palavras foram estas: "Este é o meu filho amado, no qual me comprazo". Ninguém teria acreditado nisso se o tivesse visto. Ali estava a doença em sua forma terminal; ali estava uma pessoa morrendo e, apesar das aparências, a Voz disse: "Este é o meu filho amado, no qual me comprazo". Após ter recebido tais palavras, não demorou muito para que se tornassem um fato real em demonstração; e a saúde, a harmonia e a totalidade foram restabelecidas.

Noutra ocasião fui chamado ao lado do meu próprio pai, que jazia numa tenda de oxigênio e, de acordo com os médicos atendentes, estava em seu leito de morte. Eu fiquei ali, sem palavras ou discernimento que pudessem mudar essa aparência para a saúde; e fiquei ali eu, como ficaria qualquer um diante do próprio pai em tal situação - mas com uma diferença: eu sabia que, se Deus fizesse ouvir sua voz, a terra se derreteria. Estando eu ali a observar meu pai que respirava pelo aparelho, me vieram as palavras: "Nem só da respiração vive o homem". Em menos de cinco minutos ele fez sinal para a enfermeira a fim de que retirasse o aparelho e, dois dias depois estava fora do hospital.

Quem decretou que essa condição era ruim? Deus não foi; Ele só disse "nem só da respiração vive o homem", o que dissipou a crença de que o homem vive do alento, e provou que vive pela vontade de Deus.

Você pode ter dificuldade apenas enquanto retiver a crença em dois poderes. Estará porém livre tão logo comece a olhar para qualquer condição tendo em mente o seguinte: "Quem te disse que estás nu? Quem te disse que isso é pecado? Quem te disse que és mau? Quem te disse que isso é doença? Quem te disse que isso é perigoso? De onde veio? Teria Deus dito isso para alguém?"

No momento exato em que perceber que sua função como curador espiritual não é remover ou sanar doenças, ou acreditar que Deus assim o faça, ou que haja fórmulas ou afirmações que possam remover as doenças, mas sim que a sua função está em saber a verdade de que toda criação mortal é constituída sobre a crença do bem e do mal, você não saberá então nem de saúde nem de doença, de pobreza ou de riqueza, mas apenas de um contínuo transbordamento de harmonia espiritual - o Jardim do Éden. Você nunca será um curador espiritual enquanto acreditar que haja dois poderes - o poder de Deus e o poder do pecado, da doença, ou então que haja poder na higiene, na astrologia, nas dietas. Você nunca será um curador espiritual até que saiba que não é preciso qualquer poder. Deus mantém o seu universo espiritual eternamente, e não há nada de errado com ele. O que está errado é conosco; o que está errado é a crença universal em dois poderes.

No segundo capítulo do Gênesis, Deus não é mais o Criador, mas ali é chamado de Senhor Deus; e 'Senhor', está dito, é sinônimo de lei. Noutas palavras, o homem do segundo capítulo do Gênesis vive debaixo da lei ao contrário daquele do primeiro capítulo, criado à Imagem e Semelhança de Deus e vivendo sob a Graça. Como podemos nos tornar esse homem que vive sob a Graça? Como, senão jogando fora a crença em dois poderes? Então a Graça permeará todo o nosso ser, vai nos suportar, manter e sustentar; e a Graça irá à nossa frente aplanando os nosso caminhos. A Graça é tudo à nossa volta, e todavia não temos dela mais consciência do que um peixe tem da água.

Um peixe nada na água, mas nada sabe a esse respeito. Um pássaro não conhece nada a respeito do ar; voa através dele impensadamente. Nas palavras de E. Thompson:

"Mergulhará o peixe para achar o oceano?
Voará a águia para achar o ar?
O que há para perguntarmos às estrelas em movimento,
se elas ouviram falar de ti, lá?"

E é assim que, quando estamos em estado de saúde espiritual, não só não conhecemos a doença, mas também não conhecemos a saúde - conhecemos apenas o estar em harmonia, normais, livres. Como pode um homem saudável descrever a saúde? Não é possível, pois ele não sabe o que é isso.

Ele só sabe que está nela, o que quer que ela seja, e que é agradável.

Compreendamos que um dia, em algum lugar e de algum modo, nós aceitamos a crença que não faz parte de nós, a crença de que há dois poderes: o poder de Deus que pode fazer algo por nós e não o está fazendo, e o poder do mal, que é muito mais ativo. O poder de Deus está agora mesmo fazendo tudo o que pode, e opera no estado edênico de consciência para toda a criação espiritual, mas não pode operar num mundo dois poderes. Essa é a razão pela qual, por mais éticos, bons e benevolente que nós ou nossos vizinhos possamos ser, nós e eles estamos debaixo do pecado, da morte, de acidentes e guerras.

E mais e mais surge a pergunta: "Como podem existir tais coisas se há um Deus?" E a resposta é estarrecedora: há um Deus, sim, mas não no cenário humano; não há Deus no segundo capítulo do Gênesis, mas sim um Senhor Deus, que é a lei de causa e efeito - a lei cármica. Quando subimos para além da lei de Carma, não estamos mais sob a lei, mas sob a Graça. Em outras palavras, estamos vivendo como no primeiro capítulo do Gênesis, onde não existem tais coisas como o bem e o mal humanos. Aí não há pecado e não há pureza: só há Deus.

Se tivermos algum problema, quer nosso, quer de alguém da família, de um amigo, paciente ou discípulo, ou se alguém buscar em nós a harmonia, por achar grande a nossa compreensão, deveremos praticar este princípio de 'nem bem nem mal' em nossa meditação:


"Pai, aqui estou, esperando me comunicar com você, mas com qual finalidade? Transformar o mal em bem? Se é isso o que é necessário aqui, Você não o teria feito antes que eu lhe pedisse? Todavia não parece que você esteja fazendo qualquer coisa a respeito e, pois, talvez não seja necessário. Onde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade. Onde está o Espírito do Senhor não está o mal. Então, o que será do mal? Ninguém jamais descobriu para onde vai a escuridão quando entra a luz; quando o sol se levanta aí está a luz, e na sua presença não há escuridão. Na presença de Deus não há pecado, não há falsos apetites ou doenças, perdas ou desemprego, insegurança ou perigo, pois todas essas coisas se desvanecem na Sua presença. Onde Deus é, não acho o mal, encontro Deus - Deus como minha torre alta, como minha saúde física, como meu suprimento, Deus como meu todo em tudo. O que quer que isso seja em si mesmo, não é nem bem nem mal, pois não há bem ou mal presentes em toda parte; há somente Deus preenchendo o espaço todo, assim nao há nada a fazer de bem e nada que possa decorrer do bem. Deus formou este universo de Si mesmo; desse modo, é Deus que é o bem, não a condição ou a coisa; e, mesmo quando as aparências possam testemunhar o bem ou o mal, eu não as aceito.

Deus constitui meu corpo, que é o templo de Deus. Deus é o meu lugar de morada e a integridade do meu ser; Deus é o lugar secreto do Altíssimo no qual vivo, me movo e tenho o meu ser".



Para curar é necessário transcender o pensamento. Embora a meditação comece com a contemplação da verdade, deve, antes de se cumprir a cura, subir ao mais alto reino da consciência silenciosa. No começo de uma meditação de cura, uma passagem da verdade como "doravante não reconheceremos o homem pela carne" pode estar no pensamento. Após se repetir diversas vezes, ou após nós a repetirmos conscientmente, o pensamento se esvai, na medida em que perdemos o significado da frase; doravante não reconheceremos o homem pela boa ou pela má carne; não o reconheceremos como doente ou sadio, rico ou pobre; doravante reconheceremos só Deus, sob as aparências de indivíduo humano espiritual.

Este é o segredo do Caminho Infinito, e este é o segredo da cura: "Doravante não reconheceremos o homem pela carne", nem mesmo pela carne saudável. Doravante não reconheceremos o homem pela sua riqueza - pequena ou grande: reconheceremos apenas Deus como Pai e Deus como Filho, o Cristo, à imagem e semelhança de Deus.

Doravante reconheceremos apenas Deus como constituinte do homem; a substância, a vida, a Alma do homem, a saúde, a riqueza e o lugar de morada do homem. Doravante reconheceremos só a Deus e não ao homem.

Percebemos agora que o homem não é carne, mas consciência, tendo só qualidade espirituais. Discernimos que aí está o Princípio criativo que produz sua própria imagem e semelhança, e que esse Princípio criativo é também o princípio de sustentação da vida. E assim sua criação deve necessariamente ser da sua própria essência - Vida, Amor, Espírito, Alma. Tal é a verdadeira natureza do homem.

"Doravante não reconheceremos o homem pela carne." E como, pois, o reconheceremos? Como um filho de Deus, sua verdadeira identidade. À medida que conhecemos a nós mesmos e a todos os demais, como sendo de descendência espiritual, nunca olhamos para o corpo, mas diretamente para os olhos, até poder ver por trás deles, além do mortal, além do homem jovem ou velho, doente ou sadio, onde está entronizado o Cristo. O homem visível quer doente, quer sadio, não é o homem - Cristo, o Eu espiritual daquele homem, não está sujeito às leis da carne, nem mesmo da carne harmoniosa, mas está sujeito apenas ao Cristo.

Logo que alguém chega ao fundo de tais cogitações ou contemplações senta-se num estado de quietude e de pacífica receptividade, no qual nenhum pensamento se introduz. Nesse estado de consciência o Cristo curador se manifesta, inundando a consciência de paz e tranquilidade. É uma "paz", um "estar quieto" espirituais, e disso emana a Graça curadora que nos envolve e aos nossos paciente; e então a harmonia se torna algo aparente, uma experiência tangível.

Em nossa meditação podemos começar tendo na mente uma pessoa doente, ou pecadora, ou pobre, mas não podemos nos levantar até que, por intermédio da realização, tenhamos atingido o lugar onde não há homem doente ou sadio, rico ou pobre, puro ou pecador; não há pessoa doente para ser curada ou pessoa saudável de quem nos regozijarmos: há somente Deus - só Deus na aparência de Pai e Deus na aparência de Filho. Estará então completa a nossa prece, e com ela virá a convicção: "É isso". Enquanto conhecermos a verdade - pensando, falando, declarando a verdade - estaremos no reino mental. De fato, podemos estar pensando nas coisas do Espírito, mas estamos pensando com a mente e, provavelmente, não ocorrerá nenhuma cura. Se ocorrer alguma cura, em alguns casos, ocorrerá pela argumentação mental e não será uma cura espiritual e sim mental, pelo efeito da sugestão, um frutificar daquela prática que nos diz "você está bem" ou "você é perfeito" ou "Deus fará isso em você"; e a mente aceita a sugestão e ela responde. Não é, porém, uma cura espiritual, pois o paciente meramente aceita a sugestão de outra mente.

No Caminho Infinito, não fazemos sugestões; nunca usamos a palavra "tu" (ou você) num tratamento; nunca usamos o nome do paciente e nem mencionamos o nome da doença, da queixa ou da condição em tratamento, e nem deixamos a pessoa introduzir-se em nosso pensamento depois de ela ter pedido ajuda.

Quando estamos em contemplação, não focalizamos o paciente, e sim Deus e as coisas de Deus que conhecemos, ou as leis de Deus que compreendemos ou de que tenhamos lido e tentamos agora realizar. Nós não esperamos a cura por qualquer coisa dessas, porque não podemos trazer à luz o filho de Deus do segundo capítulo do Gênesis, de onde só sai Adão, o homem de carne. O único modo pelo qual esse homem de carne pode ser devolvido para o Éden é a sua harmonia espiritual normal, não pensando a respeito dela, mas entrando naquele estado de silêncio que não reconhece o bem e o mal. Quando não temos desejos, não temos mais desejos do bem que do mal, e somos então puros o bastante para estar no Jardim do Éden, que é sem desejos. Não é um estado de desejar o bem, mas o puro contentamento com o ser.



quinta-feira, novembro 11, 2010

"Não te assentes no primeiro lugar"

Dárcio Dezolt


Na “Párabola dos Primeiros Assentos” (Lc. 14:7), Jesus pede que, “ao ser convidado às bodas, ninguém se assente no primeiro lugar!". Há “outro convidado” mais digno, e este é o CRISTO, o verdadeiro Eu do homem. Todo ego terá de deixar o “primeiro lugar” reservado ao Eu, que é Deus sendo realmente quem somos.

Entre na “Prática do Silêncio” deixando completamente desocupado o “primeiro assento”. Ego algum o ocupará jamais! Este ego é o nada que pensa ser alguma coisa ou ter lugar de destaque na vida de alguém. Lembre-se de que nunca há mudanças no Reino da Verdade! Antes que um suposto “ego” fosse reconhecido pela ilusória mente humana, o Eu Sou - Deus sendo VOCÊ -, já estava ocupando, e em definitivo, a totalidade do espaço infinito. A parábola explica que este assento não é de nenhum ser humano! Já tem dono! Está eternamente reservado! Você saberá que este “dono” é Deus sendo seu Eu, o Cristo eterno, a Vida em Si. Ao repetir Jesus, dizendo: “De mim mesmo nada faço, nada sou, o Pai em mim faz as obras”, você estará deixando de exaltar o ego e seus supostos feitos, deixando espaço para que a glória do Pai seja, em unidade, a glória do Filho, e, esta Verdade é verdadeira já!

“Deixar o assento livre” é, principalmente, não achar que sabedoria humana, mesmo a de cunho espiritual, seja divina! “Deixar o assento livre” é não confiar em aprendizados intelectuais da Verdade, exceto naquele em que a Onisciência é reconhecida como já estando no lugar do “intelecto sábio”. Não limitar Deus a algo do conhecimento humano é a base do “primeiro assento desocupado”; reconheça, já presente e ocupando aquele assento, unicamente o próprio Deus, enquanto ao mesmo tempo, você faz o reconhecimento de que a totalidade de Deus ocupa o primeiro lugar, o segundo, o terceiro, enfim, ocupa todos os lugares! DEUS É TUDO! Todos os assentos já estão ocupados! Não há vagas para o ego, em todo o Universo! Nem seriam necessárias! Todo suposto “ego” é nada! Contemple estas Verdades!



terça-feira, novembro 09, 2010

O meio de captar a Sabedoria Infinita - Final

Masaharu Taniguchi

Para manifestarmos o grau máximo do poder da palavra, precisamos acreditar com a singeleza das crianças na Verdade de que nós e Deus, que é a fonte da provisão infinita, estamos verdadeiramente unidos. Entre os leitores da Seicho-No-Ie, há muitas pessoas que, antes de se tornarem adeptas, não conseguiam nada do que queriam, fracassavam nos negócios, ficavam constantemente doentes, não só elas como os familiares, chegando ao abismo do desespero. Ao conhecerem a Seicho-No-Ie e obterem a consciência de unidade com Deus, fonte da provisão infinita de Vida, Sabedoria e Amor, não só elas próprias como também os familiares recuperaram totalmente a saúde, os negócios começaram a prosperar, conquistaram a verdadeira paz e otimismo de tal maneira que até parece ser mentira o desespero passado. Entre a pessoa ter sua mente unida a Deus e o não conhecimento de Deus reside essa grande diferença.

Acredite no Deus verdadeiro! Acredite n'Ele e confie os seus desejos a Ele. Mesmo que os homens o traiam, Deus jamais o trairá. Você só consegue resultados parciais, porque não acredita n'Ele de verdade. Não existe em nenhum lugar nada mais seguro do que Deus. O desejo daquele que acredita e confia em Deus será ouvido infalivelmente. Portanto, a fórmula secreta para nos tornarmos vencedores na vida e vivermos sempre tranquilos e ricos é chamar por Deus dia e noite, constantemente, e não esquecer por um segundo sequer a sensação de união com Deus. Não somos orientados e protegidos por Deus somente quando estamos acordados; somos orientados e protegidos por Ele mesmo enquanto dormimos. De fato, mesmo dormindo nosso coração pulsa, nossos pulmões respiram, o sangue circula, os resíduos são excretados e as células novas são produzidas. Aliás, enquanto estamos acordados com a atenção voltada para o mundo exterior, passa-nos despercebida a revelação de Deus que advém do mundo interior. Enquanto dormimos, muitas vezes recebemos mais nitidamente a revelação de Deus do mundo interior, porque nossa atenção não se desvia para coisas e fatos externos transitórios.

O que adormece durante o sono são somente os órgãos que têm relação com o mundo exterior. Os órgãos que se relacionam com o mundo interior jamais dormem; ao contrário, de acordo com o estado espiritual, conseguem perceber melhor as revelações internas durante o sono.

Costumamos dizer geralmente que o nosso corpo carnal é "matéria", mas quando assim dizemos estamos nos referindo à vibração energética grosseira, de frequência adequada a ser captada pelos nossos cinco sentidos. Porém, teorias físicas modernas provam que existem em número ilimitado outras vibrações etéreas de tipo não captável pelos cinco sentidos, de modo que não se pode afirmar que não possuímos outros corpos de virações mais sutis. De fato, de acordo com as pesquisas realizadas por estudiosos de ciências espirituais modernas, além do corpo carnal nós somos dotados de diversos corpos sutis, tais como o corpo etéreo, corpo astral, corpo espiritual.

Mas mesmo a vibração do nosso corpo carnal, por se tratar de "corporificação da idéia", poderá captar oscilações de frequência mais sutil se procurarmos, sempre, evitar pensar sobre coisas e fatos grosseiros e impuros, e manter somente pensamentos calmos, pacíficos e bons. Com a purificação do pensamento, nossa vibração vai paulatinamente se tornando mais fina e capaz de captar não só as revelações dos espíritos mas também as vibrações sutis da revelação de Deus, além de continuar captando com os cinco sentidos as coisas e fatos do mundo exterior.

Quando o corpo carnal é constantemente purificado por pensamentos puros, pela ação purificadora das ondas mentais os sistemas orgânicos do corpo carnal evoluem gradativamente do estado turvo e grosseiro para o estado delicado e límpido, e concomitantemente a natureza dos alimentos necessários à sua manutenção também vai aos poucos mudando, da dieta animal, pesada, para a dieta vegetariana, leve. Se a pessoa tornar-se vegetariana porque é saudável, ou porque a alimentação animal faz mal, isso ainda é uma atitude forçada. O natural é o sistema do próprio corpo carnal ir se tornando delicado e puro, e com isso passar a exigir alimentos mais leves.

Quando a mente se purifica e juntamente com ela a organização do corpo carnal, passa-se a preferir alimentos leves e, ao mesmo tempo, perde-se a necessidade de consolar a inquietante solidão do espírito através da excitação ou do entorpecimento das sensações físicas por meio de drogas; por isso, ou o gosto pela bebida alcoólica ou pelo fumo espontaneamente desaparece de sua vida cotidiana, ou é regulado de modo a exigi-los em quantidade mais controlada. Se a vida e preferências estão contra a Natureza, é porque há desarmonia no espírito. Embora se deva também ao hábito, o ato de fumar ao dialogar com alguém, por exemplo, acontece pelo desejo natural de entorpecer alguma inquietação ou solidão existente no espírito e tranquilizá-lo. A Seicho-No-Ie não é abolicionista do álcool e do fumo, que propõe que nos esforcemos para deixar de tomar esses produtos excitantes. Ela apenas defende que, se o espírito se tornar realmente pacífico e harmonioso, a preferência também se modifica automaticamente e tais inclinações contrárias à Natureza desaparecem. Se a mente despertar para a Imagem Verdadeira da Vida que é o estado de espírito pacífico, esse estado mental se concretiza e até a organização do corpo carnal se torna refinada. Concomitantemente, a preferência quanto à alimentação também muda, passando-se gradativamente a exigir comida leve, e em relação à quantidade tornam-se desnecessárias porções abusivas. Isto é, como a organização do corpo carnal se torna refinada, não há mais o desperdício durante o processo de transformação do alimento em energia humana, sendo suficiente uma pequena porção de alimento. Além disso, como a eficiência do sistema físico também aumenta, diminui o cansaço e bastam poucas horas de sono para manter tal sistema.

O corpo carnal é a concretização de ondas vibratórias mentais grosseiras, captáveis pelos cinco sentidos, e, por ser assim constituído, está sujeito a desajustes e danos; por isso ele necessita do sono para descansar e restaurar-se. Já o corpo astral (onde se assenta a nossa alma), constituído de vibrações mais refinadas, possui organização refinada e, mesmo sendo bastante usado, sofre pouco atrito, tem pouca necessidade de repouso e de reparo, e por conseguinte, de modo geral, não necessita de sono. Pelo estudo experimental de ciências espirituais modernas, está comprovado que o corpo espiritual, ou corpo astral, que após a morte fica adormecido por muito tempo devido ao choque da morte, é corpo astral de espírito baixo, e que o corpo astral de espírito elevado, mesmo submetido a choque igual, sofre menos danos e não precisa restaurar-se através do sono. Desta maneira, também o corpo carnal, à medida que suas vibrações mentais se tornam refinadas, passa a necessitar de poucas horas de sono.

Ao processo pelo qual as vibrações vitais dos nossos corpos carnal, astral e espiritual evoluem de vibrações grosseiras para vibrações mais refinadas, através da purificação da mente, chamamos crescimento de nossa vida (vida fenomênica). É natural que o corpo espiritual ou astral possam captar vibrações que o corpo carnal normalmente não capta, mas mesmo o nosso corpo carnal, à medida que suas vibrações se tornam refinadas, passa a sintonizar frequências vibratórias que normalmente não podem ser captadas pelos cinco sentidos. Quando o corpo carnal atinge o ponto máximo da purificação, o comprimento de suas ondas vibratórias atinge o âmbito das vibrações do corpo espiritual, podendo ele próprio ser corpo espiritual. Isso é raro acontecer, mas não é impossível. No Japão existe desde a Antiguidade pessoas conhecidas como shigesen, que passam para o mundo espiritual sem deixar restos mortais. Nesse caso, como as vibrações do corpo carnal, em consequência da constante purificação do mesmo, atingiram a mesma frequência das vibrações do corpo espiritual, consegue-se entrar no mundo espiritual sem a necessidade de se despojar de um corpo carnal cuja frequência vibratória seja completamente diferente. Isso é Shigesen.

Se praticarmos sempre a Meditação Shinsokan, criarmos o hábito de fazer coincidir nossa mente com Deus e procurarmos viver de acordo com o modo de viver da Seicho-No-Ie, em consonância com a purificação da mente, as vibrações do corpo carnal vão se purificando e nos tornaremos capazes de captar ainda na condição carnal a revelação que vem do mundo mais elevado. Durante a prática da Meditação Shinsokan, ou durante o sono, o nosso corpo carnal não se preocupa com as coisas e os fatos vulgares da vida cotidiana, em consequência disso, o nosso corpo espiritual pode com mais facilidade receber revelações do mundo espiritual, e às vezes do mundo divino. Mas, lamentavelmente, as vibrações do corpo carnal não chegam a ser tão refinadas quanto as vibrações do mundo espiritual e não se sintonizam com elas. Por isso, a revelação transmitida para o nosso corpo espiritual é muitas vezes descartada por não ser percebida pelo consciente do nosso corpo carnal e não ser aproveitada na prática.

Para podermos contar com a revelação do mundo espiritual, é necessário procurarmos sempre moderar o ritmo da mente, a fim de refinarmos o ritmo do corpo carnal para que este possa captar as vibrações mais refinadas do mundo espiritual e do mundo divino. Deparamos frequentemente com casos reais de vibrações espirituais, emitidas no instante da morte, que atingem os parentes próximos sob a forma de aparições. Mas, mesmo não sendo no momento da morte, durante o sono, uma parte do nosso corpo espiritual se desprende do corpo carnal, vai até o mundo dos espíritos, recebe a orientação de espíritos mais elevados, volta com ela e transmite-a ao consciente carnal.

Ilustremos com o caso de um jornalista.

Certa tarde, ele recebeu ordem do redator-chefe para escrever um artigo sobre determinada matéria até a manhã do dia seguinte. Ele, sendo totalmente leigo no assunto, procurou subsídios em vários lugares mas, por ser exíguo o tempo, não conseguiu encontrar dados adequados e ficou totalmente embaraçado. Finalmente ele teve uma boa idéia: confiar essa questão à "tranquilidade". Então orou calmamente: "Sendo Deus a Sabedoria infinita, não há nada que seja impossível. Eu confio essa questão à Sabedoria de Deus. Por favor, quando eu acordar amanhã, concedei-me boas idéias para resolvê-la", e dormiu. Ele dormiu bem e, na manhã seguinte, ao despertar, a primeira coisa de que se lembrou foi a questão que confiara à "tranquilidade" na noite anterior. Ele contemplou por alguns instantes a sua mente, e percebeu que o artigo que não conseguira escrever na noite anterior apesar dos esforços aflorava de maneira bem ordenada. Pegando a caneta, sem sair da cama, escreveu o artigo que lhe surgiu na mente. Conta-se que esse foi um artigo notável. Casos semelhantes são frequentes entre os adeptos da Seicho-No-Ie. Por exemplo, a sra. Shizuko Takeuchi, da província de Kochi (que se restabeleceu de uma tuberculose praticando a Meditação Shinsokan), ao prestar exame oral para habilitação como parteira não sabia a resposta de uma questão. Mas, como tinha praticado a Meditação Shinsokan antes da prova, a resposta veio-lhe à boca e ela passou no exame.

O fato de o corpo humano procurar coisas e encontrá-las é um fenômeno do mundo material, e o fato de o corpo espiritual (ou astral) receber orientação de um espírito elevado é um fenômeno do mundo espiritual. E a força vital que provoca tais fenômenos é a nossa "idéia". Movendo-se a "idéia", movem-se o corpo carnal e o corpo espiritual. O que traz as coisas até nós é a força da idéia, e mesmo para o espírito receber uma revelação é necessário aprimorar a sua "idéia", pois só assim ele poderá atrair para si a revelação correta ou ir ao encontro dela. Enquanto não se aprimora a "idéia", ainda que busquemos avidamente aquilo que desejamos no estado desperto, não o achamos; mas aprimorando-se a "idéia", durante a prática da Meditação Shinsokan ou mesmo durante o sono, aquilo que desejamos aproxima-se de nós. A essa propriedade da mente chamamos "força de atração da mente", a qual age segundo o princípio de que "os semelhantes se atraem".

No capítulo I do presente volume, recomendei a prática da Meditação Shinsokan durante dez minutos antes de dormir porque, enquanto despertos, nossa "mente" tem sua atenção desviada para as transformações do mundo exterior, tornando difícil manter a "mente" voltada para uma mesma direção. Mas se dormimos após praticar a Meditação Shinsokan, deixando a "mente" voltada para a direção correta, pela força do hábito ela manterá "idéias corretas"; e, pela "força de atração", durante o sono ela atrairá continuamente idéias corretas e de prosperidade, as quais, desenvolvendo-se, geram acontecimentos pacíficos, felizes e prósperos.

Há várias maneiras de mentalizar durante a Meditação Shinsokan, e a citada no capítulo II deste volume é o método básico. Treinando-se bem esse método, a respiração, por hábito, torna-se correta e calma. Ocorrendo isso, deve-se mentalizar o aspecto perfeito e harmonioso da Imagem Verdadeira, sem preocupar-se com a respiração. Como outra maneira, sugiro que mentalizem as palavras do "Canto para contemplar a Imagem Verdadeira", que se encontra no início deste volume. Mentalizando repetidamente essas palavras do Canto, ou outras palavras com o mesmo sentido que melhor se coadunam à característica individual, surge a sensação de expansão do eu, atinge-se o estágio de "Imagem Verdadeira = eu" ou de "Universo = eu" e experimenta-se a sensação de identidade com o Eu global que tudo abraça, onde não existe o pequeno eu meu, nem o eu do outro. Como a Meditação Shinsokan não é "técnica", mas sim "oração perfeita", seu efeito é perfeito desde que haja fé, não havendo necessidade de prender-se à forma ou às palavras a serem utilizadas. Aos que gostariam de participar como adeptos do nosso Movimento de Iluminação, damos orientação minuciosa na Sede Central da Seicho-No-Ie.

Em seguida, vou ensinar uma maneira de mentalizar para receber a revelação de Deus sobre determinado problema. (Eu disse "revelação", mas ela nem sempre é captada pela audição ou visão espirituais. Como "Deus é o Todo", com a prática da Meditação Shinsokan pode acontecer de o problema ser encaminhado e dirigir-se sozinho para a solução ideal.) Após recitar mentalmente ou em voz alta os quatro versos do "Canto Evocativo de Deus", mentalize várias vezes o "Canto para contemplar a Imagem Verdadeira", colocando assim a sua mente na paz infinita. Em seguida, repita mentalmente:

"Em Deus, eu sou um com todas as coisas. Eu me reconciliei com todas as coisas, e perdoei todas as coisas. Entre eu e todas as coisas, não há rancor nem ódio; estamos em perfeita paz, voltamos a ser como éramos originariamente".

Assim, procure manter um estado de espírito de paz, fundamentado na consciência da unidade originária, sem um mínimo de rancor, ódio ou temor. E, quando atingir esse estado de espírito, mentalize repetidas vezes:

"Eu sou um com todas as coisas; por isso, tudo se move em função da minha pessoa, toda a Sabedoria age para me orientar".

Desse modo, sinta-se em união profunda com a Sabedoria infinita que preenche o Universo, e depois tenha a convicção de que Deus lhe dará infalivelmente a Sabedoria e a solução necessárias para você. Conclua a Meditação Shinsokan sentindo-se profundamente mergulhado nessa providência de Deus; e, se estiver para deitar-se, durma tranquilo, confiante que a partir do dia seguinte a providência de Deus surgirá como idéia. Se o seu desejo tratar de algo que não prejudica os outros, durante a prática da Meditação Shinsokan, poderá apelar a Deus, sem nenhuma cerimônia, ainda que seja para melhorar a si próprio. Sinta-se como se tivesse depositado todo o seu desejo em Deus, e que você próprio é o Universo, que todo o Universo está movimentando-se para a realização do referido desejo, que a força do Universo inteiro vive dentro de você. Uma vez atingido tal estado de espírito, e harmonizado com todas as coisas e com Deus, não há razão para não se realizarem as coisas boas para nós. Deus jamais rejeitará um desejo do filho de Deus que nós somos.



(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 08"; pgs. 74 à 84)


sábado, novembro 06, 2010

O meio de captar a Sabedoria Infinita - Parte 2

Masaharu Taniguchi

Pensa você que não é possível haver "tesouro interno inesgotável" dentro do homem é que limitado? Se alguém vê o homem como ser limitado, é porque não vê o homem da Imagem Verdadeira que é filho de Deus, e vê o homem somático que é a imagem provisória. Você deve conhecer a fábula dos sapos do poço: em certo lugar havia um bando de sapos habitando um poço. A boca desse poço era muito estreita e não permitia ter ampla visão do exterior, sendo possível apenas enxergar um pedaço do céu azul. Certo dia, um sapo que morava num lago, em sua caminhada, passou por esse poço e olhou para dentro dele. "Quem está olhando daí?", perguntou um dos sapos de dentro do poço. "Sou o sapo que veio do lago. Por que você mora num lugar tão apertado como esse?", disse lá de cima o sapo do lago. "Lago? O que é lago? Onde existe isso?", perguntaram do poço. "O lago é um lugar que tem bastante água. Não é tão longe. Tanto é que pude vir passear até aqui". "O lago é grande?". "Se é grande? É bem maior do que isto!". "Que tamanho tem? Dessa pedra?", perguntaram apontando uma das pedras que cercavam a boca do poço. "Não é pequeno assim, não". "Então tem o tamanho desse poço inteiro?". "Que nada! Tem extensão bilhões de vezes maior do que este poço. Daqui também dá para ver o lago. Venham até aqui, que mostro para vocês", assim respondeu o sapo do lago, mas os sapos do poço não quiseram acreditar. E começaram a gritar ruidosamente em coro: "Onde se viu tamanho absurdo! Você deve ser mentiroso. Deve estar tramando alguma coisa contra nós. Não queremos mais saber da sua conversa. Vá embora daqui!".

O que vocês acharam dessa fábula? Se dessem um passo fora do poço, os sapos veriam o lago, quão vasto era o lago e quão livre é a vida fora do poço. "A verdade vos libertará". Sendo todos nós filhos de Deus, na verdade deveríamos estar vivendo num oceano vasto e sem restrições. Mas estamos vivendo num mundo cheio de inconveniências, insatisfações, provações e deficiências em todos os sentidos, porque iludimos a nós próprios e nos negamos a sair para o oceano da Verdade, como "os sapos do poço" desta fábula. Antes de mais nada, precisamos sair do poço pequeno. Esse "poço pequeno" simboliza a "sagacidade medíocre do homem". Se nós não abandonarmos a sagacidade medíocre do homem, jamais perceberemos que o nosso eu é capaz de alcançar a Sabedoria infinita e inesgotável de Deus. Dizer que não existe o oceano da Grande Sabedoria de Deus, não compreendê-lo, é iludir a si próprio.

A verdadeira evolução do homem ocorre quando ele se une internamente com a Sabedoria infinita e inesgotável de Deus; e com isto ela passa a manifestar-se externamente. Deixar fechado o canal da provisão infinita que vem do interior e desejar realizar a prosperidade somente no exterior é o mesmo que não deixar a água da rega penetrar até a raiz da planta e mortificar-se desejando que nasçam flores e folhas bonitas. Quanto mais tentamos fazer folhas crescerem numa planta sem raiz, mais depressa ela secará. Quando transplantamos uma muda, se as raízes da planta estão afetadas, deixamos os galhos e folhas podados até que as raízes se recuperem totalmente. Para cultivar a raiz, é preciso, por algum tempo, deixar podados os galhos e folhas que ficam do lado de fora. Quero dizer com isto que, se "podarmos" totalmente a "inteligência humana" externa por algum tempo, em breve a raiz interna se fortalecerá, e então, graças à força dessa raiz, brotará para fora também uma sabedoria realmente útil. Esta, sim, mesmo sendo sabedoria que surge no lado de fora, é sabedoria verdadeira, que, por estar ligada com o manancial que é sua fonte, não há como secar.

Se acontecer de errarmos o caminho a seguir na vida cotidiana, ficarmo doentes ou fracassarmos financeiramente, não foi porque nos faltou a "água subterrânea" da Grande Sabedoria de Deus, mas porque não firmamos bem as raízes para absorvê-la. Não é Deus o culpado; nós próprios somos os culpados. O defeito está em nós, assim como o fracasso; portanto, o meio de solucionar não é culpar Deus nem chorar as mágoas para Ele. Para a solução, basta cultivar as nossas próprias raízes para que passem a absorver a "água subterrânea" que vem de Deus. Se for para alguém cultivar por nós, pode parecer incerto; mas, como somos nós mesmos que o fazemos, o resultado é seguro e fácil.

Se procurarmos constantemente receber do "manancial da Grande Sabedoria" a provisão da sabedoria para o dia-a-dia, jamais cometeremos falhas. Isto porque do interior do nosso espírito surge uma luz para guiar-nos, que é a luz da sabedoria de Deus, infinita e perfeita, e jamais dá orientação errada.

Se você deparar com algum problema cuja a solução não é encontrada mesmo procurando em todas as direções exteriores, deve sentar-se, praticar a Meditação Shinsokan, orar e mentalizar por algum tempo: "Eu, sendo um com Deus, estou em harmonia com todas as coisas e fatos. Sendo assim, a inteligência necessária para resolver este problema nascerá dentro de mim espontaneamente". E obedecer à revelação que surgir na mente. Há entre os adeptos da Seicho-No-Ie muitos casos verídicos como o de uma pessoa que, não conseguindo encontrar o objeto desaparecido por mais que o procurasse, fez uma concentração mental através da Meditação Shinsokan, levantou-se em seguida e, no primeiro armário que ela abriu, achou o objeto procurado.

Se todas as manhãs praticarmos a Meditação Shinsokan, concentrarmo-nos mentalmente, mentalizando repetidas vezes que "a inteligência necessária para o trabalho de hoje fluirá do oceano da grandiosa Sabedoria de Deus e de maneira alguma fracassaremos", e só depois disso nos dirigirmos para o trabalho concreto, infalivelmente nascerão boas idéias para realizá-lo da melhor maneira possível. Nesse ponto, a Meditação Shinsokan pode ser considerada o "pão espiritual nosso de cada dia". Para a nossa vida é necessário também o pão material, mas o "pão espiritual" é muito mais necessário. Se a melhor idéia para cada dia nascer através da Meditação Shinsokan que fazemos pela manhã, nós não teremos necessidade de nos preocuparmos com os problemas de amanhã desde hoje - "A cada dia bastará o seu cuidado" -, nós já não correremos o perigo de ficar com insônia, stress ou neurastenia causados pela preocupação com o amanhã.

Nosso espírito provém de Deus, e, no momento em que ele se fundir com o Espírito infinito, que é a sua fonte, e se tornar transparente, tudo será dado ao nosso conhecimento, conforme se fizer necessário. Quando reconhecemos esse fato, libertamo-nos de todo tipo de ansiedade pelo futuro. Se, de acordo com a necessidade, podemos conhecer tudo, para que precisamos nos preocupar com o futuro? Há pessoas que não conseguem deixar de se preocupar por mais que lhe digamos para não fazê-lo. Mas isto acontece porque elas não acreditam realmente que, de acordo com a necessidade, tudo que é necessário será levado ao seu conhecimento. Por isso, em vez de lhes dizer "Não se preocupem desnecessariamente", o melhor é fazê-las conscientizar-se que elas são filhas de Deus que se originam de Deus, e que o Pai onisciente lhes ensina tudo o que a elas for preciso, conforme a necessidade. Se tivermos essa conscientização, poderemos realmente manter um estado de espírito pacífico, sem nos inquietarmos jamais com o futuro.

Quantas e quantas pessoas estão sendo constantemente perseguidas pela ansiedade, tornando-se prisioneiras do medo, buscando salvação para lá e para cá, perdendo dinheiro lá, a fortuna aqui, encurtando a vida do corpo carnal a cada dia que passa, só porque não conseguem acreditar em Deus como ser onisciente e amor infinito, que lhes dá as coisas materiais e também a inteligência, de acordo com a necessidade! Somente quando reconhecermos que TODA a provisão advém de Deus, que a verdadeira paz vem de Deus, e que ao mesmo tempo esse Deus é provisão infinita que preenche o Universo, tornamo-nos um internamente com essa provisão infinita; então, a verdadeira paz, a verdadeira tranquilidade tomam conta do nosso espírito.

Assim sendo, a verdadeira paz espiritual, a felicidade espiritual e a tranquilidade suprema são aquelas "paz", "felicidade" e "tranquilidade" que coisa alguma no mundo pode nos dar; não poderão ser conseguidas enquanto estivermos perseguindo-as no exterior. Não adianta acumularmos coisas materiais, dinheiro, e construir a casa pensando pensando que tendo coisas materiais não teremos mais ansiedades pelo futuro, que tendo dinheiro não teremos mais preocupação, que tendo casa não teremos mais insegurança, pois nem a ansiedade pelo futuro, nem a preocupação, nem a insegurança deixarão de existir. O que possui forma desintegra-se rapidamente quando, no mundo da mente, deixa de existir a força que mantinha essa forma. É o mesmo que um corpo carnal desprovido de espírito desintegrar-se rapidamente. Por isso, os artifícios e esforços no sentido de manter no mundo das formas os "bens materiais", o "dinheiro", a "casa", a "fortuna", quando não há em nosso interior força espiritual capaz de mantê-los, só podem deixar-nos exaustos e provocar depressão nervosa.

É por esse motivo que a maioria das religiões abomina os "bens materiais" ou o "dinheiro" como coisas que aumentam o apego e o sofrimento do homem, e aconselha a manter distância delas. Mas a Seicho-No-Ie não abomina os "bens materiais" e o "dinheiro", porque considera que eles não existem por si próprios e que não passam de sombra da mente; por isso, para a Seicho-No-Ie tanto faz ter ou não ter; mesmo que tenhamos em excesso, não há necessidade de afastá-los; e, da mesma maneira, mesmo que os percamos, não há necessidade de correr atrás deles. Se a mente se tornar rica, automaticamente os bens também se tornarão abundantes. Se a mente estagnar, automaticamente os bens também estacionarão. Mas, como a mente é originariamente LIVRE e ELÁSTICA, o acúmulo da riqueza estática não está revelando o aspecto elástico originário do espírito. Circular abundantemente, fartamente, de acordo com a necessidade, sem se ficar em nenhum lugar - este é o estado de riqueza projetada pela mente que conseguiu a liberdade. O mesmo acontece com o corpo carnal: acúmulo de gordura não quer dizer saúde, intestino preso não é saúde. O estado em que a energia flui abundantemente para dentro e para fora de nós, circulando sem estagnar, e no qual o metabolismo se realiza de modo perfeito - este é o estado de saúde no qual está se manifestando no corpo carnal a liberdade mental da pessoa.

Talvez o comum das pessoas pense que tanto os objetos como o dinheiro ou a saúde física surjam em consequência dos artifícios "externos" e do fato de terem se preocupado com isso. Mas os objetos, o dinheiro e a saúde conseguidos dessa maneira, ainda que temporariamente se tornem realidade, se não tiverem as raízes firmadas no mundo da mente acabarão se desintegrando rapidamente. Seja a verdadeira riqueza, seja a verdadeira saúde ou qualquer provisão, realizam-se quando, pelo fato de o nosso espírito se ligar firme e profundamente a Deus, naturalmente começar a atuar em nosso interior e em nosso ambiente idéias que não foram elaborações nossas. Assim sendo, como estaremos num outro mundo, firmemente arraigados na provisão infinita chamada Deus, mesmo que aos olhos alheios pareça estarmos numa situação insegura, não há estado mais seguro do que esse.

O cavalo que corre no zootrópico, mal desaparece, e surge de novo. Isto porque no centro há uma luz, e em volta dela existe uma placa na qual está recortada a silhueta do cavalo; desde que essa silhueta não seja desfeita, a imagem desaparece mas reaparece; vai mas volta, isto é, não desaparece para sempre, não é uma coisa que corre e vai embora. Ele está ligado à provisão infinita, a qual vem e escoa sem cessar. Compreendendo isso, podemos permanecer em paz sem que a mente se prenda às transformações do fenômeno, pois a provisão necessária flui conforme a necessidade e, seja sabedoria, seja força vital, "bens" ou "dinheiro", nada faltará quando se fizer necessário.

Ilustremos isso com a minha própria experiência:

Nos primeiro anos da revista mensal Seicho-No-Ie, eu a redigia ao mesmo tempo que trabalhava num emprego. Até me demitir da firma, em agosto de 1942, era pequeno o número de tiragem porque eram poucos os leitores, de modo que a renda da assinatura era escassa e eu precisava custear as despesas de publicação de cada mês com o salário que recebeia do emprego. Quando resolvi demotir-me da empresa, algumas pessoas ficaram preocupadas porque eu não teria como viver, mas eu, imperturbável, não recuei. Assim, dediquei-me apenas à Seicho-No-Ie. Então, paulatinamente o número de leitores começou a aumentar espontaneamente. Paralelamente, o livro sagrado A Verdade da Vida foi sendo vendido com velocidade de cinco a dez vezes maior do que o da revista; o "Folheto da Seicho-No-Ie" alcançou vendagens quase cem vezes maior. Naturalmente, tais vendas não constituíam altas rendas; mesmo assim, o intenso movimento começou a gerar o dinheiro necessário para a manutenção. Atualmente estou aliviado pois, afora os escritos e as palestras, tudo está a cargo de outras pessoas, desde a administração até a publicação, e eu só me encarrego da doutrinação. Naquela época, eu tinha de pensar também no custo da manutenção; mas quando faltava o dinheiro para a manutenção acontecia, por exemplo, de surgir alguém que nos enviava alguma importância, como gratidão pela cura de doença com a leitura do livro sagrado. Dessa forma, o necessário para a publicação da revista sempre fluiu sem parar, circulando livremente, surgindo, de fato, em nosso cotidiano, uma pequena concretização da "Imagem Verdadeira da Vida".

Alguns dias atrás, inclusive, uma pessoa relatou que antes de conhecer a Seicho-No-Ie despendia grande soma de dinheiro em medicamentos, e ainda vivia preocupada com sua eficácia. Seis meses depois de conhecer a Seicho-No-Ie, gastou só um décimo do que costumava gastar num mês, e mesmo assim em remédio de uso tópico.

Exemplos desse tipo são frequentes entre os leitores da revista Seicho-No-Ie. Aliás, muito mais do que frequentes: quase cem por cento deles parece ter tal experiência, e, como a alegria que sentem é muito grande, eles não deixam a Seicho-No-Ie permanecer no anonimato. Entre eles, há muitos que se curaram depois de serem desenganados por vários médicos, e a alegria daqueles que se salvam tem um valor infinito, impossível de ser calculado em dinheiro. Podemos dizer que tudo isso fica depositado no celeiro do Céu, para ser fornecido sempre que necessário; por isso, podemos dizer também que, embora seja pobre, a Seicho-No-Ie é possuidora de riqueza infinita.

Se chamarmos a riqueza, confirme surja a necessidade, ela virá. Como a riqueza é algo que, se deixar estagnada ao redor de mim em quantidade demasiada, apodrece e causa problemas, eu não a convoco desmesiradamente. Mas é frequente minha filha chamar doces ou frutas: às vezes, quando quer dices, diz para céu "Dê-me doces", e curiosamente, no dia seguinte, infalivelmente, alguém nos traz doces. Quando quer frutas, grita para o céu "Dê-me frutas", e alguém nos traz frutas. Consta que Jesus Cristo disse: "(...) se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, tal sucederá". A fé da criança é dócil e sincera, pois, ouvindo o que nós pais dizemos, acredita singelamente; por isso é pura e poderosa. Portanto, se nós nos dirigirmos ao céu com a singeleza da fé da criança, chamando a coisa que desejarmos e ordenando "Tal coisa, surja", o desejo se realizará. Este é o poder da fé e da palavra.
Cont...
(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 08"; pgs. 65 à 74)


sexta-feira, novembro 05, 2010

O meio de captar a Sabedoria Infinita - Parte 1

Masaharu Taniguchi

O Deus verdadeiro de que fala a Seicho-No-Ie é o Criador de tudo, a Grande Fonte da Sabedoria infinita, da Vida infinita, da Provisão infinita. A Sapiência de Deus não é coisa pequena como a inteligência humana. Uma Sabedoria infinita enche todo o Universo - isto é a Sapiência de Deus. E, na mesma proporção que abrimos a porta do coração para Ele, a Sua Sabedoria flui para dentro de nós. Quanto mais diminui em nós o sentimento egoísta, quanto mais diminui o sentimento arbitrário, mais diretamente a Sabedoria de Deus flui para o nosso interior, e torna-se o nosso guia em todos os aspectos.

Por isso, não temos necessidade de pôr em funcionamento a inteligência humana e, através dessa pequenina sabedoria, ficar preocupando-nos com os problemas da vida. À medida que deixarmos de agir pelo raciocínio humano, a limitação individual da nossa inteligência se desfaz, e à proporção que ela se desfaz manifesta-se a Sabedoria universal - isto é, a Sabedoria de Deus, sabedoria sem arbítrio, sabedoria de grandeza imensurável. Se nós podemos obter esta Sabedoria, por que motivo precisaríamos tentar obter a orientação para a vida apenas do pequeno círculo do nosso eu?

Imensa quantidade de ar puro preenche o espaço todo. Se esse ar está ao nosso alcance, por que teríamos de respirar apenas o ar do interior do estreito quarto? Se existe o oxigênio natural em abundância, por que teríamos de respirar o oxigênio artificial? Precisamos confiar na Natureza. Se não saímos para respirar o ar de fora é porque não acreditamos no seu valor. Se acreditássemos, não poderíamos deixar de escancarar as portas e as janelas e respirar o ar de fora. Então, se não buscarmos a fonte da sabedoria na Grande Sabedoria de Deus que preenche o Universo, deve ser, em última análise, porque não confiamos nessa Grande Sabedoria. Se confiássemos nela, não poderíamos deixar de escancarar as portas e as janelas do coração para respirar a Grande Sabedoria de Deus.

Pois bem, quando assim escancararmos totalmente as portas e as janelas do coração e buscarmos na Grande Sabedoria de Deus a orientação direta, em nós próprios já estará manifestada a Imagem Verdadeira do filho de Deus, e já não seremos mais escravos da pequena inteligência, da ciência, do poder, tornando-nos o próprio filho de Deus, que encerra em si a Sabedoria infinita e que é por ela orientado.

O grande poeta inglês Browning, sendo profundo conhecedor da Verdade, escreve em seus versos:


"A Sabedoria está sempre dentro de nós.
Por mais que confiemos nas coisas externas,
das coisas externas não nasce a Sabedoria.
Nós temos nosso centro no âmago de nós mesmos.
Nesse centro aloja-se a Verdade infinita.
Escavar essa Verdade -
a isso chamamos extrair a Sabedoria".



Deus Se aloja no nosso interior, a Verdade se aloja no nosso interior. Se Deus, a Sabedoria e a Verdade não estivessem alojados no nosso interior e existissem apenas fora de nós, os homens não conseguiriam eternamente a sua liberdade. Se Deus ou a Verdade existissem somente fora de nós, obedecer a eles significaria ficarmos amarrados pelas coisas exteriores, e portanto nunca seríamos livres. Exatamente porque Deus ou a Verdade é a Natureza Divina que se encontra latente em nosso interior, obedecer a Deus ou à Verdade significa fazer com que a verdadeira natureza que se encontra oculta se manifeste livremente.

Quando abrimos os ouvidos para o "apelo" da Verdade que se aloja em nós, recebemos a orientação da Sabedoria infinita de Deus. Esse "apelo" da Verdade que se aloja em nós manifesta-se como consciência e como revelação divina. A consciência e a revelação divina são frente e verso de uma mesma coisa; são manifestações que vêm do "eu superior", indícios da "natureza verdadeira" de nós próprios, a voz de Deus que se aloja em nós mesmos. A "revelação divina" é de natureza absoluta, isto é, na linguagem xintoísta tradicional, é a ação do espírito naobi, ou seja, a ação resultante da unificação harmônica de quatro espíritos que são kushi-mitama, nigi-mitama, sachi-mitama e ara-mitama. Em contrapartida, a "revelação espiritual" consiste em sermos orientados através da propagação da vibração espiritual proveniente de um mundo espiritual; por esse motivo, dependendo do grau em que é manifestada a "natureza divina" desse orientador do mundo espiritual, ou se o orientador é ainda um amontoado de apegos, haverá variações nas características e no valor dessa revelação.

A "revelação espiritual", por ser orientação de um espírito com apego, às vezes pode ser um bom conselheiro se o problema envolve apego; mas justamente por ter apego, outras vezes pode se tornar um mau conselheiro.

A revelação divina é aquilo que se revela de dentro de nós à medida que nos livramos do apego, à medida que esquecemos o nosso livre arbítrio, à medida que lapidamos a nós próprios - algo como um diamante que irradia intensa luz do seu interior. Desejar receber a revelação divina com o sentimento de apego é o cúmulo da contradição. Nós, por sermos Deus em nossa essência, somos perfeitamente capazes de ouvir a revelação divina independentemente de termos ou não dons mediúnicos, à medida que nos afastamos do apego. O verdadeiro homem é Deus. Por isso, se nos despirmos do revestimento que se chama egoísmo e deixarmos surgir o revelação divina tudo o que nós pensarmos e sentirmos será revelação divina. Em certa religião, chama-se a isso de afluxo da qualidade divina, considerado diferente da revelação espiritual obtida através dos médiuns.

A revelação divina, sendo afluxo interior, transmite-se ao cérebro, revelando-se geralmente de modo intuitivo. Já a "revelação espiritual" é transmitida para o metencéfalo, e geralmente se manifesta através dos médiuns ou em forma de dupla personalidade. A revelação divina brota de dentro de nós, e não pressupõe nenhum confronto; mas a "revelação espiritual" é a opinião de uma segunda ou terceira pessoa que se confronta com a nossa. A revelação divina não atende ao egoísmo, e se revela espontaneamente quando o abandonamos, mas a "revelação espiritual" atende também ao egoísmo, podendo dar respostas oportunas ou, às vezes desapontarnos com respostas totalmente sem nexo.

Seja como for, é bom consultamos o professor humano, no caso de educação escolar, ou então o professor do mundo espiritual, através do médium; mas pode haver erro nos ensinamentos do professor da escola, assim como nas respostas do médium. Só não há erro na revelação da nossa "qualidade divina" ou "natureza divina" que aflui de dentro de nós. Por isso, devemos agir sempre de conformidade com a revelação advinda do interior da nossa própria "qualidade divina".

Se nos habituarmos a anular o egoísmo e a ouvir atentamente o sussurro da qualidade divina que aflui do nosso interior, gradativamente esse sussurro começará a ser captado mais nitidamente. Se nos limitarmos a ouvir esse sussurro e o ignorarmos, deixando de colocá-lo em prática, estaremos menosprezando a nossa própria natureza divina; por isso, prosseguindo dessa forma, o sussurro passará a não ser ouvido, por mais que o tentemos. Portanto, se pretendemos ouvir constantemente a revelação da nossa própria natureza, precisamos obedecer sempre à "revelação que vem de dentro", anular a nós próprios e colocá-la em prática na vida cotidiana.

Se digo que devemos obedecer à "revelação que vem de dentro", anulando a nós próprios, e tudo praticar na forma como surge, sem a interferência da inteligência humana, talvez surjam dúvidas sobre dever ou não praticar obedientemente atos imorais, no caso de algo desse gênero ser revelado de dentro; mas afirmo que não há tal perigo. Mesmo porque, de maneira geral, o "mal" ou a "imoralidade" surgem porque o "ego" se sobressai, ou seja, porque o ego não está anulado. Querer conseguir vantagem somente para si, sem se importar com os outros - isso é que é o "mal", a "imoralidade". Portanto, uma vez anulado o ego, não há como surgir na mente o "mal" ou a "imoralidade" ao ouvir a "revelação que vem de dentro". Ao recorrermos a um médium na busca da revelação espiritual para a solução de um certo problema, geralmente não o fazemos para "esquecer de nós próprios", mas sim para consultar sobre interesses particulares, preocupados em "como dar vantagem ao ego"; por isso, tanto podemos fracassar como ser bem sucedidos.

Se você, estando diante de um problema, sentar-se silenciosamente e praticar a Meditação Shinsokan, e nesse momento surgir algum pensamento vantajoso para si mas em detrimento de outrem, este não é o verdadeiro "afluxo da sua natureza divina". Em outras palavras, não é a voz de Deus, mas sim a revelação do "eu falso" que usa a máscara do "eu verdadeiro". Por isso, não deve obedecer tal revelação.

A "consciência" é o afluxo da qualidade divina que se aloja em nosso interior, por isso não podemos desprezar a "consciência". A revelação divina é maior do que a chamada "consciência"; é um esplendor que vem do interior de modo a abranger ampla e totalmente o interior e o exterior; mas na sua essência ela provém da mesma fonte que a "consciência". Portanto, aquilo que não condiz com o sussurro da consciência não pode ser revelação divina de maneira alguma. Isso não passa de sugestão de algum espírito baixo, ou de sussurro do subconsciente duvidoso do "eu falso".

A fonte da nossa "Vida" é alimentada pela "Vida" que corre com Deus; por isso, se procurarmos, da melhor forma, escutar com os ouvidos da mente a sabedoria da fonte sem criarmos barreiras mentais contra essa fonte, toda sabedoria que se fizer necessária a nós fluirá para o interior de nossa mente.

Nós precisamos apenas abrir a janela e contemplar a paisagem: o mundo belo já se encontra neste lugar, antes mesmo de abrirmos a janela. Basta abrirmos a janela que a paisagem desse mundo belo torna-se nossa. Isto é uma alegoria que mostra que o mundo ideal da Imagem Verdadeira já existe, e que, se abrirmos a janela do coração, ele se tornará o nosso mundo presente. Ao mesmo tempo, ela é uma alegoria que simboliza o fato da fluência da Sabedoria de Deus para dentro de nós. Abra, portanto, a janela do coração, e a Sabedoria de Deus passará a ser sabedoria sua. Para abrir a janela do coração, é preciso saber o que está travando essa janela. Essa trava que mantém fechada a janela do coração é a sagacidade humana medíocre. Abandonando a sagacidade humana medíocre estaremos abrindo também a porta do coração.

A Higiene da Seicho-No-Ie é considerada higiene dos bobalhões. Bobalhão e sábio se identificam. Se há frequentes casos de pessoas que se restabelecem de doenças antes incuráveis, que abandonaram os tratados de fisiologia e moderníssimos métodos de profilaxia por terem conseguido aceitar o que diz o livro sagrado A Verdade da Vida e colocaram-no em prática, qual poderá ser a razão disso senão o fato de ter fluído para o interior dessas pessoas a verdadeira sabedoria, a Sabedoria de Deus, a sabedoria que tudo vivifica, quando elas conseguiram desvencilhar-se da medíocre sagacidade humana?

Quando compreendemos profundamente a Verdade contida no livro sagrado A Verdade da Vida, quando vivemos e agimos acreditando nela, não apenas são curadas as doenças incuráveis pela medicina, como também resolvem-se os problemas econômicos, sociais, familiares, enfim, todos os tipos de problemas. Isto porque a Sabedoria de Deus explanada nesse livro sagrado é ilimitada, e porque o interior da Imagem Verdadeira do filho de Deus já está provido de tudo. Quem não consegue acreditar na Verdade de que "a natureza real do homem é filho de Deus, e no interior dele tudo está contido em quantidade infinita, seja amor, Vida ou provisão", não poderá receber a corrente da perfeita provisão que vem de Deus. Quer dizer, recebendo pouca Sabedoria e provisão de Deus, nós fracassamos em tudo; recebendo pouco amor, a relação com os familiares torna-se fria e os amigos distanciam-se de nós; recebendo pouca "Vida", surgem vários tipos de doença; recebendo pouca provisão, seja de que espécie for, nada vem a nós em abundância.

Quem não conhece a provisão infinita e inesgotável que se encerra dentro de si próprio comete pecado (encobrimento) contra si próprio. Quem não permite aos outros conhecerem que tal provisão encontra-se alojada no interior deles comete pecado (encobrimento) contra esses semelhantes. Dentre todas as caridades, a maior é permitir que o outro descubra o reservatório do inesgotável tesouro que se encontra dentro de si. Quando nós doamos dinheiro ou tesouros materiais a alguém, estamos doando coisas que "desaparecem" tão logo a pessoa os utilize; mas, se nós o fazermos despertar para o inesgotável tesouro interno, este jamais desaparecerá, jamais se esgotará.
Cont...


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 08"; pgs. 57 à 65)