"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, setembro 28, 2008

O poço e a pedra




Um monge peregrino caminhava por uma estrada quando, do meio da relva alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes. Assustado com aquele aparecimento inesperado, o monge parou e perguntou se poderia fazer algo por ele. O homem abaixou os olhos e murmurou envergonhado:

- "Sou um criminoso, um ladrão. Perdi o afeto dos meus pais e dos meus amigos. Como quem afunda na lama, tenho praticado crime após crime. Tenho medo do futuro e não sinto sossego por nenhum instante. Vejo que o senhor é um monge, livre-me então desse sofrimento, dessa angústia!" - pediu ajoelhando-se.

O monge, que ouvira tudo em silêncio, fitou os olhos daquele homem e alguns instantes depois disse:

- "Estou com muita sede. Há alguma fonte por aqui?"

Com expressão de surpresa pela repentina pergunta, o jovem respondeu:

- "Sim, há um poço logo ali, porém nele não há roldana, nem balde. Tenho aqui, no entanto, uma corda que posso amarrar na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para cima."

O monge sorrindo aceitou a ideia e logo em seguida encontrava-se dentro do poço. Pouco depois, veio a voz do monge: "pode puxar!"

O homem deu um puxão na corda empregando grande força, mas nada do monge subir. Era estranho, pois parecia que a corda estava mais pesada agora do que no início.

Depois de inúteis tentativas para fazer com que o monge subisse, o homem esticou o pescoço pela borda, observou a semi-escuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo. Qual não foi sua surpresa ao ver o monge firmemente agarrado a uma grande pedra que havia na lateral. Por um momento ficou mudo de espanto, para logo em seguida gritar zangado:

- "Ei, que é isso? O que faz o senhor aí? Pare já com essa brincadeira! Está escurecendo, logo será noite. Vamos, largue essa rocha para que eu possa içá-lo".

De lá de dentro o monge pediu calma ao rapaz, explicando:

- "Você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força não consegue me puxar se eu ficar assim agarrado a esta pedra. É exatamente isso que está acontecendo consigo. Você se considera um criminoso, um ladrão, uma pessoa que não merece o amor e o afeto de ninguém. Encontra-se firmemente agarrado a essas ideias. Desse jeito, mesmo que eu ou qualquer outra pessoa faça grande esforço para reerguê-lo, não vai adiantar nada".

Tudo depende de você. Somente você pode resolver se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se quer realmente mudar, é necessário que se desprenda dessas ideias negativas que o vêm mantendo no fundo do poço. Desprenda-se e liberte-se.

terça-feira, setembro 23, 2008

Meditação com Masaharu Taniguchi

SEICHO-NO-IE



Após o vídeo, medite e contemple:

Somos a expressão da Vida de Deus. Quem souber olhar de modo correto para essa verdade, poderá constatar mudanças dentro de sua própria vida fenomênica. Tudo o que reconhecemos através da mente projeta-se aqui no mundo das formas, o mundo fenomênico onde nossos cinco sentidos nos mostra que vivemos. O segredo de saber governar a vida está na mente. Contudo, é importante não se deixar levar-se demais pela mente humana. Ela é boa somente até certo ponto. Para além da mente humana existe a Mente Divina, e esta é a Mente Perfeita de Deus. Aquele que souber utilizar-se de sua mente humana para ser conduzido até a percepção da Mente Divina alcançou a comunhão com Deus; estabeleceu o contato consciente com Deus. Neste ponto, o homem morre para sua natureza humana e renasce como um ser inteiramente espiritual e divino. O homem é Espírito, tal como Deus é Espírito. O homem é Amor, tal como Deus é Amor. O homem é Sabedoria, porque Deus é Sabedoria. No homem real não há pecado, nem doença, nem morte. A Mente Divina não vê coisas inexistentes, só vê o que existe. Portanto, quem abre os olhos da mente e, com a Mente Divina, vê pessoas, coisas e fatos, dissipa todas as ilusões projetadas pela crença no pecado, na doença e na morte. Tal Mente Divina já existe em ti, agora! E já se encontra inteiramente desperta, percebendo toda a criação divina e perfeita de Deus. Permita que essa Mente se revele. Para que isso ocorra, sua única tarefa deverá ser a de ceder mentalmente a essa verdade. A Mente Divina não se mostra até que a mente humana esteja inteiramente aquietada. Sendo assim, aquieta tua mente e deixa a Mente de Deus que existe em você revelar-Se a ti. "É do agrado do Pai dar-vos o Reino". De posse dessa percepção, o homem é capaz de afirmar, tal como Paulo afirmou, as palavras: "Já não sou eu quem vive, é a Vida de Deus que aqui vive", bem como as palavras ditas por Jesus: "Eu e o Pai somos um"..."quem me vê a mim, vê ao Pai". A maravilhosa verdade do Evangelho traz a 'boa nova' de que somente Deus existe. Deus é a única ocorrência; Deus é o todo de tudo. Deus É!

sábado, setembro 20, 2008

A Fonte da vida

[mestre.jpg]

Masaharu Taniguchi

Qual a sua idéia acerca do nascimento do homem? Em meus livros, tenho afirmado que jamais o homem nasceu do ventre de uma mulher. Diante desta afirmação, talvez vocês perguntem como teria, então, nascido o autor, Masaharu Taniguchi. Talvez vocês pensem: “Será que o Taniguchi nasceu de uma árvore, ou surgiu através de uma torneira?”. Visto com os olhos da carne, pode ser que também eu tenha nascido do útero de uma mulher. Todavia, conforme tenho afirmado anteriormente, o mundo visto com os olhos da carne não é um mundo real, mas sim um mundo do fenômeno, um mundo das formas aparentes. No âmago deste mundo aparente existe uma coisa infinitamente maravilhosa e sublime que é a Vida do homem. Essa Vida jamais nasceu do útero de uma mulher.

“De onde nasce, então, o homem?” – perguntarão vocês. Em contraposição, gostaria de perguntar-lhes: “De onde vocês pensam que surge a água da torneira?”. Talvez vocês pensem que ela surge da boca da torneira. Aparentemente, sim; mas, na realidade, ela vem da represa, que também não é a fonte, pois encontra-se, mais além, um grande rio que verte suas águas na represa. Mas a verdadeira origem da água não são os grande rios, nem seus afluentes que nascem nos vales. As chuvas, que alimentam esses afluentes, também não são a origem. As chuvas originam-se das nuvens, porém estas também ainda não são a origem da água. A verdadeira origem é o vapor invisível aos nossos olhos carnais, ainda não transformado em nuvem. Esse vapor transforma-se em chuva que alimenta os córregos dos vales; esses córregos juntam-se ao grande rio que lança suas águas na represa; a água da represa corre através dos canos e, finalmente, sai pela torneira. Portanto, a boca da torneira não é, em absoluto, o lugar onde nasce a água. É apenas uma de suas passagens. Da mesma forma, o homem não nasce do útero de uma mulher, embora assim pareça. O útero não passa de uma simples passagem da Vida do homem. De onde provém, então, a nossa Vida? Não há nenhuma questão mais importante do que esta.

Aos 16, 17 ou 18 anos, muitas pessoas se afligem por causa dessa questão, havendo até mesmo pessoas como a Sra. Hanako Yoshikawa, já mencionada anteriormente, a qual, depois de muito procurar a reposta para a questão “de onde vem e para onde vai o homem”, acabou tentando o suicídio, por julgar que o objetivo da vida fosse a morte. Muitas pessoas, ao fim desse tormento, começam a pensar que o homem é um ser vulgar que, em última análise, foi obrigado a nascer neste mundo como vítima dos prazeres sensuais dos pais. Eu próprio pensava assim, no tempo de estudante de ginásio. Depois de muito me atormentar, buscando a resposta que esclarecesse a origem do homem, concluí que, se eu estava vivendo naquela angústia, era porque vim ao mundo como vítima dos prazeres sensuais de meus pais. Passei, então, a pensar que não havia nenhuma necessidade de cumprir o meu dever filial. Naquela época, eu era estudante do Colégio Ichioka, de Osaka, e como tirava sempre boas notas, havia obtido uma bolsa de estudo. Não obstante, escrevi no jornalzinho da escola um artigo intitulado “Teoria de Desobediência Filial”. Nesse artigo, eu dizia: “Não há necessidade alguma de cumprir o dever filial, pois não existe nenhum motivo para isso”. Lendo isto, o prof. Eisaku Watanabe ordenou-me que fosse até a sala dos professores. Lá, ele me repreendeu com as seguintes palavras: “Que atrevimento seu! Já que existe a liberdade de pensamento, você pode pensar o que quiser. Mas publicar tal tipo de pensamento no jornal da escola é imperdoável!”. Contudo, essa espécie de pensamento não pode ser apagado com uma simples repreensão. Por mais que me obrigassem a cumprir o dever filial, não poderia aceitar isso de todo o coração. Não havia nenhuma razão lógica para amar aos pais.

Muitas pessoas também pensam assim, especialmente os jovens. Alguns não manifestam abertamente esse pensamento, mas possuem-no bem enterrado e escondido no fundo de seu subconsciente, ou seja, das profundezas de sua mente. Ali permanece, ainda, uma espécie de “repugnância ao ser humano”. Em seu subconsciente está arraigada a idéia de que o homem é o produto dos atos obscenos dos pais, ou, em outras palavras, que nasce como resultado da imoralidade e, portanto, que a sua vida começa do pecado; e que, por isso, ele é um ser maldito, destinado a continuar pecando eternamente. Embora aparentemente esteja apagada, essa idéia de “filho do pecado” continua existindo num mundo invisível e está dirigindo o nosso comportamento.

Por que motivo a humanidade, embora buscando a paz, é sempre impelida para a guerra? A base desse comportamento está na idéia de que a origem da sua existência, em última análise, é o pecado. O pecador tem de ser castigado – esta é a idéia comum de toda a humanidade. Existe em quase todos os homens o pensamento de que os pecadores devem ser castigados, devem sofrer e morrer, pois somente através do sofrimento eles se livrariam do pecado. Por isso, os homens fazem guerras e matam-se mutuamente, a fim de punir a si mesmos e extinguir o pecado. Nas guerras, quem mata o homem é, aparentemente, o seu inimigo. Mas, na verdade, é o próprio homem que está matando a si mesmo. As lutas da humanidade não cessam porque os homens não percebem isso. Se queremos trazer a verdadeira paz para a humanidade e concretizar sobre a face da Terra o verdadeiro paraíso, onde não existem nem doenças nem dificuldades econômicas, é necessário apagarmos completamente a consciência de culpa escondida no fundo do nosso subconsciente, de que “o homem é filho do pecado”. Isso é de suma importância, pois, mesmo no caso da Sra. Hanako Yoshikawa, o que a levou a tentar suicídio nas águas do lago Hamana, foi a idéia de que existe o pecado.

Como foi narrado (no post anterior), a criança nascida da Sra. Yoshikawa sofria de idiotia, e quando já haviam sido perdidas as esperanças de que o filho ficasse curado, ela teve os primeiros contatos com os ensinamentos da Seicho-No-Ie e conheceu a seguinte Verdade: O homem é filho de Deus e originariamente não possui nenhum pecado. O pecado não existe, porque Deus é Absoluto, é o todo de tudo, é a perfeição, é amor infinito. Esse Deus bom, perfeitíssimo e infinitamente amoroso, criou o homem. Deus é o Absoluto. Sendo Absoluto, não existe oposição. Nada existe além de Deus. Se Deus é o bem e nada existe além de Deus, conclui-se que o pecado, que é um mal, não existe. Parece que o pecado existe, mas são apenas os nossos cinco sentidos que estão vendo como se ele existisse, e na verdade o pecado não existe. Deus é tudo. E sendo Deus um ser absoluto, já não existe mais o pecado. Compreendendo que o pecado não existe, o homem está isento de pecado. E compreendendo que é isento de pecado, não há mais necessidade de autopunição. Não há mais necessidade de torturar a si próprio, nem a seus filhos. Não foi através de métodos complicados que a Sra. Yoshikawa conseguiu curar seu filho e torná-lo uma criança sadia e inteligente. Na Seicho-No-Ie ela aprendeu que “contemplar é criar”. Era preciso ver o Jisso. O Jisso é o Aspecto Verdadeiro. Mesmo que no aspecto aparente parecesse um idiota, o seu filho era, na verdade, o filho de Deus. Ela, fazendo a concentração espiritual todos os dias, fitou fixamente o aspecto perfeito de seu filho, que hoje já é formado por uma escola técnica e é um excelente rapaz.

quinta-feira, setembro 18, 2008

A finalidade da vida

[mestre.jpg]
Masaharu Taniguchi

Conheço uma senhora chamada Hanako Yoshikawa, que até há algum tempo morava em Gifu. Aos 16 ou 17 anos, ela começou a sentir uma grande necessidade de conhecer a verdadeira finalidade da vida neste mundo. Aliás, nessa fase da vida, na adolescência, a maioria das pessoas atormentam-se por causa desse problema. Acredito até que uma pessoa que nunca se preocupou com essa questão deve ser pouco inteligente.

Bem, como dizia, a jovem Hanako passou muito tempo buscando uma resposta para a pergunta “de onde vêm e para onde vão todos os seres?”. E concluiu que o objetivo último do homem neste mundo deveria ser a morte, já que todos, sem exceção, são mortais. Havia homens que realizavam grandes negócios e se tornavam prósperos; outros, que alcançavam a fama; e outros, ainda, que atingiam altas posições. Mas tudo isso não passava de acontecimentos que apenas retardavam a jornada, pois todos acabavam chegando inevitavelmente à meta final, que é a morte. Convencida disto, aquela jovem de coração puro e sincero tomou a decisão de “não se demorar mais no caminho” e seguir diretamente para a meta final, ou seja, para a morte. Como morava ao lado do lago Hamana, dirigiu-se para lá e, escolhendo o local que pensou ser o mais fundo, lançou-se à água. Acreditando ter alcançado o objetivo da vida, sentia dentro de si mesma uma imensa satisfação. No entanto, estranhamente, não se sentia sufocada. Percebeu, subitamente, que estava flutuando. Era natural que não se sentisse afogada. Naquele momento, passaram por ali alguns pescadores, e Hanako foi salva por eles.

Como pôde ela ficar com a cabeça sobre a superfície da água, se não sabia nadar? Na verdade não há nenhum mistério nisso. O peso específico do corpo humano é menor do que o da água; logo, é natural que o corpo flutue. Não obstante, a maioria das pessoas não flutua quando se jogam na lama. Refiro-me, é claro, às pessoas que não sabem nadar. Elas geralmente vão ao fundo. Por que? É que, não querendo afundar – pois sabem que isso significa a morte – debatem-se desesperadamente e, justamente por causa disso, vão cada vez mais para o fundo. O homem, sendo mais leve que a água, deveria flutuar. Mas ele afunda porque se debate. O mesmo acontece em nossas vidas. Quanto mais nos debatemos tentando sarar de uma doença, mais grave ela se torna. E, se fracassamos em algum empreendimento, quanto mais nos empenharmos em recuperar o dinheiro perdido e obter novos lucros, mais aumentarão os prejuízos.

Portanto, o mais importante nesta vida é não nos precipitarmos, não nos debatermos em vão. Acho que vocês conhecem a expressão “estado natural da alma”. Quando se volta a esse “estado natural”, o que é leve flutuará infalivelmente. Uma vez que o homem é “Vida”, é natural que ele viva. Deus, de quem o homem recebe a Vida, jamais fracassa. Ele é o Eterno Vencedor. Não obstante, o homem, que tem dentro de si a vida desse Deus eternamente vitorioso, sofre muitas vezes de males como doenças, fracassos nos trabalhos, etc. Qual é a razão disso? É que as pessoas, quando julgam estar numa situação adversa, debatem-se desesperadamente. No caso da jovem Hanako, uma vez que seu intento era mesmo morrer, ela não se debateu nas águas do lago. Pelo contrário, sentindo-se grata por ter alcançado seu objetivo, abandonou-se às águas, o que a impediu de afundar. Quando apareceu um barco e os pescadores a tiraram da água, ela ficou muito irritada. “Eles se intrometeram onde não foram chamados; eu queria morrer para alcançar a meta final, e eles não me deixaram” – assim pensando, Hanako sentia-se ferver de raiva. Diz-se que o corpo é o espelho da mente, e que as coisas que a mente sente manifestam-se no corpo. Foi exatamente isso que aconteceu com aquela jovem, quando ficou furiosa por ter sido salva. A doença que ela contraiu como manifestação de seu estado de alma naquela ocasião, foi tifo. Teve febre altíssima e seu rosto ficou rubro. O sentimento de raiva manifestou-se no corpo sob a forma de febre tifóide. Tendo o médico diagnosticado essa doença, Hanako foi imediatamente internada em um hospital de isolamento.

Já no leito do hospital, Hanako pensou: “A minha doença deve ser bem grave, pois me internaram num hospital de isolamento. Acho que desta vez poderei morrer e alcançar o meu verdadeiro objetivo”. Mais uma vez sentiu-se satisfeita, acreditando finalmente ter conseguido o seu objetivo Quando alcançou esse espírito de gratidão, inexplicavelmente ela passou a melhorar, e em pouco tempo estava curada. Em vista disso, os médicos julgaram que tinha havido um engano no diagnóstico e deram-lhe alta.

Como podem ver, a doença do corpo é a manifestação do estado de alma.

Por diversas vezes ainda, depois disso, a jovem Hanako tentou o suicídio, convencida de que a morte fosse o objetivo último do homem. Porém, falhou em todas as tentativas e, assim, quando chegou à idade de casar, tentando afinal seguir o conselho dos pais, acabou unindo-se a um rapaz, ainda que ele não lhe agradasse muito. Mas ainda continuava a acreditar que o seu verdadeiro objetivo (assim como o de todos os homens) fosse a morte. Por isso, nem se detinha a pensar que uma esposa deve tratar seu marido com respeito e amor. Considerava a vida doméstica como algo que lhe fora imposto, e por isso, é óbvio, a sua vida conjugal não era feliz.

Quando o marido e a mulher não vivem em harmonia, quase sempre os seus filhos sofrem de algum mal. A criança que nascera deste casal era idiota. Uma criança idiota é bem pior que uma criança mentalmente retardada. A Sra. Hanako Yoshikawa, apesar de suas idéias a respeito da vida, depois que deu à luz a seu filho (mesmo ele sendo uma criança idiota), sentiu, como é natural, nascer em seu coração o amor materno. Seu maior desejo, agora, era fazer de seu filho doente uma criança inteligente e sadia, e estava disposta a tudo para conseguir isso. Já esquecida completamente de sua obsessão pela morte, preocupava-se unicamente em curar o filho querido, recorrendo a todos os métodos possíveis. Mas era tudo inútil. As pessoas lhe diziam que não havia maneira de curá-la, que a criança nascera com um fraco desenvolvimento mental. A Sra. Yoshikawa entregou-se a uma profunda angústia. Foi nessa época que ela teve os primeiros contatos com os ensinamentos da Seicho-No-Ie. E que ensinamentos eram esses?

É o ensinamento que diz “O homem é filho de Deus, a idiotia não existe”. Na verdade não há idiotia. Porém, vendo com os olhos carnais, existe de fato a idiotia, existe uma faculdade mental inferior à das pessoas normais. Aqui surge a aparente contradição entre o ensinamento “não há idiotia” e o fenômeno da existência da idiotia. Normalmente as pessoas não compreendem bem esse ponto. Para compreendê-lo bem, é preciso saber que o mundo que estamos vendo com os nossos olhos carnais, isto é, o mundo fenomênico, o mundo aparente, não é a realidade. O mundo do fenômeno não tem substância. O real está atrás das coisas visíveis. O homem não é corpo carnal, não é matéria, nem é cérebro. Atrás deste corpo carnal, atrás desta matéria, atrás deste cérebro, encontra-se a infinitamente sublime Vida de Deus, e esta é o Jisso, o Aspecto Real. É preciso contemplar verdadeiramente a Vida de Deus, que é o Jisso do homem, o Aspecto Verdadeiro do homem. Esse Aspecto Verdadeiro (Jisso) não pode ser visto pelos olhos carnais. Por esse motivo, costuma-se pensar que não há o aspecto perfeito, que é o filho de Deus. Mas, na verdade, somente o aspecto perfeito (e invisível) do filho de Deus é o Aspecto Verdadeiro. Os aspectos visíveis aos olhos carnais são a manifestação dos aspectos da mente da própria pessoa ou dos pais (em se tratando de crianças). Por isso, mudando a mente da Sra. Hanako, chegou o dia em que o seu filho se transformou em um menino inteligente. A esse respeito falarei numa próxima vez.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Flua com o rio

Pergunta: "Osho, existe a vontade da força invisível desconhecida e existe a força do indivíduo. Uma vez que elas entrem em conflito, como um indivíduo pode saber qual é a vontade do desconhecido?"


Resposta:

A pergunta é como uma pessoa pode saber qual é a vontade do desconhecido. A pessoa nunca consegue saber. Mas se ela puder abrir mão de si mesma, se puder apagar seu ego, ela conhecerá a vontade do desconhecido imediatamente - porque se torna um com ele.

Uma gota não tem como saber o que é o oceano até que se dissolva no oceano. Um indivíduo não pode saber qual é a vontade do todo enquanto mantiver sua identidade separada. Mas se ele puder se dissolver e deixar de ser um indivíduo separado do todo, então apenas o todo restará, e a questão de saber qual é a vontade do todo não aparece.

Então a pessoa viverá da maneira que o desconhecido, que o todo a fizer viver. Nessa situação, nenhuma vontade individual, nenhum desejo individual por nenhum resultado especial, nenhum desejo pessoal por nada, nenhuma atitude de impor sua própria vontade contra a vontade do todo existe em lugar nenhum, porque o indivíduo em si não mais existirá.

Enquanto o indivíduo existir, a vontade do todo não será conhecida. E quando o indivíduo não existir mais, não existirá mais a necessidade de saber a vontade do todo: porque o que acontecer estará acontecendo de acordo com a vontade do todo, do desconhecido; o indivíduo se tornou apenas um instrumento, um veículo.

Se o indivíduo puder desaparecer no todo, se puder se entregar totalmente, se puder abrir mão de seu ego, então apenas a vontade do todo, da existência estará sendo satisfeita o tempo todo. Está sendo satisfeita neste momento; não há maneira de alterarmos sua realização. Mas podemos lutar, podemos arruinar, podemos destruir a nós mesmos na esperança de alterarmos a vontade da existência, a vontade do todo.

Leia e perceba bem esta história: Dois pedaços de palha estavam se afogando em um rio caudaloso. Uma palha, que se coloca na posição diagonal na correnteza, está tentando conter o rio, está gritando que não deixará o rio continuar. Apesar das águas do rio continuarem rolando e a palha ser incapaz de controlá-las, ela continua gritando que o rio será contido: está se vangloriando de que, quer viva ou morra, o rio será contido.

Mas essa palha continua se afogando. O rio não ouve a sua voz e não sabe que a palha está lutando contra ele. Ela é uma palha muito pequena; e o rio não sabe que ela existe, ela não faz a menor diferença para ele. Mas para a palha é uma questão de grande importância. É a maior dificuldade de sua vida. Ela está se afogando, mas continua lutando. Ela chegará ao mesmo lugar que chegaria se não estivesse lutando. No entanto, como está lutando, esse momento, esse período será de dor, de pesar, de conflito, de ansiedade.

A palha perto dela se soltou. Ela não está indo contra o fluxo; está deitada reta, na direção em que o rio está correndo - e acredita que está ajudando o rio a correr. O rio também não conhece a existência dessa palha. A palha pensa que, como está levando o rio para o mar, o rio vai chegar lá. E o rio desconhece essa ajuda.

Tudo isso não faz a menor diferença para o rio, mas para as duas palhas trata-se de um assunto de grande importância. Aquela que está guiando o fluxo do rio está sentindo uma imensa alegria; está dançando, repleta de êxtase e prazer. A palha que está lutando contra o rio está sofrendo muito. Sua dança não é uma dança: é um pesadelo. Nada mais é do que uma torção de seu corpo, ela está com problemas, está sendo derrotada; enquanto aquela que está indo com o rio está vencendo.

Um indivíduo é incapaz de fazer qualquer coisa, exceto aquilo que seja a vontade do todo. Mas ele tem a liberdade de lutar, e lutando ele tem a liberdade de ficar ansioso. Jean-Paul Sartre disse algo importante: "o homem está condenado a ser livre". O homem está fadado, está condenado, está amaldiçoado a ser livre. No entanto o homem pode usar sua liberdade de duas maneiras. Pode usar sua liberdade contra a vontade da existência e criar um conflito. Nesse caso, sua vida será de pesar, de dor, sofrimento, angústia, e por fim ele será derrotado.

Outro indivíduo pode fazer de sua liberdade um objeto de entrega à existência - e sua vida será uma vida de alegria, uma vida de dança e canção. E qual será o resultado final? O final não será nada além de uma vitória para ele. A palha que está ajudando o rio tem a probabilidade de ser vitoriosa. Ela não pode ser derrotada. A palha que tenta parar o rio certamente será derrotada. Ela não pode vencer.

Assim, é impossível conhecer a vontade da existência, mas certamente é possível transformar-se em um com a existência. E se for esse o caso, então a vontade de uma pessoa desaparecerá e apenas a vontade da existência permanecerá.

sexta-feira, setembro 12, 2008

NÃO JULGUE E OBTENHA DOMÍNIO (Fim)

Joel S. Goldsmith

As coisas da terra sobre as quais temos domínio são conceitos e nós não temos domínio aqui fora. Não tente fazer chover ou com que o sol brilhe aqui fora (neste mundo); não tente fazer o bem a alguém aqui fora; não tente manter o emprego de alguém aqui fora. Tudo que acontecer deve acontecer dentro de seu próprio ser e esta mudança é realizada pelo fato de você ter domínio sobre seus conceitos. No momento em que você tiver um conceito e, em algum lugar dele, você encontrar algo bom ou mau, você deve agir para chegar a um ponto no qual você se afaste dos seus conceitos de bem e de mal.

Não tente mudar o mal em bem, porque assim você estará tendo apenas um conceito diferente.; e amanhã, na semana ou no mês seguinte, ele voltará sobre o lado mau novamente. Não fique feliz com uma boa aparência, porque algum dia ela o enganará e mudará para uma má aparência. Se você olhar para um objeto e considerá-lo como mau, sua reação natural é querer vê-lo como bom. O que você deve fazer é olhar para ele e não vê-lo como bom, mas vê-lo como Espírito: nem bom, nem mau.

Ninguém sabe o que é o Espírito. O que quer que você pense que sabe, não é verdade e, quanto mais cedo você começar a compreender isso, em melhor situação estará. Você não compreende e nunca compreenderá. É Deus que tem compreensão infinita; volte-se para dentro de si e deixe a compreensão divina revelar-se a você. Satisfaça-se com isso e, acima de tudo, aprenda que é simplesmente errôneo rotular uma coisa como boa ou como má.


DEIXANDO O QUE EXISTE REVELAR-SE

Seria um assunto muito simples para mim julgar o que você é em termos humanos, quem você é ou como você é. Mas isso seria errado, porque seria o meu conceito sobre você e ainda não seria você. Isso tudo começou a se revelar a mim quando eu estava tomando o café da manhã com um aluno. Nós estávamos discutindo o fato de não se pedir a Deus, porque não há meio de se obter algo de Deus, nem de se conseguir que Deus altere alguma coisa, assim, pedir a Deus alguma coisa é muito fútil. Neste ponto, eu vi uma pequena vasilha de melado e disse: “O que é isso?”

Sua resposta foi: “melado”.

- “Como você sabe?”

- “É uma associação de idéias. Eles servem bolos quentes e por isso sempre tem melado junto.”

Pela sua resposta, era claro que ele estava julgando que era melado. Eu disse: “Essa é sua opinião. É seu conceito. Mas vamos supor que nós a abrimos e descobrimos que não era melado, mas alguma outra calda qualquer. Talvez não seja mesmo melado. O que acha disso?”

-“Bem, isso pode ser verdade também. Eu estava apenas julgando pelo fato de que isso é o que você esperaria que fosse.”

Continuei: “agora, que tal retirarmos nossa opinião sobre o fato de ser melado ou mesmo se se trata de alguma coisa boa ou má e declararmos que apenas é, não o que é, mas que apenas existe? Algo existe, isso é evidente. Alguma coisa está lá, mas eu não sei se é boa ou má. Eu posso julgar pelas aparências e dizer que é melado e que, portanto, é bom; mas alguém mais poderia dizer que é melado e que não gosta dele. Assim para ele seria ainda melado, mas do lado mal. Por outro lado, quando você o provasse, poderia não ser absolutamente melado. Assim, poderíamos estar errados em todo resultado. Uma coisa podemos dizer com certeza: existe. Algo está lá.”

É exatamente isso o que eu faço com o trabalho de cura. Você se apresenta e apresenta sua condição a mim e, francamente, eu nada sei sobre você ou sobre ela. Tenho certeza de que sei menos sobre anatomia do que quase todos no mundo e certamente sei menos a respeito de todas aquelas coisas que compõem o que o mundo chama seus males. Mas você se apresenta para mim com seu problema e me volto para dentro de mim e tudo o que sei é que EXISTE. “Alguma coisa está aqui. Agora, Pai, Você a define.”

Geralmente ocorre um estado de consciência, que é como se se dissesse: “ ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’ (Mateus 3:17). Não cuide mal dele.” No momento em que tiver a convicção interior de que você é o filho de Deus, que não há nada presente aqui senão a presença de Deus, e que não há poder aqui senão o poder de Deus, a cura se realizará.

A cura espiritual consiste em ser capaz de encarar o mundo sem uma opinião do bem ou do mal, retraindo-se para dentro de nós mesmos e indagando: “Pai, o que é isso?” Então o Pai pode fazer lembrá-lo: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.” Ou o Pai dirá: “Esta é a presença de Deus”; “este é o poder de Deus”; ou “isto não é nada separado e afastado de Deus”. Nem sempre vem palavras assim, mas vem na percepção da onipresença de Deus e só de Deus.

Você encontra as pessoas de quem gosta. Não há troca de palavras; você não diz: “eu gosto de você” ou “você gosta de mim”. Você apenas tem consciência da reciprocidade. Raramente alguém exprime tais pensamentos, mas há reciprocidade e compreensão sem quaisquer palavras. Assim é no estado de cura. Deus pode ocasionalmente falar com você em voz audível, mas é raro. A maior parte do tempo, ele vem como uma convicção e você permanece na convicção de que tudo está bem. Isso acontece com sua capacidade de não rotular, de não julgar tanto o bem quanto o mal. Você não pode fazer o julgamento correto porque ele vem de Deus e pode vir apenas na medida em que você estiver ouvindo. No seu silêncio interior, você deve estar ouvindo a Deus e escutará claramente, sentirá, compreenderá ou ficará ciente de Deus e isso é tudo o que é necessário.

Apenas tome cuidado para não prejulgar alguma coisa como mal e depois voltar-se para Deus em busca de ajuda. Deus é onipresente; assim é inútil ir à presença d’Ele para pedir-lhe que esteja presente. É inútil ir a Deus para obter o Seu poder, porque Deus está bem aqui com todo o seu poder. Deus está presente onde você estiver. Deus é o onipresente poder do bem. A graça de Deus é suficiente; não é algo que você possa obter; é algo que existe. Deus governa este universo pela graça, não pela lei, pelo desejo ou pela vontade, mas pela graça. A graça divina está onipresente em sua consciência.

Um princípio básico do Caminho Infinito é encontrado na palavra existe. Deus existe, a vida existe, o amor, a paz, a alegria, o poder existem. O domínio existe porque Deus existe. Deus é infinito, onipresente, onipotente e onisciente. Não se dirija a Deus para nada. Fique calmo e deixe Deus revelar-se dentro de você, porque Deus já está esperando impacientemente para revelar-Se. É inútil buscar a Deus. Tudo que você tem a fazer é recebê-Lo. Você não trabalha para Ele, você não O merece, você não dá o suor de seu rosto para Ele. Deus já existe. Deus já é realização. Deus já é perfeição. Por que você desejaria algo mais?


A CARÊNCIA DA CURA ESPIRITUAL

Surpreenderia todo mundo que mais líderes religiosos não estão fazendo o trabalho de cura espiritual, pois não pode haver dúvida de que, na sua grande maioria, são honestos e amantes sinceros de Deus, os que buscam a Deus, que passam a vida próximos de Deus, pelo menos tão pertos de Deus quanto a compreensão deles permita, o que, na maior parte dos casos, tem grande extensão. Se Deus, como geralmente é compreendido, fosse um curador de doenças, porque nestas centenas de anos desde que a Bíblia existe, esses dedicados líderes religiosos não obtiveram o monopólio da cura espiritual? A vida deles é dedicada ao serviço de Deus e do homem. Eles são severos, honestos e sinceros. Eles não estão realizando mais trabalho de cura espiritual, porque, a despeito do reconhecimento da onipotência de Deus, o poder ainda está sendo atribuído ao pecado, à enfermidade, à morte, à necessidade e à limitação. Eles crêem que a doença é permanente e real e aceitam a premissa de que podem suplicar a Deus para afastá-la.

Se Deus pudesse afastar a doença, ninguém teria que orar para pedir a cura. A cura não se baseia na premissa de que há uma doença, um Deus que pode curá-la, e um determinado homem ou mulher para fazer este pedido a Deus. No reino de Deus não há enfermidade. Deus sustenta e conserva Seu reino intacto, harmonioso, saudável, completo, perfeito, espiritual e integral.

Jesus Cristo e outros como Ele foram instrumentos de Deus ao revelarem para o mundo que a doença, o pecado e a morte não fazem parte do reino de Deus, não são reais e não podem permanecer em virtude dessa compreensão. Quando você tocar nas bordas do manto espiritual, você compreenderá que em todo o reino de Deus não há um pecador ou uma pessoa enferma.

A cura tem a ver com seu estado individual de consciência, um estado de consciência que apreende a idéia de Deus como Espírito infinito e, portanto, de um universo – incluindo o homem – infinita e eternamente espiritual. O que aparece para este mundo como pecado, doença, necessidade e limitação não compartilha da natureza do real e não tem lei, causa, efeito, substância ou realidade. Então, com seus pensamentos concentrados em Deus e na Realidade, ouvindo e estando sempre alerta aos Impulsos divinos, que lhe asseguram que Deus está no campo de luta, as curas se realizarão.

Houve muitos místicos na história do mundo e, ainda que alguns deles alcançassem a percepção da verdade de que o que denominamos existência material, representa apenas a ilusão dos cinco sentidos, a crença no bem e no mal foi profundamente enraizada na maior parte deles. Quando foi revelado a Gautama, o Buda, que “este mundo” é maya, ou ilusão, sua iluminação espiritual foi tão grande, que ele imediatamente soube que há uma criação espiritual divina aqui e agora, mas que o conceito universal dela é ilusório. Com esta compreensão, ele realizou um grande trabalho de cura.

Finalmente, a revelação de Buda foi corrompida e a palavra maya passou a significar o oposto de Deus. Seus últimos prosélitos foram deixados mais uma vez com dois poderes: o poder da Realidade para vencer o poder da ilusão. Mas a ilusão não pode ser vencida. Quando você compreender que uma coisa é ilusão, você termina com ela. Ela não tem mais existência. Ela tinha existência apenas enquanto você pensava que ela existia, mas quando você a viu como ilusão, foi o fim dela.

Hoje, o termo “espírito mortal” ou “espírito carnal” é usado para significar a inutilidade deste mundo de aparências. Mas outra vez veio a ser estabelecido como um poder oposto a Deus e a luta continuou. Você não pode realizar o trabalho de cura, se você acreditar que há entidades com as quais Deus tem que se bater, lutar ou dominar. Isso é estabelecido como um poder separado de Deus. É necessário receber de volta a revelação original dos grandes místicos de que há apenas um poder e que tudo englobado pelo termo ilusão é uma inutilidade. Quando você perceber isso, você terá uma consciência regeneradora.

A crença no bem e no mal é o que mantém a humanidade. Contudo, na medida em que você deixa de julgar, na medida em que você perde sua crença no bem e no mal, você já não é humano: você é espiritual. Isso acontece quando você tem uma consciência saudável. Então, você não está sujeito aos erros humanos ou às limitações da vida, como você esteve, enquanto estava preocupado tanto com o bem quanto com o mal. Em certa medida, você se tornou imune aos clamores do mundo, mas não cem por cento. Quando você alcança esses cem por cento, você já não pode se misturar com os outros e a vida se torna um fardo pesado demais para carregar. É então que os místicos, que alcançaram a percepção verdadeira e completa de que não há bem nem mal, retiram-se do mundo. Eles já não querem ser uma parte dele.

quarta-feira, setembro 10, 2008

NÃO JULGUE E OBTENHA DOMÍNIO - 02

Joel S. Goldsmith


O DOMÍNIO DE SEUS CONCEITOS PESSOAIS

Deus deu autoridade ao homem no primeiro capítulo do Gênese. Ele foi feito à sua imagem e semelhança. Nunca foi dada autoridade a um ser humano, mas o homem feito à imagem e semelhança de Deus é o homem que você é, quando deixa de aceitar as aparências. Você é a imagem e semelhança de Deus apenas quando deixa de ter conceitos, quando deixa de ter opiniões ou crenças sobre este universo, em lugar de ouvir a comunicação espiritual. Então, sua mente fica inteiramente livre de quaisquer opiniões ou julgamentos e você é o filho de Deus. Tudo o que o Pai tem flui através de você.

Deus não se concede aos seres humanos. Se o fizesse não haveria um doente ou um pecador, não haveria um acidente, não haveria guerra. A humanidade é algo separada e afastada de Deus ou não estaria em dificuldades. Ao aparecer como homem, Deus não está em dificuldades, não está morrendo, não é pobre nem está num campo de batalha. Você é esse homem espiritual só quando tiver deixado de pensar em termos de bem e de mal. Ou seja, quando você for o próprio Deus em expressão. Quando não estiver rotulando ninguém e nenhuma condição como o bem e o mal, você é o filho de Deus e tem domínio sobre todas as coisas.

Tudo é conceito. Tudo que existe sobre a terra é um conceito. Porque você realmente é Deus que aparece como ser individual, não tenho nenhum controle sobre você. Se eu estiver acolhendo um conceito humano sobre você, como sendo jovem ou velho, rico ou pobre, doente ou saudável, eu o estarei julgando, mas eu posso dominar esse conceito de você. E, no momento em que eu tiver alcançado o controle do meu conceito sobre você, eu o observo como você é e fico satisfeito com essa semelhança. Você nunca mudou - porque era o filho de Deus o tempo todo. Tudo o que mudou foi o meu conceito sobre você e é isso o que constitui a cura.

Espiritualmente, nenhuma pessoa tem domínio sobre qualquer outra. Deus nunca deu a uma pessoa poder sobre outra, mesmo para o bem. Fazer um julgamento justo dá a você domínio sobre seus conceitos. O julgamento justo é a compreensão de que Deus é a realidade do ser individual. Sabendo disso, você não se tornou um indivíduo. Você mudou seu conceito do indivíduo; você se absteve de julgamento. Agora você sabe quem é o indivíduo: Cristo, o filho de Deus. Isso é ter domínio sobre seu conceito.

O conceito de doença é que mesmo os males insignificantes podem se tornar sérios ou fatais. O conceito de vírus é que eles são os portadores de infecção ou contágio. Agora exercite seu domínio e diga: “Espere um momento! Vamos olhar para todos estes pequenos companheiros. Quem os criou? Se vocês, de qualquer modo, foram criados, Deus os criou. Se vocês têm, de qualquer modo, uma vida, é a vida de Deus. Se vocês, de qualquer modo, têm qualquer forma de inteligência, é a inteligência de Deus. Vocês não têm poder, vocês são um efeito, vocês são um conceito. Eu não vou julgar pelas aparências. Eu vou fazer o julgamento justo. E o que é o julgamento justo? Todo o poder está em Deus.”

Você não fez nada para o vírus. Você exercitou seu controle sobre o seu conceito de vírus. Esse vírus prossegue alegremente, mas não causa dano a ninguém. Todos aqueles que fizeram o trabalho de cura testemunharam a eliminação de infecções e de doenças contagiosas. Alguns ajudaram mesmo a deter o surto de infecção e contágio durante as epidemias e provaram que a idéia de infecção ou contágio é apenas um conceito.


O PODER ESTÁ NA CAUSA, NÃO NO EFEITO

Não julgue, nem condene. “Julgai segundo a reta justiça” (João 7:24). Examine a situação: “Bem, aqui está você, efeito. Isso fixa bem esse ponto. Se você é um efeito, você não pode ser uma causa. E se você é um efeito, não pode ter poder”.

Seu corpo é um efeito. Sabendo disso, você deixará de acreditar que seu corpo pode ficar doente ou envelhecer. Por iniciativa própria, ele tem que permanecer como é para sempre. Não pode mover-se, não tem inteligência, não tem vontade de ir para a direita, esquerda, para cima ou para baixo. Permanece onde está eternamente até que você o mova.

Se, contudo, você aceitar a crença de que seu corpo está sujeito ao seu controle – seus caprichos ou desejos pessoais – você terá, às vezes, um corpo puro e, outras vezes, um corpo cheio de pecados; às vezes terá saúde, outras vezes estará doente; às vezes será jovem e, outras vezes, velho. Mas se você reconhecer que todo poder é poder divino em ação na sua consciência, seu corpo apenas estará sujeito a Deus, inteligência divina, e será governado e mantido por Deus.

Lembre-se de seu coração. Ele não pode parar ou funcionar por si mesmo. Há Algo que age sobre ele e o faz funcionar. Esse Algo nós chamamos Deus. No momento em que você acreditar que tem poder para fazer seu coração funcionar ou parar, seu coração oscilará de acordo com seus desejos de qualquer momento dado. Em vez de acreditar nisso, devolva seu coração a Deus e faça a mesma coisa com o resto de seus órgãos e funções de seu corpo. Compreenda que Deus o criou à Sua imagem e semelhança e que seu corpo é o templo do Deus vivo. É governado e controlado por Deus.

Você pode conseguir curas por meio de um médium ou mestre, mas chegará finalmente o dia de você assumir a responsabilidade de manter uma percepção consciente do governo de Deus. O único meio de você fazer isso é ver que tudo que existe, como forma visível, existe do ponto de vista do efeito. Tudo mais é Deus, que é invisível. Qualquer coisa visível – se você puder vê-la, prová-la, ouvi-la, tocá-la ou cheirá-la – existe como efeito e não há poder no efeito. Todo poder está na Causa. Não odeie o efeito, não o tema e não o ame sem razão. Se ele for alguma coisa em seu nível de bondade, deleite-se com ele. Não o ame, mas lembre-se que a parte que você está desfrutando é de Deus.

Nunca se alegre demais com a cura física ou com o indício do suprimento. Alegre-se com a percepção do Espírito que se manifesta como cura ou suprimento. Conserve sua alegria em Deus e não no efeito. Do contrário, você será como o milionário excêntrico, que possuía três milhões de dólares e tinha medo de gastar quinze centavos no almoço. É isso o que ocorre quando depositamos poder no efeito. A vida está em Deus; o amor está em Deus; a satisfação está em Deus; a paz está em Deus; a felicidade está em Deus; o suprimento está em Deus. É somente quando saímos e tentamos descobrir essas coisas nas pessoas, nos dólares ou nas mansões, que elas perdem seu verdadeiro caminho.


NÃO TENTE TORNAR-SE LIVRE DE PESSOAS OU CONDIÇÕES

A cura está toda baseada em não julgar pelas aparências, não estabelecer falsos conceitos, mas conceber cada caso: “Você é um efeito e não tem poder”. Nunca tente livrar-se de alguém ou de alguma coisa. Nenhuma pessoa, na verdade, tem qualquer forma de poder e esta verdade será sua liberdade. Você não estará livre de alguma coisa ou de alguém, mas estará livre no momento exato em que souber que nunca houve poder em uma condição, em uma circunstância ou em uma pessoa. Então, você se achará tão livre quanto está livre da água no deserto, uma vez que você saiba que não é água, mas apenas miragem.

Quando você estiver livre da miragem no deserto, você não estará livre da água, porque não havia água lá. Assim é quando você descobrir que está livre de uma pessoa ou condição, não é realmente verdade porque nunca houve uma ameaçadora ou perigosa pessoa ou condição ali. Agora você está livre da miragem, da crença de que há um poder, uma pessoa ou uma presença fora de Deus. Toda pessoa é a presença de Deus, porque Deus está presente como pessoa, como você e eu na qualidade de indivíduos.

Você não está separado e afastado de Deus e, através deste trabalho, está voltando a Deus. Através deste trabalho, você está despertando do sonho de que poder haver qualquer separação. Se você está sonhando que está se afogando no oceano, o ato de despertar não desvia a água de você e não o resgata do oceano. Revela-lhe que você está na cama. Assim, este trabalho nunca o tira do pecado, nunca o livra da doença ou da necessidade. Ele o desperta e depois você olha em redor e compreende que está nos céus. Você esteve lá o tempo todo, sonhando que estava no inferno.

Quanto mais você estiver vendo uma pessoa ou uma condição, como tendo poder, e estiver julgando o bem e o mal, mais mergulhado estará no sonho. No momento em que puder afastar seu julgamento e perceber: “você não é bom nem mau; você não está morto nem vivo; você não é rico nem pobre: você é Espírito”, você estará despertando, saindo do sonho, para a consciência mística da identidade. Isso é algo que deve ser feito individualmente e também coletivamente.

Esta verdade que estou lhe fornecendo tem sido revelada em todos os tempos, muitas vezes e de modos diversos, e é uma verdade que tornará os homens livres. Podemos nos libertar dos pecados, das doenças, das guerras, das necessidades e limitações agora mesmo, se pudermos ser moldados para aceitar esta verdade.

segunda-feira, setembro 08, 2008

NÃO JULGUE E OBTENHA DOMÍNIO - 01

Joel S. Goldsmith


CONCEITOS OU VERDADE?

Se eu tivesse que perguntar a você o que pensa da Bíblia, sua opinião provavelmente seria bastante diferente de qualquer outra pessoa que tivesse lido esse livro. Parece haver muito pouco entendimento sobre o assunto da Bíblia. Mas não importa o que você ou qualquer outra pessoa pensa, pois ela é o que é e o que ela é ninguém realmente sabe. Se há um ano tivesse lhe perguntado sobre ela e então hoje novamente e daí a um ano a partir de agora, provavelmente nenhuma das três respostas estaria de acordo, porque seu conceito da Bíblia muda com o desenvolvimento de sua consciência.

Assim, também, tudo o que você possa estar pensando de uma pessoa é errado. Eu não me preocupo com o que você está pensando. O que quer que seja está errado, porque o que você está pensando representa seu conceito da pessoa no momento, e esse conceito muda de momento em momento e de ano para ano.

Você deve aprender a não odiar ou temer seu conceito de vida, seja ele um conceito de humanidade, de pecado ou de doença, porque é apenas um conceito. Não há poder real nos conceitos. O que você está considerando como pessoa não é pessoa: é um conceito de pessoa. Mas esse conceito não tem poder. Todo poder está em Deus. Por exemplo, qualquer que seja o seu conceito de mim, não há poder nele que possa tocar-me. Se você pensar que eu sou bom, isso não faz diferença para mim. Se você pensar que eu sou mau, também não faz diferença. Seu pensamento não tem poder sobre mim. Deus me mantém e me assiste e eu não estou sujeito a nada senão a Deus. Não há vida em seu conceito sobre mim. A vida está em mim, não em seu conceito sobre mim.

Também ocorre o mesmo com tudo que você vê, ouve, toca, saboreia ou cheira: você realmente nunca sabe o que é. Um diamante pode ser bonito e de muito valor. Qualquer beleza e valor, que houver, estão no diamante, não em sua opinião sobre ele. Você pode pensar que, no entanto, seja uma imitação, mas o que você pensa não altera o valor do diamante. Você não mudou seu valor, nem sua qualidade. Você pode pensar que é perfeito e ele pode ser imperfeito. Você pode pensar que é imperfeito quando ele é perfeito. Mas, ele é o que é e o valor está nele, não em seu conceito sobre ele. Lá fora pode fazer sol ou chuva. Tudo o que você pensa sobre o sol ou a chuva não surte efeito sobre nenhum deles.

A utilização dessa verdade para a obra da cura é importante. Você não sabe o que um pecado ou enfermidade são. Você apenas faz um conceito deles e não há poder verdadeiro nesse conceito. Além disso, você não conhece a pessoa que está se dirigindo a você para ajudá-la. Você apenas tem uma concepção dela. Não há poder real em seu conceito; o poder está dentro de você mesmo e é o poder de Deus, porque não há outro.

Recorde a afirmação do Mestre para Pilatos: “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado” (João 19:11). Agora, vamos encarar os fatos. Pilatos era o governador, dotado de autoridade total conferida pelo César. Ele era tanto o juiz quanto os jurados. Isso era a aparência. Assim, o Mestre negou que Pilatos tivesse qualquer poder, exceto o que veio do Pai. Isso é exatamente o que estou dizendo aqui. O homem não tem poder para ser justo ou injusto, bom ou mau, pecador ou puro, doente ou são, porque todo poder está em Deus e se exterioriza, a partir de dentro do Pai.

No momento em que você começa a perceber esse fato, começa a retirar poder dos conceitos de formas, pessoas e condições. Você faz isso conscientemente. Não há poder fora de você que possa substituí-lo. É você, você mesmo, que deve aprender a olhar para uma pessoa como o Mestre olhou para Pilatos e reconheceu: “Oh, não, vejo agora que o que estou vendo como você é um conceito, uma imagem, um efeito, mas o poder está em Deus, que o criou. Mesmo seus pensamentos não têm poder. Deus, que elabora seus pensamentos, é que tem poder. Você não tem poder. Todo poder está em Deus”.

Você aprende a fazer o mesmo com a enfermidade, com o pecado ou com a necessidade. Você não fecha apenas seus olhos e diz: “Não existe tal coisa” ou “Não há realidade nela”. Isso é fazer como o avestruz que enterra sua cabeça na areia. Ignorando um fato, você não pode mudar a si mesmo ou uma coisa. Você tem que estar disposto para olhar de frente qualquer tipo de erro – olhe qualquer forma, não importa sua aparência horrorosa e torpe. Olhe bem para ela com a convicção: “Você não tem poder. O poder está em Deus que o governa, que o move, que é sua mente, sua Alma, seu Espírito, que lhe deu a vida, que lhe deu a alma”. Desse modo, você depara com uma situação e pergunta: “De onde você veio? Você é um efeito; você não é uma causa. Alguma coisa o gerou. Quem quer que o tenha gerado é o poder. E o que poderia ter gerado você, se Deus fez tudo que foi feito e nada foi feito, exceto o que Deus fez?”


SÓ DEUS É PODER

Como pode haver um Deus infinito, bom, e uma enfermidade? Tudo é feito à imagem e semelhança de Deus; assim, mesmo quando você está olhando para aquilo que o mundo chama enfermidade, você não está olhando para ela mais do que está olhando para a água, quando você a vê no deserto: você está vendo uma imagem, uma miragem, uma ilusão, uma aparência que não tem poder. É nessa percepção que a cura se realiza – não a negando, desviando-se dela ou tentando se elevar acima dela, mas olhando-a bem e dizendo: “Deus fez tudo que foi feito e tudo que Deus fez é bom. Alguma coisa que Deus não fez não foi feita. Assim, quem quer que você seja não tem poder.”

Nos capítulos segundo e terceiro do Gênese está o relato do conceito do homem sobre a criação, não a criação de Deus. O homem olha para a criação com sua visão limitada e dota-a de qualidades de acordo com seu conceito dela. Ele diz: “Você é uma serpente e eu a temo”. Daí para a frente, vive com medo de uma serpente. Mas algumas raras pessoas no mundo se lembram de que Deus deve ter feito a serpente também. A serpente nunca é envenenada por seu próprio veneno. Ela está cheia dele, mas nunca é envenenada por ele; desse modo, evidentemente, é veneno apenas quando aceitamos o conceito dele como veneno. De fato, o veneno da serpente é extraído e utilizado para propósitos medicinais. É um mundo estranho: tememos uma picada de cobra, mas o médico toma a substância considerada venenosa, injeta-a em uma pessoa e ajuda ou cura certas doenças físicas.

Tudo é uma questão de conceito. O que você vê, saboreia, toca, ouve e cheira não é criação de Deus, é um conceito sobre a criação de Deus. Não há poder nele, exceto o poder que a crença lhe confere. Na realidade, não há poder em nada sobre o que você possa pensar, ver, ouvir, saborear, tocar ou cheirar. Todo poder está em Deus. À medida que você persiste nisso, como uma atividade da consciência todos os dias, torna-se um assunto de convicção.


O JULGAMENTO CORRETO

O Mestre ensinou seus discípulos a evitar o julgamento de pessoas e coisas quando disse: “Por que me chamas bom? Não há bom senão um só que é Deus.” (Mateus 19:17). Se você não deve chamar Jesus de bom, então não chame de boa nenhuma pessoa ou coisa. Não chame a saúde de boa, nem a riqueza, nem a felicidade. Chame apenas Deus de bom. Nunca chame de bom qualquer efeito, porque o bom está na causa.

É também falso olhar para alguma coisa e chamá-la má. Ela não é boa nem má. Não tem poder positivo nem poder negativo, porque todo poder está em Deus. No momento em que você puder tirar poder positivo e poder negativo de um efeito, você obedeceu ao ensinamento de Jesus em dois pontos. Você não está chamando de boa uma pessoa, mas está chamando bom a Deus. E não está temendo o mal de Pilatos, porque está reconhecendo Deus como o único poder. Assim, você afastou o bem e o mal do efeito e agora tem todo poder em Deus.

Não há meios de se fazer julgamento justo pelas aparências. Não olhe para o que parece ser uma boa condição, julgando-a boa – porque não é. Sua única bondade está em Deus. Não olhe para qualquer mal, chamando-o de mal, porque isso é julgar pelas aparências. Você não tem conhecimento do que jaz atrás das aparências, de modo que é uma questão de exercitar-se a si mesmo, ser capaz de olhar para as aparências humanas tanto do bem como do mal e dizer: “Nem eu o julgo. Nem declaro que você é bom ou mau. Direi que você deve ser espiritual, porque Deus criou tudo que existe e Deus é Espírito”. Este último ponto é muito importante, porque a cura do Caminho Infinito é praticada nessa base.

É possível alguém ser aprovado em um exame médico para efeito de seguro e morrer do coração na semana seguinte. O médico tinha julgado pelas aparências. De acordo com todos os testes, houve funcionamento normal e nenhum dos instrumentos detectou qualquer problema. Os médicos dizem para muitas pessoas que elas vão morrer logo, apesar disso, elas continuam vivas e o médico já está morto. Um diagnóstico do médico pode dizer que uma pessoa tem apenas mais uma semana ou um mês de vida, mas o médico não sabe o que se passa na consciência do paciente que está funcionando para derrotar seu diagnóstico. Há forças em ação sobre as quais os médicos nada sabem a respeito. Há forças em ação que eu e você nada ou muito pouco sabemos a respeito. Assim, é inútil julgar pelas aparências.

Uma pessoa pode estar morrendo de determinada doença hoje e ter uma vida inteira pela frente amanhã. Não se trata da conclusão a que eu e você chegamos, quando só julgamos pelas aparências. Se quisermos julgar com justiça, eis a verdade: Deus é a vida e a vida é eterna. Eis a verdade. Mas se hoje eu fosse dizer a você que está bem ou mal de saúde, que tem integridade ou não, eu estaria julgando pelas aparências. Eu não conheço a realidade sobre você; conheço apenas a aparência que você está apresentando.

Recusando o julgamento, nem condenando nem julgando-o, percebo que nada conheço sobre você, exceto que você é Deus que aparece como um ser individual. Eu não sei se você é bom ou mau, se está doente ou com saúde, mas que você é Deus aparecendo, e nisso eu insisto. Tudo que Deus é, você é. Tudo que Deus possui, você possui. Deus constitui seu ser. Eu não posso ver isso com meus olhos. Com meus olhos, posso apenas julgar pelas aparências. Eu podia até julgar que idade você tem e há quantos anos você deixou de caminhar sobre a terra, mas eu podia fazer isso apenas com meu julgamento humano. Depois você poderia voltar e zombar de mim.

Não é possível fazer um julgamento correto, olhando apenas as aparências, porque você é o que é e o que você é está manifesto em Deus, expresso em Deus, é o ser divino, messiânico. Você é Espírito, mas eu não sei o que o Espírito é, de modo que não estou empenhado em qualquer julgamento. Eu estou apenas declarando o que é.

Eu não sei o que o Espírito é; assim, ainda não tenho opinião do que você é. Você também não sabe o que o Espírito é. Você não sabe o que a alma é; não sabe o que a Consciência é. Assim, na hora em que eu digo: “Você é alma”, estou dizendo que você é o que é e eu não sei o que é, mesmo que a aparência expresse que você é bom ou mau, que está doente ou são, que é alto ou baixo. Eu só sei que você é Alma, Espírito e Vida. Isso não é condenar, criticar, julgar, elogiar ou adular. É apenas estabelecer a verdade. No momento em que qualifico isso e digo que você é bom, mau, rico, pobre, saudável, doente, jovem ou velho, estou no reino do julgamento, dos conceitos e das aparências e assim não farei progressos.

Não tente compreender o que Deus é com a mente, porque não há nenhuma maneira de se fazer isso. Uma vez que você chegar àquele lugar silencioso, no centro de seu ser, Deus se revelará; mas você nunca poderá transformá-Lo em palavras, mesmo depois de O receber. Assim, é inútil tentar pensar n’Ele com a mente. Não tente pensar no que o homem é, porque você também nunca conseguirá imaginá-lo. O homem é o filho de Deus e você não sabe o que o filho de Deus é. O homem em sua verdadeira identidade é o Cristo e você não sabe o que o Cristo é, porque a filiação espiritual do homem nunca se revela para a identidade do homem.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Faça-se louco para ser Sábio

Dárcio Dezolt

Quanto mais a humanidade confia na “sabedoria deste mundo”, mais padece! A mente humana, agindo livre e solta, faz de filhos e filhas de Deus verdadeiras marionetes sob seus barbantes.

Como a vida na matéria não é real, mas a mente humana leva a maioria a acreditar nessa ilusão, vez por outra encontramos revoltados contra Deus! “Por que Deus não acaba com a fome na África ou em outra parte qualquer? Por que tanto sofrimento no mundo?” Perguntas que nutrem a idéia de que Deus estaria ausente, e permitindo aberrações, existem aos montes! Há, inclusive, ensinamentos que “justificam” sofrimentos e dores, “explicando” que tudo faz o homem evoluir, crescer espiritualmente, etc. Uma lástima!

Este suposto “mundo material” é uma ILUSÃO! Não tem realidade! É simples “miragem”. Em contrapartida, DEUS, a Perfeição, é TUDO!

Estas Verdades, se levadas a sério em reconhecimento, acabam com a ilusão, com os “sofrimentos” e com os supostos ensinamentos que lhes dão crédito, sob quaisquer circunstâncias!

“Mas que loucura!” — diz a mente humana! – “Dizer que este mundo é nada!!??"

Por causa dessa análise “lógica”, fica a “loucura libertadora” jogada às traças, enquanto a “sábia” mente humana segue livre, apoiada pela lógica de sua “sanidade” para gerar mais e mais pesadelos ilusórios!

“Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos. Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso." (I Coríntios 3; 18-21)

“Fazer-se louco” é desprezar todas as aparências “deste mundo”, enquanto nos redescobrimos sendo a magna expressão de Deus!

“Fazer-se louco” é desprezar o “tempo”, para repetirmos exatamente as falas de Jesus: “Aquele que me vê, vê o Pai”.

“Fazer-se louco” é fecharmos os olhos para a ILUSÃO, convictos de que MIRAGEM ALGUMA existe ou tem poder para disputar espaço com a Onipresença divina perfeita!

“Fazer-se louco” é receber, como “criancinhas”, a revelação de Jesus, “Naquele dia conhecereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós”, cientes de que este “dia”, aqui citado, é exatamente HOJE!

quarta-feira, setembro 03, 2008

A identidade espiritual do homem

[goldsmith.jpg]

Joel S. Goldsmith



A INVISIBILIDADE DA IDENTIDADE ESPIRITUAL

Esta vida que estou experimentando não é a minha vida, mas a vida de Deus: infinita, eterna, imortal. Este corpo, que é meu veículo de expressão, é o corpo de Deus. Se fosse meu, seria isolado e separado de Deus; e como eu o preservaria? Mas este não é meu corpo, é o corpo de Deus em uma de suas infinitas formas e expressões. O controle está em seu ombro para manter e sustentar este corpo e sua individualidade até a eternidade. Ele nos prometeu que nunca abandonará Seu universo: Ele nunca me deixará ou me abandonará. Isso não quer dizer que Ele não deixará minha alma apenas. Quer dizer que ele não abandonará meu corpo também. Deus não abandona minha alma ou meu corpo, porque eles são um só. A alma é a essência e o corpo é a forma.

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte”, você andaria nele comigo e eu me encontraria com a mesma individualidade e o mesmo corpo. À medida que minha compreensão disso aumenta, todavia, minha sensação física de corpo tomará uma aparência sempre melhor, não porque o corpo mude, mas porque meu conceito de corpo muda. Meu corpo é sempre o mesmo: infinito, imortal, útil, vigoroso, essencial e eternamente jovem. Meu conceito dele pode variar. Eu posso aceitar um conceito de envelhecimento e mostrá-lo, porque tudo o que eu aceito em minha consciência está visível na aparência. Mas, se eu aceito em minha consciência a verdade de que este corpo é o templo de Deus, formado, mantido e sustentado por Deus, então tenho um conceito de imortalidade mais perto da verdade do ser. Assim, meu corpo manterá sua aparência amadurecida, sua força amadurecida e sua harmonia amadurecida. Meu corpo é eterno, apenas meu conceito dele muda.

Cada ano nosso conceito de corpo melhora à medida que permanecemos na identidade de toda vida e, à medida que nosso conceito melhora, nossa aparência também. Deus é o princípio de tudo o que existe; portanto, tudo o que existe é eterno. Apesar de passarmos pela experiência de que o mundo clama a morte, ainda estaremos intactos, perfeitos, integrais, completos e espirituais, manifestando-nos como forma, porque não pode haver Eu oscilando aqui fora no espaço. O Eu é sempre criado.

Quando você olha para uma árvore, você acredita realmente que está vendo uma árvore. Assim, quando as folhas caem ou os ramos morre, você pode pensar que a vida não é eterna porque as flores, os frutos, os ramos estão mortos e você os viu secos e sem vida. Mas você nunca viu uma árvore. De fato, em toda a sua vida, você realmente nunca viu uma árvore. Você viu o efeito ou a forma de uma árvore, mas a própria árvore é tão invisível quanto eu ou você o somos.

Se eu quiser vê-lo, apenas na verdadeira elevação de meus momentos iluminados que posso entrar em contato com a realidade do você que você é, o que você entende quando diz “Eu”. Se você fechasse os olhos já e dissesse “Eu, Maria”, “Eu, Jorge”, ou qualquer outro nome que fosse, você saberia imediatamente que eu não poderia vê-lo, porque essa Maria ou esse Jorge não estão em lugar nenhum visível. O corpo não é você: a cabeça, o pescoço ou os braços são seus; todo o corpo, da cabeça aos pés, é seu, mas ele nunca é você.

Quem o conhece? Quem me conhece? Quem já o viu ou já me viu? Cada um de vocês tem um conceito sobre mim e há tantos conceitos diferentes, quanto há pessoas que acolhem esses conceitos. Eu não reconheceria nenhum deles como sendo Joel, porque eu me conheço por dentro e você não. Você simplesmente formou uma opinião a meu respeito, uma idéia às vezes boa, às vezes má, mas nunca correta, porque tudo o que sou, eu sou. Essa é minha verdadeira individualidade, que não exibo a ninguém. Eu não permito que ninguém saiba como eu sou em meus piores momentos, mas os bons eu oculto também. Meu ser está oculto no meu interior, completamente isolado, seguro, com Deus. Assim, eu divulgo apenas certas qualidades, sobre as quais você forma um conceito ou uma opinião.

Eu também formo conceitos ou opiniões sobre você. Às vezes, afirmo erroneamente que não penso que esse ou aquele aluno nunca chegará a qualquer lugar espiritualmente e, então, ele me confunde como sendo um dos melhores. Além disso, os Judas, os Pedros e os hesitantes Tomés mostram-nos o quanto nossos conceitos podem estar errados, quando os vestimos com todas as glórias da pura espiritualidade e então eles deixam de corresponder a essa convicção e confiança.

Muitos de vocês têm sido ensinados, em Metafísica, que toda pessoa é uma idéia espiritual, o filho de Deus e que aqueles gatos, cães e flores são idéias espirituais. Isso não é verdade e nunca foi. Uma idéia espiritual é perfeita e eterna nos céus. Uma idéia espiritual nunca muda, nunca falha, nunca tem um sentido de separação de Deus, nunca envelhece e nunca morre. Ela nunca pode ser vista com os olhos. Nunca! Assim como você não pode me ver, porque esse “eu” é uma idéia espiritual, do mesmo modo você não pode ver um gato, um cão, uma flor ou uma árvore. Você só pode ver a forma. A idéia espiritual é a própria entidade, que é a identidade espiritual, mas o que você viu é o seu conceito daquela identidade espiritual.

Você não pode ver a minha mão. Você nem mesmo sabe o que é uma mão. Olhe para a sua mão e então procure compreender que você não a está vendo. Você está vendo sua idéia dela aparecendo como forma. A própria mão é uma idéia espiritual permanente e nunca muda, nunca envelhece e nunca morre. É um instrumento para seu uso, preparado para você no princípio e ficará com você eternamente.

O propósito dos ensinamentos de O Caminho Infinito é conduzí-lo àquele estado de consciência em que, quando você vê uma pessoa, uma coisa ou uma condição contraditória, você não tenta mudá-la. Não tente manipular nada externamente. Perceba que você não está examinando algo, mas um conceito que em si e por si mesmo não tem poder, presença ou realidade. A realidade que você está testemunhando é eterna nos céus, perfeita. Quando você olhar para um corpo harmonioso, um corpo jovem ou fisicamente perfeito, lembre-se de que você não está vendo uma idéia espiritual. Você está olhando o seu conceito de uma idéia espiritual. Quando compreender isso, começará a se livrar de qualquer mal e o restabelecimento virá rapidamente.


UNIDADE, UM RELACIONAMENTO ETERNO

Diariamente somos tentados a acreditar em uma separação de Deus. Uma pessoa pode ter um pecado grande ou pequeno na sua vida e estar certa de que é o bastante para afastá-la de Deus. Uma outra sente que cometeu um erro de um certo tipo, algum ato de ação ou omissão, que vai afastá-la. Uma outra pessoa ainda torna-se vítima de uma grave enfermidade e pensa que isto é um sinal de afastamento de Deus. Outra pessoa também atravessa um período de carência ou limitação e aceita isso como evidência de que está isolada e separada de Deus e, nessa aceitação, reside a continuidade de sua dificuldade. A identidade com o Pai é um relacionamento eterno. Tudo que você pode manter é a sensação de afastamento de Deus. A sensação de afastamento de Deus pode ser superada pelo conhecimento da verdade.

“Eu nunca estou afastado de Deus. Todos os pecados que eu já cometi ou que possa cometer nunca me afastarão do amor de Deus. Nem toda a necessidade ou limitação me convencerão de que eu me separei do Pai ou de que estamos à parte um do outro. E nem todas as enfermidades, até mesmo a morte, me farão acreditar que Deus se afastou de mim. Apesar do fato de que neste momento eu estou mantendo uma sensação de afastamento de Deus, Deus existe e habito em sua existência”.

Rompa essa sensação de afastamento não tentando fazer uma demonstração no espaço ou no tempo, mas recolhendo-se para aquele santuário interior, tornando-se muito calmo e começando novamente com tudo que você aprendeu, para se reassegurar da natureza permanente de seu ser e verdadeira identidade.

“Antes que Abraão existisse eu sou”. Eu viverei até a eternidade. Eu nunca serei abandonado ou esquecido. Eu nunca estarei sem a vida e o amor de Deus, o Espírito e a alma de Deus. Se, por qualquer razão, eu tenha manchado ou estou manchando o templo de Deus, há muito sabão e muita água. Eu limparei isso com a compreensão de que a verdadeira natureza de meu ser é Deus”.

“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Romanos 7:19). Parte da natureza humana está expressa naquela afirmação de São Paulo, mas “esquecendo-me das coisas que atrás ficam” (Filipenses 3:13), procurando no futuro, avançando, agora, neste momento de consciência, começamos a nos elevar de novo. Se pudermos ser generosos o bastante para perdoar nosso semelhante “setenta vezes sete” (Mateus 18:22), certamente poderemos ser tão generosos com nós mesmos e perdoar-nos, sabendo que nas profundezas de nosso ser somos puros, bem como os nossos motivos. Nas profundezas de nosso ser, somos limpos e qualquer impureza que houver em nós representa apenas aquele conceito hipnótico do mundo dos homens que não superamos completamente e que mesmo o Mestre não superou até próximo do fim de seu grande ministério, quando disse: “Eu venci o mundo” (João 16:33).

Quando somos ressuscitados, isto é, quando “morremos diariamente” em tal grau, que nos apossamos da compreensão consciente de nosso verdadeiro ser, então nós também seremos capazes de dizer: “eu venci o mundo”. Vencemos o mundo quando já não odiamos, tememos, amamos, cremos ou confiamos em alguém ou alguma coisa no mundo e mesmo no amor, porque vemos o Espírito de Deus no centro de todo ser. Então, podemos olhar para toda pessoa na carne e reconhecer que não estamos vendo, porque ela é invisível.

É difícil para alguém ver Jesus em seu verdadeiro ser. Só Pedro o reconheceu como o Cristo. Assim, você também se mantém olhando para a pessoa e dizendo que “há José, João ou Elizabete”, até que um dia você examinará aquela aparência e dirá: “não, há o Cristo!”. Todo médium ou mestre olha para a aparência humana e a rejeita: “Não, não, não você não é José, João ou Elizabete. Você é o Cristo. Você não vê que com meus olhos eu o vejo, com meus olhos interiores. Eu reconheço você; eu saúdo o Cristo de Deus”.

O conceito do mundo sobre você é visível, mas você mesmo está brilhando para fora, por detrás de seus olhos. Assim, você é o Cristo invisível ou o filho de Deus. E, agora, assim como você está dirigindo seu olhar para fora através de olhos adultos, lembre-se de que houve um tempo que você esteve olhando para fora através de olhos juvenis e um outro tempo em que você esteve olhando para fora através dos olhos de uma criança. Mas sempre foi você olhando para fora através daqueles olhos, você é invisível.

“Eu estou oculto com Cristo em Deus. Sou invisível ao mundo. É por isso que as armas do mundo não me podem atingir, pois eu não estou no mundo. Sou invisível”.

Quando você chega a esse ponto, sua consciência se enriquece espiritualmente com a graça de Deus, além de qualquer outra coisa que você realizou com seu pensamento e conhecimento corretos, com suas leituras e meditações bem orientadas. Em outras palavras, você se conduz a um certo grau de esclarecimento pelo conhecimento da verdade correta sobre Deus, sobre os homens e sobre o universo. Você enriquece sua consciência com qualquer mensagem espiritual que você lê, estuda, pondera e sobre a qual medita. Mas, além e acima disso, está o instrumento adicional, dado a você pela graça de Deus, que realiza a verdadeira espiritualização do seu ser. O que você faz é apenas uma preparação para aquilo que recebe.

segunda-feira, setembro 01, 2008

O segredo da vitória infalível

[mestre.jpg]

Masaharu Taniguchi


Na cidade de Toyohashi, pronvíncia de Hokkaido, vive um senhor chamado Minoru Hotta. Ele é farmacêutico e descendente direto de um grande mestre de Kendô (esgrima japonesa), da época da dinastia Tokugawa. Havia então várias escolas de esgrima, e a dele denominava-se “Sem Inimigo”. Esse título deve-se à filosofia de seu estilo de esgrima: “Eu e o outro somos UM na essência”. Se somos UM, não temos inimigo. O Sr. Hotta, descendente direto do fundador dessa escola, também é praticante do Kendô e tem o 3º grau.

Certo dia, ele me trouxe vários livros que tratam da essência do estilo “Sem Inimigo”, escritos a pincel por esse seu antepassado. Mostrando-me esses livros, ele disse que antes não conseguia entender a essência desse estilo “Sem Inimigo” tratada nos livros, mas que conseguiu entendê-la perfeitamente após conhecer a filosofia da Seicho-No-Ie. Isto é, quando leu a “Revelação Divina do Acendedor dos Sete Candeeiros”, que diz: “Reconcilia-te com todas as coisas do céu e da terra. Quando houver a reconciliação com todas as coisas do céu e da terra, tudo será teu amigo. Quando todo o Universo se tornar teu amigo coisa alguma do Universo poderá causar-te dano”. Este era o segredo do estilo “Sem Inimigo”. Prosseguindo, o Sr. Hotta disse ainda, modestamente, que ele tinha apenas o “3º grau” mas que conhecia um discípulo de seu pai chamado Naitô, diplomado em grau de mestre no estilo “Sem Inimigo”. Segundo o Sr. Hotta, “o impressionante é que o mestre Naitô move a espada lentamente quando luta, e consegue golpear com a maior facilidade a cabeça, o antebraço, a garganta ou o tronco de um parceiro exímio, mesmo do 5º ou 6º grau. Para golpear é necessário grande agilidade no movimento, mas ele consegue com gestos bem lentos. É realmente admirável”. Um dia o Sr. Hotta perguntou-lhe qual era o segredo daquela sua habilidade, e a resposta do mestre foi:

- É simples. Segundo o estilo “Sem Inimigo”, ele e eu somos um só. Assim sendo, golpear a cabeça do parceiro é o mesmo que golpear a minha cabeça. Se a cabeça dele é a minha, eu consigo acertá-la, por mais lento que seja o meu movimento. E se as mãos do adversário são minhas, eu não serei golpeado, por mais rápido que elas possam ser.

Disse o Sr. Hotta que, na ocasião, não entendeu o significado daquelas palavras, mas compreendeu-o perfeitamente ao conhecer a filosofia da Verdade da Vida. Quando ele se reconciliou “com todas as coisas do céu e da terra”, tudo se tornou seu amigo. E assim compreendeu que realmente o inimigo não existe.

Na província de Nagasaki, há uma pessoa chamada Morio Shirayama, que é professor de Kendô no ginásio de Shimabara. Antes de conhecer a Seicho-No-Ie, ele só pensava em derrotar o seu par. A sua preocupação constante era descobrir o ponto vulnerável do adversário e castigá-lo. Com esse método, ele chegou até o 5º grau. Certo dia, ele leu num tratado de Kendô que “compreender a essência do Kendô consiste em compreender que o inimigo não existe”. Como? – pensou ele – Se não existe inimigo, não se pode lutar. Conseqüentemente, não se pode praticar Kendô.

Mas, também ele compreendeu a essência do Kendô ao ler no livro A Verdade da Vida as seguintes palavras: “Reconciliai-vos com todas as coisas do céu e da terra. Quando houver a reconciliação com todas as coisas do céu e da terra, tudo será teu amigo. Quando todo o Universo se tornar teu amigo, coisa alguma do Universo poderá causar-te dano”. Compreendeu que a essência do Kendô consiste em transformar tudo em amigo através da reconciliação com todas as pessoas e coisas do Universo. Ele adquiriu toda a coleção de A Verdade da Vida e durante um mês inteiro leu e refletiu.

Após a guerra, fui a Shimabara, província de Nagasaki, para realizar um seminário. Lá encontrei o Sr. Morio Shirayama. Enquanto aguardava a hora da minha palestra, o Sr. Shirayama contou-me o seguinte:

- Este salão, onde se realiza agora o seminário, era antigamente o Pavilhão de Kendô. E era aqui que eu enfrentava o mestre Tsuruta, de 8º grau. Seu golpe preferido é a estocada na garganta. Ele se aproximava de mim com a espada de bambu um pouco abaixada e logo em seguida colocava-a na frente de minha garganta. Quando um mestre de 8º grau encosta a espada na nossa garganta não há maneira alguma de escapar. Eu ficava apavorado. Eu me esquivava, e novamente a ponta da espada vinha tocar minha a garganta. Se fugia, ele me perseguia sem trégua. Quando eu percebia o perigo, já era tarde: tinha sido golpeado. Assim, sempre era derrotado por ele. Porém, quando eu o enfrentei neste mesmo local depois de ter lido o livro A Verdade da Vida, a situação mudou. Como de costume, o mestre Tsuruta avançou para mim, segurando a espada de bambu abaixada. Anteriormente eu me esquivava com medo, mas desta vez não senti nenhum receio por estar com meu espírito harmonizado com todas as coisas. Eu havia compreendido que eu e o outro somos iguais e unos. Sendo unos, não há inimigo. Não havendo inimigo, não existe temor. E não havendo temor, eu consegui enxergar bem os pontos vulneráveis do meu par. Ainda que o mestre Tsuruta seja um grande esgrimista, ele tem que deixar a guarda aberta no momento em que procura aplicar uma estocada. Como ele concentra a atenção na ponta de sua espada, os outros pontos ficam desprotegidos. Antes, a minha mente estava presa, por causa do medo. Só me preocupava em defender os meus pontos vulneráveis, e por isso perdia. Tudo acontece segundo a nossa mente. Desta vez, porém, enxerguei bem as “brechas” do mestre, porque não mais sentia medo. Por isso, ao invés de fugir, como sempre fizera, ergui minha espada e investi. Diante do inesperado ataque, ele se esquivou com tanta pressa que se desequilibrou. Aproveitando esse instante, investi novamente. Com isso, o corpo do mestre Tsuruta se desequilibrou mais ainda, a ponto de tombar. Nesse momento, o juiz proferiu sua decisão.

Desta forma, o Sr. Shirayama, de 5º grau, derrotou o mestre Tsuruta, de 8º grau.

Depois da luta, o mestre Tsuruta perguntou: “Você fez um progresso extraordinário. Treinou bastante no último mês?”. E a resposta do Sr. Shirayama foi: “Não, senhor. Não treinei sequer nem um pouco. Apenas li a obra A Verdade da Vida”.

O mestre Tsuruta ficou grandemente surpreso com essa resposta, e então interessou-se por A Verdade da Vida, tornou-se nosso leitor assíduo e exerceu, até há pouco tempo, a chefia da organização da Seicho-No-Ie na Regional de Kumamoto.

Como é possível uma pessoa de 5º grau derrotar uma outra de 8º grau? É porque ela não vê o inimigo. Não vendo o inimigo, não existe temor. No Velho Testamento, lemos as seguintes palavras de Jó: “Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece”. Esta é uma das leis da mente.

Se você enfrentar o mundo com temor, acontecerão as coisas temidas. Se temer a doença, virá a doença. Se temer a morte, virá a morte. Se temer que seus filhos tenham mal desempenho na escola, ele irão mal. Tudo aquilo que se teme, acontece.

Portanto, aquele que deseja vencer na vida não deve ter medo. E o medo aumenta quanto mais se tenta dominá-lo. O que fazer então? Basta compreender que todos os homens são filhos de Deus e irmãos entre si. Se todos são filhos de Deus e nosso irmãos, nada existe que possa prejudicar-nos. Logo, não há motivo para o medo.