"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, setembro 18, 2008

A finalidade da vida

[mestre.jpg]
Masaharu Taniguchi

Conheço uma senhora chamada Hanako Yoshikawa, que até há algum tempo morava em Gifu. Aos 16 ou 17 anos, ela começou a sentir uma grande necessidade de conhecer a verdadeira finalidade da vida neste mundo. Aliás, nessa fase da vida, na adolescência, a maioria das pessoas atormentam-se por causa desse problema. Acredito até que uma pessoa que nunca se preocupou com essa questão deve ser pouco inteligente.

Bem, como dizia, a jovem Hanako passou muito tempo buscando uma resposta para a pergunta “de onde vêm e para onde vão todos os seres?”. E concluiu que o objetivo último do homem neste mundo deveria ser a morte, já que todos, sem exceção, são mortais. Havia homens que realizavam grandes negócios e se tornavam prósperos; outros, que alcançavam a fama; e outros, ainda, que atingiam altas posições. Mas tudo isso não passava de acontecimentos que apenas retardavam a jornada, pois todos acabavam chegando inevitavelmente à meta final, que é a morte. Convencida disto, aquela jovem de coração puro e sincero tomou a decisão de “não se demorar mais no caminho” e seguir diretamente para a meta final, ou seja, para a morte. Como morava ao lado do lago Hamana, dirigiu-se para lá e, escolhendo o local que pensou ser o mais fundo, lançou-se à água. Acreditando ter alcançado o objetivo da vida, sentia dentro de si mesma uma imensa satisfação. No entanto, estranhamente, não se sentia sufocada. Percebeu, subitamente, que estava flutuando. Era natural que não se sentisse afogada. Naquele momento, passaram por ali alguns pescadores, e Hanako foi salva por eles.

Como pôde ela ficar com a cabeça sobre a superfície da água, se não sabia nadar? Na verdade não há nenhum mistério nisso. O peso específico do corpo humano é menor do que o da água; logo, é natural que o corpo flutue. Não obstante, a maioria das pessoas não flutua quando se jogam na lama. Refiro-me, é claro, às pessoas que não sabem nadar. Elas geralmente vão ao fundo. Por que? É que, não querendo afundar – pois sabem que isso significa a morte – debatem-se desesperadamente e, justamente por causa disso, vão cada vez mais para o fundo. O homem, sendo mais leve que a água, deveria flutuar. Mas ele afunda porque se debate. O mesmo acontece em nossas vidas. Quanto mais nos debatemos tentando sarar de uma doença, mais grave ela se torna. E, se fracassamos em algum empreendimento, quanto mais nos empenharmos em recuperar o dinheiro perdido e obter novos lucros, mais aumentarão os prejuízos.

Portanto, o mais importante nesta vida é não nos precipitarmos, não nos debatermos em vão. Acho que vocês conhecem a expressão “estado natural da alma”. Quando se volta a esse “estado natural”, o que é leve flutuará infalivelmente. Uma vez que o homem é “Vida”, é natural que ele viva. Deus, de quem o homem recebe a Vida, jamais fracassa. Ele é o Eterno Vencedor. Não obstante, o homem, que tem dentro de si a vida desse Deus eternamente vitorioso, sofre muitas vezes de males como doenças, fracassos nos trabalhos, etc. Qual é a razão disso? É que as pessoas, quando julgam estar numa situação adversa, debatem-se desesperadamente. No caso da jovem Hanako, uma vez que seu intento era mesmo morrer, ela não se debateu nas águas do lago. Pelo contrário, sentindo-se grata por ter alcançado seu objetivo, abandonou-se às águas, o que a impediu de afundar. Quando apareceu um barco e os pescadores a tiraram da água, ela ficou muito irritada. “Eles se intrometeram onde não foram chamados; eu queria morrer para alcançar a meta final, e eles não me deixaram” – assim pensando, Hanako sentia-se ferver de raiva. Diz-se que o corpo é o espelho da mente, e que as coisas que a mente sente manifestam-se no corpo. Foi exatamente isso que aconteceu com aquela jovem, quando ficou furiosa por ter sido salva. A doença que ela contraiu como manifestação de seu estado de alma naquela ocasião, foi tifo. Teve febre altíssima e seu rosto ficou rubro. O sentimento de raiva manifestou-se no corpo sob a forma de febre tifóide. Tendo o médico diagnosticado essa doença, Hanako foi imediatamente internada em um hospital de isolamento.

Já no leito do hospital, Hanako pensou: “A minha doença deve ser bem grave, pois me internaram num hospital de isolamento. Acho que desta vez poderei morrer e alcançar o meu verdadeiro objetivo”. Mais uma vez sentiu-se satisfeita, acreditando finalmente ter conseguido o seu objetivo Quando alcançou esse espírito de gratidão, inexplicavelmente ela passou a melhorar, e em pouco tempo estava curada. Em vista disso, os médicos julgaram que tinha havido um engano no diagnóstico e deram-lhe alta.

Como podem ver, a doença do corpo é a manifestação do estado de alma.

Por diversas vezes ainda, depois disso, a jovem Hanako tentou o suicídio, convencida de que a morte fosse o objetivo último do homem. Porém, falhou em todas as tentativas e, assim, quando chegou à idade de casar, tentando afinal seguir o conselho dos pais, acabou unindo-se a um rapaz, ainda que ele não lhe agradasse muito. Mas ainda continuava a acreditar que o seu verdadeiro objetivo (assim como o de todos os homens) fosse a morte. Por isso, nem se detinha a pensar que uma esposa deve tratar seu marido com respeito e amor. Considerava a vida doméstica como algo que lhe fora imposto, e por isso, é óbvio, a sua vida conjugal não era feliz.

Quando o marido e a mulher não vivem em harmonia, quase sempre os seus filhos sofrem de algum mal. A criança que nascera deste casal era idiota. Uma criança idiota é bem pior que uma criança mentalmente retardada. A Sra. Hanako Yoshikawa, apesar de suas idéias a respeito da vida, depois que deu à luz a seu filho (mesmo ele sendo uma criança idiota), sentiu, como é natural, nascer em seu coração o amor materno. Seu maior desejo, agora, era fazer de seu filho doente uma criança inteligente e sadia, e estava disposta a tudo para conseguir isso. Já esquecida completamente de sua obsessão pela morte, preocupava-se unicamente em curar o filho querido, recorrendo a todos os métodos possíveis. Mas era tudo inútil. As pessoas lhe diziam que não havia maneira de curá-la, que a criança nascera com um fraco desenvolvimento mental. A Sra. Yoshikawa entregou-se a uma profunda angústia. Foi nessa época que ela teve os primeiros contatos com os ensinamentos da Seicho-No-Ie. E que ensinamentos eram esses?

É o ensinamento que diz “O homem é filho de Deus, a idiotia não existe”. Na verdade não há idiotia. Porém, vendo com os olhos carnais, existe de fato a idiotia, existe uma faculdade mental inferior à das pessoas normais. Aqui surge a aparente contradição entre o ensinamento “não há idiotia” e o fenômeno da existência da idiotia. Normalmente as pessoas não compreendem bem esse ponto. Para compreendê-lo bem, é preciso saber que o mundo que estamos vendo com os nossos olhos carnais, isto é, o mundo fenomênico, o mundo aparente, não é a realidade. O mundo do fenômeno não tem substância. O real está atrás das coisas visíveis. O homem não é corpo carnal, não é matéria, nem é cérebro. Atrás deste corpo carnal, atrás desta matéria, atrás deste cérebro, encontra-se a infinitamente sublime Vida de Deus, e esta é o Jisso, o Aspecto Real. É preciso contemplar verdadeiramente a Vida de Deus, que é o Jisso do homem, o Aspecto Verdadeiro do homem. Esse Aspecto Verdadeiro (Jisso) não pode ser visto pelos olhos carnais. Por esse motivo, costuma-se pensar que não há o aspecto perfeito, que é o filho de Deus. Mas, na verdade, somente o aspecto perfeito (e invisível) do filho de Deus é o Aspecto Verdadeiro. Os aspectos visíveis aos olhos carnais são a manifestação dos aspectos da mente da própria pessoa ou dos pais (em se tratando de crianças). Por isso, mudando a mente da Sra. Hanako, chegou o dia em que o seu filho se transformou em um menino inteligente. A esse respeito falarei numa próxima vez.

Nenhum comentário: