"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, agosto 30, 2015

Um "personagem" não pode alcançar a iluminação

- Nisargadatta Maharaj -


Um grupo de três pessoas estava visitando Maharaj pela primeira vez. Embora padecendo na cama e extremamente fraco, Maharaj lhes perguntou se tinham alguma pergunta a fazer. Eles conversaram entre si e decidiram fazer apenas uma pergunta: “Maharaj, todos nós fizemos certa Sadhana por algum tempo, mas o progresso não parece adequado. O que devemos fazer?”

Maharaj disse que o propósito de qualquer esforço é obter algo, algum benefício, que não se possui.

- “O que é isto que tentam atingir?”

A resposta foi rápida e positiva: 

- “Nós queremos ser como você – iluminados.”

Maharaj riu e se empertigou na cama. Quando estava mais confortável com dois travesseiros para apoiar suas costas, ele continuou:

“É nisto que a ideia errada está enraizada: em pensar que vocês são entidades que devem alcançar algo para que possam se tornar como a entidade que vocês pensam que eu sou! Este é o pensamento que constitui a ‘escravidão’, a identificação com uma entidade – e nada, absolutamente nada, exceto a desidentificação, causará a ‘liberação’.

Como eu disse, vocês vêem a si mesmos e a mim como entidades [personagens], entidades separadas; eu vejo vocês exatamente como me vejo [o Ator]. Vocês são o que eu sou, mas vocês se identificaram com o que pensam ser – um objeto – e buscam a liberação para este objeto. Não é uma enorme piada? Poderia algum objeto ter existência independente e vontade de agir? Poderia um objeto estar escravizado? E liberado?”

O interlocutor juntou suas mãos em namaskar e, muito respeitosamente, sugeriu que o que Maharaj tinha dito não poderia talvez ser questionado como um ideal teórico, mas que, certamente, disse ele, ainda que as pessoas possam ser entidades fictícias, nada mais que meras aparições na consciência, como viveríamos no mundo a menos que aceitássemos as diferentes entidades como suficientemente ‘reais’ na vida?

Esta discussão pareceu animar extraordinariamente o Maharaj, e a debilidade em sua voz desapareceu gradualmente. 

Ele disse:

“Você vê quão sutil é este assunto? Você respondeu sua própria pergunta, mas a resposta lhe escapou. O que você disse é que você sabe que a entidade como tal é totalmente fictícia e não tem autonomia própria; é apenas um conceito. Mas a entidade fictícia deve viver sua vida normal. Onde está o problema? É muito difícil viver uma vida normal, sabendo que a vida em si é um conceito? Você compreendeu? Uma vez que tenha visto o falso como falso, uma vez que tenha visto a natureza dual do que chama ‘vida’ – que na realidade é viver – o restante será simples; tão simples como um ator desempenhando seu papel com entusiasmo, sabendo que é apenas um papel que ele está desempenhando em uma peça ou um filme, e nada mais. Reconhecer este fato com convicção, apercebendo-se desta posição, é toda a verdade. O resto é mera atuação.”


(Do livro: "Sinais do Absoluto")

FONTE: Editora Advaita - http://editoraadvaita.blogspot.com.br/2013/06/uma-entidade-nao-pode-alcancar.html

sexta-feira, agosto 28, 2015

A experiência da "Iluminação"

- Núcleo -


A questão é: Pode um “personagem” se iluminar?

Pode o “cebolinha” [personagem criado por Maurício de Souza] se tornar consciente de que ele é uma ficção do próprio Maurício de Souza?

Mesmo que o Maurício de Souza escreva um texto no qual o cebolinha adquira esta consciência, ou seja, se “ilumine”, seria esta uma experiência real do cebolinha? O fato é que a “experiência de iluminação”, como toda “experiência”, está no campo da “representação”, na qual estão inseridos os personagens do Ser. Assim, a experiência de iluminação ocorre apenas na “representação”. O que todos os que se “iluminaram” descrevem é que eles se tornaram conscientes de que eles não são “personagens”, e que sua real identidade é a de Quem sempre foram, que é o Ser Real, porque nenhum personagem é real.

Se o “personagem” não é real, não há alguém [real] para se iluminar… e Aquele que é o real iluminado, a real identidade de todos os seres, o Real “Autor” dos personagens criados, não está na representação, mas sim em Sua própria Realidade! Assim, a experiência de iluminação é isso: uma experiência que ocorre apenas no âmbito da própria representação e que, então , altera “a fala” do personagem a respeito de Quem ele É e de Quem todos Somos.

O algo a ser notado aqui é que a “percepção” de Quem Somos não está na “mente do personagem” que estamos sendo, mas sim, está na “Consciência do Ser” que [já] somos. Ou seja, esta percepção está em Quem sempre fomos e sempre seremos; está além da realidade de “quem estamos sendo”, pois, a “realidade de quem estamos sendo” é uma representação divina e não a Realidade.

Apenas em certo sentido é possível que um personagem se ilumine… no sentido de que ele perceba que não é quem está sendo, que é Quem sempre foi, “antes que houvesse mundo…”, ou seja, antes que houvesse a representação. Aqui a palavra “antes” é empregada não no sentido temporal, mas no sentido de “a despeito de haver” ou “independentemente de” haver alguma representação. A percepção é a de que não há um personagem que se ilumina; não há um personagem que percebe Sua real identidade, e que é o próprio Ser Real Quem Se percebe, como sempre Se percebeu. Na representação vai parecer que um personagem teve a “experiência de que se iluminou”!

Porém, nossa real identidade é que somos o Ator, não os personagens! Já somos Quem Somos, somos o Ser Real antes que houvesse mundo [antes que houvesse a representação divina…].

O que a “mente do personagem” pensa sobre isso não altera a realidade! Se pensa que a iluminação é possível ou que não é possível; se pensa que é algo real ou não, isso não altera a realidade de que a “iluminação” é uma “percepção”, não um pensamento. Essa percepção não é do personagem e nem mesmo de um personagem específico. Apenas o Próprio Ser Se percebe, e percebe que não há nenhum “outro”, não há nada além de Si mesmo e de Sua Realidade! E a bem-aventurança dessa percepção divina também só é percebida por Si mesmo!

Mas, enquanto se identificando como sendo um personagem, ninguém deve se desesperar pensando que não terá a experiência de iluminação. Não pense assim, pois, ela é inevitável! É o próprio ato de “pensar” que ativa a percepção da mente do seu personagem e cria a “ilusão de separação”, a visão dual de que existe o personagem e o Ser; você e Deus... Pois só o Ser é real. Enquanto a mente do personagem pensa em termos de “existência” [que significa “ex-sistere”, ou seja, algo que está fora] a Consciência do Ser percebe a “seidade”, no sentido de aquilo que É em si mesmo, ou seja, algo que é o próprio “Ser”, e que É em “Si mesmo”; aquilo que É o que É! Portanto, não pense! Simplesmente perceba! Perceba Quem percebe em você e perceberá que não há um “você”, mas apenas Quem percebe… “Aquieta-te e saiba: Eu Sou Deus!”

Perceba apenas: “Eu Sou Aquilo”
É o que na representação divina… percebo, desfruto e compartilho!

Assim seja!
Assim É…


quarta-feira, agosto 26, 2015

O Tempo e a Eternidade

- Núcleo - 


Quem Eu Sou é o tempo e a Eternidade …
Em outras palavras…
Quem Eu Sou é o tempo (representação divina) e a Eternidade (Realidade Divina)
Não há exceção da divindade…
Há apenas onipresença!

Não há espaço vazio onde parece haver…
Não há solidão onde parece haver…
Não há nascimento, envelhecimento, doença ou morte, onde parece haver…
Há apenas Deus, o Ser Real;
Há apenas a divindade onipresente!

Onde parece haver ódio, Eu Sou o perdão…
Onde parece haver tristeza, Eu Sou a alegria…
Onde parece haver desespero, Eu Sou a esperança…
Eu Sou a Realidade por trás da representação!

O Amor é o Caminho para Me ver…
Eu Sou esse Amor divino!
Eu Sou o Caminho!
Eu Sou Quem ama…
Eu Sou Quem é amado…

Apareço como passado e futuro…
Mas Eu Sou o eterno presente!
Assim como apareço como você…
Mas Eu Sou Quem Eu Sou!

Você e Eu parecemos ser dois…
Mas Somos Um só Ser!
Você parece ser real…
Mas sua realidade Sou Eu!

Sim,
Sou o tempo e a eternidade…
A representação e a Realidade!


segunda-feira, agosto 24, 2015

"Eis, aqui e agora, o dia da Salvação!"

.
Diz um ditado: "O tempo cura todas as feridas". Não há dúvida que com o passar do tempo, nossas mágoas, frustrações, acontecimentos infelizes, tendem a desvanecer-se.

No entanto, faço uma objeção a esse brocardo popular: por que preciso esperar certo tempo, após uma experiência desagradável, para, de novo, usufruir minha paz, alegria, motivação e positiva atitude em relação ao futuro? Sou mesmo obrigado a sofrer um período de desânimo e tristeza, por causa de um desentendimento com alguém? Ou porque um empreendimento não deu certo? Não! Se todos estamos sujeitos a experiências frustradoras, isso não quer dizer que sejamos obrigados a sempre reagir negativamente a elas. Só quando aceito o teor negativo de uma experiência é que me magoo e levo certo tempo para recuperar o estado natural.

Não sou obrigado a reagir negativamente! Tenho outra alternativa. Aceito que o Divino, em mim, (Eu) tem o poder de curar todas as feridas e restaurar todos os desentendimentos, ao revelar-me que a parte humana (eu) reage por causa de suas falhas. Ele (Eu) me dá compreensão das causas, em mim, para eu extrair proveito da experiência e evitá-las no futuro. Esse tratamento interno (percepção de quem Sou) é muito rápido, consciente e iluminador.

No Espírito (Em Mim, no Eu) não tenho que esperar que a tempestade humana se acalme, para de novo nascer o sol; nEle (no Eu, ou, em Mim) me restauro, aqui e agora mesmo. Ele (Eu) não deseja ver-me (a mim, personagem) mergulhado dias, semanas, meses, em sombras e amarguras.

Obrigado, meu Deus (minha real identidade, o Eu do Ser que Sou), por me fazeres saber (por me tornar consciente de) que não sou meus pensamentos, sentimentos e hábitos (de que esse eu é apenas a máscara, o títere, o personagem). Tudo isso é provisório (essa visão do eu, a percepção do personagem). Meu verdadeiro Ser, que és Tu (o Ser Real, o Eu, a minha identidade real), transita, incólume, através de todas as experiências.


Comentário (Núcleo):

Divinos personagens,

Se observarmos com atenção veremos que esse texto expressa a distinção entre perceber algo mentalmente (perceber com a mente do personagem, da identidade humana, o "eu") e perceber algo consciencialmente (perceber com a Consciência do Ser, da identidade divina, o "Eu").

Notemos que quando reagimos a algo que percebemos estamos acionando a "percepção mental", pois quem reage é o "eu", a mente do personagem. Da mesma forma, quando interpretamos algo, estamos o fazendo mentalmente, pois quem interpreta também é o "eu", a mente humana. Mas somos o Ser! Nossa real identidade é o "Eu", aquilo que "É" e sempre "É". Esse "Eu" de nossa real identidade É o que É. Quando Moisés subiu a montanha, ele recebeu os "dez mandamentos"; esse "subir a montanha" significa elevar-se ao mais alto nível de percepção, o da Consciência do Ser, que realmente somos. Nesse alto nível de percepção Moisés teve a revelação do Ser: Eu Sou o que Sou.

Enquanto personagens do Ser, estamos imersos no mundo dos nomes e formas, das circunstâncias sempre mutáveis e então oscilamos conforme muda o cenário, como os títeres (bonecos/marionetes) se movem com os movimentos da mão daquele que os movimenta.

Até que estejamos conscientes de Quem Somos, nosso "animador" é o mundo. Seremos títeres do mundo reagindo mentalmente aos acontecimentos e imagens que nossa mente percebe. A mente do personagem percebe, interpreta e reage.

O "dia da salvação" ocorre no instante em que nos livramos das reações mentais e percebemos que "apenas Deus, o Ser que É aquilo que É, e sempre É, é real". O mundo ao qual a mente do personagem interpreta e reage é sempre mutável, ou seja, não é o que é - ele "está sendo", está sempre mudando. Há aqui ainda uma sutileza realmente importante e digna de toda a atenção: Quando percebemos a realidade consciencialmente, do "alto da montanha", despertamos para o fato de que o mundo que a mente percebe não é o mundo real. A mente humana não está de fato percebendo aquilo que É, mas, ela percebe apenas aquilo que parece ser! Não é real.

O universo divino e real é perfeito, mas a mente percebe apenas a imagem que é capaz de "conceber". Ela "vê" de forma distorcida Aquilo que realmente É, ou seja, não vê - ela imagina, distorce, se ilude. Assim, o universo percebido pela mente é ilusório. Não que ele seja ilusório em Si mesmo, mas significa que aquilo que a mente do personagem vê, a imagem que ela capta, a interpretação que ela dá, e as reações que ela tem, fazem do personagem um títere do cenário que vê, que interpreta e ao qual reage.

O texto evidencia que podemos nos colocar acima da percepção mental, que podemos "perceber" as experiências pelas quais passamos de outra forma, não com a mente do personagem, mas com a Consciência do Ser, que JÁ somos, somos AGORA. É esta percepção (a da Consciência do Ser que somos, do "Eu") que revela a verdade expressa no texto: "EIS AQUI E AGORA O DIA SALVAÇÃO".

No texto há comentários escritos entre parênteses. A percepção da identidade enquanto personagem foi colocada como (eu ou mim); a percepção da identidade como o Ser real que somos foi colocada como (Eu ou Mim).

Nós não somos "títeres do mundo", ou ao menos não precisamos estar sendo. Basta nos elevarmos acima da percepção mental, das reações e interpretações que a mente dá ao que vê. Como Moisés, nós podemos "subir a montanha" e nos elevar aos mais altos níveis de percepção. Nada há que nos "prenda ao solo" a não ser o ato de estarmos vinculados "julgando" cada acontecimento, como sendo bom ou ruim, certo ou errado. Esses pensamentos nos vinculam ao mundo que está sendo "percebido" pela mente. Essa interpretação mental do mundo é o que nos faz ter a sensação/a ideia/a impressão de nos sentirmos pessoas, "personas", "títeres", personagens felizes ou infelizes.

Ao contrário dos julgamentos, que nos vinculam ao mundo, há percepções que agem como balões de gás leve, que nos alçam direto ao céu! A contemplação das pequenas e grandes maravilhas de Deus é uma delas. Quando contemplamos a vida como sendo "atividade de Deus" algo (a percepção da Consciência do Ser) nos revela aquilo que a mente humana não percebe: o universo é a manifestação da Consciência, e que o universo "percebido" pela mente é concepção do homem! O universo real é perfeito, porém a "imagem" do universo "percebida pela mente" é apenas aquilo que ela (a mente humana) consegue conceber.

Cuidado com o universo que está aparecendo a sua frente, na forma de sua vida, pois você a está concebendo mentalmente!

Não faça julgamentos sobre os acontecimentos, permita que Deus te revele o real. Deus se revela no homem como Consciência, eleve-se à ela, transcenda a mente.

Desfrute a bem-aventurança. Deus te fez assim. Não pense o contrário. Perceba!

Saudações a todos.

sexta-feira, agosto 21, 2015

A transcendência da visão dos personagens

- Núcleo - 

Filhos de Deus!

Observem com atenção este modelo:

Surge num determinado tempo e local um “Iluminado”; ou seja, surge num tempo – há milhares, centenas ou a dezenas de anos; e num local – na Índia, na Judéia ou no Japão. Então os personagens percebem que se trata realmente de um “personagem incomum”, e passam a reverenciá-lO como “Iluminado”, “Mestre”, ”Filho de Deus”! A partir de então legiões de seguidores criam uma religião em torno da figura desse “personagem incomum” e então se dividem em budistas, cristãos, Seicho-No-Ie, ou outras religiões e denominações.

Sobre o que falou o Mestre?
- Falou sobre o Amor!

O que ensinou o Mestre?
- A irmandade entre os homens e a paternidade de Deus!

O que revelou o Mestre?
- O "reino de Deus” e o acesso a este reino.

Então, nesse ou em algum outro ponto começam as divergências entre os personagens sobre Quem é o “verdadeiro Mestre” e sobre o que Ele ensinou.

Este é o ponto aonde  quero chegar!

No instante em que começam as divergências entre os homens sobre "Quem é o 'verdadeiro Mestre' e sobre o que Ele ensinou”, o principal tema, o Amor, sobre o que falou o Mestre, foi deixado de lado; os personagens perderam o foco...

Os personagens “perdem o foco” toda vez que escolhem falar em vez de ouvir.

Por isso Jesus disse que o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai dela.

Os personagens “perdem o foco” quando, em vez de estarem atentos ao que “sai da boca”, começam a falar sobre o que deve ou não entrar pela boca.

Contudo, o que entra ou não pela boca é matéria e diz respeito a “este mundo”; mas o que sai pela boca está vindo da “mente dos personagens” ou da “Consciência do Ser”! E é a isto que devemos estar atentos! Ou seja, devemos estar atentos a ”o que estamos falando”, porque aquilo sobre o que estamos falando revela nosso estado de consciência ou de inconsciência sobre Quem somos!

Os personagens buscam relacionar o que “entra pela boca” com a natureza divina do Ser; mas é “o que sai pela boca” [se provém da Consciência do Ser] o que revela esta natureza divina; porque o que “entra pela boca” expressa ”um fazer” humano e o que “sai da boca” expressa “um estado de ser” divino.

Em um de seus escrito, Masaharu Taniguchi conta que, durante os vários anos de práticas ascéticas na floresta, Sakyamuni se policiou quanto ao que “entrava pela boca” e demais coisas que “fazia”. E foi no momento em que, após ter meditado sob uma árvore e estar com fome, aceitou um prato de arroz com leite de uma jovem e teve a “experiência de iluminação”… e então que passou a falar, a ensinar, sobre a Realidade de Quem somos e a expressar [pela boca], a real natureza do Ser.

Não se deve inferir do que foi dito acima que o ser humano não deva atentar ao que “entra pela boca” porque as escolhas humanas sobre nossas ações denotam o tipo de “personagens” que estamos escolhendo representar e os personagens normalmente se unem aos grupos de semelhantes. Assim, o que “entra pela boca” pode levar a nos aproximar de certos grupos de pessoas e nos afastar de outro grupo. O que Jesus quis chamar a atenção ao revelar que “o que contamina o homem não é o que entra pela boca mas o que sai” é que as pessoas não devem se distanciar ou se aproximar umas das outras pelo que ingerem, mas que devem se irmanar pela comunhão do Espírito e se unir na busca do reino de Deus. Por isso disse que todos deveriam buscar em primeiro lugar o reino de Deus e Sua Justiça e que não deveriam se inquietar sobre o que haveriam de comer ou o que haveriam de vestir.

Tanto no tempo de Jesus quanto nos dias de hoje existem grupos de personagens que se sentem “melhores seres humanos” em função do que comem. Há até os que veem nesta escolha uma efetiva e real ligação com Deus e procuram influenciar outros para que adotem a mesma escolha, e façam crescer o grupo dos que acreditam ser este o critério correto pelo qual o ser humano deve realizar suas ações e assim se conectar com Deus.

Contudo, Deus não faz acepção de pessoas!

Todos os “seres humanos” continuam sendo Quem são [seres divinos] aos olhos do Ser. Assim é porque todo ser humano é em realidade um “Nyorai” [significa: aquele provém da Grande Fonte] e o que os distingue ”neste mundo” é a percepção deste fato, que se revela pelo que compartilham com todos, sem diferenciar as pessoas pelo que comem ou pelo que usam.

Quando Sakyamuni aceitou um prato de arroz com leite de uma jovem donzela, ele estava - do ponto de vista de seus companheiros de práticas ascéticas - quebrando todas as regras! Mesmo assim, este foi o momento em que ele se tornou Buda; foi o momento em que Sakyamuni transcendeu a percepção da mente do “seu personagem”, que está na representação, e se conscientizou de que tudo está na Consciência de Quem Ele É, que é a única Realidade!

Assim, Sakyamuni percebeu que montanhas, nuvens, rios, arroz, leite, pássaros e a jovem donzela, enfim, todos os seres e todo o cenário, bem como o próprio personagem Sakyamuni que ele estava sendo [representando] estão na Consciência do Ser, que é Buda!

Notem com atenção que esta visão de Sakyamuni não é de fato a percepção do personagem Sakyamuni, mas sim, trata-e da percepção de Quem ele É.

Com esta visão é possível perceber que Sakyamuni não se tornou Buda, mas que ele sempre foi Buda! O divino personagem Sakyamuni que aparece na representação divina não é existência real. Enquanto personagem, na representação divina, ele nasce, envelhece, adoece e morre. Contudo, o Ser Real não é “quem está sendo”´; o Ser é “Quem É”. Assim, apenas Buda é existência real e Vive na Realidade do Ser.

Da mesma forma, com esta visão é possível perceber que você, leitor, não se torna Buda, mas que você sempre foi Buda! O seu divino personagem que aparece na representação divina não é existência real. Quem você É surge num determinado tempo e local, ou seja, surge na representação divina como um “Iluminado”. Então os personagens ao perceberem que se trata realmente de um “personagem incomum”, seguindo o modelo daquele comportamento mental condicionado passarão a reverenciá-lo como “Iluminado” ou irão querer crucificá-lo, assim como Sakyamuni foi reverenciado, e Jesus crucificado. Os personagens que assim agem estão julgando; o resultado do julgamento depende do critério que usam. Você será julgado como bom ou como mau, porque a mente humana não percebe o real; ela percebe apenas aquilo que consegue ver. Como o “real iluminado” não é o personagem mas o Ser, o julgamento estará sempre falho.

Apresentar-se como “um espelho” dá a chance àquele julga de perceber que está julgando e vendo a si mesmo no ”espelho” ou a chance de transcender a percepção de si mesmo.

Jesus deu a todos a chance de transcender a percepção de si mesmos quando disse: “Quem vê a mim vê Aquele que me enviou”.

Esta é a chave para a transcendência da visão dos personagens: ver com o olhar de Deus, ver com Amor! Só o Amor desvela o Amor.

Masaharu Taniguchi disse: “Cada um de vocês é um Masaharu Taniguchi.”

Sakyamuni ao se iluminar percebeu: "Eu Sou Buda. E não há nada que não seja Buda!"

Enfim, nenhum critério humano, nenhuma prática ascética, nenhuma alimentação especial, nenhum exercício físico, nada do que algum personagem “faça” poderá alçá-lo à condição de Buda, de Mestre ou de Filho de Deus. Uma única percepção e o real se revela. Contudo, é apenas Deus Quem Se percebe!

Busque esta dimensão que está em nós, o reino de Deus, e Ele Se revela!

Notem que a prática da Meditação Shinsokan pode nos alçar à percepção da Realidade divina, mas atentem ao fato de que ela é realizada com a "percepção da Imagem Verdadeira" em nós, e não com a percepção da mente de um personagem.

Meu personagem compartilha percepções com plena consciência de que estas percepções não vem da mente de um personagem, e então diz: “Isto sou Eu!” Da mesma forma meu personagem compartilha percepções conscienciais de outros personagens e diz: “Isto sou Eu!”

Compartilhar estas percepções é uma forma de fazer com que outros personagens olhem para a direção certa! Isto faz com que se despertem para o fato de que não é o que fazemos que revela Quem somos, mas sim, o que percebemos consciencialmente! As percepções compartilhadas por Sandy Nat, pelo padre Charles Ogada e pelo senhor Sawada, já citadas em outros textos do Núcleo, são exemplos de percepções da Realidade de Quem Somos. Meu personagem as enfatiza porque é o algo a ser percebido, que nos revela uma visão transcendida da realidade de personagens.

Com esta visão da Realidade de Quem Somos sabemos que somos seres divinos, não sujeitos a nascimento, envelhecimento, doença e morte. E sabemos que a simples percepção desta Realidade torna esta representação algo ainda mais divino, porque é divino estar na representação com percepção de que é a própria representação divina que está em nós!

Então percebemos que o Mestre que apareceu em algum tempo e local, em realidade está EM nós!

E compreendemos a revelação do Mestre de que “virá novamente”; de que Cristo voltará, de que Masaharu Taniguchi irá nos reencontrar; e a revelação de Sakyamuni de que somos Buda desde o início dos tempos!

É esta a visão consciencial que meu personagem tem desfrutado e que a está compartilhando, usando como exemplo percepções conscienciais compartilhadas por outros personagens para que esteja evidente que estas percepções não pertencem a um personagem em especial, mas sim a Quem Somos. Assim, fica também evidente que o real iluminado, o Mestre, é Quem Somos [o Ser Real] e não quem estamos sendo [o personagem].

É o que percebo, desfruto e compartilho.

Saúdo a todos os Nyorais.

quarta-feira, agosto 19, 2015

A divindade representando papéis

- Núcleo - 


No texto está expresso que “Tudo o que está sendo percebido é a divindade representando papéis”

Poderia surgir a dúvida: “Se a divindade representa todos os papeis, como é possível que Deus, sendo Amor, represente o papel de animais ferozes e até de seres humanos que agem como se fossem autênticas feras?”

A resposta está na própria pergunta na qual se depreende que se trata de uma representação, e que o ator divino sabe que nada de real está de fato acontecendo, a não ser no contexto da própria representação cujo realismo é convincente para a percepção das mentes dos próprios personagens que estão nela inseridos e que se identificam totalmente com quem estão sendo. 

A identificação do ator divino com quem Ele “está sendo” (ou seja, com o “personagem” que “está representando”) se dá através da percepção da “mente do próprio personagem” que está representando e não pela “percepção da Consciência do Ser”, dAquele que em realidade ele É.

A esse respeito importa observar que nem sempre o ator está representando um personagem inconsciente de sua real identidade! Basta que na representação o personagem passe a se ver através da percepção consciencial, ou seja, com a percepção da Consciência do ator divino, e a real identidade do personagem se desvelará ao próprio personagem. É o que acontece com os “personagens despertos”, aqueles que mesmo ainda estando na Representação não fazem a identificação através da mente dos personagens que estão sendo, mas sim, com a Consciência do Ser Real. Na linguagem dos primeiros cristãos isso assim foi expresso: 

Já estou crucificado com Cristo [a identificação com a vida do personagem ou com o ego humano através da mente do personagem que estive representando, inconsciente do Ator que vive em mim foi transcendida]; e vivo, não mais eu [o personagem], mas Cristo [o Ator] vive em mim; e a vida que agora vivo na carne [a vida do meu personagem] vivo-a na fé no filho de Deus [vivo na percepção do Ator divino], o qual me amou {verdadeiramente com o Amor do Cristo, do Ator], e [na representação divina] se entregou a si mesmo por mim.” 

E nesse ponto importa também observar que nem sempre o ator divino está representando um personagem inconsciente de sua real identidade mesmo estando na representação divina como um animal!

É o que é revelado nas escrituras védicas na qual a divindade esteve na representação divina consciente de sua própria identidade por exemplo como Peixe [Matsya], Tartaruga [Kurma], Javali [Varaha], Homem–Leão [Nara-Simha], Elefante [Ganesha], Macaco [Hanuman]...

Contudo, quando a identificação do personagem é feita pela mente do próprio personagem, todo o tipo de atitude desumana e inconsequente é possível, porque neste caso os "divinos personagens" permanecem inconscientes de sua real identidade e “não sabem o que fazem”.

Assim, está escrito que: Apesar de tudo, Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo!” Lucas 23: 33

Por outro lado, por ser a própria divindade representando, por vezes podem alguns “divinos personagens” surpreender e revelar a Consciência do Ator!

Essa foi a percepção consciencial compartilhada por Jesus, como está escrito: 

“Naquele mesmo momento, Jesus exultando no Espírito Santo [desfrutando a percepção consciencial] exclamou [compartilhou com esta ênfase]: “Ó Pai, Senhor do céu e da terra! [Senhor da Realidade Divina – céu - e da Representação – terra] Louvo a ti, pois ocultaste estas verdades dos [divinos personagens] sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos [divinos personagens que aparentemente sem conhecimento algum da vida manifestam percepções conscienciais]. Amém, ó Pai, porque Tu tiveste a alegria de proceder assim.” (Lucas 10: 21)

Por isso é compartilhada aqui uma vez mais a percepção de que subjacente a todos os divinos personagens é apenas, e sempre, o Mestre Quem se percebe a Si mesmo!

Por ser assim, com esta mesma percepção da Consciência do Ser Pedro a compartilhou dizendo que: “Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas”. (Atos 10: 34)

É o que Aquele presente em Pedro, em você, em mim e em todos os “divinos personagens” me faz perceber, desfrutar esta percepção, e compartilhá-la.

Por isso é dito: Percebam, desfrutem essa percepção divina e a compartilhem!

A paz seja com todos!


segunda-feira, agosto 17, 2015

O Mestre

- Núcleo - 


O Mestre se percebe a Si mesmo!

Só o Ser é real. O personagem é o próprio Ser representando. Quando o Mestre escolhe estar Se identificando com a representação, então surgem os personagens. Ele percebe a Si mesmo encenando. O Mestre está plenamente consciente de sua personificação como cada personagem.

Quando um personagem está à procura do Mestre, eis o Mestre! É o Mestre representando divinamente o papel de um personagem à procura do Mestre! Sua representação é tão divina que o personagem acredita ser o personagem, e certamente encontrará o Mestre. Sim, todos encontrarão o Mestre, porque já são Quem buscam, e perceberão a real identidade de Si mesmos. Quando esta percepção ocorre a um personagem, a representação continua no papel de muitos outros personagens.

Tudo o que está sendo percebido é a divindade representando papéis.

Sempre que um personagem percebe sua real identidade ele, sabendo ser Quem é, pode escolher permanecer no cenário em silêncio ou compartilhar sua percepção com os personagens que representam papéis de buscadores espirituais ou mesmo outros papéis. É isto que estamos fazendo no Núcleo. Estamos compartilhando a percepção de Quem somos, para que outros personagens saibam que é possível ter esta percepção e que continuem suas representações, mas já não mais inconscientes de sua unidade com o Ser, com a Vida, com Deus e suas incontáveis manifestações.

Há uma unidade essencial entre personagem e Ser que se revela por uma especial percepção que, uma vez sintonizada, revela toda a graça da criação divina! Esta é a real visão do Mestre, daquele que percebe, e que, por estar percebendo, sabe Quem percebe! Daquele que está representando e que, por estar percebendo que está representando, sabe Quem representa! Daquele que está vivendo o presente e que, por estar percebendo que está vivendo o presente, sabe Quem está vivendo o presente!

A Consciência de Quem faz é a percepção do Mestre a ser compartilhada. O “Mestre” é a Consciência do Ser; é Quem nos faz perceber o que disse o Mestre: “Eu de mim nada posso, o Pai em mim é Quem realiza as obras.”

Meditem sobre esta revelação. Estejam sintonizados no Ser, “in Theos”, desfrutem esta percepção e quando souberem que devem, compartilhe.

sexta-feira, agosto 14, 2015

Sobre nossa origem e real identidade

- Núcleo - 


Sobre nossa origem e real identidade, Masaharu Taniguchi disse:

“Nascemos por exigência de Deus, impelidos pela vontade dEle de Se auto-expressar. Todos os homens são, portanto, filhos de Deus. Não nos transformamos em filhos de Deus por meio de algum método ou ensinamento. Não é o leigo que se transforma em Deus por meio de asceses. Torna-se Deus aquele que nasceu de Deus. Torna-se Buda aquele que é originalmente Buda.” {Do livro "Preleções sobre a interpretação do Evangelho segundo João à luz do ensinamento da Seicho-No-Ie”, Página 23}

A seguir, na mesma página ele escreveu: “Significa que todos nós somos filhos unigênitos de Deus. Há, portanto, uma infinidade de filhos unigênitos. Quem vive em ilusão, sem despertar para o fato de que é filho unigênito, é um “filho pródigo” que deixou a casa para levar uma vida errante."

Em seguida fez a notável seguinte observação: "Os cristãos, que conhecem a interpretação comum da Bíblia, pensam que somente Jesus é o filho unigênito, mas, no Evangelho Segundo João, está claro que todos nós somos filhos de Deus, que em todos os homens habita a glória de Deus e todos são resplandecentes filhos unigênitos do Pai.”

Por “interpretação comum da Bíblia”, ele está se referindo ao tipo de interpretação mental, a qual é incapaz de adentrar à essência da revelação divina contida no texto bíblico, em contraposição à interpretação do Evangelho à luz do ensinamento da Seicho-No-Ie, que são percepções conscienciais compartilhadas em forma de ensinamentos.  

Na página anterior ele havia escrito que: “A interpretação superficial da Bíblia diz que até hoje não surgiu quem intuísse que o homem é filho de Deus,mas quando Jesus Cristo surgiu como filho de Deus, revelou a Verdade: “o Unigênito, que está no seio do Pai, ele mesmo é que o deu a conhecer”. Significa que só a Imagem Verdadeira pode conhecer a Imagem Verdadeira de filho de Deus. Encontramos citação semelhante na Sutra do Lótus.   

Por isso no texto se indaga: Quem percebe que a única Realidade é Deus?

Apenas Deus! O Ser Real.

E como Deus percebe isso?

Com Sua própria Consciência!

É esse o ponto a ser notado!

Ou seja, que isso não se percebe com a mente, mas com a Consciência, pela percepção, que é a verdadeira fé, “a certeza das coisas que não se vêem”. Citando o mestre budista Shinram, Masaharu Taniguchi esclareceu que Shinram disse que: “a grande fé é a natureza búdica, e a natureza búdica é o próprio Buda". Essa fé ou percepção consciencial traz à tona a Palavra de Deus que já habita em nosso interior. Assim passamos a reconhecer a Verdade expressa na Palavra do Mestre como sendo a Verdade que Vive em nós, até o momento em que percebemos que a Palavra do Mestre ressoa em nós porque há em nós mesmos algo que percebe a Verdade e que esse algo é a Consciência divina em nós.  

Na página 31 Masaharu Taniguchi escreve: “A sublimidade do ser humano está no fato de a sua Imagem Verdadeira ser uma auto-expressão de Deus..."

E esclareceu que: “O que Jesus quis dizer foi que a Imagem Verdadeira do homem é de filho de Deus, e que ele viera comunicar aos homens essa Verdade tão importante, mas lamentavelmente eles não estavam entendendo”.

A relação entre ator e personagem usada no Núcleo, na qual ator é a real identidade e personagem é uma identidade fictícia, objetiva facilitar esse entendimento.

Que assim seja!

Amém.

quarta-feira, agosto 12, 2015

Aos "divinos personagens"!


- Núcleo - 

Divinos personagens,

Sempre que uma pessoa comenta e enfatiza um texto já compartilhado, ela está ativando a percepção consciencial. Ao desfrutar o que percebeu do texto e compartilhar a sua própria ênfase, ela está dando um belo exemplo de como ativar esta percepção!

A propósito...

Sabem por que este meu atual "personagem" os chama de "Divinos personagens"?

Porque em verdade é quem todos estamos sendo nesta representação divina chamada de universo material!

Sim, na "Representação" somos todos "personificações do Ser", que é o único Ser Real, a única "Realidade".

Assim, a "Representação" é o cenário no qual surgem os "personagens". E tendo sido a "Representação concebida pelo Ser Real, que é Deus, Seus personagens são todos "seres divinos", ou seja, todas as personificações de Deus são originariamente e essencialmente seres divinos, que na "Representação" concebida por Deus, e por isso divina, aparecem como os personagens divinos.

O algo a ser percebido ou conscientizado é que a "Representação" é tida como "Realidade" pela mente do personagem!

Atentem bem! A Representação não é algo real! Mas por ser uma representação divina, ou seja, uma representação concebida por Deus, ela é percebida pela mente, ou seja, pela mente do personagem como sendo algo real, como sendo a realidade. Porém, a única Realidade é Deus!

E Quem percebe isso; Quem percebe que a única Realidade é Deus?

Apenas Deus! O Ser Real.

E como Deus percebe isso?

Com Sua própria Consciência!

É esse o ponto a ser notado!

A percepção de "quem estamos sendo" é a percepção da "mente do personagem" que estamos representando;

A percepção de "Quem somos" é a percepção da "Consciência do Ser" que realmente somos.

Ocorre que a Consciência do Ser, que é Deus, é onipresente! Inclusive na "Representação divina"!

Você está vendo a manifestação visível do invisível em tudo o que vê...

Ou seja: Você está vendo a manifestação visível do Ser Real, que é invisível, em tudo o que vê.

Isto ocorre porque você está vendo a manifestação do Ser Real com a visão da mente de quem está representando...

Mas quem você está representando é quem "você está sendo", não Quem "você É".

Em outras palavras, sua real identidade não é a do personagem divino que você está sendo (representando), mas sim, é a do Ser Real que você realmente É!

Assim, não há necessidade de "buscar espiritualmente" por sua Fonte, mas apenas de "perceber espiritualmente" que a Fonte é Quem você É!

A busca espiritual parte de um pensamento de separação entre personagem e Ser...

A percepção espiritual parte de uma percepção de unidade entre personagem e Ser!

A primeira parte de um pensamento e se debate;

A segunda parte de uma percepção e se aquieta...

O pensamento projeta a dualidade;

A percepção reconhece a Unidade!

Enfim, este meu atual "personagem" os chama de "Divinos personagens" porque percebe que em verdade é quem todos "estamos sendo" nesta "Representação divina"...

E Quem percebe isso em mim é Quem sou...

Quem Sou é na Realidade Quem todos Somos!

É o que percebo, desfruto e compartilho.

Saiba que, ao perceber Quem você realmente É, instantaneamente perceberá Quem todos Somos. E perceberá claramente Quem percebe em você!

Por perceber Quem percebe em mim; por perceber que é o Ser Real Quem percebe e que por isso esta percepção é possível a todos os "divinos personagens" é que desfruto e compartilho.

Namastê!

segunda-feira, agosto 10, 2015

O ponto de vista para se ler o Gita - 2/2


 - Núcleo -


O Gita, uma das mais respeitadas Sagradas Escrituras do Oriente, pertence a uma outra tradição e contexto espiritual. Mas, se você se permitir, verá que este texto universal te revelará o mesmo Cristo, não o Cristo a quem suplicamos que nos proteja, mas a quem agradecemos pela proteção e pela própria Vida que nos proporciona todos os dias de nossas vidas.

Neste sentido o texto que se segue é uma revelação. Uma revelação divina! As verdadeiras revelações não procedem dos pensamentos, da mente humana. Esta é uma grande dificuldade! As verdadeiras revelações surgem de percepções. Nem sempre a razão é capaz de apreender o real sentido de uma "percepção".

Pensamentos são produtos da mente; as percepções provêm da Consciência. O que o Maharaj está propondo é uma percepção, não um pensamento, esta é a barreira mental a ser transposta. O ponto de vista da Consciência desperta – a Consciência de Krishna – é o ponto de vista da Consciência do Ser, que Vive em nós, que é nossa Vida e real identidade, mas que, mesmo assim, não sabemos.

O problema está em que desconhecemos nossa real identidade. A mente é a máscara que vela a real identidade: A mente vela o Ser; a consciência O desvela. Assim, quando utilizamos a mente para descobrir quem somos, esta descoberta se torna um objetivo impossível. O pensamento, o raciocínio e a lógica humana são instrumentos inadequados para o fim de sabermos nossa real identidade. A nossa mente está condicionada por suas muitas crenças e pela própria forma com que percebe a realidade. Ela percebe de forma dual. Onde há apenas um Ser e Suas infinitas manifestações, a mente “percebe” muitos seres, todos individualizados... Ela percebe as formas, mas não a essência que existe em todas as formas.

Para se ler o Gita do ponto de vista de Krishna é necessário descartarmos a “máscara" da personalidade, e não presumirmos que somos nem mesmos “os Arjunas do mundo”. Tampouco devemos presumir que somos“o Krishna”, que no Gita é o Ser Real, a essência de todos os nomes e formas, a própria divindade.

Perceba esta sutileza: O Maharaj nos sugere que devemos adotar o ponto de vista de Krishna, e não que devemos nos identificar como sendo um personagem do Gita: o Krishna. Esta é uma revelação que nos virá como uma percepção, talvez ao longo da leitura do Gita, ao final, ou mesmo até algum tempo após. Não importa o tempo em que a percepção ocorrerá. Saiba apenas que é possível, embora não pareça evidente. Assuma o ponto de vista de Krishna e perceberá que o Gita está desvelando a Consciência que, no Gita, é representada por Krishna, a essência e real identidade de todos os seres. Se isto for feito, afirma o Maharaj: “Vocês entenderão, então, que no Vishva-rupa-darshan, o que o Senhor Krishna mostrou a Arjuna não era seu próprio Svarupa, mas o Svarupa – a verdadeira identidade – do próprio Arjuna e, por conseguinte, de todos os leitores do Gita".

Note que, no Gita, Arjuna representa “um ser humano bom”, que quer ouvir e seguir as orientações do Senhor. Mesmo assim, a percepção de Arjuna é mental. Onde há apenas um ele vê muitos. Então ele perde as forças e lamenta que “não pode lutar”. Percebendo as limitações da mente humana de Arjuna – seus conceitos e crenças equivocadas, ainda que, do ponto de vista humano, louváveis, dignas de respeito pelos demais seres humanos, até por seus oponentes –, Krishna sabe que esta visão mental e valores equivocados não livrará Arjuna da derrota.

Não somente “a mente de Arjuna” o ilude, mas também a mente iludirá a qualquer um que a tomar como ponto de partida e instrumento para “perceber” a verdade.

Para estarmos "iluminados pela Consciência", precisamos nos sintonizar com a Consciência do Ser - a “percepção consciencial” -, que no Gita se revela plenamente pela visão de Krishna e suas revelações, que é o ponto de vista sugerido para se ler o Gita, o qual transcende a percepção da mente de Arjuna, que é uma visão apenas humana e “mental”.

Na Bíblia conhecemos a ordem divina para nos “erguermos de entre os mortos”, ou seja, de nossas “visões mentais” da vida. Só então Cristo, a Consciência do Ser, nos iluminará, virá e nos dará vida, pois Cristo é a própria Vida que vive em nós.

Como advertência antes da leitura do texto, esteja atento e não presuma! Assuma o ponto de vista de Krishna para ler o Gita, mas não presuma nada. Presumir é fruto da mente, que ilude. Não presuma que você é o Krishna, assim também como não devemos presumir que somos “um com Deus”. Isto vem no tempo de Deus, como uma revelação, uma percepção. Você não precisará "acreditar", como também saberá que "não acreditar" não altera esta realidade... O acreditar ou não acreditar estão no nível da mente, e não na Consciência. Os que sabem que é possível, por exemplo, colocar um ovo em pé equilibrado, sem truques, não precisam acreditar. Os que não acreditam que isto seja possível não alteram a realidade de que isto não apenas é possível, mas que qualquer pessoa pode fazer isto. Da mesma forma qualquer pessoa pode “conhecer a verdade”, mas será preciso desfazer todos os condicionamentos e as crenças que tem a respeito do que é a Verdade. O conhecimento da Verdade liberta o homem. A "verdade a ser percebida" é que Deus, o Ser que Vive em nós, é a própria Verdade. Este Ser Real vive em todos os seres. Nenhum ser tem vida em si mesmo, e nem está separado do Ser - o único Ser. No ser humano, este Ser Se revela como Consciência, não como a “sua” ou a “minha” consciência, mas como a Consciência do Ser, Aquilo que “Eu Sou”, e que é impessoal, universal. Revelando sua real identidade, Cristo diz: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou.” O Cristo que vive de eternidade a eternidade é real e onipresente. Está em todos, aguardando apenas o momento em que será “percebido”.

Leia o Gita do ponto de vista de Krishna, e em algum ponto esta “percepção” sobrevirá e revelará a real identidade, não apenas de Krishna ou de Arjuna, mas, também, a de Cristo, a sua, a minha e a real identidade de todos os seres.

 Svarupa - a forma cósmica, a verdadeira identidade/face de Krishna revelada.

domingo, agosto 09, 2015

O ponto de vista para se ler o Gita - 1/2

Introdução: O texto a seguir que estará diante de você provém de outra tradição e contexto espiritual, o Gita, uma das mais respeitadas Sagradas Escrituras do oriente. Há um segredo em cada Escritura Sagrada - um segredo que, se for notado, garantirá o seu envolvimento, afinamento e compreensão dos textos sagrados em sua máxima profundidade. Todo conteúdo encontrado dentro de um livro sagrado não diz respeito a outra coisa senão a Deus, ao conhecimento da Verdade, à Consciência ou a Unidade. Só há uma Verdade e a característica da Verdade é ser UNIVERSAL; a Consciência é Una com tudo o que existe. E a Consciência carrega o Infinito dentro de si! É impossível algo estar existindo - algo ser! - e não estar em Unidade com a Consciência ou a Verdade. Você vive - esse fato por si só prova que você está na Unidade e é uno com tudo aquilo que está na Unidade com a Consciência, Deus. O Segredo é: saber/compreender que tudo o que as Escrituras Sagradas relatam são Verdades, são histórias concernentes a cada um de nós. O Gita narra o diálogo acontecido entre os personagens históricos "Krishna" e "Arjuna", porém todas as coisas nele contidas são simbologias, um reflexo externo de nossa própria história. Uma Escritura Sagrada não deve ser encarada apenas a partir de um contexto histórico, como se a Verdade ou as experiências vividas pelos personagens pertencessem a eles exclusivamente. Não! A história de Krishna é a minha própria história; a história de Jesus é a minha e a sua história. A Bíblia e o Gita não são livros, são espelhos. Há uma só Consciência sendo! A mesma Consciência que no passado apareceu como Krishna, está aparecendo como eu e você. Eis porque tudo o que está contido no Gita, sobretudo o que diz respeito a Krishna, é verdadeiro para você e para mim. No Gita, Krishna ensina ao Arjuna: "O Ser Divino que sou, você também o é! Não veja-se separado ou excluído de Mim, senão você estará preso na ilusão. Perceba que minha Consciência Divina é também a sua". Krishna pede a Arjuna que deixe de lado a visão mental/dual, troque/inverta o referencial e perceba de forma direta quem ele é.

Neste texto, Nisargadatta Maharaj, por saber que não há outra forma de ser a Verdade senão sendo a própria Verdade, pede que comecemos a ler o Gita do ponto de vista de Krishna ao invés do de Arjuna. Tanto o Gita como a Bíblia - assim como todas as escrituras sagradas - têm sido lidos pelas pessoas como se elas fossem buscadoras da Verdade que tentam, que desejam, que se esforçam e fazem de tudo (esforços pessoais) para compreender a Verdade e finalmente um dia realizá-La em si mesmas. Isso é impossivel; ninguém pode ser a Verdade se já não for a própria Verdade. Se uma pessoa não for a Verdade é impossível que um dia ela deixe a condição de "não ser a Verdade" e adentre a condição de "Ser a Verdade". É por isso que Nisargadatta diz: "Não leiam o Gita do ponto de vista do aspirante à Verdade. Leiam-no do ponto de vista de Krishna, da própria Verdade - você já é a Verdade; eis o motivo". O Gita não tem de ser um livro no qual sua mente trabalhe com diversas possibilidades ou passeie viajando/divagando em hipóteses fantasiosas, como: "vou ler o Gita para conseguir (no futuro) encontrar Deus, compreender a Verdade". Como espelho, as coisas que existiam só como possibilidades, o Gita torna-as concretas; aquelas hipóteses ou fantasias deixam de ser hipotéticas ou fantasiosas e são vistas como verdadeiras no exato momento presente. Tudo está ali! - Essa é a percepção a ser notada. A mente não necessita ir a lugar algum, ela deve ficar.

O Segredo de conhecer a Verdade está na Unidade - como em tudo há o UM se expressando, a Verdade válida para uma de Suas manifestações é também verdade para todas as outras. Que valor teria a Bíblia ou o Gita para mim, se tudo o que é encontrado neles não possuir relação alguma com o ser que sou? Se a verdade da Bíblia ou do Gita concernissem somente a um homem chamado Jesus ou a um de nome Krishna, então a Bíblia ou o Gita seria o livro deles somente. E, além de para Jesus e Krishna, tais escritos não teriam nenhuma razão de ser, pois, por mais que as escrituras alcançassem outros seres, nenhuma possibilidade de transformação ou de realização a eles jamais seria possível. Toda e qualquer busca do homem é por coisas que apontem e digam respeito ao próprio ser que ele é.

Por ora, ficaremos com este texto de Nisargadatta Maharaj. E a seguir, no próximo post, será feita uma explanação mais específica, aprofundando, com maiores detalhes, os assuntos discutidos neste texto do Maharaj.




"Em uma das sessões, uma distinta dama que visitava Maharaj fez uma pergunta sobre o Bhagavad Gita. Enquanto ela formulava sua questão nas palavras adequadas, Maharaj, repentinamente, perguntou-lhe: “De que ponto de vista você lê o Gita?”

Visitante: Do ponto de vista de que o Gita é, talvez, o guia mais importante para o buscador espiritual.

Maharaj: Por que esta resposta absurda? Certamente, ele é um guia muito importante para o buscador espiritual; não é um livro de ficção. Minha pergunta é: Qual o ponto de vista do qual você lê o livro?

Outro visitante: Senhor, eu o li como um dos Arjunas no mundo, para cujo benefício o Senhor foi generoso o bastante para expor o Gita.

Quando Maharaj buscou em torno uma outra resposta, houve apenas um murmúrio geral de confirmação desta.

Maharaj: Por que não ler o Gita do ponto de vista do Senhor Krishna?

Esta sugestão suscitou dois tipos simultâneos de reação de assombro de dois visitantes. Uma das reações foi uma exclamação escandalizada que claramente significava que a sugestão era equivalente a um sacrilégio. A outra foi de um único e rápido bater palmas, uma ação reflexa, obviamente, indicando alguma coisa como o "Eureka" de Arquimedes. Ambos os visitantes interessados estavam como que embaraçados por suas reações inconscientes e pelo fato de que as duas eram o exato oposto uma da outra. Maharaj deu um rápido olhar de aprovação ao que havia batido palmas e continuou:

Maharaj: Muitos livros religiosos se supõe ser a palavra de alguma pessoa iluminada. Por mais iluminada que seja uma pessoa, ela deve falar a partir de certos conceitos que achou aceitáveis. Mas a extraordinária distinção do Gita é que o Senhor Krishna falou do ponto de vista de que ele é a fonte de toda a manifestação, isto é, não do ponto de vista de um fenômeno, mas do númeno, do ponto de vista de que ‘a manifestação total sou eu mesmo’. Esta é a exclusividade do Gita.

Agora, disse Maharaj, considerem o que deve ter acontecido antes que qualquer texto religioso antigo tenha sido escrito. Em todos os casos, a pessoa iluminada deve ter tido pensamentos, os quais colocou em palavras, e as palavras usadas podem não ter sido muito adequadas para comunicar seus pensamentos exatos. As palavras do mestre poderiam ter sido ouvidas pela pessoa que as escreveu, e o que ela escreveu, certamente, seria de acordo com seu próprio entendimento e interpretação. Depois deste primeiro registro manuscrito, várias cópias dele teriam sido feitas por diversas pessoas e tais cópias conteriam numerosos erros. Em outras palavras, o que o leitor de qualquer tempo particular lê, e tenta assimilar, pode ser totalmente diferente do que realmente o mestre original pretendeu comunicar. Acrescentem a tudo isto as interpolações inconscientes, ou deliberadas, feitas por vários eruditos no curso dos séculos, e vocês entenderão o problema que eu estou tentando comunicar a vocês.

Disseram-me que o próprio Buda falou apenas na linguagem Maghadi, enquanto seu ensinamento, como foi anotado, está em Pali ou em Sânscrito, o que poderia ter sido feito apenas muitos anos mais tarde; o que agora temos de seus ensinamentos passou por numerosas mãos. Imaginem o número de alterações e acréscimos que foram infiltradas nele por um longo período. Não seria surpreendente que haja agora diferenças de opinião e disputas sobre o que Buda realmente disse, ou quis dizer?

Nestas circunstâncias, quando peço a vocês que leiam o Gita do ponto de vista do Senhor Krishna, peço que abandonem imediatamente a identidade com o complexo corpo-mente quando o lerem. Peço que leiam de acordo com o ponto de vista de que vocês são a consciência desperta – a consciência de Krishna – e não os objetos fenomênicos aos quais ela deu sensibilidade – para que o conhecimento que está no Gita seja verdadeiramente revelado para vocês. Vocês entenderão, então, que no Vishva-rupa-darshan, o que o Senhor Krishna mostrou a Arjuna não era seu próprio Svarupa, mas o Svarupa (a verdadeira identidade) do próprio Arjuna e, por conseguinte, de TODOS OS LEITORES do Gita.

Em resumo, leiam o Gita do ponto de vista do Senhor Krishna, como a consciência de Krishna; vocês então compreenderão que o fenômeno não pode ser ‘liberado’ porque ele não tem nenhuma existência independente; é apenas uma ilusão, uma sombra. Se o Gita for lido neste espírito, a consciência, a qual tem se identificado erradamente com o complexo corpo-mente, tornar-se-á consciente de sua verdadeira natureza e se fundirá com sua origem."
Cont...


__________________________________________________
*Diálogos de Nisargadatta Maharaj extraídos do do site Editora Advaita

quinta-feira, agosto 06, 2015

Desfrutando percepções iluminadas

- Núcleo - 


Na postagem anterior, foram feitos os seguintes comentários:

- Visitante Anônimo disse: "Ainda aprecio com a mente. Mas, é muito reconfortante."

- Resposta do Gustavo ao comentário do visitante: "Se a mensagem (de alguma forma) te tocou profundamente, é porque ela surtiu efeito em algum lugar dentro de você que é além da mente. Você está reconhecendo/sentindo a veracidade dessas verdades. E a mentira não pode reconhecer a verdade. Somente a verdade reconhece a verdade. Como diz o texto do Núcleo: Somente Buda reconhece Buda, Somente Deus reconhece Deus. Deus em você já está reconhecendo. Sinta-se realmente reconfortado! Namastê!"

O que se segue são percepções advindas dos comentários acima citados.

Divinos personagens Gustavo e Anônimo,

Esses seus comentários são muito preciosos para enfatizar a revelação divina de Jesus de que “a colheita é agora”. Por isso, permitam-me compartilhar a seguinte percepção que poderá esclarecer a muitos outros divinos personagens como desfrutar percepções iluminadas.

Como exemplo seguem dois ensinamentos que são duas percepções iluminadas [percepções conscienciais compartilhadas por dois divinos personagens despertos]

Disse Jesus: “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.” (Marcos 10: 15)

Disse Masaharu Taniguchi: “A prática da Meditação Shinsokan consiste em acreditar incondicionalmente na revelação divina de que 'o homem é originariamente filho de Deus'; é aceitar essa Verdade com a mente dócil: 'Sim, sou filho de Deus, muito obrigado!'”.

Atentem bem ao que disseram Jesus e Masaharu Taniguchi: “receber o reino de Deus como uma criança” e “aceitar essa Verdade com a mente dócil”.

Receber a revelação divina  como uma criança e aceitar de forma dócil é receber e aceitar sem questionar, sem duvidar; é receber incondicionalmente a revelação divina.

Isto deve ser feito porque a mente [humana] não percebe o real. O grande problema  é que ela não percebe que não percebe...

Assim enquanto os olhos [da mente, que não percebem o real] veem que “daqui a quatro meses haverá a colheita”, Jesus [o iluminado que percebe o real] revela o que deve ser feito pelos que quiserem ver [com a Consciência]: "Abrir os olhos!". Simples assim! Dar foco na visão destes olhos e ver que “os campos estão maduros para a colheita”.

O que diria Jesus ao que diz: "ainda aprecio com a mente"?

Para enfatizar o mesmo ensinamento, Jesus diria algo com o mesmo sentido do que disse aos que (na passagem bíblica) disseram: "daqui a quatro meses haverá a colheita". 

Ele diria: “Você diz: ‘ainda aprecio com a mente’, mas eu lhe digo: Abra os olhos e veja! Pois [a percepção do] reino de Deus está em  vós.”

Abra os olhos e veja! [Abra os da Consciência, os olhos que vêem a Realidade subjacente à aparência]. É simples assim!

Por que não parece ser simples assim? E por que os personagens iluminados percebem de forma tão clara? Simplesmente porque eles não sobrepõem questionamentos, julgamentos e análises mentais às percepções conscienciais!

Os pensamentos que estão na mente se embasam em dados obtidos dos cinco sentidos, pelo uso da lógica, raciocinando sobre esses dados. Porém, os dados captados pelos cinco sentidos não expressam a realidade, mas apenas o que parece ser real.

Elucidou Aquele que na Representação aparece como o divino personagem Dárcio Dezolt:

“Muitas vezes a ilustração do “lápis dentro do copo com água” é encontrada na literatura espiritual. Ela é uma das melhores, por nos deixar conscientes de que “fato é fato” e  “aparência é aparência”. Coloque um lápis perfeito em um copo com água e observe-o pelo lado de fora, ao nível do líquido: o lápis terá a aparência de estar torto e também quebrado em duas partes! Que nos permite tirar, desta ilustração? Que o lápis continua inteiro e perfeito, mesmo enquanto a sua “aparência” estiver sendo a de um lápis imperfeito." [Fonte; http://fachodeluz.blog.br/wp/?p=5350]

Portanto, a mente se embasa em pensamentos, em aparências, mas não em percepções!

Por isso o “slogan” do Núcleo é: Perceba, desfrute e compartilhe.
Atenção! O “slogan” não é: Pense, desfrute e compartilhe.

Assim, enquanto a mente humana pensa que “daqui a quatro meses haverá a colheita”, a consciência divina compartilhada por Jesus revela o que deve ser feito pelos que quiserem perceber  [com a visão da Consciência]: Abrir os olhos [da Consciência] e verem que “os campos estão maduros para a colheita”.

Por isso Masaharu Taniguchi revelou que: “o Segredo da meditação Shinsokan consiste apenas em afirmar para si mesmo, com a mente dócil: 'Sim, sou filho de Deus, muito obrigado'. A pessoa diz mentalmente para si própria 'Você é filho de Deus' e responde 'Sim, sou filho de Deus, muito obrigado' — nisto se resume a Meditação Shinsokan."

Neste ponto deve ser notado o que Aquele que aparece como o divino personagem Gustavo disse: “Se a mensagem (de alguma forma) te tocou profundamente, é porque ela surtiu efeito em algum lugar dentro de você que é além da mente.”

Esse “lugar além da mente” é a percepção iluminada!

Notem que o Gustavo está compartilhado uma percepção consciencial; da mesma forma que Jesus compartilhou uma percepção consciencial; da mesma forma que Masaharu Taniguchi compartilhou uma percepção consciencial; da mesma forma que Dárcio Dezolt compartilhou uma percepção consciencial.

Atentem bem que nenhum deles partiu de um julgamento, ou seja, de uma atividade da mente, de um pensamento, mas sim de “lugar além da mente”, uma percepção que não está distorcida pelas aparências; uma percepção que, mesmo diante da imagem nítida de um “lápis quebrado”, sabe/percebe que o lápis está perfeito! Esta percepção os faz conscientes de que o lápis está perfeito AGORA, não apenas [no futuro] quando for retirado do líquido, ou seja, do contexto que faz com que aparente estar quebrado! Jesus não orou para que os discípulos fossem retirados do mundo, ou seja, do contexto em que se encontravam; Jesus orou ao Pai que eles fossem libertos da visão equivocada. "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.” (Jo 17, 15)

O Gustavo disse: “Você está reconhecendo/sentindo a veracidade dessas verdades. E a mentira não pode reconhecer a verdade. Somente a verdade reconhece a verdade. Como diz o texto do Núcleo: Somente Buda reconhece Buda, Somente Deus reconhece Deus."

Esta é outra percepção iluminada que está sendo compartilhada! Pois somente o real percebe o real! É a percepção da Consciência – a percepção verdadeira - em nós quem percebe a Verdade! Em outras palavras, é a percepção da Imagem Verdadeira em nós quem percebe o Jissô (o aspecto verdadeiro). É a percepção do Buda – percepção búdica - em nós quem percebe a realidade de Buda. Enfim, é somente o “Cristo em nós” quem vai ao Pai; ou seja, é a percepção do Cristo – percepção crística - em nós quem percebe que o reino de Deus está presente em nós AGORA!.

Para finalizar esse comentário, segue-se mais uma percepção iluminada:

Disse o divino personagem Joel Goldsmith: “Quando Cristo se manifestar na consciência individual, aquele Cristo se espalhará como uma tocha ardente de um para outro, até que todo o mundo seja tocado por sua luz, iluminado pelo Espírito Santo, através do estudo da sabedoria espiritual ou pelo contato com um indivíduo iluminado. Quando a consciência individual se acende, a chama se espalha por toda parte, de um para outro, por todo o mundo.” [As Palavras do Mestre. Página 39]

Fazendo o contraponto que proporcionou este comentário, concluiu Aquele que aparece como o divino personagem Anônimo: “ainda aprecio com a mente. Mas, é muito reconfortante.”

Por sua vez, percebendo que esta não é senão uma autêntica percepção conclui Aquele que aparece como o divino personagem Gustavo dizendo: “Deus em você já está reconhecendo. Sinta-se realmente reconfortado!”

Enfim, a tudo devemos dar glória a Deus!

O que percebo e compartilho é que é Ele Quem faz! É Ele Quem nos faz perceber!

É Ele Quem move o divino personagem que aparece como Anônimo e comenta algo;
É Ele Quem move o divino personagem que aparece como Gustavo e compartilha Sua percepção iluminada;
É Ele Quem move o divino personagem que aparece como Jesus e compartilha Seus ensinamentos iluminados;
É Ele Quem move o divino personagem que aparece como Masaharu Taniguchi e compartilha Suas revelações divinas;
É Ele Quem move o divino personagem que aparece como Dárcio Dezolt e compartilha Suas lições reveladoras;
É Ele Quem move o divino personagem que aparece como Joel Goldsmith e compartilha a “pequena voz silenciosa”;
É Ele Quem move todos os divinos personagens que aparecem como você, e como eu, e que nos possibilita desfrutar e compartilhar de Sua percepção iluminada.
Enfim, é Deus Quem age!

É Deus Quem aparece como Seu Filho amado Jesus.

Assim concluo parafraseando a percepção iluminada de Jesus, a percepção do reino de Deus: "Não vem [a percepção do] reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-la aqui! Ou: Lá está! Porque [a percepção do] reino de Deus está dentro de vós.”. (Lucas 17:20-21).

E compartilho esta oração iluminada de Masaharu Taniguchi: 

“Deus é o todo de tudo, Deus é perfeita Vida, Deus é perfeita sabedoria, Deus é perfeito amor. No interior de todas as coisas vive a Vida de Deus, vive a Sabedoria de Deus, vive o Amor de Deus”.

Através desta oração, contemplo concentradamente o mundo da Imagem Verdadeira, no qual as infinitas virtudes de Deus já existem no interior de todas as coisas; e, em seguida, oro: “Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade no mundo físico, assim como no mundo da Imagem Verdadeira”.

E na Meditação digo: “Ó Deus-Pai, que dais vida a todos os seres viventes, abençoai-me com [a percepção do] Vosso Espírito”.

E percebendo que esta oração já foi outrora semeada, a desfruto. E compartilho aquilo que também já foi outrora compartilhado por Jesus, algo de validade atemporal, que é a percepção iluminada de que tudo o que Deus semeou a colheita é agora!

A paz seja com todos.

terça-feira, agosto 04, 2015

A colheita é agora!


- Núcleo -


Jesus disse:

“Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses haverá a colheita’? Eu lhes digo: Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita.” (João 4: 35)

No post anterior cujo título é “Estudo bíblico pela visão do Núcleo”, está escrito:

“… podemos apreender o universo que se apresenta a nós com nossa visão ou percepção mental ou com nossa visão ou percepção consciencial. Nosso propósito nesse estudo bíblico é enfocarmos a visão ou percepção consciencial.”

“… a leitura do ponto de vista mental nos dará um enfoque temporal da mensagem divina, ou seja, uma visão de que as coisas acontecem apenas como a mente concebe a realidade, numa percepção de passado/presente/futuro. Por outro lado, a leitura “consciencial” da mesma mensagem divina nos possibilita uma visão “atemporal”, na qual tudo existe num “eterno presente” 

“Se por um lado podemos perceber algo pela mente ou pela Consciência aquilo que vemos como sendo a realidade que surge diante de nós é completamente diferente! Isto porque o que percebemos com a mente é a realidade aparente… Mas o que vemos com a Consciência é real.”

Na passagem acima citada Jesus está ensinando e ressaltando a diferença entre o que vemos a partir da percepção ou visão mental e o que podemos ver a partir da percepção ou visão consciencial.

É como se Jesus, que a tudo percebe consciencialmente, dissesse: “Vocês, todos os que estão percebendo apenas mentalmente, não dizem: ‘Daqui a quatro meses [ou seja, somente no futuro] haverá a colheita’?

E desfrutando o que percebe consciencialmente, é como se Jesus nos dissesse: Abram os olhos [os olhos da visão consciencial] e vejam os campos! [olhem para a realidade que se desvela a sua frente a partir dessa visão consciencial] Eles estão maduros para a colheita [eles já estão maduros, agora!] .” João 4: 35

E Jesus prosseguiu ensinando que:

“Aquele que colhe já recebe o seu salário e colhe fruto para a vida eterna, de forma que se alegram juntos o que semeia e o que colhe.”

Em outras palavras Jesus está compartilhando a percepção de que para que seja possível colher agora é imprescindível “abrir os olhos” da Consciência e ver que os campos já estão maduros!

Notem que a “visão da Consciência” já está aberta para todos os que se voltam para ela, pois a visão de Jesus, que está sendo revelada por ele mesmo, é a verdadeira visão, é a visão que desvela o real, é a própria percepção do Cristo que Vive em nós, é a Verdade!

Assim, a colheita, ou seja, a percepção que nos faculta desfrutar a graça divina, que está diante de nós e que já foi semeada, só é possível para os que escolhem ver em unidade com o semeador, com  a visão que o semeador – o Cristo em nós – está revelando!

Por isso Jesus diz: “Aquele que colhe [ aquele que colhe agora; aquele que escolhe perceber consciencialmente ] já recebe o seu salário [já desfruta o que percebe; já desfruta a graça, aquilo que foi semeado pelo semeador, o ensinamento, a forma de ver consciencialmente as obras de Deus] e colhe fruto para a vida eterna [colhe, ou seja, desfruta essa visão atemporal da realidade divina, do eterno presente] de forma que se alegram juntos o que semeia e o que colhe [de forma que se alegram juntos, ou seja, de forma que percebem, desfrutam e compartilham em unidade a mesma percepção atemporal da gloria de Deus], portanto, conclui Jesus dizendo: Assim é verdadeiro o ditado: ‘Um semeia, e outro colhe’.

Deus é o semeador, aquele que semeia a percepção consciencial, e os que colhem são os que percebem e agem conforme a percepção divina, a percepção atemporal, consciencial, que já foi semeada pelo semeador divino.

Dando ênfase a importância da ação que resulta dessa percepção Jesus nos inclui em sua ação, em sua obra divina, e faz um convite ao desfrute dessa percepção que nos compartilha [desfrute que se dá através da nossa ação], revelando:

“Eu os enviei para colherem o que vocês não cultivaram. Outros realizaram o trabalho árduo, e vocês vieram a usufruir do trabalho deles”.

“Eu [ou seja, o Semeador] os enviei para colherem [para desfrutarem da percepção consciencial já semeada] que vocês não cultivaram [pois foi semeada por Deus]. Outros realizaram o trabalho árduo [Deus é o próprio Semeador, que aparece como outros], e vocês vieram a usufruir do trabalho deles” [vocês, ou seja, todos os que escolhem usufruir, ver conforme a percepção ou visão que já foi semeada]; não conforme a visão que diz: ‘Daqui a quatro meses haverá a colheita’, mas sim conforme a visão pela qual Jesus já nos disse: “Eu lhes digo: Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita.” (João 4: 35)

Assim seja percebido e desfrutado por todos, pois, a Colheita é Agora!

A paz seja com todos.