"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, janeiro 24, 2014

O significado de "Princípio" da Criação


Masaharu Taniguchi


"No princípio Deus criou o céu e a terra." (Gênesis 1:1)

Para Deus – a Grande Vida, a Suprema Sabedoria – não existe o que se chama princípio. Se houvesse princípio, poderia haver fim; porém, como não existe princípio, também não existe fim. O que aqui é dito "princípio" refere-se ao um. No idioma japonês, o ideograma que indica um lê-se também hajime ("princípio"). Um é o número-base a partir do qual tudo se desenvolve. Não é o um relativo a dois, mas o um global referente à unidade de todas as coisas. Se não existisse o um, nada neste mundo poderia se realizar. Por existir primeiramente o um é que pode vir a seguir o dois. Existindo o um global, pode-se formar a seguir o par. Existindo o absoluto, forma-se o relativo. O um global, absoluto, é aqui chamado de "princípio". Em suma, existe o princípio único, a realidade absoluta, e desse princípio único e absoluto é que se originaram todos os seres.

Uma vez que o princípio é absoluto, tanto Deus como o homem, como o eu, como o outro, como todos os seres criados, são um. É um erro pensar que somos seres separados uns dos outros. Originariamente todos estamos ligados, constituindo o um. Portanto, a afirmação "eu e o outro somos um" é a própria Verdade. E quando se vive segundo essa Verdade, isto é, quando se elimina a discriminação entre eu e o outro, nasce a verdadeira força vivificadora. "Até aqui sou eu, daqui em diante é o outro" – enquanto se fizer essa discriminação, não nascerá a verdadeira força vivificadora. A chamada força vivificadora não é algo que existe no eu e no outro; ela existe onde há união do eu com o outro. Uma vez abolida a discriminação, o homem manifestará em seu trabalho uma força até então nem imaginada.

Tomemos como exemplo um assalariado. Suponhamos que ele pense assim: "Este trabalho é trabalho da empresa, e eu estou apenas vendendo parceladamente, oito horas por dia, a minha vida em troca de um salário". Se ele pensa assim, surge antagonismo entre o trabalho da empresa e a vida do empregado porque existe discriminação, e quando há discriminação aparece uma "fenda" no coração. O empregado pensa: "Este trabalho não é meu; portanto, quanto mais intensamente a ele me dedicar, mais se reduzirá a minha vitalidade e mais aumentará o lucro da empresa; por isso, se eu não trabalhar com moderação estarei me prejudicando". A empresa e o empregado estão divorciados e, havendo um abismo entre eles, a força vivificadora não pode se manifestar plenamente. Porém, se houver harmonia entre o trabalho da empresa e a Vida do empregado, isto é, se houver a conscientização de que originariamente eu e o outro somos um, então se realizará um grandioso trabalho.

Se o empregado pensa que a empresa e ele são existências separadas, achando que se trabalhar demais estará levando desvantagem, surge-lhe o pensamento de que é mais vantajoso vadiar o máximo possível. Consequentemente, começa a pensar e a engendrar como vadiar, burlando a vigilância superior. Na verdade, além do trabalho que lhe foi atribuído, tem de executar o trabalho extra de observar o olhar superior. Nessas condições, embora pense em vadiar o máximo possível a fim de não se prejudicar, só pelo fato de assim pensar sofre um desgaste mental duas vezes maior que as demais pessoas. Portanto, do ponto de vista prático, quem tem desejo de vadiar é o que mais usa a mente. Além disso, uma vez que sua mente é usada para fim escuso, há um certo temor e peso na consciência, o que cansa mais depressa. Consequentemente, quanto mais ele pensa em vadiar, mais se torna propenso a sofrer esgotamento nervoso, do mesmo modo que quanto mais se foge temendo um cão, mais se arrisca a ser mordido por ele, pois esta é a lei da mente.

Porém, se houver, desde o início, a identificação entre o trabalho da empresa e a Vida do empregado, traduzida na consciência de que eu e o outro somos um, o trabalho da empresa será trabalho do empregado, e o trabalho do empregado será trabalho da empresa. Não havendo a mínima discriminação entre eles, não haverá necessidade de a pessoa desviar a atenção para a vigilância superior e será possível concentrar-se mentalmente numa única ocupação.

A concentração mental é um fator muito importante em nossa vida. As recente comunicações do mundo espiritual são unânimes em confirmar que o treinamento no mundo espiritual consiste principalmente na concentração mental. Às vezes, somos tentados a pensar que é por meio do nosso trabalho que a empresa aufere lucros e que nós temos apenas prejuízo. Porém, a empresa lucra somente em dinheiro, enquanto nós, homens, além do dinheiro pelo trabalho executado, obtemos um lucro muito valioso: o adestramento de nossa vida (alma) através do trabalho a nós atribuído. Adestrar a vida significa saber o procedimento correto para que o eu, que à primeira vista parece uma vida pequena e limitada, consiga exteriorizar, cada vez mais, a Vida proveniente da Fonte Inesgotável. Portanto, o que a pessoa diz ser trabalho da empresa é trabalho dela, que faz sua vida se adestrar e desenvolver. Despertando para o fato de que todo trabalho lhe é atribuído para adestrar e desenvolver sua vida, encarando com gratidão esse trabalho e dedicando a ele integral devoção, a pessoa consegue concentrar-se mentalmente. Assim, por mais que trabalhe, não se cansará porque estará manifestando a força infinita que transcende o eu limitado. Nascer-lhe-ão novas ideias em relação ao trabalho e obterá grandes progressos em relação à sua inteligência, afetividade e vida (saúde).

Para manifestar essa força infinita que transcende o "eu" limitado, o único caminho a seguir é despertar para a Verdade primordial de que eu, o outro e o Infinito constituem um só ser. De nada adianta, porém, pensar de modo vago, superficial, que o eu, o outro e o Infinito são um; os resultados concretos somente aparecem quando se desperta para essa Verdade.

O que foi dito acima não se refere apenas à relação empregado-empregador, mas também ao relacionamento familiar. Quando os membros de uma família fazem nítida distinção entre o lucro próprio e o lucro do outro, ocorre maior desgaste mental, e a Vida inesgotável não flui para o interior deles. Tal família apresenta uma tendência à desorganização e não prospera. Quando eu, o outro e o Infinito formam uma trindade, qualquer trabalho que se faça para o outro será trabalho próprio, e o Infinito (Deus) estará dentro da pessoa, manifestando a força infinita. Portanto, por mais árduo que seja, o trabalho não lhe será penoso. Quanto mais difícil o trabalho, maior interesse haverá em transpô-lo. Disso virá o seu progresso.

Em conclusão, tudo tem uma só origem. O princípio é um. Quando se age conforme a Verdade da unidade intrínseca, que é ao mesmo tempo amor e vida, manifesta-se a inesgotável força vivificadora.

Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 11"


6 comentários:

Silvano disse...

Esse texto de Masaharu Taniguchi, transcrito do Capítulo 1, do volume 11 da coleção “A Verdade da Vida”, trata especificamente da “Identidade de todas as Religiões na sua Essência”. Não foi sem um motivo fundamental que o próprio autor o considera “a nata da coleção A Verdade da Vida”!
Esse “motivo fundamental” está expresso na introdução do Capítulo1, cujo título é: “O Gênesis visto através da Seicho-No-Ie”, desta forma:
“Todos os livros sagrados, desde que contenham Vida, foram indubitavelmente escritos sob inspiração.
E o que foi escrito sob inspiração pode ser bem interpretado somente sob inspiração.
Um grande erudito que possui apenas conhecimentos lingüísticos e não tem inspiração, não consegue apreender verdadeiramente a Vida contida nos livros sagrados. Sob inspiração divina, a Seicho-No-Ie capta com clareza a essência dos livros sagrados não somente do budismo, do cristianismo e do xintoísmo, como também de outras religiões, e as reverencia.”
Assim, está claro que “a inspiração” é a chave não somente da recepção da mensagem divina como também é a chave de sua interpretação!
Neste ponto cabe lembrar o que escreveu Masaharu Taniguchi no prefácio do livro “Imagem Verdadeira e Fenômeno”:
“EU orientei, até hoje, numerosos fundadores de religião e diversos filósofos a respeito do significado da vida. Alguns, entre vocês, conseguiram atingir o conhecimento sobre o significado da vida, dedicando-se à leitura de muitos livros, pesquisando teorias de muitos pensadores e criando filosofia própria, fruto da constante busca da Verdade. Entretanto são pouquíssimas as pessoas assim...”
Em seguida, diz:
“EU Me alojo nesses fundadores de religião, nesses grandes sábios e filósofos, escrevendo e pregando para orientar as pessoas. A Verdade não nasce do corpo carnal do homem, nem dos neurônios do cérebro humano. Sou EU que a prego, alojando-ME nos homens (...)”
Eis a Fonte da inspiração!
E prossegue:
“O revelador da Verdade, o verdadeiro fundador de religião, é somente DEUS, que Se encontra no mundo da Imagem Verdadeira. Jesus Cristo disse que `o meu Mestre é exclusivamente o Pai do céu´. Masaharu Taniguchi também diz que `eu não sou o fundador , a verdadeira sede da Seicho-No-Ie encontra-se no mundo da Imagem Verdadeira´”.

Silvano disse...

Esclarece Masaharu Taniguchi que:
“Esse EU é, evidentemente o próprio Deus.”
É evidente que “EU me alojo nesses fundadores de religião, nesses grandes sábios e filósofos, escrevendo e pregando para orientar as pessoas.”
Com também é evidente que: “A Verdade não nasce do corpo carnal do homem, nem dos neurônios do cérebro humano. Sou EU que a prego, alojando-ME nos homens (...)”
Portanto, o EU é a Fonte da inspiração!
Assim, o ensinamento do Núcleo não nasceu da “mente do personagem” que represento; por isso é dito que o Mestre é Deus! E esse ensinamento tem como finalidade compartilhar percepções para despertar as pessoas sobre sua natureza e real identidade.
Esse despertar provém da percepção da Unidade Essencial que subjaz ao “EU”, de “Quem Somos”, do Ser Real; e o “eu” de “quem estamos sendo”, do personagem divino, que estamos representando, de forma consciente ou inconsciente.
Sobre esse despertar Masaharu Taniguchi diz que: “Para manifestar essa força infinita que transcende o "eu" limitado, o único caminho a seguir é despertar para a Verdade primordial de que eu, o outro e o Infinito constituem um só ser.
Em seguida ele diz algo essencial: “De nada adianta, porém, pensar de modo vago, superficial, que o eu, o outro e o Infinito são um”;
No Núcleo é dito que “pensar“ é perceber com a mente e que esta forma de percepção não nos possibilita transcender a própria mente...
Por isso Masaharu Taniguchi enfatiza: “os resultados concretos somente aparecem quando se desperta para essa Verdade.”
E conclui: Quando se age conforme a Verdade da unidade intrínseca, que é ao mesmo tempo amor e vida, manifesta-se a inesgotável força vivificadora.
Foi dito: “Quando se age...”
No Núcleo é dito: “Não há percepção consciencial [ percepção da Unidade] sem ação.”
Sendo que sou EU Quem prego a Verdade, alojando-ME nos homens, a Fonte de inspiração é a manifestação deste EU na forma de percepção da Unidade!
Essa percepção da Unidade é que nos torna conscientes da “Identidade de todas as Religiões na sua Essência”, pois, é o próprio EU o real fundador de todas as religiões manifestando-Se de muitas formas, que são todas as formas de religar, de desvelar a Unidade Essencial entre o “eu” e “EU”.

Silvano disse...

A respeito da Unidade Essencial leia-se neste blog:
http://busca-espiritual.blogspot.com.br/2013/06/prelecoes-nucleares-unidade-essencial-23.html
Em http://busca-espiritual.blogspot.com.br/2013/10/oh-grande-mae.html
foi dito num comentário sobre a natureza e real identidade humana, que:
No livro “Descoberta e Conscientização da Verdadeira Natureza Humana”, página 23 está escrito:
“Para o iluminado inexiste o eu, como também nada existe fora dele.”
Isto significa que: “Para o iluminado {para o Eu do Ser, que é o “Eu” real} inexiste o eu {o “eu” do personagem, que é o falso “eu”}, como também nada existe fora dele {nada existe fora do Ser, fora do “Eu Verdadeiro”}.”
O que não faz sentido para a mente é que a “percepção do personagem”, que vê a representação, não seja real.
Contudo é evidente para a Consciência que a “percepção do personagem” vê a representação, ou seja, o que não é real.
O que ocorre é que a mente percebe a representação como sendo real. E nisto consiste a ilusão, ver algo irreal como sendo real.

O que os ensinamentos espirituais revelam e que tem sido interpretado de forma equivocada é a afirmação de que a realidade humana é uma ilusão.
O que de fato é ilusão é ver a representação como sendo a realidade... Ilusão é ver como real o que não é real.
Contudo a representação existe enquanto representação... Ela se passa “dentro” da própria Consciência, que a concebe. Por isso: “Para o iluminado {na Consciência do Iluminado} inexiste o eu {inexiste a mente do personagem como entidade separada}, como também nada existe fora dele {nada existe fora da Consciência do Iluminado}.”

Sendo a palavra “Princípio” uma referência ao Um sem segundo, ou seja, ao Absoluto, a revelação de que: "No princípio Deus criou o céu e a terra." (Gênesis 1:1) expressa que Deus, ou a Consciência, criou em si mesma tanto a Realidade [céu] quanto a representação [terra].
E todas as Religiões na sua Essência revelam essa real identidade divina!

Templo disse...

Silvano,

Nem sei o que dizer deste comentário. Apenas que gostei muito das palavras que foram aqui compartilhadas; elas são sementes e frutos para boas reflexões! E percepções!

Muito grato pelos esclarecimentos!

Grande Abraço!
Namastê!

SERgio disse...


Outro comentário "Espirito"!...
Escusado dizer algo do seu princípio e meio.
Mas sim de seu final:
(...)"Sendo a palavra “Princípio” uma referência ao Um sem segundo, ou seja, ao Absoluto, a revelação de que: "No princípio Deus criou o céu e a terra." (Gênesis 1:1) expressa que Deus, ou a Consciência, criou em si mesma tanto a Realidade [céu] quanto a representação [terra]" (...)

Verso no Uno/Uno como o verso;
Ondas no Oceano/Oceano como ondas;
Imagens na Tela/Tela "aparecendo como" imagens.

Reverências!

Templo disse...

Meu Amigo SERgio,

Grato por sua presença, e por seus comentários sempre poéticos e versáteis! rsss

Reverências!