"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, agosto 31, 2018

O Eu Místico - 11/12

- Joel S. Goldsmith - 


O Eu Místico

CAPÍTULO 11
UM ATO DE ADORAÇÃO E O DESFRUTE

Vivemos, nos movemos, e temos nosso ser num mar de Consciência, um oceano infinito de Consciência, derramando-Se do Eu como (e através de) nossa consciência individual, e aparecendo externamente como forma. Desde que o sentido de "eu" ou "meu" não entre interferindo no caminho, o ritmo daquela Consciência continuará a se desdobrar harmoniosamente. As aparências, as formas exteriores serão harmoniosas, e nós estaremos vivendo a Vida Espiritual, vivendo na Quarta Dimensão da vida.

Se violarmos uma lei moral ou espiritual, teremos acionado a lei cármica, a lei que diz que "o que for semeado é o que será colhido". Mais cedo ou mais tarde, o nosso erro vai nos encontrar e exigir o pagamento. Isto viremos a considerar como punição, quase como se fosse castigo de Deus. De fato, a maioria das religiões ensina que a punição é de Deus.

Quando o mundo aprende a verdade que é revelada no livro "O Trovejar do Silêncio" (obra do autor), descobre que isso não é verdade. Qualquer punição que recebamos não é castigo de Deus mais do que acreditar que "duas vezes dois é cinco", e depois pensar que quaisquer efeitos desagradáveis dessa crença errônea sejam uma punição de Deus. O castigo não é de Deus: decorre inteiramente da nossa ignorância; e a punição termina no próprio momento de nossa iluminação.

Enquanto continuarmos a viver como seres humanos, não há a revogação da lei cármica, mesmo que tenhamos de esperar dez gerações. A lei cármica, no entanto, é anulada a qualquer momento em que retornamos ao ritmo do universo, sintonizando-nos com ele, e andando em obediência aos dois grandes mandamentos: "Amai ao Senhor Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma, e com toda a tua mente", e "Ama ao teu próximo como a ti mesmo".

Esses dois mandamentos não são fáceis de seguir. A maioria de nós descobriu que é impossível amar o Senhor nosso Deus de todo o coração e com toda nossa alma, e é ainda mais impossível amar ao próximo como a nós mesmos. Pessoalmente, eu acho que, se alguém alega que está fazendo isso, ele está mentindo, exceto sob uma condição, a saber, se ele realmente souber o significado de amar a Deus, e se ele realmente souber o significado de amar seu próximo.

"Amar a Deus" e "amar o próximo" não têm nada a ver com qualquer emoção. Nenhum destes comandos tem a ver com amor em qualquer forma que humanamente possamos entender por amor, a menos que possamos traduzir a palavra "amor" em obediência à lei.


Vivendo a Partir da Onisciência, Onipotência e Onipresença

"Amar ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente" significa reconhecer Deus como Onisciência, o que significa aprender a abster-se de pedir algo a Deus ou de dizer o que Ele deveria fazer, ou exigir algo de Deus. Significa observar o Silêncio na presença de Deus e aceitar Deus como Onipotência. Nunca devemos buscar o Poder de Deus, pois, com a realização da Onipotência e Onipresença, não há tempo nem lugar em toda a História onde um poder foi ou seja necessário.

Há uma exigência de silêncio para se estar na Presença de Deus. No reconhecimento da Onisciência, há uma exigência de silêncio. No reconhecimento da Onipotência, há uma exigência de silêncio. No reconhecimento da Onipresença, também é exigido silêncio de nossa parte. A única forma de oração aceitável para Deus é o silêncio absoluto, um relaxamento e uma convicção de Deus como Onisciência, Onipotência e Onipresença. Para trazer à tona a Graça de Deus – a Glória e a Perfeição de Deus –, é necessário estar quieto, a fim de que o ritmo do universo possa fluir dessa quietude como harmonia.


Unindo Todos os Homens na Casa de Deus

Você logo verá verá o quanto um ato de compromisso é capaz de fazer cessar seu apego aos pensamentos, a fim de que você seja capaz de abster-se de lembrar a Deus das suas necessidades, ou de procurar a ajuda ou a força de Deus. Isso também é um ato de compromisso – um ato difícil, muito difícil. Mas, assim como entrar no Silêncio (ou na Presença de Deus) é um ato de compromisso, "amar ao teu próximo como a ti mesmo" também é, e para que esse ritmo do universo possa surgir como harmonia, esse ato adicional de compromisso deve ser realizado.

O significado de "amar ao teu próximo" não é muito difícil de entender. Em sua essência, acaso não significa quebrar as barreiras das relações familiares, nacionais e religiosas, e a consequente união de todos os homens na casa de Deus? Acaso não implica na ruptura de todos os preconceitos nacionais, raciais e religiosos e convergência para a família única de Deus, o Pai de todos?

Se estamos fornecendo comida para outras nações, mesmo as inimigas, ou contribuindo para a educação de outras crianças que não as nossas, ou fazendo qualquer outra coisa pelos nossos semelhantes com uma natureza desinteressada – esse é o ato que prova a nossa aceitação do mandamento de amar ao próximo como a nós mesmos. Esse é o ato de compromisso que confirma nosso acordo interior. Quando esse ato é concluído, estamos em obediência à lei de Deus, e somos filhos de Deus; e agora, o ritmo de Deus pode fluir através de nós sem interrupção, sem se deter em barreiras, sem ser desviado, e nós podemos nos voltar para a contemplação.


Reconhecendo Nosso Próximo Como Nosso Eu

"O mundo é renovado para cada alma, quando Cristo entra nela". O mistério sempre foi: quando o Cristo entra em nossa alma? Como trazemos o Cristo à tona em nosso interior? E aqui temos a resposta. Cristo entra no momento em que a nossa consciência é purificada da sua crença em dois poderes, expurgada do ódio, inveja e ciúmes que mantêm o homem separado do homem. Tão logo o ritmo do universo esteja funcionando dentro de nós, o Cristo entra em nossa alma e o mundo se torna novo, porque estamos não apenas amando o nosso próximo, mas estamos amando nosso próximo concretamente, e ao fazê-lo, o nosso próximo é impelido a nos amar. Assim, privamos o nosso próximo da capacidade de não nos amar.

Humanamente, parece que não temos o poder de privar os outros do seu poder de nos ferir; mas, sim, nós temos, nós temos. Fazemos com que seja impossível sermos mal compreendidos ou maltratados porque há apenas um Eu, e aquele que aparece como a consciência de meu ser, aparece também como a consciência do seu ser, em razão do nosso reconhecimento de um único Ser. No momento em que eu amo ao meu próximo como a mim mesmo, faço com que a consciência do meu próximo e a minha consciência sejam uma única e mesma Consciência, respondendo, portanto, à mesma influência.

Ao amar ao meu próximo como a mim mesmo, eu privo este mundo da sua capacidade de enviar armas contra mim. Mas isso também é um ato de compromisso  não um ato de compromisso fugaz que, por ter sido honrado hoje, me isentará para sempre de futuras responsabilidades. Não. É um ato de compromisso que acontece não apenas todos os dias de nossa vida, mas geralmente muitas vezes a cada dia. Todas as vezes que encontramos uma pessoa, ela nos obriga a outro ato de compromisso, porque o mesmerismo humano é tal que nós automaticamente estabelecemos um indivíduo como separado daqueles aos quais estávamos previamente comprometidos.


Atos Contínuos de Compromisso Aceleram a "Morte" do Sentido Pessoal

Claro, você vê que em última instância a solução para tudo isso consiste em "morrer diariamente" para aquele senso pessoal de "eu"; mas não acredite, nem por um momento, que você pode "morrer" completamente para essa palavra "eu". Parece que isso é uma impossibilidade neste plano. Pode vir um momento em que o Cristo será erguido tão alto em nossa consciência que o pequeno "eu" desaparecerá, mas se isso alguma vez já aconteceu, nós não temos registro disso.

Sabemos que o sentido pessoal do "eu" estava presente com Jesus quando estava apregoando contra os oficiais da igreja e os cambistas, contra aqueles que ocupavam altas posições, bem como àqueles que exigiam sacrifício de animais. Sabemos que o sentido pessoal de "eu" estava lá quando perguntou a seus discípulos: "Não podereis vigiar comigo uma hora?"

Portanto, enquanto durar a nossa estadia neste mundo, é muito improvável que morreremos inteiramente para o sentido pessoal do "eu"; mas nós podemos minimizar os efeitos do sentido pessoal do "eu" mediante contínuos atos de compromisso de "amar a Deus de todo o nosso coração, alma e mente" e de "amar aos nossos próximos como a nós mesmos".


Uma Razão Para a Nossa Fé

Enquanto continuamos a fazer isso e descansamos no Silêncio da Presença de Deus, o ritmo flui em nossa experiência. No entanto, não cometa o erro que muitos daqueles no caminho espiritual cometeram: não se deixe levar pela fé cega. É certo ter fé em que "duas vezes dois" são "quatro", ou ter fé que "H2O" é água, mas não tenha fé em "algo que você não conheça", pois isso é perigoso.

Portanto, quando você está no Silêncio da Presença de Deus, e você está esperando este ritmo de vida fluir através de sua consciência como harmonia para o mundo exterior, tenha certeza de que você possui uma razão para a sua fé. Essa razão é que chegamos ao conhecimento de que esse Eu é o Nome de Deus. Chegamos a uma constatação, e é por isso que podemos ficar tranquilos, sabendo que Eu no meio de cada um de nós é Deus.

Então percebemos por que é verdade que "Eu tenho o maná escondido", por que "Eu tenho o alimento que o mundo não conhece": tenho a fonte, o manancial, o armazém que Eu Sou. E, porque a infinitude da vida, a imortalidade da vida é armazenada no Eu que sou, posso me aquietar e deixar esse ritmo fluir, indo à minha frente para aplainar lugares tortuosos, andando ao meu lado e atrás de mim, e aparecendo, conforme necessário, como nuvem durante o dia, ou como uma coluna de fogo à noite; como uma viúva pobre a compartilhar o que possui, como bolos cozidos achados em uma pedra, ou como a multiplicação de pães e peixes.


O Milagre É o Silêncio

Aqui novamente repito uma lição anterior: não acredite que há performadores de milagres sobre a terra  que "qualquer homem" pode multiplicar pães e peixes, fazer o maná cair do céu, ou extrair água da rocha. Não há provisão em todo o reino de Deus para tais coisas. Aquiete-se e saiba que Eu posso te dar água. Esse Eu, lembre-se, é a Presença de Deus diante da qual ficamos em silêncio. Apenas saiba que Eu posso multiplicar pães e peixes, e que este Eu é a Presença diante da qual ficamos em completo silêncio. Então nós podemos testemunhar como os pães e os peixes são multiplicados. Podemos contemplar águas vivas fluindo, águas curativas. Nós podemos contemplar a Palavra de Deus revelando-se como pão, alimento sólido e vinho. Podemos ver a Palavra de Deus aparecendo externamente, como uma atividade da Graça Divina.

Mas apenas lembre-se disso e nunca se esqueça: nenhum homem na face do globo pode realizar um milagre, exceto o milagre do Silêncio. Para a maioria de nós, isso em si é um milagre  se nós formos capazes de fazê-lo. Fique quieto pelo intervalo de um segundo, e então você verá o Eu, que não usamos ou manipulamos, mas que contemplamos na quietude, em silêncio. Este Eu aparece externamente como harmonia em nossa experiência. Ele também aparece como um Poder que fecha a boca do leão e detém os Pilatos deste mundo.

Quando a Escritura diz: "maior é Aquele que está em vós do que aquele que está no mundo", você consegue ver exatamente o quão maior, quão mais poderoso? O poder de Deus está dentro de nós, e Sua fortaleza pode ser trazida para o reino exterior pela nossa tomada de atitude como contempladores, ficando completamente quietos na Presença do Eu que somos.


A Lei Cármica é Rompida Quando o Sentido Pessoal é Retirado

É contra esse Eu que os nossos pensamentos colidem, quando a nossa parte humana se entrega aos ódios humanos, amores e medos humanos, às dúvidas e à ignorância humana. Quando eles colidem contra esse Eu, ricocheteiam de volta como aquilo que nós chamamos de punição. É isso punição, ou é apenas o erro natural nascido de outro erro?

A lei cármica, a lei do "colher o que plantou", é posta em movimento, sempre que os sentimentos humanos colidem contra a realidade espiritual do Eu que eu sou. No momento em que mantemos um pensamento errado ou performamos uma ação errada, isso atinge a nossa própria integridade espiritual interior e volta refletido para nós. Como os resultados nem sempre são visíveis no momento, às vezes pensamos que podemos escapar deles, mas inevitavelmente eles nos alcançam, e então depois nos perguntamos: "Por que sofro com isso? Por que isso tem que acontecer comigo?". Nós esquecemos a lei que pusemos em movimento, violando a nossa própria integridade espiritual. Felizmente, podemos corrigir isso a qualquer momento, retirando o sentido pessoal do "eu" que se entrega a amores, ódios ou medos, e tornando-nos contempladores ao estar na Presença do Espírito, o Eu que está dentro de nós. Isso nos absolve de todos os nossos erros e castigos.


O Perdão Vem Quando o Eu Dissolve o Sentido Pessoal

Não há necessidade de pedir perdão por nossos erros, porque há essa integridade do Eu que tudo sabe, e Ele já sabe se o outro "eu" foi dissolvido. Quando uma nuvem obscurece o sol, o sol não alcança a terra, mas quando a nuvem se dispersa, o sol volta a brilhar na terra. Acaso o sol sabia que a nuvem estava lá para impedir que ele alcançasse à Terra? Alguma vez o sol parou de brilhar?

O mesmo ocorre com o Eu no centro do teu ser e do meu ser: Ele é a nossa integridade espiritual individual, sempre brilhando. Eis que, então, uma nuvem fica no caminho. E qual é a natureza dessa nuvem? É o sentido pessoal, o sentido humano do "eu". Mas essa integridade infinita que é minha, que Eu Sou, permanece brilhando, e, no curso do tempo, conforme a Escritura diz: "todo joelho se dobrará", e isso significa que toda nuvem eventualmente deve ser dissipada.

A Luz que Eu Sou dissipa todo o sentido pessoal, e então "a glória que eu tive contigo antes que o mundo existisse" está em plena evidência para o mundo, e o mundo diz: "esta é a Glória do Senhor!". Mas o Eu que nós somos não toma conhecimento de que está queimando a negatividade do sentido pessoal – a minha e a sua – que nos entretém. Ele nem sabe. Nossa integridade espiritual está apenas brilhando, e mais cedo ou mais tarde essa negatividade se evaporará, e o Eu que nós somos nem sequer saberá que houve um sentido pessoal do "eu" para ser perdoado. Não adianta dizer: "Por favor, me perdoe", porque enquanto houver um "eu" para pedir perdão, não há verdadeiramente perdão, mas quando um coração desejoso se prostra ardentemente para receber o perdão, então há o motivo certo para que ocorra o processo de purificação.

Honramos a Deus e honramos a nossa integridade espiritual quando, em vez de pedir perdão ou favores, nos aproximamos de Deus com um dedo de silêncio nos lábios e na mente: indo a Deus sem pensamentos, sem desejos, indo para este centro dentro de nós mesmos, no Silêncio, no qual podemos ouvir "a voz pequena e silenciosa", mesmo quando ela estiver sussurrando bem baixinho, quase silenciosamente.


O Amor de Deus Não Pode Ser Canalizado

O ouvido atento é a nossa atitude na oração e na meditação: é necessário que possamos ouvir, não que sejamos ouvidos  apenas que possamos ouvir, a fim de podermos receber as impartições do Espírito a partir de dentro. Fazemos isso com o pleno conhecimento de que não vamos receber a Graça de Deus para qualquer propósito ou uso pessoal, mas apenas para o que for para o benefício de todos. Quando orarmos pela Graça de Deus, rezemos por ela como sendo uma benção universal, para que o Reino de Deus seja estabelecido na terra assim como já o é no Céu; pois, independente do que pensemos, dissermos ou fizermos, será assim. Não será de outra maneira. Ninguém pode canalizar o Amor de Deus para 'esta' ou 'aquela' nação, para 'esta' ou 'aquela' família, para 'esta' ou 'aquela' pessoa. O Amor de Deus não pode ser canalizado: o Amor de Deus é tanto para os justo quanto para os injustos.

Jesus não podia condenar ninguém por seus pecados, pois sabia que eles eram resquícios do sentido pessoal de "eu". Por outro lado, ele não podia tolerar ninguém chamando-o de bom, exatamente conhecer a Fonte de onde procedia aquele bem, e certamente Jesus teria desaprovado alguém que exaltasse as suas grandiosas performações milagrosas, como a multiplicação de peixes, pois Ele sabia que nenhum homem é um milagreiro.


O Perdão Vem em um momento de Compromisso

Deus não concedeu a ninguém a capacidade de operar milagres, mas o homem, em seu Silêncio, torna-se uma transparência para o próprio Espírito Milagroso, o Autor dos milagres. Sem isso, afloraria no homem um egoísmo ao ponto de negar o Espírito interior, obstruindo (às vezes para sempre) a Sua manifestação. 

Se alguma vez fôssemos convencidos a acreditar que o homem mortal é ou pode ser espiritual  ou que o homem mortal é ou pode ser o Filho de Deus , então seguiria toda a variedade de estupidez que faz as pessoas acreditarem que podem ir para a igreja nos domingos, e serem perdoadas através de algum "hocus-pocus", e em seguida reiniciarem os seus malfeitos no dia seguinte, ainda carregando consigo as suas faltas de caridade, a falta de benevolência, de perdão e de fraternidade. Como elas poderiam então serem purificadas?

Os hebreus ensinaram, e ainda ensinam, que há um dia do ano em que, ao realizarem as práticas/rituais designados para aquele dia, eles são perdoados. Mas isso é impossível. Ninguém é perdoado enquanto mantém sua consciência em dessemelhança com Deus. Tal consciência não pode ser perdoada: tem que ser abandonada... Quando ela  a consciência separada de Deus  é abandonada, ela não mais existe; e porque não existe, não precisa ser perdoada. Portanto, o único perdão é quando o Espírito transcendente entra e nos purifica, e isso não precisa ocorrer em um determinado dia do ano. Acontece em um determinado momento, e geralmente num momento de compromisso.


O Poder Não Está nas Palavras, mas na Consciência

Não dependa de palavras, mantras ou orações. Se as palavras e os pensamentos vêm, eles nada mais são que ferramentas  ferramentas de trabalho. Mas o poder está na Consciência, através da qual as palavras vêm. Deus é a Consciência individual. É por isso que nos sentamos em Silêncio, com a disposição de "ouvir", sem palavras e sem pensamentos, na presença do Eu que Eu Sou. De dentro dessa Consciência serena vem a Palavra que é Poder. Ela pode Se expressar como um grande número de palavras e de pensamentos, mas não se apegue às palavras e aos pensamentos, porque então você perde o poder.

Aprenda a sentar-se em uma atitude de respeito, amor e gratidão, diante da porta de sua própria Consciência. Ah sim, lembre-se disso: "Eu estou à porta de sua consciência. Estou de pé à porta, e bato." Você não percebe que Eu somente posso entrar quando você se acomoda em uma escuta pacífica e silenciosa, diante da porta de sua própria consciência? Não cometa o erro de adorar a consciência de alguém, alguém do passado, presente, ou esperado para o futuro. Aprenda a compreender que "Eu estou à porta de cada consciência", santo ou pecador, e com você aprendendo a sentar-se em silêncio respeitoso, vou abrir-Me a você, vou revelar-Me como Poder, Presença, como alimento, vinho e água.

As palavras que você pensa nunca multiplicarão pães e peixes. Os pensamentos que você pensa nunca curarão ninguém de seus males. O poder está na Consciência, e quando Ela anuncia a Si mesma, a terra derrete. Deve haver um "você" e um "eu" sentados aos pés do Mestre. Mas sentado "onde" aos pés do Mestre? Sentados dentro de nossa própria Consciência, em silêncio, em segredo, não dizendo a ninguém o que estamos fazendo, e ali recebendo o pão, o vinho, o alimento, a água e a Palavra.


Ouvir É a Atitude Correta Para a Oração

Não há Deus e o homem. Não há Deus lá "no alto" ou lá "fora" respondendo a qualquer oração, e tenha a certeza de que não há Graça de Deus para o erro. Orar pela graça de Deus, enquanto ainda se é indulgente e conivente com o sentido pessoal do "eu" e do mundo, é como pedir aos analfabetos que trabalhem na resolução de um problema de matemática avançada. 

É inútil tentar reivindicar a espiritualidade para si mesmo; é inútil tentar reivindicar a Natureza Crística ou a Natureza Divina para si mesmo. A melhor abordagem para a vida espiritual é sentar-se no Silêncio, diante de sua própria Consciência, e deixar a Voz dizer quem você é, o que você é, quando, onde, como, quão muito, quão pouco, e por quê.

Não faça reivindicações para si mesmo, já que essas reivindicações não poderão ser mantidas perante a sua Integridade interior; elas farão de você um mentiroso. Mantenha o dedo nos lábios: "Se eu sou um santo, tudo bem, Deus assim o fez; se eu sou um pecador, é muito ruim, não posso evitar; mas em qualquer caso, santo ou pecador, deixe-me apenas sentar-me aqui aos pés do Mestre, no interior de mim, e deixe que o Pai revele a mim a minha identidade, a natureza do meu ser. E, como a Luz do mundo, deixe o Pai penetrar por entre as nuvens que se interpõem entre mim e a demonstração espiritual".

Silenciosa, sagrada e secretamente, sem se fazer notado pelos homens, sem agir externamente como se fôssemos diferentes das demais pessoas, mas interiormente sempre sentados aos pés do Mestre, deixamos que a nossa oração seja: "Fala, Senhor, pois o teu servo ouve". O efeito dessa oração é que o Senhor não expõe a nós as nossas faltas, mas o Senhor as dissolve. Em todos os anos de meu ministério de ensino e cura, Deus nunca me apontou um erro sequer de alguma pessoa. Eu testemunhei um grande número de erros serem dissolvidos em outras pessoas, assim como em mim mesmo, mas nunca ouvi Deus me dizer que alguém estava errado.

Falar a Deus e enviar pensamentos a Deus é uma pura perda de tempo. Qualquer coisa que possamos dizer ou pensar estaria destinada a colidir contra a nossa integridade espiritual interior, porque a Verdade não está em nós como seres humanos. Mas para mantermos uma completa atitude de receptividade à Palavra que é impartida sobre nós, a atitude deve ser outra, isto é, a atitude de escutar; essa é a atitude da oração, da meditação, da cura, a atitude de ser um observador ou testemunha dos milagres de Deus. Sei que, mais e mais, a literatura oriental será lida com o passar do tempo, e que mais e mais auto-ilusão ocorrerá devido a interpretações errôneas, por se acreditar que no mundo existem operadores de milagres, mas operadores de milagres não existem. Qualquer pessoa através de quem ocorram milagres nada mais é do que uma transparência para o Espírito que opera o milagre. Isso é tudo.


Nenhum comentário: