- Joel S. Goldsmith -
O Eu Místico
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 9
O TEMPLO QUE NÃO É FEITO POR MÃOS
Dentro de cada pessoa há a Identidade Crística, o Eu real. O objetivo do caminho espiritual é atingir a união consciente com esse Eu, isto é, atingir a realização do Cristo como a nossa Identidade. Isso requer de nós "morrer diariamente" para a nossa parte humana – que é a parte exterior –, a fim de que possamos renascer como essa Verdadeira Identidade. "Morrer" para o sentido limitado de nós mesmos e renascer como nosso Eu perfeito, o Cristo-Eu.
Por outro lado, se pudermos superar o senso humano de "eu", se pudermos "morrer" para ele, se pudermos deixar de lado esse eu humano com a sua crença no bem e no mal, despertaremos para a nossa Verdadeira Identidade. Então para nós não haverá mais a questão de ter que demostrar uma cura ou o bem na vida de um pessoa ou na nossa.
Por outro lado, se pudermos superar o senso humano de "eu", se pudermos "morrer" para ele, se pudermos deixar de lado esse eu humano com a sua crença no bem e no mal, despertaremos para a nossa Verdadeira Identidade. Então para nós não haverá mais a questão de ter que demostrar uma cura ou o bem na vida de um pessoa ou na nossa.
Dentro de cada um de nós habita o Eu perfeito que nunca pecou, que jamais decaiu do céu, e que, portanto, nunca poderá ganhar ou entrar no céu. Este Eu perfeito já é o estado do céu; já está vivendo a vida perfeita, a vida espiritual, a vida do Cristo que nunca pode ser crucificado, que nunca poderá ser ressuscitado, e que nunca poderá ascensionar. Ele já é o Eu Perfeito, o Filho de Deus, ou o Cristo dentro de nós. Este Eu foi chamado de o "maná escondido", a "pérola de grande valor", o manto da imortalidade.
Esse Filho de Deus é você; e também sou eu. Na verdade, Ele é o nosso Eu. Não é necessário consertá-Lo; nós não temos que demonstrar nada para Ele; nós não necessitamos curá-Lo; nós não podemos sequer fazê-Lo progredir ou evoluir. Nós podemos, contudo, trazer à nossa experiência a Luz deste Eu perfeito – o nosso Eu Crístico. Mas, a fim de conseguirmos isso, nós não entramos em meditação com a ideia de lidar com um problema exterior, pois o nosso objetivo espiritual não é desenvolver um "eu" que se tornou livre de problemas, mas sim "morrer" para esse "eu" que os tem ou não os tem, e renascer para o nosso Ser já perfeito.
Para Ajudar Espiritualmente, Rejeite Todos os Conceitos
Quando entramos em meditação, não podemos levar conosco qualquer pensamento sobre o problema. Isso aplica-se a qualquer pessoa ou situação. Por exemplo, se tivermos filhos ou netos, e quisermos ser de alguma ajuda para eles, não faremos isso dando-lhes algum conselho ou ensinamento exterior, mas sim mediante a nossa realização interior; e assim devemos compreender que temos de afastá-los do pensamento. Não consideremos eles em nossos pensamentos como se fôssemos melhorá-los, ou como se fôssemos ajudá-los; ao invés disso, logo ao sentarmos em meditação, perceberemos instantaneamente que:
"Não há nenhum indivíduo tal como eu vejo com os olhos da minha mente. Não existe um tal 'eu', não há uma tal pessoa, porque aquele conceito que a minha mente está vendo (criando) não é a imagem e semelhança de Deus. Isso não é criado por Deus; é o falso senso do 'eu' com o qual estou me entretendo ao olhar para essa criança.
A verdade real é que Deus criou este filho à Sua própria imagem e semelhança, como puro Ser Espiritual – a própria manifestação do Ser de Deus expressa como esta criança, a própria Imortalidade sendo expressa como esse ser individual –, ela é a Totalidade de Deus revelada como esse indivíduo, não criado, mas revelado; ela é o Eu de Deus a incorporar apenas as qualidades de Deus, e corporificando todas as quantidades de Deus.
"Filho, tudo o que tenho é teu..." – tudo, e não apenas um pouco dEle. Deus não pode ser dividido, de modo a ter uma pequena quantidade de Si colocada nesta criança. Toda a natureza de Deus, toda a natureza espiritual, está sendo expressa como este indivíduo – toda a natureza de Deus, toda a natureza espiritual, toda a natureza incorpórea, toda a natureza eterna e imortal de Deus está agora 'aparecendo como'.
Minha função, então, é familiarizar-me com esta criança do modo como ela realmente é, ao invés de continuar a vê-la como uma identidade humana. Eu permito a mim mesmo esquecer a imagem (conceito) que criei desta criança, e permito-me conhecê-la. Agora apenas comungo com esta descendente de Deus e a conheço como realmente é.
Eu rejeito todos os meus conceitos prévios sobre esta criança. Não tenho interesse na opinião do mundo sobre ela, nem mesmo na opinião dela própria sobre si mesma. O que eu estou procurando agora é que Deus revele a mim o nome e a natureza desta criança, que Ele revele a mim a Verdadeira Identidade desta criança".
Levante o Filho de Deus
Você notará que não nenhum dos problemas da criança foi considerado em nosso pensamento; nenhum pensamento sobre o corpo ou a mente da criança. Tudo que nós estamos celebrando é a imagem e semelhança de Deus que a criança está manifestando: a natureza espiritual de Deus em toda a Sua plenitude. Nós não sabemos o que é essa descendência espiritual, ou o como é essa descendência espiritual, mas em nossa meditação, estamos pedindo a Deus para revelar o seu nome, sua natureza e identidade para nós.
"Não estou lidando com uma criança bondosa ou uma criança maldosa; eu não estou a comungar com uma criança inteligente ou uma criança não tão inteligente: eu estou comungado agora com o Filho de Deus, o Santo de Israel, o Eu Perfeito, o Cristo de Deus, com a descendência espiritual de Deus.
Seu corpo não é físico. Não sabeis que o vosso corpo é o Templo de Deus, e que Deus está nesse Templo, espiritual, harmonioso, inteiro? Sois o Perfeito de Israel, o Perfeito da Família de Deus. Este é o Ser que estou conhecendo; e é com Ele que estou me comunicando.
A terra que você deve habitar não é um país com uma bandeira. Teu é o Reino de Deus. Teu é o Reino espiritual, que é povoado com o próprio Ser de Deus, infinitamente manifestado, a Vida de Deus infinitamente vivida. Tua família não é de pais, irmãos e irmãs humanos. Tua família está na Casa de Deus, no Templo de Deus".
Podemos meditar por nossa esposa ou marido, mãe ou pai, irmã ou irmão, ou para nosso vizinho: o vizinho que habita ao nosso lado, ou o vizinho que mora do outro lado do oceano. Inicialmente, nossa meditação pode ser para todos os nossos vizinhos amigáveis, e então podemos passar a orar pelos nossos vizinhos hostis. Mas em qualquer caso não estaremos meditando para mudar a humanidade do mal para o bem, nem para convertê-la de doente em sadia, ou da pobreza à riqueza. Em cada caso, estaremos meditando para conhecer verdadeiramente o nosso próximo: o próximo que devemos amar e que, no cenário humano, achamos, às vezes, que é impossível amar.
Em minha verdadeira identidade, Eu sou aquele Cristo, aquele Perfeito que você é. Mas se eu olhar para mim mesmo da forma como eu pareço ser, eu sei quão rápido eu falharei. Independentemente de onde eu humanamente possa estar no Caminho Espiritual, "eu" estou muito, muito distante do meu Estado Crístico, e isso eu sei melhor do que ninguém. Se você não sabe isso sobre si mesmo, é hora de acordar e perceber que sua humanidade não é a manifestação e a plenitude do que espiritualmente você realmente é, assim como a noite não é como o dia. Você, de fato, nem conhece a natureza do seu Verdadeiro Ser. O único guia/parâmetro espiritual que você possui é um estado de boa humanidade, mas isso não é o suficiente, porque nem mesmo a melhor humanidade possível tem sequer um traço espiritual nela.
Vá Além da Demonstração de uma Boa Humanidade
Você deve ir além da humanidade. Você deve ir além da melhor humanidade jamais conhecida para poder encontrar a Identidade Espiritual. Você tem que ser capaz de apagar do seu pensamento as suas qualidades mais amorosas, mais generosas, mais amigáveis. Tudo isso precisa sair a fim de que você possa dizer: "Ah, sim, mas como é a Identidade Espiritual? Como é o Ser Espiritual? Estou tentando descobrir o que o Mestre quis dizer, quando declarou: 'Eu vos dou a minha Paz'. Que tipo de Paz nossa Identidade Espiritual pode dar? Que tipo de Paz é essa?"
Você deve pensar além da demonstração de uma humanidade saudável, uma humanidade rica, ou uma humanidade feliz. Você deve perfurar o véu da ilusão que o separa da realização de seu Eu imortal, o seu Eu Crístico, sua Identidade Real, o Eu perfeito que você é – que não tem qualidades de boa humanidade ou má humanidade.
Novamente chegamos à palavra "eu" e aos dois modos possíveis de usá-la. Existe o "eu" que diz respeito à nossa humanidade. Esse é o "eu" que tem problemas e que está sempre buscando superar alguma coisa. Mas há aquele outro Eu que nunca teve um problema, que nunca nasceu e que nunca morrerá. É o Eu que Eu Sou, o Eu que constitui a nossa identidade espiritual, que está sob a Lei de Deus. É o Eu que espiritualmente somos, e que vive pela Graça; e sempre que em meditação pensarmos em nossos filhos, em um paciente, em um estudante ou em um membro de nossa família, é com esse Eu que estaremos comungando e celebrando. Não é nosso objetivo comungar com a humanidade dessas pessoas. Nós não temos interesse nisso, seja ela boa ou ruim. Estamos buscando entrar em comunhão espiritual com o Cristo deles, com cada Ser Perfeito que está escondido atrás de suas aparências externas.
Deixe "eu" "Morrer" para que Eu Possa Ser Revelado
Se, ao meditar, eu pensar em mim mesmo ou em um ser humano que eu gostaria de curar, enriquecer ou fazer feliz, então estou de volta ao mundo metafísico, e provavelmente até mesmo ao estado psicológico ou psiquiátrico do mundo, que tem como objetivo melhorar um ser humano, mas geralmente o seu benefício não é permanente. Mas se eu estou no Caminho Espiritual, eu vou para dentro e deixo ir esse eu humano – esse sentido humano de "eu" –, e me recuso a fazer qualquer tentativa de melhorá-lo, curá-lo, corrigi-lo, purificá-lo ou enriquecê-lo. Eu ignoro as aparências e permaneço neste Eu:
"O Eu que Eu Sou tem domínio espiritual. O Eu que Eu Sou vive pela Graça e é Um com a Graça de Deus. Eu já tenho o pão; Eu já tenho a totalidade da harmonia espiritual, da Graça espiritual, da Vida espiritual e do Amor espiritual. Eu já sou o alimento, o vinho e a água.
Eu já sou a Ressurreição: Eu sou o Ascensionado; Eu sou o Perfeito. Por virtude da minha União com o Pai, já estou revestido de imortalidade; Eu já Sou um Ser Eterno. Minha Unicidade – aquele relacionamento original que me foi dado no início –, estabelece-me no Céu.
"O Eu que Eu Sou tem domínio espiritual. O Eu que Eu Sou vive pela Graça e é Um com a Graça de Deus. Eu já tenho o pão; Eu já tenho a totalidade da harmonia espiritual, da Graça espiritual, da Vida espiritual e do Amor espiritual. Eu já sou o alimento, o vinho e a água.
Eu já sou a Ressurreição: Eu sou o Ascensionado; Eu sou o Perfeito. Por virtude da minha União com o Pai, já estou revestido de imortalidade; Eu já Sou um Ser Eterno. Minha Unicidade – aquele relacionamento original que me foi dado no início –, estabelece-me no Céu.
Esse Eu nunca nasceu e não tem necessidade de contar datas de nascimento. Esse Eu nunca morrerá, e não precisa se preocupar com o futuro. Ele já tem uma existência imortal e eterna, e não faz nenhuma diferença se vive na Inglaterra, nos Estados Unidos, na África, ou como Ele é chamado neste lado ou no outro lado do mundo: esse Eu que Sou é ainda o Eu. Ele olhou para o mundo através de meus olhos quando eu tinha um ano de idade; olhou para o mundo o mundo através de meus olhos quando eu tinha trinta anos; e está testemunhando o mundo através de meus olhos agora, neste instante. E posso assegurar-lhe que o Eu que Eu Sou estará vivendo e testemunhando o mundo daqui a mil anos, ou a um milhão de anos a partir de agora, porque Eu e o Pai somos Um, e não dois.
Toda a imortalidade que o Pai é, Eu Sou; toda a eternidade que o Pai é, Eu Sou; toda a espiritualidade que o Pai é, toda a invisibilidade que o Pai é, Eu Sou. Eu já Sou o Ressuscitado".
Através dessa meditação eu deixei que aquele "eu" com todos os seus problemas morresse, até que se ausentasse completamente de minha consciência. E se você fizer o mesmo e persistir nisso, um dia ele não tornará a aparecer, não invadirá o interior de sua mente. Isso pode ajudá-lo a entender o Mestre, quando ele fala a partir do estado de consciência do Eu. Provavelmente foi na primeira parte de seu ministério que ele disse: "Eu, de mim mesmo, nada posso fazer... Se eu der testemunho de mim mesmo, então meu testemunho não é verdadeiro". Mas agora você pode entender melhor como é que mais tarde ele pôde dizer: "Aquele que me vê, vê o Pai... Eu e meu Pai somos Um".
Agora você O verá ascenso/ressuscitado antes da Crucificação, ascenso na Realização ou Consciência de sua Verdadeira Identidade. Agora, Ele está olhando de lá de cima: não para um homem com problemas, ou para um homem com um futuro, ou para um homem com uma missão. Agora, Ele é apenas a imagem e semelhança de Deus, dizendo: "Aquele que me vê, vê o Pai... Eu e meu Pai somos Um". Porque aquele outro "eu" caiu, e agora o seu Eu espiritual está brilhando.
O "Eu" Tem Inteligência Infinita e Capacidade Ilimitada
Não há dúvida de que os pais têm alguma preocupação quanto ao grau de inteligência de seus filhos. Cada criança é classificada na mente de seus pais, rotulada com um A, B, C, D, E, F, ou qualquer outra coisa, no que diz respeito à conduta e às realizações intelectuais. Eles classificam a criança como brilhante, medíocre, ou abaixo da média. Eles não podem ser de alguma ajuda para ela, uma vez que estão sempre observando a criança a partir do nascimento, comparando-a com seus ideais de perfeição. Claro que ela não é isso, e muitas vezes eles a degradam desde o início. Então a criança vai para a escola e começa a refletir a imagem na qual seus pais a prenderam.
Ninguém pode mudar a inteligência de uma criança por querer que ela seja brilhante, nem pode uma criança má tornar-se uma boa criança apenas por se desejar que ela seja boa. A experiência já provou que há apenas uma maneira, que é deixarmos a criança de fora dos pensamentos por tempo suficiente para meditar, a fim de que comecemos a ver o Eu, e perceber que essa criança é o mesmo Eu que Eu Sou. Essa criança é descendente do mesmo Pai que somos. Há apenas um Princípio Criativo, um Ser Infinito, Divino, e todos nós somos esse Ser Divino e Inteligência Divina, em essência e em expressão.
Quando passamos a celebrar e comungar com a identidade espiritual dessa criança, podemos observar a mudança que ocorre em suas atividades acadêmicas. Por quê? Não por termos melhorado a sua capacidade intelectual, mas por termos posto de lado sua (suposta) falta de capacidade intelectual, e por termos unicamente contemplado sua Identidade Crística. Foi quando, então, este Eu passou a brilhar agora no desempenho escolar, nas atitudes e no comportamento.
Cristandade, o Único Relacionamento Permanente
O mesmo deve ocorrer ao meditarmos por nossos vizinhos. Não estamos a tentar aperfeiçoá-los; nem estamos tentando torná-los melhores pessoas. É por isso que não fazemos proselitismo, nem tentamos convertê-los para aquela que pensamos ser a melhor religião. Não há maior ou melhor religião. Só há uma coisa que faz surgir a harmonia divina, e isso é a Cristandade (natureza crística). Essa é a única base sobre a qual podemos formar uma relação permanente de fraternidade. O único relacionamento permanente está na nossa Cristandade, porque não importa quão humanamente bons possamos ser, algum dia algo vai surgir e atingirá o "eu" pessoal, e então surgirão discordâncias e conflitos.
O mesmo deve ocorrer ao meditarmos por nossos vizinhos. Não estamos a tentar aperfeiçoá-los; nem estamos tentando torná-los melhores pessoas. É por isso que não fazemos proselitismo, nem tentamos convertê-los para aquela que pensamos ser a melhor religião. Não há maior ou melhor religião. Só há uma coisa que faz surgir a harmonia divina, e isso é a Cristandade (natureza crística). Essa é a única base sobre a qual podemos formar uma relação permanente de fraternidade. O único relacionamento permanente está na nossa Cristandade, porque não importa quão humanamente bons possamos ser, algum dia algo vai surgir e atingirá o "eu" pessoal, e então surgirão discordâncias e conflitos.
Este "eu" humano que responde a uma situação ficando zangado ou ressentido com alguém é a natureza humana que precisa ser abandonada. A razão pela qual é difícil fazer isso é que às vezes gostamos de estar com raiva, e muitas vezes encontramos satisfação no ressentimento. Quando lemos a história de pessoas ditadoras e tiranas, sentimos prazer em pensar num poder ou torcer por um acontecimento que os derrubasse e os pusesse em seu devido lugar. Todos nós temos momentos nos quais visualizamos algum tirano sendo colocado de joelhos e recebendo a nossa vingança. Mas quem está a fazer isso é o "eu" humano em nós reagindo ao cenário, o "eu" que não tem o menor direito de estar em cena.
A verdade é que o "Eu" é a encarnação de todas as qualidades de Deus. Mas como eu me atreveria a fazer uma declaração dessas sobre mim mesmo, conhecendo-me humanamente como sou? De que modo eu ousaria fazer essa declaração para mim mesmo, a menos que eu também faça isso em relação a você? Como eu poderia dizer que "eu" incorporo todas as qualidades de Deus, que "eu" sou tão eterno como Deus, tão imortal como Deus, que "eu" sou o Cristo, Filho de Deus? Como eu ousaria dizer isso e deixar de fora qualquer indivíduo em qualquer lugar da terra – passado, presente ou futuro –, qualquer indivíduo no inferno ou no céu? Não, eu não me atrevo! Eu não ouso! Seria perversidade espiritual de minha parte anunciar a minha Cristandade e me recusar a aceitar este fato como Verdade Universal. Deus está oferecendo a cada indivíduo na face da Terra a possibilidade de despertar para sua Verdadeira Identidade. "Desperta, tu que dormes!" A Cristandade é nossa Verdadeira Identidade – não é humanidade boa, nem humanidade ruim.
Mais cedo ou mais tarde, você deverá estar disposto a afastar esse "eu" que está cheio de erros mundanos – ressentimentos, injustiças, desigualdades –, e declarar dentro de si mesmo: "Estou pronto para assumir a minha Verdadeira Identidade. Eu estou pronto para despertar para a Luz do meu próprio Ser. Estou disposto a aceitar a declaração do Mestre de que eu não chamarei a nenhum homem na terra de meu 'pai', mas reconhecerei a Filiação Divina que me foi legada".
Até que você realize essa verdade em si mesmo, como você poderá amar ao teu próximo como a ti mesmo? Você nem sequer começou a amar a si mesmo! Você não ama a si mesmo até que reconheça sua Verdadeira Identidade. Não é exigido que você ame o seu eu humano, porque mesmo que o seu eu humano seja sumamente bom, ele ainda não é bom ou qualificado o suficiente.
O Julgamento Justo
Não é o seu "eu" humano que você deve amar. Você deve amar somente a Deus e Seu universo, Seu mundo, Sua criação. Você deve amar somente a Deus e Sua descendência. Você deve amar somente sua Identidade Espiritual, porque Ela é o seu Eu Perfeito. Então, a menos que você seja um dos poucos fanáticos do mundo que acreditariam que essa verdade se refere a eles exclusivamente, você começará a olhar ao redor e passará perceber: "Eu tenho julgado com base nas aparências. Eu tenho usado a escala do bem e do mal – a própria coisa que nos lançou fora do Jardim do Éden. Eu tenho me agarrado/me apegado à própria barreira que me separa do céu. Agora, sem julgar pelos parâmetros do bem e do mal, Eu julgarei o julgamento justa. E o que é o julgamento justo exceto o conhecimento de minha Verdadeira Identidade?"
Não é julgamento justo pensar sobre si mesmo como quase bom, ou como três quartos bom. Não é julgamento justo ver uma pessoa de trinta anos e dizer: "como você é jovem!", e depois olhar para outra de sessenta e dizer: "nossa, como você está envelhecendo!". Isso não é julgamento justo. O juízo justo é ser capaz de olhar para os jovens e os idosos e ver a Cristandade, Imortalidade, Eternidade, Perfeição Espiritual. Então você descobre que todas essas qualidades não são tuas e nem minhas como pertences pessoais: são nossa pela Graça, elas são o dom de Deus.
É por isso que a humildade é sempre enfatizada em um ensinamento espiritual. Humildade significa reconhecimento de que quaisquer qualidades divinas que você possa ter, isso não é proveniente de você; você não as criou, você não é a fonte. Elas são dadas a você como um dom de Deus. Se você tem Imortalidade, Eternidade, se você tem algum grau de Pureza ou Integridade, são dons dados por Deus. Mas são dons dados a todos igualmente. O fato de que aqui e ali possa haver os que não estão expressando esses dons, ou que aqui e ali você e eu não os estamos expressando plenamente, isso não está em questão neste momento.
O Eu Dentro de Você Veio
Aqui estamos lidando com a Verdade, a única Verdade que existe, que é a Verdade sobre sua Identidade e a minha Identidade. Quando você começa a conhecer a si mesmo como o EU QUE EU SOU, o Eu que é Um com Deus, o Eu que tem alimento que o mundo não conhece, o Eu que é o pão, o vinho e a água, o Eu que é a Vida Eterna – então você começa a viver uma nova vida, baseada na mais grandiosa de todas as revelações: "Eu vim para que todos tenham Vida, e que a tenham em abundância".
A partir do momento em que você reconhece isso, a sua vida muda. Você não está mais a procura de Deus; você não está mais buscando a Verdade. Em verdade, você estará procurando uma realização cada vez maior da Verdade que você já conhece, e almejando uma demonstração cada vez maior dela. Mas você já não estará mais buscando a Deus: agora você conhece Deus, e O conhece muito bem. "Eu vim para que todos tenham Vida". Esse Eu está dentro de você.
É por isso que o Mestre podia dizer: "O reino de Deus está dentro de vós". Agora não anda mais em círculos à procura de Deus; você não está à procura do bem. Você vive na Consciência do Eu que está presente dentro de você, e cuja função é fazer com que você viva espiritualmente e eternamente. Você tão somente comunga com esse Eu.
Descarte a Humanidade do "eu" e Realize o Eu
Quando você se volta para o seu filho, o seu neto, o seu marido, a sua esposa, ou vizinho, você sabe que o Eu que está dentro de cada um deles veio para que eles pudessem ser erguidos acima de todo o bem que a terra possui – elevados ao templo que não foi feito por mãos humanas, até uma Consciência que não feita por mãos humanas, até a Vida que não feita com mãos, um Corpo não feito com as mãos. Tudo isso é a função do Eu que está dentro de você, do Eu que está dentro de mim, do Eu que está em seu filho, em seu neto e nos outros membros de sua família. A menos que você esteja vivendo nesse Eu, você está apenas tentando separá-los humanamente, tornando-os um pouco melhores. Deixe a humanidade deles de lado, e vá para dentro a fim de perceber: "Obrigado, Pai. Eu no meio de mim sou poderoso. Eu no meio dele e dela, Eu no meio deles, Eu, no meio da Consciência humana, sou poderoso".
Esse Eu é o segredo da Vida. Esse Eu veio para que toda a raça humana possa ser elevada até o Templo que não foi feito com as mãos – não apenas para proporcionar ao mundo uma Paz temporária, não para proporcionar à Terra a paz como um intervalo entre as guerras, não apenas para conferir aos países algum período de crescimento neste ano. Não! Devemos ser erguidos em nossa Verdadeira Consciência através desta mensagem, uma Consciência que não tem graus de bem ou mal nela. Ela tem apenas infinita imortalidade, infinita eternidade.
Em todas essas meditações, nós ignoramos o sentido pessoal do "eu" que tem problemas e que deseja se ver livre deles, e nós trazemos à Luz o Eu que realmente somos – o Único que nunca nasceu, que não tem data de nascimento, que nunca vai morrer, e nunca teve um problema. O Mar Vermelho abre-se diante deste Eu. O maná cai do Céu. Por quê? Porque o Eu vive pela Graça – não pelo poder, mas pela Graça. Sem qualquer esforço humano, tudo aparece em sua devida ordem.
Em nossa meditação, devemos sempre lembrar que somos aquele Templo não construído por mãos. Isso nos capacita a ver além do corpo físico e atravessar qualquer aparência, em direção ao Eu no centro de nosso Ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário