"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, outubro 29, 2015

Reverenciar a Vida - 3/3

- Masaharu Taniguchi - 


Conforme relatei, conheci a Verdade ouvindo uma voz proveniente do céu, que soou como o ruído de um vagalhão e assim afirmou: "O homem é filho de Deus; a matéria não existe". Durante algum tempo, sentia-me renascido e tão feliz, que tudo ao meu redor parecia resplandecer. Porém, ainda estava longe de viver a Verdade na vida prática. O meu despertar ainda não se manifestava em atos concretos.

Nessa época, eu trabalhava como tradutor na firma americana Vacuum Oil Company. Como havia estudado inglês quando cursava a faculdade de Letras da Universidade de Waseda, eu tinha bom conhecimento de inglês literário, mas nessa empresa tinha de traduzir livros técnicos referentes a máquinas e peças, e isso era um serviço bastante complicado e difícil para mim. Nessa firma, havia diversos departamentos de publicidade, e fazia traduções de documentos referentes a máquinas estrangeiras. O serviço de tradução era sujeito à rigorosa supervisão por parte de outros setores da empresa, principalmente o departamento técnico e o departamento de vendas. Com base nos documentos referentes às máquinas, traduzidos por mim e meus colegas, elaboravam-se manuais com explicações tais como: "Levando-se em conta a estrutura desta máquina, nestes pontos é imprescindível o uso de um óleo que forme uma película extremamente resistente à pressão". Os engenheiros mecânicos do departamento técnico da empresa apresentavam esses manuais aos engenheiros de várias fábricas que eles visitavam. Também com base naqueles documentos, elaboravam-se guias práticos, que eram oferecidos aos engenheiros de fábricas clientes. Portanto, se fosse feita uma tradução errônea de algum termo e os especialistas descobrissem isso, haveria um grande problema. Um tradutor que trabalhava nessa empresa antes de mim fora demitido por causa de uma palavra que apareceu com erro num documento traduzido. E o erro não foi de tradução, e sim de tipografia. Além disso, nessa empresa havia rivalidade e inveja entre os vários departamentos, e o relacionamento entre os funcionários era bastante difícil.

Como vocês sabem, ao traduzirmos textos escritos em inglês, frequentemente nos deparamos com preposições ou expressões idiomática peculiares, que, traduzidas para a língua japonesa, não fazem sentido, e sendo assim, melhor seria deixarmos de traduzi-los, do que tentarmos uma tradução forçada, apegando-nos demais ao texto original. Porém, naquela empresa, se fizéssemos uma tradução livre, que consiste em transmitir o significado do texto sem nos prendermos a cada palavra e cada frase, alguém poderia indicar determinada palavra em inglês, e perguntar: "Onde está a tradução desta palavra, no texto em japonês?". E, se constatasse que essa palavra não fora traduzida, poderia apontar esse fato ao gerente geral americano, e então haveria um grande problema. Por isso, nós, tradutores, tínhamos de ter o máximo cuidado com cada palavra e cada frase do texto original, procurando traduzi-las o mais fielmente possível e, além disso, fazer com que a redação em japonês fosse perfeita. Tanto nos esforçávamos nesse sentido, que nos textos por nós traduzidos não havia omissão de nenhuma frase do original em inglês. Aqueles textos poderiam até ser usados nos livros de inglês para os exames de admissão nos colégios, que trazem numa página as frases em inglês, e na página oposta a tradução em japonês, palavra por palavra. A impressão dos manuais também era feita de tal modo que, comparando o original em inglês com o livro em japonês, podia se constatar que uma frase contida numa determinada página e linha do original aparecia no livro traduzido, exatamente na mesma página e mesma linha,

Por esses fatos, vocês podem imaginar como era desgastante o meu trabalho naquela empresa. Todos os dias, ao voltar para casa mais ou menos às 7 horas da noite, estava física e mentalmente exausto e mal conseguia me manter de pé. Embora desejasse empreender a obra de iluminar o mundo, publicando uma revista para divulgar o caminho da Verdade que eu havia encontrado, faltava-me ânimo para isso, devido à limitação da energia física. Hoje sei que essa limitação era proveniente do fato de que, apesar de ter conhecido a Verdade, ainda não a estava vivendo concretamente na vida cotidiana. Eu havia, de fato, conhecido a Verdade, pela Voz divina que soara em minha mente e atingira minha alma como um relâmpago, porém ainda não estava vivendo a Verdade na vida prática. Intelectualmente, havia conquistado a liberdade ilimitada, mas na vida prática via-me tolhido pela limitação da energia física. Ainda não tinha assimilado totalmente a Verdade.

Sem conseguir superar as limitações do plano material, deixava-me levar por ideias comodistas, tais como: "Quando minha situação econômica melhorar, quanto tiver mais tempo e melhor disposição física, vou lançar uma revista de cultura moral para divulgar o caminho da Verdade que encontrei. Até lá, vou continuar trabalhando como assalariado e economizar ao máximo o meu ordenado. Quando tiver economizado o suficiente, vou me demitir da firma e iniciar o trabalho de publicação da revista para divulgar a Verdade. Revistas desse tipo não se difundem rapidamente. Portanto, terei de estar em condição econômica razoável para poder manter a revista com meus próprios recursos na fase inicial, talvez por meio ou um ano". Essa era a minha atitude mental, da qual hoje me envergonho, pois percebo que pensava assim por falta de coragem e determinação.

Conforme relatei antes, arranjei emprego nessa firma americana logo depois que voltei a Kobe, minha terra natal, após ter perdido praticamente tudo no grande terremoto de Tóquio, ocorrido em setembro de 1923. Como não tinha roupa para ir trabalhar, tive que mandar reformar um conjunto de "melton" preto que meu pai adotivo usara havia vinte anos. Minha esposa e minha filha – ainda bebê – também precisavam de roupas. Leva-se considerável tempo para conseguir juntar móveis, utensílios domésticos, roupas, etc., a partir da "estaca zero". À custa de muito trabalho, fui reconstruindo minha vida, pouco a pouco. Justamente quando a situação havia melhorado bastante e eu já visualizava a possibilidade de iniciar em breve o trabalho de publicação da revista, entrou um ladrão na minha casa. Foi num domingo de agosto. Eu e minha esposa tínhamos saído para um passeio, levando nossa filhinha. Quando voltamos para casa no fim da tarde, constatamos que um ladrão havia esvaziado a cômoda, levando todas as nossas roupas e todo o dinheiro que eu havia economizado com tanto sacrifício. Mais uma vez, tive de recomeçar praticamente da estaca zero. Durante dois anos e meio, trabalhei com afinco, economizando dinheiro para concretizar o plano de publicar a revista. Quando tinha economizado uma quantia considerável, novamente entrou ladrão em minha casa e levou tudo. Isso aconteceu no dia 13 de dezembro de 1929.

E justamente ao sofrer o segundo roubo, despertei de verdade. Aquele incidente fez com que o "despertar temporário" que eu havia conseguido se tornasse definitivo. Até então, embora eu pensasse ter despertado, na realidade não havia alcançado o verdadeiro despertar. Assim fora o meu despertar inicial. Uma voz misteriosa, que parecia ter vindo do espaço cósmico e ressoado em minha mente me fizera compreender que "o homem é filho de Deus" e que "a doença, os sofrimentos, as desgraças, a miséria, enfim, todos os males não passam de ilusão, não existem de verdade!". Havia aceito docilmente essa Verdade, mas não a estava vivendo na vida prática e me apoiava em outras coisas. Isto é, havia compreendido que o ser humano é Filho de Deus, mas na vida prática necessitava de apoio material. Em vez de confiar na força interior proveniente da Imagem Verdadeira da minha própria Vida, buscava apoio em elementos do mundo exterior, tais como dinheiro e outros bens materiais. Pensava que não seria possível colocar em prática o plano de publicar uma revista para a difusão da Verdade enquanto não tivesse economizado o suficiente para mantê-la com meus próprios recursos, pelo menos durante seis meses. Em outras palavras, pensava em trilhar o caminho da vida, apoiando-me no salário, economias, etc. Quem mantém tal postura mental ainda não alcançou o verdadeiro despertar. Era o meu caso.

Alcançar o verdadeiro despertar é conscientizar a perfeição e a força infinita do nosso interior, e deixar de buscar apoio em elementos exteriores. É confiar plenamente na grande força vital que existe dentro de nós próprios. Até então, eu buscava apoio em coisas materiais. Percebi o erro e tomei a decisão de passar a confiar plenamente na Vida do meu interior. Lembrei-me da seguinte afirmação de Confúcio: "Se eu conhecer de manhã o Caminho da Verdade, não importa morrer ao entardecer". Minha ilusão consistia em pensar que, em primeiro lugar, precisava garantir minha subsistência e somente depois, quando tivesse dinheiro suficiente e mais saúde, iniciar o trabalho de divulgação da Verdade. Eu julgava que minha capacidade física fosse limitada e, como resultado da concretização dessa ideia, tinha a saúde tão precária, que as companhias de seguro recusavam-se a segurar minha vida. Apesar da saúde frágil, tinha de trabalhar o dia todo, traduzindo desinteressantes livros técnicos. Por que me cansava tanto, se naquela época já havia conhecido a Verdade e compreendido que o ser humano, sendo filho de Deus, não adoece nem se cansa? É que o meu despertar era apenas superficial. Isto é, embora tivesse conhecido a Verdade, não a havia assimilado completamente.

Ainda que despertemos para a Verdade, enquanto não a assimilarmos com todo o nosso ser, o seu efeito não se manifesta concretamente. Era isso que ocorria comigo: ainda estava arraigada em minha mente a ideia de que "quanto mais se trabalha, mais o corpo se cansa" e "o cansaço pode provocar adoecimento". Em outras palavras, eu ainda confundia a vida fenomênica com a Vida da Imagem Verdadeira. Por isso, pensava que não seria possível conciliar meu emprego com o trabalho de publicação da revista para a divulgação da Verdade, e resignava-me à condição em que me encontrava, acreditando que não havia outra alternativa para garantir minha sobrevivência. Aquele que se sujeita à condições ainda não conhece realmente a sua própria Vida, que não depende de condição alguma para se sustentar. "Se eu conhecer de manhã o Caminho da Verdade, não importa morrer ao entardecer" – esta afirmação de Confúcio expressa o estado espiritual de quem tem consciência da Vida, que não depende de nenhuma condição ou circunstância para existir. Quem pensa que o ser vivo depende do corpo físico para se manter vivo, jamais poderá proferir tal afirmação. Somente aqueles que têm consciência de que a Vida existe independentemente da sobrevivência ou não do corpo físico, podem afirmar com serenidade que a morte não tem nenhuma importância. A Verdade é eterna. Portanto, quem vive o Caminho da Verdade, "viverá ainda que morra". Jesus disse: "Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá".

A Vida da Imagem Verdadeira é absoluta: não depende de nada, sustenta-se por si mesma, sem precisar de nenhum apoio exterior. Ela se sustenta por si só, ainda que nada exista no aspecto fenomênico, tal como o "dedo que se levanta, mesmo não existindo na forma fenomênica", citado num episódio conhecido como "o mestre Gutei e seu aprendiz". Mesmo que no aspecto fenomênico nada pareça existir, a Vida tem tudo dentro de si próprio. Algumas pessoas pensam que a Seicho-No-Ie é uma seita vulgar, que se ocupa somente em curar doenças. Mas a Vida que a Seicho-No-Ie reverencia não é a vida do corpo físico. Se têm ocorrido inúmeros casos de cura dos adeptos, é porque a Seicho-No-Ie os conduz ao despertar, ou seja, torna-os conscientes da Vida indestrutível que transcende o corpo físico. Ocorre então uma intensa vibração da Vida e, como "efeito colateral", ocorre a cura. Embora sejam citado muitos casos de cura, a Seicho-No-Ie não é uma seita que tenha como finalidade curar doenças.

O primeiro item das Sete Declarações Iluminadoras diz: "Declaramos transcender todo sectarismo religioso e, reverenciando a Vida, viver em fiel obediência à Lei da Vida". A Vida a que se refere essa declaração não é a limitada vida fenomênica que sucumbe à doença, à miséria e à morte; mas sim a Vida simbolizada no "dedo que se levanta, mesmo tendo sido cortado no plano fenomênico", conforme o episódio "o mestre Gutei e seu aprendiz". É a Vida que transcende o corpo e se mantém intacta, mesmo que se destrua o corpo físico.

De certo modo, eu "destruo" o corpo das pessoas que vêm à Seicho-No-Ie em busca de cura. Naturalmente não lhes destruo o corpo com uma arma, mas com o poder da palavra. Às pessoas que buscam a cura da enfermidade do corpo, afirmo energeticamente: "O corpo não existe!". Comumente, acredita-se que o corpo existe. Por isso as pessoas se apegam a ele, e, quando adoecem, buscam a salvação do corpo. Estando apegadas ao corpo, impedem que a Vida se manifesta livremente. E a Vida não se manifestando livremente, não ocorre a cura. Porém, diante da minha energética afirmação de que "o corpo não existe", as pessoas compreendem que o corpo, embora pareça ter existência própria, na verdade não existe. Ao compreenderem isso, deixam de se apegar ao corpo; e então a Vida passa a se manifestar livremente e ocorre a cura da doença.

Até ser roubado pela segunda vez, eu planejava iniciar a publicação da revista para a difusão da Verdade quando minha condição financeira melhorasse, o que significava que ainda não havia me conscientizado de que a Vida não depende de nenhuma condição. Porém, despertei de verdade quando, pela segunda vez, entrou ladrão em minha casa e levou toda a minha economia. Pode-se dizer que esse ladrão me cortou o apoio chamado "boa condição econômica", do mesmo modo que o mestre zen Gutei cortou o dedo fenomênico de seu aprendiz, no episódio acima mencionado. Fiquei sem apoio material. E, assim como aquele aprendiz, tinha de "levantar o dedo, sem o possuir no plano fenomênico", isto é, reerguer-me sem qualquer apoio material. Devido à dura jornada de trabalho na firma, estava exausto, mas precisava encontrar forças para me erguer. Não havia outra saída. E justamente aquele momento crucial fez com que eu alcançasse o verdadeiro despertar e tomasse a firme decisão de começar a trabalhar para a divulgação da Verdade, mesmo não tendo vigor físico nem dinheiro. Tomei essa decisão no dia 13 de dezembro de 1929. Quando deixei de tentar me apoiar em coisas materiais, a minha força interior passou a se manifestar, e a partir desse ponto o caminho abriu-se diante de mim. Sinto que, no desenrolar de todos os bons e maus acontecimentos por que passei, houve a ajuda dos espíritos de meus antepassados. Foram eles que me conduziram a uma situação crucial, a fim de que eu pudesse alcançar o verdadeiro despertar. Se vocês querem alcançar o despertar, bem como obter êxito nesta vida, devem reverenciar os espíritos de seus ancestrais, para que possam receber naturalmente a orientação e proteção deles. 

No budismo zen, existem os Koans, que são "questões para meditação". Quase sempre, a questão apresentada é extremamente difícil, impossível de ser solucionada com a sabedoria e discernimento comuns, porque se refere a uma situação aparentemente "sem saída", em que a pessoa envolvida se vê premida por duas ou mais forças antagônicas. Um dos koans frequentemente apresentados no zen budismo é aquele intitulado "Produzir o som do bater das palmas, usando apenas uma das mãos". Como se pode notar, trata-se de uma questão aparentemente sem solução. Para bater palmas é preciso usar ambas as mãos. Mas a exigência é não usá-las. E isso é impossível. Se quisermos atender à exigência de "usar apenas uma das mãos", não será possível produzir o som do bater de palmas. E se quisermos atender à exigência de "produzir o som", teremos de usar ambas as mãos. O que fazer? É uma situação em que nos vemos pressionados por duas exigências contraditórias. Para solucionar uma situação "sem saída", não adiante recorrer à inteligência limitada da mente presa ao aspecto fenomênico. É preciso transcender o aspecto fenomênico.

No zen budismo, isso é feito no nível da ideia, por meio da solução do Koan apresentado. Mas, na Seicho-No-Ie, transcende-se o aspecto fenomênico, na vida prática. Por exemplo: se um paraplégico me procura para receber orientação espiritual, pergunto: "O que deve fazer um paraplégico para andar sem as muletas?". Essa pergunta é um Koan aplicado à vida prática. Enquanto acreditar que é incapaz de andas sem se apoiar em muletas, a pessoa estará presa ao aspecto fenomênico. Se a pessoa não sabe a resposta, ordeno energeticamente: "Jogue as muletas!". Geralmente a pessoa replica: "Mas se jogar as muletas, eu caio!". Então digo: "Não importa que o corpo caia. Dentro de você existe algo que jamais cairá nem sucumbirá". A pessoa poderá cair e ficar estendida. Porém, ao compreender que seu "Eu verdadeiro" não é o corpo carnal sujeito à queda, mas sim "um ser que se mantém firme mesmo que o corpo caia", a pessoa muda completamente a sua visão. Ela deixa de se apegar ao corpo, deixa de buscar desesperadamente a cura da doença. Compreende que seu "Eu verdadeiro" não é o corpo carnal, mas sim a própria Vida, que é capaz de se manter sem se apoiar em coisa alguma. Assim, a cura ocorre quando a pessoa, mesmo vendo-se encurralada numa situação de dilema, transcende o fenômeno e apreende a Imagem Verdadeira da Vida.

Constatando a ocorrência de muitos casos de cura na Seicho-No-Ie, algumas pessoas pensam que nos empenhamos exclusivamente em curar doenças e comentam que a Seicho-No-Ie não é uma doutrina religiosa elevada. Devo esclarecer que a cura de doenças é um "efeito colateral" do despertar. O despertar consiste em transcender o aspecto fenomênico justamente numa situação de extrema dificuldade, quando parece não haver nenhuma saída. Portanto, uma vez que a pessoa tenha conseguido o despertar, por meio da religião, é natural ocorrer a cura. Este é o princípio fundamental da cura de doenças pela leitura do livro A Verdade da Vida.

Lendo esse livro, as pessoas transcendem o aspecto fenomênico e superam as situações aparentemente sem saída que às vezes ocorrem na vida prática. Nele consta o relato de minha vida, no qual narro como alcancei a salvação, transcendendo o aspecto fenomênico no momento mais difícil de minha vida, quando me encontrava numa situação aparentemente sem saída. Naquela época, não conseguia "caminhar com minha própria força". Meu corpo não estava tolhido, mas minha vida sim, e eu pensava que só poderia caminhar se contasse com o auxílio de uma "bengala", ou seja" de condições tais como: disponibilidade de tempo, melhor salário, bastante economia, etc. Eu ia trilhando a muito custo o caminho da vida, apoiando-me no modesto salário e na pequena economia, os quais constituíam a minha "bengala". Porém, quando um ladrão entrou em minha casa e me arrebatou essa "bengala", despertei da ilusão e me tornei capaz de sustentar-me com minha própria força". No momento crucial é que se abre o caminho da salvação – eis o ensinamento da Seicho-No-Ie.

A Seicho-No-Ie ensina que os atos norteados pela inteligência do eu fenomênico frequentemente levam a situações dilemáticas em que, ao beneficiar um lado da vida, é inevitável prejudicar o outro lado dela. Tais situações provocam angústias e aflições que podem se manifestar também sob forma de doenças. Para resolver situações dilemáticas, é preciso transcender o aspecto fenomênico e compreender, pela experiência, o que é o "dedo que se levanta, mesmo sem existir", o "entrevado que anda sem as muletas", o "som do bater de palmas, produzido por apenas uma das mãos", etc. Mesmo que se fique sem os dedos, as muletas, a mão, enfim, todo e qualquer apoio material, ainda é possível levantar os dedos, caminhar, ou bater as palmas – quando desperta para esta Verdade, o ser humano conhece a verdadeira liberdade da Vida.


Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 33, pp. 25-39

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