"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, agosto 21, 2015

A transcendência da visão dos personagens

- Núcleo - 

Filhos de Deus!

Observem com atenção este modelo:

Surge num determinado tempo e local um “Iluminado”; ou seja, surge num tempo – há milhares, centenas ou a dezenas de anos; e num local – na Índia, na Judéia ou no Japão. Então os personagens percebem que se trata realmente de um “personagem incomum”, e passam a reverenciá-lO como “Iluminado”, “Mestre”, ”Filho de Deus”! A partir de então legiões de seguidores criam uma religião em torno da figura desse “personagem incomum” e então se dividem em budistas, cristãos, Seicho-No-Ie, ou outras religiões e denominações.

Sobre o que falou o Mestre?
- Falou sobre o Amor!

O que ensinou o Mestre?
- A irmandade entre os homens e a paternidade de Deus!

O que revelou o Mestre?
- O "reino de Deus” e o acesso a este reino.

Então, nesse ou em algum outro ponto começam as divergências entre os personagens sobre Quem é o “verdadeiro Mestre” e sobre o que Ele ensinou.

Este é o ponto aonde  quero chegar!

No instante em que começam as divergências entre os homens sobre "Quem é o 'verdadeiro Mestre' e sobre o que Ele ensinou”, o principal tema, o Amor, sobre o que falou o Mestre, foi deixado de lado; os personagens perderam o foco...

Os personagens “perdem o foco” toda vez que escolhem falar em vez de ouvir.

Por isso Jesus disse que o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai dela.

Os personagens “perdem o foco” quando, em vez de estarem atentos ao que “sai da boca”, começam a falar sobre o que deve ou não entrar pela boca.

Contudo, o que entra ou não pela boca é matéria e diz respeito a “este mundo”; mas o que sai pela boca está vindo da “mente dos personagens” ou da “Consciência do Ser”! E é a isto que devemos estar atentos! Ou seja, devemos estar atentos a ”o que estamos falando”, porque aquilo sobre o que estamos falando revela nosso estado de consciência ou de inconsciência sobre Quem somos!

Os personagens buscam relacionar o que “entra pela boca” com a natureza divina do Ser; mas é “o que sai pela boca” [se provém da Consciência do Ser] o que revela esta natureza divina; porque o que “entra pela boca” expressa ”um fazer” humano e o que “sai da boca” expressa “um estado de ser” divino.

Em um de seus escrito, Masaharu Taniguchi conta que, durante os vários anos de práticas ascéticas na floresta, Sakyamuni se policiou quanto ao que “entrava pela boca” e demais coisas que “fazia”. E foi no momento em que, após ter meditado sob uma árvore e estar com fome, aceitou um prato de arroz com leite de uma jovem e teve a “experiência de iluminação”… e então que passou a falar, a ensinar, sobre a Realidade de Quem somos e a expressar [pela boca], a real natureza do Ser.

Não se deve inferir do que foi dito acima que o ser humano não deva atentar ao que “entra pela boca” porque as escolhas humanas sobre nossas ações denotam o tipo de “personagens” que estamos escolhendo representar e os personagens normalmente se unem aos grupos de semelhantes. Assim, o que “entra pela boca” pode levar a nos aproximar de certos grupos de pessoas e nos afastar de outro grupo. O que Jesus quis chamar a atenção ao revelar que “o que contamina o homem não é o que entra pela boca mas o que sai” é que as pessoas não devem se distanciar ou se aproximar umas das outras pelo que ingerem, mas que devem se irmanar pela comunhão do Espírito e se unir na busca do reino de Deus. Por isso disse que todos deveriam buscar em primeiro lugar o reino de Deus e Sua Justiça e que não deveriam se inquietar sobre o que haveriam de comer ou o que haveriam de vestir.

Tanto no tempo de Jesus quanto nos dias de hoje existem grupos de personagens que se sentem “melhores seres humanos” em função do que comem. Há até os que veem nesta escolha uma efetiva e real ligação com Deus e procuram influenciar outros para que adotem a mesma escolha, e façam crescer o grupo dos que acreditam ser este o critério correto pelo qual o ser humano deve realizar suas ações e assim se conectar com Deus.

Contudo, Deus não faz acepção de pessoas!

Todos os “seres humanos” continuam sendo Quem são [seres divinos] aos olhos do Ser. Assim é porque todo ser humano é em realidade um “Nyorai” [significa: aquele provém da Grande Fonte] e o que os distingue ”neste mundo” é a percepção deste fato, que se revela pelo que compartilham com todos, sem diferenciar as pessoas pelo que comem ou pelo que usam.

Quando Sakyamuni aceitou um prato de arroz com leite de uma jovem donzela, ele estava - do ponto de vista de seus companheiros de práticas ascéticas - quebrando todas as regras! Mesmo assim, este foi o momento em que ele se tornou Buda; foi o momento em que Sakyamuni transcendeu a percepção da mente do “seu personagem”, que está na representação, e se conscientizou de que tudo está na Consciência de Quem Ele É, que é a única Realidade!

Assim, Sakyamuni percebeu que montanhas, nuvens, rios, arroz, leite, pássaros e a jovem donzela, enfim, todos os seres e todo o cenário, bem como o próprio personagem Sakyamuni que ele estava sendo [representando] estão na Consciência do Ser, que é Buda!

Notem com atenção que esta visão de Sakyamuni não é de fato a percepção do personagem Sakyamuni, mas sim, trata-e da percepção de Quem ele É.

Com esta visão é possível perceber que Sakyamuni não se tornou Buda, mas que ele sempre foi Buda! O divino personagem Sakyamuni que aparece na representação divina não é existência real. Enquanto personagem, na representação divina, ele nasce, envelhece, adoece e morre. Contudo, o Ser Real não é “quem está sendo”´; o Ser é “Quem É”. Assim, apenas Buda é existência real e Vive na Realidade do Ser.

Da mesma forma, com esta visão é possível perceber que você, leitor, não se torna Buda, mas que você sempre foi Buda! O seu divino personagem que aparece na representação divina não é existência real. Quem você É surge num determinado tempo e local, ou seja, surge na representação divina como um “Iluminado”. Então os personagens ao perceberem que se trata realmente de um “personagem incomum”, seguindo o modelo daquele comportamento mental condicionado passarão a reverenciá-lo como “Iluminado” ou irão querer crucificá-lo, assim como Sakyamuni foi reverenciado, e Jesus crucificado. Os personagens que assim agem estão julgando; o resultado do julgamento depende do critério que usam. Você será julgado como bom ou como mau, porque a mente humana não percebe o real; ela percebe apenas aquilo que consegue ver. Como o “real iluminado” não é o personagem mas o Ser, o julgamento estará sempre falho.

Apresentar-se como “um espelho” dá a chance àquele julga de perceber que está julgando e vendo a si mesmo no ”espelho” ou a chance de transcender a percepção de si mesmo.

Jesus deu a todos a chance de transcender a percepção de si mesmos quando disse: “Quem vê a mim vê Aquele que me enviou”.

Esta é a chave para a transcendência da visão dos personagens: ver com o olhar de Deus, ver com Amor! Só o Amor desvela o Amor.

Masaharu Taniguchi disse: “Cada um de vocês é um Masaharu Taniguchi.”

Sakyamuni ao se iluminar percebeu: "Eu Sou Buda. E não há nada que não seja Buda!"

Enfim, nenhum critério humano, nenhuma prática ascética, nenhuma alimentação especial, nenhum exercício físico, nada do que algum personagem “faça” poderá alçá-lo à condição de Buda, de Mestre ou de Filho de Deus. Uma única percepção e o real se revela. Contudo, é apenas Deus Quem Se percebe!

Busque esta dimensão que está em nós, o reino de Deus, e Ele Se revela!

Notem que a prática da Meditação Shinsokan pode nos alçar à percepção da Realidade divina, mas atentem ao fato de que ela é realizada com a "percepção da Imagem Verdadeira" em nós, e não com a percepção da mente de um personagem.

Meu personagem compartilha percepções com plena consciência de que estas percepções não vem da mente de um personagem, e então diz: “Isto sou Eu!” Da mesma forma meu personagem compartilha percepções conscienciais de outros personagens e diz: “Isto sou Eu!”

Compartilhar estas percepções é uma forma de fazer com que outros personagens olhem para a direção certa! Isto faz com que se despertem para o fato de que não é o que fazemos que revela Quem somos, mas sim, o que percebemos consciencialmente! As percepções compartilhadas por Sandy Nat, pelo padre Charles Ogada e pelo senhor Sawada, já citadas em outros textos do Núcleo, são exemplos de percepções da Realidade de Quem Somos. Meu personagem as enfatiza porque é o algo a ser percebido, que nos revela uma visão transcendida da realidade de personagens.

Com esta visão da Realidade de Quem Somos sabemos que somos seres divinos, não sujeitos a nascimento, envelhecimento, doença e morte. E sabemos que a simples percepção desta Realidade torna esta representação algo ainda mais divino, porque é divino estar na representação com percepção de que é a própria representação divina que está em nós!

Então percebemos que o Mestre que apareceu em algum tempo e local, em realidade está EM nós!

E compreendemos a revelação do Mestre de que “virá novamente”; de que Cristo voltará, de que Masaharu Taniguchi irá nos reencontrar; e a revelação de Sakyamuni de que somos Buda desde o início dos tempos!

É esta a visão consciencial que meu personagem tem desfrutado e que a está compartilhando, usando como exemplo percepções conscienciais compartilhadas por outros personagens para que esteja evidente que estas percepções não pertencem a um personagem em especial, mas sim a Quem Somos. Assim, fica também evidente que o real iluminado, o Mestre, é Quem Somos [o Ser Real] e não quem estamos sendo [o personagem].

É o que percebo, desfruto e compartilho.

Saúdo a todos os Nyorais.

7 comentários:

SERgio disse...

Captado!...

Não estamos "encarnados", em mundo algum.

O "corpo-mundo" está nAquele que Sou. Na Consciência.

Não há ninguém "iluminado".

EU Sou a Luz!

"Sou o único Buda 'em toda infinitude'...

Templo disse...

Amém!
Assim é!

Agradeço Àquele que aparece como SERgio, e nos proporciona o desfrute dessas palavras!


Namastê!

Anônimo disse...

Uma única percepção e o real se revela. Contudo, é apenas Deus Quem Se percebe!,

isto é dizer que, quando nos percebermos, já não seremos personagens, eles ou ele(personagens) desaparecem ou melhor, nunca existiram, somente Deus existiu e somente ELE é a própria iluminação, É Deus açambarcando sua face sob o todo. É isso? Nós como personagens, nunca perceberemos a iluminação, por que os personagens não existem, ou seja, nós como corpos físico, éterico, astral e espiritual, somos uma "quimera", domo diz a sutra da Seicho-no-ie?

Templo disse...

Olá!

"Uma única percepção e o real se revela."

Quando sintonizamos essa percepção, percebemos que não somos os nossos personagens, mas o puro Ser que percebe a Si mesmo aparecendo como tudo na representação. Ele é uno com a representação (ou seja, está também na representação), e ao mesmo tempo está além da representação. Quando ocorre a percepção do Eu, os personagens não desaparecem, porque a representação não desaparece. O que ocorre é: fica evidente que a representação é apenas uma representação, ou seja, não é real. Antes a representação era tida como realidade [pois vista apenas pela mente]; agora a representação é percebida [não apenas pela mente, mas também pela visão consciencial] como sendo apenas uma representação. E a realidade é Aquele que existe por detrás da representação, ou seja, é Quem realmente somos.

Essa percepção não é do personagem, mas do Ser. O personagem está sempre percebendo dentro dos limites da representação (percepção mental). Ao passo que a percepção do Ser extrapola o âmbito da representação. Tudo o que o Ser percebe está em Si mesmo, porque é Ele mesmo.

Namastê!

Silvano disse...

Divinos personagens, permitam-me comentar algo sobre esse profundo diálogo, pois, Aquele que aparece como “Anônimo” concluiu com uma indagação muito sagaz, que simplesmente pela forma como Se expressou pode elucidar a muitos: “Nós como personagens, nunca perceberemos a iluminação, por que os personagens não existem, ou seja, nós como corpos físico, etérico, astral e espiritual, somos uma "quimera", domo diz a sutra da Seicho-no-ie?”
A menção à Sutra Sagrada da Seicho-No-Ie embora possa ter sido despretensiosa não foi casual, pois criou a oportunidade de compartilhar o que disse o próprio Masaharu Taniguchi sobre sua experiência de iluminação. Isso poderá suscitar uma reflexão profunda em muitos.
Os comentários, usando a linguagem do Núcleo, estão entre chaves.
Em certo ponto, que se relaciona diretamente à indagação supra, relata Masaharu Taniguchi:
“Naquele momento, compreendi claramente que a mente em ilusão é
inexistente {a mente do personagem é inexistente} e, consequentemente, não existe também a “mente que alcança a iluminação por meio do despertar” {A única “Mente” que realmente existe é a “Mente de Deus”, que no Núcleo é chamada de Consciência do Ser. Assim, sendo inexistente a “mente do personagem” não alcança a iluminação por meio do despertar}. Compreendi que é um
equívoco pensar que a mente em ilusão evolui, alcança a iluminação e
se torna Buda {Os personagens e suas mentes estão inseridos no contexto da representação. Como na representação a evolução parece ser real, parece algo lógico pensar que a mente evolui e alcança a iluminação e que se torna Buda. Porém, existindo apenas na representação a mente do personagem não se ilumina e se torna a Consciência do Ator. O Ator – a identidade que subjaz ao personagem - já é consciente de Quem Ele É. Portanto, sim, divinos personagens, “Nós como personagens, nunca perceberemos a iluminação, por que os personagens não existem, ou seja, nós como corpos físico, etérico, astral e espiritual, somos uma "quimera". Mas cabe acrescentar que Somos o Ser real, somos Aquele que subjaz aos nossos personagem, ou seja, somos Quem de fato percebe! Por isso Masaharu Taniguchi esclarece que na Meditação Shinsokan é a “percepção do Eu da Imagem Verdadeira” {a percepção do Ator} que deixa o mundo dos cinco sentidos {que retira o foco da representação} e entra no mundo da Imagem Verdadeira {e dá foco ao Universo da Consciência do Ser}

Silvano disse...


Concluiu Masaharu Taniguchi compartilhando que:
Compreendi que só existe a Mente (EU) da Imagem
Verdadeira { só existe a Consciência do Ser, do EU Real} que é Buda, que é Deus desde o princípio. Só existe o Universo do Jissô, que é a extensão da Mente-Jissô { só existe o Universo da Consciência do Ser que é a extensão do próprio Ser Real}. O Buda fenomênico (Sakyamuni) {o divino personagem}, que saiu do palácio do seu
pai, Suddhodana, e meditou sob uma figueira durante seis anos para
alcançar a iluminação, não era existência verdadeira. Unicamente o
Buda eterno {o Ator, que é a real identidade do personagem Sakyamuni} a quem ele se referiu na declaração “Eu sou Buda desde o princípio dos tempos” é existência verdadeira, e esse Buda eterno vive aqui e agora. Jesus Cristo na condição de homem fenomênico {o divino personagem}, que, pregado na cruz, clamou “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, não era existência verdadeira. Unicamente o Cristo eterno {o Ator, que é a real identidade do personagem Jesus}, a quem ele próprio se referiu na declaração “Antes que Abraão existisse, eu sou” é existência verdadeira, e esse Cristo eterno {esse Ator} vive aqui e agora. Conscientizei-me de que eu também não sou um homem fenomênico {o divino personagem} nascido de minha mãe em 22 de novembro de 1893 e que só agora alcançou o despertar. Compreendi que sou um ser divino, um ser búdico {o Ator, que é a real identidade do personagem Masaharu Taniguchi}, desde o princípio dos tempos.
(Do livro “A Verdade da Vida, vol. 20”, pgs. 158 à 164)

Gratidão Àquele que em Suas infinitas formas de Se expressar “aparece como” cada Um de nós!

Templo disse...

Gratidão, divino Amigo, por sua presença, e por compartilhar conosco as suas percepções, através das palavras do divino personagem Masaharu Taniguchi!

Namastê! _/\_