"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, novembro 27, 2010

Explanações sobre a Seicho-No-Ie

Pergunta: Por que a Seicho-no-Ie considera que todo sofrimento e doença são oriundos de um pecado? Quer dizer, ela considera que todo sofrimento e doença são oriundos do pecado? Na minha opinião, não acho que todo sofrimento ou doença seja necessariamente um mal, uma imperfeição... ou oriunda de um pecado. Prova disso é que os homens mais santos ou iluminados que já viveram nesta Terra foram os que mais sofreram ou mais compadeceram de doenças, e nem por isso foram pecadores. Mas é só o que acho... Não estou querendo colocar em relatividade a natureza do pecado. Estou somente querendo analisar a natureza do sofrimento, da doença, das coisas tidas como "imperfeitas". Será que são mesmo, em todos os tipos de manifestações, sempre imperfeitas? Sei lá... talvez não. Talvez faça parte daquilo que Deus criou e viu que era "muito bom". Talvez faça parte de um equilíbrio necessário à existência. Há inúmeros tipos de doenças, inúmeras formas de sofrimentos - todas com um determinado tipo de propósito. "Tratar como existente aquilo que é inexistente" é ilusão. Mas... Tratar como inexistente aquilo que é existe também não seria ilusão? Por favor, com todo o respeito a doutrina, gostaria de saber a opinião a esse respeito.


RESPOSTA: Há duas formas de responder sua pegunta sobre o pecado e sobre o que a SNI considera a respeito dele. A resposta definitiva, categórica e suprema da SNI quanto ao pecado é que ele não existe. Não existe, e não há mais o que se falar sobre isso. Ponto. É uma resposta absoluta. Porém, como entender realmente a realidade dessa afirmação assim, logo de início? Pra muita gente é difícil. Então a doutrina da SNI desdobra-se e começa a relativizar a explicação; ela cria respostas apenas para poder aquietar a mente que se recusa a acreditar. Na verdade, ao fazer isso a SNI mente. Todos os mestres, quando abordam a Verdade de um ponto de vista relativo, só o fazem para poder acalmar a mente, torná-la inteiramente quieta, como um lago parado; e quando assim a mente estiver acalmada, ela se torna transparente para aquilo que existe nas profundezas - então você consegue ver. Essa é a única utilidade de conversas que abordam a Verdade de modo relativo. Mas tais explições não são realmente necessárias. Os mestres que tentam transmitir a Verdade relativizando o absoluto (percebe o absurdo disso?) só o fazem por amor. Eles fazem por amor ao próximo e, principalmente, por terem seus corações ardendo de amor pela Verdade. Então, mesmo sabendo que é impossível, eles tentam. Eles mentem para nós, mas o fazem somente por amor. Antes de tudo, precisamos perceber que todas as mensagens escritas ou faladas sobre a Verdade são mentiras. Não podemos acreditar nelas literalmente. Elas não são o alvo, elas são as setas - a seta nunca é o alvo, ela apenas o indica. No Zen há um conto no qual o mestre, na tentativa de mostrar a Verdade ao seu discípulo, aponta um dedo para a lua, mas o discípulo insiste em ficar olhando para o dedo do mestre, ao invés de voltar o seu olhar para a lua real. Com as mensagens que ouvimos e lemos, ocorre a mesma situação. Quando você olhar para a lua, já não estará vendo mais o dedo, mas somente a lua. A lua não é o dedo. A Verdade não é o que está escrito aqui e nem em lugar algum. O dedo que aponta para a lua é a mentira (é a explicação relativa), a lua é a Verdade, a lua em si mesma é absoluta. Mas o que fazer para mostrar a lua para alguém sem ter algo com que indicá-la? Ninguém consegue simplesmente apontar para a lua a alguém sem usar nada. E tampouco ninguém consegue usar a lua para mostrar a lua. A pessoa que quer ver a lua terá que fazer isso por conta própria, por meio de uma abordagem e uma relação pessoal - ela terá que olhar diretamente. Assim, o "dedo que aponta" é um desvio. Agarramo-nos a ele porque pensamos que encontramos um atalho a fim de que finalmente poderemos compreender, mas fixar o olhar no dedo que aponta significa sair da trilha. Então, como indicar a Verdade sem mentir? Não dá. Por isso, precisamos aprender a não ficarmos agarrado às palavras. Esse é o primeiro ponto importante para se estar consciente a respeito.

A SNI diz que o pecado e o sofrimento não existem. Contudo, há muitas pessoas que julgam estar em pecado. Então a SNI começa a fugir de sua Verdade absoluta para tentar alcançar as pessoas que ainda estão demasiadamente condicionadas para perceberem/entenderem o Jisso. Ela começa a desdobrar sua doutrina, relativizando seus ensinamentos, dizendo que o pecado nada mais é que um estado no qual o homem está separado de Deus, no qual Deus e o homem não são um. Quando o homem considera-se assim, ele está em pecado. E como consequência dessa crença, ele sofre, adoece e morre. Na verdade, tudo isso não passa de crença. Então o correto seria dizer que, quando o homem está quedado no pecado, ele PENSA que sofre, que adoece, e que morre. Na verdade nada disso acontece com ele. No Jisso, na Imagem Verdadeira do homem, o homem É - nunca nasceu, portanto nunca vai morrer. A SNI diz que a pessoa que realiza esta compreensão dentro de si - de que o homem é perfeito, harmonioso, imortal, búdico -, começa a ter essa compreensão projetada para fora, no mundo fenomênico tridimensional. O mundo fenomênico não está situado no "interior" do homem. Mas ele é "sombra" do mundo interior (mente) do homem. Quando se muda a mente (o que equivale a dizer "quando o homem muda a si mesmo profundamente"), o mundo que se passa ao redor começa a mudar. "Quando eu me movo, o mundo se move" e "se oro, o mundo me responde" - essas são duas máximas da Seicho-no-Ie.

Portanto, seria válido dizer que uma doença é consequência do estado de pecado. A Seicho-no-Ie acolhe a questão que você levantou, de que "Há inúmeros tipos de doenças e inúmeras formas de sofrimentos - todos com um determinado tipo de propósito", mas o acolhimento da Seicho-No-Ie quanto a este ponto ocorre somente no âmbito relativo do Ensinamento. A esse respeito ela diz o seguinte: todas as manifestações desarmoniosas - como o pecado, o sofrimento, a doença, a limitação -, ocorrem como lições para o aprimoramento espiritual da própria pessoa. Existiu na Índia um bodhisattva chamado Avalokistesvara (ou Kanzeon Bosatsu). Esse bodhisattva, quando atingiu a iluminação espiritual, fez com a Divindade um voto/pacto no qual, dali em diante, sua existência seria devotada à salvação de cada ser que existississe ou passasse por esta existência humana/fenomênica. Kanzeon Bosatsu dispôs do seu ser para que a Divindade fizesse dele um meio/um intrumento mediante o qual Deus pudesse manifestar a Sua misericórdia e alcançar a alma de cada ser que chamasse por seu nome. Na Sutra do Lótus (sutra budista compilada dos ensinamentos do Buda Sakyamuni), está escrito que Kanzeon Bosatsu possui uma força sobrenatural infinita, que salva as pessoas na vida cotidiana. Assim, consoante esta doutrina budista, a Seicho-No-Ie explica que toda desarmonia que surge neste mundo é manifestação de Kanzeon Bosatsu para propiciar a homem a oportunidade de melhorar/progredir espiritualmente.

Por exemplo, se no seu trabalho você tem um chefe que te persegue ou repreende além do que você acha que deveria, ou se na sua vida você encontra uma alguém que não gosta de você e faz coisas para te prejudicar, aquele chefe ou aquela pessoa são Kanzeon Bosatsu aparecendo, para que você possa aproveitar a situação para tornar-se uma pessoa mais dócil, manso - uma pessoa melhor. Aquelas pessoas são instrumentos mediante os quais Kanzeon Bosatsu está aparecendo para lhe conceder a opotunidade de aprender a perdoar, a amar e a agradecer aquela pessoa do fundo do coração. Você aprende certas lições espirituais e, assim, lapida o seu espírito, elevando o seu ser cada vez mais alto rumo ao amor, à sabedoria, à iluminação - rumo a Deus. Assim, todas as dificuldades que surgem no mundo são manifestações da divindade 'Kanzeon Bosatsu', inclusive sofrimentos e doenças. Eles estão ali para lhe ensinar alguma coisa importante, e quando você tiver assimilado e passado totalmente pela lição, essas manifestações deixam de ter qualquer propósito; então tanto aquele chefe como aquela pessoa a quem você perdoou passam a gostar de você (ou então são afastados de sua realidade - a própria vida cuida de afastá-los), e a doença e os sofrimentos desaparecem.

Essas explicações só sevem no campo da relatividade dos ensinamentos. E em seu ensinamento relativo, a Seicho-No-Ie explica assim. Mas o ensinamento relativo é menos importante. Ele é apenas para enquanto as pessoas não conseguem entender e penetrar na Verdade Absoluta do Jisso. No campo Absoluto, o pecado não existe, somente Deus existe - e este é o supremo ensinamento. Dessa forma, à luz do Absoluto, todos os expedientes relativos perdem seu propósito, simplesmente porque o pecado não existe, e não há que se falar nisso. Se o pecado, que é causa, não existe, a doença não existirá como consequência desse pecado. É preciso compreender o Absoluto e manter a mente fixada nele. O mundo dos fenômenos é repleto de distrações, é gravitacional, se você não estiver atento, ele te "puxa pra baixo". Mas, no momento que você tiver o seu primeiro contato com o Absoluto, não restará em você a mínima dúvida de que o mundo fenomênico, apesar de parecer existir, é inexistente. Você compreenderá que a matéria existe do jeito que a conhecemos devido a força ilusória de maya, que faz com que o Espírito Absoluto/Infinito pareça finito e divisível. Quando compreender isso, então todo o cuidado que precisará tomar, daí pra frente, é ficar apenas observando e reconhecendo as obras de maya atuando e fazendo uma ilusão parecer real... reconhecerá que se trata de um mistério. E, como já não estará mais identificado com o exterior, e sim com sua compreensão interior, a sua vida passará a ser regida pelas leis interiores, pelas leis do Espírito, e não mais pelas leis exteriores do mundo. Então, a doença se cura, o sofrimento acaba, a paz além do entendimento surge, e a presença de Deus se revela presente e viva em cada ponto de Sua criação.

O texto a seguir exemplifica o que tentei dizer acima. Fala sobre a saúde e a relação que ela possui com a compreensão da Verdade Absoluta de que "Deus é tudo". Segue:

"O homem é Deus e a vida do homem é a vida de Deus - esta é a filosofia básica dos ensinamentos da Seicho-No-Ie. Deus é saúde absoluta, e assim, dizemos que o homem deveria ser absolutamente saudável. Esta saúde absoluta fica impressa em nossa mente quando conscientizamos que o homem, em sua Imagem Verdadeira é sempre saudável, e que unicamente a Imagem Verdadeira constitui a totalidade da existência do homem. O que fica impresso na mente, inevitavelmente será impresso em todas as células do corpo. Isto porque as células do corpo são entidades com consciência. Por essa razão, imprimir a ideia de saúde absoluta na mente levará à manifestação da saúde absoluta no corpo inteiro. Como podemos atingir a conscientização da saúde absoluta e permitir que esta consciência de saúde se desenvolva? Da seguinte forma: (1) pensar na Imagem Verdadeira da Vida, que é Deus; (2) pensar unicamente na Imagem Verdadeira original, e (3) saber que a Imagem Verdadeira original é a totalidade de tudo que existe. Quando seguimos estas três condições, nossos pensamentos retratam a Imagem Verdadeira sem distorção, ficando preenchidos com a Verdade a ponto de refletirem somente a Verdade. Como os pensamentos possuem uma certa inércia, eles irão se aprofundar cada vez mais pela repetição. Se persistirmos em pensar em termos de Imagem Verdadeira, cada vez mais iremos nos aproximar da Verdade, e cada vez mais iremos conscientizar com maior clareza e profundidade as coisas como elas realmente são no Mundo da Verdade. Ao nos conscientizarmos mais profundamente das condições perfeitas da Imagem Verdadeira da Existência, começaremos a manifestar condições mais perfeitas em nossa vida fenomênica. Nossa saúde física irá melhorar. Tanto o corpo como a mente aumentam de poder. Para sermos saudáveis, precisamos cultivar pensamentos de saúde, pois a mente não pode ficar estacionária: se não avançar, ela irá se retrair. Se a mente não se ocupar com pensamentos elevados, terá pensamentos de natureza inferior, e gradativamente iremos perdendo o terreno já ganho. Quando a mente se eleva e adquire mais maturidade, não apenas conservamos as boas coisas conquistadas, como ainda passamos a adquirir novas coisas ainda melhores do que as do passado. Portanto, se desejarmos o crescimento abundante de nossas vidas, precisamos nos aprofundar diariamente em nossa compreensão da Verdade. Quando nos conscientizarmos da Verdade de nossa vida, ou seja, quando fortalecermos a convicção da perfeita saúde pertencente à nossa Imagem Verdadeira, teremos a melhoria de nossa saúde física proporcionalmente a esse crescimento de conscientização da Verdade. Precisamos conscientizar que unicamente nossa Imagem Verdadeira é real. A melhor maneira de abrirmos o portal de nossa própria imagem do “Eu”, é nos sentarmos quietamente e meditarmos sobre a Verdade." (Masaharu Taniguchi)

Não acreditem apenas nestas palavras. Olhem para a lua!









2 comentários:

Anônimo disse...

Sabe... na minha humilde opinião, eu acho que até Jesus relativisou, até o Cristo relativisou. Se valeu de premissa falsa(ilusão) do povo da época para salvar. O problema é o pecado? Pois bem, vamos fazer o seguinte: Eu morro crucificado aqui na cruz e pago todos os pecados de vocês, combinado? E não tem funcionado? Alguém sabe quantos são os que acreditam piamente nisso e passam finalmente a se considerarem merecedor das graças?

Li em algum lugar, não sei a fonte é fiel, mas acho que era Gandhi quem dizia que Deus se apresenta (ou aparece) para os famintos na forma de comida.

O importante não é o dedo, a linguagem, os arquetipos, a forma, mas a lua.

Anônimo disse...

Acho muito fácil julgar uma doutrina quando nem a mesmo conheça é nessas horas que lembro do que o meu professor dizia: Deus nos deu dois olhos dois ouvidos e apenas uma boca... Não, não estou o criticando, apenas quero falar que você pode até criticar afinal vivemos em uma nação que tem livre liberdade de expressão, mas um conselho eu te dou vá a uma regional da SNI e você nunca mais irá querer sair de lá...
(sou evangélico, mas pratico a sni pois não vejo problema algum)