"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, novembro 12, 2015

Viver o "Eu Verdadeiro" - 3/3

- Masaharu Taniguchi - 


O que foi dito até aqui em relação à religião aplica-se também ao ser humano. Nosso organismo, que é constituído de incontável número de células, mantém-se vivo graças ao processo em que as células envelhecidas vão sendo substituídas uma a uma, por novas células. Como todos sabem, cada vez que lavamos o rosto ou tomamos banho, as células envelhecidas da pele, que foram substituídas por novas, se desprendem e são eliminadas. Da mesma forma que surgem células novas para revigorar os tecidos celulares, novas seitas surgem para intensificar a divulgação da Verdade.

Foi para isso que surgiu a Seicho-No-Ie, e embora pareça diferir das religiões tradicionais, a essência do seu ensinamento é a mesma Verdade que elas pregam. A Verdade é eternamente imutável, é a mesma Verdade da Vida Eterna que permanece inalterável desde os tempos de Sakyamuni, mas a forma de expressá-la deve modificar-se de acordo com a época; caso contrário, não é possível vivificar cada época. Assim, a essência da obra A Verdade da Vida é a Verdade eterna, a mesma que as religiões tradicionais vêm pregando, mas devido à forma inovadora com que é apresentada, toca com maior intensidade a geração moderna, e suscita nos leitores uma grande transformação interior, que propicia a cura rápida das doenças.

Analisando a história da evolução do ensinamento da Seicho-No-Ie, constatamos que a forma de pregar a Verdade passou por muitas modificações desde a publicação do primeiro exemplar da revista Seicho-No-Ie até o presente, e que o objetivo das modificações tem sido sempre o de facilitar a compreensão da Verdade, de acordo com as peculiaridades de cada época. A grandeza do ensinamento da Seicho-No-Ie está justamente em adotar diferentes modos de expressão. Usar diferentes formas de expressão é um procedimento necessário. É por isso que redijo mensalmente para a revista Seicho-No-Ie artigos com mensagens da Verdade, introduzindo modificações na forma de expô-las sempre que isso se faz necessário. É preciso que o leitor leia com atenção os artigos e capte a corrente de uma só Verdade que flui em todos eles, não obstante as diferentes formas de expressá-la. 

Vez por outra, algumas pessoas me dizem: "Professor, num artigo o senhor diz uma coisa, e noutro, algo bem diferente. Isso não é uma incoerência?". Porém, mesmo que minhas afirmações pareçam incoerentes, na essência elas não o são. Para que as pessoas com a mente presa a determinadas ideias despertem para a Verdade da Vida, faço afirmações aparentemente contraditórias. 

Por exemplo: para as pessoas que pensam que "a doença ocorre devido a causas orgânicas", afirmo categoricamente que "a doença ocorre devido à atitude mental errônea", para desfazer a ilusão. Mas, ao saber que a mente é causadora da doença, algumas pessoas tornam-se obcecadas por essa ideia e passam a viver angustiadas por não conseguirem melhorar a atitude mental, apesar de se esforçarem. Para essas pessoas, afirmo: "Assim como o corpo, a mente também não existe". Então, alguns comentam, perplexos: "Afinal, o que será que o Prof. Taniguchi está querendo nos dizer? Ora afirma que a mente é a causadora das doenças, ora afirma que a mente não existe...". Pois digo que ambas as afirmações são verdadeiras. A mente negativa, causadora de doença, é mente em ilusão, que não existe de verdade. E a doença, sendo manifestação da "mente que não existe de verdade", também não é existência real. Portanto, não há nenhuma contradição em minhas afirmações. Mas aqueles que se atêm à forma de expressão e não conseguem entender a Verdade contida em minhas palavras, julgam-me incoerente. Então, para conduzi-los à compreensão da Verdade da Vida, faz-se necessário mudar mais uma vez a forma de expressão e dizer: "Não existem nem o corpo, nem a mente. Somente a Imagem Verdadeira existe de verdade". Palavras escritas e expressões verbais são expedientes e formas a que recorremos para libertar as pessoas em estado de ilusão, apegadas a determinadas ideias ou crenças.

"A matéria não existe. Todas as coisas materiais são sombras (projeções) da mente; portanto, podem surgir ilimitadamente dependendo da atitude mental." – Ouvindo esta afirmação, algumas pessoas pensam: "Os bens materiais não têm existência própria, são todos produtos da mente e, como surgem ilimitadamente conforme os projetamos, podemos esbanjá-los à vontade", deixando-se levar pela ideia fixa de que "a matéria não existe". Tais pessoas também se atêm à forma de expressão, sem perceber que ela não passa de expediente para conduzi-las à compreensão da Verdade. Para libertar da ilusão as pessoas apegadas às coisas materiais, afirmo que "a matéria não existe"; mas, ao me dirigir àquelas apegadas à ideia de que "a matéria não existe", explico assim: "Não estou afirmando que a matéria simplesmente não existe. O que pretendo dizer é que todas as coisas que vocês pensavam tratar-se de mera matéria, são, na verdade, manifestação da Vida de Deus, e, portanto têm de ser tratadas com muito amor". 

Para pregar a Verdade, é preciso usar de expedientes adequados, de acordo com as pessoas. Assim, ouvindo a explicação acima, as pessoas que desperdiçavam muitas coisas por pensarem que "a matéria é vã" tomam consciência de que em tudo está presente a Vida de Deus e passam a usar da maneira mais proveitosa, com espírito de reverência, até mesmo uma simples folha de papel. Em última análise, o essencial é fazer com que as pessoas despertem para a Verdade de que em todas as coisas está presente a Vida de Deus. E o livro que usa livremente as mais diversas formas de expressão para conduzir os leitores a esse despertar é A Verdade da Vida.

Para se auto-expressar, a Vida cria forma, rompe as formas já criadas e gera novas formas, num processo incessante. Assim é a manifestação da Vida. Saibamos que o desenvolvimento de processa pela incessante renovação. Seja na literatura, na religião ou nas artes plásticas, a evolução ocorre pela constante renovação das formas: criam-se formas, rompem-se com as que se tenham tornado padrões e criam-se novas. E assim, pela constante renovação das formas, a Vida se manifesta com novo impulso. O importante não é a forma, e sim a Vida. 

Algumas religiões florescem durante certa época mas acabam se tornando inadequadas por não conseguirem se renovar, rompendo as formas ultrapassadas. Todas as formas sofrem modificações com o decorrer do tempo; são rompidas e substituídas por outras. Mas por trás dessa aparência fenomênica de transitoriedade existe a Vida eterna, que flui incessantemente, sem sofrer nenhuma alteração. E é preciso captar o incessante e vigoroso fluxo de Vida, transcendendo o aspecto fenomênico mutável. Compreender a transitoriedade das coisas deste mundo e entregar-se à tristeza não é despertar para a Verdade. O despertar consiste em descobrir a Vida que flui incessantemente, por trás da aparente transitoriedade.


Do livro "A Verdade da Vida, vol. 33", pp. 67-72

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