"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, julho 04, 2014

Comentando o capítulo 4 - 1/2

- Gustavo -


O tema deste capítulo é "A realização do Consciência", e o Caminho Infinito ensina que o homem é Consciência. Isso significa que a realização do homem consiste em reconhecer ou despertar para si mesmo, a própria Consciência.

O homem é, por definição, um ser espiritual. Ele existe como um ser divino, e não como um ser material (corpo físico ou mente). Todavia, diante do homem espiritual há um mundo de aparências – o cenário humano – que parece estar acontecendo. Goldsmith afirma que o cenário humano aparenta isolar-nos do divino. Apenas "aparenta" isolar-nos, mas tal isolamento não ocorre de fato. O que faz com que o homem (ser espiritual, divino) se sinta isolado e separado de seu criador, é o fato de ele se deixar levar pelos cinco sentidos do corpo, que não vêem senão uma sequência de "imagens" desfilando, o tempo todo surgindo e desaparecendo. O cenário humano mutável é visto e captado pela mente humana, mas a Consciência Espiritual enxerga a Verdade imutável, que está acima e além deste reino de aparências. Dessa forma, a mente humana não consegue jamais "ver" ou compreender as coisas do Espírito. O que é mental discerne somente "coisas mentais".

A realidade espiritual ou divina somente pode ser discernida pela própria Consciência Espiritual. "Os Meus pensamentos não são os teus pensamentos, e os Meus caminhos não são os teus caminho. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os Meus caminhos mais altos que os teus caminhos, e os Meus pensamentos mais altos que os teus pensamentos" (Isaías 55: 8-9). A fim de melhor compreender e aprofundar esse importante ponto (mente x Consciência), leia mais clicando aqui.

Ao se deixar levar pelo senso humano de existência (mente e 5 sentidos), o homem se sente incompleto, miserável. No reino da mente as coisas não são feitas para perdurar, tudo é incerto, inconstante, evanescente e escasso. A completude não pode estar presente no reino da mente, pois, se estivesse, a mente seria como a Verdade – imutável. Os ensinamentos orientais comparam a mente a um "buraco sem fundo", o qual, por mais que tentemos enchê-lo/completá-lo, tal jamais chega a ocorrer. A mente logo se esvazia e fica com "fome" novamente. Por mais que alimentemos seus desejos, a mente retorna a sua condição de miserabilidade.

Este é o dilema: o homem, que por natureza é um ser espiritual, parece estar vivendo longe de casa num reino de natureza não espiritual (o mundo). Ao buscar sua felicidade ou realização no mundo, não os consegue encontrar, pois a natureza do mundo não se identifica com a natureza ou essência do homem. Ambas são incompatíveis. O ser humano encontra sua realização ao entrar em contato com algo de natureza espiritual ou divina. O que é mundano não pode preencher o homem. Por isso Goldsmith diz: "Sermos ou não sermos bem sucedidos no reino exterior não é o que determinará a nossa realização do paraíso. O paraíso é a realização da consciência interior. Podemos ter alcançado a nossa saúde, prosperidade ou sucesso, mas não nos sentimos felizes. Por que? A razão disto é que aquelas coisas não são, por si, a realização.". A realização da Consciência (Deus) é a única realização legítima e verdadeira para o homem.

Nossa realização somente será encontrada em nosso interior, onde está o "Reino de Deus". Em Deus, somos exatamente o que Deus é: perfeitos, puros, plenos, completos – isso não poderia ser de outra forma. Encontrando a realização da identidade espiritual no interior, ela se torna aparente no exterior. Isso porque a experiência externa é na realidade um reflexo de nossa experiência interna. O reino exterior é um desdobramento (efeito) dos reinos de nossa consciência (causa). É natural que o homem, ao fazer contato com Deus e sentir a plenitude espiritual do Ser, comece a sentir sua vida ser redirecionada para atividades que lhe trarão mais realização: uma mudança de cidade, de emprego, de alimentação, de relacionamentos, de hábitos, etc.. O Espírito é quem dá o encaminhamento, e isso ocorre diferentemente de acordo com cada um. 

Goldsmith diz: "Há uma Presença e um Poder dentro de nós, que removerá qualquer obstáculo. É possível que no momento nós nem saibamos qual a natureza desse obstáculo, assim, devemos começar o nosso trabalho exatamente como nos encontramos agora: com Deus. “Eu e o Pai somos um” (João 10: 30), portanto onde eu estou, Deus está presente, e desse estado divino de consciência é manifestada a harmonia do meu ser. A conscientização dessa Presença e Poder corrige, remove e modifica o quadro exterior até que ele se torne um reflexo exato do interior." Note que Goldsmith diz que devemos começar o nosso trabalho de conscientização (meditação) a partir do ponto onde estamos neste exato momento. E ele esclarece que neste exato instante somos um com Deus. Goldsmith nos fornece uma revelação para que não caiamos no erro (tentação) de tentar nos tornar um com Deus, para somente depois começarmos o trabalho de meditação. Cair nessa armadilha da mente significa perder a meditação antes mesmo de dar início a ela. Assim, conscientize/contemple:

"Neste exato momento sou um com Deus. Não preciso tentar me tornar um com Deus para somente depois ter manifestada a harmonia do meu ser."

Lembre-se que "meditação" ou "contemplação" significa apenas "constatar" aquilo que já é. Tal como você faz quando vê pássaros voando no céu. Se você tentar se tornar "um com Deus" não estará de forma alguma contemplando. Já somos um com Deus. Neste trabalho é irrelevante o que a mente pensa ver e julga ser real.

Sempre que desejarmos corrigir algum quadro mental (mundo dos efeitos), não deveremos tentar fazê-lo a partir do exterior, mas teremos de nos voltar à nossa Consciência divina (causa), que está em nosso íntimo. Alcançando aquele "sentimento profundo" e sentindo ocorrer uma mudança em nosso interior, logo o quadro externo começa a se ajustar/corresponder à Verdade conscientizada internamente. Devemos nos habituar a tirar a atenção das circunstâncias externas, e mantê-la em nossa Consciência, que é Deus – onde habita toda a Verdade, Amor, Vida e Bem. Quando fazemos contato com esse Bem e Amor divinos, imediatamente o fluxo do Epírito passa a correr do interior para o exterior.

É isso o que explana Goldsmith: "A conscientização dessa Presença e Poder corrige, remove e modifica o quadro exterior até que ele se torne um reflexo exato do interior. A experiência exterior sempre reflete a nossa consciência interna quando aprendemos a voltar para o nosso íntimo, deixando que ela se manifeste; mas enquanto ficarmos nos intrometendo no quadro exterior, na tentativa de corrigi-lo ou modifica-lo, o máximo que conseguiremos será uma flutuação do cenário humano. Somente deixando a consciência interior fluir, enquanto aprendemos a descartar o exterior no presente momento, é que iremos encontrar a harmonia que buscamos. O nosso bem vem a nós como o próprio jorrar de nossa consciência – o Amor revelando-Se por todo o nosso ser, Deus como a realidade de tudo que aparece, Deus como a lei de toda a forma. A nossa própria consciência, desenvolvendo-se por si, aparece como nossa experiência, sem que precisemos ficar a moldá-la conforme nossos desejos ou vontades, bastando-nos tomar a atitude de observar Deus Se manifestando. Este é o modo de viver O Caminho Infinito."

Namastê!

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