"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, março 10, 2017

O Dom Supremo - 2/7


O DOM SUPREMO
(Henry Drummond) 

Paulo começa por comparar o Amor com outras coisas que, em seu tempo, tinham muito valor para os homens. Ele compara com a eloquência; um dom nobre, capaz de tocar os corações e mentes dos seres humanos, e estimulá-los a realizar aventuras que vão além dos limites. Paulo se refere aos grandes pregadores e diz: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos se não tiver amor, serei como o bronze que soa; ou como o címbalo que retine.” E todos nós sabemos por quê. Muitas vezes escutamos o que pareciam ser grandes idéias de transformação do mundo. Mas são palavras ditas sem emoção, vazias de Amor, elas não nos tocam, por mais lógicas e inteligentes que pareçam ser.

Paulo compara o Amor com a Profecia. Compara com os Mistérios. Compara com a Fé. Compara com a Solidariedade. Por que o Amor é mais importante que a Fé? Porque a Fé é apenas uma estrada que nos conduz até o Amor Maior. Por que o Amor é mais importante que a Solidariedade? Porque a Solidariedade é apenas uma das manifestações do Amor. E o todo é sempre mais importante que a parte. Além disso, a Solidariedade é também apenas uma estrada, uma das muitas estradas que o Amor utiliza para fazer com que um homem se una a seu próximo. E existe, todos nós sabemos disto, um bocado de solidariedade sem Amor. É muito fácil jogar uma moeda para um pobre na rua. Geralmente é mais fácil fazer isto que deixar de fazê-lo. Deixamos de nos sentir culpados pelo cruel espetáculo da miséria. Que grande alívio, por apenas uma moeda! É barato para nós, e resolve o problema do mendigo. Entretanto, se realmente amássemos aquele pobre, nós faríamos muito mais por ele. Ou não faríamos nada. Não daríamos a moeda e, quem sabe, a nossa culpa por aquela miséria poderia despertar o verdadeiro Amor. 

Paulo então compara o Amor com o sacrifício e o martírio. E eu suplico àqueles que desejam, algum dia, trabalhar para o bem da Humanidade: jamais esqueçam que, mesmo que seus corpos sejam queimados em nome de Deus, se não tiverem Amor, não adianta nada. Nada! Vocês não podem dar nada mais importante do que o reflexo do Amor em suas vidas. Isto é a verdadeira linguagem universal, que nos permite falar chinês, ou os dialetos da Índia. Se algum dia vocês forem a estes lugares, a eloquência silenciosa do Amor fará com que sejam entendidos por todos. A mensagem de Fé de um homem está na maneira como vive sua vida, e não nas palavras que ele diz. 

Faz pouco tempo, estive no coração da África, perto dos Grandes Lagos. Ali, entrei em contato com homens e mulheres que se lembravam com carinho do único homem branco que conheceram: David Livingstone. E, ao seguir os passos dele pelo Continente Negro, o rosto das pessoas se iluminava quando me contavam sobre um doutor que por ali havia passado três anos antes. Eles não podiam compreender o que Livingstone dizia. Mas sentiam o Amor que estava presente em seu coração.

Carreguem este mesmo Amor com vocês, e o trabalho de suas vidas estará plenamente justificado. Vocês não podem possuir nada mais eloquente que isto, quando forem falar de Deus e do mundo espiritual. De nada adianta seguir adiante, levando relatos de milagres, testemunhos de Fé, belas orações. Se vocês tiverem tudo isto, e esquecerem o Amor, para nada servirá tanto esforço. Porque vocês podem conseguir tudo. Podem estar prontos para qualquer sacrifício. Mas se entregarem seus corpos para serem queimados, e não tiverem Amor, isto não significará nada para vocês nem para a causa de Deus.

Depois de comparar o Amor com tudo o que já vimos, Paulo, em três versos pequenos, faz uma surpreendente análise do que é este Dom Supremo. Ele nos diz que o Amor é uma coisa composta de muitas outras. Como a luz. Aprendemos na escola que, se pegarmos um prisma e fizermos com que um raio de sol o atravesse, este raio se divide em sete cores. As cores do arco-íris. Paulo, então, pega o Amor e faz com que atravesse o prisma de sua sensibilidade, dividindo-o nos seus elementos. Paulo nos mostra o Arco-íris do Amor, como o prisma atravessado por um raio nos mostra o Arco-íris da Luz. E quais são estes elementos? São virtudes das quais ouvimos falar todos os dias, virtudes que podemos praticar em qualquer momento de nossas vidas. São estas pequenas coisas, estas virtudes simples, que compõem o Dom Supremo. O Amor é composto de nove ingredientes.

1) Paciência: "O Amor é paciente";
2) Bondade: “é benigno"; 
3) Generosidade: “o Amor não arde em ciúmes”;
4) Humildade: "não se ufana nem se ensoberbece";
5) Delicadeza: "O amor não se conduz inconvenientemente"; 
6) Entrega: "não procura seus próprios interesses"; 
7) Tolerância: "não se exaspera";
8) Inocência/Pureza: "Não se ressente do mal”;
9) Sinceridade: "não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade";

Paciência. Bondade. Generosidade. Humildade. Delicadeza. Entrega. Tolerância. Inocência/Pureza. Sinceridade. Estas coisas compõem o Bem Supremo, estão na alma do homem que quer estar presente no mundo e próximo a Deus. Todos estes dons estão relacionados com a gente, com a nossa vida diária, com o hoje e com o amanhã. Com a Eternidade. Nós sempre escutamos falar muito do Amor a Deus. Mas Cristo nos fala do Amor ao homem. Nós buscamos a paz nos Céus. Cristo busca a paz na Terra. A Busca do Ser Humano para responder à sua principal pergunta ("a que devo dedicar minha existência?") não é uma coisa estranha ou imposta. Ela está presente em todas as civilizações, mesmo que estas não se comuniquem. Porque nasceu junto com o homem, e reflete o sopro do Espírito Eterno neste mundo.

O Dom Supremo também reflete este sopro. Não é apenas um Dom em si, mas a soma de várias atitudes e palavras de nosso dia a dia.

Continua...

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