"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, novembro 05, 2012

Maya (Osho)

Osho 

A palavra MAYA tem de ser compreendida. Em Inglês, não há palavra equivalente: "ilusão" não está certo. No oriente chamamos de verdade aquilo que é eterno, aquilo que está eternamente lá, que sempre foi, sempre será, e que nunca houve um momento em que não era - a esta eternidade chamamos-a o real, o verdadeiro. Exatamente em oposição a ela está o irreal, o falso: o que nunca foi, nunca será. E entre esses dois está aquilo que denominamos Maya. MAYA significa aquilo que parece ser e que, apesar disso, não é. Maya encontra-se exatamente no meio, no ponto central que está entre o real e o irreal. Ela é uma mentira mas aparece como se fosse verdade. É uma mentira enfeitada, decorada e muito, muito convincente. Quando ela se apresenta, parece ser absurdamente real, e parece absolutamente verdadeira; você sabe disso.

Por exemplo, quando você sonha a noite, você nunca suspeita. Mesmo as pessoas mais céticas não suspeitam. Em um sonho não há ninguém que suspeite. Mesmo os grandes duvidadores que tudo suspeitam e questionam não levantam suspeitas sobre o sonho. Quando o sonho está lá, ele parece ser absolutamente verdadeiro. Mesmo as coisas absurdas que acontecem no sonho também aparentam ser verdadeiras.

Quando o sonho está lá, ele é real. É tão real que até mesmo o absurdo não te faz duvidar. Mas pela manhã, quando você abre os olhos, de repente tudo aquilo revela-se irreal. Agora, de onde surgiu tudo aquilo? - tudo aquilo surgiu a partir de sua inconsciência. Tudo foi a sua projeção. Aquilo tudo não estava fora de você, estava dentro; era tudo o seu próprio jogo. E você estava tão perdido nele, que ele veio a tornar-se extremamente real. De manhã você está acordado, a projeção foi retirada, e você pode claramente ver que tudo era irreal.

Algo não existia. De repente pareceu existir. E novamente deixou de ser. Maya é um "é" que existe entre dois "não é". Como um sonho que não existia ao entardecer do dia, não existia também ao amanhecer do dia, mas que parecia existir durante a noite quando você pegou no sono. Mas, se o sonho era real somente durante a noite, como você pode chamá-lo de real? Assim, no oriente inventou-se um novo termo. Nós o chamamos de MAYA: aquilo que é irreal mas que, todavia, parece ser tão real devido à nossa inconsciência.

Maya é quase como mágica - algo que não é, que absolutamente não existe, e contudo se faz capaz de aparecer como se existisse.

 

4 comentários:

Matheus disse...

Muito bom o texto do Osho, como sempre aliás. Mas a pergunta é como sair fora de Maya de vez? Em vez de ficar negando a cada segundo que ela exista. O que vai contra o nosso cérebro, nossos cinco sentidos, o sistema social... Com nossos condicionamentos é muito difícil sair deste dualismo não é mesmo? É muita coisa contra... Não à toa grande parte da humanidade nem suspeita que ela existe. E os que sabem, enfrentam enormes dificuldades para eliminar tais condicionamentos...

Templo disse...

Os textos do Osho são quase todos muito bons, principalmente aqueles em que ele explana sobre meditação, percepção...

Lutar contra Maya a fim de sairmos de suas garras é a forma mais segura e absoluta possível de permanecermos presos/vítimas dela. A forma de ir além está na aceitação, no acolhimento de Maya na exata forma como ela é, ou seja, do modo como ela se apresenta. Tudo simplesmente é aceito. É como o guerreiro em busca da luz que, a fim de encarar e vencer todos os seus medos, tem de ver, compreender e acolher/admitir as sombras que existem em seu interior. Na aceitação, ou seja, nessa harmonização com suas próprias sombras, ele percebe que elas começam a desaparecer em meio a uma Luz maior que existe e cerca tudo (inclusive a sombra), e que o guerreiro reconhece ser ele. Mas ele não luta com as suas sombras.

No final, a verdade é o que se revela, e é tudo o que sobra. Ok?

Grande Abraço!

Anônimo disse...

Sr. Amigo Anônimo

Olá gostei muito mas tenho umas perguntas, eu reconheço a minha sombra, que é muito grande, acho até que não sou uma pessoa boa, tento mudar mas sempre meus vícios de atitudes e desejos mundanos me arrastam, e depois eu fico péssimo, me sinto culpado, o que fazer para vencer meu eu inferior, fazer o bem e conseguir viver no mundo?

Templo disse...

A primeira cois a fazer é tomar consciência/admitir seus hábitos e comportamentos, e saber que eles são negativos. Consciente disso, esforçar-se para mudar e adquirir hábitos mais saudáveis. Se for necessário, procurar ajuda de profissionais e familiares. Muita gente tem enorme resistência a isso, mas às vezes é justamente isso que pode nos ajudar. E parar de se considerar uma pessoa ruim. Só pelo fato de você reconhecer seus erros e ter vontade de mudar a si mesmo... isso já é uma nobreza em você, é algom bom. Mas entretanto, isso não deve ficar apenas no campo do pensamento, da teoria, das ideias, é necessário colocar em prática ações condizentes com o objetivo que você deseja atingir. Quer vencer seu eu inferior? Comece a praticar ações em dedicação ao bem estar dos outros (amigos, familiares, ou mesmo pessoas desconhecidas). O eu inferior te incita a viver pra procurar somente o bem para si mesmo. Quando você dedicar seu tempo e suas ações em benefício de outras pessoas, o seu eu inferior sentirá como se você estivesse sacrificando seu tempo, suas enegias - sua vida - em prol de seres outros que não você. Para ele isso parecerá ser um desperdício. Mas para seu eu superior será exatamente o contrário... você estará exercitando o eu superior, alimentando-o e pouco a pouco você começará a sentí-lo até chegar o momento em que você terá plena consciência de que na realidade você é o Eu superior, e não o eu inferior. Assim, substitua seus vícios, atitudes e desejos mundanos por atitudes de praticar o bem ao próximo. Isso o levará para longe do eu inferior e, consequentemente, pra perto do eu superior.

Grande Abraço!