"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, fevereiro 27, 2010

Explanações sobre o Caminho Infinito - 04

Pergunta:

Há uma confusão de um modo geral entre as pessoas com relação à oração. Acham que a meditação é um momento de silêncio, mas através da oração pode-se pedir tudo o que necessitam a Deus! Algumas liturgias incitam ao pedido mesmo! Vejam esse texto de Goldsmith : "(...) A maioria das orações do mundo tem sido uma tentativa de esclarecer Deus, dizer, informar ou pedir a Deus, se necessário implorar-Lhe, até mesmo suborná-Lo, para que faça alguma coisa ou seja alguma coisa. A oração tem sido uma atividade da mente humana. Tem consistido de pensamentos e palavras. Nos primeiros dias de nossa experiência metafísica e espiritual, tentamos trazer a presença e o poder de Deus à cena humana e, de certa maneira manipulá-los. Às vezes procuramos Deus até mesmo para pedir suprimento..."

Afinal, existem mesmo diferenças entre oração, meditação e contemplação?





Resposta:

Acho que não existem muitas diferenças entre oração, meditação e contemplação. Existe a oração que está ligada mais à Verdade e as orações que não estão. As orações desvinculadas da verdade são aquelas em que, na Bíblia, é dito: "Pedis mal". Quando a oração é feita de forma errônea, não se pode esperar um resultado eficiente dela. Oração/Meditação/Contemplação que O Caminho Infinito ensina é aquela em que "não tentaremos mudar, sanar ou melhorar o mundo" porque ele é sonho/ilusão, mas rezaremos pedindo a Deus que nós despertemos do sonho, da mentira do mundo.

Deus não precisa ser lembrado do que Ele deve fazer. Goldsmith diz que enquanto estivermos pedindo para que Deus faça ou conserte 'isto' ou 'aquilo', ainda não teremos compreendido realmente o Ser que Deus é. É ignorância acharmos que podemos influenciar Deus a fazer ou deixar de fazer alguma coisa por nós. A maioria das pessoas rezam a Deus recitando palavras que possam convencê-lo, agradá-lo, sensibilizá-lo.... Elas dizem: "Ó, Deus, eu sou tão pecador, sou tão pequeno. Eu sofro tanto... faze 'isto' por mim". Elas oram partindo da premissa de que os problemas não serão solucionados se não os levarem até o conhecimento de Deus. Elas precisam contar para Deus! Mas não porque primeiro Deus tenha que saber de seus problemas para que possa providenciar uma solução. Elas contam a Ele, não porque creêm realmente Nele, mas é porque elas sentem-se mais confortáveis; é uma forma darem um pouco de segurança a seus egos (essas afirmações não são julgamentos feitos à nível superficial; mas esses processos ocorrem a nível inconsciente e não na camada consciente ou voluntária de cada um; se perguntarmos a cada uma delas o que estão fazendo, obviamente dirão que estão orando sinceramente com tudo o que podem; porque foi assim que aprenderam; o que ocorre, porém, é que todos esses aprendizados atuam como forma de condicionar a maioria das pessoas a essa maneira de pensar e agir); elas fazem isso como uma forma de proporcionar uma garantia a si mesmas: "Pronto! já contei a Deus o meu problema, agora é com Ele, Ele não poderá dizer que não atendeu à minha solicitação porque eu não pedi". Isso não é fé, é uma maneira indireta/sutil de obrigar a Deus a atender suas solicitações. "Pedis mal". Não há nenhum Deus lá fora à espera de receber pedidos para só então desempenhar o seu papel de Deus. Deus não é um deus que está ao dispôr do pequeno ser humano. Ele não pode ser influenciado a agir de acordo com o 'pequeno eu'.

As pessoas possuem uma errada noção do que vem a ser a natureza de Deus. Deus não é um Deus à disposição dos seres humanos, Ele não age em conformidade/em função dos homens. Esse Deus é falso, é o Deus criado por aqueles que não estão na Unidade, gente que possui forte crença de separação entre Deus e o homem. Quando o homem não está na Unidade, quando ele está iludido, julgando-se estar num estado de "separação de Deus", ele tem de criar um Deus lá fora, e buscá-lo. Então começam a pedir várias coisas a Ele. Mas Deus não possui essa natureza.

O que Goldsmith diz é que a natureza de Deus é a de que Ele é Deus sempre, e não apenas nos momentos em que recebe pedidos de soluções de problemas, curas, etc. Deus é Deus sem necessitar do homem. O que Deus não está fazendo agora mesmo, não o poderá fazer nunca, e ninguém o poderá levar a fazê-lo. O Caminho Infinito diz que seria pura perda de tempo pedir a Deus para fazer algo que Ele já não esteja fazendo agora mesmo. Que espécie de Deus seria esse que te deixasse ficar doente até que você resolvesse lhe pedir saúde? Esse Deus é o deus criado pelo homem que não possui a fé verdadeira em Deus.

Jesus ensinou que "antes que pedíssemos, o Pai já havia atendido o nosso pedido", e que "Ele conhece nossas necessidades muito antes de nós próprios as conheçamos". Tudo já está providenciado. O "pedi e dar-se-vos-á" que Jesus ensina não se trata de um direcionamento de rezas e orações verbais a Deus. Esse "pedir" significa "conscientizar a Verdade". Se conscientizarmos a Verdade, não precisaremos sequer nos dirigir a Deus para que Ele solucione algum problema no mundo. O "pedir" que Jesus ensinou possui um significado muito mais profundo, mas não é assim que a grande parte das pessoas interpretam essa parte dos ensinamentos. Quem compreende a verdadeira natureza de Deus nunca Lhe pedirá coisa alguma, apenas conscientizará que "tudo já está feito", que "Deus é Deus hoje e sempre" e que "Ele nunca muda". Se Deus não muda, pode o homem influenciar Deus a fazer alguma coisa que não já tenha feito? Pode o homem ser bem sucedido em pedí-Lo para que mude, em pedí-Lo para que Ele seja um Deus melhor? Aliás, quem o homem pensa que é para instruir, orientar ou esclarecer Deus quanto ao que deveria fazer ou deixar de fazer? O próprio Deus já disse de Si mesmo: "Porque Eu, o Senhor, não mudo".

Conscientizando essa Verdade, a pessoa deixa "este mundo", ela "vence o mundo", desperta da mentira ou ilusão de sonho que este mundo é, e adentra o "Meu Reino". O "Meu Reino" é a real criação de Deus. Deus não criou o mundo que o homem está sonhando, o próprio homem foi quem o criou com sua mente. Por meio de sua mente, o homem viu-se separado de Deus, creu em Deus e + algum outro poder (oposto a Deus), e passou a buscar Deus para se proteger desse poder oposto a Deus. Passou a crer no bem e no mal, no mundo da separação, da dualidade. O Meu Reino é um mundo de UNIDADE... Unidade de Deus com todas as Coisas. Deus é Consciência, e essa Consciência é Una com todas as pessoas, coisas e fatos. Ela é Una com tudo aquilo que ela puder perceber. Se a Consciência está buscando amor, saúde, alegria, harmonia, ela só o faz porque Ela sabe que essas coisas já existem nela. A Consciência só pode perceber alguma coisa - qualquer coisa! - por um único motivo apenas: Ela é UM com esse algo; Deus é UM com esse algo. Quando a pessoa compreende isso, logo ela compreende também que ela não precisa buscar o amor, a saúde, a harmonia - ela já é UNA com todas elas, ela própria é tudo aquilo que ela esta buscando. Não há um mínimo de separação entre a Consciência/Deus e a coisa buscada. O Fato espiritual não deveria ser dividido em palavras: "Deus" e "algo mais". Essa divisão/multiplicidade de palavras gera a ilusão de separação. Deveria se criada uma palavra que servisse para entender "Deus" e "algo mais" como uma única coisa. Se necessário, invente uma palavra, isso desfaz a ilusão de separação. Porque Deus (a Consciência) e "algo mais" são realmente o mesmo Ser, são UM.

Tudo é UM. Sabendo disso, a pessoa deixa de querer ajustar, mudar ou melhorar o mundo: ela passa a percebê-lo como Deus o criou (porque venceu o mundo e entrou no Meu Reino). O mundo que Deus criou é um mundo perfeito, toda a criação de Deus foi feita à Sua "imagem e semelhança". Por isso, o mundo que Deus (o verdadeiro Deus) criou não é um mundo imperfeito que necessite de reparos. Não temos que pedir a Deus para que Ele fique remendando a Sua criação. Ela não necessita absolutamente de ser remendada. Não há falhas, não há erros, não há imperfeições. Tudo o que foi criado por Deus é Deus! Porque não há, em absoluto, alguma separação entre Deus e Sua criação ou entre Deus e o homem. A única diferença que que há entre Deus e o homem é a seguinte: o homem é a manifestação de Deus individualizada, enquanto Deus - a Consciência - é a imagem do próprio Ser infinito. Goldsmith repete à exaustão, ele cansa de dizer que "Deus aparece como o ser individual". Nossas orações/meditações/contemplações têm de incluir (devem partir da seguinte) Verdade: "Tudo o que Deus é, eu sou". Porque: "Meu filho, tu estás sempre Comigo, e tudo o que é Meu, é teu!". Quando a Vida individualizada (homem) assim se sente em relação ao Infinito, ela realiza todas as Verdades relativas à Unidade: Não é necessário buscar nada, tudo já está feito. Precisamos apenas "pedir" para que nos possa "ser dado", necessitamos apenas "conscientizar" para que possamos "ver" que aquilo que estamos buscando já existe, e que, portanto, não necessitamos buscá-lo. Nada precisa ser mudado, tudo já é.

Goldsmith diz: "Não espere que o poder de Deus atue no sonho, mas, antes, que desfaça o sonho". A oração/meditação/contemplação que conscientiza isso é a oração correta.


3 comentários:

Anônimo disse...

Dever de casa:


ler:

Lucas 18, 9-14;
Mateus 11,25;
1 Pedro 5, 5;
Mateus 6, 6-13;
Mateus 6, 31-34;
João 1, 1 e 4, 9-14;
Gênesis 1, 26-30;


Conclusão: não é Deus quem precisa mudar por meio da oração. É o homem. Toda forma de oração é válida se proporciona mudança.

Gugu disse...

Amém!

Estou em concordância contigo, contudo há algo de quevo dizer:

A única "mudança" que esses ensinamentos iluminados interessam provocar é a mudança de estado de consciência no homem. O homem pode mudar em várias maneiras, sem jamais alcançar um único grau de elevação da consciência. O homem pode mudar em termos humanos, em termos mundanos, a mudança pode ocorrer dentro do que se refere a "este mundo". Não estamos interessados em mudar o homem nesse sentido. Um homem pode ser humanamente bom, e isso não significa necessariamente que ele será espiritual. Ele será apenas, humanamente falando, um homem melhor do que o homem mau; e a espiritualidade transcende o bem e o mau humano.

A mudança que nos interessa realizar é a mudança de nosso estado de consciência: da consciência não iluminada para a a consciência iluminada. Visamos perceber que "o Meu reino não é deste mundo" e que "nós, deste mundo, não somos"... e buscamos ter a percepção do Reino de Deus que já existe aqui e agora. Essa é a única mudança que é essencial. Não nos preocupamos muito com o aspecto humano, pois este nos chega por acréscimo.

Grande Abraço.

Anônimo disse...

legal!...