"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

terça-feira, junho 26, 2012

A experiência de Deus

Joel S. Goldsmith


Os nomes ou as palavras não são as coisas: são meios para designarmos nossas ideias das coisas. Deus, como palavra, é algo abstrato, mas como experiência interna é realidade viva. Os homens brigam por causa de palavras diferentes que querem dizer a mesma coisa, mas os realizados se identificam e se abraçam pela vivência da mesma realidade, concebida de formas muito diferentes.

Jesus considerava Deus como Pai e introduziu esta designação no Ocidente. Dizia ele: “O Pai que está em mim”; “meu Pai trabalha até agora”; “quem vê a mim vê ao Pai que me enviou”; “não crês que estou no Pai e o Pai está em mim?”; Eu e o Pai somos um”. Quando nos referimos a Deus como Pai, naturalmente pensamos num forte poder em que podemos confiar, numa vigorosa Presença que nos ampara e mantém, ou num poder disciplinador -- não no sentido de um Pai humano, pois seria absurdo atribuir-Lhe as falhas e natureza masculina de um homem terreno. Mas na Índia, embora às vezes O chamem de Pai, a designação mais comum é a de Mãe, que acabou sendo introduzida na Europa e aplicada por muitos europeus. Com o tempo acabaram empregando o conceito de Pai-Mãe, numa amálgama Ocidente-Oriente. Os Quakers introduziram na América do Norte essa denominação de Deus Pai-Mãe e a Ciência Cristã a adotou. Desse modo, os atributos maternos de suave presença, de desvelado amor, de influência protetora, se uniram às qualidades masculinas anteriormente citadas, formando uma nuvem amorosa e forte em torno de nossos ombros, e de luz em volta de nossos pés.

Todavia, a natureza divina deve ser concebida como uma vivência que dispensa qualquer nome. Se você lhe der um nome, este não é Deus. Isto só o entendem aqueles que já o contataram internamente. Estes podem chamá-lo de Amigo, como fazia Abraão no Velho Testamento. Se Jesus chamou Deus de Pai, mesmo estando em perfeita união com Ele, é por pura questão de ensino. Pois ele mesmo, em fusão completa com a Presença divina preferia dizer: “Eu Sou”; “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida”; “Eu Sou a videira”; “Eu Sou a porta”, etc.. Deus, quando Se manifestou a Moisés, falou a mesma coisa, em unicidade: “Eu Sou o que Sou”: inominado.

O propósito ou objetivo de O Caminho Infinito não é o de fazer-nos capazes de atribuir um nome a Deus, mas de termos a experiência de Sua Presença, até ao ponto em que Ele seja tudo em nós, embora revelado por nossa maneira individual. A mais elevada prece, a mais alta meditação, é a que elimina inteiramente todas as opiniões preconcebidas, crenças, etc., e, abrindo-nos em receptividade, leva-nos a dizer: “Pai, revela-te!”

Havendo sentido e compreendido que Deus não é Pai e nem Mãe, nem Lei ou Princípio ou Vida, mas é Tudo ou o Todo, lançamos fora os conceitos e, ao chamá-Lo Pai, vir-nos-á um “sentimento” e uma “consciência” do Todo que Ele é, que o intelecto não pode captar, mas o coração pode sentir com mais amplitude e fidelidade.

Meu conceito de Deus é de uma Presença indescritível. Conheço-O através de um “sentimento”; sinto-Lhe a Presença em todo o meu ser -- em meu tórax, na ponta dos pés, em meus braços. A circunstância externa não influi; ainda que eu esteja rodeado de desarmonias, mantenho-me consciente de Sua Presença como Luz a circundar-me, a abençoar-me, e a inspirar-me, fazendo de mim uma bênção, para diluir estados negativos e restituir a divina ordem.

Ampliamos este assunto acerca da natureza de Deus, não para que você possa ganhar um maior conhecimento da verdade, mas para que procure uma elevação de consciência e possa realizar a aspiração de Jó: “Ainda em minha carne verei a Deus”. Sabemos que Jó, no final de seu livro, conversou com Deus. Isto virá a acontecer a todo aquele que persistir fiel e perseverantemente no caminho espiritual, num gradual erguimento de consciência, até ao ponto em que Deus lhe seja uma realidade viva.

Depois disso, se alguém lhe perguntar: “Quem ou que é Deus?”, ele simplesmente sorrirá, porque não haverá mais nada a dizer ou fazer.

Se alguém me fizesse a mesma pergunta, não saberia o que dizer. Uma vez que sentimos Deus, já não sabemos defini-Lo. Parece uma incoerência, mas não existem palavras para descrevê-Lo e nem modos para ilustrá-Lo. Se uma pessoa nos perguntasse acerca do gosto de uma fruta que jamais experimentou, a mais simples e cabal explicação seria a de lhe dar um pedaço para  experimentar. Mas em se tratando de Deus, melhor é apontar o íntimo e mandá-lo experenciar.

Só quando atingimos aquele estado interno em que podemos sintonizá-Lo e pedir-Lhe: “Pai revela-Te”, e Lhe sentimos a Presença, é que podemos ter a compreensão espiritual Seu respeito, porque “o que é espiritual se discerne espiritualmente”.

O objetivo inteiro de nossa presença neste plano de vida é alcançar a conscientização de Deus, chamada “a volta ao Pai”. Quando isso acontece e nossa unidade com Ele se efetiva conscientemente, todos os estados negativos, todas as crenças equivocadas, são desmascaradas e diluídas, porque não têm realidade própria e nem pertencem à nossa natureza real. Deus passa a ser a vida de nosso Ser; o sustentáculo, o suprimento, a orientação, a inteligência, o valor moral, o amor todo-serviçal, a natureza pacífica e harmoniosa! Chegamos à compreensão total do que seja Deus aparecendo como eu ou como você. Tendo-O em nós, vemos, sentimos e pensamos através d’Ele, passando a ver o Divino em cada irmão e a amá-lo com a nós mesmos. Só Ele, que é amor, pode permitir-nos transcender o “amor próprio bem humano”, para alcançar uma visão real de nossa natureza essencial e da de nosso semelhante!

Uma vez tocado por aquele Algo, você terá a interna segurança de que Ele está sempre em você e que nunca o deixará e nem o abandonará. Ainda que você chegue a passar horas, dias ou mesmo semanas inteiras em que dirá: "sinto-me totalmente isolado de Deus" -- depois se certificará de que Ele jamais Se manteve afastado de você, mas você é que se rodeou momentaneamente da nuvem de negativismo que não Lhe permitia vê-Lo. Depois das primeiras experiências ser-lhe-á mais fácil conscientizá-Lo e libertar-se rapidamente dos estados negativos, irreais.

Isto nos leva a compreender melhor a nossa relação com Deus, do Qual somos imagens e semelhanças como Consciência. Na medida em que sabemos ser Consciência e nos sentimos como tal, damos um grande passo para a sintonia com Ele. Pense: Você é o corpo? Não. Você tem consciência de seu corpo mas não se localiza em nenhuma parte dele. Apenas sente que ele é seu mas que você não é ele, você é mais: é Consciência que está no corpo e além dele, percebendo seus sentimentos, seus pensamentos, e também as coisas de fora: seu lar, as pessoas. E se for além, perceberá que você pode conceber a Terra, a Lua, as estrelas, porque você as abrange como Consciência e tudo está dentro de você. Por isso é que você é inconfinável e está além do corpo e das coisas. Em Deus, a Consciência, que é você, é infinita; e através d’Ela você é um com Deus, descobrindo que a Consciência é uma só: Deus Onipresente.


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