"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, outubro 03, 2010

Não pense duas vezes

Padre Fabio de Melo
Pe. Fábio de Melo


A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser adimirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.

Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.

Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes. Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.

Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.

Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira... Eu vivo assim... Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira. Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas.

O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas. O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.

Felicidades pequenas... O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância, sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.

A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.

E então sorrio, como quem sabe que, quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças... E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.

O que hoje você tem diante dos olhos? Merece um sorriso? Não pense duas vezes...

4 comentários:

Templo disse...

Esse poema é lindo!

Ser o que somos... fazendo a parte que nos cabe... e aceitando tudo aquilo que é - é essa a forma de criar o "clima" para percebermos a felicidade. A felicidade está sempre aí, apenas estamos distraídos, olhando de um jeito errado.

Quando estamos num ambiente escuro, sem luz nenhuma, e tentamos focar os olhos num objeto, é difícil vê-lo. Na verdade, não conseguimos. Mas se, no escuro, relaxarmos o olhar e, ao invés de olhar diretamente para aquele objeto, olharmos com vidão ampla - de forma que aquele objeto esteja não foco de nossa vista, mas apenas fazendo parte da "visão como um todo" - conseguimos percebê-lo. Olhando indiretamente, nós o vemos.

Com a felicidade é o mesmo. Esse poema do Pe. Fábio de Melo fala exatamente sobre isso. A felicidade e a alegria são como animais livres, selvagem. É melhor os observarmos à distância. Fazendo assim, ela fica mais perto - nós a sentimos sem nenhuma intenção de aprisioná-la.

Isso requer humildade, desinteresse, docilidade e entrega.

Mizi disse...

A pergunta que faço é: você é feliz? Se considera uma pessoa feliz? Se sim, por que? Se não, por que?

Mizi disse...

Quanto a mim, respondo a essa pergunta da seguinte forma:

Sim, sou feliz. Sou feliz porque, entre outras coisas, tenho um amigo chamado Gugu.

Abraços!

Templo disse...

Grato pelas palavras, Mizi.

É um privilégio poder ser amigo de uma pessoa como você.

Com certeza, uma boa parte de minha felicidade é devido à sua presença e amizade.

Obrigado por tudo.

Grade Abraço.