"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, março 18, 2007

Por que palavras?

Um monge aproximou-se de seu mestre - que se encontrava em meditação no pátio do Templo à luz da lua - com uma grande dúvida:
"Mestre, aprendi que confiar nas palavras é ilusório; e diante das palavras, o verdadeiro sentido surge através do silêncio. Mas vejo que os Sutras e as recitações são feitas de palavras; que o ensinamento é transmitido pela voz. Se o Dharma está além dos termos, porque os termos são usados para defini-lo?"
O velho sábio respondeu: "As palavras são como um dedo apontando para a Lua; cuida de saber olhar para a Lua, não se preocupe com o dedo que a aponta."
O monge replicou: "Mas eu não poderia olhar a Lua, sem precisar que algum dedo alheio a indique?"
"Poderia," confirmou o mestre, "e assim tu o farás, pois ninguém mais pode olhar a lua por ti. As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato prolongado com o ar. A Lua está e sempre esteve à vista. O Dharma é eterno e completamente revelado. As palavras não podem revelar o que já está revelado desde o Primeiro Princípio."
"Então," o monge perguntou, "por que os homens precisam que lhes seja revelado o que já é de seu conhecimento?"
"Porque," completou o sábio, "da mesma forma que ver a Lua todas as noites faz com que os homens se esqueçam dela pelo simples costume de aceitar sua existência como fato consumado, assim também os homens não confiam na Verdade já revelada pelo simples fato dela se manifestar em todas as coisas, sem distinção. Desta forma, as palavras são um subterfúgio, um adorno para embelezar e atrair nossa atenção. E como qualquer adorno, pode ser valorizado mais do que é necessário."
O mestre ficou em silêncio durante muito tempo. Então, de súbito, simplesmente apontou para a lua.

6 comentários:

Anônimo disse...

.


"De quem é o rosto nesta moeda?"

"De cézar!"

"Então dai a Cézar o que é de Cézar, mas a Deus o que é de Deus."

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De fato, tudo possui seu valor, seu propósito. Nada é tão inútil a ponto de sua própria existência tornar-se vã. Mas é justo e sábio quem sabe dar às coisas apenas o seu devido valor (nem mais, nem menos).

Ainda bem que ainda existem os adornos... A ilusão ainda cumpre seu propósito e talvez ainda sirva para cumprí-lo por bastante tempo. Até quando é um mistério. Talvez daqui a pouco. Ou talvez nunca. Mas isso não importa. O que importa é separar o joio do trigo, as moedas de cezar e as orações de Deus, o dedo que aponta e a lua que é apontada.

Julgamento?? Não, não se trata de julgamento. Trata-se apenas de Justiça e sabedoria. Dar valor não significa atribuir valor. O valor que cada coisa possui é inerente a essa própria coisa, pois, mesmo que vc o deprecie ou o vanglorie, ela não irá terá seu valor alterado. Você não decide essa questão, por isso dar valor não é julgar, não é atribuir valor, mas sim constatar o valor que cada coisa possui. É apenas uma conjectura e percepção do valor factual, sem julgamento mental, sem preconceito, puramente justo e sábio.


SHON...



Obs: texto muito bom, claro e conciso. Um verdadeiro "dedo-duro" para os que ainda procuram "a Lua", eu diria. Parabéns, Gugu.


. Abraços! Paz e Bem...

Anônimo disse...

o.O


ÓIA... quer dizer que tu gostou do meu textículo?? (=P~~ hauiheiaui~)

Bom, eu achei meio pedante... e ninguém comentou até agora neh... acho que ninguém gostou. Só tu mesmo... hahaha... principalmente porque deu um trabalhão pra colocar todos os verbos na 2ªpessoa do singular (principalmente os imperativos =P). Revisei isso várias vezes (foi bom até pra revisar aquela matéria de verbos do cursinho...)

Bom... fico feliz que tenha gostado. É um feedback importante pra mim, pq as vezes penso em parar de escrever, qd vejo que ninguém comenta e ninguém entende o que eu escrevo mesmo... =/ Vc me deu uma nova força pra continuar escrevendo. Vlws...

Obrigado e abração!

o//

Anônimo disse...

Gugu!

Acho que já disse isso, mas num livro que li há uma passagem parecida, aliás, é uma passagem que narra essa mesma história.
Vc viu isso aí onde?

Vc escreve muito bem.

Abraços.

Anônimo disse...

"As palavras são como um dedo apontando para a Lua; cuida de saber olhar para a Lua, não se preocupe com o dedo que a aponta."

Anônimo disse...

Blz, acid... acho que entendi.
Obrigadão!! Vlw, cara! =)

Guru disse...

Gostei! vou cá voltar, abraço