"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, agosto 14, 2016

O poder que a mente exerce sobre o corpo - 2/4

- Masaharu Taniguchi - 


A FORÇA DA SUGESTÃO INFLUENCIA A SAÚDE

"O mais imperdoável de nossos inimigos é aquele que nos pergunta gentilmente: 'Hoje você está pálido, parece mal! Aconteceu algum problema?'. Desde esse instante, passamos a nos sentir mal. Ele subtrai de nós a alegria, e uma sombra escura encobre a nossa mente". - Este comentário é expressão da verdade.

O poder de sugestão pode ser comprovado por uma pessoa hipnotizada: ela apresenta olhas em sua pele quando sobre ela colocam uma moeda fria, dizendo "Vou encostar uma brasa em sua pele. Veja, você se queimou".

Se surgem bolhas num corpo por sugestão de outras pessoas, não é nada estranho que curemos nosso próprio corpo de indigestão de origem nervosa ou outras doenças, pelo poder de sugestão nossa.

Se uma pessoa hipnotizada tomar água sob o sugestionamento de que "está tomando uísque", ela começará a cambalear como se estivesse embriagada. Então é certo que, influenciando a mente de uma pessoa através da sugestão, podemos provocar diversos efeitos em seu corpo.

O dr. Frederick, formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Amsterdã, estudou com entusiasmo a parapsicologia e relatou muitos exemplos de espantoso poder da sugestão, entre os quais a experiência realizada por uma famoso professor de medicina de Paris, a respeito da qual ele diz o seguinte:

"Eu presenciei uma aula prática de clínica dada por aquele professor. Na ocasião, o professor fez um paciente beber água, fazendo-o acreditar que fosse vinho, o que o deixou embriagado. Depois fê-lo segurar uma colher fria de prata, dizendo que era uma peça de ferro em brasa, e o paciente soltou a colher, como se tivesse queimado a mão. Em seguida, o professor deu  a outro paciente um livro, dizendo-lhe: 'Esse livro está totalmente em branco'. Então o paciente não enxergou as letras impressas. O professor soprou as páginas do livro e disse: 'Veja, esse livro contém fotos de pessoas ilustres', e o paciente folheou as páginas com muito interesse. O professor soprou novamente o livro, dizendo: 'Veja, esse livro traz fotos de paisagens estrangeiras', e o paciente, parecendo enxergá-las de fato, apontou e descreveu cada uma das paisagens e depois disse: 'Isto é realmente incrível; nunca vi tal mágica'.

Depois o professor disse: 'Sei fazer mágicas mais interessantes. Feche os olhos e depois abra. Enquanto você estiver de olhos fechados, a minha cabeça terá desaparecido'. O paciente fechou e abriu os olhos, e fitou o professor com expressão de espanto. 'Que tal? Você gosta de ver um homem sem cabeça?', brincou o professor. E o paciente, dizendo 'Realmente o professor está sem cabeça! Será que fiquei louco?', deu uma pancada em sua própria cabeça."

O dr. Marden presenciou uma experiência em que sugestionaram um cavalo, fazendo-o crer que estava doente. Fizeram o cavalo deitar-se e o cobriram com um cobertor como se ele estivesse com uma doença muito grave; passaram remédio nele e o massagearam, mostrando-se compadecidos dele. Então o cavalo acabou perdendo o apetite, tornando-se incapaz de comer e beber.

Trouxeram ainda outro cavalo saudável, levantaram uma de suas pernas dianteiras, apalparam-na, aplicaram-lhe atadura, massagearam-na e trataram-na com cuidado como se aquele membro tivesse algum problema. Quando o cavalo foi andar novamente, começou a mancar de verdade.

Pelo mesmo princípio, quando a mãr se preocupa demais com a criança, dizendo "Você tem algum problema?" e mostrando assim seu medo, preocupação e ansiedade, a criança passa a apresentar sintomas da doença.

A atitude de prevenção da mãe que está constantemente imaginando um mal, temendo que algo prejudique o seu amado filho, acaba atraindo o que ela teme. A mãe que fica sempre observando se o filho não está com alguma doença, procurando detectar o menor sinal de enfermidade, contagia imediatamente a mente sensível da criança, prejudicando-lhe o funcionamento do organismo.

Numa certa família que o dr. Marden visitou, a mãe ficava constantemente dizendo aos seus amados filhos: "Você não está com algum problema? E a barriga? Que tal tomar este remédio? Talvez seja melhor aquele outro". Só à tarde ela perguntou pelo menos seis vezes a cada um dos filhos: "Você não está com frio? Não está com dor de cabeça? Não vai ficar resfriado?". E dizia: "Vai ficar resfriado se não cobrir a cabeça. Nossa, está com os pés tão molhados! Vai ficar doente!". Cuidava assim de cada um dos filhos, sempre preocupada. Por amor aos filhos, citava o nome de toda as doenças que conhecia, no intuito de resguardá-los delas. Como consequência disso, projetava na mente deles a ideia de doença, e sempre havia alguém doente em sua família. "Em casa sempre há um doente; por isso, nem posso sair", queixava-se ela. Na verdade, porém, tal mãe estava criando a doença com suas próprias palavras.

O pai não era menos preocupado que a mãe com as doenças de seus familiares. Chamava os filhos e verificava-lhes a pulsação, colocava a mão na testa deles para ver se tinham febre, e dizia: "Está um pouco quente; você está com febre". E a criança, acreditando estar realmente doente, corria para a cama.

É lamentável que sejam raros os pais que percebem que eles próprios estão introduzindo na mente sensível dos filhos os pensamentos relativos à doença e o sentimento de medo que alimentam em sua própria mente. Tentando resguardar seus filhos da doença, estão, na verdade, tornando-os doentes.

Quando o ser humano é criado dentro de tal atmosfera - de preocupação e temor relativos à doença -, com constante precaução contra supostos perigos, e sempre alertado com mil recomendações, ele é dominado pela ideia de que tudo que fizer o deixará doente; cresce com a obsessão de que praticamente não há meio de viver em paz; e, mesmo depois de adulto, será escravo do temos em relação à doença.

Se os pais souberem do terrível efeito do temor de doenças, certamente eliminarão da mente de seus filhos esse temor e procurarão não incutir neles qualquer ideia de doença.

Não faz ainda muito tempo que a humanidade começou a perceber quão espantoso é o poder da sugestão.

Bem recentemente, Marden encontrou uma mulher inteligente que, por causa de uma sugestão depressiva recebida de um romance que lera numa revista, passou mais da metade desse dia como uma verdadeira doente. Esse romance era da autoria de um famoso escritor e descrevia em estilo vigoroso um fato trágico. A forte impressão causada pelo seu estio despertou o temor à doença que estava oculto no fundo de sua mente, tornando-a completamente enferma.

É muito comum os estudantes de Medicina ficarem doentes em virtude da terrível sugestão recebida na sala de experiência de anatomia patológica ou por medo de contrair a doença que estão estudando.

Então, é natural que pensamentos sempre alegres, saudáveis e cheios de esperança influam favoravelmente no corpo, podendo até restituir a saúde ao corpo doente.

A mente de quem fica doente é um tanto fraca, subjetiva e negativa. E é muito sensível, altamente suscetível à sugestão, seja ela boa ou má.

Em oposição, a mente das pessoas saudáveis é independente, positiva e criativa; tem maior resistência à sugestão e repele os pensamentos relativos à doença.

Quase todas as pessoas devem ter experimentado melhora repentina de seu estado de saúde ao receber a visita de um amigo alegre e otimista que transmite esperança e coragem.

Da mesma forma, creio que todos nós já tivemos a experiência de ficarmos ainda mais deprimidos e doentes ao recebermos um visitante melancólico e pessimista.

O doente, assim como a criança, precisa ser encorajado. Ele precisa ser iluminado pelos outros com a luz da esperança.

Os médicos, as enfermeiras, os amigos e os parentes precisam infundir esperança, alegria e coragem na mente do doente através de sua expressão fisionômica, atitude e palavras. É incalculável o quanto isso ajuda os doentes a melhorarem. Certamente virá o dia em que isso será costume comum dos que assistem os doentes.

O que realmente se faz necessário é um médico alegre e otimista. Ele sempre sugestiona os doentes de modo que se sintam seguros. Ele estimula o poder curativo natural, que existe dentro dos doentes. Anima-os quando a face deles começa a ficar corada e encoraja-os quando a pulsação está voltando ao normal. Constantemente aviva a esperança dos doentes e os alegra, contribuindo efetivamente para a melhora deles. Os doentes confiam nos médicos. Precisamos saber que a sugestão otimista do médico é um precioso remédio, infinitamente mais eficaz do que qualquer medicamento.

Marden cita dois médicos que comprovaram na prática esse fato. Um deles era otimista, muito divertido, possuidor de senso de humor e sempre gracejava com os doentes, contava-lhes casos cômicos ou lhes infundia esperança e alegria. Quando esse médico completava sua jornada de visita aos pacientes, a atmosfera da enfermaria mudava totalmente. Sua fisionomia alegre e seu otimismo radiante como o Sol melhoravam o estado de todos os pacientes.

O outro médico era um homem melancólico, austero, calado, que dificilmente sorria. Quando o estado do paciente piorava, ele o declarava honestamente: "O seu estado está piorando". Sendo um médico honesto e consciencioso, não conseguia deixar de revelar o seu diagnóstico, por pior que fosse. Os doentes ficavam desiludidos, desanimados, e frequentemente acontecia de sucumbirem sem demora.

Como são raros os médicos conscientes de que o ânimo e a esperança de seus pacientes dependem de uma palavra ou expressão sua! Atualmente, os médico mais avançados estão começando a admitir que a energia e a capacidade autocurativa dos pacientes aumentam com a fé e a esperança de que irão se restabelecer.

Certos médicos honestos pensam que é dever seu contar a verdade aos pacientes, e que estes, por sua vez, têm o direito de sabê-la, principalmente no caso de doenças graves. Se os médicos fossem oniscientes, fizessem os diagnósticos absolutamente isentos de erro e fossem capazes de medir com precisão toda a vitalidade, toda a energia que atua dentro do corpo humano, talvez fosse correto dizer a verdade aos pacientes. Porém, mesmo o mais erudito dos médicos quase nada conhece a respeito da Vida que habita o interior do homem. Muitos são os casos em que os pacientes praticamente sem esperança de cura passam a melhorar, quando recuperam a esperança graças às palavras de um grande médico.

Então, porque os médicos não deveriam dar gentilmente aos pacientes um fio de esperança, se sabem como os pensamentos pessimistas ou um diagnóstico desanimador são nocivos aos pacientes já debilitados? Teriam os médicos outro dever maior que o de auxiliar a cura dos doentes? Por que eles não deveriam utilizar o grande poder curativo que reside na esperança e na fé?

É muito grande a influência da mente forte e saudável dos médicos sobre a mente abatida e enfraquecida dos pacientes. Os médicos devem ministrar aos pacientes um revigorante de natureza espiritual também, sempre que possível.

Os médicos têm para com os pacientes um dever infinitamente mais importante do que o de informá-los da "verdade" ou do "estado de saúde" que eles consideram verdadeiro.

O poder da sugestão, agindo sobre a mente, produz um efeito comparável ao milagre.

Lendo a história das religiões, notamos que ela está repleta de casos de cura de pessoas que se banharam em termas famosas, em fontes sagradas onde são cultuadas imagens de Nossa Senhora ou em rios considerados milagrosos.

As pessoas que passaram um tempo em estações de tratamento e recuperaram a saúde atribuem a causa da cura ao ar ou à água da região, mas não podemos negar que elas foram influenciadas em grau semelhantes pela mudança do ambiente e, consequentemente, pela sugestão recebida desse ambiente.

Os fatores mentais como a tranquilidade, a coragem, a esperança, a alegria, etc., são bem mais eficazes que os medicamentos na cura de doenças, e devem ser estimulados ao máximo.

A infelicidade da humanidade está no fato de não conscientizar o milagroso poder curativo que está oculto no interior de todo ser humano. Não há uma doença sequer que não possa ser curada pelo remédio específico que existe dentro de nós. E essa cura não é alívio temporário, mas sim a cura total e absoluta, como está testemunhada na Bíblia.


O AMOR É UMA FORÇA QUE CURA

O amor cura. A Bíblia enfatiza esse fato mais do que qualquer outro. Não vemos um pequeno exemplo disso no amor da mãe que elimina o medo e cura todos os pequenos ferimentos e doenças de seus filhinhos? É natural que a criança recorra constantemente à mãe, pedindo-lhe para massagear o local dolorido, ou refugiando-se em seus braços quando fica assustada com algo.

Se o amor da mãe tem poder de curar a criança, é lógico que o Amor de Deus, isento de qualquer interesse pessoal, tenha infinito poder de cura. Não dá a Bíblia a incontestável prova de que o amor perfeito erradica o temor? E quando o temor se vai, é eliminada uma das maiores causas de nossas disfunções orgânicas e doenças.

Para quem é atormentado pelo temor, que é o maior inimigo da humanidade, não há remédio melhor que a leitura do Salmo 91 (ou 90) e sua aplicação na vida prática. Esse grande salmo inicia-se assim: "Aquele que habita à sombra do Altíssimo, na proteção do Onipotente descansará..."

Aquele que crê no Altíssimo (Deus) e se deixa envolver por Seu amor, é protegido por Deus Onipotente. Para ele não há temor algum, preocupação alguma. Não há melancolia nem insegurança. Qualquer temor, preocupação, melancolia ou insegurança desaparecerá se interpretarmos corretamente este salmo e o aplicarmos corretamente na vida prática. Mesmo as pessoas que etão no abismo da desilusão sentir-se-ão encorajadas, se compreenderem esta Verdade!

Existe situação mais segura do que estar envolto pelos braços de Deus Onipotente? Aqueles que estão nos braços de Deus - que é a fonte de todo o bem -, aqueles que são protegidos pelo Amor de Deus, nada temem, não conhecem a tristeza nem a preocupação, pois se sentem realmente amparados pela força onisciente e onipotente e pela Sabedoria infinita de Deus.

Quando desta maneira adquirimos a convicção de que estamos ligados à fonte de tudo que é benéfico; quando conscientizarmos que a saúde não é algo que temos de conquistar de fora para dentro, mas que somos a própria saúde; quando conscientizarmos que a harmonia não é algo que obtemos combinando seres espalhados aqui e acolá, mas que nós próprios já somos a própria Verdade, o próprio princípio da Vida, então começaremos a viver de modo verdadeiro e pleno.

Todo homem sabe que possui no fundo de sua essência uma força misteriosa que cura todas as doenças. Simplesmente não tem fé suficientemente forte para revelar essa força. Todo homem sente a presença de algo divino que habita o seu interior, algo que não pertence à carne, algo que, estando por trás da carne, nos cura incessantemente. Se sabemos vagamente dessa força, é porque somos filhos de Deus, filhos da Vida. O grande objetivo da vida do ser humano está em descobrir dentro de si mesmo a chama da Vida que a tudo vivifica e a tudo rejuvenesce, e aprender a utilizá-la na vida cotidiana.


Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 24", pp. 30-40

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